Punição, Fuga E Esquiva 1em71

Texto 6 Contingências Aversivas e Comportamento Emocional Carlos Eduardo Cameschi e Josele Abreu-Rodrigues “à medida que as descrições de relações funcionais são refinadas, elas esclarecem as contingências de reforço e punição que formam os operantes e seus subprodutos respondentes, isto é, como o comportamento ocorre sob o controle de estímulos.” “a unidade do controle de estímulos é a relação funcional S-R-S.”, que define o comportamento com base no histórico de reforçamento e punição do indivíduo. Contingências Aversivas (punição, reforço negativo e supressão condicionada) Punição A punição ocorre quando as consequências de uma resposta fazem com que esta se torne menos provável. É dita positiva quando a emissão da resposta produz uma consequência desagradável para o organismo e negativa quando a emissão faz com que eventos agradáveis (estímulo reforçador) sejam removidos. A diminuição da probabilidade de emissão de uma resposta nem sempre se deve à punição. Pode estar relacionada a processos de extinção, saciação e mudança de estímulos discriminativos, por exemplo. A probabilidade de uma resposta que tem um histórico de punição ser emitida depende da privação, da frequência, duração e magnitude do reforço positivo e da frequência, duração e intensidade do estímulo aversivo. Para Skinner (1938), a punição produz apenas efeitos indiretos sobre o comportamento e se mostra ineficaz, pois quando a contingência aversiva é eliminada, a resposta volta a ser emitida. São necessárias 13 condições para a punição levar à completa supressão da resposta, segundo Azrin e Holz (1966). Não pode haver possibilidade de fuga do estímulo punitivo, que deve ser o mais intenso e o mais frequente possível e deve ocorrer imediatamente após a emissão da resposta. A intensidade do estímulo não pode ser gradualmente aumentada: deve ser a maior possível desde o início do processo. Se essa intensidade for baixa, os períodos entre a apresentação da punição devem ser curtos. A punição não pode ser associada a um estímulo reforçador, para não se tornar um SD, e deve sinalizar um período de extinção para a resposta. Ao longo do processo, o grau de motivação do indivíduo deve ser diminuído, assim como a frequência de reforço positivo. Deve haver uma resposta alternativa àquela punida

disponível, e o sujeito deve se encontrar em uma situação em que tenha o ao estímulo reforçador. Para a punição, pode-se utilizar um estímulo aversivo condicionado ao invés de um primário, e esta pode se dar pela apresentação de um time-out ou pelo aumento no custo da resposta. Para Dinsmoor (1954), o fato de a punição suprimir uma resposta pode ser atribuído ao desenvolvimento de comportamentos de esquiva da emissão da resposta punida, ou seja, o organismo a a engajar-se em atividades alternativas ao comportamento punido, evitando assim a punição (punição como um processo secundário, resultado da fuga ou da esquiva). Já Azrin e Holz (1966) defendem que a punição tem efeito direto sobre a probabilidade da resposta punida, dispensando a ocorrência de respostas de fuga ou esquiva para que o estímulo seja considerado punitivo (punição como um processo primário). Dados experimentais am a hipótese de Dinsmoor. Como os eventos aversivos têm efeito discriminativo, são importantes em situações de punição, podendo sinalizar ocasiões em que o reforço estará disponível, como acontece em esquemas nos quais um determinado número de respostas é consequenciado com uma consequência aversiva e outro número, com um reforçador. Desta forma, os estímulos punitivos se tornam discriminativos para a eventual disponibilidade da consequência reforçadora. Se a punição ocorre independentemente da emissão da resposta, observa-se que, apesar de um decréscimo na frequência da emissão com relação a um esquema onde não há punição, a taxa do responder é mais alta do que na situação em que a resposta produz a punição. Através de experimentos realizado com humanos, Weiner (1962, 1963) conclui que contingências que apresentam custo para o indivíduo têm efeitos punitivos sobre comportamentos previamente mantidos por reforçamento (tanto positivo quanto negativo). Enquanto esquemas VI não seguem um padrão distinguível, observa-se que aumentos na intensidade e na frequência do estímulo punitivo produzem supressão da resposta em FR, VR e FI. Em esquemas nos quais a punição é sinalizada apenas algumas vezes, ocorre a supressão da resposta. Quando há respostas não punidas no esquema, observa-se que a resposta não punida tem um aumento na sua frequência apenas na presença de estímulos que não sinalizam a punição e, após muito tempo de exposição à punição, a frequência de emissão da resposta não punida também diminui.

