Curso de Feridas e Curativos – Técnicas e Tratamentos
MÓDULO IV
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TÉCNICA DE CURATIVO
AGORA, CUIDANDO...
Como discutido anteriormente, tratar uma lesão não significa apenas aplicar um produto ou substância, significa cuidar de um ser único, que possui suas peculiaridades e que devem ser respeitadas na hora de escolher a forma de tratamento. O tratamento de uma lesão com a utilização de um curativo tem várias finalidades como limpar a ferida, proteger de traumas mecânicos e imobilizar, além de prevenir contra infecções exógenas.
Definição
É um meio terapêutico que consiste na limpeza, com aplicação de procedimentos assépticos, que vai desde a irrigação como solução fisiológica até às coberturas específicas que poderão auxiliar no processo de cicatrização.
A escolha dos curativos
Os curativos e os cuidados devem ser estabelecidos conforme: A etiologia e localização da lesão; Tamanho de ferida Condições clínicas Fases do processo de cicatrização.
A enfermagem deve ser bastante criteriosa utilizar de curativos e medicamentos nas lesões, considerando os seguintes fatores no processo de cicatrização, uma vez que, já é sabido, que podemos interferir tanto de uma forma positiva quanto negativa no tratamento: • As propriedades físicas de proteção e manutenção de medicamentos; • Intervalo de trocas entre o curativo.
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TIPOS DE CURATIVOS
1. Abertos: Utilizados em algumas feridas agudas;
Foto: M. Souza
2. Semi-oclusivos: Curativos comumente utilizados em Feridas cirúrgicas. Absorvem e isolam o exsudato, permitem exposição da ferida ao ar.
Foto: M. Souza
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3. Oclusivos: Têm como finalidade vedar e impedir a perda de fluidos, bem como proporcionar isolamento térmico. A vedação é feita através de gazes, faixas e espuma.
Foto: M. Souza
4. Compressivos: Reduzem o fluxo sanguíneo e promovem à hemostasia. Aproxima as bordas da ferida.
Foto: M. Souza
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VANTAGENS DO MEIO ÚMIDO
O meio úmido tem algumas vantagens em relação aos curativos secos. Estimula a epitelização, a formação do tecido de granulação e maior vascularização. Facilita à remoção do tecido necrótico e impede à formação de espessamento de fibrina. Promove a diminuição da dor, evitando traumas na troca do curativo, além de manter a temperatura corpórea.
NORMAS DE ASSEPSIA • Lavar as mãos antes e após a realização dos curativos; • Obedecer aos princípios de assepsia; • Remover assepticamente tecidos necrosados; • Obedecer aos princípios de realização do procedimento: do menos para o mais contaminado. • Utilizar luvas estéreis em substituição ao material de curativo ou em procedimento que possam entrar em contato com a ferida/úlcera. • Curativos removidos para inspeção da lesão devem ser trocados imediatamente.
NORMAS TÉCNICAS PARA REALIZAÇÃO DOS CURATIVOS
Técnica asséptica ou estéril: • Lavar as mãos com solução anti-séptica antes e após a realização do curativo; • Utilizar material e luvas estéreis para manipular a lesão; • Limpar a lesão com solução estéril; • Utilizar cobertura estéril; • Recomendada a utilização exclusiva da técnica para tratamento hospitalar;
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Técnica limpa: • Lavar as mãos com água e sabão; • Utilizar material limpo para a manipulação da lesão; • Limpar a lesão com água limpa e tratada; • A cobertura da lesão deve ser preferencialmente estéril; • Técnica utilizada no tratamento domiciliar.
O CDC (Center for Disease Control), em 1994, considerou as mãos como principal veículo de transmissão de infecções, preconizando padrões para o procedimento de lavagem e anti-sepsia das mãos.
LAVAGEM DAS MÃOS
Objetivo da lavagem das mãos: • Remover a sujeira das mãos e quebrar cadeia de infecção; • Reduzir as contaminações cruzadas; • Melhorar, na visão do público, a imagem de higiene e a credibilidade dos profissionais da área de saúde.
Observações importantes: • Retirar anéis, relógios e pulseiras; • Não encostar-se a pia; • Utilizar sabão líquido; • Não é indicado uso de toalhas de pano e coletivas; • Utilizar creme hidratante de uso único e de pote individual para as mãos.
