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Presidente do, con:selii!J>G~rador Antonio ManoeI:'lôs;-S~~tÓs Silva
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PAUL.ADA
José CasrilhoM.;iig~~~·~Neto
Asscss"rEd;idAal . J~zio Hernani ,Bon;rf~/Gutierre Conselho Ediron~I~GaA~;Jlico
CUNHA CORRÊA
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Aguinaldo JoséGp~~~'i.:Ves . Álvaro Oséar cárG'p'~~a Antonio Celso wagriéi
~atü\ilací
fausto Forescí: .•.•.. José Aluysia Reis de.Andrade MarcoAu réli<.l Ni:igL'!~tra Maria Sueli parreira~db.cXiruda Roberto Kraenkel~. Rosa Maria
FeiceirÓ
Cavalari
Editor
ARMAS E VARÕES A GUERRA NA LÍRICA DE ARQUÍLOCO
Executivo Tulio Y. Kawara
Editoras Assistcnte,s Mmia Apparecida F. M.BUs.solotli Maria Dolores Nades
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@:) A FORTUNA CRÍTICA DE
ARQUíLOCO.DEPAROS NA ANTIGÜIDADE
A maior pane da lírica'gregàarcaica ·chegou.até nós porqueos,textos foram citados por autores que oferecem: além de suas próprias leituras, informaçóesimportames para a interpretação dos poemas; embora os reproduzam apenas parcialmente,!. Tais comentários antigos :constituem. em geral, as próprias fontes dos fragmentos de Arquíloco. sendo também valiosos testemunhos de sua recepção na Antigüidade}. Como' os textos sào. via de regra. muito breves, náochegando alguns· a um verso.completo. em razão d.aescassez do,materlal disponível. é lndis" pensáyel, para reconstruir:osentidq dos. poemas, o estudo dessas leitu· rasantigas. o.i ... '0 primeiro a tentar reúry.ir [()d~s .os fragmentos de Arquíloco foi,!. Li.ebel.~in /).rchilochi Re/iquiae (18.12). Apõsessa edição, novaS p.assagens foram descobertas nos papiros de l1xirrinco. Colônia, Estrasburgo.e nas inscrições dos Monumentos a Al'qzlÍloco em Paros. Atualmente .. a mais corppleüJ. edição de Ar,quíloco, lam~(ct Elegi Graeci ante AÚ';;n({rlún cántatf (Oxf6rd,'1989~ v.í). deMo L. West, inclui um total d'e:291 fragmentos aos q úais se somi'ín 26de at.Horia duvidosa e onze esptidbs. Desde sua tomposiçáo n;séc'uio vil 'a. C. até nossas edições modernas, como ri8sforam transmitidos? .... . . . .
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I Raramenw ll.m poemél é dtatlo por inldro e apenas a co/tlnt:<, um ~inal tliacrílico no 'inído c 11m tla dlai;Uo. garanlel]tle e~teja eomplc\o. 2 Além tlo~ ver~ós que chegaram por via indireta. i~IO é. cilados em obra~ ·tlc ol1tro, aUlore~ .. há m
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A escrita já havia sido reintroduzida na Grécia por volta do século Vl11, e nada impede que um poeta arcaico, embora inserido na tradição oral, soubesse escrever, Quanto à primeira redação dos poemas, se foram escritos pelo amor ou ditildos a um tefce:iro,só há conjecturas, l) q,ue se sabe é que, segundo diversas testémúnhas, os poemas de Arqulloco, objeto de récitas, mimeses, péuódias,e",citaçóes, eram extremamente populares e difundidos por toda a 'Gr~,é,I~:1~;~~te os períodos an:a~co e clássico, exercendo grande int1uênClà i"sobte, 'OS poe tas e repercu undo para além dos meios eruditos e literários.' _ Ainda no século VII, Alceu, nascido aproxi.inadamente uma decada ou pouco mais após a morte de Arquíloco, parecia ter em mente os versos do fragmento 5W ao compor um de seus poemas (fr.42dPMG). píndar~,. no final do período arcaico, inaugura umá ,longa tradição ao crltlcar Árquíloco por maledicência. A distãncia,:rwmIséria, ele vê Arquíloco, "O ralhado r (psogerós), engordando-se com ÓdIos e palavras pesadas" ~p. 2.54-56). Em outra ode epinícia, Píndaro,(Olt',9.1 ) refere-se a uma cançao de vitória entoada por amigos do vence'ddÍ
Sabe-se, portanto, queda séculovra'té pelo menos o tinaldo:século v a. C. os poemas de Arquíloco eram cantados nas competições públicas de recitação de poesia,fazendo'panedo repertório dos rapsodos ..Quahto a isso, há também o relato de Ateneu(DeIJm.' 14.620c), segundo qUal Simônides de Jacinto (séculb IV a: C)te'ria se especializado na apresentáção dos poemas de Arquíloco'noteatro:'Não há 'notícia daexistênciàde um texto dos pOemClsde AtquÍ1oco: ness'à :ép-oca.lv1as, assim como à'épica de Homero fóHixada por ocasião desses concursos, é possíve[gue 6s rapsod'os também tivesserrià sua disposição textos de Arqtiíloc6;' peb menos dós poemas mais extensOs.
