ARro~lEM~ OHN BRADSH ,
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Comoresgatare defender suacrianca , interior
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2• EDIÇÃO
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JOHN BRADSHAW
VOLTA AO LAR Com o resgatar e defender • • • sua criança mter1or Tradução de
AULYDE SOARESRODRIGUES
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Rio de Janeiro -
1995
Título ocjgjoal HOMECOMJNG: Rccl:ain:üogaod Clwnpiooing Your lonc1 Child
Copyright © 1990 by Joho Bradshaw PUBLICAÇÃOAUTORJZADA PELABANTAMBOOKS. a division of Baoram Doubloday Deli PubfuhiogGroup, loc.
Direnos para a lingua ponu11ue~a rncl\ ado, com exclusividade para o Brasil. .i EDITORA ROCCO LTDA Rua Rodrigo Silva, 26 • 5~ andar 20011-040 • Rio de Janc11 RJ l ei.: so;.JO(;v . , ·" • v • ::- Telex: 38462 EDRC BR Pri111 cd
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B111U // lmpres,o no Bra11I
revisão SANDRA PÁSSA.RO/WENDEllSETúBAL HENRIQUETA.RNAP OLSKY WÁl TER VEIÚSSJMO
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P-Brasil. Caulogaçio-na,fonre Sindicato NacionaJ dos Editores de Livros, RJ. B79v
Badsbaw, John , l9H Volta ao lar: como resgatar e defender rua criança imecior / John Bradshaw: tadução de Aulydc Soares Rodrigues. Rio de J aneiro: Rocco, 1993. Tradusão de: Homccoming: rcclaimmg and championing your inncr child Bibliogr:wa. 1. Maruridadc. 2. P,-ise filhos. 3. Psicologia do dcx nvolvimcn10. 1. Titulo .
92-0499
coo· 15).6 CDU· 159S23
À criança interior que vive em minha mãe Norma. Para m inh a irmã, Barbara , e meu irmão, Richard. Nossas crianças interiores sabem, melhor do que ninguém, como eram as coisas!
Para meu filho, John, e minha enteada, Brenda . Desculpem-me pelas feridas que causei em vocês.
AGRADECIMENIDS
Ao meu Poder Mais Alto que me int:::d::. co:n bê:1ç~ose graç:!, A Eric Berne, Robert e Mary Goulding, Alice Miller, Erik Erikson, 1.awrence Kohlb-erg, David Elkind, Rudolf Dreikurs, Fdcz Perls e Jean Piaget, que me ensinaram como a criança interior se desenvolve e como é fedda . A Carl Jung, Roben Bly e Edith Sullwold , que me ensinaram sobre a criança maravilha. A Wayne Krit sberg, Claudia Black, Sharon Wegscheider-Cruse , Jane Middelcon-Moz, Rene Fredrickson, Jean lllsley Clarke, Jon e Laurie Weiss, Bob Subby, Barry e Janae We.inhold, Susan Forward, Roxy Lcrner e, acima de tudo , a Pamcla levin , que aprofundou meu s conhecimentos sobre a criança interior . Ao padre David Belyea, que me amou nos piores momentos da minha vida . A Fran Y.,·Mike S., Harry Mac, Bob McW., Bob P., Tommy B., ~ar~er B., e o amável '' Red' ', o primeüo a aceitar minha criança 1ntenor. Ao reverendo Michael Falls, que me levou a descobrir a maravilha da minha criança interior experimentando sua criança interior. Nossos dois garotos são amigos íntimos . A Johnny Daugheny , George Fletcher, Kip Flock e Patrick Carnes, meus mais queridos amigos, que freqüentemente fazem o papel de pais da rninha criança ferida.
A Maria Nossa Mãe, à irmã Mary Hubena, a Virgínia Satir, à minha tia Millie, a Mary Bcll e Nancy que, muiw vezes, foram mães para meu garoto ferido. A Sissy Davis, que o ama agora. A Toni Burbank, por seu trabalho brilhante e intuitivo na publicação deste livro. Sua assistência foi indispensável. A toda equipe da Bantam , que é inigualável. A Winston l.aszlo e toda a equipe dos Eventos Bradshaw cm Dcnver, especialmente Mary Lawrence. Eles tornaram possível a existência dos seminários de trabalho. A Karen Fertina, 11Unhaassistente pessoal e amiga que toma conta da ansiedade da minha criança interior. A Marc Baker, Barbara Westerman e à equipe da Life Plus por · seu compromisso enriquecedor. E por último, mas não meno s importante, à minha irmã Barbara Bradshaw, que datilografou e redatilografou a duras penas este manuscrito, a todas as horas do dia e da noite e com grande sa.crifício pessoal. Ela tem sido meu apoio e minha amiga generosa. J
SUMÁRIO
Prólcgc ..... .. ..... ........ ..................... ......... ... .... ..... , Parábola - A dupla tragédia de Rudy Revolvin..... .. .... .
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. PARTEI O PROBLEMA DACRIANÇA INTERIOR FERIDA ln troduc;ão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 2 5 1. Como sua criança interior ferida contamina sua vida
27 Questionário da criança ferida.......... . ......... .. .... ... 49 2. Como a criança maravilha que vive em você foi ferida 53 Parábola - A história quase trágica de um terno elfo... . 77
PARTEIl RESGATANDO A CRIANÇA FERIDA QUEVIVE EMVOCÊ lnt[odllção.........................
3, 4. 5. 6. 7. 8.
. . ...... . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Trabalho com a •dor original... ...... .. . ................... Resgatando seu cu dos primeiros anos de vida ...... . . Resgatando sua criança que começa a andar . .. .. . ... .. R~sgat~ndo sua criança na idade pré-escolar .. .. . .. . .... Resgatando seu cu na idade escolar............ ...... .... Organização - Uma nova adolesc!ncia.... .. . .. . . .. . . ..
95 113 139 157 176 194
PARTEIli DEFENDENDO SUACRIANÇA INTERIOR FERIDA Introdução.................. ..... .. . .. . ........ . .. .. ......... .. ...... 9. O adulto como nova fonte de potência .. ............... 10. Concedendo novas permissões à sua criança interior. . 11. Como proteger sua criança interior ferida .... ........... 12. Pondo em prática os exercícios. corretivos................
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215 217 234 250 262
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PARTEIV REGENERAÇÃO
Introdução... ..... .. .. ................... ............. . . . . . . . . . . . . . . . 301 13. A criança como símbolo universal de Regeneração e Transformação........ ... ............... ..... .... .............. 303 14. A criança maravilha como Imago Dei...... .......... .. . 316 Ep1'logo -
"E m casa, Ellº1ott, em casa.I" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341
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PRÓIDGO ' Eu sei o que quero rcalme!')tcde Nat:u. Quero minha infânci:ide voh:t. NinguEi:r,vai me dar isso.... Sei que niio faz sentido, ma5 desde quandr o Natal tem :t ver com lógica?.É sobre uma criançade mui~o tempo atrás e muito distante c·é sopre a criançade agora. Que vivecm vocêe em mhn, Esperando,atrás da pona: do nossoconção, que aconteçaalguma coisa manvilhosa.
- Robert Fulgbum
Enquanto ouvia os participantes do meu seminário, fiquei impre,ssionado,::omsua intensidade. Cem pesseas, em grupos de seis ou oito, estavam nas salas. Cada grupo era autônomo, todos sen• tados muito juntos e falando cm voz baixa. Era o segundo dia do seminário, portanto já haviam estabelecido um bom grau de interação e troca de opiniõe~ e confidências. Contudo, quando começaram, c;ram todos completos emanho s. Aproximei-me de um grupo . Ouviam acentamente o que dizia um homem de cabelos. ·grisalhos. Ele lia uma carta escrita pela criança que vivia nele, para seu pai. Querido papai, Quero que saiba o quanto me magoou. Você me puniu 01ais vezes do que o tempo que ou comrgo. Eu podia ter ado os vergões e os cortes se, ao menos, você asse algúm tempo comigo. Eu queria o seu amor, mais do que posso dizer. Se você tivesse ao menos brincado comigo, ou me levado a um jogo de futebol. Se, ao menos, você dissesse que me amava. Eu queria que você se importasse comigo... Ele cobriu os olhos com as mãos. A mulher de meia-idade , ao seu lado, acariciou ternamente sua cabeça, um homem mais jovem segurou a mão dele. Outro homem perguntou se ele queria ser abraçado. O homem grisalho fez um gesro afirmaàvo.
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Outro grupo estava sentado no chão uns com os braços em volta dos ombros. Uma mulher elegante , de 70 e poucos anos, lia sua carta. Ma.mãe, você estava ocupada demais com suas obras de caridade. Nunca tinha tempo para dizer que me amava. Só me dava atenção quando eu ficava doente ou quando tocava piano e a fazia ficar orgulhosa.Você só me transmitia os sentimentos que a agradavam . Eu só era imponante quando a agradava. Você nunca me amou por mim mesma. Eu me sentia tão só ... Sua voz se embargou e ela começou a chorar. O escudo de controle mantido durante mais de 70 anos começou a desmoronar com suas lágrimas. Uma adolescente a abraçou. Um jovem disse que ela podia chorar, que estava tudo bem e elogiou a coragem dela . ei para outro grupo. Um homem cego, de 30 e poucos anos, lia uma cana em braile . Papai , Eu o odiava porque você tinha vergonha de mim. Você me trancava na garagem do apartamento quando recebia seus amigos. Eu nunca recebia comida suficiente. Estava sempre com tanta fome! Eu sabia que você me odiava porque era um peso para você. Você ria e me ridicularizava qu ando eu caía. .. Agora, eu civede me afutar . Sentia a raiva residual na criança ferida que mora cm mim e queria chorar de raiva e de indignação. A tristeza e a solidão da infância eram insuponáveis. Como alguém podia se recuperar de tanta dor? Porém, no fim do dia, o ambiente era de paz e satisfação. Todos sentados lado a lado , alguns de mãos dadas, a maioria sorrindo enquanto fazíamos os exercícios finais. Um após outro me agradeceram por ajudá-los a encontrar sua criança interior ferida. Um presidente de banco, que op ôs uma resistência abena no começo do seminário, disse que rinha chorado pela primeira vez em 40 anos. ~a infância, era cruelmente espancado pelo pai, e
PRÓLOGO
havia prometido a si mesmo jamais demonstrar seus sentimentos. Agora, falava em aprender a cuidar do garotinho solitário que vivia ode . Seu rosto estava mais sereno e ele _pareciamais jovem. No começo do seminário, aconselhei a todos a tirar as máscaras e sair dos esconderijos. Expliquei que quando mantinham ;t criança interior escondida , essa criança ferida contaminava suas vidas com crises de raiva, reaç,ões exageradas, problemas conjugais, vícios, desempenho prejudicial como pais e relacionamen tos dolorosos e destrutivos . Eu devo ter tocado um ponto sensível. pois todo s respond e1a111 àe verciaàe.. Oinan ào p.ua aqudei> lu Stu~ ...üc, LÜ~ e soniúen tes, fiquei emocionado e agradecido . Esse semin ário foi realizado em 1983. Desde essa época tem crescido minha fascinação pe lo pocler curativo da criança interior . Há três coisas notáveis sobre essa criança que vive cm nós. A rapidez com que as pessoas mudam quando fazem esse trabalho, a profundidade dessa mudan ça e o poder e a criatividade que adquirimos quando são curados os ferimentos do ado. Comecei a fazer esse trabalho há mais de 12 ano s, usand o um método improvisado de meditação , com algun s dos meus clientes da terapia. Mas essa meditação teve al-guns resultados drà• máticos. Quando as pessoas finalmente entravam em contato com ~ càança que vivia nelas, era sempre uma experiên cia arrasadora. As vezes, soluçav.un incontroladamente . Depois , diziam coisas como: "Estive esperando toda a minha vida para ser encontrado por alguém." "E como voltar para casa." "Mínha vida se tran sformou desde que encontrei a criança que vive cm mim .'' Em razão dessas reações, criei um seminário de trabalho para ajudar as pessoas a abraçar suas crianças interiores , O seminário evoluiu com o ar dos anos, devido e__specialmenteao diálogo constante com todos os participantes. E o trabalho mais poderoso que já realizei . Seu objetivo central é ajudar as pessoas a eliminar a dor não resolvida da infância - mágoas por abandono, todas as formas de maus-tratos, a neglig~ncia no atendimento da necessidade de depcnd éncia, essencial ao desenvolvimento da criança, e os problemas que resultam da disfunção no sistema familiar . (Cada um desses pontos será estudado mais adiante .) No seminário, amos a maior parte do tempo lamentando a negl igência no atendimento aos requisitos da dependência , •
VOIIAAOW
essenciaisao desenvolvimento. Esse é também o ponto central deste livro. Na minha experiência, a abo rdagem no plano do desenvolvimento é o meio m ais completo e efetivo de curar nossos ferimentos meneais. Acredito que esse método, que focaliza cada estágio do desenvolvimento, é exclusivo do meu seminário. Durante o seminário, descrevo as exigências normais de dep endência da infância. Se não forem satisfeitas, chegamos à ida de adulta com um a criança interior muito ferida. Se fossem satisfeita s, não seríamos •'adultos crianças' '. Depois de delinear as exigências de um determinado está~-. u. os ~~--:,.. ~~" ~es se d1°\';d~m ,.m gr".,..r"-""• "~ •P--~z"'n 1, ..., r - · · · .....:l'"' ....-..~ .. -.. ... "''"·• ~ a uJo •se r , 1 o rc1· pel de centr o de aten ção, cada pessoa ouve as palavras positivas e de afirma ção que devü1.ter ouvido quando nasceu, quando começou a andar. nos anos pré-escolare-s e assim por diante. Dependendo dos limites da pessoa que é o foco das atenções, os membros do grupo acariciam , acalentam e oferecem valid ação para os seus sofrimentos da infância. Quando a pessoa ouve uma afirmação especial, que precisava ter ouvido , mas que não ouviu na infância, geralmente começa a chorar, suave ou intensamente . Algumas das mágoas antigas e congeladas começam a se descongelar. A quantidade depende da pessoa já estar ou não cm processo de cura. Alguns já trabalharam bastante antes de entra r para 1J seminário , outro s nun ca fizeram nada . Quase no fim do seminário , dou um tempo de meditação para abraçar a criança interior. Neste momento, muitas pessoas sentem uma intensa descarga emocional. Q uan do osparticipantes terminam o seminário, eu os encorajo a gastar mais tempo, cada dia, dialogando com sua criança ferida. Quando finalmente conseguem recuperar essascrianças e acalentá-las, começa a emergir a energia criativa dessas crianças maravilhas. Uma vez integrada , a crianç.a interior tor na-se fonte de regeneração e de nova vitalidade . Car:IJung chamava esse filho natural de "criança maravilh ~" - nosso potencial inato para exploração, encantamento e criatividade. O seminár io me convenceu de que o trabalho com a criança interior é a forma maís rápida e poderosa de efetuar a mudan ça terapêutica nas pessoas. Esse efeito quase imediato me espan ta até hoje. Normalmente, sou cético a respeito de qualquer cuca imediata, mas este trabalho, aparentemente, inicia um processo de
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P&ÕI.OGO
transformação duradoura. Alguns participante s, dois anos após a experiência, escrevem afirmando que o seminário mudou suas vidas. Fiquei gratificado, mas um pouco confuso. Na verdade, não sabia por que esse trabalho produzia um enorme impacto em de terminadas pessoas, e quase nenhum em outras. Procurei uma explicação e um quadro começou a se definir em minha mente . Voltei-me primeiro para o trabalho de Eric Berne, o gênio criativo da Análise Transacional. A teoria da A.1. enfatiza o '· estado do ego infantil'', que se refere à criança espontânea e natural que todos nós fomos um dia. A A.T. descreve também os mo1• • '-i .1•• , · _k,Jt.. -- J.V.> -•• •,:o~ •r1 ºança o--u• 1..--,l e~ ...__..,.J-'-._. -,.J-,MM>~pr "ssc•P ( .. t" "'so•es Uv.::, da vida familiar, na sua primeira infância. A criança maravilha natural está presente quando encontramos um velho amigo , quando damos uma gargalhada , quando somos criativos e espontâneos, quando ficamos maravilhad os com um espetáculo excepcional . A criança adaptada ou fetlda está presente qua nd o nos recusamos a ar com o sinal vermelho, -mesmo sabendo que está enguiçado, ou quando avançamos o sinal porque não tem ninguém por peno e podemos ar imunes. Outros comportamentos da criança ferida são crises de raiva, excesso de polidez e obediência, falar como criança , manipular e ficar emburrado . No capítulo 1, descrevo em linhas gerais as vácias formas pela s quais essa criança contamina nossa vida adulca. Embora tenha usado a A.T. como meu principal modelo terapêutico durante muitos anos, nunca havia focalizado meu trabalho nos vários estágios de desenvolvimento pelos quais a criança interior a, na sua adaptação, para sobreviver. Hoje, acredi to que a falta de detalhes sobte o de senvolvimento é uma deficiência da maioria dos trabalhos de A.T. Qualquer fase do desenvolvimento inicial da criança maravilha pode ser intercompida. Como adultos, podemos agir infantil.mente, podem os regredir para o componamento de uma crnnça que começa a andar, podemos continuar a acreditar em mágica. como um pré-escolar, e podemos emburrar e nos isolarmos como um aluno do primeiro ano primário que perdeu um jogo. Todos esses comportamentos são infantis e representam vários níveis de interrupção no desenvolvimento infantil. O principal objetivo deste livro é ajudá-lo$ a re_cuperar sua criança interior ferida em cadaescágio de desenvol'-6 '4..L~
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Meu trabalho sofreu. a seguir, a influência do hipnoterapeuta Milton Erickson. Erickson acreditava que cada pessoa tem seu map a do mundo, único e pessoal , um sistema interno de crenças que é jnconscienre e que conscitui uma espécie de transe hipnótico . Usando a hipnose de Erickson, aprendi vários meios naturais de entrar em contato com os transes nos quais meus clientes já escavam e a usar esses transes para ajudar a expansão e a mudança . O que não percebi, até começar a fazer o trabalho da criança interior, foi que o nosso centro do sistema interno de crenças é formado pela criança interior . Regredind o na idade , até o tran se da criança qu e vive em nós, é po ssível muda r o cen tro do sistem a de cren ças direca e rapidamente . O terapeuta Ron Kurtz aprofundou mínha compreensão da dinámica do trabalho com a criança interior . O sistema de Kurtz , a terapia Haikomi , focaliza diretamente o material central. O mater ial central é o.modo pelo qual nossa experiência interior é organiz ada. Composto por nossos primeiros sentiment os, crenças e lembran ças, o material central forma-se em resposta à tensão do ambien te da nossa infânci a. O mater ial centr al é não-lógico e primitivo; era a única forma de sobrevivência que a criança má gica, vulnerável , carente e sem fronteiras conhecia . Uma vez formado, o material cenual torna-se o filtro atra vés do qual devem ar todas as novas experiências. Isso explica por qu e algumas pessoas sempre escolhem cercos tipos destrutivos de relacionamentos românticos, por que outras vêem a própria vida como uma série de traumas reciclados, e por que tantas deixam de aprender com os próprios erros. Fc~ud chamou essa necessidade básica de repetir o ado de '' compulsão de repetição'•. A grande terapeuta moderna Alice Miller a chama de ' ' lógica do absurdo''. É lógica quando comEreendemos como o material central molda nossas experiências . E como se esrivéssemos usando óculos escuros. Por mais intensa que seja a luz do Sol, sempre e filtrada da mesma maneira . Se os óculossão verdes, o mundo parece verde. Se os óculos são mar rons, não vemos muito bem as cores vivas. Obviamente, então , se querem os mudar , temos de mu dar nosso material central . Uma vez qu e nossas experiências foram organizadas primeiro pela crian ça interi or, um rod o de mudar imediatamente o material cenual é fazer um contato com ela .. •
.. PRÓIOGO
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O uabalho com a criança interior é um importante e um nóVQ ínStPimentoterapêutico e completamentediferente dos métodos de terapia do·ado. Freud foi o primeiro a compreender que nossasneurosese distúrbiosde carátersão o resultado de conflitos :não resolvidos da infância, que se repetem du.rante toda a nossa vida. Ele tentou curar a criança ferida criando um ambiente segu:ropara que da pudesse emergir e transferir suas carênciaspara o terapeuta. Este, entao, fatia o papel de pai da criança ferida para que da pudesse resolverseus problemas não resolvi• dos. A criança ferida era. assim, curada. O m.é~c-do de Fr::-.;d::~6~amuito tempu e ,iiuiic:uu e, gelai · mente, criavauma de-pendência . pouco saudávelno paciente.Uma das minhas clientes procurou-me depois de dez anos de psicanálise. Mesmo depois que comecei a trabalhar com ela, da telefonavaao seu analista, duas ou tr~ vezespor semana, pedindo conselho sobre trivialidades. O analista tinha se tornado, na verdade, o padrinho da sua criançainterior. Entretanto, de hão estava realmente cuidando dela. Apenas ela tinha se tornado terrivelmente dependente dele. Um trabalho adeql;lado a teria ajudado ~ re~perar e usar seus poderesde adulta, para cuidarda sua criança 1nter1or ;
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Neste livro, ofereçoum novomeio de entrar e·m contato, recuperar e tratar devidamente a criança que.viveem nós. Vócêdeve fazer o trabalhosugerido,se quiser mudar. Compete ao adulto em voce deddir-se a fazer este trabalho.Mesmoenquanto você estiverno seu estadoinfanci.1,sua personalidade adulta vaisaber exatamente quem você,.é e o que está fazendo. Sua criança ínterior vai experimentar as coisasda maneira que vocêas experimentou na infância mas, desta vez, sua personalidade adulta estará presente para proteger e amparar essa criança. enquanto ela termina negócios imponantes inacabados. O livro está dividido em qu~tro panes. A pane I estuda o modo pelo qual sua criança interior deixou de se maravilhar e como os ferimentos sofridosQainfância continuam a contaminar sua vida. A ·parte II o conduz através de cada um dos estágios de desenvol\'imento da sua infância, mostrando o que ,;ocê precisava para um crescimento saudável. Cada capítulo contém um questionário que o ajuda a determinar se as carênciasda sua criança •
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interior foram satisfeitas durante um estágio específico. Depois, eu o conduzirei através das experiências que uso nos meus semi nários, para a:judá-lo a recuperar sua cr;iança interior em cada estágio. A pane III apresenta exercíciosespecíficoscorretivospara ajudar o crescimento e o desabrochar da sua criança, para ensinar como fazer com que adultossaudaveis satisfaçam algumas das necessidades da sua criança e·para erguer limites protetores para sua criança interior, enquanto você trabalha na intimidade dos seus relacionamentos. Esta parte mostra como vocêpode ser o progenitor cuidado so que vucé nunca teve r1« i:ifánci::. Q uand c r~~= aprende a ser progenitor de si mesmo , não vai mais tentar completar o p~sado escolhendo out.ras pessóas como seus pais . A pane IV mostra como sua criança maravilha emerge à medida que a criança ferida se cura. Você vai aprende r a ter o à sua cria.nça m:uavilha , e verá que ela é a energia mais criativa e transformadora que você possui. Sua criarwa matavilha é a parte em você que mais se assemelha ao seu Criador e pode levar a um relacionamento imediato e pessoal com seu eu único e com Deus, como você compreende Deus. Esta é a cura mais profunda de todas, prometida pelos ·grandes mestres de todas as crenças. No cam"inho,eu também conto a minha história. Quando comecei este trabalho, há 12 anos, não podia imaginar a transformação nomeu modo de pensar e no meu comportamento resultante da descoberta da minha criança i.nttrior. Antes dessa descoberta, eu minimizava o impacto da minha infância e idealizava e protegia compulsivamente meus pais, especialmente a minha m_ãe. Quando era criança, freqüentemente dizia para mim mesmo: "Quando eu crescer e sair daqui, tudo vai ficar bem." Com o ar dos anos, compreendi que nada estava melhorando, as coisas estavam ficando piores. Eu via isso nos membros da minha familia melhor do que via em mim mesmo. Dez anos depois da minha vitória sobre o alcoolismo, compreendi que eu era ainda conduzido e compulsivo. Em uma tarde chuvosa de uma quinta-feira, experimentei o que Alice Miller escreveu sobre sua criança interior, ''Eu não tinha caragem de deixar a criança sozinha ... Tomei uma decisão que ia mudar profundamente a minha vida: deixar que a criança me conduzisse." Nesse dia , resolvi recuperar e defender a criança que vive em mim . Eu a encontrei apavorada, quase em pânico . •
PRÓLOGO
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A princípio, ela não confiou em mim e nã_o queria me acompanhar. Persisti nos meus esforços, falando com ela, insistindo em dizer que não a abandonarià e s.ó assim conseguj sua confiança. Neste livro, descrevo os estágios da jornada que me ,perm.itiu ser o guardião e defensor da minha criança interior . A jornada que mudou a minha vida.
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PARÁBOLA A dupla tragédia de Rudy Revolvin (Baseada em A Estranha Vída de Ivan Osokin, de P.D. Ouspensky) Era uma vez um homem chamado Rudy Revolvin. Ele teve um a vida dolorosa e trágica. Morreu irrealizado e foi para o lugar escuro. O Príncipe das Trevas, vendo que Rudy era um adulto criança, achou que devia acrescentar à esciJridão dando a Rudy a chan ce de viver tudo que já tinha vivido; Vocês compreendem , o Príncipe das ,Trevastinha por missão continuar com as trevas - até mesmo tomá-las mais escuras, se fosse possível. Ele disse a Rud y qu e estava certo de que Rudy ia cometer exatamente os lnesmos erros e arpela mesma tragédja de antes!
Deu então a Rudy uma semana para resolver. Rudy pensou longa e con centradamente . Concluiu que o Príncipe das Treva,s.queria enganá-lo . É claro que ia comete r os mesmos erros, porque e-stária privado da lembrança do que tinha feito na sua vida ada. Sem essas lembranças , não poderia evitar os erros. Quàndo finalmente compareceu perante o príncipe , ele recusou a ofena. O Prínçipe d~ Trevas, que conhecia o' ;segredo' ' da criança interior ferida, não deu atenção à recusa de Rudy. Disse que , contrariando sua forma habitual de agir, permiticia que Rudy selembrasse de tudo da sua vida ada . O Príncipe das Trevas sabia que , mesmo com essas lembranças, Rudy repetiria~atamente os mesmos erros e teria de sofrer novamente aquela vida dolorosa . Rudy riu satisfeito. "Finalmente", ele pensou , "estou tendo uma oportunidade verdadeira." Rudy desconhecia o "s egre • do' ' di criança interior ferida . Evidentemente , embora ele pudes se prever em detalhe t odos os desastres que tinha criado ante s, Rud y repetiu sua vida dolorosa e trágica. O Príncipe das Trevas ficou satisfeito! •
PARTEI O PROBLEMA DA CRIANÇA INTERIORFERIDA
O conhecimento iluminava as câmaras esquecidas na casa escura da infância. Agora eu sabia como era possível sentir saudadesde casa, em casa. -
G. K. Chesterton
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INTRODUÇÃO
Buckm1nscerFuller, um dos homens mais criaavosdo nosso tempo, gostava de citar o poema sobre a infância, de Christopher Modey. O maior poema conhecido Que todos os poetas ultraaram: E a poesia inata, não contada De ter apenas quatr o anos. Novo demais ainda pa.ra ser parte Do grande coração impul sivo da natureza , Nascido amigo do pássaro, do animai e da árvore E tão descontraído quanto uma abelha Mas com a razão bela e hábil Cada dia um paraíso a ser construído Euf6rico explorador de cada sentido Sem desânimo, sem fingimento ! Nos seus olh os limpo s e transparentes Não há consciência, nem surp resa: Os estranhos enigmas da vida você aceita, Sua estranha divindade mantida ... E a vida, que vende todas as coisas em rimas, Pode fazê-lo poeta, t,mbém, com o tempo Mas havia dias, ó terno dfo, Em que você era a própria. Poesia! O que acontece com esse começo maravilhoso quando éramos todos a ' 'p rópria Poesia''? Como todos esses temos dfos se
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VOLTA AOLAR
tornam assassinos, viciados em drogas, afeitos à violência física e sexual, ditadores cruéis. políticos moralmente degenerados ? Como se transformam nos "feridos ambulante s"? Nós os vemos à nossa volta: os tristes, medrosos , os sem fé, ansiosos e deprimidos, repletos de desejos indizíveis. Sem dúvida , essa perda do nosso potencial humano inato é a maior de todas as tragédias . Quanto mais sabemos sobre o modo pelo quaJ perdemos nossa espontânea capacidade de nos maravilhar e nossa criarividade . melhor podemos encontrar um meio de recuperá-las . Podemos até fazer alguma coisa no sentido de evitar que isso aconteça às :.ossas crianças no futur o.
CAPÍTUID 1
COMO SUACRIANÇAINTERIORFERIDA CONTAMINA SUA VIDA Uma pessoa... dominada por antigos ~ofrimemos diz coisas que não sãu pertinentes. faz coi~;uque mio: funcionam, nao consegue en• frentu a situação e é sujci1aao.scntimcnro:reuívcl de que ni o cem n~da a l azer com o presente, - Harvcy Jackíns
Eu mai acreditava que pudesse ser tão infantil . Estava com 40 anos e tinh a esbravejado e gritado a.ré cleii<artodos - minha mul her, meu s enteados .e meu filho - apavorados. Então , entt:ej no meu carro e os deixei . Ali escava.eu , sozinho em um mot el, no meio das nossas férias oa Ilha do Padre. Eu me sentia muito só e muito envergonhado . Quando p.rocurei me lembr~ dos acontecim enros que pr ovocaram aquela explosão, não encontrei nada. Estava confuso. Era como acordar de um pesadc:lo. Mais do que qualquer coisa, queria que a minha vida de família fosse repleta de calor humano, de amor e de intimidade ; Mas esse era o terceiro ano que eu explodia durante nossas férias. Eu já os havia abandonado emocionalmente outras vezes - mas nunca fisicamente. Era como se eu esúvesse em um estago de alteração do consciente. Met,1Deu s, corno eu me odiava. O que está acontecendo comigo? O incidente na Ilha do Padre ocorreu em 1976, um ano de, pois da mone do meu pai . Desde então descobri as causas dos meus ciclos de r:µva/afastamento. A primeira pista importante me ocorreu n a est.rada d;i.Ilha do Padre. Sentado sozinho e envergonhado naquele horrível quarto de motel. comecei a lembrar vividamente cenas da minha ínfância. Lembrei de uma véspera de Nat al, quando tinha uns 11 anos, e· me vi deitado no quano escuro com •
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a cabeça sob as cobertas, recusando falar com meu pai. Ele tinha chegado tarde em casa, levemente embriagado . Eu queria punilo por estragar nosso Natal. Não podia expressar verbalmente minha revolta, porque haviam me ensinado que era um dos pecados mortais, especiãlmente quando dirigida aos pais. Dul'ante anos, minha raiva inflamou-se no bdlor da minha alma . Como um cão faminto no porão, desesperado de fome, transformou-se em raiva feroz . A maior parte do tempo eu a guardei cuidadosamente. Eu era um cara legal. Era o melhor pai que ex.iscia - até não poder mais ar. Então, me transformei em Ivan, o Terrível. O que eu vim a compreender foi que ..yuele comp orr:,.me!" to nas férias eram regressõesespontâneasno cempo. Quando estava esbravejando e punindo minha família, afastando-me dela , eu estava regredindo à minha infância, quando engolia minha raiva e a expressava da única maneira que uma criança podia expressar - afastando-me de todos. Agora, adulto, quando ava a crise de afastamento emocional ou físico, sentia-me exatamente como o garoto solitário e envergonhado que tinha sido. O que compreendo agora é que quando o desenvolvimento de uma criança é interrompido, quando sentimentos _s_ ão reprimidos , especialmente scntimcn_tos de raiva e de mágoa, a pessoa torna-se um adulto com uma criança zangada e magoada dentro dele. Essa criança contamina espontaneamente o comporcame 11.:.. to do adulto. A principio, pode parecerabsurdo que uma criança possa continuar a viverno corpo de um adulto . Mas é exatamente o que estou sugerindo. A~edíto que essa criança interi9r, negligenciada e ferida no ado, é a maior fonte-da infelicidade humana. Até o momento cm que a recuperamos, ela continuará a agir mal , contaminando nossa vida de adultos. Eu gosto de fórmulas mnemônicas, por isso, descrevo algun s dos modos pelos quais a criança interior ferida contamina nossa vida, usando a palavra ''contaminada''.* Cada letra significa um dos modos da sabotagem da vida adulta pela criança. (No fim desde 1=apítulo,você encontra um questionário que o ajudará a verificar o quanto sua criança interior foi ferida .)
• Contarninare - Não E possível o processo mnemón ico cm porruguê s. (N. da l. )
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COMO SUACRIANÇA INIERIOR FERIDA CONTAMINA SUAVIDA
Co-dependence - Co-dependência . Offrnde~ Behaviors - Comportamentos
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ofensivos,
agreSSlVOS.
NarcissisticDisorders, - Distúrbios narcisistas , Trust Issues - Problemas de confiança . Acting Ouc/Acting in Be}:iaviors-Repetição do comportamento infançil, externa ou internamente . Magicai Beliefs - Crenças em magi a. Intimacy Dysfunctions .- Distúrbios de relacionamento . N ondiscipline d Bcbaviots Comporcam~ nco.; indisciplinados. Addictive/Compulsive Behaviors- Comportamentos viciados/compulsivós. Though t Discortions - Distorções do pensamento . Emptin ~s (-apathy, dépression) - Vazio (apati a, depressão).
