ERIC J.HOBSBAWM
NAÇOE,S E,
NACIONALISMO DESDE I
N.Cham. 323.1 H684 5.ed.
Autor: Hobsbawm, Eric J. Título: Nações e nacionalismo desde 1780
ilililrffiffiffiffiffiffiffiffiffi
@ E' J.
Hobsbawm, 1990
Tracluzido do original em inglês: Natbns ancl Natiotnlistrt since 17BO- Programme, myth, realitlt Prodtrçãtt Grafica: Katia Halbe Cdpa: Pinky Wainer Ilttstração da caPa: Paul Klee Mountain Village (Autumnal), 1934 (detalhe) Óleo s/ rnadeira compensada, 70,4 x 54 cm Galeria Rosengan, Lucerne Daclos cle Cetalogeçiro ne Publícação Internacional (CIP) (Câmera Brasíleila do Livro, Sp, Brasil)
Hobsbawm, Eric J.' 19i7-
Nações e nacionalistuo clescle 1780: programa, r.uito e realidade / E J' HobsRio de Janeiro: Paz balvrr; ltracluçiro: M:lÍie Celia Paoli, Anna Maria Quilino) e Telra, 1990.
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cDD-320.54
90-2060
- 321.05 - 321.09 1. Movilrentos de liberaÇão nacional' 3. Nações. I. Título
2
Nacionalismo'
Ínclices pala catálogo sistemático
l. Libefação nacion:rl: Movimentos: Ciência políticx 2. MovilÌlento cle liberaÇiro nacion:rl: Ciência política i. Nacionalismo: Ciência política 4. Nações: Ciência políticx
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2008 Impresso no Brasil / Printed in Brazil
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A naçã,o corno noaidad,e: da reaoluçã,o ao übmalisrno
e de tudo o que a âcarac-tgÍ,Slice-Uasjça da nação moderna ele está ligado é sqa mo{emidade. Isso, agora, é bem comPreena de que a identifrcação dido, embora a sultosição oposqa nacional seja tão natural, fundamental e PermÍìnente a ponto de ainda seja tão amplamente aceita que talvez preceder a história seja útil esclarecer a modernidade do vocabulário a respeito do assunto. O Dicionário da Real Academia Espanhola, cujas úrias edições foram pesquisadas com esse objetivo,l não usa a terminologia de Estado, nação e língua no sentido moderno antes de sua eaiçao de 1884. Aí, pçla primeirl vez, aprendemos que ? bga naciona.l é "a língua ofiçial e,literáriadelurpaír-e'-à diferença de dialetqs è línguas de outras nações, é a língua geralmente fzlzda", A mesma relação é estabelecida no verbete "dialeto" entre est€ e a língua nacional. Antes de 1884, a palavra naaión significava sirnplesmente "o agregado de habitantes de uma província, de um país ou de um reino'e também "um estrangeiro". Mas agora era dada como "um Estado ou corPo político que reconhece um centro supremo de governo comum" e também "o terriório constihrído por esse Estado e seus habitantes, considerados como um 19dq'- e, Portanto, o elemento de um Estado comum e suPre mo é central a tais definições, pelo menos no mundo ibérico''.À wiqn-é--g-"çonjunto- de l9g habitantes de u4 p-aíqtggrd.9-PQr un mism-o-gobiern6,z (grifos meus).2 Na recente Encieb4'ia Brasihira 27
Márito,t a na ç o â.laeernu*idade de-eidadãos-de.-.urn*r,stado, viyendo sob o mesmo regime ou governo e tendo uma comunhão de interesses; a. c9!g-ti-vi{ade de halitantes de um territóriüãm tradições, aspirações e interesses comuns, sulmünad.os a um pod,er cmtral que sc encarrega de mantq a unidade do Wpo (grifos rn.,rì;; o povo de um Estado, excluindo o poder governamental". Além disso, no Dicionário da Academia [,spanhola, a verúo final de "nação" não é encontrada até lg25, quando é descrita como "a coletividade de pessoas que têm . *àr*r origem étnica e, em geral, falam a mesma língua e possuem uma tradição comum". Gobiemo, o governo, não foi, por.tant_o, ligado ao conceito de nación até 1884. Na verdade, como aE''tgt",st poderia sugerir, o primeiro signihcado da palavra "nação" indica origem . á.r..r,dência: "naissance, extraction, rang! para citar um dicionário francês antigo que cita a frase de Froissart, Je fus retourné au pays de ma nation en la conté de Haynnau" (Eu retornei à terra de meu nascimento,/origem, no condado de Hainault).a E, na medida em que a origem ou descendência estão ligadas a um corpo de ho mens' este dificilmente poderia ser aquele que formou um Estado (menos no caso dos dirigentes e seu clã). Na medida em que ligado a um território, esse corpo de homens apenas fortuitam;nte seria uma unidade política, e nunca muito grande. para o dicionário espanhol de 1726 (primeira edição), a palavra pátrin ou, no uso mais popular, tizna, "a pátria", significava apenas "o lugar, o município ou a terra onde se nascia", ou "qualquer região, pre úncia ou distrito de qualquer domínio senhorial ou Estado". Èste sentido estreito de pátria, que foi diferenciado do sentido lato do termo no espanhol moderno como patrin chica, "a pequena pá_ tria", é bastante universal antes do século XIX, excãto entre as pessoas cultas com conhecimento da Roma antiga. Até lgg4, a ticna não era vinculada a um Esado; e até 1925 não ouümos a nota emocional do patriotismo moderno, que define pátria como "nossa própria nação, com a soma total de coisas matãriais e imateriais adas, presentes e futuras, que gozam da amável leal. dade dos patriotas". Certamente, a Espanha do século XIX não estava exatamente na vanguarda do progresso ideológico, embora Castela e nós estamos falando da língua castelhana fes5s urn - inexato dos primeiros reinos europeus ao qual não é totalmente 28
atribuir o rótulo de "Estadenação"' De qualquer maneira' pode século XVIII se duüdar de que a Grá-Bretanha ou a França do Portanto, o diferente. muito sentido em fossem "Estadoinaçóes" ter interesse desenvolvimento de seu vocabulário especíhco pode geral.
Em Nas línguas românicas, a palavra "naçío" é vemácula' estrangeiro' empréstimo um é usada, é outras línguis, quando de modo mais Isso nos iermite traçar as distinçóes no seu uso VoÌlr (povo) a palawa vulgar, no e claro. Assìm, no alemão culto derivapa-law1s a: que associações tem hoje claramente as mesmas vulgar alemão No complexa' é das de "natia', mas essa interação e pode-se usado PressuPo-r' medieval, o termo (natic), quando usado a não a partir de sua origem latina, que ele era difrcilmente nobre ou senhoriser entre os literatos e pessoas de extração real' foi adquirida apeque Vollq de não tem ainda a conotação .1 -, nascimensigniÍica medieval, nas no século XVI. Como no francês (C*sclücht)'' to ou gruPo de descendência des Como em outros lugares, a palawa desenvolveu-se para corporaoutras e guildas crever grandes gruPos fechados, como de outros com os quais çó.s, qüe .r...út"u.- ser diferenciados sinônimo de estrancomo .o.tirtit-t daí as "nações" aparecerem estrangeiros mercadores de geiro, como no espanhol, as "nações" vicomerciantes' de i"comunidades estrangeiras, especialmente familias privilégios");ô de ì.t do em uma cidade"e nela gõzando
ares.nações"deestudantesnasantigasuniversidades.Daítambém o menos famiÌiar "regimento Para a nação de Luxemburgo"'7 a des' Contudo, Parece claro que a evolução da palawa tenderia uma de natal o Pays tacar o lugar ou o território de origem menos ao tornou' se antiga dehnição sa que rapidamente "província"'E ,r" áb.ç" dos últimos texicOgrafos, o equivalente a comum' descendência enquanto outros enfatizam o gruPo de. insis' na como movendese Portanto na direção da etnicidade' natiz de fundamentzl tência holandesa a respeito do significado mesmo ao pertencer como 'a totaüdade de homens que se supõe stam". ---
ttt^' De qualquer modo, continua intrigante o problema lt o Estado' com tão alargada' ção dessa "naião" v..nácula, mesmo lingüísticos e outros' étnicos' termos em que' .üd.rrt poir p"r... oo
na maioria, os Estados, qualquer que fosse seu tamanho, não eram homogêneos e portanto não poderiam ser simplesmente equalizados com as nações. O dicionário holandês especificamente destaca, como uma peculiaridade do francês e do inglês, o fato de estes usarem a palavra "nação" para designar pessoas quq pertencem a um Estado, mesmo que não falem a mesma língua.e Uma discussão muito instrutiva a respeito desse enigma vem da Alemanha do século XVIII.Ì0 Em 1740, para o enciclopedistaJo hann Heinrich Zedler, a nação, em seu sentido realmente original, signifrcava um número unido de Bürgo (na Alemanha da metade do século XVIII, é melhor deixar esta palawa com sua notória ambigüidade), os quais partilhavam um corPo de costumes, valores e leis. Disto se segue que a palawa não pode ter significado territorial, desde que os membros de diferentes nações (diüdidos por "diferenças nos modos de üda - Lebmsaflm e costumes") podiam üver juntos em uma mesma proúncia, -por pequena que esta fosse. Se as nações tivessem uma conexão intrínseca com o território, os wends* da Alemanha teriam que ser chamados de alemães, o que eles patentemente não úo. O exemplo vem naturalmente à mente de um estudioso saxão, famipopulação eslava da liar com a última e ainda sobrevivente Alémanha lingüística, à qual ainda não lhe ocorreu rotular com o problemático termo "minoria nacional". Para Zedler, a palavra
que descreve a totalidade das pessoas de todas as "nações", vivene do em uma mesma proúncia ou Estado, ê Volck. Todavia na prática o termo tanto pior parzr a preciúo terminológica "nação" é freqüentemente usado no mesmo sentido que "Vobh"; às vezes como sinônimo de 'estamento" da sociedade (Stand, ordo\ e outras vezes pzrra qualquer associação ou sociedade (Gesellsclwf\ societas).
Qualquer que seja o significado "próprio e original" (ou qualquer outro) do termo 'naçâo", ele ainda é claramente dife rente de seu significado moderno. Podemos, portanto, sem ir mais além no assunto, aceitar que, em seu sentido moderno e basicamente político, o conceito de nação é historicamente muito recente. De fato, ouFo monumento lingúístico, o Nat English * Um dos povos eslavos
da Alernanha do
kste. (N.T.)