Quem aplica a punição é reforçado negativamente pela supressão imediata da resposta punida, ainda que isto não seja efetivo no longo prazo. Esta é um fato frequente nas interações humanas. Para Skinner, existem situações excepcionais nas quais a punição é justificada. O exemplo dado pelo texto é o de que estímulos aversivos de curta duração e inofensivos podem ser eficazes no tratamento de crianças autistas que se automutilam. Reforço negativo A fuga é análoga ao processo de reforço negativo, no sentido de que a emissão de uma resposta interrompe um estímulo aversivo. Na esquiva, a resposta evita ou atrasa o estímulo. Cotidianamente, fugimos de circunstâncias aversivas presentes, mas nos esquivamos de circunstâncias potencialmente aversivas que ainda não ocorreram. Os comportamentos de fuga e esquiva pertencem a um mesmo continuum comportamental: o do reforço negativo, que varia desde a remoção ou atenuação de um estímulo aversivo presente até o adiamento ou impedimento de um estímulo aversivo potencial. 

Fuga

A fuga é o exemplo mais simples de reforço negativo, já que a resposta de fugir do organismo suspende um estímulo aversivo. Para o estudo de mecanismos de fuga, o estímulo aversivo deve estar presente antes da resposta, e é necessário descobrir estímulos que não tenham efeitos eliciadores concorrentes com a resposta selecionada e encontrar meios de impedir respostas alternativas de fuga. Foi comprovado através de experimentos que respostas mantidas por reforçamento negativo são sensíveis a manipulações no atraso de reforço (o que também acontece no caso de reforçamento positivo). Desta forma, observa-se um aumento na frequência da resposta de fuga conforme aumenta o atraso do reforço (e.g. ratos que precisavam pressionar uma barra para interromper uma luz aversiva por 1min aram a pressioná-la com mais frequência se a luz demorava para ser apagada) 

Esquiva

No caso da esquiva, o estímulo aversivo não está presente quando a resposta é emitida. Essa emissão tem a função de evitar ou atrasar a ocorrência do evento aversivo. Pode-se dizer que o comportamento de esquiva deriva de um processo comportamental mais básico. A esquiva pode ser sinalizada, ou seja, se um estímulo incondicionado é emparelhado com a apresentação de um estímulo aversivo, o estímulo a a evocar a resposta de esquiva.

A resposta de esquiva é emitida porque é a única resposta não punida no processo. Remover o sinal de aviso (estímulo condicionado para a resposta de fuga) equivale à produção de um sinal de segurança, segundo Dinsmoor. De acordo com Sidman (2001), que não aceita a teoria de Dinsmoor, o comportamento de esquiva pode ser reforçado pelo término de estímulos que tenham sido emparelhados com o estímulo aversivo, qualquer que seja a origem desses estímulos. A aversividade de uma situação para o indivíduo pode depender de uma série de eventos, como a redução no custo da resposta, e também do próprio estímulo primário. Humanos emitem altas taxas de respostas de esquiva em padrões regulares de forma a minimizar o contato com os eventos aversivos. Em animais essas taxas são mais baixas. O padrão em humanos é insensível a mudanças nos parâmetros dos esquemas de reforço, e muda somente quando as mudanças nas contingências são sinalizadas. Interação operante-respondente: efeitos emocionais Reforçamento e punição constroem e mantêm o repertório operante, mas há estímulos envolvidos, que exercem funções antecedentes que afetam o comportamento através da eliciação de respostas. Ambos os processos incluem efeitos emocionais que podem ter implicações clínicas extensas se resultarem do controle aversivo. O processo de supressão condicionada foi elaborado como uma medida da ansiedade condicionada, que é um comportamento emocional que pode ser identificado e medido através da supressão do comportamento operante. Em um esquema em que pressões à barra por um rato eram reforçadas com alimento, foi sobreposto um estímulo sonoro de 3 minutos, que era seguido por um choque. O som ou a suprimir as pressões, que retornavam após o choque. Quando o choque foi eliminado do esquema, as pressões à barra voltaram a ocorrer durante a apresentação do som. O choque é um US aversivo, que ao ser emparelhado com o som, transforma-o em um CS pré-aversivo, e o efeito produzido pelo CS (supressão do operante de pressionar a barra) e o US fazia com que o rato voltasse a pressionar a barra. Quando um evento pré-aversivo suprime uma ampla faixa de classes de respostas diferentes, chamamos o comportamento de medo ou ansiedade. Portanto, o medo ou a ansiedade não são a causa da supressão, são apenas os nomes dos efeitos comportamentais desta. A supressão pode variar de acordo com a duração e a frequência da apresentação do CS e com os níveis de privação do sujeito. Segundo Skinner (1974), estímulos aversivos primários ou condicionados alteram a probabilidade de qualquer comportamento positivamente reforçado em andamento e podem fortalecer comportamentos negativamente reforçados. As condições corporais