CO-DEPENDÊNCIA Defino a co-depêndência como ~ma perda de identidade. Ser co-dependente é perder o contato com os pcópríos sentimentos, carências e desejo s. Considerêmos os .exemplos seguintes . O namorado de Pervilia fala sobre seu descontentamento no emprego , Nessa noite ela não con~egue dormir, preocupada com o pro~lema dele. Pervilia sente os sentimentos dele e não os dela . Quando a namorada de Maximillian termina o relacionamento de seis meses, ele pensa em suicídio . Acredita que seu próprio valor depende de ser amado por da . Na verdade, M.axi.millian não tem noção do próprio valor, que é criado no seu íntimo, só compreende o valor dos outros, que depende de c;>utraspessoas. O marido deJolisha, um atleta, a convida para sair à noite. Depois de muita hesitaç ão, ela aceita. Ele pergu,ota aonde ela quer ir. Jolisha diz que tanto faz. O marido a leva a uma chuttascaria e depois para ver o filme A volta do assassino do m achado.
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VOIIA AOlAII
Jolisha detesta o programa. Fica emburrada e distante do marido durante uma semana. Quando ele pergunta , "qual é o problema", da responde, "nada". Jolisha é "um amor'' . Todos concordam em dizer que ela é adorável. Na verdade, é tudo fingimento. Ela está constantemente representando. ParaJolisha, ser agradável é um eu falso. Não sabe do que precisa nem o que quer. Não éonhece sua outra identidade. Jacobi tem 52 anos. Procura conselho porque há dois meses vem mantendo um caso com a secretária de 26 anos. Jacobi diz q ue n~~ sabe como isso aconteceu. Ele é presb ítero na sua ig reja e membro prestigiado do Comitê para Preservação da l-.1oralidade. Foi o líder da luta para livrar sua cidade da pornografia . Na verdadc,Jacobi representaum papel religioso. Não tem nenhum contato real com seus impulsos sexuais. Depois de anos de repressão ativa, esse impulso o dominou. Biscayne assume como seu o problema de peso da mulher. limitou a vida social deJa porque não quer que os amigos a conheçam. Biscayne não sabe onde ele terrnioa e onde começa sua mulher. Pensa que sua masculinidade vaiser julgada pela aparência dela. Seu sócio, Bigello, tem uma amante . Ele verifica o peso dela periodicamente para evitar que engorde. BigeJJo é outro exemplo de pessoa sem o senso do " eu" . Pensa que sua m asculinidade depende do peso da amante. Ophelia Oliphant exige que o marido compre uma Mercedes. Insiste também cm continuarem como sócios do Clube de Campo de River Vallcy. Os Oliphant têm muitas dívidas, vivem de um .dia de pagamento para o outro. G-2.stamuma energia cno[me para fugir dos credores e para conservar uma imagem de riqueza e de classe alta. Opbclia acha que sua auto-estima depen de de manter uma dete rminada imagem. Não tem nenhuma noção interior do próprio "cu" . Em todos os exemplos citados acima, vemos pessoas cuja identidade depende de algo que está fora delas . Esses são exemplq s da doença da co-dendência. A co-dependência nasce e cresce dentro de sistemas famili ares doentios. Por exemplo, rodos na família de um alcoólatra tornam-se co-dcndcnres do alcoolismo dessa pessoa . Como o alcoolismo representa uma ameaça de vida para todos os membro s da familia, eles se adaptam, tornando-se cronicamentc alenas (su-
COMO SUACRJANÇA lNTERIOR FERJDA CONTAMINA SUAVIDA
JI
pervigilantes). A adaptação à tensão deve ser, por natureza, um estado temporário, nunca crônico. Com o ar do tempo, a pessoa que convive com a tensão crônica do comportamento de um alcoólatra perde o contato com suas características internas - os próprios sentimentos, carências e desejos. As crianças precisam de segurança do exemplo de emoçõe s saudáveis para compreender os próprios sinais interiores. Precisam , também , de ajuda para separar os pensamentos dos sentimentos . Quando o ambiente familiar é de violência (química , emocional , física ou sexual), a criança pas~a a focalizar apenas o exterior. Cum o tt>mpo. ela perde a capacidade de gerar a aut oestima que vem do seu interior . Sem uma vida interior saudável , a pessoa, exilada de si mesma, procura satisfação no exterior . Isco é a co-dependência, um sintoma da criança interior ferida . O comportamento co-dependente indica que as carências da .infância não foram acendidas , e que a criança não sabe quem é.
COMPORTAMENTOAGRESSIVO Em geral, pen samos que todos os que têm um a criança interior ferida são agradáveis , quietos , sofredores e amoroso s. Na verdade, a criança interior ferida é responsável por grande pane da violência e da crueldade que há no mundo. Hitler foi espancado na sua infância , humilhado e envergonhado por um pai sádico, que era filho ilegítimo de um abastado judeu . Hitler repetiu a forma mais extrema dessa crueldade em milhões de pessoas inocentes . lsso me faz lembrar meu cliente Dawson . Quando me procurou em razão de um problema conjugal, ele era leão-de-chácara , de uma boate . Contou que tinha quebrado o queixo de um homem no começo daquela semana. Descreveu com veemência como o homem o obrigoua fazer aquilo . Ele ofendeu Dawsoo, ban cando o valente com ele. Muitas vezes, durante nossos encoouo s, o ·awson falou desse modo. Os agressivos não assumem a responsabilidade por seu comportamento . Continuamos a trabalhar juntos e logo se tornou eviden te que, muitas vezes, Dawson sentia medo. Quando isso acontecia, ele se lembrava do garotinho que tinha sido. O pai era violent o
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VOI!AAOlAR '
e o maltratava fisicamente. Como o garotinho de tanto tempo at.rás, tremendo sob o impacto da fúria bmtal do pai, não era
seguro assumira sua verdadeirapersonalidadecheiade medo. Assim, Dawson identificou-se com o pai. Ele tornou-seo pai. Qualquer ocorrênciaparecida com as cenas de violência de sua infância detonava os antigos sentimentos de medo e de impotência e Dawson se transformava no pai brutal, infligindo aos outros o mesmo castigo que o pai lhe infligia. O componamento agressivo,-aprincipal fonte de destruição da humanidade, é o resultado da violência na infân cia e da mágoa e da dor não resolvidas.A criança impotente e íerida u ansÍorma-se no adulto agressor.Para compreender isso, precisamos saber que muitas formasde maus-tratos contra criançasfazem delas um agressor. Isto é verdade especialmente nos casos de maus-uaros físicos, de abuso sexual e de severocastigo emocional. O psiquiatra Bruno Bettelheim criou uma frase para essepr ocesso: '' identificação com o agressor' '. A violência sexual, física e emocional, é tão apavorante para a criança, que ela não consegue manter a própria personalidade. ,Parasobreviverà dor, ela perde toda noção de identidade, identificmdo-se com o agressor. Bettelheim conduziu seus estudos especialmente entre ossobreviventes dos campos de concentração. Em um dos meus seminários recentes, uma terapeuta de Nova Yorklevantou a mão. Disse que era judia e começou a contar ao nosso grupo os detalhes horríveis do sofrimento da mãe em um campo de concentração. A parte mais espantosa da história era que a mãe tratavaa .ilha como fora tratada pelos guardas nazistas. Ela cwpia na filha e a chamava de porca judia, desde que a menina tinha u~s anos. Talvezmais impressionante sejam os agressores sexuais. Na majoria das vezes, foram violentados na infância. Quando atacam crianças,estão repetindo o abuso que experimentaramquando eram pe.quenos. Embora a maioria do componamento ofensivorenha raízes na infância, nem sempre é resultado de maus-u :ao s. Em aJguns casos, os indivíduos foram ' 'mimados' ' pelos pais com indulgência e submissão exageradas, e aprenderam a se considerar superiores aos ouuos . Essascrianças mimadas acreditam que merecem um uatamento especial de todos e que não podem errar. Perdem toda a noção de responsabilidade , certas de que seus problemas são sempre culpa de outras pessoas.
COMO SUACRIANÇA INlERIOll FERIDA CONTAMINA SUAVIDA
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DISTÚRBIOSNARCISISTAS
J•
Toda crianca o recisa ser amada jncondiciona1mente - pelo me_po;;,no início. &em o espel ho de uma atitude de aceitação 1ncon• d.icional, dos pais ou dos responsáveis, a criança não tem meios de saber quem ela é. Cada um de nós foi nós antes de ser eu. Precisamos àe l 1.ma face qu e, corno um espdnu, refiica LOu d::. a:. panes do nosso eu. Precisamos saber que somos importantes, que somos levados a sério e que cada parte de nós é digna de ser amada e aceita. Precisamos também saber que os que tomam conta de nós nos amam e que podemos confiar neles. Essas são as carências narcisicassaudáveis de toda criança. Se somos privados delas, nossa noção de EU SOU é prejudicada . A criança interior privada dessa necessidade nardsica contamina o adulto com urng sedeinacii.vel de amor,_ac.eoç.âQJ:....afcição. As exigências da criança manife~µm-se comqyabocªgem aos relacionamentos dos :gj_µlto~,porqy_e.,_ p~ qy.e..~ej_arn-ª. mados, nunca estão satisfeitos. O adulto crians;a.privado desse nar• cisismo, não oode ter suas carências atendidas porque , na verdade, são carências de uma cciança. E as cri_anç~JJL~cisamdaspais. o tempo todo. São carenre,~r narureza.....nã.o..p.QLescolha . A carências da criança são de depe ndência. isto é..carências qye dependem de outra pessoa para serem a~idas. Só a lamenta!;âO da erda realiza a cura. En uan to .isson-o for feito,-ª..Q'iança insaciável procura vorazmente o amor e a estima que não teve na infância . As carências dos adultos crianças, privados das suas necessidades narcísicas, tomam várias formas: • São desapontados em um relacionamento depois de ouuo . • ;~tão sempre procurando o amante perfeito que vai satisfazer todas as suas carências. • Tornam-se viciados. (Os vícios são a tentativa de preencher urn vazio psíquico. Os exemplos prini::ipais são o vício do sexo e do amor.) • Procuram a auto-estima nas coisas materiais e no àinneir o.
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• Tornam-se atores ou atletas porque precisam da adulação e da iração constante de uma audiência. • Usam ospr6p.dosfilhospata satisfazer suas necessip,adesnardsicas. (Na sua fantasia. jamais serão abandonados pelos filhos e serão sempre respeitados e irados por eles.) Tentam obter dos filhos o amor e a iração especial que não tiveram dos próprios pais.
PROBLEMASDE CO.NFIANÇf.. Quando não podem confiar nas pessoas responsáveis por elas, as. crian as desenvolvem um rofundo sentimento de desconfiança . O mundo parece um lugar perigoso, osti e 1mprevisíve . Dess; maneira,, precisam estar constantemente cm guarda e no contro le. Acabam por acreditar que , "se eu conuolar tud,o, ninguém pode me apanhar desprevenido . e me ferir 11• ,Surge, então, uma espécie de mania de controle, o víciõdo cóntrole. U~ cliente meu tiriha tanto medo de perder o controle , que trabalháva cem horas por semana. Não podia delegar autoridade porque não confiava em ninguém. Ele me procurou quando sua colite ulceiativa se agravou tanto que teve de ser hospitalizado , Ouc,r~cliepte estava arrasada porque o marido tinha pedido o divórcio. A ''última gota'' para ele foi quando a mulher tro cou a marca do telefone que ele havia instalado no carro dela . O :marido queixava-se de que. por mais que fizesse por ela. nunca fazia a coisa certa. A mulher sempre tinha de mudar alguma coisa feita por ele. Em outras palavras , ela só se sentia bem quando tinha p.ido sob conuole. A mania do conuole cria g.raves problemas oos relacionamentos. Não é possível a intimidade com uma pessoa que: não confia c:m nós. A intimidade exige a aceitação do companheiro como ele é. Os. distúrbios de confiança criam também problc:mas de excesso de: confiança. A pessoa desiste de todo controle e confia ingênua e absurdamente, prendendo-se a outra pessoa e investindo nela um ~xcesso de estima, ou isola-se:completamente , construindo muros protetores e intransponíveis .
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COMO SUA CRIANÇA JNTalORFERIDA CONTAMINA SUAVIDA
De acordo com Pa.ttick Carnes, especialistaem manias, a pessoa que nunca aprcndeg a confiar, confunde intensidade com intimidade, obsessão com interesse real e-controle com segurança. A primeira tarefa da !)Qssavida, relativa ao desenvolvimento, consiste em estabelecer um sentimento básico de confiança. f. recisamosaprender que a outra pessoa (mamãe, papai , o mun do lâ fora) é segura e confiável. A noção básicà de confiança é uma sensação profundamente holística. Se podemos confiar no mundo, podemos aprender a confiar em nós mesmos. Confiar em si mesmo significa confiar nos próprios poderes, percepções, inrerpren1çõc~. scntimen to5 e desejos. As crianças aprendem a confiar com responsáveisdignos de confiança. Se mar:nãee papai são consistentes e previsíveis,se mamãe e papai confiam em si próprios. a criança confia neles e em s1 mesma.
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COMPORTAMENTOSDE REPETIÇAO Repetição externa
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Para compreender como a criança interior ferida repete com seus atos as carências não acendidas da infância e o trauma não resolvido, precisamos saber que a.semoçõessão as principaisforçasmodvadorasda nossavida. As emoções são o combustivel com o qual nos defendemos e com o qual procuramos atender nossas necessidades básicas (eu gosto de escrevere-moção: energia em movimento). Essa energia é fundamental. Nossa raiva nos movimenta para a defesa. Quando estamos zangados, tomamos uma posi-ção, ficámos " loucos para lutar". Com essa ràiva, nos protegemos e lutamos por nossos direitos. O medo nos move para fugirmos do perigo. O medo nos dá discernimento.Ele nos protege, informando que o perigo está próximo e que é grande demais para ser enfrentado, ele nos faz correr e procurar um refúgio. A tristeza nos faz chorar. No:.saslágrimas são purificadoras e nos ajudam a resolver-atristeza. Com tristeza. lamentamos nossas perdas e libertamos nossa energia para ser usada no presente.
Quando não podemos lamentar. não . teu:ninamos com o ado. Toda a energia emocional relativa à nossa triste~ _oy tJ.~uma s,=congela. Não resOlvida e não expressa. essa energia continuamente: prçcura se rçsolvcr. Uma vez que não pode ser exp1essa num lamento normal e saudável, expressa-se por meio do componamento anormal, Isso se chama ''repetição externa''. Minha ex-cliente Maggie nos dá um bom exemplo. Maggie via o pai, um alcoólatra furioso e violento, maltr atar a mãe, verbal e fisicamente. A cena repetiu-se continuamente durante toda a sua infância. Desde os quatro anos , Maggie era o consolo da mãe;. Depqis de set espancada pel o marido , ela ia para a cama com Maggie.Ttemcndo e gemendo, da se agarrava à filha. ,Às 'Vezes,o p'ai ia atrás da mãe e gritava com ela. Isso deixava Maggie apavorada. Qualquctt violência contra um mem b,r:oda família apavora todos os outros . A tesce.munbada violêneia é uma vítimada violênda. O que Maggie precisava, ~a infância, era expressar seu terror e descarregarsua tristeza. Mas não tinha ninguém para consolála e resolver sua dor não expressa. Quando cresceu , Magg1e pa ssou a procurar homens e mulheres que fizessem as vezes de pais amorosos para ela. Quando me procmou, tinha · ado por dois casamentos brutais é \l'ários outros relacionamentos violentos . E qual era a sua profissão? Era conselheira especializada no trata mento de .mulheresmaltratadas! Maggie estava1epetindo o c,r:aumada infância . Tomava conta de mulheres maluatadas e tinha relacionamentos com homens violentos. Tomava conta de outras, mas ninguém tomava conta dela. A energia emocional do ado, não resolvida, estava sendo expressa da iínica forma possívc:J - . ' 'repetindo as cenas da . '' . 1'of:"" anc1a Essa repetição é um dos meios mais devastadores da sabota• gem praticada . pela crian~a interior em nossas vidas. A história de Maggie é um c::xemplodramático da compulsão de repetir o ado . ''Quem sabe, desta vez eu consigo'' , diz a criança ferida que vive em Maggie. "Se eu for perfeita e der ao papái tudo que ele precisa, talvez ele se importe comigo e demonstre seu amoc e sua.afeição.'' Este é o pensamento mágico de urna criança, não o raciocínio lógico de um adulto . Quando chegamos a compreender isso, tudo faz sentido. Ouuos exemplos desse cipo de comportamento são: •
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COMO SUACRIANÇA JN,l'ERJOR FEJ(]DA CONTAMINA SUAVIDA
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• Repetição dos atos de violência contr-a outros. • Fazer ou dizer aos nossos filhos o que dissemos que jamais faríamos ou diríamos . • Regressão·etári~ espontânea - crises de raiva, distanciamento, etc. • Rebelião exag:erada . • Pàr em prácié-a r.egras idealizadas dos p,ais.
A repe:t iç,ão int~rn .a coqs.isu: e_rn repeti
e..cm si mesmo
é.ias.do ;ido. Nós nos punimos como nos pµniam na ínfância . ..::onheço umhomcr:n que se castiga sempre que comete um erro. Diz coisas como: "Seu idiot a, como pode ser tã ·o burro? " Vád as vez.eseu o vi hater no ptóprio rosto c~m os punhos fechados. (Sua mãe fazia isso com ele, quando era pequeno .) A ernoção do ad o, nào resolvida, geralmente é usada contra a própria pessoa. Joe., por exemplo, quando criança, era proibido de expressar sua raiva. Tinha muita raiva da mãe porque ela não o deixava fazer nada sozinho. Assiro que ele começava qualqueé coisa, ela corria para ele, dizendo coisâs 1 como: '' Mamãe precisa ajudar seu docinho de coco'' , ou, 'Você está fazendo direicinho, mas deixe m.amãe dar uma ajudazi nha.'' Joe itia que ate agora, já adulto, ela fazia para ele coisas que podia fazer sozinho. Joe aprendeu que d~via ser completamente obediente e qt1e expressar a raiva é pecado. Assim, Joe virou sua raiva contta ele mesmo . Como resultado, sencia-se deprimido, apáciéo, inepto e incapaz de atingir seus objetivos. A energia emocional que é repetida contra a própria pessoa pode provocar gi:avesproblemas físicos, incluindo distúrbios gascrointestinais, dores de cabeçaj tensão grave, anrite, asma. at aques cardíacos e câncer. Ser sujeito a adderues é outra forma des:setipo de repetição da violência. A pessoa provoca o acidente como uma forma de auropunição.
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CRÉNÇASMÁGICAS As criançassão mágicas. "Andar para trás é pisár na alma da ,mãe.'' Mágica é a crença de que cenas palavras, gestos ou comportamentos podem mudar a realidade . Geralmente pais negligentes ou abusivos reforçam o pensamento mágico dos filhos. Por exemplo, se você diz ao seu filho que seu éomportamentó é responsável pelos sentimentos de outra pessoa, está ensinando pensamento mágico. Algumas frases mais comuns, neste sentido, são: '' Você está ma-;:andos~a mãe" , " Veja o que você fez - sua mãe está preocupada'', ''Está sacisfeito? - fez seu pai ficar zangado!' ' Ouu a forma de reforço do.pensani~nto mágico é a frase, '' Eu sei o que você está pensando.'' Lembro-me de uma cliente com 32 .anos, casada cinco vezes. Ela pensava que o casamento ía resolver seus problemas. Se conseguisse encontrar o homem ' 'ceno ' ', rudo ficaria bem. Essa crença é mágica, sugere que algum acontecimento ou determinada pessoa pode mudar a nossa realidade , sem que tenhamo s de mudar nosso componamento . ·P.araa criança é natural pensar magicamente. Mas se a ériaoça é magoatla por falta de atendimento das suas exigências de dependência, -elajamais cresce. Será um adulto ainda concaminàd o pelo pensamento mágico de uma criança. Outras crenças mágicas contaminadoras são;
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• Se eu tiver dinheiro, estarei bem. • Se meu amado/a me abandonar. morrerei ou nunca mais farei nada na vida. 1 • Um pedaço dé papel ·(um .diploma} me fará inteligente. • Se eu "tentar arduamente ", o mundo me recompensará. • ''E sperar' ' terá resultados maravilhosos. Ensinam àsmeninas que 9s contos de fadas estão repletos de má• gica. Cinderela aprende a esperar na cozinha por um homem com o sapacinho certo! Branca de Neve recebe a mensagem de que, se esperar bastante, seu príncipe vai chegar. Em nível literal, essa história diz àsmulheres que seu desrino depende de esperar que um necrófilo (uma pessoa que gosta de beijar ou acariciar cadáver~s) apareça do bosque na hora cena. Não é um quad~o muito bonito!
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COMO SUACRIANÇA INTERI ORFERIDA CONTA!,{INA SUAVIDA
Os meninos aprendem a esperar coisas mágicas também nos contos de fadas. Muicas histórias contêm a mens agem de que existe a mulher cercaque eles devem procurar e encontr ar, Na sua procura, o hom em deve viajar par a muito lon ge, atravessando bosques escuros e vencendo dra gões perigoso s e assustadores. Finalmen te, ele vai saber,quando a encontrar , que ela é a mulher certa (por isso tan tos homens ficam ansiosos na frente do altar ). Geralmente o destino do ho mem é determinado por coisas misteriosas, como feijõ es mágicos ou espadas milagrosas. Ele pode até ter de conviver com um sapo. Se tiver a coragem de beijar 0 2!:!m"I , ::i s2p o se transform ará c u, um pd ncesã la5 rriulhc:r~~ tém sua versão da história do sapo) . Para as mulheres , a má gica consiste em esperarpelo homem cerro. Para os homens , consiste na procura incansável da mulher certa . Evidentemente , os contos de fadas operam em um nível simbólico e mítico. São ilógicos e, como os sonhos , falam at ravés d e imagens . Muit·os contos de fadas são indicações simbólicas de corno encontra.e nossa identidade masculina ou feminin ~. Quan do o processo de desenvolvimento ocorre sem pe1·calços. com o tempo sup eramos a interpretação literal dessas histórias e compree n demos seu significado simbólico. Porém, quando a criança inter ior é ferida. ela continua a interpretar literalmente os contos de fadas. Como adu ltos crianças, esperamo s magicamente e/ou pro curamo s o final perfeito, onde viveremos felizes para sempre .
DISTÚRBIOSDE INTIMIDADE Mw tos adult os crianças movem -se constantemente entre o med o do abandono e o medo de serem completamente dominad os. Alguns isolam-se, temendo serem absorvidos por outras pessoas. Outros, recusam terminar relacionamentos destrutiyos, remendo o aba ndo no. A maioria deles flutua entre os dois extrem os. O padrão de relacionamento de Herkimer consiste em se apaixonar loucamente por uma mulhe.i:. Uma vez consegujda a 1ncimidade e a proximidade, ele começa a se afastar del a. Faz isso •
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VOIJAAOLAR
elaborando , aos poucos, uma "lista de cáticas''. Geralmente os itens da lista referem-se a pequenas idiossincrasias de comportamento : Herkimer provoca, então, pequ _enas discussõessobre esse comportamento. Geralmente sua companheira se retrai e fica zangada por um ou dois dias·. Então fazem as pazes intensamente, fazem amor apaixonado e têm a .sensação de completa união. Isso dura até Herkimer se sentir preso .e sufocado.outra vez e procurar distância, provocando outra briga. Athena, 46 anos, não tem um namor-ado há anos. Seu ''amor verdadeiro'' morreu em um acidente de carro. Athena diz que, por ocasião da morte dele, eia prometeu jamais tocar em outro homem, em .honra da sua me.mória. Na verdade, Athena est~e apenas três meses com o namorado mono. Nunca dormiu com um homem em toda sua vida adulta . Sua única experiência sexual foram os cinco a~os de abuso nas mãos do padrasto, na infância. Athena ergueu muros de aço em volta da sua criao91 interior ferida. Usa a lembran ça do amigo mono como defesa, para não ter ·intimidade com ninguém. Outra mulher, com a qual trabalhei , manteve durante 30 anos u_m casamento sem paixão. O m3:rido é moJhereng0, viciado em sexo, Ela sabe de seis casos que c-1c teve (em um deles, o apanhou na cama com out ra mulher) . Perguntei por que continuou c{?Sadae·ela disse que ''amava'' o marido. Essa mulher confunde dependência com amor. Ela foi abandonada pelo pai quando tinha dois anos e nunca nµis o viu. Sua ''dependência que ela chama de amor'' tem suas raízes no medo profundo do abandono. · Em todos os casos citados acima, o problema central é a criança ferida. A criança ferida contamina a intimidade nos relàcionamentos porque não tem noção dos.eu eu autêntico . A maior mágoa que uma criança pode sofrer ê.a de (ejeiçãodo eu autêntico. QUMdo um dos p.ais não pode afirm_a~ os sentimentos, as carências e os desejos do filho, ele está rejeitando o eu autêntico da criança. Então, to.ena-se necessária a criação de um outro cu . ºParaacteditàr que é.amada , a criança ferida comporta-se da
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formaque acha que devese compona.c. EssefalSQ.t:u se des-'.llwye com o ar dos anos e é reÍorçado pelas exigênciasdo sistema familiare pelos papéis sexuais da nossa cultura.. Gradativamente. õ falso eu transforma-se naquilo que a pessoa pensa que é .
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COMO SUACllANÇA INTERIOR FERIDA CONTAMINA SUA\IIDA
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Ela esquece que o falso eu é uma adaptação, um ato baseado num sc,ciptde outra pessoa. É impossível áinwrudade sem a noção do eu. ComQ podemos companilhar ·nossa pessoa com alguém , quando não sabemos tealmente quem . somos? Como alguém pode nos conhecer quàndo não sabemos quem somos? Um dos .meios de criar uma sólida noção d0 eu consiste em estabelecer limites fortificados. Como as fronteiras de urn país, nossas fronteiras físicas protegem nossos corpos e çlão o alarme quando alguém ~e apfoximª demais ou tenta nos usar indevidam ence. Nossas 6:onceirás sexuais nos mantêm sexuaimeote protegidos e tranqüilos. (As pessoas com fronteiras sexuais fracas geralmente fazem sexo quando, na verdade, não desejam fazer.) Nossas fronteiras emocionais nos indicam . onde terminam nossas emoções e começam as de outros. Elas nos dizem quando es:ramos sentindo por nós mesmos e quando senrimos pelos outros. Temos também fronteiras intelectuais e espirituais, que determinam nossas crenças e nossos valores, Quando a criança é ferida por negligência ou por maus-uatos, súasfronteiras são violadas. Isso predispõe a Griançaao medo de ser apandonada ou ·absorvida por ourros. Qua ndo a pessoa.sabe ·quem da é, não teme ser absorvida . Quando tem a noção de auto-estima e autoconfiança, não teme ser abandonada. Sem fronceiras fortes não podemos sa,b-eronde terminamos e onde os oucros começam. Jemos dificuldade em dizer aão e·para saber ô que queremos , dois comQonamentos crµciais para estabele cer a intimidade. O clistíírbio de intlmidadé é extremamente potencíalizado pela disfunção sexual. Crianças de famílias mal estruturadas têm seu,desenvolvimento sexual ptej udicado. Esse prejuízo é causado pelo exemplo sexual deficiente na faroílill,o desapontamento do pai em razão do sexo da criança, desprezo e humilhação irnpos. • . oa íHCDri·xrocoraas rl ncccsst"dad e~{:. ",l tos a- cnança e nc:gl'1~oc12
dependênciaoarurais.ao clcsen:volvirocata da criança, O pai de Gladys nunca .estava: em casa. Seu vício pelo trabalho ó dominava completamente. Na sua ausência . Gladys criou pai de fantasia. Hoje ela está no seu terceiro casament'O. Porque suas idéias . sobre os homens são iireai s, nenhum jamais. corresp onde às .suas e:xpettativas . Jake via o pai ofender a mãe verbalmente, sem que ela .reagisse ou se que.ecasse. Jake não consegue estabelecer intimidade
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com as mulheres. Escolhe mulheres ivase cordatas e logo se desinteressasexualmente delas porque as despreza, como desprezava a mãe. Suas experiências sexuais mais satisfatóriassão quando ele se masturba, imaginando as mulheres em situaçõessexuais humilhantes. Muitas criançassabem que os pais ficaram desapontados com seu s~xoquando elas nasceram - papai queria um menino e nasceu uma menina. Mamãe queria uma menina e teve um menino. A criança começa a se .envergonhar do seu sexo, o que pode Jevar. mais tarde, a vários graus de submissão sexual. A criança vitimada pelo desprezo dos pais e pelas humilhações impostas geralmente é predisposta a um comportamento sexual sadomasoquista. A mãe de Jules, vítima de incesto, nunca foi tratada e nunca superou sua revolta contra o abuso sexual sofrido. Jules, tomando as dores dela, internalizou a fúria da mãe contra os homens. Mais tarde , ele se tornou um viciado em sexo. Tem uma grande coleção de livros e vídeos pornográficos. EJe se excita imaginando uma mulher dominante e maternal que o humilha e maltrata. As crianças precisam de uma orientação segura para realizar as tarefas de cada estágio de desenvolvimento. Quando as carências inereores não são atendidas em um determinado estágio, o desenvolvimento estaciona nesse estágio. As crianças privadas da satisfaçãodas suas carências do primeiro estágio da infância procuram a graúficaç.ão oral, que pode se manifestar, mais tarde, como uma fixação no sexo oral. A criança cujo desenvolvimento é interrompido na idade em que começa a andar, geralmente , torna-se fascinada por nádegas. A fascinação por uma parte genital chama-se ''objetificação sexual'', e reduz as ouuas a objetos -genitais. A objetificação sexuaJ é o flagelo da inúmidade . A intimidade exigeduas pessoascompletas, que se valorizemmutuamente como indivíduos. Muitos casais co-d_.ependeutespraticam o sexo intensamente objeúvado e viciado. E o único modo que a criança que vive no adulto conhece para se manter próxima de outra pessoa.
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COMO SUACRIANÇA JNlERJOR FERIDA CONTA.MINA SUAVIDA
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COMPORTAMENTOS JNDISCIPLINADOS A palavra disdplina vem do latim, disciplina, que significa •'en• sinat' '. Através da disciplina, ensinamos a criança a viver mais produtiv.tmetue e com mais amor. Como disse M. Scott Peek, a dis• ciplina é um meio de diminuir o sofrimento da vida. Aprendemos que dizer ·a verdade, adiar a gratificação, ser honesto consigo mesmo. e assumfr a responsabilidade dos própri os atos aumentam as alegrias e os ptazerés da vida. Os pais devem dar exemplo c;ieautociisciplína, em vez de fa.lar sobré ela. As crianças aprendem com os.a.tosdos pcis, não com sua~palavras, Qua .ndo os pais não dão o exemplo de àisciplina, a criança torna-se indjsciplinada. Quando os pais disciplinam rigidamente os filhos (e não fazem o que pregam), a criança torna-se superdiscipBnada . A criança interior indisciplinadi faz o adulto hesit.u , procrastinar , recusar-se a adiar a gratificação , rebelar-se. se:rvoluntarioso e obstinado ; agir impulsivamente. sem pensar. A criança superdis.ciplrnada é rígid a, obsessiva, exageradamente controlada e obedient~, gosta de agradar os qutros e é domin.tda pelo senti mento de culpa e de vergonha. Entretanto, o componamcnto da maioria do~ adultos que posstú u_ma criança fecida oscila enrr ea indisciplina e a superdisc:iplina.
COMPORTAMENTOSVICIADOS/COMPULSIVOS A ci:iança fe.c:idaque vive no adulto é a causa principal dos vícios e do componamento viciado. Eu me tornei akoôlau :a mui to cedo. Meu pai , também alcoólatra, me abandonou física e emocionalmente quando . eu c.ra pequeno. Eu me senti indign o de sua atenção e do seu tempo. Como ele nun ca esteve presente para modela r meu comportamento, nunca. roe senti ijgado a ele, nunca experimentei o que é ser amado e considerad o por um homem. Dessa maneira. nunca amei a mim mesmo como
um homem.
'!UllAAOW
Nos primeiros anos da minha adolescência, eu andava na companhia de outros meninos sem pai. Nós bebíamos e éramos devassos para provar nossa masculinich1de. Das 15aos 30 anos, fui viciado em álcool e drogas. No dia 11 de dezembro dê 1965fechei definitivamente a garrafa. Deixei o vício das drogas, mas meu comportamento viciado continuou . Eu fumava , trabalhava e comia por vício. Não tenho dúvida de que meu alcoolismo foi resultado de predisposição genética. Aparentemente existem provas de que o alcoolismo tem raízes genéticas , Porém , o fator hereditário não é suficiente para explicar esse vício. Se fosse. todos os filhos de akoólatcas seriam akoplatras. Evidentemen te, esse não é o caso. Meu irmão e minha irmã nunca focam alcoólatras . Eu ei 25 anos tn.balhando com alcoólatras e viciados em drogas. Isso inclui 15 anos de trabalho com adolescentes viciados em drogas. Nem uma vez encontrei uma pessoa cujo vício fosse puramente de natu reza química , a despeito do fato de que algumas drogas viciam com grande rapidez - v.i adolescentes ficarem viciados em crack.comapenas dois meses de uso. O faror comum que encontrei foi a criança ferida . Ela é a raiz insaciável de todo comport~ento viciado/compulsivo. A prova está no faro de que quando eu me Jivrei do vício da bebida, procurei outras formas de alteração do meu t~mperamento. Eu trabalha va, comia e fumav a compulsivamente, em razão da carência insaciável da criança que havia cm mim . Como todas as crianças de pais alcoólatras, fui abandonado emocionalmente. Para a criança, o abandono é morte. A fim de atender meus dois requisitos básicos de sobrevivência (meuspais são6cimose sou imporca.nre para eles), tomei-me o maódo emo• cional da minha mãe e o pai d os meus irmãos mai s novos. Aiudarminha mãe e os outros fazia-me acreditar que eu estava certo. Disseram-me, e eu acreditei , que meu pai me amava , mas era doente demais para demonstrar e que minha mãe era uma santa. Tudo isso disfarçava minha idéia de que eu não valia o tempo dos meus pais (vergonha tóxica). Meu material central era composto de percepções selecionadas. sencimenr~ reprimidos e crenças falsas. Esse era o filtro através d o qual eu in terp retava todas as novas experiências da minha vida . Essa adapta ção primitiva me permitiu sobreviver à infância, mas era um filtro fraco demais para a sobrevivência de um adulto . Aos 30 anos fui parar no Ho spital do Estado, cm Austin , depois de 17 anos de alcoolismo .