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BIBLIOTECn Faculdade projeçãc, (61) 3451-3873 Dictionnmy,já sublinhava isso ao indicar, em 1908' que o velho étsignificadá áa pal.w" contemplava principalmente a unidade nica, embora seu uso recente indicasse mais "a noção de independência e unidade Política".rl
Dada a noviãade histórica do conceito moderno de "nasua natureza é ção', sugiro que o melhor modo de entender a oPerar com começaram seguir aqueles que, sistematicamente, a Era das durante social e político esse conceito em seu discurso
a partir de 1830, com o nome
-
de kgritfsgeschichtc na digressão Esta "princípió da nacionalidade". contemnão é fãcil de ser feita, parte Porque, como veremos' os e Parte palavras' tais de uso do porâneos se davam Pouca conta
Revoluções, especialmente
io.qrr.
coisas a mesma palàwa podia signifrcar simultaneamente
muito diferentes. O significado fundamental de "nação", e também o mais freqüentemente ventiliado na literatura' efit político' Equalizava e america"o povo" e o Estado à maneira das revoluções sa como expressões r", ,r^" equalização que soa familiar em -T'stapresidentes. do-nação",^T.{ações unidas" ou a retórica dos últimos do séiulo x)L N"J EÚÀ; o discurso anrerior preferia tul .T 'povo', *união', "confederação", "nossa terra comum"' "público"' "L.--.rtt. público" ou 'comunidade", com o fim de eütar as em relaimplicações uniúrias e centralizantes do termo "nação" revoluçóes' das era Na çãá .o, direitos dos estados federados'r2 fui^ p^rt ou cedo se tomaria parte do conceito de nação que Assim esta deveria ser 'una e indiüsa", como na frase sa'Il uÍtação" efir o corPo de cidadãos cuja soberania considerada, a excoletiva os constituía como um Estado concebido como sua sempre ela nação' presúo política. Pois, fosse o que fosse uma
de
incluiria o elemento da cidadania e da escolha ou participação aPenas pela posse massa. John Stuart Mill não definiu uma nação do sen-timento nacional. Também acrescentou que os membros prô de uma nacionalidade "desejam que seja um governo deles Observamos prios, ou exclusivamente de uma porção deles"'l{ 'r.- ,t.p..o que Mill não discute a idéia de nacionalidade em si mesma, em uma publicação separada' mas caracteristicamente
e brevemente
-
no contexto de seu Pequeno tratado sobre o
governo representativo, ou democracia' 3l
A equação nação = Estado = povo e, especialrnente, povo soberano, vinculou indubitavelmente a nação ao território, pois a esFutura e a definição dos Estados eram agora essencialmente territoriais. Implicava também uma multiplicidade de Estados.nações assim constituídos, e de fato isso era uma conseqüência da autodeterminaçâo popular. A Declaração sa dos Direitos em 1795 assim propôs: *Cada
povo é independente e soberano, qualquer que seja o núme ro de indiúduos que o compõem e a extensão do território que ocupa. Fsta soberania é inalienável".t5
Contudo, pouco é dito a respeito do que constitui "um povo". Particularmente, não há conexão lógica entre o corpo de cidadãos de um Estado territorial, por uma parte, e a identificação de uma "nação" em bases lingüísticas, étnicas ou em outras com características que permitam o reconhecimento coletivo do pertencimento de grupo. De fato, por causa disso já foi mostrado que a Revolução sa "foi completamente estranha ao princípio e ao sentimento de nacionalidade; era inclusive hostil a eleo.rõ Como notou perspicazmente o lexicógrafo holandês, a língua não tem nada aver, em Pincípio, com o ser inglês ou fiancês e, de fato, como veremos, os especialistas ses lutaram tenazmente contra as tentativas de fazer da língua falada um critério de nacionalidade, pois este, segundo eles, era determinado puramente pela cidadania sa. A língua que os alsacianos e gascóes falavam continuou pouco importante para seu sÍclzs como membros do povo francês.
De fato, se do ponto de vista revolucionário "a nação" tem algo em comum, não era, em qualquer sentido, a etnicidade, a língua ou o mais, mesmo que estas também pudessem ser indicação de únculo coletivo. Cômo mosEou Pierre Vilar,r? o que caracterizava o povonação, visto de baixo, era precisamente o fato de ele representar o interesse comum contra os interesses particulares e o bem comum contra o priülegio, como na verdade é sugerido pelo termo que os americanos usaram antes de 1800 para indicar a existência de nações, embora evitassem a própria palawa. Do ponto de üsta revolucionário, as diferenças étnicas 32
BIBLIOTECA
=aculdade projeção (61) 3451-3873 grupais eram tão secundárias quanto iriam ser mais tarde para os socialistas. Eüdentemente, o que distinguia os colonos americanos do rei Jolge e seus seguidores não era a linguagem ou a erricidãde e, do mesmo modo, a República sa não üu difrculdade alguma em eleger o angloamericano Thomas paine para a sua Assembléia Nacional. Não podemos, portanto, ler na nação revolucionária nada parecido com o programa posterior de estabelecer Estadosnações para corpos (sociais) definidos em termos dos critérios tão intensamente debatidos pelos teóricos do século XIX, tais como etnicidade, língua comum, religião, território e lembranças históricas comuns (para citar de novoJohn Stuart Mill).r8 Como ümos, ex_ ceto para um território de extensão indefinida (e talvez para a cor da pele) nenhum desses critérios uniu a nova nação americana. Além disso, na medida em que durante Írs guerras revolucionárias e napoleônicas a "grandz nation" fiancesa alargou suas fronteiras para áreas que não eram sas sem possuir nenhum dos critérios citados de vínculo nacional, torna-se claro que nenhum deles era a base de sua constituição. No entanto, estavam com certeza presentes os úrios ele_ mentos posteriormente usados para descobrir definições da nacionalidade não estatal, sejam os associados com a nação revo lucionária, sejam os que criavam problemas para ela; e quanto mais esta se queria una e indiüsa mais a sua heterog.t.id"d. interna criava problemas. Não há dúvida de que, para a maioria dos jacobinos, um francês que não falasse francês era suspeito e
que, na prática,
o critério etnolingüístico de nacionalidade
era
freqüentemente aceito. como colocou Barère em seu relatório ao Comitê de Segurança Pública: Quem, nos Departamentos do Alto Reno e do Baixo Reno, juntou_ se aos traidores, chamando a Pússia e a Áustria em n'ssas frontei-
ras invadidas? Foi o habitante do campo (alsaciano), que fala a mesma língua de nossolr inimigos e que cons€qüentemente considera-se mais seu irmão e seu cidadão
33
A insistência sa na uniformidade lingüística, desde a RevoluSo, foi realmente marcante e, Para a época, era bastante
excepcional. Retornaremos a isso posteriormente. Mas o que deve ser nãtado é que, na teoria, não era o uso nativo da língua sa e como poderia srâ-lo se a que fazia de uma Pessoa um francês própria Revolução gastou tanto temPo provando que Poucas Pes' ,o"r rr. França realmente dela se utilizavam?n - e sim a disposição de adotar a língua sa junto com outras coisas como as liberdades, as leis e as características comuns do povo liwe da França. Em certo sentido, adotar o francês era uma das condições da plena cidadania sa (e, portanto, da nacionalidade), da mesma forma que adotar o inglês s€ tornou condição da cidadania americana. Para ilustrar a diferença entre uma definição basicamente lingüística de nacionalidade e a dos ses, mesmo em sua forma extre ma, lembremonos do filólogo alemão que va.mos enconüar adiante, tentando convencer o congresso Estatístico Internacional da necessidade de inserir a questão da língua nos censos eshtais (cf. adiante, pp. 9&9). Richard Bõckh, cujas influentes publicações na década ae taoo argumentavam que a língua era o único indicador adequado da nacionalidade, um argumento ajustado ao nacionalis. mo ìemão desde que os germânicos estavam amplamente distribuídos na Europa central e oriental, foi obrigado a classificar os judeus ashhatazimcomo alemães, na medida em que o ídiche era, "sem dúüda, um dialeto germânico derivado da Alemanha medie val. Essa concluúo não podia ser partilhada pelos alemães antisemitas, como Bõckh sabia. Por seu lado, os ses revolucioná-
rios não precisavam nem entendiam esse aÍgumento, dado que lutavam pela integração dos judeus na nação sa' De seu ponto de vista, os judeus sefardim, que falavam o espanhol medie Ll e os judeus ashlwnzit4 que falavam ídiche - e a França contie'rm igualmente ses desde que aceitassem as nha amús condições da cidadania sa, o que nahrralmente incluía falar francês. Correlatamente, o argumento de que DreÉus não podia ser "realmente" francês porque descendia de judeus foi correta mente entendido como um desafio à própria natureza da RevolF ção sa e à sua definição de nação sa' É, contudo, na altura do relatório Barère que se encontntm dois conceitos muito diferentes de nação: o revolucionáriode 34
mocrático e o nacionalista. A equa$o Estado = nação = povo dus.
