TRANSTORNOS SOMATOFORMES Escola Superior de Saúde de Arcoverde – ESSA Curso: Psicologia Disciplina: Psicopatologia II Professora: Sílvia Camêlo
INTRODUÇÃO • SOMATIZAÇÃO e DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS (Síndromes Funcionais): As alterações estruturais ou fisiológicas resultam de fatores psicológicos. Doenças clássicas: asma brônquica, colite ulcerativa, artrite reumatóide, neurodermatite e úlcera péptica (Alexander – 1950). “ Transtorno corporal que surge como expressão de uma neurose de raízes profundas” Stekel.
Síndromes e sintomas funcionais Cefaleia tensional
Dispepsia não-ulcerosa
Dor lombar
Hipersensibilidade à Candidíase
Fibromialgia
Síndrome do cólon irritável
Insônia
Alergias alimentares
Lesão por esforços repetitivos
Dor torácica não-cardíaca
TRANSTORNOS SOMATOFORMES CID – 10 1993 Transtorno de somatização F 45.0 Transtorno somatoforme indiferenciado F 45.1 Transtorno hipocondríaco F 45.2 Disfunção autonômica somatoforme (coração e sistema cv, TGI superior e inferior, sist resp., sist GU, outro orgão ou sistema) F45.3 • Transtorno doloroso somatoforme persistente F45.4 • Outros transtornos somatoformes F 45.8 • Transtorno somatoforme não especificado F45.9 • • • •
TRANSTORNOS SOMATOFORMES • • • • • • •
INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO EPIDEMIOLOGIA ETIOPATOGENIA QUADRO CLÍNICO CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS TRATAMENTO
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO F 45.0
INTRODUÇÃO Essa síndrome foi descrita pela primeira vez há, pelo menos, 4 mil anos e denominada HISTERIA. Acreditava-se na época, que o deslocamento físico do útero precipitasse os sintomas. Freud dedicou muita atenção ao conceito de histeria. Pierre Briquet descreveu uma síndrome correspondente ao transtorno de somatização como é conceitualizado hoje.
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO
DEFINIÇÃO Queixas físicas múltiplas e recorrentes que não são completamente explicadas por fatores físicos e que resultam em atenção médica ou comprometimento significativo. Hales e Yudofsky, 2006
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO EPIDEMIOLOGIA
São mais comuns nas mulheres que nos homens. Usualmente começam no início da idade adulta. A prevalência para o período de vida varia de 0,2% a 0,4%.
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO ETIOPATOGENIA A etiologia dos transtornos de somatização é desconhecida, mas caracterizam –se como transtornos familiares.
Fatores genéticos e influência familiar parecem estar presentes.
Fatores sociais, culturais e étnicos e podem ter um papel etiológico ou contribuírem para a expressão da somatização.
Hipóteses Etiológicas para a Somatização AMPLIFICAÇÃO SOMATOSSENSORIAL Percepção ou valorização de um sintoma físico normal como patológico. LINGUAGEM DE SOFRIMENTO Queixas físicas e busca por tratamento resultam de um sofrimento psicossocial. REPRESSÃO Energia psíquica retida através da repressão de emoções ou pensamentos negativos intoleráveis, causaria a percepção de um sintoma inexistente ou excitação autonômica de algum órgão. INTEGRAÇÃO CEREBRAL Expressa que há o comprometimento funcional no cérebro do processamento da informação corporal responsável pelos sintomas físicos.
Co-morbidades • • • •
Depressão; Transtornos de Ansiedade; Dependência química; Transtornos de personalidade.
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO QUADRO CLÍNICO Descrição de queixas em termos dramáticos e exagerados; Queixas somáticas freqüentes. Tratamento com vários médicos ao mesmo tempo; Sintomas proeminentes de ansiedade e humor depressivo; Pode haver um comportamento anti-social e impulsivo,ameaças e tentativas de suicídio e desajuste conjugal. Os pacientes com transtorno de somatização apresentam inúmeras queixas somáticas: náuseas, vômitos, dores, dispnéia,deglutição difícil, flatulência, vertigem, amnésia, menstruação dolorosa etc.