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COMO SUACRIANÇA INTERIOR FERJDA CONTAMINA StlAVIDA
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Quando reconhecemos a criança ferida que vive em nós como o cenuo do comportamento viciado /compulsivo, podemos ver o vício em um contexto muito mais amplo , O vício é o relacionamento patológico com qualquer forma de alteração do tempera mento, com conseqüências que representam risco de vida. Os vícios de ingfSCâo são os modificadores mais dramáticos do temperamento. Alcool , drogas e alimentos possuem um potencial químico inerente p;lra alterar o temperamento. Mas o_ssentimentos podem ser mudados de muitas outras formas. Gosto de falar de vício de acividad~. vício cognidvo. vício de senr:imencose vício . co1sas ' ae . Os vícios de atividade incluem trabalh o. fazer compras, jogo, sexo e rituais religio sos. Na verdade , qualquer atividade pode ser usada para alterar os sentimentos , As atividades alteram as sensações por meio da distr.zção. Os vícios cognitivos são um meio podero so de evitar as sensações. Eu vivi denuo da minha cabeça durante anos. Eu era professor de urna universidade . Pensaroode ser uma forma de evitar ~ociment os. Todos os vícios têm um componente de pensamento, que é chamado obsessão. Os sentimentos podem também ser um vício. Eu fui um viciado no sentimento de raiva durante muitos anos. A raiva, a única fronteira que conhecia, clisfarçava minha der e minha vergonha. Quando eu dava expansão à minha raiva, sentia-me forte e p oderoso, não ma.is vulnerável e impeitente . Provavelmente todos nós conhecemos alguém viciado em sentir medo. Os viciados em medo tém uma tendência para ver catásuofes e horrores em tudo. São os eternamente preocupados, que deixam os outros loucos . Cenas pessoas adquirem o vício da tristeza e/ou da lamentação. Não parecem ma.is estar tristes, elas são a tristeza . Para elas, a tristeza é um modo de ser. As pessoas que mais temo são os viciados em alegria . São os bons menino t e meninas que eram obrigados a sorrir e estar sempre alegres . E como se tivessem um sorriso congelado nos lá• bios. Os viciados da alegria jamais vêem _as coisas ruins. Sorriem quando contam que sua mãe morreu ! E sinistro , Coisas também podem str objetos de vício. O vício do dinheiro é o mais comum. Entretanto , qualquer coisa pode setornar uma preocupação constante, e como tal , fonte de altera ção.
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YOl!AAOLAR
No âmago da maioria dos vícios, independente dos fatores genéticos, está se~pre a criança ferida, em estado de carência constante e de insaciávelprivação. Não precisamos conviver.muito tempo com um viciado para descobrir isso nele.
DIS10RÇÕES DO PENSAMENTO O grande psicólogo do desenvo1vímeoro, Jean Píagc~. chamou as crianças de "estranhos cognitivos". Elas não pensam como os adultos . As crianças pensam cm função do absoluto. Essa característica do pensamento infantil manifesta- se numa polaridade de "tudo ou nada". Se você não me ama, vocé me odeia. Não existe meio-termo. Se meu pai me abandona, todos os homens vão me abandonar. As crianças são ilógicas. Isso se manifesta por meio daquilo que foi chamado de " raciocínio emocional". Eu sinto de uma certa forma, logo deve ser assim. Se me sinto culpado , devo se( um a pessoa má. · As crianças precisam de modelos saudáveis para a.prender a separar o pensamento das emoções - para pen sar sobre os senti mentos e sentir sobie o pensamento . O pensamento egocêntrico da criança se manifesta por meio da personalização de tudo. Se papai não tem tempo par~ mim , é porque não sou bom, há alguma coisa errada comigo. E assim que a criança interpreta os maus-tratos. O egocentrismo é uma condição natural da infância, não um sinal de egoísmo moral. A criança simplesmente não é capáZ de aceitar o ponto de vista de outra pessoa. Quando as necessidades de dependência do desenvolvimento não são atendidas, o adulto é contaminado por essemodo de pen sar da criança que vive nele. Muitas vezes ouço adult os expressando essaforma de pensar contaminada pela infantilidade . ''América, cena ou errada' ', é urq bom exemplo de pen samento absoluto. Conheço várias pessoas que têm problemas financeiros em raz-ão do pensamento emocional. Acham que o fato de querer uma coisa é motivo suficiente para compr á-la. A criança que não
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COMO SUACRJ ANÇAINTERJO"R mIDA CONTAMJNA SUAVID A
apren de a separar os pensamento s da s em oções, quando adulto , usa o pensamento como uma maneira de evitar emoções dolor osas. Separam a cabeça do coração, p or assim dizer . Dois padrõe s comuns dessa distorção do pensamento são a universah'zaçãoe o uso do detalhe. A universalização nã o é, p or si só, uma forma distorci da de pensamento. Todas as ciências abstratas eicigem esse processo, bem com o o uso d o pen samento abstrato . A universaljza ção torn a-se ~ma distorção do 2ensamenco quando a usa mos pa ra encobrir nossos sen cimentos. Muitos gênios académicos são completamenn · in capaze s de dirigir sua vida cotidia n a. Uma for ma extremamente distorc-e universaliza ção é a tendê ncia para prever desgraças imaginanas . Fazemos isso quan do críamo s hip óteses so bre o futuro. ''E se não tiver nenhum dinheiro sobra~ d o no In stitu to de Ap osentador ia quando eu m~ aposentar ?'' E uma idéi a terrível , que detona o me do. Uma vez qu e esse pe nsament o não é um fato, mas mera hipótese, a pessoa literal mente está assustando a si me sma. A criança interior ferida, freqüen te m en te, pensa assim. Como aconte ce com a univer sali zação. a capacidade de se ate r aos detalhes pode ser um a importante acivjdade íntelecrual. Não há nada de errad o em pensar detalhada e completamen te ern alguma coisa. Porém , quando essa capacidade é usada para nos distrair d e sentimentos dolorosos, torna-se uma distorção da realidade de nossa vjda. O comportamento p erfeccionista com pulsivo é um bom exempl o - a pessoa deixa-se absorver pelos ,detalhes com o am meio de evitar seus sentimentos de in capacid ade . ,· · Pod e.m os ouvir exemplos de pensa~~nco ,egocê~ttico em qu alquç r 'lµgare a qual 'quer moment o. Recentemente , ouvi a conversa de um casal· em um avião . A mulh er e.,:amin-avaos plano s de férias na revista da companhia aérea. ln ocente m tnte ela disseque sempre desejou conhecer a Au strália . O homem respon deu . zangado, '' Que diabo voe~ espera de mim . Eu me mato de tant o trabalhar.' ' A crianç~ ferida achou que ela o estava julgando como um inadequado provedor finan ceiro simp lesme nte porque ela queria ir à Austrália .
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VOm.AOW
VAZIO.(APATIA,DEPRESSÃO) A criança ferida conta.mina também a vida do adulto com uma depressão crônica, sentida como um vazio. A depressão é causada pelo fato da criança ter de adaptar um eu falso, abandonando seu verdadeiro eu. Esse abandono do verdadeiro eu cria um espaço interior vazio. Chamo a isso de fenômeno do " buraco na alma' '. Quando a pessoa perde o eu autêntico, perde contato com seus verdadeiros sentimentos . carências e desejos , que são substi!Q._'ser tuídos pelos sentimentos exigidos pelo fals~o eu . Por ex½..mp 1 bonzinho" é um comp one nte comum do f~o cu . Uma 'mu.lher boazinha'' nunca expressa raiva nem frustração . Ter um falso cu é viver repre~ntando.O verdadeiro eu nunca está presente . Uma pessoa, cm período de recuperação, descreveu isso do seguinte modo: ' 1É como se eu estivesse do lado de fora, vendo a vida ar.' ' A sensação de vazio é uma forma de depressão crônica , poi s a pessoa está permanentemente lamentando a perda do verdadeiro eu. Todos os ~dulto s crianças experimentam graus variados de depressão crônica moderada. O vazio ·é sentido também corno apatia. Como conselheir o, mui tas vezes QUÇO adultos crianças queixando-se de que suas vidas são desint e,:essantes e sem sentido . Para elas, a vida é uma espécie de ausência e não podem compreender o entusiasmo das outras pessoas por certas coisas. A grande analisu juoguiana, Marion Woodmao, conta a história de uma mulher que foi ver 10 Papa por ocasião da visita dele a Toronto. Ela levou um equipamen to fotográfico variado e com plicado para fotografar o Papa. Ficou tão ocupada com o equipamento que só conseguiu uma fotografia quando o Papa ou por ela. A mulher não viu o Papa! Quando revelou o filme, viu que o homem que a acompanhava aparecia na fotografia, mas ela não. Ela ficou complecamence ausente da experiência. Quan do o adulto criança é feódo. nós nos sentimos vazios .e dtimidos._A_yjda adquite umaaura de irrealidade . Estamos ~ -r.amas dcouo da..tida,O vazio levaao sentimento de solidão . Potqucnão somos nun ca quem somos , nunca escam.o~p.lC.S..C1!tes. E esmo ue outras essoas nos ireme gostem da nossa convivência. estamos sempre sozinhos .
COMO SUACRlAi\lÇA JNT.ERIOR FERIDA CONTAMINA SUAVIDA
Eu me senti assim durante grande pane da minha vida. Sempre conse'guía ser o líder de qualquer grupo para o quai entrasse . Tinha sempre . muita gente à minhá volta, elogjando e irando. Entretanto, nunca me senci re almente Hgadó a ningué m. Lembrome de uma noite em que estava fazendo uma p~estra na Universidade de St. Thomas , O assunto era a interpretação de Jacques Matitain da doutrina tomista sobre o mal . Naquela noite eu estava bastante eloqüente e com o raciocín io agu çado. Quando sáí da sala, fui saudado com uma ovação da platéia, todos de ~é. Jj:mbro-me e){a~3:IDenredo que senti. Eu queria acabar com ::.:-::1nnasolidão e o pJe:.;,;vazio. Pensei en1 suicfd iol Essa e*peri ·ênEÍa expliea também como a criança ferida contamina o adulto com seu egocenrrismo. Os ad ulto s crianças são completamente absortos em si mesmos. Seu vazio é como uma dor de dénte crônica, só podem pensar e_m si rnesmos . Como terapeuta; muitas vezes me exaspe(o quando tenho de lidar éom o egocentrismo desses clientes. Sempre digo aos meus amigos conselheiros que se eu estivesse fugindo de um incêndio no me\!l escritório, alguém ia chega! e dizer : ''O senhor tem um minut ó?'' Essas categorias de contamina~ão cobrem quase todas as áreas da servidão humana. Af.inhaesperançaé que v0cê po ssa ~r quais
os assun•tos •sérioJ a câanç.3.ferida - que vive oo seu íntim o concinu:1a apresencãrna sua vida de adulro: Para aj.udar a dete rminar o mal que essa criança pode estar causando, (esponda a estas perguntas cóm sim ou não.
QUESTIONÁRIO DA CRIANÇA:FERIDA As perguntas desta seção permitem uma visão geral do quanto a criança que há em você está ferida ou magoada. Na seg.unda pane. apresento um índice mais específico de suspeitas para cadà estágio de desenvolvimento.
A. IDENTIDADE L Sinto-me ansioso/a e temeroso /a sempre que tenho de fazer alguma coisa nova. Sim ... _.. _, Não ...... ..
)O
VOtrAAOLAR
2. Gosto de agradar as;pessoas (uma pessoa legal,) e não tenho
identidade própria. Sim........ Não........ 3. Sou um/a rebelde. Sinto-me vivo/a quando estou em conflito.
Sim......... Nãç,........ 4. Nas profúndezas do meu eu secreto, sinto que há alguma 5.
6. 7. 8.
9. 10,
i1. 12.
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14. 15.
J6 .
coisa errada comigo. Sim........ Não ........ Tenho mania de guardar tudo, é dífícil para mim me desfa. zer de alguma coisa. Sim........ Não ........ Sinto-me inadequado/a como homem/mulher . Sim........ Não,...... . Sinto-me confuso/a sobre miaha identidade sexual. S11n........ Não ....,... Sin.to-me culpado/a quando defendo meus pontos de ".ista e teria preferido ceder sempre. Sim........ Não ....... . Tenho dificuldade em começar alguma coisa. Sim,....... Não ........ Tçriho dificuldade em te.r.m,i 'nar.as coisas. Sim........ Não ........ Raramente tenho um pensamento realmente meu. Sim........ Não ........ Estou sempre cricican·do minha incapacidade. Sim ....... . Não ........ Consiq,_ero-meum/urna grande pecador/a e renho rnedo de ir para o inferno. Sim........ Não...... .. Sou rígido/a e perfeccionista. Sim....... , Não ........ Sinto que nunca conespondo às expectativas, nunca faço a coisa certa. Sim........ Não ...... .. Sinto-me como se não soubesse o que quero realmente .
Sim........ Não........ 17. Sinto-me impulsionado/a a ser um/a grande realizador/a.
Sim........ Não ....... . 18. Acredito que só tenho valorquando praáco sexo.Tenho medo de ser rejeitàdo/a e abandõnado/a se não for eficiente nessa atividade . Sim........ Não ...... .. 19. Minh,!.vida é vazia. Sinto-me deprimido/a a maior parte do tempp. Sim ........ Não ...... .. 20. Não sei realmente quem eu sou . Não tenho certeza de quais são os meus valores nem do que penso sobre as coisas. Sim ........ Não ........
COMO SUACRIA.°1'.JÇA IN1ERI ORFERIDA CONTAMINA SUAVIDA
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B. EXIGÊNCIAS BÁSICAS l. Não renho contato com as necessidades do meu corpo. Não
sei quando estou cansado/a, com fome ou com vontade de fazer sexo. Sim........ Não........ 2. Não gosto de ser tocado/a. Sim........ Não........ 3. Geralmente faço sexo sem ter vontade. Sim........ Não........ ·1. Tive ou tenho atualmente distúrbios digestivos. Sim........ Não........ 5. Sou viciadoia em sexo oral. Sim....... Não ........ G. R:i.rn.menc f' sc:i o que estou sentindu. Sin......... : ·:iu..... .. 7. Envergonho-mesempi:eque fico zangado/a. Sim ........ Não........ 8. Raramente fico zangado/a, mas quand o acontece, sou uma fúria. Sim......... N ão........ 9. Tenho medo da raiva de outras pessoas e sou capaz de qualque r coisà para controlá-las. Sim........ Não...... 10. Tenho vergonha de chorar. Sim........ Não ....... 11. Tenho vergonha de ficar assustado/a. Sim ........ Não........ 12. Quase nunca demonstro emoções desagradáveis. Sim........ Não........ 13. Sou obcecado/a por sexo anal. Sim........ Não........ Vf. Sou oôcecado/a por sexosadomasoquisc_a,Sim ........ Não........ 15. Tenho vergonha das funções do meu corpo. Sim ........Não........ 16. Sofro de penu rbações do sono. Sim ........ Não........ 17. o mui.to tempo olhando pornografia. Sim........ Não........ 18. Tenho me exibido sexualmentede forma a ofender ouuas pessoas. Sim........ Não ........ 19. Sinto-me sexualmente atraído por crianças e tenho medo de ceder a essa atração. Sim........ Não........ 20. Acnidito que comida eiou sexo são minhas m.aiores necessidades. Sim........ Não........ C. SOCIAL Basicamente desconfio de todos, inclusive de mim mesmo. Sim........ Não........ 2. Fui casado/a ou estou casado/a com um/a viciado/a. Sim.....-.. N -ao........ 3 Sou obses~ivo/ae conuolad or/a nos meus relacionamentos. Sim........ Não........
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VOtrANJlAR
4. Sou viciado/a. Sim ..... ... Não ....... . 5. Eu me isolo e tenho medo das pessoas, especialmente, dos representantes da autoridade. Sim........ Não ....... . 6. Detesto ficar sozinho/a e sou capaz de qualquer coisa para ter companhia. Sim.. ...... Não ....... . 7. Geralmente faço o que os outros esperam que eu faça. · Sim ........ Não...... .. 8. Evito conflitos a tod o custo. Sim ........ Não ...... .. 9. Raramente digo não e sinto que as sugestões dos outros são como orden s a que devo obedecer. Sim ........ Nã o....... . 10. Tenho um exagerado senso de x:espon sabilidade ; é mai s fácil para mim me preocupar com outra pessoa do que comigo. Sim ........ Não ...... .. U . Geralmente não digo 11ãoe depoi s me recuso a fazer o que os outros pedem, usando uma variedade de meios manipulad ores, indiretos e ivos. Sim ........ Não ...... .. 12. Não sei resolver conflitos com outras pessoas. Ou domino meu oponente ou me afasto dele completamente . Sim ........ Não ..... ... 13. Raramente peço explicação de
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CAPÍTUID 2
COMO A CRIANÇA MARAVILHAQUE VIVE EM VOCÊ FOI FERIDA .H ouve um tell'ipb cm que o prado, os bosques e os regatos A tctra e toda 2. paisagem nariír~ . Para mim p:ueciam VC5iidasde luz. celcsêi~. A glória e a n0vídade de um sonho ,Não é :hoje como :mrigamemc Para qu~quer lado que cu olhe De noite ou de dia. As coisas que cu vía não posso ver mais. - - William WordswoCTh
Quase todo mundo alegra-se quaqdo vê um bebé . Até o ma.is rabugento pode se comover com. o balbucio 'de uma criança. As crianças, natUralmente repletas de maravilha, são espontâneas é vivem o agora. De certa maneira , estão ~~das no agora. Usando '.a palavra wonâerful, que cm inglês quer dizer maravilhoso, eu faço um perfil da criança maravilh a. Cada letra _rep.resenta uma das suas caractcásticas natu .ra.is.
Wonder - M·aravilha Optimism - Otimismo Nai'vecé- Ingenuidade Dependence ·- Dependênci a Emo.rions -
Emoçõe s Resüie11c e - Capacidade de recuperação Free Piay - Liberdade pará brincar Un.iqúeness- Originalidade Lave - Amor ,
• VOil'A N:JLAJl
MARAVllHA Tudo é interessante e estimulante para a criança. Ela se maravilh a com todos os seus sentidos. Esta é uma manife stação da necessidade inata que tem toda criança de saber , experimentar e explorar. olhar e tocar. A curiosidade leva o bebê a descobrir as próprias mãos, o nar iz, os lábi os, os órgãos genitais , os dedos das mãos e dos pés e, finalmente, ,à descoben .a do próprio eu. A experimentação e a exploração podem criar problemas para :..~~iança. S:: os pais ri~·::ra.inde ini bir o próprio sentimento de;. maravilha, na infincia, tentarão inibir o do filho também. Isso f az com que a criança se feche em si mesma, ando o temer a exploração e qualquer risco. Para essa criança, a vida torn a-se um problema a ser resolvido e não uma aventu ra a ser vivida e ela a a ser desinteressada, sempre à procura de segurança. A capacidade para se maravilhar e a curiosidade são cruciais para o crescimento e a adaptação. Elas imp ulsionam a criança na direção do conhecimento básico do mundo e dos instrumentos de sobrevivência. 0 sentimento de maravilha e a curiosidade são componentes da energia vital que nos conduz na direção de horizontes sempre em expansão. Precisamosdessa fagulha de vida - é indi spensável para o crescimento conónuo e essencial para o trabalho do poeta, do artista e do pensador criativo. Nosso senso de maravilha e nossa curiosidade fotjam uma espécie de interesse entusiasta que detona a expectativa de que ' ' mais está por vir''. Tanto.Charles Darwin quanto Alben Einstein eram repletos de um senso de maravilha e de uma curiosidade infantil sobre os mistérios que estão além dos mistério s do mund o.
OTIMISMO A fagulha vital e natural da criança a leva a explorar de um 010do otimista.Se seus responsáveis forem, ao menos um pouco, previsíveis, a criança a a confiar no mundo exterior para atender às suas necessidades. As crianças acreditam naturalmente que o
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COMO ACRIANÇA M.UAVllHA QUEV1VE EMVOCÊ TOIFWDA
mundo é amigo. Elas têm esperança, tudo é possível e está na sua frente . E~c o fian a e esse otimismo inatos form~_pa ~ .central dos dons naturais e são os pilares do que chamamos de "fé infantil". Devido a esse estado natural de otimismo e de confiança é que a criança pode ser tão ferida por seus responsáveis . Quando uma criança confia completamente, ela é vulnerável à violação e ao abuso. Ao contrário dosoutros animais, o bebê humano não possui um "sistema instintivo computadorizado" para indicar o que el~ deve fazer. As crianças precisam aprtnd er e esse aprendizad o depende dos çiY:e sã res_pon siveü p.9r elas. A criança desenvolve forÇ2Sinteriores como resultado da sua interação com os adultos que tomam conta dela. O plano da natureza predispõe a criança a um preparo imediato, de acordo com a idade, para o desenvolvimento de cada força inte-
rior. Quando a criança é maltratada e envergonhada , a abcnura do seu esP.írito para o mundo e sua confiança são prejudicadas . O elo que lhe permitia confiar e seguir cm frente com otimi smo é cortado. Não confiando mai.s_m_~~tJ.IW~Os que tomam conta dela torna-se mais vi ilante e iosâ e essa ruptura for repet i: toma-se_pessi_qyga.Pef,c,i~a noção da com frc üêncía a cri de esperança e começa a acJcditar ~u~.,tem de ser man ieulado~ ara consç_gug,_Çjuc sej,?-m~wfuias..suas _nec..c ..s..si dadcs . Ao invés de usar sua energia para a interação direta com o mundo , a a usá-la para fazer com que os adultos façam por ela o que pode muito bem fazer sozinha. O otimismo e a confiança são a alma da intimidade . Precisamos correr o risco de sermos vulneráveis paraconseguirmos a intímidade. Entretanto, uma vez. que não podemos obter todos os dados necessários para confiar em aliuém de forma absoluta, temos de enfrentar o risco de confiar nas pessoas em um ponto determinado. Precisamos tambémde Qcimismo nasnossas vidas. _çom de vemos a realidade comoalgoquepode rer um valor positivo. O otímismo nos faz ver o lado claro - ver a rosguinha
e não o buracoque ela tem no çcntro,
INGENUIDADE A ingenuidade infantil é parte do encanto e da atração da criança, e é o cenuo da sua inocência. _As crianças vivem o agora e são orientadas para o prazer. Aceitam os "est ranhos enigmas" da vida. como diz Christopher Morley. Sua ''estranha dirindade'' é o resultado da ausência completa da no ção do bem e do mal . As crianças são orientadas para a vida . No princípio, seus movimentos não têm direção. porque são tão interessadas por tudo que a escolha torna-se difícil. Devido e essa falta de direção, tod ,. criança entra em lugares proibidos, toca coisas perigosas e experimenta coisas que são veneno, d aí precisar de atenção e cuidado constantes, e é por isso que os pais ou responsáve is devem fazer a casa '' à prova de criança '' . Isso exige tempo e atenção dos adultos. e até o mais normal e saudáve l às vezes perde a paciência. É claro que a criança fica surp resa e confus a quando o adu lto a repreende; afinal, o que ela estava fazendo era tão interessante e tão delicioso. Quem toma conta de criança deve ser paciente e compre en sivo. -Sem essas qualidades , os pais sempre esperam demai s dos filhos. Na maioria do s casos de maus-tratos de que tive noticia. o pai, ou a mãe, acreditava que a criança escava agindo deliberáda e maliciosamente. Esperava que o filho fosse muito mais amadurecido do g,y_~gria P..QSll~p,.m_sua idad~. A tendência para se aventurar cm territóri o proibido sempre é citada como prova de perversidade natural da criança. Foi argumentado que essa perversidade inata é o resultado do pecado original cometido por Adão e Eva. A. doutrina do pecado original tem sido a fonte principal de muitas práticas cruéis e repressivas na educação das crianças . Todavia, não exist e nenhuma evidência concreta de qualquer forma de depravação inata na . cnança. O oposto disto é a superproteção da ingenuidade e da inocência da criança, que é a fonte da ingenuidade problemática nos adultos. Lembro-me de um seminarista, a um ano da sua ordenação, que acreditava que as mulheres tinham crês abercuras nos órgãos genitais! Sei ca.mbém de muicas mulheres que nunca foram informadas sobre o sexo e que entraram em _pânicoquando menstruaram pela primeira vez . .
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COMO ACRIANÇA MARAVILHA QUEVIVE ai VOCE FOIFERIDA
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As cria!}ç~_P-od~~ t~bém aprender a manipu.Jar com ingenuidade e inocênçíafing_i_d.~. Fazer-se de bobo é uma das formas.O ato da ' 1lou,:á burra" ê um clássico da falsa inocência no adulto. ~as crianças que temem o abandono , o choro histérico ou o pedido insistente de alguma coisa são .meios de bancar o .bobo. Essecomportamento permite que a Griançanão cresç;tnunca , _n_uncatenha responsàbilidad e. nunca precise correr riscos, A 1ngenuidade e a 1nocênaa da sua cnança maravilha podem ser um ponto positivo no proçesso de recupe.ração. A ing ~_nuidade é o ingrediente J1ti.nci J;>~da dor.:ili_d;ide - o estado de poder ser cnsin:i.ck,.Quanuu voc_c derena~ a c• aoça ferida que. yive em vócê. essa ériançaro;traiilha aparece, ocê e sua criança maravilha podem aP.render juntos a criar experiências novas e revigorantes .
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DEPENDENCIA As crianças são dependentes e carentes por natureza , não pores colha, Ao contrário do adulto , a criança não pode satisfazer suas oecessidad~susando os recursosprópr jos, pon;mto cem de depender dos outros para isso. Infelizmente , essa ciependência é sua maior vulnerabilidade . A crim9a não sabe o que precisa nem o que sente. Para o melhor ou para o pior , sua vida é moldad a, desde o iorcio, pela capacidade dos que toman;i conta dela de conhecer e atender as exigências de cada estágio do seu desenvolvimento. Se os pais ou responsáveis têm dentro deles uma criança ferida , sua própria carência far,á com que não atendám à carência dos filhoS,.Eles ficarão irritados·com as exigências na rurais da crian• ça ou tent~ão supúr as próprias carências, fazendo do filho uma eXtensâo deles mesmos. · A criança maravilha é dependente porque está em processo de maturação. ou de ''amadu recimento''. Cada estágio de desen voJvimento ê um o na direção do amadurecimento completo. Se .as ncc.essidades da criança não foram atendidas o.a seqüência natural ela segue sem os recursos necessários para atender às cx.igé:nciasdo está,gioseguinte. Um pequeno erro no início pode ter conseqüência,s duradouras mais ta.rde.
VOIIAADW
A vida humana saudável tem como caracteástica o crescimento contínuo . & características da criança acima descritas sentimento de maravilha, dependênci a , curiosidade e oti mismo - são de importância crucial para o crescimento e o desabrochar da vida humana. De cena forma, continuamo s dependente s durante toda a vida. Sempre precisamos de amor e de interação. Ninguém é aut osuiiciente a ponto cie não pre cisar dos outr os. A a sp_çndên cia da.. ossa crian a maravilha nos ermite formar relacionamento s e tomar com romissos. A medida ue ficamos maÍsv elhos recisa_mos qu e precisem de nós. Em algum ponto do crescimen to saudável nos tornamo s capazes de crar e de tom ~"ª-.práp úa vida. Podemos di~r que esta é a nossa vocação cvoluth :a, Naxe.c -_ ~~de, é uma questão_dc e uilíbri o entre a de en dência e a não dependência. Quando a crians;a inter ior foi ferida por negligência no atendimento das suas necessida des de depe ndê ncia próprias do desenvolvimeo .to elase isola e se afastaou recusase afastar e se envolve em problemas .
EMOÇÕES Duas emoções são exclusivasdo s bebê s human os - o riso e o choro. O antropólogo A.shley Mootagu escreve: ''É natural à criança rir e ver humor cm todas as coisas, sejam das reais, imaginári as ou criadas por da. A criança delicia -se com a comicidade.'' O humor é um dos seus primeiros e mais naturais recursos. Os filósofos, há muito tempo, cham;i.ram a atenção para o fato de q uc só o homem tem " o dom do riso " (a capacidade de rir) . O senso de humor cem valor de sobrevivência.A vida é mai s suponá vel para quem tem sensode humor.Como conselheiro, posso sempre de_!:iniro momento em que meus cliente s começam a melhorar. E quando dem onstram senso de humor para com eles mesmos. Deixam de se levar tão a sério. Segundo Moncagu , as crian ças têm senso de humor mais ou men os a partir de 12 semanas de vida. Olhe nos olhos e no rosto de u1n bebê amado e acariciado, e você verá essa alegria natural . Obse rveum grupo de crianças brincand o e ouvirá o prazer pu ro do seu riso. •
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COMO ACRJANÇA MARAVILHA QUEVIVE-EM VOâ FOIFERII)A
A felicidade e o entu siasmo de uma criança podem ser cortados Iapidamente. Se a criança ferida de um dos pais teve seu riso sufocado, ele sufocará o riso do filho. Esse pai , ou essa mãe, dirá ao filho: •'Não ria tão alr.o.'' ''Pare com esse barulho.'' '' Pare de ser tão desordeuo.'' ''Já nos divertimos demais' ', e assim por diante. Durante muito temp o perguntei a: mim mesmo por que eu tinha tanta dificuldade para uma boa risada, para dançar ou cantar. Fazia tu do isso muico bem quand o bebia . Mas, quando escava sóbrio, era como se meus músculos estivesst:m congelados. Qua ndo se reprin1en1o riso e a alegria de um ::icriança. ela aprende a ser sombria e estóica. Tipicamente, elas vem a ser pais. professores ou pregadores severos e ágidos , que não toleram a alegria e o riso alto das crianças. O outro lado do riso é o choro. '' Sua alegria é sua mágoa sem máscara". diz o poeca Kahl il Gibran . " O mesmo poço de onde vem seu riso eStá muitas vezes repleto de lágrimas.' ' O homem é o único animal que chora. (Ourros animais choram, mas não derramam lágrimas.) Segund o Ashley 11onragu, o choro nos serve social e psicologicamente da mesma maneira que o riso. Assim como o riso e a alegrja nos atraem, o choro desIsso cem um V?.· Rerra nossa compaixão e nossoioscínro proreror. lor especial de sobrevivénc.ia para o bebé human o. Seus balbu cias de alegria e sua risada espontânea nos atraem , escabelecendo o e!o simbiótico que toda criança precisa. As lágrimas são os sinais de sofrimento que nos levam a ajudá-lo e consolá-lo, Assim como expressões emotivas provocam uma resposta nas outras pessoas, o riso e o choro provavelmente tiveram um a forte influên cia no desenvolvimen to das comunidades humanas auavés dos séculos. O choro, especialmente, tem desempenhado um papel poderoso na nossa evolução como criaturas comivas. A '' liberdade para chorar'', escreveMoncagu. ' ·contribui para a saúdedo indivíduoe aprofundanossocoxolvimenro no bem· estar das outras pessoas.'' Criânças que ouvem que é vergonhoso chorar são profundament e prejudicadas no seu desenvolvimento. Na maioria das fa. rnílias. o chor o das crianças des ena a uísteza não resolvida da criança crida gue existe nos pais. A maioria dos adulros crianças teve seu e.hora reprimid o.
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At.ravés dos tempos, os pais têm sistematicamente reprimido o choro dos seus filhos, cenos de que isso contribuirá para fortalecer o espírito da criança. Esse conceito é falso. Este livro não seria necessário se muitos de n6s tivéssemos rido liberdade para chorar . O que chamo de trabalho da •'dor original '' é o trabalho do sentimento de perda que é a chave para a recuperação da criança ferida que vive em nós .
CAPACIDADEDE RECUPERAÇÃO
I
É a capacidade de reagir ao sofrimento causad o peio amb iente em que vivemos. As crianças são naturalmente resistentes e quanto mais novas, mais capazes de reagir positivamente . Observe uma criança que aprende a comer ou a andar e verá claramen te essa qualidade . Eu observei as tent ativas de uma criança de 20 meses para subir em um sofá. Várias vezes, quando escava quase conse guindo, ela crua para trás. Uma ou duas vezes, ela chorou por alguns momentos, depois volcou à conqui sta do objeti vo - subir no ·sofá. Ao fim de pel o menos cinco tentativas, da conseguiu. Ficou sentada , por alguns minutos , saboreando a vitória. Qua ndo meu cachorro, que é grande , entrou na sala. a criança o observou durante um tempo e depois desceu do sofá para investigar a criatura estranha. Quando ela chegou peno , o animal a empurrou de leve, para brincar . Ela não gostou e bateu no focinho do cachorro! Ali estava um cachorro que tinha três vezes seu tamanho e ela o agrediu! Isso é coragem , sob qualquer ponto de vista. Na verdade , todas as crianças são corajosas. Nós, os adultos, somos gigantes, comparados a elas. Ao invés de interpretarmos sua teimosia como depravação ou mau componamcnto, devemos vê-la como coragem . As crianças são resistentes e corajosas. A palavra corajosovem do latim cor (coração). As crianças têm coração. São aventureiros corajosos. O grande psjc61ogo adlerjano , RudoJf Dreikurs acreditava que todas as crianças malcomportadas são desencorajadas.Tendo perdído essa força do coração, elas am a manipular para conseguir o que precisam. A flexibilidade de comportamento , intimamente relaciona da a essa capacidade de recuperação, permite que a criança aprenda
COMO AOJANÇA MARAVUHA QUEVIVE EMvocê Kll FDJDA
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comportamentos de resposta a qualquer padrão de socialização ao 9ual seja exposta. Essa flexibilidade é uma caracreástica específica do ser humano, e é uma indicação imponante de saúde mental. A flexibilidade e ~~ncia sãotambémresponsáveis pela nossa capacidade de adaptação a ambientes e modos não saudáà criança interiorferiveis. Togosos comporramtncos atribuídos da são comportamentos adaptados. Sua flexibilidade. e sua resistência a ajU93!ª-1Da sobreviver à doença, àspenurbaçõ es e ao abandono emocional . Mas é uma ena ue tenhamos de usar nossa energia dinâmica e de resistência pata sobreviver e não para crescer e formar uma identidade real. Uma vez que essa capacidade de recuperação é uma característica cenu:al do nosso verdadeiro eu, podemos trazê-la de volta quando recuperamos e defendemos a criança interior. Isso leva te mpo. porque a criança ferida precisa aprender a confiar na proteção do adulto. Quando se sente protegida e segura , sua capacj. dade para se maravilhar e para se recuperar começa a aparecer e logo florescem completas e ativas.