ta
-se a ambos, mas para os nacionalisf2s a sua inclusão na cria@o
de entidades políticas derivava da existência anterior de algumas comunidades distintas de outras, estrangeiras, enquanto que para a revolucionáriodemocútica o conceito cenfal era o de sobe rania do p-olecidadãô = Estado, a qual constituía uma "nação" em relação ao restante da raça humana.zt Nem podemos esqÌlecer que os Estados, qualquer que fosse sua constituição, teriam doravante que dar+e conta de seus sujeitos, 1rcis, na Era das Revoluções, tornara-se mais dificil governá-los. Como expressou o libertador grego Kolokotrones, não era mais verdade que "o povo pensa que os reis são deuses sobre a terra e que sua obriga@o é dizer que o que reis fazem está bem-feito".z A diündade não mais os cercava. Quando em 1825 Carlos X da França reüveu a antiga cerimônia de coroação em Reims e também (relutantemente) a cerimônia da cura mágica, apenas 120 pessoas ficaram curadas de escrófula pelo to que real. Na última coroação antes da dele, em 1774,2 400 pessoas haüam sido curadas.2e Como veremos, depois de 1870 a democratiza@o tornaria urgente e agudo o problema de legitimidade e o da mobilizaçie de cidadãos. Para os governos, o item central na equação Estado = nação = povo era, plenamente, o Estado. Todavia, qual era o locus da nação ou, panr o que aqui - qualquer que seja a importa, da equação Estado = nação = povo, no discurso teórico daqueles que, ahnal, ordem dos termos
üúo
imprimiram mais frrmemente sua marca na Europa do século XIX, especialmente no período entre 1830 e 1880, quando o "princípio da nacionalidade" mudou o mapa da Europa do modo mais dramático: as burguesias liberais e seus intelectuais? Mesmo que eles quisessem, não poderiam ter eütado refletir sobre o pro blema na medida em que, nestes cinqüenta anos, o equilíbrio de poder foi transformado pela emergência de dois grandes poderes baseados no princípio nacional (Alemanha e ltália), na partilha efetiva de um terceiro poder nas mesmas bases (Austria e Hungria, depois do Compromisso de 1867), para não mencionar o
reconhecimento de um número de entidades políticas menorqs como Estados independentes, que demandavam um novo status como povos nacionalmente fundados, do Oeste da Bélgica aos Estados que sucederam aos otomanos no Sudeste europeu 35
(Grécia, Sérvia, Romênia, Bulgária), além de duas revoltas nacio nais dos poloneses exigindo sua reconstituição como Estadonação do modo como o imaginavam. Na verdade, a burguesia e seus intelectuais não desejavam eütar essa reflexão. Pois o que Walter Bagehot haüa chamado de "formação de nação" constituía o conteúdo essencial da evolução do século XIX.21 No entanto, desde que o número de Estados.nações era pequeno no início do século XIX, a questão óbvia para as mentes inquiridoras era quais das numerosas populações européias classificáveis como uma "nacionalidade", com alguma base, poderiam tornar-se um Estado (ou alguma forma menor com reconhecimento istrativo e político distinto) e quais dos numerosos Estados existentes estariam imbuídos do caráter de "nação". A construção de listas com critérios de existência de nação potenciais ou reais sewia a esse objetivo. Parecia óbvio que nem todos os Estados coincidiam com nações e vice-versa' Por um lado, a "Po. que a Holanda é uma nação, famosa questão de Renan de Parma não o são?'45 Grãoducado enquanto Hanover ou o Por outro lado, a analíticas. questões levantava um conjunto de obsewação de John Stuart Mill de que o estabelecimento de um Estado nacional tinha que ser viável e desejável pela própria nacionalidade levantava ouEo conjunto de questões. Mesmo Para os nacionalistas da metade da era vitoriana, os quais não tinham dúvida quanto à resposta a ambos os tipos de questão, isso era assim desde que seu interesse era com sua própria nacionalidade com o Estado em que viviam. Mesmo eles encontravam-se frente às demandas de outras nacionalidades e Estados com olhos frios. Todavia, além desse ponto, encontraÍnos no discurso überal do século XIX um surpreendente grau de vaguidade. Isto se deve não tanto à falência em pensar até o fim o problema da nação, mas sim ao pressuposto de que a nação não devia ser explicada, pois já era óbüa. Daí o fato de boa parte da teoria liberal das naçóes emergir apenas à margem do discurso de escritores liberais. Além disso, como veremos, uma área central do dirurso liberal teórico impedia considerar a "rtaçío" intelectualmente. Nossa tarefa no restante deste capítulo é a de reconstruir uma teoria liberal coeren' te da "nação", muito ao modo como os arqueólogos reconstroem rotas comerciais a partir de depósitos de moedas. 36
A melhor maneira parece ser a de começar com a noção menos satisfatória de nação, ou seja, a do sentido dado à palavra por Adam Smith no título da sua grande obra. Pois, no contexto, nação significa simplesmente um Estado territorial ou, nas palavras de John Rae uma afiada cabeça escocesa que na América açad4 do século XIX, criticava Smith do Norte, no começo comunidade, sociedade, nação, Estado ou povo separado (termos que, no que concerne ao nosso assunto, podem ser considerados sinônimos) ".2ô No entanto, o pensamento dos grandes economis. tas políticos liberais certamente deve ser relevante para pensado res liberais de classe média que consideraram a "nação" de outro ponto de vista, mesmo que não fossem economistas, como John Stuart Mill, ou, como Walter Bagehot, editores do Tfu Economist. Teria sido um acaso histórico o fato de a era clássica do liberalis. mo do liwe-comércio ter coincidido com a "formação de nações" que Bagehot considerava tão central em seu século? Em outras palawas: o Estado-nação, como tal, desempenhou uma função específrca no processo de desenvolvimento capitalista? Ou ainda: como a análise liberal contemporânea viu essa função? Pois é eüdente ao historiador que o papel das economias definidas por fronteiras estatais era grande. A economia do mundo novecentista era mais inlzrnacional do que cosmopolita. Teóricos do sistema mundial tentaram mostrar que o capitalismo foi criado como um sistema global em um continente, e não em outro lugar, precisamente por causa do pluraüsmo político da Europa, a qual não constituía nem fazia parte de um único "impê rio mundial". O desenvolvimento econômico nos séculos XVI a XVIII foi feito com base em Estados territoriais, cada um dos quais tendia a perseguir políticas mercantilistas como um todo unificado. De modo mais óbvio ainda, quando falamos de capitalismo mundial no século XIX e começo do XX falamos das suas unidades nacionais componentes no mundo desenvolvido
da
- ale indústria britânica, da economia americana, do capitalismo mão diferente do capitalismo francês e assim por diante. Durante o longo período que vai do século XVIII aos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, parece não haver espaço e lugar na economia global para aquelas unidades genuinamente extraterritoriais, transnacionais ou intersticiais que desempenharam um 37
papel tão grande na gênese da economia capitalista mundial e qrr" tao, hãje, novamente tão proeminentes: Por exemplo, miniÉstados indãpendentes cuja significância econômica está fora de Lúbeck e Gand no sécuproporção .ó t.o tamanho e recursos io >ifV, Cingapura e Hong-Kong novamente hoje' De fato, considerando o desenvolvimento da economia mundial moderna, tendemos a ver a fase na qual o desenvolvimento econômico foi integralmente ünculado às "economias nacionais" de um número de útados territoriais desenvolvidos como situada entre duas eras essencialmente transnacionais.
A dificuldade dos economistas liberais do século XIX ou dos liberais que, como esperado, aceitavam os argrrmentos da e-conï mia política clássica era a de poderem reconhecer o significado ..o.t-ô-i.o das nações aPenas na prática, mas não na teoria' A economia política clássica, e especialmente a de Adam Smith, foi formulada como uma crítica do "sistema mercantil", ou seja, pre cisamente o sistema no qual os governos trataram as economias nacionais como conjuntos a serem desenvolüdos pelos esforços e políticas estatais. o liwe-comércio e o liwe-mercado se dirigirarn
piecisamente contra esse conceito de desenvolvimento econômièo nacional, que Smiú acreditava ter demonstrado ser contraProdutivo. A teoria econômica foi então elaborada unicamente na firmas ou Pessoas base de unidades individuais de empresa suas pere minimizando ganhos seus racionalmente maximizando das em um mercado que não tinha extenúo espacial especíhca. No limite, esse era o mercado mundial, e não poderia deixar de sê-lo. Embora Smith estivesse longe (tão longe quanto a teoria geral do crescimento econômico) de se opor a certas funções do governo que erarn relenantes Para a economia, não havia lugar p".. nação ou qualquer coletividade maior do que Ìrma emPresa' " eie não se importou em investigar muito' a qrral, - a propósiio, j. n. C,ai*.s, no auge da era liberal, chegou a gastar Assim, seriamente ãez páginas considerando a proposição de que uÍna teoria do comériio internacional não era necesúria se fosse dis.