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Sem enttar'na questãO'do' juízo que Herâclito e Platâofáiem'dos poetas, 'nota-se que essactiriosaassotiação de Arquíloco com Hoin'é1'0 , de um modo ou de' 'du'éro, permeouqüase toda apreciação fu tufa, 'toi, nando-se, 'desde o séculb'V(a:c" um' copos da crítica arqúiloquéia::A comparação de Arqufloco Com Horrtero se faz, n~'críticos antlgOse'riói modernos, ora por semelhança, ora pb(contraste. . ," Em' Heráclito, é possível qúea aprox'[mação dós dois poetas sed~va:à popUlaridade partilhada por"ambos,coriio se; no século VI a. C.', Hoffieto ~ e Arquíloco (ao lado 'de Hesíodo) fossem os adversários de' ma.'ioi influência, Já que eram os ir'l"aispopulares nas disputas literád~'s do século V a. C. (PIa tão, Íon 531<1).. '.'
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Pseudo-Longino
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justapóe Homero a Arquflcico em três agens do seu Tratddosobre o Sublime.' Primeiro (de Subi. 10.6-7), elê:dta a narrativa' homérica- de uni naufrági~' como exemplo de desc'ri"ção "sublime", afirmandóhaver'em ArqUílotouniaagerri côrn:p·á'rável. Mais adiante (de Subi. 13.14); négaque'Heródoto tenha Sido'ô:úniéó aUtor "horrteríssimo", ;pOis,' seu ver,'EstesÍCoro, Arqufloco e, sóbFeÚido, Platão também t@mHom'ero comofcJnte: Pseudo-Longino não justÚica SLla afirmativa 'nem oferece' 'exemplos, mas remete o leitor à obra· dê Amônio é suá' escola, que teriam reunido de forma sistemá'Úól' os empréstimos feitos por esses autores a Homero." Ainda em .outra agem (de Subi. 33.4-5),' ele escolhe dois poetas de cada gênero, apontando o segundo' de cada dupla corrio evidentemente o m'elhor
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173 (Ar,j, I'r.219·22 l'W), yu~ daLa uo ti':clllo 111 a. iúên lit'oS. ue Hom~ro l' I\ryu[jo~o, são dWLlos I
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(ApoLônio de Rodes & Homero, EratósteJi.ésl, & Arquíloco, Baquílides & Píndaro, íon de Quios & Sõr'odes). ;;E'tri;'suma, nas duas primeiras referências, Pseudo-Longino reveLa aserii.elh~nça ou dívida de Arq uíloco para com Homero em termos de estilo~e:"de,~léxico; na terceira, o poeta épico e o elegíaco são cítados comopár,es,;corno os meLhores representantes de gêneros que são distintos, ma~iriãci:opOSlOS.o Em um de seus discursos, Díon Cfis6,::;ibmo reveLa que Arquíloco e Homero gozavam da mesma esüma (0l:":;~~3:.17~20);em outro (Or, 55.9), pergunta retoricamente se não poderíaI!IOS ,considerar Arquíloco e ESlesícoro "seguidores" de Homero, ap~$á,r;de suas métricas diferentes, Assim como Pseudo-Longino, Díon Cris~st9rP.Oélege Homero e Arquíloco como mestres inigualáveis em seus "'gérúos, mas eLe também os contrapõe, explicitando o contraste entres,uas,P0étÍCas (Or. 33.11-12): enquanto Homero louva c cnaltece (cm:kóÍníase) quase tudo, feras, pLantas, água, terra, armas e cavalos,.',.,:A.~q'uíloco segue o caminho inverso, o da ím'cctlva c da sáNra (t6 ))seg~ln) porque, segundo eLe, "[Arquíloco] percebia que era disso que ,'os,ihomens mais careciam, e começava por c~nsurar a si próprio". É pCJr~i~soque, entre os dois, Díon Crisóstomo (Or. 33.13) prefere o satíric~)Ar(Úlíloco ao Homero encomiasta, pois "aqueLe que é capaz de ~e'pr~~~,~er,satirizar e revelar por meio de seu discurso os erros [humanosJi:, é claramente superior e preferível aos que louvam"., ,,'<:, Assim como Píndaro, o poeta do, encônjXo,~,já havia marcado sua diferença em relação a Arq uíloco, o, poet~I"raLhador". "difamador" (psogerós), não foram poucos os que,det~ctatam no psógos, o traço dTStlnrivó da obra de Arquíloco (cr. Broccia, ---ciTr"ias, julgando que os poemas empr~eira pessoa fossem uma espécie de relato autobiográfico,u espantava:s~,com o fato de Arquíloco não ter poupado nem a si mesmo: o próprío :eget~ se teria declarado um bastardo, fiLho da escrava Enipo, um adúLtero e libertino, que deixou -