LIBERDADEPARA BRINCAR As crian as têm um senso natura,1 de liberdade e uando se sentem se uras movimentam-se com rande es ontaneidade . Essas qualidades -liberdade e espontaneidade - · formam a estrutura do brinquedo. Platão viu o modelo do verdadeiro ato de brincar na necessidade que a criança tem de darpulos,um movimento usado para os testes dos limites da gravidade. O brinquedo espontâneo é o modo pelo qual a criança transcende a repetição do mero hábito. Quando crescemos, aos poucos perdemos de vista essa capacidade de brincar e a considel'amos uma atividade fdvola. Está certo para as crianças, mas não para os adultos. Na verdade, a maioria dos adultos considera o brinquedo como ócio e o ócio como a proverbial ''oficina do demônio'· . Infelizmente, nos Estados Unidos o brinquedo livre e espontâneo foi corrompido e transfor .mado em um incentivo agressivo para vencer. O brinquedo livre e espontâneo autênáco é uma atividade de puto prazer e encanto. Nos estágios mais avançados
VOIJ'A N>lAR
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do desenvolvimento, pode ser usado pelo prazer que nos proporcionam a habjlidade .e o espírito esportivo eicigidos por determinados jogos. O brinquedo livre (az parte da essência da nossa natureza . Todos os animais brincam, mas o brinquedo da criança tem um alcance muito mais amplo. Ashley Montagu escreve: '' O brinquedo da criança é um salto dajmagjnação p~a muito além da capacidade das outras criamras.'' A imaginação desempenha um papel essencial ·nos brinquedos das crianças. Lembro que minhas criações imaginárias da infância eram. quase todas, prepa,:açôes para a v1da de adulto - brincávamos de " adulto s" e imaginávamo s eomo seria ser como mamãe e papai . Para a criança o brinquedo livre é u1n assunto muito sério, uma parte dos alicerces para a vida futura. Prova'Velmente,se nos tivessesido permitida a segurança e o consolo do brinquedo , quan do ctianças, não precisaríamos recorrer ao brinquedo não-criativo na nossa 'Vidade adulto. Esse tipo de brinquedo é• .na verdad e, um substituto para as necessidades não atendidas na infânciá e se manifesta como uma coleção de ' ' brinquedo s de criança' '. Com certeza já viram escrito num pára-choque 1 ' • Quem tiver maio r númer9 de brinquedos quando .morrer - é o vencedor.'' Essa transformação do brinquedo infantil não permi te que vejamo s a vida como uma aventura livre e espontânea. Se olharmos pata a infância como o tempo do brinquedo livre e criativo, podemos compréende1; que ser hmnano é saber brincar. Nossas maiores realizações são os ''saltos da ima·ginaçru:l'. responsáveis pelas mais importantes invenções, descobertas e teorias. CoQ!.O disse ce,cta vez NierzsGhe ara amadurece,r recisamos recuperar o entusiasmo com que brincávamos na infância . 1
UM SER ÚNICO Embora a criança seja imatura, ela possui um senso orgânico de unidade, de EU SOU. Em outras palavras , sente-se ligada e uni . ficada dentro de si mesma . O sentimento de integração unifica da e completa é o verdadeiro significado da perfeição e, nesse sentido, toda criança é perfeita . •
COMO A.CRIANÇA. MARAVILHA QUEVIVE EMIDd POIFBIDA
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A integração unificada fu também com que cada cria,nça seja especial,úoicae maravilhosa. Ninguém é exacamenceigual a ela.,Esse caráter especial faz com que cada criança seja greciQ~ ,Preciosa significa '' rara e valiosa''. Cenas pedras e o ouro são preciosos mas cada crian a ê muito mais reciosa do uc isso. A criança J em 1!._ma noção profunda e inata desse fato . Freud falou de "§ua Majestade , o Bebê". Essa noção natwal do seu valor e da sua dig nidade é muito precáiia e pre cisa ser imediatamente espelhada e reproduzida nas pessoas responsáveis pela criança. Se os pais não refletirem amorosa e ~::uame r.:~ a criança como é, ela perde essa noção natu ral de ser especial e única. As crianças são rambé'm naturalmente espirituais . Na minha opinião, integração e espiritualidade são sinônimos. As crianças são místicos ingênuos. O poema de Christopher Morley fafa. em como sua "' estranha divindade" é " ainda mantida' '. Mas é uma espiritualidade ingênua e .não crítica. Mais tarde , será o ponto central da espiritualidade madura e racional . A espiritualidade envolveo quehádemaisprofundoç auténcico em nós- o nosso verdadeiro eu . Quand o sornos espirituai s, estamos em contato com o que existe de especial e ún ico em nós. Ê o início fundamental do Eu Sou. A espiritualidade envolve também o senso de conexão e de união com algo maior do que nós. As crianças são crente s naturais - sabem que existe algo maior do que elas. ,Acredito que nossa noção do Eu Sou consci[Hi o centro prin, cipal da nossa semelhança com Deus . Quando a pessoa tem a no_são do Eu Sou , ela é uma consigo mesma e aceita completamente a si mesma . Isso é natural nas crianças . Olhe para uma criança saudáv el e a ouvirá dizer ; •'Eu sou quem eu sou.'· É interessante notar que--na teofania da sarça ardente, Deus disse a Moisés que seu nome era Eu sou o que eu sou (Êxodo, 3:14). A mais profun da noção da espiritualidade humana é esse Eu Sou , que in corpora as qualidades de ser precioso , valioso e especial . O Novo Testamento está repleto de agens em que Jesus estende a mão para o indivíduo único a única ovelha crdid a, o filho ródi o. a p_~s_oaql!.eg:ierece o pagamento completo mesmo no último m omento . O '' wdivíduo único'' é a uele ue de é nun ca foi ances e jamais será outra vez. O feriment o espiritual, mai s do que qualquer coisa, faz de nós adulto s crianças co-dependentes, guiados por sencimenco de •
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vergonha. história da ueda de cada homem e de cada mulher conta como uma crian a es ecial, redosa , valiosa e maravi osa gerdeu o senso o "Eu sou quem eu sou".
AMOR
I
As crianças são naturalmente predispostas ao amor e à afeição. Entretanto, a criançaprecisaprimeiroser amadaparapod~ra.mar. Ela aprende a amar sendo amada. Monragu escreve: ''Entre todas as exigências P,Urasdo ser humano, a necessidade de amar_.. é a mais básica... E a ne cessidade humanizadora muito além de todas as outras que fazem de nós seres humanos." Nenhuma criança pode amar no sentido maduro e altruísta. Ela ama de acordo com o modo de cada idade especrfica. O crescimento saudável da criança depende dela ser amada e aceita incondicionalmente. Quando essa necessidade é atendida , a energia de amor da criança é liberada para que ela possa amar os ouuos . Quando a criança não é amada por ela mesma, sua noção ru;.i:u S0u é eliminada. Por ser tão dependente , o egocentrismo se instala e o verdadeiro eu jamais aparece. As contamina&ões ínfancisgu~ribuo à crian a interior ferida são conse üências dessa adapt~ção e ocênuica. A falca do amor incondicional é ara a criaqça a mzjs prgfund ~ p,rivação. 4penas ecos fracos das outras pe~so~chegam ao adulto que tem dentro dele uma criança ferida e care_nte. A~necessidadc de amor jamais o abandona. A fome dé amor ermanece e a crian a ferida tenta reencher esse vazio usando__gs meios descritos acima. Recuperando e protegendo a càança feàda que há em nós, estamos dando a ela a aceitação positiva e incondicional que ela anseia. Isso a libertará para reconhecer e amar os outros pelo que são.
O FERIMENTO ESPIRITUAL Na minha opinião, todos as formas pelas quais a criança maravilha Rode ser ferida resumem- se na perda do Eu Sou. Toda criança
ro !OImmA
COMO ACRIANÇA MAlAVllHA QUEVJVE EM
6S
precisa desesperadamente saber que (a) seus pais são capazes de cuidar dcla ·sa~dável e adequadamente e (b) que ela é importante para os pa.ts. Ser importante significa que a qualidade de especial da criança é refletida nos olhos dos pais ou dos responsáveis mais próximos. Ser importante é indicado também pelo tempo que se dedicam a ela. As crianças sabem.iot.uiciva~Jl~JJe a.~ gessoas dedicam tempo ao que elas amam. Ospªis eoverg·onham os filhos quando não têm tempo para eles. Qualquer criança de uma famíliadisfunciooal é sujeita a esse ferimento espiritu al - essa perda do Eu So;;. - em maior ou menor grau. A mãe alcoólatra e o pai co-dependeote não podem estar presentes para os filhos . A alco6laua está absorta na bebida e o co-dependente absorto .na alcoólatra . Simplesmente não podem esta,r presentes emocionalmente para os filhos. O mesmo se aplica quando há uma tensão crônica no relacionamento dos pais, em razão de vício do trabalho, de atividades religiosas, distúrbios ligados à alimentação, vício de controle ou de perfecdooismo, ou doença mental ou física. Seja qual for o motivo da tensão, quando os pais estão absortos nos próprios problemas sérios. emocionais , não podem estar com os fiJhos. A psiquiaua Karen Ho rney escreveu: Porém , devido a uma vaàedade de influências adversas, a criança pode ser impedida de crescer de acordo com suas necessidades e possibilidades individuais ... Finalmente, tudo se resume no fato de que as pessoas que a rodeiam estãopor
demais absorrasnas pr6priasneurosese não cêm tempo para amara criançanem para vê-la como o indivíduo especiaJ que eJa é. (Grifos nossos.) A frustração do desejo da crian~ a de seramadacomo uma pcsso:i e ter seu amor aceito é um dos maiores uaumas que ela pode sofrer. Nen hum pai e nenhuma mãe em uma família disfuncional podem dar o que a criança precisa. porque eles próprios são extremamente carentes. Na verdade , a maioria das criançasde fa.
mílias disfuncionaisforam exrremamenre feridas quando eram mais carences.Penso em Joshua , com pai alcoólatra. Aos sete anos, Josh ua nunca sabia quando o pai estaria presente . Aos 11 anos,
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1 VOUAAOLU
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foi abandonado emocional e financeiramente pdo pai. Um menino precisa de um pai. Para amar a si mesmo como homem, precisa do amor de um homem . Precisa senti r-se ligado a om homem. Mas ele nunca teve esse elo. Joshua estava sempre apavorado, com a insegurança profunda de uma .criança sem proteção. O pai representa proteção . Além disso, a mãe de Jo shua in conscientemente odiava os homen s. Em três ocasiões, durante o jantar, ela humilhou o filho, caçoando do tamanho do seu pênis. Aparentemente , da pensava que era apenas uma piada, e da o envergonhou mais ainda por ser tão sensível. Essa era sua área mais vulnerâvel. Por mais absurd o que seja. na nossa cultura, o tamanho do pênis é um símbolo de masculinidad e. Ali estava um menino que precisava desesperadamente de ter sua mascuJj. nidade afirmada, traído pela mãe, a única pessoa importante da sua vida. A mãe, vítima não tratada de in cesto, descarregou no filho sua raiva e seu profundo desprezo pelos homen s.
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ABUSO SEXUAL, FÍSICO E EMOCIONAL
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Abu so sexual
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No caso de abuso sexual a crian a é usada ara satisfazer o ra.__ zersexualdeumadulto.Com isso, ela aprende que o ú nico meio de ser importante é fazer sexo com um adulto. A conseqüência dessa violentação é que a criança cresce pensando que precisa ser perfeita no desempenho sexual ou ser sexualmente atraente para merecer o amoI verdadeiro de alguém . Há várias formas de abuso sexual. As formas não físicas são as meno s compreendid as e podem ser as mais prejudiciais. Para compreender o abuso sexual não físico, ou emocional, é preciso entender que a famflia é um sistema social com leis próprias. As leis mais importantes do sistema familiar são: (1) O sistema todo reflete todos , de forma que a família só pode ser definida pelo relacionamento entre seus membro s, não pela soma das suas panes. (2) O sistem a rodo ope ra sob o princípio de equilíbrio, de maneira que , se um membro se desequilib ra, ourro compensa essa alteração. Por exemplo, o pai bêbado ou irresponsável
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.çOMOACRIANÇA ldARAVilllA QUEVIVE fM VOCÊ FOIFER.IDA
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pode ser compensado pela mãe abstêmia e super-responsável. A esposa raivosa e histérica pode : ser compensada por um marido de temperamento calmo, maneiroso, de fala mansa. (3) Todo o sjstema é goverpado . por leis. Nos sistemas saudáveis, as !e.is são abertas e negociáveis. Nos sistemas não saudâ'Veis, são rígidas e inflexíveis. (4) Os membros do sistema desempenham papéis para mlintet 'ó equilíb rio. Nas famílias saudáveis , os papéis são flexí, veis e compartilhados; nos s1stemas não saudávei s, são rígidos e ímutáveis . Q sistema familiar tem também componentes, sendo o principal o casa.me11to. Quando h:i um a disfunçã o de jncimldade nc casamento, o princípio de equilíbrió e de compensação do sistemaassume ó cómando . A família p recisa de um casamento saudável par-a ter equilfbrio. Quando não há equilíbrio, a energia dinâmica do sistema leva os filhos a criarem uma forma de equilíbrio. Se o papai nao está satisfeito com a mamãe , de pode procurar na filha a satisfação para :suas carências emocionais . A filha pode se tomar a Bonequinha do papai ou sua Princesioha . O filho pode se rornar o ·Homenúnho da mãe ou seu homem mai s importante, pata substituir o pai. As variações são muitas e não limitadas pelo sexo das pessoas envo1'1.idas,A filha pode vir-a ser a protetora .da mãe, no lugar do pai. O filho pode ser a esposa emocional do pai. Em rodos os casos, instala-se uma ligação vertical ou ttansgeneracionaL Os filhos estão ali para tomar conta do cas.amentô dos Hà.ÍSe são usados para amenizar a solidão deles. Muitas vezes, o pai ou a mãe fecha-se sexualmente , mas suas necessid;i.des sexu'3is continuam presente$ . O _filhoou a filha pode fitar constrangido/a com os beijos e as carícias esuanhas ·do pai ou da mãe. Tradiciohaltnence , sempre que um filho ou uma filha é mais imporcancepata o pai ou para a mãe do que o espo-
so óu a esposa, exisceo poccn.cialpará abuso sexual emocional. Isso constitui abuso porque o pai ou a .mãe está usando o filho ou a filha para suprir sua próprias necessid ades. Esse compo rta mçnto 'ipvçne a ordem da natureza . Os pais devem dar aos fillios tetnpo, atenção e orientação, :não usá-lospara saàsfazer as próprias carências,. Uso é abuso . .A violentação sexual constitui umferimento t:spirirual ma :s profundo do que outra qualquer form a deviolação, Recentemente , começamos a compreender a violentação sexual sob novos aspectos. As histórias de horror sobre a peneua~ão física são apenas •
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VOll'ANJW
a ponta do iceberg. Sabemos hoje muito mais sobre o impacto do voycurismo e do exibicionismo denuo da fanúlia. O fator pàncipal nesses casos parece ser o estado de espírito dos pais - isto é, se eles se excitam com a própria nudez ou se excitam olhando para os corpos dos filhos . Grande pane de casos de violentação nas famílias são provocados por infração das leis. O filho ou a filha pode não ter um lugar pata sua privacidade e seguranç a. Talvez os pais entrem no banheiro sem avisar quando ele ou ela o está usan do. Talvez eles o/a interroguem sobre os detalhes da sua vida sexual. Crian ças mais novas podem ser obrigadas a curvar o corpo para enema s desnecessários. O abuso sexual pode ser provocado também pela falta dos devidos Urnicessexuais entre pais e filhos. Isso se CiU'acteriza,quase semp re, por observações e conversas. Minha cliente Shidey ficava sempre constrangida na presença do pai. Ele dava palmadas nas nádegas dela e falava sobre seu '' traseiro sexy': dizendo que gostaria de ter a idade cena para "tec um pouco dela ". Shirley ficava perturbada com essas observações. Mais tarde , ela procurava homens ma.is velhos que se excitavam com seu uaseiro. Ir. mãe de Lolita comentava sua vida sexual com ela, dizendo que ô pai era péssimo na cama e que tinha um pênis muito pequeno. fazendo dela uma ''colega de colégio'' estava violan do os limites de privacidade da filha . lolita estava tão integrada com a vida da mãe que não tinha identidade sexual própria. Teve vários casos com homen s casados, mas no fim se.mpre se recu sava a fazer sexo e os abandonava. Contou qlle, pa.Ja conseguir um orgasmo, cinha de imaginar que era a mãe! O_uua forma de abuso sexual é a falta de informação sobre sexo. Os pais de June nunca a informaram sobre esse assupto . Quan do ela começg!,!_amenstruar . ficou apavorada, cerca de que esrava..giavemente doent~ A violentação sexual pode ser feita também por irmãos mais velhos. De um modo geral , acontece entre irmãos com dois anos de diferença de idade. As crianças da mesma idade interessam-se, às vezes, por exploraçõefp.essa área, mas é quase sempre parte normal do desenvolvimento . Entretanto , se a criança age com outra da sua idade de uma maneira acima do seu nível normal de compreensão, pode-se considerar isso como sintoma de que o agressor foi violentado e está violentando sexualmente a outra criança.
-COMO ACRIANÇA MARAVILHA QUEVlVEEMVO(j R'.llEFJUDA
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Vej~os o caso de Sanµny, que foi •'vi9ieotado'' várias vezes por seu melhor ~i~o, da mesma idade, qúando ambos tinham seis anos.e meio . O amigo fora violen .tado analmeote pót um tio e repetia a violência em Sammy, As crianças acreditam nos pais e na sua fantasia criam elos para manter essa crença. Eu me iludi e neguei a verdade a mim mesmo atê o amargo fim - ,acréditando que meu pai alcoólatra me-amava de verdade . Na criaçã9 da minha fantasia, ele pensava muito em .mim, mas era tão doente que não tinha tempo prua me amar. Ninguém gosta de ser usado . Q uand o o adulto perceoe que está sen do usadó , iicâ furioso . .t\S crianç as não poâem saber quando estão sendo usadas. Mas a criança que permanece no adulto, leva com ela esse ferimento. Uma pessoa violentada se~ xualmente sente que não ~ode ser amad a do modo que ela é e sua reação pode ser .a derejeitar completamente o sexoOu tomar- se supersexuada para sentir que é digna de ser .notada e ama da.
Violência fisica
A violência física fere t ambém o espírito. Uma crian ça espanc ada. arrastada pelo pescoço , que recebe ordem para apanhar o~ instrumentos da próppa tor,rura cl.ificilmente acreditará que é especial, marav~lhosa e única. Como isso é possível sç está sendo fisic:unente atacada pelos pais QU pelos responsávei s? O castigo físico corta o elo que a liga ao pai ou à mãê que a maluatam . Ima,gine o que você ia sentir se recebesse uma bofetada do seu melhor amigo . Não temos idéia da quantidade de \'iolência familiar que existe, As estatísticas a esse respeito escondem-se nas .salas de emergência dos hospitais, sob a vergonha da família e, acima de tudo , no pavor de mais maus-tratos se falar . O espancamento de wulheres e crianças é uma tradi ção antiga e generalizada, Ac,:editamos ainda no castigo corporal, Até três anos atrás eu o aceita~ sob uma furma modificada, Não exisre prova .r;eàlde que as surras e os outros tipos de castigo corpor al não tenham efeitos colaterais duradouro s. $ó por uma perversão mental a criança pode acreditar que é im portante quando escá sendo espancada, esbofeteadaou ameaçada._Além disso.as crianças que ass.iscem à violênda sãQvítimas da víolência. Meu corpo re a,
VOl!AAOLAR
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ge ainda fisicamente quando penso no meu amigo Marshall. E1,1 ovi levarpelo menos umas dez bofetadas de uma freira , no curso primário . Obviamente elà perdeu o controle. Marshall era um garoto durão e, cercamente, precisava ser melhor orientado. O pai, iim alcoólatra violento , o espancava. t,t:.faseu me lembro de ficar ali sentado, encolhendo -me com cada bofetada da freira, saben..-; ,do que aauilo oodi.a acontecer também comigo. Em uma escõla que ·permite o castigo corporal há o risco de um professor ·perder o controle. · Jamais esquecereia noite 30 a•,v)sdepois. em que Marshall me telefonou de uma enfermaria fechada do Hospital V.A., pedindo-me para ajudá-lo a se livrar d,o akqolismo. Onde estava aquela bela criança vinda ao mundo com a certeza de ser esp~ cial, única e insubstituível?
Violência emocional
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Esse tipo de violência também fere espiritualmente acrian ça. Gri~ tare esbravejar com a criança é violar sua noção de valor. O pai que chama o filho de "estúpido" , "bob o" , "louco;', " cretin o' ' e assim por diante , estã ferindo a criança com cada palavra. A violêpcía emocíonal toma a forma também de rigidez, perfeccionismo e controle . O perfec cionismo provoca uma profunda sensação de vergonha tóxica. Não importa o que você faça, nun ca corresponde às expectativas . Todas as famílias que funcionam baseadas na vergonha usllin o perfeccionismo, o controle e a culpa .'como instrumentos m;i,nipuladores. Nada do que você diz , sente ou pensa está certo. Você não devia sentir o que sente, suas idéias são maluc-as, seus des.ejos são idiotas. Você está sempte errado , é sempre deficie.nte. ~
Violênciá na escola A vergonha tóxica continua na escola. A criança ~ imediatamente julgada e avaliada. Ela compete para fazer tudo direito. Fica na frente do quadro-negro , exposta à humilhação pública. A própria determinação das notas ou do grau de adiantamento pode ser motivo de vergonha. Recenteménre consolei o filho de um •
COMó ACRIANÇA MARAVllHA QUEVlVE EMvoctFOIFER.IDA
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amigo meu que tirou F no desenho que fez no seu primeiro dia
na escolaprimária. As escolas permitem também a humilhação entre os alunos. As crianças são cruéis quando provocam as outras . O éhoro é considerado especialmente vergonho so. Em razão dessa atitude de um grupo para com outro a esçoJa pode ser um a fonte de conflito para cenas crianças . Os pai s e ptofessore s as exortam a estud ar e progr_ediracademicamente, mas quando são bem -sucedid as, são ridicula.(izadas pelas outras crianças. Na escola, começamos a ter noção de coisas como descen dência étw ca e scar:u s socioeconô mico. São verdade .ir as históci?.! de horror o qu~ contam meu s amigos ·judeus sobre o qoe sofreram na escola. E n;\ escola também que dizem às crian ças negras que elas não "fala,m direito ' '. Quando entrei para a escola, no Texas , as crianças.mexicanas ainda eram punidas por falar sua ' ' ün- ". gua mae Lembi:o~me da vergonha que senti porque não tinhacnos automóvel e eu tinha de ir.a pé para a escola é , mai s tarde , d e ônibu s. Isso, agr;avado pelo fãto de que quase todos os alu nos eram de famílias muito ricas. As crianças em idade escolar aprende m muit o depressa o que significa srarussocial.
Violênáa na igreja A criança pode se.r envergonhada também na escola dominical ou na igréja , ouvindo um sermão ameaçador e exaltad o. Recentemente ouvi um pregador dizec na televisão: •'Você não pode ser suficiente.mente bom para ser aceito aos olho s de Deus .'' Que afronta terrível a Deµ s, o Criador . Mas, como a criança pode saber que aquele homem estava se escondendo da própria vergonha com àquele serm ão veneno so? Lembro-m e de ter aprendido a oração a Santa Catarina de Gên ova no curso primário . Se não me falha a memóri a, era assim , "De se• jand o ardeocemente deixar eSta vida de sofrimento e de an gústia dolorosa e profunda, eu chor e;> . Eu morr o po rque não morr o.' ' Uma bela e feliz canção para começar o dia! E uma prece mística que tem sentido no mais alto oíveJ de esp iritual idade. Mas para crianças do curso prim ário é um feriment o espiritual .
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Humilhação cultural
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O sistema de perfeição característica da nossa cultura nos fere espiritualmente. Temos os indivíduos que são sempre perfeitos. Temos homens com pênis grandes e mulheres com grandes seios e bumbuns. Se seus órgãos genitais não são grandes, você é considerado inferior. lembro-me de como era doloroso para mim tomar banho de chuveiro no vestiário depois do treino de futebol. Os meninos maiores caçoavam d os menore s. Eu rezava i:,ara que não me escolhessem para suas brincadeiras e provocações. Eu ria nervosamente e os acompanhava quando ridicularizavam os ouuos . Lembro também dos meninos gordos e feios, para quem a escola era um ve,:dadeiro pesadelo. Os garotos desajeitados, os nãoatléticos também eram humilhados no recreio e nos jogos. Essa época da vida deixa cicatrizes eternas. Eu cresci na pobreza e até hoje sinto vergonh a quando vou a um clube de campo ou outro lugar elegante. Quase sempre sei que minha siruaçãó financeira é melhor do que a de outras pessoas , mas me~mo assim-sinto a pontada venenosa da humilhação cultural . As 1:rianças descobrem muito cedo que existem diferença.~ reais econômicas e sociais entre elas e seus arrugas. Dão grande atenção às roupas e às moradias. A pressão do grupo de iguai s nessas áreas piora com o ar dos anos. Sempre há uma medida do seu valor - e na maioria das vezes você não vale o que devia valer. A mensagem é, Vocênão escácomo devia esau. Precisa ser como nós queremos que seja..
A vergonha tóxica Todos esses tipos de violência criam a vergonha tóxica - o sentimento de ser falho. diminuíd o e de nunca corresponder à expectativa. Essa vergonha é muito pior do que o sentimento de culpa. No caso da culpa, fizemos alguma coisa errada , mas podemos reparar o erro - é possível fazer alguma coisa a respeito . No caso d;1 vergonha tóxica, há algo de errado com você e não pode fazer nada para corrigir, você é inadequado e defeituoso. Essesenti ment o de vergonha tóxica é o centro principal da criança ferida . •
COMO A CIUANÇA MAAAVll.HA QUEVIVEEMvod R)J mIDA
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Recentemente fiz uma adaptação da meditação poderosa escrita originalmente por Leo Booth e acrescentei alguns aspectos da vergonha tóxica estudados no meu livro BradshawOo:Hea.lingthe Shame That Binds ióu. Quero reproduzi.( aqui minha adaptação.
Meu Nome é Vergonha1õxica Quando você foi concebido eu çstava lá Na epinefrina da vergonha da sua mãe Você me sentia no fluido do útero materno Eu cheguei antes de você aprender a falar Antes de você compreender Antes que pudesse saber qualquer coisa. Cheguei quando você aprendia a andar Quando escava desprotegido e exposto Quando era vulne rável e carente Antes de ter suas fronteiras MEU NOME É VERGONHA TÓXICA Cheguei quando você era mágico Antes que percebesse minha presença Eu separei sua alma Eu apunhalei seu coração Eu o fiz sentir-se falho e deficiente Eu trouxe comigo sentimentos de desconfiança, fejúra, estut:>idez, dúvida, de não valer nada, de inferioridade e de inutil idade. Eu o fiz sentir-se diferente Eu disse que havia alguma coisa errada com você Eu conspurqu~i sua semelhança _com Deu s
MEUNOME E VERGONHATÓXICA Eu existia antes da consciência Antes da culpa Antes da moralidade Eu sou a emç,ção mestra Sou a voi; interior que murmura palavras de condenação Sou o estremecimento interior que percorre seu corpo sem nenhuma prepa ração mental .
MEU NOME EVERGONHATÓXICA
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VOlIA NJ lAR
Eu vivo escondida Nas margens úmidas e profundas das trevas da depressão e do desespero Sempre o apanho desprevenido e entro pela porta dos fundos Não convidado, indesejável O primeiro a chegar Eu estava lá no começo dos tempo s Com o Pai Adão , a Mãe Eva Irmão Caim Eu estava na Torre de Bab el, nâ z.: 1tanç a dos In ocentes . MEU NOME É VERGONHA TÓXICA
I
Eu venho de: responsáveis "desavergonhados'', do abandono, do tidículo, do abuso , da negligência - dos sistemas perfeccionistaS Recebo minha força da intensidade chocante da raiva dos pais Das frases cruéis dos irmã os Das humilhações zombeteiras das outr as crianças Do reflexo desajeitado nos espelh os Do _contato pegajoso e assustador Da palmada , do beliscão, do gesto brusco que mata a confiança Sou intensificad o pc:Ja Cultura sc:xista, racista Pela condenação hipócrita dos fanáticos religiosos Pelos temores e pressões da educação Pc:la hipocrisia dos políticos Pela vergonha multigenc:rativa do s sistemas familiares disfuncionais. MEU NOME É VERGONHA TÓXICA Eu po sso transformar uma mulher, um judeu , um pret o, um gay, um oriental, uma criança preciosa c:rn Uma cadela , um porco, um negro su,io, um pervertido . um japa, um pequeno egoísta filh o da mãe:. Eu trago uma dor que: é crôni ca Uma dor que nun ca acaba Sou o caçador que: o persegue: n oite: e dia •
COMO ACRIANÇA MAlAVIIJiA QUEVIVE EMmcÊ FOIFERIDA
Todos os dias, em todos os lugares Não tenho fronteiras Você tenta se esconder de mim Mas não pode Porque eu vjvo dentro de você Eu o faço sentir que a esperança não existe Que não há saída MEU NOME É VERGONHATÓXICA Minha dor é tão inável que você preci sa á-la para os ou tros através do control e, do p erfeccionismo do desprezo, da crítica, da culpa, da inveja, do julgamento, do poder e da raiva Minha dor é tão intensa Que você tem de me disfarçar com vícios, papé is rígidos, repetições de fatos doloro sos e defesas inconscient es do ego Minha dor é tão incensa Que você tem de aliviá-la e não mais me sentir . Eu o convenci de que fui embora - que eu n ão exisco voce senuu a ausenc1a, o va.210. MEU NOME É VERGONHATÓXICA ~
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JO;
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Eu sou o centro vital da sua co-dependên cia Eu sou a falência espiritual A lógica do absurdo A compulsão repetitiva Eu sou o crime, a violência, o incesto , o estupro Sou o abismo voraz que alimenta todos os vícios Sou a insaciabi lidade e o desejo carnal Sou Ashaverus o Judeu Errante, o Holandês Voador de Wagner , o homem do submundo de Dostoievski , o sedutor de Kierkegaard , o Fausto de Goethe Eu transformo quem você é no que faz e no q ue possui Eu assassino sua alma e você me a adiante ~ para as geraçõ~s futuras
MEU NOME E VERGONHATOXICA Esta meditação é um resu1no dos modos pel os qu ais a cri:.nça maravilha pode ser ferida . A perda do Eu Sou é a faléncia espiritual. A crianca maravilha é abandonad a, fica sozinh a. Como
--~ ,\QIIA NJI.Al
escr~e Alice Miller em Ibr l&ur Owp Good, é pior do que sobreviver a um campo de concenrr:ação. Os prisioneiros maltratados de um campo de concentração... têm liberdade interior para odiar seus perseguidores. A oportunidade de experimentar seus sentimentos - o fato de compi rtil~ir esses sçntimentos com os companhe-iros evita que desistam do próprio eu ... Essaoporcunidadenão existe para as crianças.Elasnão devem odiar o pai ... não podem odiálo... Temem perder seu amor se o odiarem ... Assim, as crianças. ao·contrário dos p risioneiro.:;d os cam pos e:::concentra• ção, cêm de enfrentaro acormencado r que elasamam. (Grifos nossos.) A crianç;tcontinu~ a viver 09 s.eu tormento, ,sofrendo ivamente ou revidando, repetindo o tormento nos outros. nela mesma., projetando-se e se expressando apenas da forma que sabe. Recuperar essa criança é o primeiro estágio da nossa jornada de_volta , .ao lar.
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PARÁBOLA. A história quase trágica de um terno elfo
;:;r3,uma vez um dfo terno e pequen1il0. r.ra um elÍo mun o 1·r..11,.. Era inteligente e curioso e conhecia os segredos da vida. Por exemplo, ele sabia que o amor era uma escolh~. que o amor implicava em trabalho árduo , que o amor era o QOÍcocaminho. Ele sabia que podia fazer coisas mágicas e que sua forma. úni'ca de mágica era chamada criatividade. O pequeno elfo sabia que en~anr o ele estivesse realmente criando, não haveria violência. E cile co< nhecia o maior segredo de todos que ele era algum,a coisa e nao coisa nenhuma. Sabia que era um sere gue ser era rudo. lsso chamava-se o segredo do ''Eu Sou'• . O criador de todo$ os elfos era o Grande EU SOU. O Grande EU SOU sempre foi e sempre será. 1--i lngu .ém sábia como ou por que isso era verdade. O Grande EU SOU era totali:nente amoroso e criativo. Outro segredo muito importante erá o do equilíbrio. O segredo do equilíbrio significava que todas as coisas são uma união de opostos. Não existe vida sem mane física, nem alegria sem tristeza , nem prazer sem dor; nem luz sem treYa.s, som sem silêncio, bem sem mal. A Yerdadeira saúde ·é uma forma de unidade . O grande segredo da criatividade consiste em equilibr:ar uma energia primitiva e não.focalizada com uma forma que permita a existência dessa energia. Um dia nosso terno elfo que, a propósito, chamava-seJoni, ficou sabendo de outro segredo. Um segredo que o ássustou um pouco. Ficou sabendo que devia cumprir uma missão antes de poder qiar pala sempre. Devia companilhar seus segredos com uma tribo de ferozes não-elfos. Você compreende, a vida do elfo era tão boa e maravilhosa que o segredo dessa m,aravilha preci5'2· va ser compartilhado com aqueles gue não sabiam nada sobre maravilhas. A bondade sempre quer ser cornpanilhada. Cada d fo foi designado para uma família da tribo dos não-elfo s ferozes.