tinta de qualquer comércio entre indivíduos'2? Concluiu que'
embora as transações internacionais estivessem indubitavelmente
tornando cadavez mais constantes, havia ainda muitas fricçóes que justificavam considerações à Parte a respeito do problema do
se
38
comércio entre Estados. O economista liberal alemão Schônberg duvidava que o conceito de "renda nacional" tivesse algum significado. Essa idéia pode ter tentado aqueles que não se contentavam com idéias superÍiciais, mas os economistas liberais estavam indo longe demais mesmo que as estimativas da "riqueza nacional", em termos moneúrios, estivessem erradas.2s Edwin Cannanze pensava que a "nação" de Adam Smith consistia aPenas de uma coleção de indivíduos üvendo em um território do Estado, e considerava que o fato de em cem anos toda esta Bente estar morta torna impos. sível falar da "nação" como uma entidade continuamente existente. Em termos de uma política econômica, isso significava que somente a alocação de recursos através do mercado era mais favo rável, e que através de suas operações os ganhos dos indivíduos na medida automaticamente produziriam os interesses do todo conceitos tais como ganhos de em que havia lugar, na teoria, para toda a comunidade. Correlatamente, John Ray escreveu seu liwo de 1834 especificamente para demonstrar, contra Smith, que os ganhos indiüduais e nacionais não eram idênticos, isto é, que os princípios que guiavam a busca individual de ganhos não necessariamente maximizavam a riqueza da nação.30 Como veremos, não se pode negligenciar aqueles que se recusaram a aceitar incondicionalmente Smith, mas suas teorias econômicas não podiam competir com a escola clássica. O termo "economia nacional" apareceu no Dietionnan of Political Econony de Palgrave aPenas em conexão com a teoria econômica alemã. O termo "nação" desapareceu dos trabalhos ses equivalentes em 1890.3Ì E, no entanto, mesmo o mais puro dos economistas clássicos era obrigado a operar com o conceito de economia nacional. Como o saint-simoniano Michel Cher"alier apologética e afetadamente anunciou em sua aula inaugural como professor de econe mia política no Collège de : Somos chamados a nos preocupar com os interesses gerais das sociedades humanas, mas não nos é proibido considerar a situação particular da sociedade na qual vivemos.u
Ou então, como Lord Robbins afirmou uma vez mais em relação aos economistas políticos clássicos: "Há pouca evidência 39
de que eles ultraaram com alguma freqüência o teste da nu.rt"g"- nacionil como critério de política econômica' e me,ro, Ãd" de que estavam preparados para aceitar a dissolução
nem quedos liames nacionais".!! Em resumo, eles não podiam riam escapar da "nação", cujo Progresso Porter inquiria com "detersatisfação p"rtir de 1835, pois pensava que era desejável ^ a consegue comunidade qualquer quais minar os -.io. pelos acrescentar é necesúrio Nem entre as naçóes"'
superioridade q,r. po, "qualquer comunidade" ele queria dizer'a própria comunidade".Y Na verdade, como poderiam ser negadas as funções econô de micas e mesmo os beneficios do Estado-nação? A existência tl públicas finanças com Estados com monoPólio da moeda, P9tatividatanto, com atividades e políticas frscais era um fato' Eram aque des econômicas que não poderiam ser abolidas mesmo Por econo na danosas intervenções les que quisessem eliminar suas mia. Além disso, mesmo extÍemados libertários podiam aceitar' autôno corn Molinari, "que a diúsão da humanidade em nações pórrevolucionáera na Pois, mas é essencialmente econômica"'!5 ria do Estado-nação, o Estado garantia, afinal de contas' a seguB' Sty' rança da propriedade e dos contratos - e como disse J' nação "nerrhuma pública' notoriamente um inimigo da empresa regugoverno um sob estar conseguiu um nível de riqueza sem pelos racionalizadas ser até ,.r".r0"L5 funçóes do governo podiam argueconomistas liberais ãmo üwe-competição. Assim, Molinari na útil é nações em mentava que 'a fragmentação da humanidade poderoso extremamente medida .À qrr" desenvolve um princípio Exposide competitividade econômicai'lt Mencionava a Grande justifrcaessas sem mesmo ção de i85t p"r. basear tal idéia' Mas econômico foi iõ.r, t funçio do governo no desenvolvimentoentre uma naçao diferença assumida. J. B. S.y, que não via muita entanto a no acusa\ra e seus vizúhos e duas proúncias üzinhas' do descuidar de isto é, o Estado e governo francês França a preferindo país' do desenvolvimento dos ,..,tr*i domésticos mesF economista conquista estrangeira. Em resumo, nenhum - ou mo da mais extrema convic$o liberal - podia negligenciar não gostanão levar em conta a economia nacional' Apenas eles fazê-lo' vam de referir-se a ela, ou não sabiam como 40
Nos países que perseguiam o desenvolvimento econômico nacional contra a superioridade econômica da Inglaterra, no entanto, o livre-comércio smithiano era bem menos atrativo. Ali não faltavam homens ansiosos para falar sobre a economia nacional como um todo. O esquecido escocês-canadense Rae já foi mencio nado. Ele.propôs teorias que parecem antecipar as doutrinas da substituição de importações e da importação tecnológica da Comisúo Econômica das Nações Unidas para a América Latina nos anos 50. Mais claramente ainda, aparece o grande federalista americano Alexander Hamilton, que vinculava a nação, o Estado e a economia, usando esse vínculo para jusúficar contra políticos menos centralizadores sua opção por govemos nacionais fortes. A lista das "grandes medidas nacionais" feita pelo autor do verbete "nação" em uma obra posterior de referência americana é exclusivamente econômica: a fundação de um banco nacional, a res. ponsabilidade nacional para débitos estatais, a criação de um dê bito nacional, a proteção de manufaturas nacionais através de altas tarifas e taxações compulsórias.r8 Pode ser que, como sugere esse irável autor, todas estas medidas "intencionavam desenvolver o geune da nacionalidade"; ou pode ser que, no caso de outros federalistas que pouco falarram em nação e muito mais de economia, ele sentisse que a nação tomaria conta de si se o gover-
no federal tomasse conta do desenvolvimento econômico: mas, em qualquer caso, a nação implicava uma economia nacional e sua sistemática promoção pelo Estado, o que, no século XIX, significava protecionismo. Os economistas americanos do século XIX eram, em geral, medíocres o bastante para não desenvolverem o argumento teórico do hamiltonianismo, embora o pobre Carey e outros tivessem tentado.re Todavia esse argumento foi afirmado, lúcida e eloqüentemente, pelos economistas alemães chefiados por Friedrich List, o qual, francamente inspirado por Hamilton, havia adquirido suas idéias durante sua estada nos Estados Unidos na década de 1820, quando tomou parte nos debates sobre a economia nacional do período.s Para List, a tarefr da economia que os alemães des-
de então tenderam preferencialmente a -chamar de "economia nacional" (Nationalaehonomb) ou de "economia do povo" (Va lhxtinh-schaffi à 'economia
política" 4t
a de 'realizar o desen-
volvimento econômico da nação e preparar sua entrada na sociedade universal do futuro".{r E desnecessário acrescentar que esse desenvolvimento tomaria a forma de uma industrialização capitalista levada adiante por uma burguesia ügorosa' Contudo, o que é realmente interessante aqui a respeito de List e da posterior "escola histórica" dos economistas alemães que como também economistas nacio o tomaram como inspiração é nalistas de outros países como Arthur GriÍËth, da lrlanda{2 que ele claramente formulou uma característica do conceito "libe ral" de nação até então comumente considerada como garantida' A nação teria que ser de tamanho suficiente para formar uma unidade üável de desenvolvimento. Se caísse abaixo desse patamar não teria justificativa histórica. Isso parecia muito óbvio para requerer argumentação, e era raramente discutido. O Dictionnaire Poliriryc de Garnier-Pagès de 1843 pensava ser "ridículo" que a Bélgica ou Portugal quisessem ser nações independentes, dado seu visível pequeno tamanho.ar John Stuart Mill justificava o inegável nacionalismo dos irlandeses na base de que eles eram, afinal de contas, após todas as considerações, "suhcientemente numerc sos para serem cap.\zes de constituir uma nacionalidade respeiúvel".s Outros discordavam, entre os quais l|dazzini e Cavoúr, embora fossem apóstolos do princípio da nacionalidade. De fato, o próprio Nat Engtish Dictionnary definia a palawa "nação" não apenas da forma usual familiar'uada porJ. S. Mill na Grã-Bretanha, mas também como "um agregado amplo de pessoas" com características adequadas (grifos meus).45 List claramente afirmou que: um território extenso e uma grande população, dotados de múltiplos recursos nacionais, são exigências essenciais da nacionalidade normal ... Uma nação restrita em população ou território, especialmente se possuir uma língua distinta, pode apenas possuir uma literatura estropiada, e insútuições estropiadas Para Promover sua arte e ciência. Um Estado Pequeno não pode, em seu território, promover à perfeição os vários ramos de produção's
Os beneficios econômicos de Estados de larga escala (&ossstaatcr), pensava o professor Gustav Cohn, eram demonstra42
dos pela história da Grã-Bretanha e da França. Eram beneficios menores, sem dúvida, do que aqueles proündos de uma única economia global, mas infelizmente a unidade mundial ainda não era alcançável. Enquanto isso, "tudo a que a humanidade aspira para toda a raça humana ... até agora já foi (zunrichst ànrnal) aLcançado por uma significativa fração da humanidade, isto é, 30 a 60 milhões de pessoas". E assim "segue-se que o futuro do mundo civilizado, por um longo tempo ainda, tomará a forma de grandes
Estados (GrossstaatenüId,ung)".{7
A propósito, notamos o
pres-
suposto constante de as "nações" serem a segunda melhor opção para a unidade mundial, ponto que retomaremos adiante. Duas conseqüências decorrem dessa tese, as quais erarn quase universalmente aceitas por pensadores sérios do assunto, mesmo quando não as formulavam tão explicitamente como o fizeram os alemães, os quais tinham algumas razões históricas para fazê-lo. Primeiro, segue-se que o "princípio da nacionalidade", aplicado na prática, servia apenas para nacionalidades de um certo tamanho. Daí o fato, de outra forma surpreendente, de Mazzini, o apóstolo desse princípio, não üsualizar a independência da Irlanda. Quanto às demandas das nacionalidades menores ainda ou
das nacionalidades potenciais sicilianos, bretões, galeses podiam ser levadas menos a -sério ainda. De fato, a palavra Iflzirutaaterei (o sistema de mini-Estados) era deliberadamente depreciativa. Representava aquilo contra o que os nacionalistas alemães lutavam. A palawa "balcanização", derivada da divisão do território antes formado pelo império turco em vários pequenos Estados independentes, ainda retém sua conotação negativa. Ambos os termos pertenciam ao vocabulário dos insultos políticos. Esse "princípio do ponto crítico" é excelentemente ilustrado pelo mapa da futura Europa das nações desenhado pelo próprio Mazzini em 1857, que compreendia uma dúzia precisa de Estados e federações, dos quais apenas um (desnecesúrio dizer, a ltália) não seria obviamente classificado como rnultinacional por critê rios posteriores.€ O "princípio da nacionalidade" na formulação wilsoniana, que dominou os tratados de paz após a Pdmeira Guerra Mundial, produziu a Europa de 26 Estados se agregarmos -27 o Estado Liwe Irlandês que seria logo estabelecido. Eu apenas acrescentaria que um estudo recente dos movimentos regionalis43