MATERIAL PARA CURATIVOS • Pacote de curativo
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O pacote de curativo deve obedecer a princípios de assepsia e esterilização, podendo ser descartável ou não. É importante lembrar que o pacote nunca deve ser utilizado caso haja suspeita que ele não tenha sido esterilizado. • Soro fisiológico 0,9% ou água destilada
Deve ser aquecido próximo a temperatura de 37º C quando utilizado em tecido de granulação e epitelização, em temperatura inferior a essa ocorrerá um choque térmico, e a pele levará de 03 a 04 horas para voltar à temperatura normal; • Técnica do jato de soro
Técnica utilizada para higienização do tecido de granulação. Nesta técnica pode-se utilizar o próprio frasco de soro ou uma seringa de 20 ml, e agulha 40X12 mm, para exercer a devida pressão (04 a 15 pps);
Foto: C. Pompeo / M. Souza
Foto: M. Souza
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Além do tecido de granulação essa técnica é utilizada para limpeza de cavidades e pontos subtotais, áreas de difícil o apenas com gaze úmida. Os pontos subtotais são pontos que abrangem todas as camadas da parede abdominal, da pele até o peritônio. Eles são confeccionados com equipo de soro e fio tipo cordonê. Para proceder à limpeza desses pontos, devem-se lavar todos os pontos introduzindo soro fisiológico 0,9% com auxílio de uma seringa com agulha 40X12mm no interior de cada ponto, colocando uma gaze no lado oposto para reter a solução. Continuar a limpeza de todo o restante da lesão, com o auxílio de uma pinça, utilizando a técnica asséptica. Realizar a limpeza de dentro para fora e de cima para baixo, utilizando as duas faces da gaze sem voltar ao início da incisão.
Pontos subtotais.
Foto: M. Souza
• Fita adesiva
A fita adesiva sempre deve ser retirada molhando-a com SF 0,9%, para evitar a lesão da pele do paciente por trauma local. Se possível deve priorizar a utilização das fitas indicadas pelo fabricante, como hipoalergênicas e nunca deve ser utilizada fita crepe adesiva direto à pele do paciente;
TÉCNICA PARA REALIZAÇÃO DE CURATIVOS
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Princípios básicos para a realização dos curativos
Esses princípios, por serem princípios básicos podem e devem ser adaptados e empregados de acordo com o tipo de curativo. Tendo sempre o cuidado de evitar as infecções cruzadas. • Separar o material a ser utilizado, observando: - Data de validade; - Se está embalado adequadamente; • Separar os anti-sépticos a serem utilizados: • Orientar o paciente sobre o que será realizado com ele; • Avaliar a lesão; • Separar o anti-séptico adequado para a realização do curativo;
Curativos das feridas limpas: • Começar a limpeza do local de incisão, com movimentos de dentro para fora; • Nunca ar o lado sujo da gaze duas vezes sobre a lesão; • O centro da ferida asséptica é sempre mais limpo que as bordas, pois está mais protegido de contaminação.
Feridas cirúrgicas e traumáticas: • As primeiras 24 horas são especialmente importantes, porque o edema é maior neste período; • O edema depende do tipo da ferida, podendo permanecer de 72 a 96 horas, e nesse tempo o curativo deverá permanecer fechado. • Os curativos proporcionam proteção física para a lesão, estabiliza o fechamento da ferida, absorvem a drenagem serosa e protegem contra infecção.
Curativos das feridas contaminadas ou infectadas:
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• Deve-se iniciar a limpeza de fora para dentro da lesão, ou seja, das bordas para o centro, para não espalhar infecção nos tecidos ao redor da ferida.
Úlceras de estase venosa: • Objetivo principal é reduzir a hipertensão venosa devido à incompetência vascular. Melhorar o retorno venoso, diminuindo as áreas pobres em nutrientes e oxigênio:
Tratamento compressivo para as úlceras venosas O tratamento compressivo melhora a função da bomba muscular da panturrilha e reduz o edema, melhorando assim o retorno venoso. Os tratamentos mais utilizados são: Meias elásticas; Ataduras elásticas de alta compressão; Bota de unna;
IMPORTANTE! Antes de iniciar o tratamento compressivo deve ser bem investigado se o paciente não é portador de úlceras arteriais: • Verificar pulso pedioso, caso fraco ou ausente, há necessidade de avaliação especializada; • Sinais de necrose nos dedos ou dorso do pé; • Cianose de extremidades; • Aumento na dor com elevação do membro.