VOl!ANJW
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A tribo dos Snamuh . Os Snamuh não conheàam nenhum segredo. Eles desperdiçavam seus eus. Trabalh avam sem cessar e só pareàam vivosquando estavam fazendo alguma coisa. Alguns df os os chamavam de FAZER. Eles também matavam uns aos outros e faziam guerra . Às vezes, nos eventos esponivos e nos concertos musicais, eles se· atropelavam e se matavam . Joni entrou na sua família Soamuh em 29 de junho de 1933, às 3h05min da manhã. Não tinh a idéi a do que o esperava. l'IJão sabia que teria de usar cada grama da sua criatividade para contar a eles seus segred os. Qu ando ele nasceu, recebeu o nome Snamuh de Farquha c. Sua mãe era uma bela princesa de 19 anos, dominada por uma necessidade de representar . Era vítima de uma estranha mald ição. Tinha urna lâmpada de néon acesa na testa. Sempre .que ela tentava brin car, divertir- se ou apenas existir. a luz piscava e uma voz dizia. Cumpra seu dever. Ela não podia nunca ficar sem fazer nada e apenas ser. O pai de Farquhar era um rei baixo mas muito belo. Ele também era vítim a de uma maldi ção. Era ator• meneado pela mãe, uma bruxa mwto má, Har.rier. Eia vivia no ombro esquerdo dele. Sê~r e que ele tentava apen as ser, ela gritava e esbravejava. Harriet estava sempre mandan do o rei fazer alguma coisa. Para que Farquhar p udesse conta r aos pais e aos ouuos seus segredos, era preciso que ficassem quietos e par~sem de fazer, o tempo sufiàeote para ouvi-Jo. Mas eles não podiam fazer isso. A mãe, por causa da lâmpada e o pai por causa de Harriet . Desde o momento em que nasceu , Farquhar ficou sozinho. Uma vez que tinha o corpo de um Snamuh, ele sentia como um Snamuh. E em razão do abandono, ele ficou furioso, profundamen te fru suado e magoado. Ali estaVáele, um temo elfo que conhecia os grandes segredos do EU SOU e ninguém o ouvia. O que ele tinha para dizer era gerador de vida, mas seus pais estavam tão ocupados fazend o seus deveres, que não podiam aprender com ele. Na ver;dade, seus pais eram tão confusos que pen saram que sua obrigação era ensinar Farquhar a fazer seu dever. Sempre que de deixava de fazer o que eles pensavam que era seu dever, el~s o pu niam. Às vezes o ignoràvam, mandand o-o para o quarto. As vezes gritavam e batiam nele. Na verdade, o que Farqubar mais detestava eram os gritos. Podia ar o isolamento e as sovaseram rápidas e acaba•
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COMO ACRJANÇA MA!lAVlLHA QUEVIVE EMvoctFOIFBIDA
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vam depressa, maS a gritaria e aquela repeti ção incansável d e que e,le,det.ia fazer seu dever; o aàngiam tão profundamente que ameaçavam sua alma de elfo. Nã o se pode matar a alma de um elfo _porque ela é Batte do Grande EUSO..U....mas...ela...pode ser cã,odolorosamente fCridaque é cornose não exiscisse mais. Foi o queaconteceu com Farquhar. Para sobreviver, ele desistiu de contar aos pais seus segredos e começou a procurar agradá -los. fazend o o que eles mandavam. Seu pai e sua mãe eram dois Sna.rnub,s muico infelizes . (N a verdade, todos os Snamuhs são infelizes. a nã'O ser qu e a~rencb.'.'!10.S ~-.: rudos d os di as. 1 O pai de .Facquh.ar era tão atormentado por HaH"ier que ele gastou toda sua energia p~ra eQconuar u_ma poç.ão mágica qu e eliminava tod_as as sµas sensaçpes. Mas a m?gica não era eáativi dade. Na verdade, eliminou toda a criatividade do pai de Farquhar e ele se transformou em um ' · morta' ambulan te '·. Depoi s d e algum tempo. ele deixou de voltar para casa. O coração Soamu h de Farquhar se partiu. Voecêcompreende, todo Snamuh preci sa do amor- do pai e da mãe para que o elfo que. vive nele pos s~ revelar seus segredos . Farquhar ficou arrasado com o abandono do pai. Assim, um a vez que o pa,i não podia ma.is ::i,judara mãe. a lampada pa cesc:a dela piscava c0ntinuamenre . Com isso, cad.a vez ela griçava mai5 com Farquhar . e o castigava. Quando fez 12 wos, Farquhar tinh a se es-guecido de que era um elfo. Alguns anos mais tarde , ele fi. cou sábendo . da poção mágica que seu pai usava para não ouvir a voz de Harríet. Aos 14 anos ele começou a u s-á-la coro fteqüê.n cia. Cbm 30 anos foi carregado para um hospital Snamuh. No hospi tal uma voz o acordou. Era a voz do ser.da sua alma de elfo.
Poi$,você compreende, po,çpior que sejam a.scoisas, a voz do eJfo,sempre chama wn Sna.ínuhpara comemorarsua cxiscêacia.. Joni jamais desistiu de salvar Farquhar. Se você é um Sna1nu h e esrá lendo .esta hisróda, por favo~ não esq11eç-aisso. Vocé tem uma alma de elfo que está sempre .tentando aeotdá-10 para .ser você. Quando Farqu har estava no hospital, finalmente ele ouviu a voz de Joni. lsso foi dedsrvo. E este é o começo de outra hist ória muito melhor ...
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PARTEII RESGATANDOA CRIANÇA_._ FERIDAQUE VIVE EM VOCE
Na f~tasia e no mito a volta ao lar é sempre dramática. As bandas to
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INTRODUÇÃO
Sam Keen faz um resume do trabalho que você vai fazer ago rn Quando terminar , nenhuma banda vai tOÇ,;J.!', chamanqQ :Q a o banquete . Entretanto. se você fizer betnseutrabalho. pode evàr para · antar a crian a: ue vive em votê e ouvir uma boa ban. a. Vai se sentir mais sereno e em paz. Recuperar a criança 'Ínterior é uma experiência do tipo zen . As crianças são mestres zen por natureza. Seu mundo é novo em folha em cada momento da existência . Para a criança não ferida, a maravilha é natural. A vida é um mistério a ser vivido . A volta ao lar é a restauraçãe do que é natural. Não é uma recuperação grandiosa ou dramática, é simplesmente a vida como ela deYe ser.
Ef
A recuperaçãoda criançainterior envolvea reg-r~ssão através dos estágiosde desenvolvimentoe aproçuca.Jktudo quLJJãofoi rsrminado. Imagine que está pua encontrar uma criança maravilhosa que acaba de nascer. Você pode estar presente c<;>moum adulto sensato e amoroso para aj,udar a criança a vir ao mundo . Pode estar presente ao seu nascimento, ao tempo em que começo:u a engatinhar e a andar, quando aprendeu a falar. Sua criança vai precisal' do seu apoio enquanto ela lamenta suas perdas. Roo Kunz sugere que você pode ser um ''estranho mágico" para a criança - mágico porque você não estava realmente presente na primeira vez em que essa criança ou por esses estágios. Eu coleciono mágicos, por ,isso recupere.i minha criança interior como um mágico velho e bondoso. Yocê pode ser o quequiser.desde amorosa e não .humilhante . que esteja presente, de f<;>rma Ca?a um desses estágios exige tipos .muito específicos de cuidados. A medida que você compreende quais eram suas exigências em cada estágio, pode aprender a dispensar os cuidados ade • quados. Mais tarde, quando você aprende a defender a sua criança •
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jnterior, pode encontr~r pessoas que dispensarão os cuidados que você precisava então e que sua criança precisa agora para crescer. O primeiro .o muito importante consiste em ajudar a criança a lamentar a negligência no atendimento das suas exigências de dependência. A maior parte das contaminações que aescrevj é resultado de exigências não atendidas e oão resolvidas, porque jamais foram lamentadas. As emoções que deviam ter 5j. do expressas e que jamais foram. Atender a essas neêessidades no tempo cena e na seqüência corret'.l é o caminho natural do desenv0 1vimenro . Privado disso, você se torna um adulto com uma crian ça ferida n o seu intim o, clamando pelo atendimento dessas necéssidades naturais . E a criança pede choi;ando que elas sejam atendidas como asIJecessidades de uma ctiwça, o único meio que el~conhece. Isso significa deixar que sua vida seja dirigida por uma criança imatwa e emocionalmente faminta . Para compreender o impacto desse processo , examine sua rotina diária e procure visualizar o que seria sua vida controlada por uma criança de três anos . Esse cenário pode ajudá-lo a ver o quanto a criança Jerida que vive em võcê pode complicar sua vida. A "infância consiste em quatro estágios principais de desenvolvimento. Na ;i.presentação desses estágios, tomo como base, especialme·nte, o mapa de desenvolvimento psicossocia1 do livro clássíc.o de Erík Erikson, Childhood and Sociery. Acrescentei alguma coisa dejean Pjaget, Pam l.e:vine BárcyeJanae Weinhold. Segundo Erikson, cada estágio de desenvolvimento é resultado de uma .crise interpessoal - principalmente com os pais, mas também com as crianças da mesma idade e com professores. A crise não é um evento catastrófico, mas um tempo de intensificação da vulnerabilidade e de aumento do potencial , A.soluç~o de cada estágio provoca uma nova crise. Erik.son é de opinião que o resultado de cada crise é uma força interior que ele chama de força do ego, Ele propõe quatro forças básicas do ego como componentes necessários a uma infância saudável. São esperança , força _de vontade, · ro ósito e com etência. A esperança é p,reduto da -superiori .a e do senµmento de co.a.iançanos pais e responsáveis. sobre a desconfiança. A força de vontade aparec-e quàndó a ariança que está aprendendo a andar, na tentativa de se separar e nascer psicologicamente, adquire uma noção de autonomia mais forte do que a de vergonha ou dúvida. O propósito nasce quan-
.COMO ACRL\NÇA MARAVllHA QUEVIVE EMvoctFOIEERIDA
do a criança em idade pré-escolar adquire uma noção de iniciativ., mais forte que a de culpa. A competência ê criada quando a criança em idade escolar desenvolve a noção de indúsrriamais forte que a de inferiori.dade. Segundo a terapeuta Pa.tn Levin, quando essas u;ês forças do ego estão presentes, temos à nossa disposição quauo poderes básicos - ...Q.poder de ser, o poder de fazer, o poder da identibásic.as~a a sobrevidade , . e o pod er de possuir ~ ha.bilidades venCJa. Os mesmos.poderes e forças do ego que precisamos para nos desenv0lve11.0a infância, devem $er refor9-dos nos eSiâglo:;se5uinu;., do desenvolvimento. A mesma qualidade e tipo de necessidades se repetirão no decorrer de 'toda a nossa vida. Pam Levin sugere que as necessidades básicas da infância são recicladas de 13 em 13 anos. Não 'tenho conhecimento de nenhum dado empírico que prove a teoria desse ciclç,de 13 anos, mas gosto de usá-la como linha básica geral. Aos 13 anos a puberdade desperta a centelhá de vjda pa1;a um novo ca..'llmho.Ab,re-seuma nova estrutura mental à medida que oeqrrem as mudanças biológicas da macu,c:ídadesexual. Começamos o processo· de fo.crnaçãóda nossa idencidade e de sair de casa. Precisamos testar e desafiar a opinião dos nossos pais a nósso respeito; Na puberdade , iniciamos o processo de resolvér quem nós pensamosque somos , Par?,sermos n6s mesmos, precisamos deixar gradacivamenre nossos pais. Precisamos de todas as forças desenvolvidas do nosso ego para fazer isso. Precisamos depender da confiançíl desenvolvida na infância - a confiança de que o mundo é suficientemente seguro para que realizemos nosso potencial. Além disso, devemos ter autonomia para confiar em n6s mesmos quando nos aventuramos nQ mundo e deixamos a casa.dos nossos pais. Nosso sucesso depende do modo com que atravessamoso primeiro estágio de contra~cndência, nos anos_ cm que estáxamos aprendendo -aandar e de coQLoeu_abcl c..c:mos J.Ima idmtidadc ínici:tlruus.tágio pcé-~olar,_qJJJ:..aigundc:pcndência. Se cumprimos essas tarefas de desenvolvimento, teremos poder para iniciar com facilidade essa transição. Se aprendemos bem na escola, podemos usar nossa habilidade social (interdependência) para fazer amigos. Podemos confiar nos fatores básicosde sobreviv.ência aprendidos na eséola, para sermos esforçados.Essas forç~ do ego do período escolar nos aju-
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~l!AAOW
darão a criar a identidade adulta, que se apóia nos pilares do amor interpessoal e do trabalho útil . Dos 25 aos 29 anos começa um novo ciclo. Aos 26, muitos de nós se casam e constituem família. Mais uma vez, dependemos do nosso senso de confiança, de autonomia, iniciativa e de cooperação interdependente para amar bem e tei: a verdadeira intimidade. Cada estágio da infân cia será reciclado na nossa procura da intimidade. amos de uma espécie de dependência sem fronteiras (estágio do amor) para a contradependêl'\cia (estágio da luta dopoder, quando pr ocuramos resolver nossas diferenç~ ). para ...ind t. pendência (estágio de auto-realização) e então para a interdependênci a (estágio de cooperação e companheirismo ). Esses estágios refletem os estágios da infân cia. Sendo assim. grande pane do sucesso ou do fracasso dos nossos relacionamentos dependerá da forma pela qual acra\tessamos os estágios da infância . Aos 39 começamo s outro ciclo e entram os na meia-idade . É um estágio bastante dramá tico do ciclo de vida . Alguém invento u a expressão" loucur as da me1a-.idade'' para definir o drama e a dificuldade dessa tran sição na nossa vida. Para quem tem uma criança ferida, esse estágio pode ser desas.two.... Na·-meia -idade , o arco da linha da vida achata-se lentamen te. O idealismo da juventude foi temperado pela traição, pela desilusão e pela morte de uma pessoa muiro quer.ida, Como disse W.H. Audcn ,
Nesse jotervalo Há contas para serem pagas, máquinas para serem consenadas , Verbosirregulares para serem aprendido s, o Tempo de ser para ser redimido Da insignificância. A própria vida parece um verbo irregul ar. Sam Keen diz, "amos da ilusão da certeza para a certeza da ilusão". Dtntr o dessa desilusão devemo s resolver esperar e confiar em que: tud o faz sentido. Se resolvemos confiar, tem os de usar nossa força de voncad-epara tomar novas decisões sobre cada aspecto da nossa vida - o trabalho, os relacionamen tos, a espiritualidade. Devemos crescer e nos apoia,r em nossos próprios pés. Todo o senso de autonomia e de iniciativa que civermos sexá desafiado para criar
COMO ACRIANÇA MA.RAVllHA QUEVIVE EMVOdFOIFERIDA
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um novo senso de propósito. E teremos de desenvolver novas ha bilidades para realizar o propósito encontrado . O àclo seguinte, de mais idade, é o tempo para aprofundar nossa esperança e fortalecer nossos novos compromissos. Geralmente é um tempo de paz, bem como um tempo de produtividade. Co..msone...ce1:e;no.s _nossa_criança.mara:úlha conosco, por_gue vamos recisar de sua espontaneid ade e de sua resiscéncia. O começo da velhice exige uma negociação que leva à aceitação da idade e do afastamento das atividades . Na velhice, p recisamos enuar em uma ,segunda infân cja! Precisamos da esperança ini anül à e que eXJste a1go mais. uma té em alg uma coisa mai or do que nós mesmos , que nos ajudará a ver um quadro ma.is am • plo. Precisamos de todas as forças do ego adquiridas para ver o todo contra suas partes. Quando conseguimos essa visão, rem os a sabedoria. Cad a estági o é construíd o sobr e o anter ior. A base de codo.; é a infância. Um pequeno erro no iníào será um grande erro no fim. Não podem os interferir no começo da nossa vida , quando depen de• mos completamen te de outr as pessoas para sobreviver. N ossas n e. cessidade s eram necessidades de dependênci:1- isto é, só p odiam ser acendidas p or quem tomava conta de nós. Os quadr os seguintes mostram os vários estágios ào d esenvolvimento humano com suas transi ções e redclagen s. O prime i• ro mostra as várias forças do ego e os poderes que precisamos p ara nos desenvolver em cada estágio de crescimento pessoal . O se_gundo ê uma visão geral dos ciclos de regeneração de 13 em 13 anos , O terceiro mostra como seu ser se expande e se desenvolve nesses ciclos.
Integridade do Ego X Desespero S.ABEEJORJA Poder de Regeneração 1
Cada estágio é co1,struído sobre o anterior e o incorpora
GeneratividadeX Estagnação CUIDADO Poder de Regeneraçãge Produtívidaâc
\
Intimidade X Isolamento
AMOR Poder de Regeneraçãoe Amor Jdenuaade X Difusão de papéis FIDELIDADE Poder de Regeneraçãoe Integração Indústria X fofcrioridadc COMPETÊ1VCIA
Poder de Sabc.r;Aprender Iniciativa.X Culpa i'ROPÓSI10 Poder de Imaginar e Se,ncír Autonomia X Vergonhae Dúvid:1 FORÇA DE VONTADE Poder de Percebere Fazer Confiança X Desconfiança ESPERANÇA Poder de Ser
e
INTERDEPENDÊNCIA
Cooperar TNDEPENDÊNCJA
CONTRADEPENDÊNCIA (UNIÃ O DOS OPOSTOS)
.DEPENDÊNCIA SAUDÁVEL (UNIÃO SIMBIÓTJCA)
-
----
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- - --'
8 z: o >
CICLOS REGENERA'.IlVOS
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Nova Jdcncid,1dc Nora Competência Novas Habilid ades
NECESSIDAD 'EDE JNTERDEPE NDiNCIA
Novo Propósito N ovas Escolhas Nova Confiança
AMOR À VIDA Vocação Evolucionária
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39 -J2
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~ NECESSIDAD 1/JDE INDEPENDAM
Nova Idc4cidadc Nova Competência Novas f{abilidadcs
Novo Prop6sico Novas Escolhas Nova Confiança
AMOR (Iorimidad c) 26-39 TRABALHO (Perfcia)
~
!E:
a ~
Nova Idcncidadc Nova Competência Novas Habilidade s
NECESSIDADE DE CONTRAD .EPENDÊNGA (Sair de c:m)
NECESSIDADE DE DEPENDiJNCIA
p.cnsamcoto 1magín:zção cntimcoco Compccencia H.abilidadcs
s
N ovo Propósit o Novas Escolhas Nova Confiança
Decisão Vontade Atividad e Ser Propósito
IIJEN11DADE
CONFIANÇA
13-26
1
0-13
(cidos de 13 aoos)
1 1
1
1
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VOI.TA Af) LAR
EXPANSÃODO SER
Eu tenho sabedoria Eu posso me aceitarcàmpletamence Eu sou um com tudo Eu tenho poder pe~oal Eu posso criare produziI Eu posso tomar c.ontada nova ge,ação Eu tenho um compromissocom a vida Eu renho ou erapessoa que a.firmameu sen~o do e:.: Eu posse amar Eu posse estar-totalmente junco e tocalmenreseparado Eu tenho intimidade com meu cu e com ouerapessoa Eu tenho o conhcdmenco interior de quem eu sou Eu posso rcgçnerar Eu posso ser fiel a uma·pessea ou a uma causa Eu sou ('mico Eu-tenho. competência Eqcc1140limites Eu tenho habilidades ' Ev possopensar e apr~dcr Eu sou capaz Eu tenho consciência Eu tenho propósito e valor Eu posso imaginar e sentir Eu sou sexual Eu sou alguém Eu tenho limit.es Eu tenho forçade vontade Eu posso ser-separado Eu posso ser curiosoe explorar e fazer Eu sou eu Eu tenho esperança Eu posso apenasser Euposso confiarcm vocé: Eu sou você
COMO ACRJANÇA MARAVILHA QUEVIVE EMVOCE FOJFERI DA
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Além da reciclagem natural das tarefas do desenvolvimento da infância nos estágios posteriore s da vid a, os estágios podem ser reciclados de outras maneiras , Servir de pai à criança que vive ~m você vai trazer de volta os problemas da.primeira fase do de senvolvimento. Em cada estágio do desenvolvimento, nossos problemas de desenvolvimento não resolvidos e as necessidades não aten dída s na infân~a ressurgirão. Geralmente o resulrado é uma ) paternidade tóxica., Por isso, é tão difícil aos adultos crianças de familias di,sfunciooais serem pais consistentemente eficien:es. Geral~nte o confliro pais/filhos acing_eoJ uge na adolescência , um t empo dífícil oo ciclo da vida. A essa dificuldade acrescenta-se o fato de que, durante a ado lesc~ncia, os pais estão na ' 'loucur a da meia-idade". Nã:o é um quadro muito bonito . Os estágios de desenvolvimento da infância podem reaparecer sempre que enfrenta .mos sofrimentos ou traumas na vida adulta. A mane de um dos pais precipita definitJvamente nosscs problemas de infância. A morte de um amigo ou de outra pessoa querida geralmente nos faz recuar para as carências do nosso _omo disseTennyson, "um beser. Emface da morte . nós somos..._c b.êchorando na noite ... e se1n outra linguagem que não stja o choro' '. Qu alquer situação nova pode uazcr de volrn as carências da infância . um novo emprego, uma noya casa, um casamento, um filho. A forma como enfrentamo s esses começos dependerá de s omo maneiamos as primeiras situações novas da nossa vida . Resumindo, os primeir os estágios da inf~ncia s~o os alicerces da vida de adulto. Os adultos crianças de famílias não funcionais não têm esses alicerces. Na primeira parte deste livro vimos como as falhas no desenvolvimento têm conseqüências prejudiciais. Para mudar esses padrões prejudiciais, precisaroos recuperar nossa infância. Recuperar a infânci a é um processo doloroso porque temos de lamentar nossosferimentos, A bga nnãciaé que:podemos fazer isso. O trabalho de lamenra( a perda é o safciroeoro real que tentamos evitar por meio das nossasneuroses . Jun g disse muito bem : "Todãs as neuroses são substitutos para o sofrime nto real." O trabalho de lamentar as perdas e ferimentos, chama do uabalho da dor original , e.xlge que experimentemos novamente o quenão pudemos merimentar quando perdemos nossos pais, nossa infância e, acima de tudo . nossa noção de Eu Sou .
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o ferimento
es . iúrual ode ser cur ado. Mas issorem de ser feito lamentando a per a, o que é o 0roso. Nos capítulos seguintes descrevo os elementos do trabalho com a dor original e os tipos de cuidados que você precisava te r recebido em cada um . d os quatro primeiros éstágios de desenvolvimento . Para cada estágio apresento um exercício. Se você está atualmente fazendo terapia, por favor, consiga a aprovação do seu terapeuta antes de começa r este trabalho . Pode ce:tlizá-lo sozinho , usando sua identidade de adulco como a de um mágico velho e genúl , mas assim mesmo precisa ela aorovação do seu rerapeu ca. Há também exercícios de medicação para cada estágio de d esenvolvimento. Nessas meditaçõe s, seu adulco poáe cuidar da sua criança ferida. Isto é o melhor que posso oferecer sob a forma de livro. Voei: pode fazer os exer:cícios sozinho , mas é melh or fazer com o apo io de um amigo compreensivo e dedi cado. Melhor ain a :. é realiza r o trabalho com um grupo de apoio . Estes exerócios nã o pretendem substituir nenhuma terapi a ind ividual ou de grupo que você esteja fazendo. Não cem por objetivo substi tuir qualquer grupo de 12 os a que você pertença. Na verdade, eles servirão para reforça.csua terap ia ou seu crabalho d,: 12 os. Se vocêé um adult o ví_rima de abu so st. xual ou de severa punição emoaonal , ou se roi diagnosricado como mentalmente doente , ou se tem urna história de doen mental na sua fa , a, a aJu a p rofissional é essenóal pára ,•ocê. Se os exercícios p rovocárem em você emoções estranhas ou acab runhadoras, pare imediatamente. Procure a ajuda de um conselheir o qualificado antes de prosseguir. Embora este trabalho possa ter grande força e tenha sido c)(uemamente terapêutico para muitas pessoas, n ão é um tipo de poç:io mágica de •'como fazer uma coisa' ·. Outra advertência. Se você é um viciado ativo. está fora de controle e não tem contato rom seus verdadeiros sentimentos , deve modificar seu componamento se quiser obter algum resultad o com este trabalho. Os grupo s de 12 os são comp rovadamen te os af:!encesmais eficazes na cura do v-ícjo.Encre para u1n deles hoje mesm o. São o que há de meln or aro:umen te. O u ::balh o que vou apresentar exige pelo men cs um ano d c-sobciedad~. No s orimeiros dias da cura de um vício. especialmente um vício dr inge,cão. suas emoções estão mui to cruas e não diferenciadas. Sãci
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COMO ACRIANÇA MARAVILHA QUEVM EMVOCÊ FOIA!RIDA
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como la\ia quente no interior do vulcão. Se você explorar as experiênci:as dolotosas da infância, corre o risco de ser soterrado por das. A criança ferida, sem fronteiras e insaciável está no centro do seu vício e \iocê bebe, usa drogas , é viciado em sexo, trabalho, jogo e assim por diante exatamente para evicar,o ferimento espiritual da criança que vive no seu íntimo. O d€dmo segundo o dos programas de 12 9s fala de om ' '1desperra.r espiritual '' como resultado dos os, E u.1na indicação clara a ·e qu e o vicio não _a de uma falência espiritual . Entrar imediatamente oo âmago dos motivos que o levam ao vício é corter o rísco de vol rnr an víci0. Depois de dizer tudo isso, quero reiterar o que recomend o no prólogo.Você deve fazer os exeráciosindicados no livr(;lse quiser recuperar e defender a criança que vive no seu íntim o. Uma observação final . Um dos meios pdos quai s ~s criança s adultas evitam sua dor legícima é guardar rudo n.a cabeca. issc.• significa ser obsessivosobre· tudo ,. analisando , discutin dci, lendo e dispensando um e,>:cesso de enexgi&_na tencativa de entender certas coisas. 1-Iá uma hiscória sobre um quano COO] dua s port as. Cada pona tem uma placa. A da primeira di z · 'CEU ". A da segunda diz- "PALESTRA SOBRE O CÉU ' 1• As crian ças adultos codepencientes fazem fila na frenre da porta que diz ·'P ALESTR A SOBRE Q CEll"! A criança adulto cem gtande necessidade de entender as cois_as porque seus pais etam também crianças adultos impre\ ·isíveis. As vezes agiam como ~dultos com você: outras · agiam como criança s egoístas e feridas. As vezes estavam nos seus vícios ; outras vezes, não , O resultado foi uma confusão e uma grande imp.revisibilidade. Alguém disse cer.ca vez que crescer em uma família disfuncional é com o ''chegar no tinema no meio do filme e nunca en tender a historia". Eoitambém descrito como "crescer em um campo de concentração''. Essa imprevisibilidade cria a ne cessida de cor.únua de tentar compreender as coisas. ,Limitar-se a viver dentro da própria cabeça é também urna defesa do égo. Enguanco àlimentamos nossa obsessão por cena s isasnão precisamos senci.r.Senti.t é abrir a torneira d o imens o :reservatório de sentimentos congelados , P.tesos p,ela ver gonh a l.Õ· xica da criança ferida. Portanto, eu repito , você deve fazer o trabalho da dor orig i nal se quiser curar a sua cüançá ferida . O úni co jeito é enlleot a::
rotl'AAOlAR
essa dor. "Sem dor não há nenhum lucro", como dizemos nos programas de 12 os. , Na minha -opinião. a recupera ção do abandono . da negligência e do abuso da infância é um rocesso não um evento. ~ ~te livro e Í3zeros exerácios não vai eliminar seus problemas da D.Q.U.Ç,_J;! ara o dia. Mas eu aranto ue você vai descobrir uma cssoinh a adorável dentro de você. Vai ouvir a raiva e a tristeza des,sa criança e vai ap render a comemorar a vid a com ela, com m ais alegria, mai s criatividade e mais humor .
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CAPÍTUID 3
TRABALHO COM A DOR ORIGINAL A nc:uroscc é sempre um substicuto pa.r:t'o ,5ofrímcnto genuíno -
C. G. Jung
Não se poâc rcso.lvct problcm11scom pa.lavr:is,m:1.S só com :l c:xpcciência. não apenasa experiência corrctlva, ·mas revivendoo medo inicial ( uJs1c:n, raiva). -
Alice Miller
Acredito que se a teoria na qual se baseia o trabalho com a dor original fosse melhor compreendida , provocaria uma revoluçãono tratamento das neuroses em geral e -do componamento compulsivo/viciado em pankular. É comum o uso de cranqüilizantes por pacientes que precisam desesperadamente fazer funcionar seus sentimentos e sensações. No nosso centro de tratamento Life Plus, em Los Angeles, alguns profissíohais da saúde mental rios criaram obstá • culos por não compreenderem por que não queremos que nossos pacientes tomem medicamentos. Acreditamos que o único mod o de curar os vícios/compuJsõesé através do trabalho dos sentlmentos . ...._ Nossa especütlida8e é o tratamento da co-dependência, que ·tem suas raízes na vergonha tóxica - o sentimento internaliz ,ado de ser falho e deficiente tomo ser humano. No processo de ihtetnalizàção, a vergonha, que devia ser um sinal saudável de limites, transforma-se em um estado ameaçador de ser, podemos dizer, em uma entidade. A pessoa atormentada pela vergonha tóxica perde cdntato com seu eu autêntico. O resultado é a lamentação crônica pela perda desse eu . A descrição clínica de_sse estado é a distimia ou depressão crônica moderada. No meu livro Brads/iaw On: Healing che Shame Thac Binds i6u, mostr o como a vergonha tóxica domina as emoções. Ela aprisiona nossos sentimentos ·de forma que sernpré que sencirnos raiva, tristeza. medo, ou até mesmo alegria, sentimos vergonha também . O mesmo acontece com as nossas necessidades e impulso s. Os pais nas
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VOIJ'ANJW
famílias disfuncionais são também crianças adultas, suas crianças feridas são extremamente C'a!entes. Sempre que sentem essa carência, o que acontece naturalment e, os pais criança-adultos fi. cam zangados e a envergonham . Assim. sempre que a criança in terior ferida sente-se carente, sente vergonha tam bém . Durante muito tempo, como adulto, eu me sentia envergonhado sempi:e que precisava de ajuda . Finalmente , por ma.isadequado que seja o contexto, a pessoa que tem a vergonha como base sente vergonha sempre que pratica o sexo. Quando nossos sentimentos são aprisionados pela vergonha. nós deixamos de sentir. Essa i_!'!•en~ibilid:tde é :1 precondi çr..:>d~ rodos os vícios, porque só atr :t..,és do vfc.io a pessoa é capaz de sentir. Por exempl o, um homem com depressão crônica que consegue chegar a executivo super-realizado por meio do vfcio do trabalho só pode sentir quando está trabalhando. Um alcoólatra ou viciado em drogas sente-se nas alturas com as drogas que alteram o estado de espírito. O viciado em comida tem uma sensação de saciedade e bem-estar quando está com o estômago cheio. Cada vício traz sensações maravilhosas ou evita as sensações doloros as. O estado de espírito do viciado altera -a mágoa e a dor da criança interior 'Cspiritualmeote ferida. O ferimenro espiritual infligido pela vergonha tóxica é a ruptura do eu corno o eu . A pessoa se sente dolorosamente diminuída aos próprios olhos e se transfor ma em um obJeto de autodesprezo. Quandp a pessoa acredita que não pode ser ela mesma, deixa de constituir uma unidade consigo mesma. A alteração extasiante provocada pelo vício dá uma sensação de bem-estar, de unidade do cu. Sempre que a pessoa intoxicada pela vergonha identifica seussentimentos reais, sente-se envergonhada. Assim , para evitar essa dor , ela procura se tornar insensível. A josensibilidade à dor pode ser conseguida através de várias defesas do ego, que usamos quando a realidade toma -se inável. Algumas das defesas mais comuns ,são negação ('' não está acontecendo de verdade") , repressão ("nunca aconteceu' '), dissociação ("não me lembro do que aconteceu''), projeção ("está acontecendo com você, não comigo"), conversão (" eu como ou faço sexo quand~ percebo que vai acontecer'') e minimizaç ão (' 'aconteceu mas não é im portante'') . Basicamente, as nossas defesas do ego são mei.ospara nos disrraü da dor que estamos sentind o.