tas somente da Europa oriental registrou 42 deles,as demonstran-
do portanto o que acontece quando o "princípio do ponto crítico" é abandonado. O importante a notar, no entanto, é que no período clássico do nacionàlismo liberal nirrguém sonharia em abandoná-lo. A autodeterminação das nações ajustava-se aPenas Pafir as nações consideradas viáveis: ou seja, viáveis culturalmente e, é lógico' economicamente (qualquer que fosse o significado exato de viabilidade). Nessa medida, a idéia de Mazzini e de Mill a respeito da autodeterminação nacional era fundamentalmente diferente da do presidente wìlson. consideraremos adiante as razões da mudania de uma a outra. Todaüa, vale a pena rrotar an ant que o "princípio do ponto crítico" não foi inteiramente abandonado *ar-o na era wilsoniana. Entre as guerras' a existência de Luxemburgo e Liechtenstein restou como um leve embaraço' mesmo que estas estruturas poÌíticas fossem muito bem-ündas pelos frhteìistas. Nirrguém sentia-se feliz pela existência da cidade liwe de Danzig, nem mesmo nos dois Estados vizinhos que a queriam dentio de seu próprio território; Írrenos ainda aqueles que sentiam que nenhuma cidade-Estado seria viável no século xx .o..ro tinha sido nos dias hanseáticos. os habitantes da periférica Áustria quase unanimemente desejavam a sua integração na Alemanha, Porque simplesmente não podiam acreãit.. qrr. um Estado tão pequeno quanto o deles fosse úável .o^o ,r-. economia independente (Icbensfrihrg)' Foi aPenas a partir de 1945 e, mais ainda, depois da descolonizaçío, que se abriu caminho na entidade de nações para entidades como Dominica ou ilhas Maldivas ou Andorra' A segunda conseqüência é que a construção de nações foi ineütavelÃente vista como um processo de expansão. Esta era outra raáo pur?- a anomalia do caso irlandês ou Para qualquer outro nacio.rã1ir*o Puramente separatista' Como ümos, era aceito na teoria que a evolução social expandiria a escala de unidades sociais humanas, da família e da tribo Para o condado e o cantão' do local para o regional, para o nacional e ocasionalmente Para o global. Árim ,ettáo, as nações estavam afinadas com a evolução tistórica na medida em que elas ampliassem a escala da sociedade humana, Permanecendo iguais as outras condições' 44
Se nossa doutrina fosse sumarizada na forma de uma ProPosição' podeíamos tzlvez dlzet que, Senericament€' o princípio das nacio naüdades é legítimo quando tende a unir, em um todo comPacto' grupos dispersos da popúação; e ilegítimo quando tende a dividir
um Estado.r
Na pútica, isso significava que se esPerava que os moümentos nacionais fossem movimentos pela expanúo ou unificação nacional. Assim, todos os alemães e italianos esperavam juntar-se em um Estado nacional, tal como os gregos. Os sérvios iriam fundir-se com os croatas em uma única Iugoslávia (até então sem nenhum precedente histórico) e, Para além disso, o sonho de uma federação brl.âtti.a assombrava aqueles que Procuravam uma unidade ainda maior. Tornou-se um comPromisso dos moümentos comunistas até depois da Segunda Guerra Mundial. os tchecos fundirse-iam com os eslovacos, os poloneses iriam se combinar com g, ds fato, eles já formavam um único granlituanos e nitenos
os romenos da Moldáüa de Estado na Polônia prêpartilha -' iriam se unir com aqueles da Valáquia e da Transilvânia e assim por diante. Tudo isso era eüdentemente incompaúvel com defitriçõ.t de nações baseadas na etnicidade, língua ou história co mum; mas, como vimos, estes não eram critérios decisivos da formação liberal de nações. Em qualquer caso' ninguém chegou a negar, nunca, a real multinacionalidade ou rriultilingualidade ou multietnicidade dos mais antigos e inquestionáveis Estados.nações, ou seja, Grã-Bretanha, França ou Espanha. Que os "Estados-nações" seriam nacionalmente heterogêneos nessa forma foi algo Prontamente aceito, pois haúa muitas partes da Europa e do resto do mundo onde as nacionalidades estavam tão obüamente misturadas no mesmo território que de senredá-las em bases puramente espaciais parecia ser bastante irrealista. Essa seria a base das interpretações de nacionalidade como as dos austro-man
tos eslovenos e germânicos, fr eqüen temen te existin do
como enclaves dentro de enclaves ou zonas de fronteiras com 45
diÍiceis de serem identifrcação incerta e mutável' particularmente a heterogeneidade nacional dos Estadesenredados.5r Contudo,
que as na"
parecia claro dos.nações foi aceita sobretudo Porque * Pequenas e atrasadas' cionalidades Pequenas' t t'ptcialmttttt maiores e fazendo' nações em só tinham a ganhar fundindo-se "A experiênhumanidade' a para através destas, ,,rt .o,,*ibt'ição sensíveis' obserradores de cia", disse Mill articulando o to""t'o e ser ab fundir-se ;;;;;". é possível fara uma nacionalidade um seria isso atrasados' e os inferiores
J;;
po, orro"".
Ptr*a
ganho enorme: para um bretão' Ninguém pode supor que não seja lnais-benéfico um membro da ser francês "' u""ã ã"
ou PaÍa um
"^""'io itido em t€rÍnos iguais aos privilégios nacionalidade sa'"'* rochas' o arcaísmo "' ao q"t azedat'em suas da cidadania fr;t;; em sua pequena remoendoo ados tempos semi-selvagem dos geral movimento no órbita mentar, ,"- p"tïtç"ção ou interesse escoceses e galeses aos do mundo. A me'ma obserração se aplica das terras
"tt",
co"'o membros da nação britânica'5r
ou ureal" teria Uma vez aceito que uma nação independente dehnidos' seguia-se também que ser üávËl pelos triié'io"t'tão estavam fadalínguas e que algumas a., -ttotls nacionalidades fortemente sido tem Engels das a desaparecer como tal' FËedrich desaparecio ter predito atacado como chauvinista alemão Por feito comentários pouco ter dã e povo como mento dos tchecos Na verdade' sobre o futuro ãe alguns outrÓs povos'5r
.;;;" r"i.r.
aleãáo' inclinado a comparar favoraa respeito-de sua tradição velmente seu Povo com outros' exceto estava também totalrnente revolucionária. Sem a menor dúüda' conhrdo' é um a respeito dos tchecos e outÍos Povos' ;"-;;;;" essencial' a qual era puro anacronismo criticá-lo Por sua- Postura meados do sécupo. qotrqtt'obserr"adoriãparcial de ;;;h;" e línguas não tinham lo XIX. Atgumas ptqlt"n"t nacionalidades aceitas' mesmo f.rturo ind"ependãnte' Muitas eram geralmente princípio ou na em por Pessoas que esta\Ëm longe de ser hostis' prátiìa, à libertação nacional' atitude genérica' Náo Não havia nada de chauvinista nessa fi"g""t e às culturas de tais útimas coletiera
implicava
orgulho*tt""
hostilidJàs
46
do prqSresso (como então certamente seriam chamadas). pelo .o.ttrá.iò, onde a supremacia da nacionalidade estatal e da língua estatal não estana em questão, a nação maior poderia acolher-e patrocinar os dialetos e línguas menores e as tradições históricas . fol.ló.i..r das comunidades menores que continha, ao menos para Provar o espectro de cores de sua palheta m1:ro' nacional. Além àisso, as nacionalidades pequenas ou mesmo Estados-nações que aceitaram' como algo de positivo, sua integração oü, se se preferir, aceitaram as leis do progres na nação ttt"iot
vas das leis
também não reconheciam diferenças irreconciliáveis entre a e a macrocultura, chegando mesmo a se reconciliar com a perda daquilo que não poderia ser adaptado à Idade Mo derna. Foram os escoceses, e não os ingleses, que inventaram o
so
microcultura
conceito de "britânicos do Norte" depois da União de 1707'í Foram os porta-vozes e líderes galeses no País de Gales do século XIX que ãuüdaram que sua própria língua, tão poderosa como meio para a religião e a poesia, poderia servir como língua útil p.rr . cultura no mundo do século XIX - isto é, assumiram a necessidade e as vantagens do bilingúismo.55 Sem dúvida eles estavam conscientes das possitrilidades de carreiras britânicas abertas para os galeses que falavam inglês, mas isto não diminui seu únculo emãcional com a antiga tradição' Isso é evidente até
mesmo entre aqueles que aceitavam o eventual desaparecimento do idioma, como o reverendo Griffrths, do Dissenting College, de Brecknock, que demandava apenas que a evolução natural fosse deixada a seu curso: Deixea (a língua galesa) moÍTer acreditada, condignamene e em
paz. Ligados a ela como somos, Poucos desejariam adiar sua euta,ra"i^. ú." nenhum sacrificio seriajulgado grande demais para pre
venir seu assassinato.$.
de uma nacionalidaQuarenta anos depois, outro membro origem' um lbutsky Ibrl de pequena, o teórico socialista - Por
tchãco-,
falarra em termos semelhantes, resignado mas não desa-
pa.ixonado:
Aslínguasnacionaisserãocrescent€menteconfinadasaousodo
méstico e, mesÍno lá, serão tratadas como umavelha peça herdada
41
que da mobília familiar, algo que traamos com veneração mesmo não tenha uso Prático.57
Todavia, esses eram problemas de nacionalidades menores cujo futuro independente parecia problemático' Os ingleses difrciúnente ,. ,".rribilit"nam com as PreocuPações dos escoceses ou dos galeses, da mesma forma como se vangloriavam dos crescenlogo tes e"xotismos domésticos das ilhas britânicas. De fato, como
descobriram os estereotipados irlandeses, as nacionalidades maiores acolhiam as menores, desde que não as desafiassem: quanto menos eles se comPortassem como ingleses, mais podiam cultivar os sua maneira de sei irlandesa ou escocesa' Do mesmo modo' nacionalistas pangermânicos na verdade encorajaram a produção
daliteratura-embaixo-alemãooufrisão,*desdequeestanão
competisse com o alto-alemão e fosse reduzida, de modo seguro' a um apêndice deste; e nacionalistas italianos orgulhavam-se de Belli, ioldoni e canções napolitanas' Por este lado' os belgas francófonos não frzeram objeção aos belgas que falavam flamenque resistiram ao francês' Houve realgo. Foram os flaminganús
mentecasosemquea''"çãolíd.'owoStaataoJÈtentou'ativa.
mente, suprimir as línguas e culturas menores, mas isso foi raro
fora da França no século XIX. a Assim, alguns Povos ou nacionalidades foram destinados ou conseguiram' Outros integrais' nunca se tornarem naçóes quais conseguiriam, a sua total existência como nações' Todaüa' sobre debates Os tinham? não quais deles inham um futuro e aquilo que constituía as càracterísticas da nacionalidade t rritOrió, üngua, etnia, etc. - não ajudavam muito' O "princípio um do ponto críúco" era naturalmente mais útil' pois eliminava também era não ümos' como núÃero de pequenos Povos' [Ìas' de tamadecisivo, üstô que exisúam "nações" inquestionáveis mas nacie moümentos mencionar nho bastante modesto, para não viáveis nações formar em nais como o irlandês, cuja capacidade era objeto de opiniões díversas' O interesse imediato da questão afinal de Reian sobre o Hanover e o Grãoducado de Parma era' com mas nação' qualryã de contas, não o de contrasrá-los com * Frisão: língua germânicr dor frisõcs, ainde hojc frleda no Nordesrc da Holanda (N.T.)