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4 Além de compor o poema ekgfuêO Erig(Onc. êraló~lene~~(el'lldjlo do ~éClllo III u. q wriu reulizaLio nm e~lLlllo ~ot>re i\rljl.f1oco (Sd/(OI, Pincl, (11, I Q.l). 5 Houw ulé lJuem prOêllraSSe re~g'Il:.tJ poemas narra~lv~s Lie COilleúLio ~\flj':O de llm 'i'l.l'lJui1oco homérieo" penUdo (d', l~erevini, 1954, p,256-(4). 6 Trula·se /tJlra).
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Paros por necessidade e pobreza. Além disso, ao chegar a Tasos. caluniou tanto amigos quanto inimigos e, "o que é ainda mais vergonhoso, abandonou o escudo. Com efeito; Arquíloco não dava bom testemunho de. si próprio, tendo deixado tal fama e notIcia sobre si mesmo" (Crítias in ElIano v'H. 10.13). ",
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DiZ-se que Górgias, após ter dedicado em Delfos uma estátua sua de ouro, foi re,cebido em Atenas ironicamente por Platão: "Vejam o belo e dourado Gorgias". A isso, Górgias' teria ú~trucado: "Belo é este novo Arquíloco de Atenas!", comparando a sátira e a ironia do filósofo às do jambógrafo (Oorg. 82 A 15aDK)!IJ
~.OPOSjÇão ent~e o poeta ~ue denigre e o que enaltece, entre a poesia sa :![J:a e a encomlasta, frequente desde o período arcaico, encoi'ltra em Anstoteles seu, teorizador.Lê-sena Poétlca, (4,7-8) que a poesia se' d' 'd' I IVI lU, ogo no início,en: duas categorias específicas conforme' a, natu. reza dos poetas: os maIs solenes representavam ações de homens nobres, ao o que os mais vulgares, as de homens inferiores'''os ' , u-L tlmos compondo, a princípio, sátiras (p$ógOl), enquanto os'p'rimeiros h' mo~ aos deuses e encômios. A esses dois gêneros de poesia ;correspondlam, por sua vez, formas métricas,distintas: a "heróica" (o hex3.. me~ro: da~tflicocontínuo (~atà sdk~on)e o jambo," e assim os poetas rr:~IS"antl~os' foram tambem claSSIficados como "heróicos" ou, ~jâm· bICOS ~Anst. P~. 4.10-12) .. 0 mesmo Ocorre mais tarde com ospo'etas dramátICOS: assIm como os do escárnio (Jâmbicos) e do iouvor (épicos)' esses ~ao autores de comédia ou tragédia, segundo suas disposições naturaIs.')
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, N.O período helenístico, h,avia uma, verdadeira querela entre OS) lfadore,s e os adversá,riosde Arquíl~, Quando Calímaco (fr.544Pt)
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chama Arquíloco de "ébrio", empregaum.epíteto que, a princípio, seria natural e nada agressivo por referir-se·a:um poeta que, além de jambógrafo e devoro de Dionlso, freqüenremente louva as virtudes do vinho em seus poemas (Arq. t'r.2, 4, 7-9, 120, 124b, 29llW).lv Mas o retrato que pinta não é nada e1ogioso (Calfmaco [r.380Ft'): EiÂK"UaE
oi: OptJ.lÚV
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tinha do cão da vespa
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'tE lCÉV'tPOV,
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amarga bile; ó'àgúdo aguilllãú
l1a boca, o venenóde
ambos.