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PRIMAZIA DAS EMOÇÕES Silvan Tomkins, p$Ícólogopesquisador, fez um a contribllição importante -para a nossa compreensão do comportamento humano com seu estudo sobre a primazia das.emoções ..Nossas emoi,:õessão formas ds 9Çperiênciaimediata..Quando experimen tamos nossas emo_ções. estamos em contato direto com nossar~d adefísica , Nossas emoções, sendo formas de energia. são física$, são expressaspdo cor• po, antes mesmo cie nos consaenrizarmos completamente ddas . Tomlcins distingue nove emoções inatas que são manifesta• das po( diversas expressões faciais. Toda criança nasce com essas expressões "pré-programadas" ·aos seus mú sculos fadais e as pes• quisas têm demonstrado -que todos os povos e .todas as culrura s do mundo as identificam da mesma maneira . São as comunica, ções ~âsicas de que precisamos para a_sobrevivêndã biológica. A medida que nos desenvolvemos, as emoções formam -o plano básicodo.pensamento, da ação e da tomada de decisão. TomkiQs vê as emoções como nossos motivadores biológicos inatos. Elas são "a energia que nos movimenta" - como o combus tível que alimenta nossos carros. A emoção intensifi ca e amplia .nossa vidà. Sem emoção nada impona realmente, com emoção tudo pode ser unporrante. Segundo a teoria de Tomkins, os seis motivado.rés primários são: interesse, prazer, suxpresa, tr1steza, medo e raiva. Para ele, a vergonha é uma emoção secundária, experimentada no n1vel primitivo como uma ínterrupçã _o.. Caracterizada por uma exposição brusca e inesperada, ela faz parar ou Jimicao processo natural. A reação negativa do olfato e do paladar são re~postas defensivas. Quando sentimos um çheiro desagradável, essa reação hos faz i::rguer o lábio superior e o naru, pondo a cabeça para trás . Qu:mdo pomos na boca ou engolimos substâncias nocivas, a reação negativa do paladar nos faz cuspir ou vomitar. Como os noss-osoutros reflexos, essas duas reações desenvolveram-se bjologicamente para nos proteger contra sub stâncias perigosas, mas nós -as usamos também para exprimir uma aversão não física. ·Simplificandó, nossasemoções são osnossos poderes mais fun. damentais. Seu papel é guardar nossas nece~dades básicas. Quando uma delas é ameaçada, nossa energia e.mocional dá o alarme . •
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A maioria das pessoas tem permissão para sentir alegria, in teresse ou surpresa, as emoções positivas de iomkin s. Pelo menos, nos dizem que essas são emoções "boas". Porém, na verdade, quando o medo, a tristeza, ou a raiva são reprimidos, nossa capacidade para sentir entusiasmo, interesse e curiosidade é tam bém inibida. Uma vez que foi isso que aconteceu aos no ssos pais, eles não podem ,permitir que tenhamos esses sentime nto s. As crianças são envergonhadas quando se entu siasmam demais ou quando são muito curiosas e inquisitivas . O modelo de terapia de Harvey Jaclcins, chamad o Aconselham ento d e Reavaliação, é sernel h::!'!:: ac tr:tb:.L.11::; .:om a do, original. Jackins sugere que quando a emoção que acompanha uma experiência traumáti ca é bloqueada, a mente não pode avaliar ou integrar a experiência. Quando a energia emocional bloqueia a solução de um trauma, a mente perde uma pane da su a cap~cidade de funcionamento . Atravé s dos anos, a mente vai di minuindo cada vez mais , porque o bloqueio da energia emocio nal é intensificado cada vez que ocoue uma aperiência similar. Uma experiência nova, que seja de algum modo semelhante ao trauma original , provoca uma intensidade de sentiment o despr oporcional ao fato atuaj . Eu chamei esse processo de regressão espontânea ·oo tempo. E como o fam oso cão de Pavlov que ouvia um sino tocar sempre que era alimentado , Depois de cerco tempo, cada vez que ouvia o sino, o cão salivava, mesm o sem nenhum alimento por perto. Do mesmo modo, podemos sentir uma profunda tristeza quando ouvimos uma canção de Natal que deto na a lembrança de uma cena do ad o, quando o pai bêbado estragou o Natal da familia . , A m_ança interior ferida está repleta de energia não resolvida resultante da tristeza dos traumas da infância . Um do s motivos pelos quais sentimos tristeza é para completar acontecimentos dolorosos do ado, para que pos samos contar com nossa energia no presente. Quando não nos permitem lamentar alguma coisa, a energia se congela , Uma das regras das famílias disfuncionais é a regra do n ão sentir. Essa regra proíbe a criança interior até mesmo de saber o que está sentind o. Outra regra é a do não fala.e, que pro íbe a expressão das emoçõe s. Em algun s casos, pode significar que só podem ser expressas certas emoções . As regras do não falar diferem de família para família . •
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Na minha família eram proibidas todas as emoções, oc(eto a culpa. Emoções eram coosider.i.das fraquezas . Diziam-me freqüentemente:: ''Não seja tão emotivo''. Minha familia não era diferentedas milharesde ourrasfamílias do Ocidente, sobrecarregadas com o subproduto · de 300 anos de ''racio nalism o''. RacionaJismo é a crença na supremacia da razão. Ser razoável é ser humano, en qua nt o que ser emotivo é ser menos do que humano . A repressão e a vergonha das emoções são a regra da maioria das famílias do mundo oçidental.
Emoções reprimidas Uma vez que as emoções são energia , elas clamam por expressão. ,As crianças das fàmílias d.isfuncionais geraJmente não rêm aliados , ninguém com quem possam expressar suas emoçõe s. Por is-
so. elas as expressamda única maneiraque conhecem-
repe t indo-as nos outr os ou nelas mesmas, Quan to maiscedo é feira a repressão, mais destrutivas são as emoções reprimida s. Essas emoç ões oão apressas e não resolvidas são o que eu chamo de "dor original''. O trabalho com a dororiginal ronsisre em ceexP-erimenrar css~es traumas e ,em expressar as emoções reprimidas. Uma vez realizado isso, a pessoa não precisa mais repet ir nos ou uos nem em si mesma as emoções reprimidas . Atf recentemente, haviapoucas provas científicas a favor do uabalho da dor original Freud escreveu extensivamenre sobre repressão, dissociação e transferência , como as defesas primárias do ego. Ele ensina que, uma vez formadas, essas defesas funcionam automática e inconscientemente . Entretanto, Freud nã o explica exatamente como funciona esse mecanismo. Por .exemplo, o que a.contece no nosso cérebro quando reprimimos nossas emoções dolorosas? Os terapeutas do corpo físico conseguíram descreveralgun s d os modos de funcionamento desses me canismos . Sabemos, p or exemplo, ql}e uma emoção pode ser reprimida com a tensão dos músculos. E comum as pessoas rilharem os dcnres ou tensionarem os músculos da mandíbula quando ficam zangadas. A.semu _ ç.Qt.Lpodem também ser reprimidas prendendo a respiração . A resoiração superficial é um meio comum de evitar a d or emocional. Podemos também reprimir nossas emoções usando a fan rn-
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s.ia.Por exemplo, ei :grande pane da minha vida com um medo quase fóbico do sentimento de raiva. Minha fantasia sobre esse sentimento era de uma rejeição catastrófica e/ou castigo. Essa fan. tasia mobilizava a tensão dos músculos e a respiração superficial .
O SOFRIMENTOE O CÉREBRO
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Acualmcnt e, começamos a compreender as dd'esas d o egc, te ndo como base as pesquisas sobre a química e a fisiologia do cérebro. A liberação das defesas do ego nos põe em conexão com nossas primeiras emoções. O trabalho com a dor original efetua a cura, permitindo que essas emoções do ado , não resolvidas, sejam sentidas agora. Por que a cura? O pesquisador Paul D. Maclean apresentou um modelo do cérebro que nos ajuda a compree nder como somos afetados pelo trauma. Maclean descreve o cérebro como uma "trí ade " , ou composto de três partes . Esses três cérebros dentro do nosso cérebro são nossa-herança evolutiva. O cérebro mais antigo, ou mais pri mitivo dentro do nosso cérebro, é o cérebro réptil ou visceral. Esse cérebro contém nossa estratégia mais primitiva para segurança e sobrevivência, a repetição. Um lagarto. por exemplo , tem uma vida baseante simples. Seu dia consiste em sair pua o trabalho todas as manhãs, esperando comer algumas moscas e mosquitos sem ser comido. Se ele encontra uma boa trilha entre a relva e as rochas, ele repere esse padrão até morrer. Essa repetição tem valor de sobrevivência. O cérebrQ visceral é responsável também pela manutenção das funções físicas automáticas do nosso corpo, como respirar. Gosto de dizer que lagartos aparecem realmente quando casamos pela primeira vez e nos defrontamos com os hábitos de toda uma vida de outra pessoa. O cérebro seguinte denuo do nosso cérebro é o paleomamí . Isto é chamado tecnicamente de fero, ou cérebro do senci.menco siste1na límbico. Quando os mamíferos de sangue quente entraram no cenário da evolução, nasceu a energia emocional . O sistema lím bico abdga senúmentos de entu siasmo , prazer, raiva, medo, tristeza, alegria, vergonha, de nojo e a reação negativa a um chc.iro desagrad ável.
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O sistema cerebral mais sofisticado dentro do nosso cérebro é o neocónex , ou cérebro pensance. Esse cérebro foi o último a evoluir - há mais de dois milhões de anos mais ou menos. Ele nos dá-a capacidade de raciocinar, de usar a linguagem, de planejar com antecedência, de resolver problemas complexos e assim por diante. Segundo Maclean, esses uês sistem as são independentes, mas também trabalham juntos para manter o equilíbrio de todo o cérebro. O equilíbrio do sistema cerebral é governado pela necessidade de manter os sofrimentos no nível mínimo . Os sofrimento~ ocasionais à a viàa nãu sã.upr oolemas pal a o cérebro. Ele usa a·expressão das emoções para manter o equilíbrio, Quando nosso sofrimento chega a um certo nível, explodimos de raiva, choramos de 1:ristcza, ou transpiramos e trememos àe medo. Os cientistas demonstraram que as lágrimas removem os harmónios escressantesque se formam durante uma crise emocional. O cérebro naturalmente procura o equilíbrio por meio da expressão das emoções, a não ser que tenha aprendido a inibi -las. Crianças de famílias disfuncionais aprendem a inibir a expressão da emoção de três formas. Primeiro, quando não têm o reflexo ou a resposta necessária, literalmente não são vistas. Segundo, não têm modelos saudáveis para denominar e expressar as emoções. E terceiro, são envergonhadas e/ou punidas por expressar emoções. As crianças de famílias disfun cionais geralmente ouvem coisas como: 1 'Eu vou te dar um mocivo para . chorar' '. "Se levantar ouua vez a voz para mim, eu arrebento sua cabeça''. Geralmente são caságadas fisicamente por demonstrar medo , raiva ou ttisteza. Porém, quando as emQÇõessãoinibidas.ou quandoa tenç crônica. o cérebro tem dificuldade pasão se torna a~~adora ra manter o equilíbrio. Quando ocorre urn a censão traumática, o sistema do cérebro adota medidas extraordinárias para mante r ,o equilíbrio. Essas medidas extraordinárias são asdefesas do ego.
A marca do .trauma iniàal Quanto mais cedo as emoções forem inibidas , mait.Jl(O.furui9 _é_ o dano causado. São cada vez mais numerosas as provas de que
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a s~qüência evolutiva da formação do cérebro é acompanhada pela seqüência da sua maturação . Os neurociencistas demonstraram que o cérebro visceral predomina nos estág.1osmais adiantados da gravidez e no pcimeit:o período pós-natal. O sistema do céi:ebro límbico começa a funcionar durante os primeiros ~ejsmeses de vida. O cérebro emocional permiteque se efetue a precoce união importante. O neocórtex está ainda em fase de desenvolvimento nos primeiros anos de vida, e o cérebro pensante precisa de ambiente e esúmulo adequados a fim de se desenvolve( normal e saudavelmente. Na sua pesquisa sobre o crescimenco cognitivo d-a cria1,ça, Píaget só encontrou o verdadeiro pensamento lógico mais ou menos aos seis ou sete anos de idade. (Embora algumas das conclusões de Piaget tenham sido questi.ooadas, s.ete anos parece ser um marco importante.) Quando pensamos no faro de que o cérebro visceral é responsável pelos problemas de sobrevivência e govetnado pela repetição, a idéia de marca permanente fa-z sentido .. O neurociencista Robert Isaacson argumenta que é muito difícil desentaizar as 1embr;tnças traumáticas, porque são lembranças de tesposras cte preseryaç~o_da vida . Uma vez que o cérebro visteral aprende e tem memória, mas çli:fici1menceesquece, ele imprime o tiauma com uma permanênda que vai dominar seu futu(o. Seja ~o ,gue for gue ca criança venha a sobreviver nos primeiros anos de v.ida,uma época de intensa vulnerabilidade será registr.adanameote como benefícios de sobrevivência .
A repetição compulsiva Grande pai;te dessa pesquisa neurológica corrobora o que qualquer pskoterapeuta, desde Freud ate hoje , sabe em primeira mão, ou seja, que os neuróticos têm compulsão para a repetição . Há também uma explicação neurológica para as respostas extre.mamente reativas que mencionei antes. Os estudiosos elo cérebro sugerem que impressões neuronais ampliadas, de experiências estressantes , provocam a distorção da reação do organismo do adulto aos esT!ímulos. Experiências dolorosas de longa duração grav.un novos circuitos no cétebro, preparando-o assim para reconhecer como cada vez mais dolorosos cercos estímµJos que ouua, pessoa não chega a notar . •
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Isto corrobora a teoria de que uma vez estabelecido o material central, na infância, ele atua como um filtro supersensível para moldar eventos subseqüentes . .Quando um adulto com uma criança. ferida experimenta umasitua&ão similar a um acontecimento doloroso protótipo. a resposta original também é detonada. HarvcyJackins descreve esse processo como um gravador com o botão enguiçado. Uma coisa trivial ou inócua provoca uma reação de intensa emoção. Este é o caso de responder ao que não existe no exterior porque existe ainda no interior, Estou escrevendoisco cm um navio de cn~zeiro,visitando :i.s capitais da Eu(Opa. Quando chegamos ao navre , na França, d01s dias atrás, minha filha sugeriu que devíamos tomar o uem para Paris, em vez de irmos no ônibus da excursão. que demora mais duas horas. Minha filha teve poucos traumas na infância. Ela é es.pontânea, curiosa e adora aventura. A sugestão dela me fez mergulhar em ruminações obsessivas.Acordeiváriasvezesnaquela ooj. te, imaginando catástrofes. "E se o trem descarrilasse?'' ' 'E se o trem se arr.asassee o navio pa.russe sem nós?' ' A simples sugesrão da minha filha provocou uma imensa reação cm mim. Eu fui traumacicarnenteabandonado por meu pai. quando era criança.Agora, meus pensamentos obsessivos centralizavam-se em não chegar a tempo para tomar o navio - o medo de ser deixado param s.
AS DEFESAS DO .EGO E O "PORTÃO" DO CÉREBRO O trabalho com a dor original apóia-se oa hipótese de que a dor emocional do início da vida _~tá insensibilizada e inibid a. Nós a repetimospor que elanunca foi usada.N~o pode ser novamenre rt_esenradaporque nosso mecanismo de inibição (defesasdo ego) nos impede de:saberque essa dor emocionalexiste, · 'Você não pode saber o que não sabe'' é uma frase que uso na terapia. Nós repetimos os sentimentos para os outros, repetimos em nós mesmos, ou nós os projetamos oo~out ros. Uma vez que não podemos senti-los, e uma vez que são um problema nac resolvido, precisam ser exprêssos.Reperit..paraos outros, para nós wcsmos ou Q..tQjetaresses senúmcntos são os únicos meios gue Porém, reperir para os oua criança ferida tem para expressá-los,
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tros, para si mesma ou projetar não são soluções permanentes . Minha compulsão (problema central da criança ferida) não desa pareceu quando eu deixei de beber . Eu simplesmente a transfor mei em compulsão para o trabalho . Até eu realizar o trabalho com a dor original da criança ferida que vivia cm mim, continuei com o comporta:mcnto compulsivo. sempre procu ran do meios de alterar meu estado de espírito . As defesas do meu ego continuavam a inibir as minhas emoções . Somente dez anos atrás cu descobri os padrões principais da codependência, do incesto físico e não -físico e do alcoolismo que ào m1nou várias gerações àa min ha íanúi.iii. r.nqu anco não dcsi.sr.; das minhas ilusões e negações sobre a minha família e a minha infância , não consegui realizar meu trabalho com a dor original . O tcabalho de pesquisa de Xonald Mclzack pode ajudar a olicaçãodo funcionamento das defesas do ego. Melzack descobriu uma resposta biológica adaptativa para a ini bição da dor , que de chamou de " portão neural" . Melzack diz que os crês sistemas separados do cérebro, dentro do cérebro tripan ido, p ossuem fibras interligadas que executam uma função facilitadora e de inibição . O portão neuronial é o meio pelo qual é controlada a informação entre os rrês sistemas . O que chamamos de repressão p ode ocorrer primeiramente rio portão enoe o cérebro pensante e o cérebro sensitivo. CÉREJIROTRIPARTID O
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TRABALHO COMA DORORIGINAL
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Simplificando , quando a dor emocional no sistema límbico chega ao auge, um mecanismo automático fecha o portão que dá para o neocónex. É como se alguém fechasse uma pona para evitar o barulho vindo de outra sala. Para Freud, as defesas primárias do ego são integradas em defesas secundárias mais sofisticadas à medida que o ser humano amadurece. Essas defesas secundárias adquirem uma qualidade pensante, como por exemplo, racionalização , análise, explicação e minimização. Um trabalho recente de R. L. lsaacson sobre o sistema ümbico conobora esta teona. lsaacson afirma que o sistema de portões do neocórtex (cérebro pensante) funciona "para superar os hábitos e lembranças do ado ... o neocónoc preocupa-se profundamente com a sup ressão do ado" . Es~es hábitos e lem branças incluem os sulcosprofundos (u ilhas neuroniais ) criados pelo excesso de tensão e do trauma . Nosso cérebro pensante pode assim funcionar sem ser perturbado pelo barulho e pelos sinais gerados no nosso mundo interior . Mas esses sinais não desaparecem. Os pesquisadores aventam a teoria de que eles concinu;tm a se movimentar aos circuitos fechados das fibras nervosas, denuo do sistema límbico . ...D.t.ss.a.m.ao.eiu.Js...d.tfrllido ego am ao largo das tensõçs e da dor, mas a tensão e a dor permanecem. São regisuadas ao nível subcortical como um desequilíbri o, uma seqüência de ação abortada, esperando para set libenada e integrada . A energia do trauma original permanece como uma tempestade elétri ca que faz ecoar a tensão por todo o sistema biológico . As pessoas com vidas adultas a arentemente r cion · odçm estarlevando também uma vidade remvestades emocionais.Suas tem pestades continuam porque suaLdor origina! não foi resolvida.
O TRABALHO COM A DOR ORIGINAL O trabalho com a dor original consiste em experimentar rea1mencc: .95_s,_~_mentos originais re.prirnidos. Chamo a isso de processo de descoberta . É a única coisa capaz de nos proporciona r ''uma mudança de segunda ordem", a mudança profunda que resolve
vomN:>LAR
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realmente os sentimentos. Na mudança de primeira ordem, trocamos uma compulsão por outra. Na segunda mudança, deixamos de ser compulsivos. Era o que eu precisava para acabar com meu componamento compulsivo.Agia compuJsivamenteporque minha criança interior, solitária e ferida, nunca havia descarregado seu sofrimento original. Eu fiz o prograrm...dos..12&sso e_ controlei meu alcooHsmo, mas continuei a agir compulsivamente. Eu...Y.!Yta ,deguo elaminha cabeça, como ucn_profe~sor, _t_eólogQ ~ terapeuta. mas continuava com a compulsão extero.amcnte.Eu liª-..todosos liyros que me chegavam às mãos e discutia meus121º:... bk rn2S _n:issew ~s de cera.pia, m~ CG!: ~ :::.1:l.\':! com a minha com,eulsão.Procurei aprender a conscientização elevada, ap,rendi os mç_tod,9s do~ aqygQS..._xamãs, aprendi energia curati.ll.csrudeiQ Curso de Milagres. meditei e rezei (às vezes durarue horas.)Jna.L concinuaw com a minha compulsão. E~_yo_ _até_com a_ conscientiza ção de alto nível. O que não sabia,...c.ra_q.ur eu precig~ ab~~at, a solidão c_!ome_g_garotinhode coração panído e a sua dor nãQ r~~olvida pelo pai perdido, pela família_µer..di.ci.u J.!elainfância perdida . Eu tinha de abraçar a minhuiQr _o1iginaL Esse é o sofrimento verdadeiro do qual fala Carl Jung .
·A dor original como trabalho de lamentação A boa nockia é que o trabalho com a dor original compreende .o processo de cura da natureza . A dor lamentada é a sensação de cura._Ficaremos curados naturalmente se puderm os lamentar
nossa perda. Essa lamenta ão envolve a · ama com · Jecados sentimentos humanos. A do1 ori inal é o acúmuJo de conflii:osnão resolvi_dos, cuja energia cresceu como uma bola de neye atravésdos anos. A criança interior ferida está congelada porque não consegue realizar seu trabalho de lamentação. Jodas as suas emoções estão a risionadas na ver ' · . Essa vergonha é o resulta o da ruptura da nossa primeira •'ponte interpessoal''. Acreditamos que não podíamos confiar nas primeiras pessoas responsáveis por nós. Na verdade, acredicamos que não tínhamo s direiro de depender de ninguém . _O isolamento e o medo~ ck.P-end er de alguém são as duas conseqüências principaisd3,_ ~ganha tóxica.
llABA1HOCX>M A 001 OIJGINAL
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Restauração da ponte interpessoal Para curar nossas emoções intoxi cadas pela vergonha. temosde sair do esconderijo e confiar cm alguém.Neste livro, csroupe.A_indo a você pm._çon.fiarem mime confia.emz vocêmesma. Para que a criança ferida saia do escondedjo . eia precisater certeza ,de que você vai estar ali pa,:a ela. S.ua,,criancaferida precisa tam bém de um aliado que não a envergonhe e que a apóie para tes~erq_unhar n abandono . :l neglittência . o abu~ n ~"' confusão. Esse~ são os primeiros elementos essenciais para o trabalho com a dor original . . Espero que você tenha autoconfiança suficiente para ser o aliado da sua criança interior no trabalho com a dor , O fato é que você não pode confiar absolutamente em mim ou em outra pessoa qualquer. Quando a coisa ficar preta , eu provavelmence pode confia r em você vou querer salvar a minha pele . M~ç mesmü. ]o Courdet disse maravilhosamente em Advice from a Fa.iluce , "De todas as pessoas que você conhe ce na vida. você é a única a quem nunca vai abandonar e a única que nun ca vai , per d er."
Coaoborando seu abuso Acredite em mim, grande parte do que lhe disseram que era cuidado paterno ou materno era, na verdade , abuso. Seyocêcontinua inclinado a minimizar e/ou racionalizar os modos pelos quais foi~vergonhado, ignorado ou usado pua satisfazer seus pais, deve agora aceitar o fato de QUe essascoisas.na verdade.feriramsua alma.Alguns de vocês foram também vítimas de agressão física, sexual ou emocional. Por que esses abusos precisam ser corrobocados?_E1t_tanhamente1 quanto mais você era agredido, mais você seuspais Esse é o resulta• era mau e mais idealizava pcnsa~ue do do cio da fantasia que citei antes. Todas às crianças idealizam os pais, esse é o modo pelo qual garantem a própria sobrevivência. Contudo, quando a crianç1 agredida idealiza ospais, c:ladev.c_acreditarque é a única responsável pelo ab.usa..de que é 1'íti.ma. ''Eles me batem porque sou uma criança malvada, eles fa•
rol!A AOlAR
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zem sexo comigo porque sou muit o mau, eles gritam comigopor: gue sou desobediente. Tudo tem a ver comigQ._n_ãQ com eles elessãolegais.'' Essa idealização dos pais é o centro da defesa do ego e deve ser destruída. Seus pais não eram maus, eram apenas crianças feridas. Imagine ter como pai uma criança de três anos que pesa 100 quilos, que tem cinco vezes o seu tamanho ou im a-
.--.... ....... 100 quilo s .¼anos
"
1 Papai
Você
Mamãe
1
gine sua mãe com três anos, quatro vezes o seu tamanho. Sua criança interior pode imaginar o quadro . Seus pais fizeram o melhor que sabiam, mas isso não pode ser compreendido por um a criança de três anos.
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TRABAIHO COMA DOROIJGINAl
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Choque e depressão .S_u.,ocê está chocado co11Ltudo isso. ótimo. porque o choque é o começo da lamenra_ção._Depoiulo choque em a de ressão e então, a negação. A neg~Ç!Ofaz a ir as defesas do seu e o. Geralmente aparece sob a forma de negociação. Nós dizemos: "Bem, na verdade não foi tão ruim . Eu tinha três quartos de um tet o sobre a minha cabeça.' ' ,Por favor, acredite . Foipéssi • Ser ferido es iritualmeotc porque seus pa1s nao pcrrnnem que vocesc:Jaquem e. e a pior coisa que yode acontecetAposto que quanJo você ficava zangado , eles diziam: ' :Nunca mais levante a voz para mim!·' Dessa forma..yoc.ê___aprendcu que não era ccaa.E.er_y_ocê mesmo e quecc;rtamerue n,ão era ceno fim zangado. O mesmo se aplica ao medo, à tristeza e à alegria. Não era ceno não gostar do reverendo Herlcimer, do rabino Kradow ou do padre Wakh . Não era cen o pensar o ql.le...Y~ê_estava p.cnsmd9._q11cre1.Q.gue vqcê queria , sentir o que você senti a ou imaginaro que imagw1va . As vezes não era certo ver o que você via ou sentir o cheiro que estava sentindo . Não era certo ser diference ou ser você. Aceitar t' com reende r .P. que estou dizendoé validar e legitim r seu fenmento espintual , que está ao centro de toda criança interior ferida . .
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Raiva O sentimento seguinte que geralmente apaieccno uabaJho da dor oáginal é a raiva. uma.r~__s_p__QS_talegicima ao ferimento espiritual. Embora seus pais provavelmente tenham feito o melhor possível, nesse trabalho as intenções deles nunca são relevantes. O que imp ona é aquilo que aconteceurealmente. Imagine que eles estavam saindo de carro, de marcha à ré e acidentalmente aram por cima da sua perna. Você claudicou durante todos esses anos sem saber por quê. Você tem direito de saber o que aconteceu, não tem? Tem direito de sentir-se ferido e magoado , não tem ? A resposta às duas perguntas é, evidentemente, sim. É certo você ficar zangado, mesmo que o que fizeram não renha sido inten de ficar zangado se quiser curar a cional . Na verdade. você_cem criança ferida. Não quero dizer que deve gritar e esbravejar (embora seja válido). Basta ficar zangado com um golpe suj o. Eu nem
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mesmo consideromeus pais responsáveispelo que me aconteceu. Eu sei que eles fizeram o mc:lhor que podiam fazer dois adultos crianças feridas . Mas sei também que fui ferido profundamente com conseqüências que prejudicaram a minha vida. Pessoalmente, considero que todos nós tivemos uma parte nisso. Estou dizendo que somos todos responsáveis e que devemos parar o que estamos fazendo para nós mesmos e para os ourros. Não vou tolerar a repetição da disfunção evidente e do abuso que dominaram minha família.
Dor e tristeza Depois da raiva vêm a dor e a tristeza . Se fomos vítimas, devemos lamentar essa traição. Devemos lament ar também o que poderia ter sido - nossos sonhos e aspirações . Devemos lament ar as exigências de desenvolvimento não atendidas .
Remorso A dor e a tristeza são quase sempre acompanhadas pe lo remors o. Dizem os: •'S.t!ao menos as coisas tivessem sido diferences, talvez eu tivesse feito algo diferente . Talvez se tivesse amado mais meu pai e dit o o quanto precisava dele., ele não tivesse me abandonado''. Quando trabalhei com vítimas de incesto e violência física, eu mal odia acreditar uando elas diziam ue se consideravam _culpadas e sentiam remorso pela violência sofrida. Quando lamentamos a morte de alguém, o remors o é, às vezes, mais relevante. Por exemplo, podemos desejar termos ado mais tempo com a pessoa. Mas quando lamentamos o abandono da infância, devemos mostrar à criança ferida que vive em nós que ela não odia ter feito nada ara mu ar as coisas Su do é.por tu• do que aconteceu a da, não por causa dela.
Vergonha tóxica e solidão Os mais profundos sentimentos são os de vergonha e de solidão. Ficamos en er onhados uando nos abandonam . Sentimo s que
llAMlHO COMA 001 ORIGINAI.
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somos maus ÇQ_mo se esrivésse os co1'\t2roinados.E ~vergoWli..lcvaà solidão. Uma vez ue a crian a interior se sente falha ,e deficiente, tem de encobrir o verdadeiro cu sob o cu falso. Começa, então, a se identificar com esse eu falso. O cu verdadeiro fica sozinho e isolado. Estaúltimaparte dos sentimentos dolorosos é a maisdiffcil do processodç Jamenta5ão. ''A única salda ..f_andopor ela'', dizemos cm terapia. E difícil permanecer ao nível da vergonha e da solidão.miLq11ando abraçamos esses scnúmcnros, saímos do outro lado. Encontramos o cu que estava dos outros..nóso e~condíamos de nós .escondido. Escondendo-o os mesmos. Abraçando nossa ve1gonha e nossa solidão._c91JttÇam, a cocar nosso mais verdadçir9 cu,_
Sentindo os sentimentos Todos essessentimentos devem ser sentidos. Precisamosbater o pé e esbravejar, solucar e chorar. tran~pirare tremer. Tudo isso leva t_e.mp_.o ..i.Lrec;JJpe.taçãsulos scntimcru:Q.S...é....J.u:proccss o._nã.o um evento. Potém. a melhora é quase imediata. O contato com a criançainterior, o fato dela saber que alguém está ali e çtue não Rrccisa mais ficar sozinha, é cheiode alegriae rtaz.um alivia imc-_diaw.. O tempo da lamentação varia de pessoa para pessoa. Ninguém pode determinar exatamente a duração desse:processo._L\ chaveé_sabcr como abaixar as defesas.Na verdade, não podemos ficar sem nossas defesaso tempo todo. Certos lugares e cenas pessoasnão são confiáveispara o trabalho da lamencação.Ji.yocêvai Qrccisarde um descanso, de tempos cm tempos. Assim, a seqüência ou os estágios da lamentação vão e vêm. Vocêpode estar na validação e três dias depois, na minimização. Maspode continuar a avançar através dessesciclos. O importante é sentir os sentimentos. Vocênão egde curar o que não podesentir! Quando você experimenta o antigo sentimento e fica ao lado da sua criança interior. o trabalho de cura ocone naturalmente. E impo~rtantcmanter-se em segurança enquanto realiza essetrabalho. E sempre melhor fazer com um companheiro ou em grupo. Por favor,preste atenção no aviso que eu dei no início da segunda parte deste livro. Procure a companhia dt: uma pessoa com quem possa falar.depois de fazer este trabalho~ Ey levei um tempo enorme para ser aprisionado e congelado. e
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VOW.NJI.Al
vailevar tempo para conseguir a cura. Se você se sentir arrasado, pare imediatamente. Espere que seja integrado o que já fez. Se o sentimento persistir, procure a a:juda de um terapeuta especializado .
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CAPÍTUW4
RES.GATANDO SEU EU DOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA A mulher. oa pessoa da oossa mie, é o primeiro ser com o qual entramos cm comaro..• Tudo começa com uma verdadeira fusâo do ser... a crianç. é um:i. éx.ccrisicida rriãcsem •liohas divisórias vMvcis, Existe uma mísr1c2 da participação. um fluxopsíquiro da mãe pll!'ao filho e do filho par.i.a mãr -
K:irl Scetn
Onde a mãe não tem conta10suficicnrccom o própdo tor:po, ela não pode dar ao filho a união oeccssáriap:ua tr;ulsmitir a r.ic confianp nos próprios instintos, 9 filho não pode d~ns,r dentro ciocór:pode 12,nem mai, tarde, oo próprio corpo. -
l\1arioa Woodm:rn
CRIANÇARECÉM-NASCIDA (UNIÃO SIMBIÓTICA)
EU SOJJ VOCÊ IDAD E! 0-9MESE S KlL\RIDADE DEDESENVOLVIMENTO: BÁSICA X.DESCO NFIA NÇ.~ CÓNFlANÇA f-üRÇA DOEGO: ESPERA?\ÇA POD ER : SER PROBLEMAS DEREUO0NAMEN'ID ; N.-\ROSISM0 SAUDÁVEL - C0-DEPTh'DÉNO A
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ÍNDICE DE SUSPEITA• Responda sim ou não às perguntas seguintes. Depois de ler cada pergunta, espere e entre cm contato com o que está sentindo. Se sencic uma fone energia para o sim, responda sim - para o não, responda não. Se resp onder sim a qualquer pergunta, pode suspeitar qu.e sua criança interior maravilhosa foi ferida. Há vários graus de ferimento. Você está em algum lugar em uma esca-
la de um a cem. Quanto maior o número de perguntas às quais você stnre que deve dizer sim, mais profundo é o ferimento da criança que vive no seu íntimo. 1. Você tem ou teve no ado algum vício
ingescivo(comer
demais, beber demais ou usar drogas)? Sim ........ Não ....... . 2. Tem dificuldade pata confi:i.r na sua habilidade de atender suas necessidades? Acha que precisa encontrar alguém para at·endê-las? Sim ....... . Não ....... . 3. Acha difícil confia r nas pessoas? Acha que deve estar no controle Q tempo todo? Sim ....... . Não ....... . 4. Deixa dJ reconhecer os sir)ais de necessidades -físicas do seu corpo? Por·exemplo, come quandó não tem fome? Ou nunca · do.r s·1m........ N-ao....... . perce b .. e· que esta; cansa 5. Negligencia suas necessidades físicas? Ignora a boa nutrição ou não faz exercício suficiente? Procura o médico ou o den. • . i. 1m... ..... N-ao ...... .. t1sta so; em uma emergenc1a
s·
6. Sente medo de ser abandonado/a? Sente-se óu já se sentiu desesperado/acom o fim de um relacionamento? Sim ....... . Não,...... . 7.
Jápensou em suicídio por causa do fim de urn rdacionamento amoroso (seu companheiro/a o/a abandonou , seu marido/sua mulher pediu divórcio)? Sim ........ Não ........
8. Sente com freqüência que não se encaixa ou não pertence a ~Tirei~ idéja do ' 'lodice de suspcíta" do caba.lho pioneiro do falecido Hugh MissiJdj. ne no seu livro clássico l'óurlrrner Child of chr:Fase,O dr. Miuilàinc cr1 .meu amigo e me cncora1ou mwco p:ua pr0$segúfr neste crabalho.