Curativo de úlcera plantar: • Objetivo do tratamento é reduzir a hiperpressão sobre a ferida: • Repouso;
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• Imobilização com tala gessada; • Palmilhas;
PRECAUÇÕES PADRÃO
São precauções universais, indicadas durante o atendimento a qualquer paciente (USP, 1997). • Lavagem das mãos com água e sabão, antes, durante (entre os diferentes procedimentos) e depois do atendimento ao paciente. Depois de tocar superfícies contaminadas, após o contato com fluidos corporais do paciente e após a retirada das luvas. • Luvas (de procedimento), uso indicado quando executar procedimentos que envolvam sangue e outros fluidos corporais, mucosas, pele não íntegra, e quaisquer itens que estão ou possam estar contaminados. • Máscaras, respiradores (máscaras) e protetor ocular, uso indicado quando houver possibilidade de respingos de material suspeito de estar contaminado, ou aerossolização do agente infeccioso. • Recipiente de paredes rígidas, para descartar agulhas e materiais cortantes; • Equipamentos, limpeza e desinfecção; • Alojamento do paciente, privativo ou comum se for uma mesma patologia; • Avental de contágio, indicação quando há possibilidade das vestes se contaminarem.
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ALGUNS PRODUTOS E TÉCNICAS UTILIZADAS EM CURATIVOS
ANTI-SEPSIA
É um processo de desinfecção das camadas superficiais ou profundas da pele, inativando, destruindo ou removendo os microorganismos, mediante a aplicação de antisépticos.
Anti-sépticos
Substâncias capazes de impedir a proliferação de microorganismos pela sua destruição ou inativação. Essas substâncias reduzem a carga bacteriana sobre a superfície da célula mediante ação bactericida e bacteriostática. • Bactericida: Podem destruir os microorganismos. • Bacteriostática: Permite que os microorganismos permaneçam viáveis, porém impedem que se reproduzam (inibidor do crescimento). Todos os anti-sépticos têm uma ação histolítica e, portanto, diminuem os processos cicatriciais, se usados inconvenientemente.
PVPI (POLIVINIL PIRRILIDONA - IODO)
Mecanismo de ação • Reduz a carga bacteriana por destruição das proteínas; • Estudos “in vivo” indicam que ele reduz a carga bacteriana da pele de 68% a 84% em uma única aplicação, e de 92% a 96% em seis aplicações sucessivas.
Vantagens e indicações • Anti-séptico de amplo espectro;
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• Ativo no combate de bactérias grã positiva e grã negativa; • Esporicida e fungicida; • Na ausência de matéria orgânica a grande maioria das bactérias é destruída ao fim de 10 segundos por solução a 1%. • Indicado em todas as formas de infecção clinicamente presentes ou de colonização; • Mantém ação germicida residual;
Desvantagens e contra indicação • Seu emprego deve ser LIMITADO à resolução dos fenômenos infecciosos; • É citotóxico para os fibroblastos; • Retarda o processo de cura (epitelização) • Seu uso deve ser no caso de insuficiência renal (nefro tóxico) • É contra indicado em mulheres que amamentam; • NÃO previne infecção; • Podem ocorrer fenômenos alérgicos. Quando o paciente apresenta hipersensibilidade ao iodo, os sintomas podem ocorrer sob a forma de febre e erupções cutâneas generalizadas;
Apresentação • É encontrado na forma de solução; • PVPI degermante: É o PVPI diluído em uma solução de detergente neutro. Podem ser utilizadas para a anti-sepsia das mãos, tricotomias ou para anti-sepsia de feridas sujas. • PVPI tópico: É o PVPI diluído em solução aquosa. Pode ser utilizado para anti-sepsia de feridas e mucosas. • PVPI tintura: É o PVPI diluído em solução alcoólica a 70%, deve ser utilizado somente em assepsia de pele íntegra.
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Cuidados na aplicação • Por ser uma solução aquosa é ível de contaminação por Grã positivo. Podendo estar colonizado em 12 horas e infectado em até 48 horas. • Manter a rotina de troca do frasco a cada 07 dias; • Não deve ser removido da ferida.
PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO OU ÁGUA OXIGENADA
O que é? • É um anti-séptico brando; • É particularmente adequado para lavagem de feridas e mucosas onde haja tecido morto, pois a produção de gás, em virtude da ação de uma enzima (catalase) facilita a limpeza da área ou da cavidade fechada.
Vantagens e indicação • Como anti-sépticos em úlceras com sinais de infecção; • Sua efervescência tem uma potente ação nos materiais liberados pela úlcera; • Favorece a hemostasia após procedimento cirúrgico; • Anti-sépticos de primeira escolha em escoriações e outras lesões perfuram cortantes, que podem facilitar a contaminação por bactérias anaeróbias (Clostridium tetani).
Desvantagens e contra indicação • Quando aplicado em lesões onde há presença de tecido de granulação, os tecidos são destruídos por destruição das células. Cuidados na aplicação • Uma vez empregado deve ser removido por uma lavagem com soro fisiológico 0,9%.
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• Abrigar a solução longe do calor e da luz, acondicionada em recipiente opaco ou revestido com papel laminado.
SULFADIAZINA PRATA 1%:
Vantagens e indicações • Baixa toxicidade; • É de fácil remoção da lesão, não causa dor; • Se aplicada imediatamente à superfície queimada reduz o nível de infecções secundárias, diminui o tempo de internação, e queda no custo de internação hospitalar; • Baixo custo;
Desvantagens e contra indicações • Hipersensibilidade ao produto; • Não pode ser utilizado concomitante a outros anti-sépticos derivados de iodo, sódio e potássio.
Cuidados na aplicação • Deve ser aplicado com luvas estéreis ou com o auxílio de uma espátula; • Aplicar o creme e manter 03 mm de espessura; • Lavar a lesão com água corrente e/ou água destilada; • Deve ser trocada a cada 12 horas ou quando a cobertura secundária estiver saturada. • Retirar o excesso de pomada a cada troca de curativo.
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Foto: M. Souza
ANTISSÉPTICOS INDUSTRIALIZADOS
CARVÃO ATIVADO COM PRATA
Descrição • É composta por uma almofada a base de nylon com relativa não aderência, em seu interior tem um tecido de carvão ativado com pasta de nitrato de prata a 1%. • É selado nos 04 lados, esterilizado e embalado individualmente. • O tecido de carvão ativado é um material que possui poros em sua superfície, que são capazes de capturar moléculas que ficam presas por atração elétrica do carvão.
Ação/Características • Adsorção dos microorganismos e secreção purulenta no tecido de carvão, através de ação magnética. Com isso as bactérias ficam presas no carvão, longe do tecido danificado; • O exsudato da lesão é absorvido pelo curativo secundário.
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• A prata age impedindo a proliferação bacteriana;
Vantagens e indicações • Anti-séptico e absorvente; • Indicado em feridas exsudates e/ou malcheirosas; • Ação antiinflamatória; • É bactericida; • Estimula o tecido de granulação; • Preserva tecido epitelial; • Reduz significativamente o tempo de troca de curativo; • Reduz o traumatismo no ato da remoção; • Método moderno que diminui o desconforto do paciente; • Diminui odor;
Desvantagens e contra indicação • Pode causar sangramento controlável por ser aderente quando utilizados em lesão com pouca exsudação;
Cuidados na aplicação • Não utilizar em áreas de granulação, doadoras de enxerto ou em queimaduras; • Fazer a limpeza da ferida e aplicar o produto diretamente sobre a ferida com técnica asséptica; • Não pode ser cortado; • Pode ser dobrado, amassado, para ter contato direto com a ferida; • Deve ser coberto com curativo secundário e este deve ser substituído sempre que estiver úmido; • Utilizar óleo de girassol para retirar o carvão ativado da ferida, evitando sangramento e para impedir que a secreção contida no carvão retorne para o leito da ferida.
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• Na fase inicial do tratamento, deve ser trocado em intervalos de 48 a 72 horas. À medida que a secreção do curativo, pela exsudação, for diminuindo, a troca poderá ser prolongada por até 07 dias, no máximo.