As figuras depredalivas que emprega·para descrever o estilo de Arquíloco, o cão e a vespa, derivam da terminologia cínica. Um mOllvo aventado para a hostilidade de Calímaco:·,seria a alegada adesão de Arqulloco a Homero (Degani. 1973, p.86-7).Em todo caso, sabemos que Apolônio de Rodes, o maior inimigo de Calímaco, era grande irador eleArguiloco." Na esteira de CaHmaco, a reputaçáosat(rica (psogerós) de Argulloco foi perpetuada em cinco epigramas da Antologia Palatina (A.P.) que se referem à lenda do suicídio das filhas de Ucàmbes. As moças teriam se enforcado por não arem os ataques dit'amatórios do poeta, Assim, em Dioscórides (A.? 7.351) e em um epigrama anônimo (/LP. 7.352), as Licâmbides se dizem virgens inocentes, desgraçadas p~la virulenta sátira do pário. 'rut]ufloco foi opfimeiro a lançar a Musa na blle viperina, maCLdando o monte Hélicon com sangue". e o viajante é alertado: que e em silêncio para não despertar as vespas sobre seu túmu!o (A.? 7.71), juliano (A.P. 7,69, 7ú)advene Cérbero, guarda do Hades, contra O ácido jambo da boca biliosa de Arquíloco, enquanto 10 Para a a,soda~~o ele !l.rquilol'O ~ elo jambo <10cUllo ue Dioniso. d. W~Sl (1974, p.22-39) e os TC."I<'lIIonia em T:.lI'dili (196~). 11 Deganl (lol·. ,:Il.). Segllndú Blihlcr (1<)0,1, p.223-47.). ~ possível notar a inl1l1êJlda el~ !l.rtjuiloc·o Il
Meleagro, no prefácio à nores de acanto".
Coroa (A.P.
4.1), chama sells versos de "crespas
Mas havia quem defendesse o "ébrio Arquíloco", brindando à' sua honra e à do "viril Homero", contra os "bebedores de água", "poetas efeminados e decorativos" (A.P. 11.20, 322).Polemizava-se nessa época acerca da importância do vinho, do entusiasmo irracional de inspiração dionisíaca, na criação poética. Dessa comenda participou Horáclo, opondo "a diligência elaborativa e lúcida, mas frígida", dos alexandrinos "bebedores de água" ao rico engenho dos poetas "de inspiração báquica" (Degani. 1073, p.84-5). Em um de seus epodos (6.13), Horácío compara. se a Arquíloco, "o poeta temido pelo vitupério", atlrmando mais tarde (Epist. 1, 10,23-25) orgulhar-sede ter sido o primeiro latino a escrever "à maneira. de Arquíloco" , adotando: seu·espírito e sua métrica, mas não o conte údo (ct~Wis trand, 1964). A maioria das referências tardias a Arguíloco tende a ressaltar um aspecto de sua obra: a sátira ferina -da invectiva pessoal. É possível, porém, que esse enfoque não resulte apenas ele um modismo ou gOSto de época, mas deva-se à forma de transmissão da obra e sua classificação no período alexandrino. , ; Restaram-nos, graças às citações nas obras de sof1sras e f1Iósofos da segunda metade do século v a. C., um: número de fragmentos importantes de Arquíloco, e o livro perdido de Heraclides Pôntico {século,lV a, q sobre Homero e Arguiloco 12 devia trazer várias agens desses poetas como exemplo, Mas foi realmente a partir de /\ristóteles e sua escola que começaram a surgir comentários sistemáticos de ,caráter tllológico, histórico e hermenêu [ico, visando à eJucidação de agens difíceis nos poemas. L1 próP;fio Arislóteles,segundo Hesíquio de Mileto (Indcx Operum), teria escrito ú~ tratado sobre as obras de ArqufÍoco, Euripjde~ e Quérilo. Lo Não,há prova da existência de Uma edição de Arqufloco nos séculos V!, V ou IVa. c., mas; e'm virtude do c~ráter de seus míbalhps, é verossímil güe Aristótel~s e seus discípulos tivesse~ em . mãos antologias dos poemas. . ,
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Com a abertura da Biblioteca de Alexandria no século !lI a, C., aram a predominar os comentários gramaticais que esclareciam,.ques12 nep\ "O/-l~pou Kci\ . APXtÂ6xou: apud D_ L. (5.84). 13 . APXlÀÓxotJ EüpmrSotJ Xi:llpi:l:ou r!Vpt'pÜinç "t. '