•
RESGATANDO SEUFUDOSPRIMÉIROS ANOS DEVIDA
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um lugar? Sente que as pessoas não o/a recebem bem ou que - deseJam . sua presença.:> s·1m........ N-ao....... 1 nao 9. Em situações sociais, tenta •ficar invisível para que ninguém note sua presença.~ · 1m........ N-ao........
· ·
s·
10. Procura ser tão prestativo (até mesmo indispensável) nos seus relacionamentos para que a outra pessoa (amigo/a , amante, esposo/a, filho/a, pais) não possa deixá-Joia? Sim........ Não........
11. O sexo oral é o que domina suas fantasias e o que vócê mais . ~ 1m........ Ndese1a. · ao ....... ,
s·
12. Tem grande necessidade de ser tocado/a e abraçado/a? (Isto
geralmente se manifesta pela necessidade que você tem de tocar ou abraçar os outros sem saber se eles querem. )·Sim........ Não ....... .
13. Tem uma hecessidade constante de ser valorizado/a e de que . de voce. '"?' 1m........ N-ao....... . preasem .,
s·
14. E quase sempre mordaz e sarcástico com os outros? Sim ........ Não ........
15. Isola-see a muito tempo sozinho/a? Quase sempre.acha que não ·vaJea pena tentar um relacionamento? Sim........ Não ...... .. '
16. Você é geralmente crédulo/a? .Aceita as opiniões dos outros ou ' 'engole tudo que ouve'' sem pensar no assunto? Sim........ Não ..:..... '
OS PRIMEIROS-MESESDE VIDA Chegamos ao mundo com necessidades muito espeóficas. No quadro da página 88 móStro os blocos básicos para o desenvolvimento de um eu razoavelmente saudável. Esses blocos são linhasgerais. Uma vez que não existem duas pessoàs iguais, devemos te.r o cuidado de não determinar absolutos para o desenvolvimento humano. Entt:etanto, precisamos de cenos pontos gerais. O grande terapeuta Carl Rogers disse cena vez: ''Tudo que é mais pessoal é mais geral.'' Na minha opinião, isso sjgnifica que minhas mais
VOl!AADI.AR
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pi:ementes ne cessidades humanas e meus temores e ansiedades mais profundos são mais ou menos compartilhados por todos. Fiquei irado ao constatar que, companilhando meus segred os mais profundos, os ouuos podem se identificar comigo.
A ponte interpessoal Usaremos os blocos básicos que apresentei como linhas gerais para cada uma das necessidades de dependência durante os estágios de de senvolvimento da nossa infânci a. N os primeir os meses, precisamos ser bem-vindos ao mundo. Precisamos de um do profundo com uma pessoa que cuide de nós, que nos proteja e que sirva de espelho para nós. Esses primeiros meses são chamad os de estágio simb.iótico or ue somos in teiramenrç: co-dependentes de nossa _mã u de outra fi ura uc aranta nossa sobtevivência. Dependemos dela para ªprender sobre nós mesmos e ara a satisfação das nossas necessidades básicas de sobrevivência. Nesse estágio, somos indifrrendados. Isso significa que somos um, natu ral e inconsciencemenre com nosso eu, mas não temos capacidade para refletir e saber conscientemente que temos um eu. Precisam.os dos espelhos e do eco na voz da nossa mãe para descobrir nosso Eu Sou. Éramos ''n ós'' antes de nos tomarmos ''cu ' '. A vida começa com uma fusão verdadeira do ser. Nosso destino depende da pessoa que por acaso é nossa mãe . ''A mão que em bala o berço faz tremer o mundo.'' Quando nossa mãe está presente para nós. nos ligamos a ela. 1 Essa união cria uma ' ontc: interpessoal" que eo alicerce:de todos os futuros cdaciOnamen~. Se aJ>Ontc:for conm.uJdaJ:om.t.eS=.. P.eJtoe valorização mútuos, formará a Janta básica ue servirá de modelo para to os os nossos re acionamc:ncos. Se a criança é .E!· vergonhada indevidamente: , a pontC;_S~P~ ~ ~a e_,assaa acreditai: que não tem o direito de depender de ninguém . Isso a predispõe para a formação de relacionamentos patológicos com comi:_ da . drogas, sexo e assim por diante ,
Narcisismo saudável Precisamos que nossa mãe nos leve a sério. afirmando qu e cada ~rtc: de nós é aceitável , fazendo-nos saber que alguém sem•
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}tESG~O SEUliU DOSPRl~R05ANOS DE:vIDA
RX~estará ao. nosso lado . aconteça o que ac0ntecer. Essas necessidades compi:eendem o que Alice Millerchama de nossos supri • mentos de.,narcisismo saudável. . Sigajfica ser amado como a pesS!;)J!QUCé,.J..ÇL ª.dmi_cad.o_eJ:al.om.a.do,. ..seuo.c.~ tratado de modo especial,tet certezade qw:....a. mãt nãoo abandona rá. ser levadQa sério. Quando essas necessidades sãoatendidas na infância, não precisamos levá-las conosco quando crescemos.
A boa mãe Para fazer bem seu trabalho, a mãe precisa estar em contato com o próprio senso de Eu Sou. Ela deve amar a si mesma, o que significa que dC"Ye .aceitar cada pane de si mesi;na. Precisa especialmente aêeitar o pi:óprio corpo e sentir-se bem com ele. A •nãe não pode dar áo filho a sensaç-ão de bem-estar se ela não a possui. Não pode dar ao filho a sensação de confiança nos próp rio s instintos se não confia nos seus. Erich Fromm descreve como uma orientagão antivida na mãe faz o filho temer a vida, especialmente a vida instintiva do seu corpo.
Espelho A vida instintiva é gov,ernada pela parte mais primitiva do cérebro. Tem a ver com comer, dormir, tocar e el~mina( e com a sensualidade e os prazeres e as dores do corpo . Como most.ca o nosso quadro , no início da vida "eu sou você", "eu sou outro'·. EI)l outras nalavras. a crian..s.aestá integrada na mãe . Você 2 ente o que ela sente. Você não gosta do qué ela não gosta. ,Voct sente sobre você mesmo o que ela sente sobre você. Na primário. Não imporptímeita fase da infância, o sentimento ta o modo pelo qual a mãe desempenha o papel de boa mãe. O que irripona é o que ela sente realmente em relação à crian ça. Se sua mãe ,não gostou de ficar grávida e acha que devia se casar par~ ter você, você Vàisaber dis.so, em um nível ónesté• sico mais profundo .
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O contato fisico Quando você nasceu devia ser tocado e abraçado quandoprecisavaser tocadoe abraçado.. Pfecisava ser al.imentado quando tinha fome, O horário rígido da alimeQtação do bebê foi o horror das geraçõesadas. Sam Keeo chama a atençãô para o fato dos mestreszen levaremanos para chegará conhecer o que toda criança sabe naturalmente - a corporalidade t~tal de doonir quando está cansado e comer quando tem fome. E incrível que esse estado de beatitude, semelhante ao que é alcançado pelos mr;su es zen, seJa destruído deliberada e sistematicamente. Você preo sava tomar banhõ e estar sempre limpo. Suas funções físicas oão eram ainda réguladas pelo controle muscular conscie•nte, portan to, você dependia de outra pessoa para manter seu bumbum lim• po. Essas são necessidades de dependêncía. Você não podia satisfazê-las sozinho.
O eco Vocêpreêl$ay1-ouvir vozes ecoan.d.Q..Q.Qasv1ndas. serenas e amo, rosas. Você precisava de uma porção de eco~ dos seus balbucias de ternura. E ohsf E ahs! Vocêprecisava ouvir uma voz confiante e firrnuµ ,é indicasse um alró grau de segurança. Talvez, mais do que tudo , Brecisavasentir uma pessoa que confiava no mundo e na. própria sensação de estar no mundo. Erik Erikson propõe (:OII)O primeü:a· tarefa do desenvolvimento, a criação da noção interior de ser, caracterizada pela çon.iançano mundo exterior. Carl Rogers dit que uma das coisas m_aisimportantes que aprendeu foi que ' ~os fatos são amigos'' - isto é, podemos confiar na realidade. A disputa entre a confiança básica e a desconandoessa pofiança é a primeira tarefa do desenvolvimento. Q...u laridade é re~ lvida aJavor da confi,@Ç-ª.. _mtg_ e_J1..ÍQLÇa:.b.á.sica.do ego. Essaforça é a base da esperança. Se o mundo é basicamente • digno de confian&.ª., então é possíyel ser' 'quem cu ~pos ,so confiar. ceno de uc tudo que preciso estará à m'inha CSP-e ra. Pam Levin vê este primeiro estágio como o tempo em que é desenvolvido o poder de ser. Se rodos os fatores enumerados estiverem presentes, a criança pode ter o prazer de ser quem ela é. Uma vez que o mundo exterior é seguro, e uma 'Vez que as
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carências dos meus pais estarão sendo atenrudas por recursos pr6prios e por meio do amor e do apoio mútu os, eu osso a enas set Nâ9~p,reàsQ agradá-lgs _n.e.mJutar pela sob,revivêncja. Posso apen~~ntir razer e~ r minhas q~sidades ace.ruiid3á._
SER PAI E SER MÃE - O TRABALHO MAIS ÁRDUO DE TODOS Ser um bom pai ou uma boa mãe é um uabalho duro . Acredito que seja o crabalhomais duro que qualquer um de n6s pode fazer. Para ser um bom pai ou uma boa .mãe você precisa ser mentalmente saudável. Precisa ter suas necessidades atendidas por seus próprios recursos e precisa de um companheiro /a para ajudá-lo /a nesse processo. Acima de tudo, vocêprecisajá ter curadoa criança ferida que vive em voct Se essa criança está ainda ferida, o pai ou a mãe do seu filho vai ser essa criança assuscada, ferida e egoísta. Você vai fazer quase tudo que seus pais fizeram para você, ou o oposto. Seja como for, vai tentar ser o progenitor perfeito, sonhado pelasira criança ferida. Porém , fazer o oposro prejudica cambém seus filhos. Alguém disse certa vez, ''Cento e oicen:a graus da doença ainda é doença ." Lembre- se. ão e tou culp_andoos .Daisde ninguém. Eles foram adultos crian as feridas tentando realizar u a caref exuemamente rufícil.No meu caso, meus pais, às vezes, faziam coisas cenas, a despeito da pedagogia venenosa. Minha mãe conta com o era doloroso para ela nos submeter a um horário de alimentação, mas da fazia porque os " entendido s" recomendavam . Era também doloroso contrariar as recomendações dos '' entenrudo s'' e quase às -esconrudas, me consolar quando eu chorava . Esses foram os momentos salvadores e cheio s de graça, motivados pela criança maravilha que vivia nela, que compreendia os cuidados básicos necessários a uma criança. , Entretanto , nenhum p_aie nenhuma mãe jamais foi pcrfei- to, ~n enhum será._9 ifl'.lportantc é tentar curar nossa çriança fe_rida , para não prejudicarmos nossos filhos .
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DISTÚRBIO DE CRESCIMENTO FritzPerlsdefine a neurose como ••distúrbio de crescimento''. Gosto da definição. É um bom modo de descrevero problema da vergonha tóxica da sua criança ferida e o resultado da co-dependência . Não seremos adultos crianças co-dependentes se forem atendida s nossas necessidades da infância. Quando isso não acontece, surgem problemas graves. O Índice de Suspeita no começo deste capítulo descrevealguns desses problemas. Podem ser resumidos como privação n;ucísica. A criança não recebe o reflexo e o eco qu e precisa. Não é amada incondici onalmente e, poc isso, não desenvolveo senso de confiança . O resultado é uma carência insaciávol. _guealgumas Ressoasexpressam externamente com vícios ingestivos. Crja também a necessidade de ser constantemente validado - quase c:_omo se a pessoa deixasse de existir sem esse reconhecimento. Outras conseqüênciassão: necessidadede ser cocado e abracado, concentração no sexo oral, perda de contato com as necessidadesfísicas(os sinaisdo corpo), uma tendência para ·'engolir tudo que ouve•: - o otário que nasce a cada minuto. Acima de tud o, quando suas· ~gências da infância não são atendida.~.vocêfica pre.9iseosro a sentir vergonha de si mesmo, a senric nas profundeza s do seu íntimo, ·que há algo errado com você.
Não cresça Talvezvocê tenha aprendido a ficar sempre criança para cuidar dos ferimentos narcísicosdos seus pais. Se você foi uma crian~a muito obediente, mamãe e a ai sabiam ue odiamsem recontar com _vocepara evá- osaséno. t· amcertezadeqye:vocêjamaisosabaodo aria como os ais deles os abandonaram. Vocêseria uma fonte constante de valor e de estima para eles. Assim, vocêse transformou no instrumento de satisfação das necessidades narcísicas deles.
Abandono emocional Todo filho de um sistema familiar disfuncional sentirá privação e abandono emocionais. A i:esposta narural ao abandono emocional é uma vergonha tóxica profundamente enraiz-ada, geradora de rajva primitiva e uma profunda sensação de mágoa. N~o
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I.ESGA'.L\NDO SEUEUDOSPRIMErROS ANOSDEVIDA
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é possível lamentar esse prejuízo na infância. Você não tinha um aliado para validar sua dor. ninguém para abraçá-lo quand o chorava até não ter mais lágrimas ou quando se enfurecia contra a in justiça de tudo aquilo. Para sobreviver, as defesas primâria.s do seu.ego entraram em ação e sua energia emocional foi congelada e não resolvida. Suas carências clamam para serem atend idas, desde essa época. Se você for até o bar mais próximo, vai ouvir a voz chorosa de um bebé adulto, exclam ando: · ' Tenh o sede, estou carente , preciso ser a.macio. Quer o ser importan te e estabelecer contato .' '
INFORMAÇÃO O primeiro o na recupera ção d:1. sua criança inrerior ferid a é um proce sso chamado colecade informação. Quando uma pessoa sofreu um uaurna grave, é imponant e qu e fale a respen o. Esse processo não é um trabalho com a dor origin al. não é aind a a experiéncia dos sen timentos originais. Porém , é. o meio de começar esse trabalho. Recomendo que obtenha toda informa ção possível sobre seu sis~ema familiar . O que estava acontecendo quando você nasceu? Como eram as familias do seu pai e da sua mãe? Sua mãe e/ou seu pai eram adultos crianças? Uma boa idéia é escrever essa informação com a maior precisão possível, sob.re cada estágio do desenvolvimento - nesse caso, do nascimento até os nove meses. É provável que isso seja doloroso para você. Procure se esforçar pàra ser o mais claro possível sobre os fatos da sua infânci a. Por exemplo , Qwenelia foi a razão do casamento dos pais. Eles eram mu ito jovens, 17 e 18 anos. Sua mãe era uma vítima não e.ratada de incesto físico e emocional. Seu pai era alcoólatr a ativo. Qwendla lembrava-se de estar no berço. ouvindo o pai amaldiçoá-la por ter nascido. Ela sentia que a mãe a culpava por arruinar sua vida . O pai e a mãe eram de famílias rigidamente católicas e recusàvam qualquer cipo de controle de natalidade . 1 1 mãe fazia sexo fteqüentemenre como um dever de esposa. Imagine uma mulher de 24 anos com quatro filho s e um marido irresponsável e alcoólatra. Como a filha indesejad a, Qwenella erz
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objeto da raiva e do desprezo da mãe. lembrava-se de ouvir a mãe dizer o quanto ·ela era feia e que nunca seria grande coisa na vida. Na teoria do sistema familiar, Qwenella tinha o papel da Filha Perdida, o Bode Expiatório da mãe e a Vítima. Esses pa• péis permitem que os membros de uma família disfuncional te• nham suas necessidades atendid as. Se a família não quer outro filho ou se tem muitos filhos, a criança indesejada aprende a ser importante, desap:ueccndo. A família di z: ''Desapareça. criança - nós não queríamos você". ou , "Já temos filho s demais!" Qwenella aprendeu a ser uma menininha perfeita. Era ex• cessivame nte obediente e exageradamente delicada e presta tiva. Escreveu que , quando era bebê , ficava sozinha no berço durante long as horas sem chorar. nem fazer barulho . Mais tarde, ela brincava sozinha, no quarto, por horas e horas. para não incomodar a mãe ou qualquer out ra pessoa da família. Esse é o comporta• menta clássico da Criança Perdid a. Qwenell a cre sceu e repetiu esse padrão no trabalho e na sua vida social. Sem re.rapia, pr ovavelmente, levaria esse comporram enco até o fim da vida.
" A INFANCIA COMPARTILifADA COM UM AMIGO
• De po is de escrever tudo que você sabe sobre seus prímeiros meses de vida, é importante falar no assunto e ler alto para alguém o qu e escreveu. Se você está fazendo ter:apia e civer a aprovação do seu terapeuta para fazer o trabalho descrito neste livro, compartilhe esse trabal h o com ele, ou com seu monitor, se estiver em um programa dos 12 os. Pode compartilhar com qualquer pessoa em quem você confie - talvez um religioso ou ·seu melhor amigo/a. O jmponante é :liguém ouvir sua hiscória e ccscemunhar sua dor original na infânàa. Essa pessoa deve refletir e ecoar sua realidade como bebê. Se da começar a fazer pergunras, discucir ou dar conselho s, você não está rendo o que precisa. Não é aconselhável co~partilhar esse trabalho com um do s pais ou ou tra pessoa da família , a não ser que estejam em um programa de recupera ção pessoal. Se você foi realmente maltratado na infância, esse fato pre cisa ser validado. Membros não u a•
RESGATANDO SEU EUDOSPIUMBROS ANOS DêVIDA
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cadosda .fumíliaestão dencrodo mesmo cranseilusório que rocê escevc: : Não podem , de modo algum, validar e legitimar sua dor. E possívelque sua infância nãotenha sido dolorosa. Nos meus seminários, muitas pessoas descobrem que foram bem-vindas ao ~s..p;1.is fossem adultos _crianmundo . Foram desejadas, e_mbgu_seu ças. Só no est~giQ.gguintc do desenvolvimento.elas foram violadas. Foi ai que as carências narcísicas gos pais entraram em ação.
SENTIR OS SENTIMENTOS Se você é uma Criança Perdida, p,:ovavdmcntc já c,:perimeocou alguns sentimentos. sobre s:.ia infância. Se você consegue se ver como um bebê, examine longamente esse quadro. Caso conu ário, e algum rempo observando um bebê . Seja como for, va. notar a energia vital da criança. Ali está uma criança maravilhosa e cornplecamenre inocente, que só quer uma oportunidade para viver seu descino. Essa criança não pediu para nascer. Tudo que_ ela queria, nos primeiros meses, era ser alimentad2 - de comida e d.eamor - para crescer e vicejar. lmagi0e alguém pond o essa maravilha no mundo e não a desejando. Teriasido maishonesto levaressacriançaindesejadapara um orfa.naco.Seria um ato de amor oferecê-lapara adoção. Pelo menos os pais adoci"fosiam desejá-la.
ESCREVERCARTAS Imagine que você, o sábio e velho mago, quer adotar uma criança. Imagine que esse bebê é você. Imagine que você precisa escrever uma carta para esse bebê. Bebês não sabem ler, é claro, mas confie cm mim, é importante escreveressa carta. (Não escreva se não quiser realmente recuperar seu bebé precioso. Enrceranto, suponho que você queira. do contrário não teria comprado este livro.) A carta não precisa ser longa, talvez um ou dois parágrafos. Diga ao seu bebê maravilhoso que você o ama e que está feliz por ele ser menino (ou menina ). Diga que você o dese•
VOl1ANJLAR
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ja e que dará o tempo que ele precisa para crescer e se desenvolver. Garanta que sabe o que ele precisa e que providenciará para que ele tenha tudo e que vai trabalhar arduamente para vê-lo como a pessoa preciosa , maravilhosa e única que ele é. Quando terminar, leia a carta em voz alta bem devagar e note o que está sentindo. Se sentir tristeza e qws ·er chorar, faça issó. Esta foi a carta que eu escrevi. Querido Joãozinho Estou tão feliz por você ter nasci-4o! Eu o amo e quer o qu e fique comig o para sem p re. Estou s:i.tisfeiro por você ser menino e quero ajudá-lo a crescer. Quero uma oportunidade para mostrar o quanto você significa para mim. Amo r Joã o
Carta do seu bebê interior
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Dep ois d.isso,embora pareça estranh o, quero que escreva para você mesmo uma .carta do seu bebê interi or. Escreva com a sua mã o não dominante . Se você é destr o. escreva com a mão esquer da . (Essa técni ca ativa o lado não dom inante do seu cérebr o, cont ornando o lado lógico e sempre mai :s contr olador . Facnna o contato com os sentimentos da criança que vive cm você.) É claro que eu sei que bebês não sabem escrever. Mas, por favor, faça o exercício. lembre -se, se um bebê pudesse escrever, provavelmente não escreveria muito - talvez só um parágrafo bem curto. Aqui está a minha carta .
Querido
Jo~o :
t bu.sc.~r~ ....Ve /\}'\O.. M<2. 1 9ue.ro :!)er '""fºi"fa l'\-t-er'C1 ro.. a 1»ue.1'4A. Não !=ft.lero/ ic.a.r .So :Z/!\i\o ·
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VOCe
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Joã. o z.tnL.... C>
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RESGATÀNDO SEUEUDOSPIUMEÍROS ANOS DEVIDA
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AFIRMAÇÕES . Se as necessidades dos seus primeiros meses de vida não foram acendidas, a criança interior está ainda presente com toda sua energia original . Precisá a.inda dos cuidados que você não teve, precís.aainda ouvir que é bem-vinda ao mu.ndo. Um. dos meios àe da r a você mesm o t udo que nã o ceve é a afirm 2;ã 0. Fam l ev~. no seu livro Cydes of Power,apresenta afirmações pará e.ada escágLo de desenvoh-imento .. O bebê não sabe ainda o sentido das palavras, mas pode perceber sé\l aspecto não-verbal. Se suá mãe ficou d~sapoorada por você ser menino , ou se ela realmente não o desejava , nàb foi preciso que dissesse a você. Provavelmenct . jamais alguém disse que você não foi desejaqo, mas você sabi:r. Para algumas crianças chegam mesmo a dizer que ela&não foram âesejacias. Disseram a uma das minh as clieo ces que sua mãe quase morreu quando ela nasceu. Para ourr a, disseram gue o pai queria que a mãe fizesse um aborto quando ficou grávid :i. del à. Tenho ouvido muitas outras hisróri l:l,sdokirosas corno essas. As palavras são exnemamence poderosas . Palavras boas p odem criar um dia inteiro de felicidade . Palavras de crícica podem nos deixar furiosos p_or uma semana . ,Pause pedras podem quebrarseus ossos,mas ser chamado de nomes machuca ma.is.Palavras novas e que transmitem 'força podem tocar a dor originaJ e <;omeçar o processo de cura. As afirmações .posidvasrtlorçam nosso Gomeço de vida e podem curar o ferimento espiritual. Pam Lévin diz que .. mensagens afirmativas podem até mesmo produzir mudanças 00 ritmo cardíaco e respiratório de um paciente em coma• '. Mensagen~ posití~ repetidas são auaieacesemo
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criança interior du rante a meditação. Ela as ouvirá como vindas de um mago velho e gentil . (Use as que você preferir.) Bem-vindo ao mundo . Eu estava à sua espera. Estou tão feliz por você estar aqui! Preparei um lugar especial para você morar. Gosto de você do jeito que você é. Eu não o...abandonatci,_aç__QJ11eça o que acontecer. Aceito todas as suas exigências. Darei a você todo o tempo que precisa para ter suas necessidades atendidas. Estou feliz po r você ser menino (ou menina). Quero tomar conta de você e estou preparado para isso. Gosto de alimentar você, dar banho, mudar sua fralda e de ar o tempo com você. Em todo o mundo , nunca houve ouuo como você. Deus sorriu quando você nasceu.
MEDITAÇÃO DA CRIANÇA INTERIOR ,.
Esta medüação precisa de uma hora sem interrupções. Recomendo que tenha uma caixa de lenços de papel à mão. Sente-se em , uma poltrona confortável com os pés e as mãos descruzados. É uma boa idéia avisar alguém da sua confiança que vai fazer este exercício (a não ser que ela possa: envergonhá-lo por isso). Você talvez queira verificar os resultados com essa pessoa, no fim. Por favor, lemb re-se do que eu disse na introdução desta parte. Não
faça este exercíciose: • Foi diagnosticado como doente mental ou tem uma história de doença mental. • Se for uma vítima não tratada de violência física ou sexual, incluindo estupro. • Se foi emocionalmente ferido, de forma intensa. • Se está se recuperando do vfcio de bebida ou drogas e não está sóbrio há pelo menos um ano. • Se não tiver a permissão do seu terapeuta.
ltESGATANÓO SEUruDOSPRIMEIROS ANOS DEVJDA
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Se você tem objeções de ordem religiosa à meditação , deve saber que não há nada anti-religioso neste exercício. Além disso, deve saber também que você entra e sai de um estado de transe várias vezes por dia . Não peço nad:i. que você já não faça ou que não saiba como fazer. Lembre-se de que os problemas da criança interior ferida são, em pane , resultado da regies são esponcâaea no tempo . Fazendo uma meditação que envolve a regressão no tempo, você está, na verdade , comando o controle desse processo.L embre- se_também de que pod e parar quan do quiser , se ficar angu.stiado. E perfeitamente cor.ceto parar no meio da meditação. se for precis o. A primeira parte da meduaçã o será usada para todos os estágios de desenvolvim ento. Grave no seu gravador, fazendo um a p ausa silenciosa de mais ou menos 15 segund os enue as frases, como indicado abaixo. Comece sentado tranqüilamente , observando tudo que o rodeia ... localize-se no espaço e no temp o. Sinta que suas costas e suas náde gas estão tocando a cadeira ... Sinta a roup a no seu corpo ... Ouça todos os sons que puder ou vir... Sinta o ~r na sala ... Po.r:enquanto , você não rem de ir a lugar nenhum e não cem de fazer nada... Apenas esteja aqui e ago• ra ... Pode fechar os olhos se já não os fechou ... Pode sentir a própria respiração... Sinta o ar entrando e saindo ... Sinta o ar nas suas narinas quando ele entra e sai ... Se tiver pensa ment os alheios à meditação , tudo bem . Pode dar atenção a eles como se fossem palavras na tda da televisão anunciand o chuva pesada ou uma tempestade . O importante é dar atenção a eles. Deixe que em por você... Enquanto contin ua a respirar, pode seguraro consciente tanto quanto quise r... Ou pode largarde um modo que você sabe que é relaxante ... Você aprendeu a segurare largar quand o era criança... E sabe exatamente quanto deve securare quanto deve largar. Você aprendeu o equilíbrio perfe ito quando aprende u a respirar, logo que nasceu ... Você aprendeu a inspícar ... e segu rar o temp o suficiente para oxigenar seu! glóbulos sangüí neos... E você aprendeu a larg2r... e senúr o ar saio do... Q uand o bebé, você aprendeu a sugar o seio da sua mâ~.. . Vocé aprendeu a suga.r a mamadeira ... E a largarpara sentir o gosto do leit e mom o... Você logo aprendeu a segurar sua
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mamadeira ... E a soltar qua:ndo acabava ... E aprendeu a segurar na grade do berço ... E a soltar quando estava pronto para deitar outra vez... Ponanto , você sabeexatamente quanto deve segurare quanto deve largar... E pode confiar em você para saber exatamente o que precisa ... E agora você talvez esteja sentindo um certo peso nas pálpebras ... Pode deixar; que elas :se fechem com força... Pode sentir peso no queixo ... nos braços e nas mãos ... E pode sentir como se tivesse pesos nas pernas e nos pés ... Como se não pudesse mover as pern as... Ou pode sentir exatamente o O?OS· ro, como se todo seu corp o esúvesse flutuan do ... C.omo se suas mãos e seus braços fossem feitos de penas ... Você sabe exatamente o que está sencindo, peso ou leveza... E seja o que for, é exatamente o que é bom para você.
J
E agora pode começar a experimentar algumas lembranças da infância ... Pode lembrar dos seus primeiros dias na escola ... ,e seu melhor amjgo naq uele s di as... Pode lembrar de um professor ou de um vizinh o bondos o... E _pode lembrar da _casa em que morava antes de ir para a escola ... De que ' a casa.... ?E ra um apartamento....) LJm uai·1er ,V,• cor era .... oce morava·.'na cidade? ... No campo? ... Agora você pode ver aJ. guos cô~odos da casa ... O ode você ava o tempo nessa casa?...' Tinha um quarto especial ?... Onde ficava a mesa de jantar? ... Veja quem está à mésa de jantar ... Qual era a sensaçãode estar sentado àquela mesa?... Qual era a sensação de morar naquela casa?...
Esra.é a instruçãogeralpara cada estágio de desenvolvimento.A instrução especifica é diferente para cada estágio. Agora imagine ou lembr e-se da casa em que sua fanúlia mo,rava quando você nasceu ... imagine o quarto onde dormia logo dt:pois de nascer ... Vej:a o belo bebê que você era ... Escute sua voz balbuciando, chorando, cindo ... Imagine que pode segurar no colo esse seu eu fofinho ... Você está ali como um mago velho e sábio ... Você está vendo sua pr ópria ·-e • . Quem ma.1.s esta~ presente.... t Sua mae.... - ? Seu pai")... . 11uanoa... Qual a sensaçãode ter nascido nessa casa, de ssas pessoas?.. . Agora imagine que você é o bebê pequeníno e precioso,
RESGATANDO SEU.ElJDOSPRIMEIROS A. NOSDEVIDA
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olhando para tudo isso... Olhe para você adulto ... Veja você como uma pessoa, um mago. ou apenas você me smo ... Sinta a presen ça de alguém que o ama. Agora ima gine que o adulto que é você o segura no colo. Ouça as afirmações seguinte s na voz carinhosa dele : Bem-vindo ao mund o. Eu escava à ~ua espera . Estou tão feliz por você estar aqui! Preparei um lugar especial pa ra você motat. Gosto de você do jeito que você é. Nun ca o .abandonarei. aconteça o qu e aconcecc.:. Aceito todas as suas exigências. Darei a você todo o tempo que precisa para ter suas ne• cessidades atendidas. Estou feliz po r você ser menino (ou menina ). Qu ero toma r conta de você e estou preparad o para isso. Gosto de alimentar você, dar banho, trocar sua fralda e de ar o tempo com você. Ern rodo o mund o, nun ca houve outro con10 você Deu s sorriu quando você nasceu. Enuegue-se aos sentirnen cos provocadospor essas afirmações.. Agora, deixe que o adulto que você é o ponha no berço... Ouça a voz dele dizendo que nunca vai abandoná-lo ... E que , a partir desse moment o, estará sempre à sua disposição... Agora, volte a ser o adult o... Ol he para o bebê precioso que é você... Conscientize -se de que acaba de recuperá-lo ... Sinta a sensaçãodessavolta ao lar.... Aquele bebê pequenino é desejad o, amado e nun ca mai s ficará sozinho ... Saia do qu arro, da casa e olhe para trás enquanto se afasta .. , Suba a ladeira da memória ... e por sua primeira escola ... Entr e na sua adolescência ... Entre na memóri a de jovem adult o... Agora carrunhe para onde você está agora.Sinta os dedos dos pfs ... Mexa os dedos dos pés ... Sinta a energia subindo pelas pernas... Sinta a energia no peito quan do respira fund o... Solte o ar ruidosamente ... Sinta a energia nos braços e nos ded os das mãos... Mexa os dedos das mãos... Sinta a ener gia nos ombr os, no pescoço e no queixo ... Estenda os braços... Sint:;; seu rosco e volte a esta r completamente presente ... Voice ao seu estado conscien te naru ral. .. E abr a os olhos.
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IDITAADLAR
Fique sentado por algum tempo e procure- refletir sobre a experiência que acaba de ter. Sinta o que está sentindo. Preste atenção nas afirmações que o tocaram mais de peno. Reflita sobre essas palavras, sentindo todo o poder nutriente delas. Se teve uma reação de raiva, sinta raiva. Por exemplo, pode ter pensado: ''Isto é bobagem, isto é uma brincadeira ,. ninguém jarn.us me desejou realmente!" Sinta a raiva..Grite! Bata no travesseiro com uma raquete de tênis ou com um bastão de fulebol, se tiver vontade. No fim da reflexão, escreva seus pensamentos e impressõe s, se q1.1iser.Fale com sua mulher ou com seu marido , monhor ou amigo,se quiser. Conscientize-se d'! gue o adulto que vocêé l) O· de tomar conta desse bebê ·- o bebê que é você. Cenàs pessoas têm dificuldade para visualizar, seguindo as instruções. Nós todos pe(ceptualizamos, mas nem todos visuali~ zam com facilidade. Cada pessoa tem um mapa prima.rio do mun do, Se você fbr primarian:ienre visual, provavelmente diz coisas como.: "P osso me ver fazendo isso.1 ' Mas se é p,rimaúame nr e auditivo, pode dizer : "Isso me soa bem ", ou "Algo me diz para fazer isso.'' As pessoas com percepção cinestésica prova.velmente dir~o: ''Sinto que isso é certo ", ou ' 'Sinto-me impelida a fazer isso.'' Portanto , não se preocupe se river dificuldade em visualizar - você ~ai perceptualizar a seu modo . Às vezes.aspessoas não podem ver, ouvir ou sencir sua criança interior. Descobú que isso acontece potque durante o exercício elas são a criança. Estão realmente no estado de um bebê . Se isso aconteceu com você, repita a medita§â9, procurando ver a você mesmp como adulto e ouvin .do sua personalidade de adulto dizendo as f.rases de afirmação e de amor. Cenas pessoas sentem que a criança setâ um novo peso se a 1tvarem para casa. Se esse é o seu caso, provavelmente, você está sobrecarregado de responsabilidades . Lembre-se de que você precisa apenas de alguns minutos por dia para entrar cm contato com sua tt.ia:nÇ2. int erior. Esta é uma criança que você não precisa alimentar, vestir ou •t .omar conta . Amar e nutrir sua criança interior é uma forma de dedicar algum tempo a você mesmo - o que v,ocê provavelmente não tem feito . As vezes as pessoas ficam zangadas ou revoltadas quando vêem o bebê que elas foram . Isso indi ca um nível muito grave de vergonha t6xica. Nós nos envergonhamos do mesmo modo que fomos eo°\o'ergonhadôs.Se suas imagen s de sobre\>ivência o rejei-
RESGATANDO SEUEUDOSPJUMEllOS ANOS DEVIDA
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taram por sua vulnerabilidade de bebê, você pode rejeitar seu eu da mesma maneira . Se sentiu raiva.desprezo ou repulsa quando fez este exercido , precisa tomar uma decisão sobre sua disposição para aceitar a parte fraca e vulnerável do seu eu . Garanto que é uma pane real da sua pessoa. É uma parte de todos nós . Enquanto você não estiver disposto a aceitar a pane mais fraca e mais desamparada do seu eu, não poderá ser realmen te poderoso e forte. Uma pane da sua energia e da sua força esrará ocupada em rejeitar a outra parte da sua personalidade . Essa luta interna desperdiça uma grande porção do seu tempo, da sua ener gi2 e da sua força. Por ma.is paradoxal que pareç a. su a forca s"' vai aparecer se aceitar sua fraqueza! Agora que você recuperou seu bebê interior , repita as afirmações durante muitos dias . Imagine qu~ está embalando o bebé oos braços e dizendo em voz alta: ''Este é o seu lugar! Nunca houve ninguém como você! Você é único. ini mitável!" Acrescente as afirmações que detonaram as emoçõe s mai s fortes - são as que você mais precisa ouvir. Sente-se em um parque e olhe para a grama, para as flores, os pássaro s, as árvores e os an1mais. Tudo isso pertence ao universo. §ão uma parte necessária da criação. E você também pertence. E tão necessá.tio quanto os pássaros, as abelhas, as árvores e as flore s. Você perten ce a esta cerra.