Foto: J. Johnson
Foto: J. Johnson
Foto: M. Souza
Foto: M. Souza
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ALGINATO DE CÁLCIO
Mecanismo de ação: O sódio presente no exsudato e no sangue interage com o cálcio presente no curativo de alginato. A troca iônica: • Resulta na formação de um gel que mantém o meio úmido para a cicatrização, além de auxiliar no desbridamento autolítico. • Aumenta capacidade de absorção e induz hemostasia; Vantagens e indicações: • Úlceras limpas e com exsudato, dá origem a um gel e impede a adesão da ferida e mantém um microambiente úmido. • É indolor nas trocas; • Pode ser usado em feridas com cavidade de difícil o; • Acelera o processo de cicatrização; • Alcança a hemostasia entre 03 e 05 minutos; • Superabsorvente, com redução das trocas e dos vazamentos.
Desvantagens e contra indicação: • No caso de pouca secreção, pode secar dando origem a uma crosta muito aderente e de difícil remoção; • Contra indicado em queimaduras;
Cuidados na aplicação: • Umedecer a fibra com SF 0,9%; • Não deixar que a fibra de alginato ultrae a borda da ferida, com risco de prejudicar a epitelização; • Ocluir com curativo secundário;
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Troca do curativo: • Feridas infectadas: No máximo em 24 horas; • Feridas limpas com sangramentos: a cada 48 horas; • Feridas limpas exsudativas: quando saturar. • Quando o exsudato reduzir, e a freqüência das trocas estiver sendo feita a cada 03 a 04 dias, significa que é hora de utilizar outro curativo;
Fonte: Convatec
Foto: M. Souza
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Foto: C. Pompeo
Foto: C. Pompeo
Foto: C. Pompeo
Caso: Lesão em região radial, com áreas sangrantes, as quais foram suturadas cirurgicamente (Foto 1), porém ainda com difícil controle do sangramento. Foi iniciado o uso de Alginato de Cálcio. A 1ª foto foi tirada no início do tratamento com o Alginato, a 2ª foto, na troca do produto em 05 dias, aponta diminuição do sangramento e da área de esfacelo (por autólise, que será visto mais adiante) e a 3ª foto, nova troca em mais 05 dias, observado diminuição da área lesada, retração da ferida com presença de tecido de epitelização nas bordas e área já cicatrizada.
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ÁLCOOL
• Ação: anti-séptico • Vantagens e indicações: NENHUMA • Desvantagens e contra indicações: • Aumenta por 06 vezes a incidência de escaras; • Seu uso freqüente causa ressecamento e liquidificação da pele por remoção dos lipídios cutâneos; • Modalidade de emprego: NUNCA! • Seu uso tem apenas valor histórico
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DESBRIDAMENTO OU DEBRIDAMENTO
Desbridamento = desbridamento. Definição: É a remoção do tecido necrosado de uma lesão.
A AHR recomenda que qualquer tecido necrótico observado durante a avaliação inicial ou subseqüente deverá ser desbridada, desde que a intervenção seja consistente com os objetivos globais do tratamento e condições clínicas do paciente. Entretanto, existem algumas situações em que não é recomendado o desbridamento de tecido desvitalizado, como em feridas isquêmicas com necrose seca. Estas necessitam que sua condição vascular seja melhorada antes de ser desbridada. Neste caso, a escara promove uma barreira contra infecção. Outra exceção se faz em pacientes fora de possibilidades terapêuticas que possuem úlceras com presença de escaras, que ao desbridar pode promover desconforto, dor, e devido às condições clínicas, não disporá de tempo e condições para a cicatrização.
TECIDO NECROSADO • Dificulta o fornecimento de sangue (oxigenação e nutrição dos tecidos); • Atua como meio de cultura de bactérias; • Inibe a ação dos leucócitos em controlar microorganismos invasores; • Aumenta a possibilidade de infecção sistêmica; • Inibe a migração de células epiteliais, interrompendo a segunda fase do processo de cicatrização; • Impede a atuação de substâncias antibacterianas istradas por via tópica; • A presença deste tecido pode esconder a extensão e possível penetração da ferida.
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POR ISSO... É importante que o tecido desvitalizado/necrosado seja removido das feridas, pois o processo de cicatrização e a regeneração epitelial não são possíveis sem o desbridamento regular e cuidadoso. MÉTODOS DE DESBRIDAMENTO
MÉTODO CIRÚRGICO: • É a ressecção dos tecidos necrosados, utilizados quando a área necrótica é muito extensa e/ou profunda, e quando o tecido necrótico é mais desidratado, mais firme, seco, petrificado e caloso. • A execução é de responsabilidade médica, envolvendo analgesia ou anestesia para a realização do procedimento. Cuidados de enfermagem: • Compressão no local (curativo compressivo) • Observar sinais de choque (hipotensão, sudorese, palidez, taquicardia e alteração do nível de consciência); • Se a hemostasia não acontecer, será necessária a assistência médica para avaliação e provável sutura do(s) vasos lesionados.