48
outros Estadornações da mesma modesta magnitude, como os Países Baixos ou a Suíça. Como veremos, a emergência de movimentos nacionais de massa, pedindo atenção, implicaria revisões substanciais de julgamento; mas na era clássica do liberalismo poucos deles, com exceção do imp,ério otomano, realmente pareciam pedir reconhecimento como Estados soberanos independentes, algo distinto da demanda de autonomia em úrias formas. Como sempre, o caso irlandês era anômalo também a esse res. ou pelo menos assim ficou com o aparecimento dos peito fenianos, reivindicando uma República Irlandesa que só poderia ser independente da Grã-Bretanha. Na prática, haüa apenas três critérios que permitiam a um povo ser firmemente classificado como nação, sempre que fosse suficientemente grande para ar da entrada. O primeiro destes critérios era sua associação histórica com um Estado existente ou com um Estado de ado recente e razoavelmente durável. Havia pouca controvérsia sobre a existência de um povo'nação inglês ou francês ou de um povo russo ou polonês, e também pouca controvérsia fora da Espanha sobre a existência de uma nação espanhola com características nacionais bem compreendidas.5s Pois uma vez dada a identificação da nação com o Estado, era natural que estrangeiros pressupusessem que o único povo em um país fosse aquele pertencente ao povoEstado, um hábito que ainda irrita os escoceses. O segundo critério era dado pela existência de uma elite cultural longamente estabelecida, que possússe um vernáculo adrrinistrativo e litenírio escrito. Isso era a base da exigência italiana e alemã para a existência de nações, embora os seus respectivos "po vos" não tivessem um Estado único com o qual pudessem se iderr tificar. Em ambos os casos, a identificação nacional era, em conse qüência fortemente lingüística mesmo que (em nenhum dos dois casos) a lÍngua nacional fosse falada diariamente por mais do que na Itália foi estirnado que esta era 2,5Vo uÍnâ pequena minoria da poptrtação no momento da unificação4- e que o resto falasse vários idiomas, com freqúência incompreensíveis mutuamente.o
O terceiro critrório, que infelizmentÊ precisa ser dito,
era
dado por uma pronada capa.cidade para a conquista. Não há nada como um porro imperial para tornar uma população consciente 49
como bem sabia Friedrich de sua existência coretiva como povo, d-ava a List. Além disso, no século XIX' a conquista cies- 'P.tou'
en quan to- esn3 1o-clt1 darwin ian a do suce sso evolucionista naçáo não estavam srmOutros candidatos a existirem como
também não havia nenhuma plesmente excluídos a fruti'mas mais seguro Para se e a briorit st" f^vot' O caminho -'ohabilidad í'--: . o de pertencer a conseguir a nacronalidade era provavelmente padrões do liberalismo ;ú;-ï entidade poii'itt " q"^l' pelos e condenada pela história e século XIX, fosse anômala' oúsoleta evo otomano era o mais óbüo fóssil o ;:ì;;-s.sso. o império eüdência' com crescente lucionário d.rra ttptc^ie' mas também' império Habsburgo' de na@o e Estado-na@o Essas eram, então, as concePções burguês: digamos' liberalismo dos ideólog* a" "o io triunfanie faziam parte da ideologia liberal de 1830 a 1880. Essas concepções era
p,irntit", poiq"t o desenvolvimento das nações do progresso ou da evolução huinquestionavelmente "-" f"" da família à tribo' à mana que ia do peque"o to S1^"ft fltlo' ao mundo unificado do região, à nação t, tt úl'i-""instância'
de dois modos.
portanto úpico G' Lowes futuro no qual, p.o ti* o supeúcial-e que Pertencem à inÉncia Dickinson, "., b*..i'"' ã nttionttidade ciência e da arte"'ôl da brilho no da raça irão dissolve'-* " i""ait-se lingüisúcam"""'-YÏ: Esse mundo seria unificado mesmo coexistindo com línguas naclo única língua mundial, sem dúvida e sentimental dos dialetos' estanais reduzid"r.o p"ptl doméstico Ulysses S' Grant quanto de Karl va nos planos o"tãã ptttidente *Lt-ot' não estavam inteiraKausky'62 n'*' p"aiçães' como de construir línguas mundiais mente fora dos limites' As it"t"tiva' 1880, seguindo os códigos internacioarriÍiciais, feitas a p;;;. década de 1870' nais de sinalização t o' t"ttgtaf"o'á" -t::ti:"t uma delas' o esPeranto' ainda verdade, fro."'oa"l, rnt-'*ï q"t de entusiastas e sob a proteção sobreüva .rro. g"'Po' ftq"t""t socialista do de alguns regimes'at'inta^o' do internacionalismo a respeiI(autsky de sensível período. Por outro lado, o ceticismo estatais línguas das que uma to desses esforços t-"'" p"aição de de fato mostrou-se mundial' maiores seria transfo*tat na língua ela suque a lírigua global' mesmo correta. o inglês ;-;;;"" pi.*.",., -"ï* ao que substitua' as línguas nacionais' 50
Assim, na perspecti\ra da ideologia liberal, a nação (isto é, a grande nação üável) representa\ia. o estágio de evolução alcançado na metade do século XIX. Como ümos, a outra face da moeda "nação como progresso" foi portanto, e logicamente, a assimilação de comunidades e povos menores aos maiores. Isso não implicou necessariarnente abandono de antigas lealdades e sentimentos, embora isso pudesse acontecer. As populações geográfica e socialmente móveis, que não tinham nada de muito valioso a bus. car em seu ado, poderiam estar Prontas a fazê-lo' Este era, notadamente, o caso de muitos judeus de classe média nos países Paris valia que ofereciam igualdade total através da assimilação até que eles descobriuma missa para além do rei Henrique IV
ram, do final do século em diante, que uma pronúdão ilimitada
para assimilar não era suficiente se a nação que os recebia não se predispusesse a aceitar plenamente os assimilados. Por outro lado, náo deve ser esquecid,r que os Estados Unidos eram o único Estado que oferecia abertamente associação em uma "nação" para quem quisesse, e as "nações" se abriam mais rapidamente à entrada livre do que as classes. As gerações de antes de l9l4 estão cheias de chauünistas patrióticos cujos pais, para não falar das mães, não falavam a língua do povo escolhido pelos seus frlhos e cujos nomes, eslavos ou alemães magiares, testemunhavam sua escolha. Os prêmios da assimilação podiam ser substanciais. Mas também em outro sentido a nação moderna era Parte da ideologia liberal. Estava. ligada ao que sobrou dos grandes sla gzru liberais a respeito da associação durável, mais do que a ree peito de sua necessidade lógica: assim como a liberdade e a igualdade estão para fraternidade. Em outras palawas, na medida em ^ que a própria nação era historicamente nova, opunha-se aos conscrvadores e tradicionalistas e, Portanto, atraía seus oponentes. A associação enFe essas duas linhas de pensamento pode ser ilus. trada pelo exemplo de um rípico pangermânico da Austria, nas. cido em uma área de conflito nacional agudo, a Moúúa. Arnold Pichler,ôr que serviu à política de Viena com uma devoção inquebrantável até mesmo pelas transformações políticas de l90l a 1938, permaneceu durante toda a sua üda um apaixonado nacio nalist2 alemão, antitcheco e anti-semita embora tenha ultrapas. judeus em campos de sado o limite quando colocou todos os
5l
anti-semitas'il
seus comPanheiros concentração' como sugeriram anticlerical e mesmo acerbamente Ao mesmo temPo, tle"ttt ele contribuía no um liberal em política; de qualquer.maneira'primeira tlPú.bli:1. ãìal-r áa Viena.rla mais liberal ao, iornJ, vão juntos e o raciocínio eugênico Em seus escritos, o nacionalismo industrial e' mais surpreendencom um entusiasmo;;;;úão do mundo' (Wel-
te ainda, pela criação
;;;P"
de
-"'cidadãos
e
provin-ciit::"t de cidades Pequenas planeta para torre da igrep-' abrisse o de horizontes ligados pela regionais'E cantos
$úrger)
... que ... longe dos
de seus aqueles até então prisiineiros
de 'nação" e "nacionalismo" Tal era, oo'o"tf'J^to"ttito liberalismo burguês'
visto pelos pensadores liberais a era em que o "Pti;;;;;;
no apogeu do
tornou-se' pela pri-
"t:t":iloide" Como vere na política internacional'
meira vez, ,,rn tt""'ãJior o: lti"tln1i^lltmos, este diferia na teona' o também' é que nacional' niano da autodetermi"uçãá sobre esses assuntos princípio leninista ;'.9,,; J"t-it:": "^ulf* predomina troje' e ainda ! ão final do século XtÏ t* diante' resPerera incondicional' A esse não "princípio a",'utio"Jiãade" colocada radicaldemocrática tal como to, diferia também at ni*" antenorcitada da Revolução sa na Declaraçao at Uiitit* ponto do "princípio o
t-;;;P;tà
f""dt*"d
t-jtioli mente, a qual t'pt;if";-;lf seys os.minipovos que tinham crítico". No entanto, na pútica' trao garantidos assïm direitos de soberania e autodeterminação "Ji; pod iam .'. r.e-to', i!'o"la* ::, contava::A não deles maioria ,rhor, . a da cantoes üvres das montanhas princípios de 1795' Pensa-se nos de leitores longe das mentes dos do Suíça, que difrcilm;;;;;;ot"ã Declaração dos Direitos Rousseau q"t t*':;;;;ì" autonomistas ou independentes' Homem. Os dias de movimentos não haviam chegado' em tais comunidades' ainda t'-to*o o exemplo de Do ponto at J't" do liberalismo - liberalismo a causa não apenas do Mam e Engels o demonstra' u* t*táql:-:: esta rePresentar "t" dr'nação' estava no fato de do questão a e humana; senvolvimen," t*'ãïitl'i"-'otitatát específit9 qt'ry'"git de este eshbelecimento de um Estadonaçao à evolução histórica avançaou
fr;:
mostrar-se adequado ao Progresso
52
:ï'-ïï:l;ffiff