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO Critérios Diagnósticos – CID 10 A. História de dois ou mais anos de queixas físicas múltiplas e ausência de doenças físicas que justifiquem os sintomas ou o grau de prejuízo a eles associados. B. Angústia com os sintomas leva a uso repetidos de serviços de saúde formais ou alternativos. C. Seis ou mais sintomas em dois ou mais grupos diferentes (gastrintestinais, cardiovasculares, geniturinários, cutaneodolorosos). D. Os sintomas não são explicados por outro transtorno mental.
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO TRATAMENTO - Difícil manejo clínico; 1º Estabelecimento de aliança terapêutica; 2º Educação; 3º Reasseguramento consistente. Há uma recusa quase absoluta em aceitar a condição psicossocial, e o encaminhamento ao profissional de saúde mental pode romper a confiança no clínico.
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO TRATAMENTO - FARMACOLÓGICO: No caso de ocorrência de sintomas depressivos ou ansiosos, um antidepressivo ou ansiolítico estão indicados, mas deve-se escolher os que tenham menos efeitos colaterais, pois estes pacientes não têm muita tolerância e aderem pouco ao tratamento.
Transtorno Somatoforme Indiferenciado F 45.1
Definição: Quadro semelhante ao transtorno de somatização, mas que não preenche todas as características descritas para o mesmo. As queixas podem ocorrer em número , ou o tempo de evolução ser curto, ou, ainda, não ocorrerem comprometimentos sociais e profissionais. Esse quadro ganha importância à medida que apresentações completas (como no transtorno de somatização) são menos frequentes, enquanto essas menos severas são muito mais comuns.
TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO F45.2 INTRODUÇÃO Os gregos atribuíam a síndrome a perturbação das vísceras abaixo da cartilagem xifóide, daí o termo hipocondria.
A hipocondria era quase sempre secundária a outro transtorno psiquiátrico, em geral a depressão.
TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO DEFINIÇÃO Preocupação com medo de ter ou com a idéia de que se tem uma doença séria, baseada na interpretação equivocada de sintomas corporais. Persiste apesar de avaliação médica apropriada e de reasseguramento.
TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO EPIDEMIOLOGIA Um estudo relatou números de prevalência variando de 3 a 13% em diferentes culturas.
TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO ETIOLOGIA - Interpretações psicanalíticas: Hostilidade reprimida deslocada para o corpo (queixas físicas); Dinâmicas envolvendo masoquismo, culpa, necessidades conflituosas de dependência e de sofrer e ser amado ao mesmo tempo. Baixa auto-estima ou um sinal de preocupação excessiva com a própria pessoa.
TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO Pode-se entender o indivíduo hipocondríaco como uma pessoa atormentada por obsessões de estar doente e/ou adoecer e assolada por compulsões a procurar auxílio médico para tentar aliviar essas obsessões.
TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO QUADRO CLÍNICO Preocupação em ter doença grave; Interpretação errônea dos sintomas no seu corpo; Medo persistente de doença, apesar de confiar no médico; Ausência de delírios, ilusões ou psicose;
TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
CID 10
A. Crença por seis meses ou mais na presença de até duas doenças físicas sérias. B. Preocupação com “A” causam angústia ou interferência na vida diária e levam à busca por ajuda de serviços de saúde formais ou alternativos. C. Recusa ou relutância em aceitar reasseguramento médico. D. Os sintomas não são explicados por outro transtorno mental. Inclui: Transtorno dismórfico corporal/ Dismorfofobia A. Preocupação persistente com deformidade ou desfiguração presumida. B e D. Idem ao transtorno hipocondríaco.
TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO TRATAMENTO FARMACOTERAPIA: Antidepressivos Serotoninérgicos(?) ABORDAGENS PSICOTERAPÊUTICAS Atividades de relaxamento Exercício Físico
TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL DEFINIÇÃO Preocupação exagerada com defeito imaginado ou leve em sua aparência.
O insight ou a reflexão sobre sua percepção costuma ser pobre.
VIGOREXIA - Transtorno Dismórfico Muscular
A vigorexia ainda não é classificada no CID-10.
Complexo da Barbie • DEFINIÇÃO: Não aceitação e insatisfação com o seu próprio corpo. Tal fato leva a pessoa a buscar ajuda na cirurgia plástica, que na maioria dos casos, é supérflua, e ineficaz, pois não vem para corrigir um defeito físico existente, mas sim para alimentar a neurose da busca pelo corpo perfeito (ou do corpo da Barbie). O Complexo da Barbie não é categoria de classificação no CID-10.
Complexo da Barbie
Valeria Lukyanova e Justin Jedlica
Transtorno Neurovegetativo SF ou Disfunção Autonômica Somatoforme F45.3
Definição: Caracteriza-se por queixas objetivas decorrentes da excitação do sistema nervoso autônomo (como taquicardia, sudorese e tremores) que cursam juntamente com sintomas subjetivos e inespecíficos (como sensações de dor, inchaço, aperto ou ardor incaracterísticos). Quadros pouco ou monossintomáticos, ligados a um ou dois órgãos e sistemas. Antigas neuroses neurovegetativas.
Disfunção Autonômica Somatoforme CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
CID 10
A. Sintomas de excitação autônomica, atribuídos pelo paciente a distúrbio físico de um ou mais sistemas ou órgãos. B. Dois ou mais dos sintomas autonômicos de palpitações, sudorese, boca seca, rubor, alterações epigástricas. C. Um ou mais dos seguintes sintomas: precordialgia, dispneia, fadiga fácil, aerofagia ou soluços ou pirose, aumento do trânsito intestinal, poliúria ou disúria , sensação de peso ou distenção ou inchaço. D. Ausência de perturbação dos órgãos ou sistemas supostamente afetados. E. Os sintomas não são explicados por outro transtorno mental.
Transtorno Somatoforme Doloroso Persistente F45.4
Definição: Quadro doloroso sem ou com mínima justificativa médica, provável associação com fatores psicogênicos, busca exagerada de auxílio médico e persistência por mais de 06 meses. É mais comum em mulheres.
T. SOMATOFORME DOLOROSO PERSISTENTE CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
CID 10
A. Dor persistente, grave e angustiante por pelo menos , seis meses continuamente na maioria dos dias, sem explicação adequada pela evidência de processo fisiológico ou distúrbio físico e que é o principal foco de atenção do paciente. B. Os sintomas não são explicados por outro transtorno mental.
Transtorno Somatoforme Indiferenciado F 45.1 Outros Transtornos Somatoformes F 45.8 T. Somatoforme não-especificado F 45.9
Estas três categorias representam “resíduos” não alcançados pelos diagnósticos anteriores.
T. SOMATOFORME INDIFERENCIADO F45.1 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
CID 10
A. Critérios “A”, “C” e “E” para transtorno de somatização não são satisfeitos, exceto pela duração que é a partir de seis meses. B. Um ou ambos os critérios “B” e “D” para transtorno de somatização são incompletamente preenchidos.
Outros Transtornos Somatoformes F45.8 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS CID 10 Todos os outros transtornos das sensações, das funções e do comportamento, não devidos a um transtorno físico que não estão sob a influência do sistema neurovegetativo, que se relacionam a sistemas ou a partes do corpo específicos, e que ocorrem em relação temporal estreita com eventos ou problemas estressantes. Disfagia psicogênica, incluindo “bolo histérico” Dismenorréia psicogênica Prurido psicogênico Ranger de dentes Torcicolo psicogênico