MÉTODO MECÂNICO • É a remoção dos tecidos necróticos pela limpeza mecânica, utilizando-se de fricção de gaze umedecida com SF 0,9% ou da aplicação da gaze umedecida sobre a necrose e após a secagem retirá-la com conseqüente desbridamento. • Técnica muito traumática; • Lesa tecidos viáveis próximos à necrose.
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Foto: C. Pompeo / M. Souza
Foto: C. Pompeo / M. Souza
MÉTODOS QUÍMICOS • Consiste na utilização de agentes químico-enzimáticos. Dentre eles: • Colagenase • Papaína...
COLAGENASE
Mecanismo de ação: • Desbridante, fibrinolítica. • É uma enzima proteolítica que consome as pontes do colágeno natural, favorecendo a remoção da necrose.
Vantagens e indicações: • É indicado nas úlceras com presença de áreas necróticas com acúmulo de fibrina no fundo da lesão; • É indicado em feridas isquêmicas.
Desvantagens e contra indicação: • Alta concentração de colagenase pode causar eritema e descamação nas bordas da lesão.
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• Quando em excesso e com sobras nas bordas causa endurecimento do tecido; • Não age na presença de tecido necrótico seco (escara).
Cuidados na aplicação: • O curativo e a troca deverão ser realizados a cada 08 ou 12 horas; • Deve ser aplicada uma fina camada; • Deve ser mantido um ambiente úmido para melhor efeito do produto; • É inativa na presença de água oxigenada, algodão e ressecamento da lesão. • Requer um curativo secundário oclusivo.
Foto: C. Pompeo
Foto: C. Pompeo
Caso: Úlcera de pressão em região sacral, curativo com Colagenase. Diminuição do tecido necrótico (esfacelo) com 07 dias de uso.
110 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Foto: C. Pompeo
Foto: C. Pompeo
Caso: Lesão química (flebite) em uso de Colagenase + TCM, evolução da lesão com
10
diminuição
dias
de
do
tecido
tratamento, de
com
necrose
retração da ferida.
Foto: C. Pompeo
PAPAÍNA
Descrição: • Enzima proteolítica, bactericida e bacteriostática e de ação antiinflamatória. • De origem vegetal extraída da Carica papaya. Após o seu preparo, obtémse um pó de cor leitosa, com odor forte e característico.
111 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
e
• É inativo ao reagir com agentes oxidantes como o ferro, oxigênio, derivados do iodo, água oxigenada e nitrato de prata.
Ação: • A papaína é uma mistura complexa de enzimas proteolíticas e peroxidases, ou seja, capaz de decompor substâncias protéicas. • Como desbridante, liquefaz o tecido necrótico. • Atua como antiinflamatório, agindo ao nível das prostraglandinas. • Fibrinolítica provoca uma diluição na rede de fibrina dos coágulos, podendo provocar sangramento por esta razão, não interferindo nos fatores de coagulação; • Efeito bactericida e bacteriostático. Rompem a parede celular de bactérias especialmente aquelas de parede predominantemente protéica. • Estimula o desenvolvimento de tecido de granulação e auxilia no processo cicatricial através do alinhamento dos fibroblastos, reduzindo a possibilidade de formação de quelóides.
Apresentação: • É comercializada purificada na forma de pó, em diferentes concentrações, que variam de 02% a 10%, podendo ser manipulada/preparada na forma de pomada ou gel.
Vantagens e indicações: • Indicadas em feridas necróticas e fibrinas; • Preserva o capilar e o tecido de granulação; • A solução de papaína pode ser utilizada em lesões muito profundas com exposição de estrutura óssea, em deiscência cirúrgica com evisceração em fístula pleural, em grandes queimados, entre outros.