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tões de semântica (o signitlcado deex()res~.ões já obsoletas), morfologia e sintaxe. Infelizmente, para seus propóSitos, os gramáticos não precisavam citar mais do que palavras isolaqas ;ou panes de vers()s. Mesmo assim, esses estudos revelam a riqueza,·dovocabulário e da linguagem de Arquíloco. Alguns fragmentos sobreviveram em glosas de lexicógrafos, cita<;ões de metricistas (que, por .necessitarem de versos completOs para seus exemplos, preservaram-nOs mais do que os primeiros), e na antologia de Estobeu que reunia eXcerto.s· de Arquíloco, a partir de manuais de f110sot1amoral. .. .. ~ A dassiticação de Arguíloco entre os;,poeras jâmbicos nos cânones ) alexandrinos pode ter sido um fator cleterm.inante pél,rasua fortuna ~~mo ~ poeta satírico e para a ênfase dada aos poemas jélmblcos (espeClttca· mente aos relacionados às filhas de Licambes) que encormamos nas referêndas mais tardias, Segundo Quintiliano (10. J .50), lIas três jambógrafos incluídos no cânone de Aristarco, o estilo de Arquíloco era o mais vigoroso. sendo ele o único poeta do gênero que um orador deveria conhecer e eswdar." O livro (ou livros) da Biblioteca que reunia os poemas de Arquíloco serviu aos comemadores de sua obra: Eratóstenes (Schol. Pind. 01. 10,1), Apolônio de Rodes.'" Usânias (cf.Dcipn, 7.304b, J 1.504b, 14,620c), e ArÍstófanes de l3ízâncio, que lhe 'dedicou um S,.'Íngramma, usado mais tarde por Suetônio (Deipn. 3.85e) e Eustácio. Filócoro também recorreu aos poemas de Arqufloco coh1o fonte para sua história das colõnias gregas na Trácía, assim comO Démeas (328 F 172), o cronista de Paros, que elaborou. a partir deles, uma biograt1a do próprio poeta, Após o período alexandrino, Arquíloco e sua obra sofreram severa crítíca por parte de f1Iósofos e Padres da Igreja que, no quadro da censura às letras pagãs em geral. tinham não apenas ~(ele como alvo, mas todo esse gênero da poesia arcaIca. Eusébio (Pr. Ev, 5.32, 33), por exemplo, caçoa dos oráculos de um deus [Apoio] que ad~ira e defende Arquíloco,
>~;:' poeta obsceno e infame "que um homem decente sequer aria ouvir", Como o imperador juliano proibiu a leitura de Arquíloco e Hipônax, deduzimos que, nessa época, antologias que continham suas obras ainda seriam íveis. Após esse período, porém, não temos mais notícia de seus textos que, aos poucos, foram caindo no esquecimento.'; l(,
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1(> OrígenC$ (Canrl'(1 Cd~(l 7.0) tumb~m denuncia a ob~ccnidade e a impurezu tle !lrqllfJoCO. 7 Exi~lem, enlrçlanlO. imila~õcs bizunlinas elo fragmenlO 223W ue !lrljlJflo~o _ cvitlênciu
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14 Iwibui·se
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(C!em. i\kx.
S(J"(l/l/,
1.388)
um c0nteOLÚlio il obra ue
i\fljuíloco (' APXlÀÓXOU V1tOIlV~lla'(C(). 15 . Ev 'tWl 1tEpi 'APX~Àóxou. Dl'lim, (1,1.451ti). Para a inl1uência Argo!7al/ws ue I\polônio de Rodes, lI', Degani (1973, p.8ô),
ue i\rljllíloco
em Os
uc que alguns ue seus versos ainua f.lcvem ter perm<Jne\.'Íf.lo, Seguntlo Wilamowitz. Mi:illcnuorll' (J 91::', p.23), u gramle maioria dos poemas úe Mqutloco não sobreviveu em vinuúç tle suu obs~L'nitlaúc. ')1IL'no pL'ríodo bizuntino os No çntunto, como se cxplkil i\rljuflol'O, wn hilm chcgauo
Mahul1y (apuu ScmL'rano, 1951, p.1 (í 7-1>7) também ucrcdita pocmilS forum tlc1ipçradamenLe dçsLrllíúosoll não eopiados, ljuç os pOCmilS dç Hlpônax. lão ou·muis obsccnos.tJllc os de ilO séwlo XII <1, Ç.?