2009341 Com a leitura indispensável do livro, para aqueles que galgam no estudo do direito penal A paixão no banco dos réus, é uma coleção de relatos de casos reais, pesquisados em meios de comunicação, sobre homicídios ionais, que ocorreram nas últimas décadas. Podemos observar que a literatura mundial está cheia de romances que relatam homicídios ionais, filmes, peças de teatro, historias de amor e ódio que cercam sempre o tema entre quem ama, se sente traído e mata. O tema esta se popularizando, tornando-se cada vez mais recorrente no dia a dia da sociedade, porém não podemos itir a conduta violenta e criminosa, que alguns têm em nome da paixão desenfreada. Alguns tipos de homicídios são chamados de “ionais”, termo este que deriva da “paixão”; então podemos concluir que tais pessoas que cometeram esses crimes foram acometidas de ímpeto cego, motivado por um sentimento que superou em certo momento a razão. Podemos concluir com a leitura do livro que a paixão não é sinônimo de amor, pode fazer parte do mesmo, mais a paixão que leva a pessoa a executar um crime ional está longe do amor, esta mais intrinsicamente ligada ao ódio, a cólera. O livro descreve vários dos casos mais intrigantes de crimes ionais que marcaram o Brasil, em sua maioria, cometidos por homens que em quase todas às vezes justificavam seus atos com a palavra “honra”, tentando desesperadamente associar a mesma a masculinidade, fazendo transparecer que os seus atos cruéis e torpes se justificavam, pois, buscavam em nome da “honra” salvaguardar a sua imagem de “homem”, de um total descontrole e imaturidade afetiva de quem comete tal conduta. O homicida ional é cruel, insano, e acima de tudo egoísta, pois busca sua própria autoafirmação sobre o sofrimento de outrem. Podemos dizer que isto é um reflexo da cultura social em que vivemos, onde o homem é criado para ser o arrimo de família, o “macho”, dono, proprietário, enxergando a mulher como sua propriedade, e não como um ser a ser respeitado, que tem vontade própria, e que está ao seu lado por vontade própria e não por ser sua posse. Quem mata usando o pretexto da paixão dificilmente se arrepende, e se o faz, somente alega tal arrependimento para diminuir a pena. Diversos crimes ditos “ionais” sequer deveriam ser enquadrados como tais, pois para tal deveria o autor estar sob influencia da violenta e cega paixão, o que não ocorre em muitos casos onde ocorre a premeditação do fato delituoso, vil e cruel. Roque de Brito Alves observa que, “no delito ional, a motivação constitui uma mistura ou combinação de egoísmo, de amor próprio, de instinto sexual e de uma compreensão deformada da justiça” (SIC). Essa deformação consiste na convicção de que o criminoso ional tem que ter agido conforme seus “direitos”. Mesmo com a evolução do papel da mulher na sociedade brasileira, com a consagração da igualdade de gênero na Constituição Federal de 1988, tendo reflexos determinantes nas decisões judiciais e os crimes cometidos sob a desculpa da ionalidade dificilmente ficarem sem punição, atualmente ainda ocorrem muitos casos de agressões, homicídios, pois ainda no intimo masculino a mulher continua sendo sua propriedade, um objeto, a mulher continua sendo massacrada no dia a dia.