%
INDICAÇÃO
2%
FERIDA
COM
TECIDO
DE
GRANULAÇÃO 112 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
5-6%
FERIDAS
COM
EXSUDATO
PURULENTO 10%
FERIDAS NECRÓTICAS
Desvantagens e contra indicação: • Em lesões infecciosas pode ocorrer irritação do tecido perilesionado, pois a produção do exsudato é aumentada com o uso da papaína; • Nesta enzima existe um radical sulfidrila (SH) que é facilmente oxidado quando em contato com substâncias compostas por iodo, oxigênio e ferro, e quando é armazenada em temperaturas elevadas.
Cuidados na aplicação: • Proteger a pele perilesional com alguma substância que forme uma película protetora; • Manter o produto em refrigeração; • A limpeza da lesão deve ser feita com água destilada, para evitar a inativação do radical sulfidrila; • Ao utilizar o lavado de papaína, diluir a papaína pó em água destilada e em recipiente plástico.
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Foto: M. Souza
Foto: M. Souza
Foto: M. Souza
Caso: Úlcera de pressão em região sacral, presença de tecido de necrose (esfacelo) ao centro da lesão. Foto mostrando a aplicação da Papaína, neste caso associou-se a papaína ao TCM com AGE como forma de proteger a área viável (Tecido de granulação). Aplicou-se o TCM com AGE sobre toda área com tecido de granulação e a Papaína delimitada apenas à área com esfacelo, o TCM age como uma barreira protetora por ser uma substância oleosa, evita que a Papaína entre em contato com a granulação.
Foto: M. Souza Foto: M. Souza
114 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Foto: M. Souza
Foto: M. Souza
Foto: M. Souza
Foto: M. Souza
Caso: Úlcera de pressão em região sacral, de grande extensão e profundidade. Na primeira foto, observa-se a presença de grande área de tecido necrótico (escara e esfacelo), as demais fotos foram tiradas após 30 dias de uso de
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Papaína a 10%, sendo a 3ª e 4ª foto com 20 dias de tratamento e as 5ª e 6ª fotos com 30 dias de evolução.
DESBRIDAMENTO POR AUTÓLISE • É o desbridamento realizado pelo organismo; • É facilitado pelo meio úmido, onde ocorre a digestão das células mortas pelas próprias enzimas presentes no leito da lesão.
HIDROGEL
Composição: Gel transparente, incolor, composto por: Água (77,7%): Mantém o meio úmido; Carboximetilcelulose – CMC (2,3%): Facilita a hidratação celular e o desbridamento; Propilenoglicol – PPG (20%): Estimula a liberação de exsudato;
Mecanismo de ação: • Amolece e remove tecido desvitalizado através de desbridamento autolítico. • Provoca uma hidratação compacta do tecido necrótico, favorecendo uma rápida autólise com ativação simultânea dos processos de granulação. • Protege as terminações nervosas expostas e diminui a dor;
Vantagens e indicações • Indicado na detenção de necroses e escaras; • Indicado, também, em úlceras secas, lesões não cavitárias; • Não adere ao fundo da ferida tornando fácil a sua remoção;
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• Apresenta-se em placas transparentes que permitem freqüentes controles da úlcera sem retirar o produto.
Desvantagens e contra indicações • São de alto custo; • Produzem um intenso e desagradável odor; • Contra indicado em úlceras infectadas e hiper-exsudantes; • Pode acarretar um agravamento no caso de maceração em lesões da pele perilesional.
Cuidados na aplicação • Espalhar o gel sob a ferida assepticamente; • Ocluir a ferida com cobertura secundária estéril; • Não usar produtos iodados; • É aconselhável a cobertura com uma película semipermeável para prevenir o ressecamento.
Periodicidade de troca: • Feridas infectadas: No máximo em 24 horas; • Necrose: No máximo em 72 horas; • Na forma de placa: troca de 01 a 07 dias;
CURATIVO COM GAZE
GAZE SIMPLES
Vantagens: • Baixo custo; • Facilidade do seu uso; • Estão disponíveis na maioria das instituições. 117 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Desvantagens: • Não se deve utilizar gaze seca diretamente na lesão, exceto quando se deseja o desbridamento. • Tem pouca capacidade de absorção do exsudato; • Exigem trocas freqüentes, precisam de cobertura secundária e fixação e pode provocar maceração das áreas adjacentes; • Permeáveis a bactérias, podem soltar fios e fibras, que atuam como corpo estranho, podendo provocar inflamação e infecção.
Foto: C. Pompeo / M. Souza
Foto: C. Pompeo / M. Souza
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