sentidas e as observações introspectivas são alteradas devido às contingências aversivas que geralmente são as causas da condição sentida, das mudanças nos sentimentos e no comportamento. Contingências Aversivas no Processo Terapêutico A análise funcional das relações comportamento-ambiente deve considerar tanto contingências de reforçamento positivo quanto de reforçamento negativo e punição, já que o controle aversivo é amplamente utilizado nas relações interpessoais de modo geral. Em um contexto clínico, o controle aversivo é importante devido ao fato de que as queixas de um paciente resultam de histórias de punição e esquiva ou fuga. No entanto, ainda não se sabe se a utilização de estratégias aversivas seria bem sucedida na terapia. Alguns métodos aversivos utilizados nas décadas de 60 e 70 foram criticados pois eram uma terapia focal e tecnicista. Focal porque era restrita ao comportamento alvo e negligenciava que a relação indivíduo-ambiente é única, exigindo assim uma terapia mais individualizada, e não um padrão geral. As críticas também mostraram aspectos indesejáveis da punição, como por exemplo a recuperação da resposta após a eliminação do agente punitivo, efeitos emocionais aversivos que geravam resposta de fuga e esquiva e o aumento na probabilidade de respostas agressivas. Além disso, considerava-se que os procedimentos aversivos não eram justificáveis, e o uso desses procedimentos ficou a situações em que não havia alternativas terapêuticas não-aversivas. Goldiamond (1974) sugeriu que intervenções terapêuticas deveriam estabelecer contingências favoráveis à produção de repertórios comportamentais mais produtivos, e não deveriam ser focadas em apenas eliminar comportamentos-problema. Caderno 

Punição positiva: supressão do responder pela produção de estímulos

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aversivos Punição negativa: supressão do responder pela retirada ou remoção de reforçadores positivos. (obs: comportamentos negativamente reforçados são

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fruto de históricos de punição) Um evento aversivo condicional é um estímulo, que é efetivo como punidor e adquire propriedades aversivas porque acompanha de maneira confiável um outro estímulo aversivo.

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Efeitos da punição: (1) eliciação de respostas emocionas colaterais como ansiedade, medo e culpa, que interferem em outros operantes, fazendo com que o sujeito não consiga comportar-se de maneira adequada para conseguir o reforçamento positivo (supressão condicionada – experimento de Estes e

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Skinner explicado acima) Exemplos de supressão condicionada: chefe da empresa pedir pra falar com o funcionário e este “travar” (gaguejar, suar, etc.); “branco” na prova (sala elicia o medo e características aversivas) – na supressão condicionada a presença de um estímulo condicionado elicia respostas de medo/ansiedade e suprime o operante. Para alterar as respostas de medo e etc. deve-se eliminar ou

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modificar o estímulo condicionado. Efeitos da punição (cont.): (2) problemas quando o estímulo aversivo precede um estímulo reforçador, ou seja, quando o S- a a sinalizar o S+ (ex: um pai grita com o filho mas se sente mal e lhe dá mais atenção, então o filho a a se comportar mal mais vezes para conseguir a atenção do pai); (3) diminuição da variabilidade do comportamento, diferentemente da extinção (ex: durante o processo de extinção, o rato tenta morder a barra, empurrar de baixo para cima, etc. Se a barra desse choque no rato, ou seja, punisse a RPB, o rato deixaria de emitir quaisquer comportamentos relacionados à barra). Assim, a punição não ensina comportamentos adequados; (4) aumento da frequência de comportamentos negativamente reforçados, ou seja, fuga e esquiva; (5) estabelecimento de eventos aversivos condicionais, como por exemplo o som que precede o choque; (6) efeito supressivo temporário da punição, no sentido de que a supressão da resposta está diretamente relacionada com a intensidade, a frequência e a duração do estímulo aversivo. Também depende da motivação do sujeito, do estado de privação e do histórico de reforçamento da resposta. O tempo decorrido entre a resposta e a consequência punidora também é importante, como no reforçamento positivo. A impossibilidade de fuga aumenta a supressão do comportamento e se uma resposta alternativa à punida estiver

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disponível, a punição é mais eficaz. Fuga: comportamento emitido que interrompe/elimina um estímulo aversivo, restringindo variabilidade do comportamento e favorecendo a construção de aversivos condicionais.

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Esquiva: comportamento emitido que evita ou atrasa uma situação aversiva, tornando a fuga desnecessária.