da para além dos sentimentos subjetivos dos membros da nacionalidade envolvida ou das simpatias pessoais do observador.tr A iração burguesa universal pelos escoceses das tenìas altas não levou, ao que eu saiba, algum escritor a demandar a sua existência mesmo os sentimentalistas que como nação para eles lamentavam o fracasso da restauração Stuart sob Bonnie Prince Charlie, apoiados principalmente pelos clãs das terras altas. Portanto, se o único nacionalismo historicamente justifrcável isto é, aquele que alarga\ra, e era aquele ajustado ao progÍesso não restringia, a escala de operação humana na economia, na qual podia ser a defesa dos povos pe sociedade e na cultura -, menores e das tradições menores, na grande línguas quenos, das uma expresúo da resistência consera não ser maioria dos casos, da história? Os pequenos povos, línvadora ao avanço inevitível guas e culturas ajustavam-se ao pro{fresso apenas no caso de acei' tarem um sÍalzs subordinado a alguma unidade maior ou caso se retirassem da batalha para se tornar um repositório de nostalgia e em uma palavra, se aceitassem o status de outros sentimentos de ser a antiga mobília da família que l{autsky atribuiu a eles. O qual, é claro, muitas das pequenas comunidades e culturas do mundo parecem ter aceitado. Como o observador überal culto
poderia ter raciocinado, por que deveriam as pessoas de língua gaélica comportar-se diferentemente dos que falam o dialeto de Northumberland? Nada os impedia de serem bilíngües. Os escritores em dialetos ingleses não escolheftrm seu idioma contro a língua nacional padrão, mas com a consciência de que ambas tinham seu rralor e seu lugar. E, se no curso do tempo, o idioma local retrocedesse diante do idioma nacional, ou mesmo desaparecesse, como aconteceu com algumas línguas celtas marginais (o córnico e o manx deixaram de ser falados já no século XVIII), entâo, certamente, isso era ineütável, embora lamenúvel. Essas línguas não morreriam sem lamentos, pois uma geração que inventou o conceito e o termo "folclore" poderia contar sobre a diferença entre o presente vivo e as sobrevivências do ado. Para compreender a 'nação" da era liberal clássica é portanto essencial ter em mente que a "construção de nações', por mais que seja central à história do século XIX, aplicava-se somente a algumas nações. E, de fato, a demanda pelo "princípio de nacio 53
internaclouniversal' Como. problema nalidade" também não era da nacronaotincípio nal e como problema i"iittt"-a"^utlï:L, ou regióes' mesmo povos de número lidade" atingia um tiniitado o império Habsbure multiétnicos como em Estados multilíngu; Não seria demats go, onde já dominaâ tì"tl-t"tt exceção I -O-"=t:ut"' da lenta desagregaçao e com dizer que, depors oe 18?l' esPeravam alguma subseimpério otomano' poucos Povos
do
;"il-;;;?"-:*ï*jï;;*:*,*ï:1"":;ï"1ï'.'.':il i::;:ï:i"ïiï ;ïiiïü .ï1*;i : ::tr ï,:3"tï ;ï H;ï;1;;:i::"*::::i".'ïi.i,ll?: ï:ntiH'^ï"ïff excursóes nacronars sinais de alarme e dos depois as
Além disso,
;áo
dos anos 184&1867'
nacrosequer oue os ânimos
'" "'pttha ót q"ttq"tr rnoalt
i;to "Habsburgo esPeravam quanclo' nais iriam esfriar "t^Ã"*tt-tïungria' t-peti" aJ do que os funcionários decidirt- 1t-t"iot uma resolução 1873' de modo muito relutante' de Sáo Petersburgo em Congresso n't"ti'titJïl'tãtti""tr sobre língua a de incluir t'*^ q"t'tão
futuros censos' embora para permiúr que a propusessem Eles não poderiam estar "a'^t "i""Otit*a"ï'e--r880 ,. opiniáo "ttl-t'Ë;;";;;-po'ô7 errados em seus prognósticos' mais espetacularmente forla-' ^s "ãçõt* e os nacionalir Segue-se q"t' á" qualquer domésticos marores de "Er mos não t'u*' "tJJtï*àu"'.P.t"blt:^ únnarn alcançado o stotus l"t enúdades as i"ììqi^ para
ãdo*r,uçõt'", tpt
ú, puaútt
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ãt'""^ " ":1111tïtii:tÏÏli:Ï::J;
modernos'
,"Tb"T "it^."^ï"i, que não eram classifrf 'ott"*ati':1,1ïiï:;'::n"."Ï:"ïïïrl""r';li'"n"mEsta-
* ffi il :ï :ï'ffi;ïi:"ïïC'a-S"o"haI !*:Y* H11;;;'i:ï:' desse tipo, exceto t "aït os irlandese.. r*";;;;;'tr;;
dos catalães gareses, mas
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anomalia' com-sua permanente apercebessem se não políticos
que
utttâtt t flt*tttgos'
dos escoceses
e
;;' ti"l:]n^frl'.::^fï:ï i:J#"i:
e
r* o ro' ços J:.Ï': ;ì:3 J:i:"ffi; " k::J:::: como reforços ao catolicismo flamengos e bretões os do
ralismo, tradicionalist"' E
;bro lt'"
I
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dos Estados'nao'" sistemas políticos 54
eleitoral, ções ainda se beneficiavam da ausência da democracia minaria tal como nação da liberal a teoria e a prática que minaria XIX século do liberalismo do tanta coisa mais Talvez seja essa a tazão pela qual a literatura teórica conseqüente sobre o nacionalismo na era liberal seja pouca e tenha de .ìgrr-" forma um ar casual. Observadores como Mill e Renan
,.nti.rrr-r. despreocupados o suhciente sobre os elementos qüe isentimento nacional" a etnicidade (a despeito construíam o
da apaixonada preocupação vitoriana com r "r?ça"), a língua, a religião, o território, a história, a cultura e o restante - Porque' politicamente, ainda não importava muito qual dentre eles era o mais importante. Mas de 1880 em diante o debate sobre "a questão nacional" tornou+e sério e intensivo, especialmente entre os socialistas, porque o apelo político dos s/agaru nacionais Para as nÌae sas de votantes potenciais e reais, ou Para os que apoiavam mo vimentos políticos de massa, era agorÍr objeto de uma PreocuPação práticà real. E o debate sobre questões tais como os critérios teóricos da nacionalidade tornaram-se apaixonados Porque se acreditava que qualquer resposta particular implicava uma forma específrca de estraÉgia, luta e PrqJrama político. Era um assunto de importância não aPenas Para governos confrontados com úrios tipos de agitação ou reivindicação nacional, mas também p".. ot partidos pôlíticos que Procuravam eleitorados na base de chamudòs nacionais, não'nacionais ou alternativos à nação' Para os socialistas da Europa central e oriental, fazia uma grande dife rença qual a base teórica sobre a qual a nação fosse definida' Marx e Engels, como Mill e Renan, consideraram tais questões marginais. Na Segunda Internacional os debates foram centrais, e uma constelação de figuras eminentes, ou figuras que seriam emi' como Kautsky, Luxemburgo, Bauer, Lenin e Stalin nentes para eles com importantes escritos. Se tais questões contribuíram preocupavam os teóricos marxistas, também era de uma importância prática aguda para, digamos' os croatas e os sérvios, os
macedônios e os búlgaros saber se a nacionalidade dos eslavos do Sul era definida de um modo ou de outro.m O "princípio da nacionalidade", que os diplomatas debate o maPa da Europa entre 1830 e 1878, era ram e qrr. ^udondo fenômeno político do nacionalismo que se portant; diferente 5J
de massas e da tornou crescentemenrc central na era da política t"tPgttt: democratização européia' Nos dias de Mazzini' Pouco de existido' tinha Risorgimmto o se ;;.; -"iori. do, iLlianos frase' famosa sua em '-ãa""que, itiu como Massimo d'Azeglio Não im'Nós fizemos a Irália, agora temãs que fazer italianos"'B "a quer que' Preocupadoscom portava nem mesmo pat aq"eles campone dos maioria a ão poto.r.o", sabiam q,,t pio""ntlmente da população do antigo ses polacos (para não à."tio"tt o terço não se senriam idiomas) iúitï"pãr rà pre-tlzzque falava outros reconheceu o libertaainda como poloneses nacionalistas; como que Estado o É dor da polônia, coronel Pilsudski, em fiLafrase, de depois Contudo' faz a naçíoe não a ,ruçlo que faz o Estado"'7o e mulhe homens fato como 1880, importaria cresclntemente de nacionalidade' É então imda t-tttfti'" res comuns ,.rrti"*-,*t desse tipo dos po' portante considerar os "ntimtntos e atitudes nacionalismo ïo. p.é-irrdt striais, sobre os quais o 1"lo "ptl" do tratará disso' político poderia ser construídl' O próximo capítulo
56
NOTAS
Fstat al Diccionario de la 1. Uuis Garcia i Sevilha, "Llengua' Nació i
pp' 50-55)' Real Academia Espanyola' (L'dvatç' 16'5'1979' (Barcelona' I 9072. Encicbpedia Univnsat' Itustrada Europeo-Amqicarta 34), vóL 37, PP. 854867: "nación"' 3. (Sáo Pauleúo-Porto Alegre, 195&1964)'-vol' 13' p' 581' Inngage de Sainte Pelaye, Diclionnnirc HistmiEtc dc I'Ancim
4. i. Crrtn"
(Niort' s.d'), 8 vols': "nation"' 4 Veruijs e Dr.J. Verdam, Midtulwdnbn"dschWombnboà'vo\ (Haia, 1899), col. 2078' vol' 9 (Haia' 1913)' cols' 158ô90' Woord.cnboch dct Nedabndsche Taa\ Françoís
S. Or.
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E,.
4'
7. Verwijs e Verdam, Mid'delndnlanttsch WoordmboeEvol' vol' ó 8. L. Hriguet ,Iücüonnaire fu In l-angue Fmryaise du lC Sièclz'
9.
ris 1961), P' 400. Wmrdmboeh (1913)' col' 1588'
(Pa-
allcr
fã. 1"ft" Heinrich Zedler, C'rosses voolstãndiges UniaersaLLcxicon "Wíssnuclwftzn uni l{úns'te"',vol' 23 (kipzig-Haia' 1 740' reproduzido por Gtaz,1961), cols' 901-3'
11.
'Oxfmd
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MI Ígt':tdi Poktical
1933)' p"30'
Sciazcc (Nova York' 1889) ' As notas relevantes são reimpressas' ou mes'
of 1. t-ilor (otg.), iypbpdia
ú p. 932: "nition'' ses' mo raâuzidas, grandement€ de antigos trabalhos esú destinada.a a Nação que definição ?oder-se-ia concluir dessa 13. -_formaraP€nasumEstadoequeesteconstituiumtodoindiviúvel."
(ibidn,p. SZal. A definição que advém desse 'poder-se-ia concluir' de homens falando a È qrr" ,rrn" Nação constituiu fum agregado
qualíngua, tendo os mesmos costumes' e partilhando-ceras natureza de gruPos outros de distinguem os que lãades mãrais, arte de quesdonar' similar". Esse é um dos numero'sos exercícios na foi nocauteado' vezes muitas pela qual o argumento nacionalista (ed' po' hvcrnmmt Reptsattaüac an'd j. s. rtin, UUit-ionimt, Librty -pular, 35$36ô' Londres, 19i0), PP'
-"'r*"
rr.
5l
d:: que na Declaração Pode-se observar 15. povo's dos '"' ao direito
3::"#::ff Ïi'""t""i:"-':
"YÏ),"';-;u^";r;e (parls' ;;;ït,eferências Lc Discoun l"*!: em t".ien Jaume, ï", Ï"1 oara a mesma visão
"*ti:ïg*l3iB'Ílí#1i""'iljlï;':#;ï'iog'"t'* o(' i"r Laror lorg )' ,, **,Y"#:{"\Hl3ï;}lï'ii;{rr lI' p"n3?' of Poüücal Saence'vol' nacionaìes" Ctcbìedia
,r.7-'i*i
- .esfucluras '"óáu'" los rundamentol je^'t1 iú"at' abr' te78)' o;]|i,,
*"*'-'ant
(Hiswìo,roUuïJ
tt.
ì. ï.-úui'
anì P'cfnsm Iltìtit"ariarúsm' Libaty
pp' 359
aOO' Í nawel IIu Poütiqttz dc I'a Langut' D'Julia' ^e-J'l::"t'i,iiïn'iiïoW' t'i"'' certeau' de inM' cit' le. et-tzs Patois: La Riaolution Ftan4aise ''Uyu.":::f,t.ï"ï;ï;:-"ì; " "
,#i^#ír,#nçtll****tl*r** t#rr;;;*! Para o Riuolurion(Paris' 1974)'
problet"
1f'o"'U"'go'
;liii;p',r"_r.r,^ j;i.",#','ïtr;ïrffï:iï"'-i','ii,',,^az(2vors', 19?5), e P' fr"Y' Esuasburgo' tnï'" -r^^ã *ot, uw PolitiEu dc ta Langrtz' o pooo; em 20. De Cerrcau'JuÌia " "Ï':"":;:;1,'lã"tu."* ] *Em relação ao. Estado" os cidaüos-contïï:;; íN;;"", definition 21. .' Naçu a 1 'efc.1i ' ,;;; lï"t""" eles constituem vol' lI' p' e23' (Lonl-alor' 17891848 in oÍ-, og' o7 *a"a^ r* "r'üìï"ìï"ü:!si*: 22. Destacad" "'iït'íïí'í"*" '' '' * "* lllT: u::';'il'# ^ïï'k"'*:yr (Lon i,'"ïì;Ëi,,n'#lïo, Phisics anl Politics
ll24.
Watrcr Bagetrot'
(or8'), Modzrn fred Zimmern
"Nation-making"
::W.l*rr-A':*ç;;;),**"Y*t ,r t'**'""o'd (Londres' 1874)'ti";"fr*"ru' p'-zo"' ^'' i*ï:Sï:,i"';;:\;
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a""o*'o' da pütischcn
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Jïffi;ï; ')rg:çl;r,,#iw;k,{,ffi*';#,,ï':'ïru
ze. oi.
Gustav
's^")
EnglíshPoüüra.
58
30. Rae, TÌu bciobgical Tlwrl of C-apital 31. Nouaeau Dictionnain dEconomic Politiçtc, Léon
Say e Joseph Chailley
(orgs.), (Paris, 1892).
32. Michel Chevaüer, Ctars dEcortmü Politiquc fait au Coüàgc ü Franee, vol. I (Paris, 1S55), p. 43. A aula foi dada originalmente em 1841' 33. L. Robbi^s, Tlu Thmy of Econmtic Poüq in English C}atçical Political Ecornn, (? ed., Londres, 1977), pp. $]0. Entretanto, podese fazer uma exceção para o benthamismo genuinamente global.
34. George Richardson Porter, Tlu Êognss of tlu Nation, in is Variou Social ard Ecotwmic Rdatíors, from tÌu Beginning of tlu Ninzteenth Czntury ta tlu hamt Time,2 partcs (l,ondres, 1836), Prefácio. 35. Molinari, in Dictionrvire dEcorwmie Poütiquc (Paris' 1854) reed. iz Ialor, Cycbpdia of Political Scimce,vol. tr, p' 957: "Nadons in political economy".
36. Iüden, pp.95&959. 37. Ibideln, p.957. 38. Iüdent, p. 933. 39. Cf. J. Schumpeter, Histm)
of Economic Arwlyis (Oxford, 1954), pp. 51í516. 40. Ele escr€veu Outüru of Amnican Potitical Ecotwml (FiladéIfia, 1827), que antecipa sua visão posterior. Para Friedrich List na América, ver W. Nou, Triedrich List in Amerika', (Weltairbclnftlícha Archia,29, i925, pp. 199-265, e vol. 22, 1925, pp. 1il-I82, e "Frederick List in America' (American Economic Reüew, 1ô, 1926, pp. 24$265). 41. Friedrich list, The Nationzl Systttn of Poütical Economy (Londres,
1885), p. 174. 42. Para um bom sumário de seus Pontos de vista, E. Suauss, .Inià Nationalism anà BritshDcnocraq (I-ondres, 1951) pp. 2l&220' 43. "Nation", por Elias Regnault, Dictionruirc Poütiquz, com uma intro dução de Garnier-Pagès (Paris, 1842), PP. 62ï625. 'Não há qualquer coisa de derrisório em chamar a Bélgica de Nação?"
14. 15.
C.ottsidaatbns on Repnscnbtivc Cotmtmat\ Oxfmd EÌtglish Dicüonary, VII, p. 30.
in Utilitaianisrn, p.
365.
46. Ibidcn, pp. 17í176.
47. Gustav Cohn, htrúlzgung da Natiotubehonomic, vol. I (Stuttgart, 1885), pp. 44744e. ,18. Ver Denis Mack Smiü (org.),
n Fjsorgir?unta (Bari, 1968), p' 422' (org.), Handbuch dcr wcsteuropãischen {9. Jochen Blaschke
Regiorclbeuqwzgzz (Frankturt, I 980). Maurice Block, iz lalor, C4cbpdia of Poüüttl Scicncc, vol. II, p. 941. 51. Para a contribuição de Etbin Kristan ao Congresso de Brünn, que
í).
59
Haupt" Michel Lowy e elaborou seu Prq;rama nacional' ver Georges 184&1914 (Pais' Claudie Weill, Les Maristcs a b Qustion Naüoaah 1e37), PP. 20+207. pp' 36!3ô4' 52. Mill, UüIitariaí.imt, Librt1 and Rtprarnlativc &vrnment' der Problem das und Engels "Friedrich 53. Cf. Roman Rosdiolsk|, 4/l9f/^' Pp' 87'geschichulos"r, Voitt";" (Archiv fur u"utgu'n;'ntt' 282).
national consciousness
54. Ver ünda Colley, nVhose Naúon? Class and pp' 9Ol1?' in Britain 175G1S30" (Past tl hcscnt" 113' 1983)' in NineteenthCommuniry and "tat'goage 55. Ieuan Gwynedd 1o,,"', a
iz Daüd SÃi*r (org')' A Pcoph ana \t1t1yt: (lÃndres' 1980)' pp' 5Sô3' Essays in tlv Hístot) of Walzs n8Llg80 p"it Parüammtary Papcr' l&47 ' Gales' de 56. En4u^âteroUr. "" "d,,."ia" Brecknock' Cardigan e de condados dos XiVl, Parte II (Relatório Century Wales',
Radnor), P' ô7.
5?. Haupt, I.ótoy " Weill, las Manistzs' p'l?2' culturais' lingüísti58. Dentro da Espanha áram evidentes as diferenças de Aragão e de reinos dos cas e insútucionais entÍe iìs Pessoas excluído' eram foi Aragão qual do Casrcla. t'lo lmpcrio "tp""tt"r, mais ainda'
59. Tullio de Mauro, OO. '
rcU*"nf
sie alle
p' 41' Slmia Linguisüm dell'Italia tJnitn (Ban' 1963) '
fr"ith 'D"t'ocher Nadon' nebeneinander
l"
"ln"m dasz ihnen sogar die lebten, darf nichts darüber hinwegtâuschen' zuts clv gemeinsame Umgangssprache fehlL'
"coauru\ogrrrn;inu,íoí'
"-
Hans'Ulrich Wehler' D
(Munique' 1987)' p' 50' to Calanialísm in 61 B. Porter, C;t;cs of Enpire' fuiütà Radical Attitudzs G' Lowes citando 19ô8)' (Lándres, Africa, 1Sg5-191i 9-.331' (1908)' Sympa;ium A Mdcan Di.kirr*r, na obra 62. Para uma citaçáo importante dó ditt'ltto inaugural 99-n1"Sa1"t' 1848-1875 (I-ondres' Granq ver E. J. Hobsbawm , The Age of Capital
I
19?5), ePígrafes do caP' trI' 63. Franz Pic iter, foU"'it'o7'ot P'
Ein trancr
Diatn
scitnr;s ungetrzuen Staa,tes.
a Clemens Wienn Polizcidicrú lnLDtS (Viena' 1984)' Agradeço Heller Por esta referência' 64. Itulem, P' 19'
66. Ibülnn, P.30. (Wtu' Friedrich Engels a Bernstein en 22/25'2J882 ôô. - - Cf. carta de que "E mesmo Bálcãs: 35, PP. 2?8 e segs'), *btt ot eslavos dos Terras das escoceses ""f. r"irt", os fossern"Ao iráveis quanto "o.r ouuo bando de ladrões de Altas, consagrados por Walter Scott gado terríveis
-,
o
'-â*i-o
que podemos faaet ê condenar os moúx 60
como a sociedade os trata hoje. Se estivéssemos no poder, nós tambám
ol-
68. 69.
70.
teríamos que negociar com o banditismo dessa gente, o qual faz parte de sua herança." Emil Brix, Die Ungançpuhm in Altôstqrich zatisch.m Aginüon unt Assimitation. Dic S@clunsbtisüh in ìlen zizsbithanisclvn Volhs'iihlungm fi 8 A I % 0 (Viena{olônia-Graz, I 982). Cf. Ivo Banac, Tlu Nation^al @zsüon in Yugoslzvia: Origitt's, Hittq' Poütics (Ítaca e Londres, 1984), pp. 7G86. Dito na primeira reunião do parlamento do recém-unido reino itatiano (E. Latham, Farnous Sayings anì Thei Author, Detroit, 1970). H. Roos, A Hístot'J of Modan Poland (lnndres, 19ô6), p. 48'
6l