Seja bem-vindo !
Ttabalhando em conjunto Se você quiser fazer esses exercícios com um amigo , ótimo. Cada um precisa estar pr .esente para o outro de modo especial . Uma vez que a criança interior precisa saber que você não vai partir de repente, os dois devem tomar o compromisso de estar presente para o outro enquanto realizam esse trabalho . Não precisam fazer nada de especial, e cenamente não precisam fazer o papel de terapeutas. Basta estar presente na med ida do possível. Um dos dois fará as afirmaç ões positivas. Aconselho a usar as afirmações como foram dadas. (Em um seminário recente , uma muJher ficou tão entusiasmada quando cscav:i fazendo as afirmações para um homem , que eJa disse: "Bemvindo ao mundo . Você é tão desejado! Quero fazer sexo com você!" Isto não é o que um bebê precisa ouvir de alguém •
que toma conta dele!) Depois do primeiro exercício, invertam os papéis. Quando se trabalha junto, e muito bom abraçar e acariciar o parceiro enquanto dizemos asafirmações . Isso deve ser cuidadosamente verificado com antecedência. Muítos adultos crianças tiveram suas fronteiras físicas sev.era.mente invadidas. Mostre ao seu parceiro como você quer ser abraçado e acariciado. Obviamente, se vo.cé não quer ser toéado, diga a ele. Quando estiverem preparados para o exercício, leia para seu companheiro a inuodução geral à medita窺· Leia lenta e a~entamente , Podem ter uma música de ninar ao fundo , Recomendo a Suíce de Ninar de Steven Halp,·rn . Depois de Ier a frase ''.Escute a voz dele fazendo carinhosan.ent-e estás afirmações'', diga as afirmaçõesem. voz alta para seu .companheiro.Termine de Jer o exercício. A diferença entre fazer esse exercido sozinho e com um com panheiro é que, t10 segundo caso, você fa.z as afirmações em voz alta, acaúciando o companheiro da forma qué ele deseja. Quando ierminar, invertam os papéi s.
Trabalhode grupo Nos meus seminários, a maior pane do trabalho de recuperação é feita em gftql.ÓS. Acredito que o trabalho de grupo é a forma maispoderosa de terapia , No fim do seminário, digo a todos que fotam apen;is um recurso primário para os ouuo s. Queto que eles , saibam o que podem fazer sozinhos. Entretanto, sempre tenho vários terapeutas disponíveis durante esse processo, .pàra o caso de alguma crise emocional. Eles me auxiliam no caso de alguma pessoa ser dóminada pela emoção. Essa crise: pode ocorrer quando a pessoa regride dominada pela vergonha tóxica ou por emoções contraditórias. Essas emoções são mais perturbadoras que as naturais. Nã ve.rdade, ninguém é dominado pelas cmoçõc~ naturai s. As seguintes sugestões são oferecidas aos: • terapeutas ou conselheiros experiente s que querem conduzir grupos através do processo de recupetaçâo. • membros da CODA (Co-dependentes Anónimos) 'ou outros grupos de recup .eração que seguem ó método da autoajuda mútua;
WGAIANDO SEURJ DOSPaJME!lOS ANOS DEVIDA
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• outros que procuram seriamente o crescimento pessoal e que estão dispostos a aceitar as linhas gerais que eu reco· mend o.
Paraformar um grupo ).é necessário um
mínimo de cinco pessoas e o máximo de nove. E indispensável a presença dos doísse• xos em cada grupo - pelo menos duas pessqas do sexo oposto. Isso porque ·todos tiveram mãe e pai e devem ou~ir vozes masculinas e femininas. S~as pessoas do grupo não se conhecem , sugiro que façam o Sé!?Ulnte: A. em algum tempo juntos, corno um grupo, antes de começar os exercícios. Tenham eoconuos de , no mínimo , um a hora e meia. Aproveitem o primeiro encontro para as apresentaçães · e para compartilhar exemplos seguros da cootaminaçio dos adultos pela criança incerior. Deprus. saiam e façam um . lanche juntos . No encontro seguint e, cada pessoa deve falar duran te de1. minutos sobre sua família de origem e sua infáncia (ananje m algl.lém para marcar o tempo). O terceiro encontro deve ser mais espqntâneo. Mas cada pessoa deve ter sempre dez minuto s para falar. Podem den:ierac mais de uma hora e meia. se quiserem , mas cheguei à conclusão de que é necessária um a cena e~rrururação do tempo para obter um melhor resulcadp. A estruru~a de dez minutos para cada um é muito im ponante. Algumas crianças feridas não conseguern parar de f;uar, ou.tras são h.istêricas e usam Q barulho emocional (pro blemas conánuos) para gátantir a atenção de todos. B. Depois que todos aram algum tempo juntos, cada pessoa deve se compromececverbalmencea csra.c pccscn-redll.(ancc rodoo processo(os exerácios que abrangem os cinco estágios de desenvolvimento , do nasciment o até a adolescência). Aqui. também, a criança ferida precisa saber, acima de tud o, que alguém vai estar sempre ali p:µa ela. Os horários devem ser planejados de forma que todos possâm se comprometer a estarem presentes. C. Em seguida, os limites físicos devem ser decennina dos com precisão. Isso si'gnifica que cada pessoa de:vedizer clarament e quais são seus limites físicose sexuais. Se uma pessoa do grupo faz algum gracejo sobre sexo, que o desagrad a, você deve
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discutir o assunto. Se :você é sexualmente compulsivo, comprometa-se com você mesmo a não agir compulsivamente com nenhuma p~oa do grµpo. (Se não é sexualmente compulsivo, mas sente attação sexual por uma pessoa do grupo, tome a mesma decisão.)
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É de importância crucfa.Jque todos saibam que estão ali para dar ;i.poioe permitir que os outros sintam as sensações.O papel dos.membros do grupo é servir de espelho e de eco uns para os outros. Isso implica declarações corpo; ''Vejo o tremor dos seus lábios e ouço a tdsteza ôo seu cbótu' ', ou '· Senciraiva (ou meao, ou tristeza) quando você descreveu ·sua infância.' ' Como mem bro do grupo você nunca deve fazer .o papel de terapeuta, aconselhar ou tentar "a rrumar as coisas" para quem está fazendo os ocercicios. Imagine que você é um videoteipe ando o que acabou de ~bse~. Analisar, discutir e dar conselhos fazem com que você fique preso dentro da sua cabeça e fora dos seus sentimentos. Quando você discute e dá conselhos, está afastando a outra pessoa dos próprios sentimentos . Muiios adultos crianças aprenderam a ser importantes transformando-se ~m responsáveis por outras pessoas. Desse modo são vidades em •~consertar as coisas' ' e em ajudar. Geralmente, distraem a outra p-essoada concentração em suas emoções, dizendo , por exemplo, '''Veja o lado bom " , ou , "Age ra vamos examinar suas alternativas' ·', ou ainda, perguntan _do por quê. ("Por que você acha que seu pai bebia?") As melhores ft.ases são: "Como está se senti ndo agora?'' ou, •'Qual foi a sua sensação?' ', ou , '' Se sua triste.zâ pudesse falar,o que diría??' São palavras que encorajám a pessoa a expressar suas emoções. Não se esqueça de que este é o trabaJho da dor original.GeraJmente tentamos retirar as pessoas de dentro das suas emoções porque as nossas não foram resolvidas. for exemplo, se você começa a soluçar, pode comover minha tristeza não resolvida. Se eu puder fazer c;omque voe~pare de soluçar,oão preciso sentir a min,ha dor. Mas essa a:juda aparente para terminar com a emoção não o ajuda em nada. Na verdade , cria confusão e, provavelmente , foi o que aconteceu quando você era crianç;i.. As pes,5oas que 0 consolavam, pensando que estavam ajudando. esEavam,na que você ava fazer verdade,. impedindo . . fizesse o que mais pred $_ - senur os propn,os senC1111e1ltos , ~
RESGATANDO SEUEUDOSPJUMEIROS ANOS DEVIDA
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Os que procuram ajudar estão sempre ajudando a si mesmo s-.Aprenderam que podiam ser importantes ~judando os outros,. superando a própria sensação de impotência. Porém , exisceuma maneira de ajudar . Consiste em deixar que as pessoas sejam o que elassão,permiàndo que tenham sentimentos e que os reconheçam . Esse reconhecimento pode ser expresso do seguinte mod o: '' Eu o vejo e ouço sua voz e o vaJorízo como você é. Aceito e respeito a ~ua realidade.'' Se você foi criado cm uma família disfuncionaJ , que tinha como base a vergonha . é difícil estar presente para os outros da ro:;.ncira que descrevi. Ninguém ! ne nht:m gn:? C p.:i:i: :::zer isso com petfeição . Quando tÍver consciência de estar denµo da sua carênci a, simplesm ente reconhe ça que está falando sobre você, não sobre a outra pessoa . Entre tanto . se seu companheiro ou uma das pessoas do grupo sofre um a crise emocional , pare o exercício. Olhe oos olho s dele, ou dela, e faça com que responda a pergunta s como: ''Q ual é a cor da m inh a camisa ? Onde você mora ? Qual a marca do seu carro? E a cor? Quantas pessoas há nesta sala nesre mome nt o? Como se chamam ?' ' Essas perguocas obrigam a p essoa a focalizar o presente sensorial. Quando as pessoas rém um a crise em ocionai estão prisioneiras de um estado de espírito inte rior. Estão revivendo os antigos sentimentos acumulados em um reservatóri-:ie são apanhad as pela energia do ado . Precísamos ajud álas a voltar para o presente . As perguntas as aju darão a voltar ao aq u1 e agora . Quando estiver pronto para o exercício, escolha uma pessoa do grupo com a voz mais calma para gravat a meditação (ver pág. 127). Grave até onde diz: ' 'Agora. imagine que você é o bebé pequenin o e precioso, olhando para tud o isso.'' Não graveas afirmações, mas dê uma cópia a cada pessoa . Mande que cocos• tem o polegar esquerdo em um dos dedos da mão esquerda. Deixe que fiquem assim durante mais ou menos õOsegun dos. e mande separar os dedos . Continue grar..ndo a meditação onde diz : ''S aia do quarto, da casa... (ver pig . 129) e assim p or dian te, atê o fim. Agora faça o grupo ouvir a gravação. Quan do termíu ar, t e, d os terã o reexpeumentado as sensações d o próprio nasciment o. E cada um terá feito uma á.ncoradessas sensações com os do1s dedos d a mão esquerda. Uma âncora é um gatilho sensorial asso-
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VO!!AAOLAR
ciadoa uma ~eriênciá do ado.(Cançõesantigassão bons c:xemplosdc âncoras. Ouvimos a.música eá associamosa um namorado ou namorada ou ao verãocm que tínhamos 15 anos. Expressõesfaciaissão boas âncoras. Se seli pai franzia a testa de cena modo, antes de criticar alguma coisa que você'tinha feito, qualquer homem que repita essa expressãofaz rcvivêraquela anri'ga âncorá.) Nassas âncoras mais automáticas são resultados de traumas. O capítulo 9 tem tJm exercíciocompleto com o uso de âncoras. Em seguida, formeq1 um CÍ(culocom uma cadeira no cen, tro. Os membros do grupo revezam-se nessa cadeira. Antes de começar seu trabalho, cada um decerminaseus Jimices FJS.icos . Por exemplo, diga ao grupo a que distância deve ficar de você e como você quer ser abraçado e acariciado. A pessoa no centro começa a trabalhar, juntando o polegar esquerdo a outro dedo da mes, ma mão - isto é, tocando a ' ' âncora sensorial'' que fizeram durante a meditação. A finalidade é entrar em contaco com lembranças dos prime.iresmé$es de vida. Quero notar que você sempre está em contato com essas lembranças. muito mais do que imagina. Os co-dependencesgeralmente pensam que não estão fazendo bem o aercício.Procurenão se comparar aos outros membros do grupo, A vergonha tóxica que criou sua co-dependência é resultado dá. co,mpuaçãoque seus pais faziam entre você e a criança que des achavam que você devia ser. Tenha cúidado com observaçõescomo: 1 'Eu sei que estou fa. zendo tudo en:ado", ou., "A pessoa antes de mim começou a soJ luçar e eu não estou nem com vontade de.chorar.'' A única coisa que deve dizer a você mesmo é: ''Estou fazendo isto exatamence da forma que eu préciso fazer.'' Quando você está no centro, já determinou seus limites físi, cos e tocou sua âncora, o processo começa. · Cada membro do grupo escolhe à vontade as afirmações que ttansffiÁtea vocêcom voz pausa,da e carinhosa. Deve haver um intetvalo de ~Osegundos entre uma pessoa e a seguinte . Depois de 20 segundos. o outro membro di.z sua afirmação, até terem dado três voltas completas. (Isso significa que algumas afirmaçõest provavélmente, serão repetid as.) Providencie uma caixa de lenços de papel para quem .está sentado no centro. Depois que cada um disse t.cêsafirmações, a pessoa -fica~entada no centro por mais alguns minutos. Depois desse tempo, faça com que da voice para o grupo. Não comencem o exercícioanres que .rodos re-
RESGATANDO SEUEU00S PIJMER0.5 ANOS DI!VIDA
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nham frito seu trabalho. Quando todos teaninararn, cada pes-. soa comenta a experiência de sentar no centro. Lembre-se, cada experiência é úruca. _Quando compartilhar sua experiência, procure focalizar os seguintes pontos: • Quais foram as afirmações que você escolheu para a pessoa que estava no centro? Você seguiu algum padrão? Você repetiu a mesma afirmação muitas vezes? As afirmações que escolheu foram quase todas as que vocêmais precisava ouvir? • Alguma afirmação feita a você detonou um a descarga im ccliata de energia, raiva, tristeza ou medo? Por exemplo, muitas mulheres soluçam quando ouvem as palavras , ''Estou feliz porque você é uma menina.'' Cenas pessoas choram quando ouvem, ''Você terá todo o cen,po que precisa.'' Preste atenção à volragem.Voltagem. ou intensidade emocional, é onde a enetgia está bloqueada. Essa afirmação de alta voltagem pode ser o tipo de alimento que você mais precisa na vida. • Preste atenção às vozes femininas e masculinas. Uma voz masculina provocou medo , raiva, tristeza ? Uma voz feminina provocou alguma emoção especial? Essas informaçõe s são importantes para a elaboração do programa de defesa da parte III deste livro. Conhecer os tipos específicos de carência da criança interior é vital para dar o que da precisa. Quando todos tiverem oportunidade de comentar as suas ex• periências, termina o processo de grupo. É assim que gosto de imaginar o resgate do meu bebê.
B8
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Agora qtle você resgatou seu bebé interior, poden1os ar para o resgate ,dasua criança quando começou a andar .
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CAPÍTUID5
RESGATANDOSlJA CRIANÇAQUE COMEÇAA ANDAR
Glória a. Deus pelas coisas coloridas Por céus de duas cores como uma vaca malhada; ; Por manchas róseas pontilhando as mw1.1 que nada111 Outonos casunhos como carvão aceso, asas de tentilhão... Tudo que é volú'YCI, sardento (quem sa~ como?) - Gcrard ManJc:yHopkim O que anda na ponta do pé nilo pode ficar de pé, O que di largos os nllo pode andar. Provérbiochinés
A CRJANÇAQUE APRENDEA ANDAR (UNIÃO OPOSICIONAL)
EU SOU EU IDADE : 9 MESES - 18MESf.S (EST ÃGJO mIDRATÓRIO ) 18MESES - ~ ANOS
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(EST AGIODE SEPARAÇÃO ) EDÚVIDA POl.ARIDADEDEDESENVOLVIMENIO : AUI'ON0MJA XVERGONHA IQRÇA DEVONTADE FORÇA DOEGO : SENTIR EFAZER PODER: NASOMENTO PSICOLÓG ICO: C0NTRADEPENDtNOA RElACIONAMFNIO:
VOIIAAOI.Al
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INDICE DE SUSPEITA
Responda sim ou não às perguntas seguintes. Depois de ler cada uma espere e veja o que está sentind o. Se sentir uma fone energia para o sim, responda sim; para o não, responda não. Se responder sim a qualquer uma dessasperguntas, pode suspeitar que a sua criança maravilhosa foi ferida. Há vários graus de ferimento. Você está em algum lugar da escala de uma cem. Quanto maior o número de perguntas que você sente que deve responder sim, mais ferida foi a sua criança, neste estágio. 1. Vocêcem dificuldadeem saber o que quer? Sim........ Não........
2. Tem medo de explorar quando chega a um lugar que não
:..
4. 5. 6. 7.
8.
9. 10. 11.
12.
conhece? Sim........ Não........ Tem medo de tentar novasexperiências?Quando tenra, sente sempre que alguém já as tencou antes? Sim........ Nã·o........ Tem muito medo de ser abandonado/a? Sim........ Não........ Em situações difíceis, você deseja que alguém lhe diga o que f:azer.I· s· ~1m.. ..... . N-ao........ Acha que:·q:m sempre de aceitar as sugestões dos ouu os? Sim........ :Não....... . Tem dificuldade em se concenuarna exueriéociadQ momento? Por exemplo, quando está de féri~. vendo algo maravilhoso, preocupa-se com a possibilidade do ônibus da excu.rsão partir sem você? Sim........ Não ........ Está sempre preocupado/a com alguma coisa? Sim........ Não........ Tem dificuldade em ser esponrhieo/a? Por exemplo, não cem coragemde cantar de felicidadena frente dos outros?Sim........ Não........ Está sempre em conflito com representantes da autoridade? Sim........ Não........ Geralmente usa palavrasrelativasa defecarou urinar - como merda, mijo, etc.? Seu senso de humor se relaciona sempre a piadas de banheiro? Sim........ Não........ É obcecado/a por nádegas? Prefere fantasias sobre sexo anal, ou a prática dessa forma de sexo a qualquer outra? Sim........ Não'"'.....
RESGATANDO Sl!ACRJANÇA QUECOMEÇA AAND.U
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1.~. É freqüentemente acusado/a de ser:mesquinho com dinheiro, amor, nas expressões de emoções ou em demonstraçõe s _e • - ). ·s· de a.ie1çao 1m........ N-ao....... . 14. Tem obsessão por limpeza e ordem? Sim ...... .. Não ....... . 15. Sente a raiva nas outras pessoas? Em você mesmo? Sim ..... ~ Não ...... .. 16. É capaz de qualquer coisa para evitar conflitos? Sim........ Não ...... .. 17. Sente-se culpado/a quando diz não a outra pessoa? Sim........ Nã0 ....... . 1e Evita dizer cão diretament e, mas quase sempre deixa de fa.zer o que prometeu , fazendo uso de meios indiretos i• v._ose manipuladores? Sim........ Não ...... .. 19. As vezes você "e nlouquece " e se descontro la completamen te? Sim ........ Não ........ 2<' Cririca excessivamente as outras pessoas? Sirr, ........ Nã o..... .. 21. Você é amável com as pessoas e depois as crítica e fala mal del as quando se afastam ? Sim........ Não .... .... 22. Quando é bem-sucedido em alguma coisa, cem dificulda de em ficar satisfeito e acreditar no que conseguiu? Sirn ........ Não ........ Essas perguntas se relacionam ao pecrodo em que a criança aprende a andar. A5 perguntas de 1 a 9 dizem respeito ao período de 9 a 18 meses. Esta é a primeira pane desse estágio , e compreende engatinha ~ tocar, sentir gosto e a curiosidade gener alizada para explorar o mundo que o cerca. As perguntas de 10 a 22 rdaciooam-se à idade de 18 '!leses aos 3 anos. Este período é chamado estágio de separação.E um estágio de conuadcndênciacaracterizado por uma união oposicional.Na união oposicional a criança dirâ coisascomo: •'Não'', '' Me deixa ÍáZer'' e' 'Não quero ' ', especialmente em resposta aos pedidos dos país. Ela desobedece, mas semprena fren te dos pais. A criança está ainda presa, mas tem de se opor aos país para se separar e ser ela me sma. Esse processo de separação foi chamado de seg'Jndo nascimento ou nascimento psicológico. Marca o verdadeir o inicio du nosso Eu Sou. Agora começamos a jornada de exploração do mundo que nos rodeia e da descoberta de quem somos. resr~ndo nossos po -
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deres. Para a criança de nove meses, o mundo é uma cornucópia sensorial, repleta de coisas interessantes para serem exploradas. Se foi estabelecida uma noção básica de confiança, nos primeiros nove meses de vida, a criança começará a explorar cíambiente em que vive. Ela quer especialmente vet, tocar e sentir o gosto. Erik Erikson chama esse período de estágio Je ' ' incorpora ção". A criança quer .incorporar tudo à sua vida. Essa curiosidade básica, quando alimentada , vai ser a fonte de todas as realizações criativas, arriscadas e de avennua . É o tempo de risco para a càança , u~a vez que ela não sabe a diferença enue um objeto intere ssan te e uma tomada eléni ca. As crianças, nesse período exploratório, exigem um cuidado constante e muita paciência . Os pais precisam ter um 6001 equillbrio emocional para manejar bem essa fase . A exploração e a separação tornam- se mai s intens as à medj. da qu e a musculatwa da criança se:desenvolve. Ela aprende a engatinhar, a andar . Tudo é parte do plano natural . Erikson vê o desenvolvimento muscular em termos d e " segurar" e " larg ar" . Todos nós temos de aprender o equilíbrio entre segurar e Jarga,i. Aprender a andar , a comer, controlar a eliminaçã o, bóncar com objeto s, 6:tlançar, nadar e correr eiógem esse equilíbrio de segu rar e largar. /\. criança aprende: esse equ ilíbri o ã med ida q ue desenvolve os músculos e a força de vonrade. A criança tem boa força de vontade quando sabe ' 'segurar '' (quando precisa '' ir ao banheiro' ' e está na igreja) e ''largar '' ade ' quadamente (quando mamãe a fa.z sentar no urinol). Segurar e largar estão relacionados também ao controle das emoções. A centelha natural de vida leva a criança a ser ela mesma, a querer as coisas ao seu modo. No começo, a criança não tem equilíbrio emocional . Seu impulso na direção da autonomia é super -reativo. Não mediu ainda o que pode e não po de fazer. Nesse estigio, torna -se absoluúsca e um pequen o "d itador''. Tem crises de raiva quando não consegue o que quer . O que ela precisa é de pais finnes mas paciente s, capazes de determinar os limi tes adequados à idade da criança e de um ou dois quanos "à prova de criança' '. Nessa idade, ela precisa do pai e da mãe. As vezes, ela é "demais " e a m ãe precisa de um descanso. O pai deve apoiar a m ãe e determinar Jimires saudáveis. O pai é o símbolo do inclividualismo ; a mãe, o símbolo da incorporação.
RESGATANDO SUACi!ANÇA QUEOOMEÇA AANDAl
Os pais devem dar o exemplo da expJessão saudável da raiva e da habilidade para resolver conflitos. A solyção de E9tifliros é de importª1}cia vital para uma intimidade saudável. As _9'ian as precisa'!) ver o~ai§_ !_esglve_l!doos próprios conflito s. ~m o~tras palavras, __precisall!ver um relacionapiento honesto , no -~al O!_ pais ~ressaro seus verdacleiros .$Cncimentose resolvem suas diferenças. A criança precisa expressar sua separação e explorar suas diferenças. A princípio , ela quer tudo que é bom e que dá prazer. A intervenção dos pais, determinando limite s, cria coniliros. A jic_arzan_gJ?da e~ a 1!2, a.mãee cciançª deve aprenc;i_er que 12.odç
com o papaf_~gye mamãe e py,ai so ncinuarãoao seu fado:_Deve aprender a resolver o conflito e que não pode ter tudo ao seu modo . Precisa aprender que o não tem conseqüências e que não pode ter o sim e o não. (Você não pode dizer '' não' ', eu não qu e1 ro ir e quando compreende que a família vaià praia. dizer ' sim' ',) Essas lições são aprendidas quando a criança aprende a andar , o estágio em que desenvolve o sentimento de vérgonha e de dúvida . A vergonha saudávd é simplesmente uma emoção de limites. Ela nos permite sermos humanos, sermos imperfeitos. Não precisamos de muita vergonha- apen ~ o sufic_ient~-ª,E saber ue não somosD ~" A vergonha éa salvaguarda do espírito'·, dJSseNiet2• sche. A dúvida nos impede de saltar de janel as do segund o and ar e nos permite a colocação de grades para garantir nossa segurança . A força de vontade saudável é o objecivo desse estágio. Com eli'-, desenvolvemos o poder de fazer. Não podemos fazer nad a bem sem disciplina, o equilibrio entre segurar e largar. Alguém disse certa vez que de rodas as máscaras da liberdade, a disciplina é a mais misteriosa. Precis_;unosde disci lina ara sermos livres. Sem uma força de vontade saudável não remos disciplina . Não sabemos quando segurar e quando largar. Ou larga.mos in• devidamente (agindo desregradamente) ou seguramos indevidamente (açambarcar, controle c::xagerado,obsessão/compulsão) . Entretanto , os que aprendem a segurar adequadamente têm wna boa base para a. fidelidade e para o amor e os que aprendem a largar devidamente estão preparados para Jamenrar as transições da vida e saber quando devem seguir em frente. Um dos principais resultados da autonomia saudável. além da força de vontade bem equilibrada, é a realização da •'constância do objeto''. Isso significa simplesmente que roda criança
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de trêuo.os _pr.ecisa co,mp...cc.cndrr9J1~..JJ.inBM.ém é peáéirq nem nemi:1ªmesma._4_ve1gonha saudável ajuda a comQrecnseus p_;us, der is_g>. _' 'Mamãc e pa ai são humano s. Não vão sem refaze r 9_gue cu quero nem dar o que cu peço . Se forem saudmis. elesme darão o ~ue eu preciso. Quando eles determinam limites , eu sempre fiço zangado. Mas é assim que eles conseguem o equilíbrio.'' A constância do objeto nos permite ver o mundo como o fenómeno imperfeito que ele: é. Quando a criança compreende que os mesmos pais às vezes lhe proporcionam prazer, ouuas vezes o negam, os pais permanecem como uma constante, embora possam ser bons e mau s. do ponto de vista d a c~iaoça. A cria1.ça deve aprender também que tem polaridades. As vezes ela est á feliz; outras, está triste. Feliz ou triStc, continua sendo a mesma pessoa._b-dul~~om crianças interiores feridas que não aprenderam essa li ão são, e~ _geral rí idos e absolutistas. Para elç_~ s§. valem os exucmos .._!udo ou nada. A medida que conquista a separação, a criança começa o trabalho de estabelecer suas fronteiras. Saber o que é meu e o que é seu é essencial para um bom relacionamento. A criança, nesre estágio, diz , constantemente , '• é meu '·. Isso é necessário parasaber o q1Ic,..é seu e o que pertence a outra pessoa . ,
DISTÚRBIOSDO CRESCIMENTO Neste estágio é mujto importante que os p~s tenham fronteiras bem estabelecidas. E importante também uma forte noção de força de vontade. Como cu disse antes, a força de vontade é uma força do ego que forma a substância das boas fronteiras. Além disso, a força de vontade nos permite contr olar nossas emoções expressando -as adequadamente ( quando alguém p õe a mala em cima do seu chapéu) e não as expressando quando não devemos (quando o guarda nos manda parar por excesso de velocidade ). Ela nos permite também dizer não par-a nós mesmos e para os outros . O mais importante, a força de vontade apóia-se solidamente na noção de equilíbrio. jlais ue são adultos ccian_çasnão têm uma boa noçâo de ectuilíbrio. Ou não sab em dizer não ou sempre dizem n ão. Âs
RFSG .ATANDO SUACRIANÇA QUECOMEÇA AANDAR
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vezes, dizem sim e 1o_go -clizem não; de modo inconsistente e manipulador. Nesse estágio, resolvi esse problema aprendendo a ' 'segurar'' exageradamente. Abafei minha autonomia cornapdo-me um garotinh·o perfeítamente obediente. Eu era o ''ajudanceda mamãe,,. e o "bem meafuo" da vovó. Foi uma s.uperadapcaçio . Minha criançama1avilhase escondeu. Quando tentava expressaras outras partes do meu eu - raiva. fazer desordem, rir alto, e assim por diante - era envergonhado. Meu aprendiz~do de ir ao banheiro d·eve ter sido um pesadelo! Durante muitos anos ti've medo de ir ao banheiro em lugares em que todo mund 'o sabia o que eu ía fazer, Quando e-Capeq_ueno, ia de pessoa cm pessoa, avísando que não de.viam ir ao banheiro e depois trancava a pona. Não é um comportamento instintivo normal. Eu sempre abria a torneira para que não ouvissemquando urinava.. Para evacuar, tínha v9nrade de contratar uma banda! Eu a.chava que meu corpo era o mal ou, pdo menos, que eta sujo. Minha tradição religiosa via a vida humana como um vale de lágrimas . A vida é o que temos de .suporrar para conseguir a morte. A 01orceerá a realização final! Os hábitos negros dos padres e das freiras e .a caixa neg.r;apara confessàr vergonha e culpa eram os símbolos de Deus no. ambiente em que cresci. Meus pais foram também espiritualmenre violentados por essas tradições. Meu pai não tinha fronteiras, era rodo baseado na vetgonh.a. A vergonha tóxica nos faz pensar que wdo c;stásempre errado em nõs mc;smos.Ser dominado pela vergonha é nã o 1e1:nenhum limite, o que nos leva ao vício. Meu pai tinha uma porção de 'Vícios.Ele nã.osabia dizer não. Mais tarde, quanqo eu tinha idade para me rebelar, segui o mesmo caminho. Minha mãe era.uma· escravadó dever.Era a boa mulher 1 boa esposa é boa mãe superadaptada. O problema com o dever é que ·ele é rígido, arbitrário e perfeccionista. Agi:adeçoa.Deus por minh3,mãe porque e~ não tecia sobrevivido sem seu senso de dever. SegtH~ é melhor do que largar quanclo se educa uma criança. Mesmo assim, a moralidade petfeccionísta escrava do dever ccia filhos cuja base principal é a vergonha. Ser escravo do dever é sentir que não se tem direito ao pn zer. A mãe escrava do deve.eodeia o p.raze,rporque fazer o que ela g.osta produz a sensação de culpa. O dever cria os human os ''qu~ faz:en1''como diz Marion Woodman: •'para o perfeccionista.
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treinado para fuer, simplesmente seré como um eufemismo para deixar de existir'•. O distúrbio de crescimento desse c:ríodo é a erda do e ui líbrio. Até recobrar minha criança ferida, eu stgura'Va demais ou largava demais. Eu era um santo (celibatâtio ), estudando para ser padre ou um alcoólatra c!esconttolado, à procura de orgias. Eu era bom ou mau, mas nunca as duas coisas e via os outros como bons ou maus, nunca asduas coisas. O que finalmente aprend i na recuperação foi que não sou "melhor" do que sou 11 pior" (desculpem a gramãtica ). Ser sempre o ' 'bom menino' ' não é hu. mano. como não é humano querer agradar sempre . Lembro-me bem de uma das .regras-da miriha fumilia para a auto-expressão, "se você não pode dizer uma coisa agradável, não diga nada ' '. Thumpe,r, tornou essa regra famosa com o Bambi , de Walt Disney. Mas Thumper era um codho! O distúrbio de crescimento nesse estágio pode ser resumido da seguinte maneira: Ferimento espiritual - negg_ç_ão do Eu Sou. Não é bom ser você. O ferimento espiritual ge(almenre começa nessa idade . Vergonhatóxica.A vergonha tóxica diz que nada está cerro em vocé. -O que você sente e pensa está err~do. Você é falho como ser hurn·ano. , Reforço_pãra o comporca.meatoagressivo.A f;üta de disciplina cr.ia o··comportamento agressivo. O agressor quer o que quer, não importa quais.sejam as conseqüências . Não se responsabiliza por seu componamento irresponsável. Controle exageradoobsessivo. Quando se adapta demai ~•.&,. crianÇ,aJorna-se_uma ~~soa q4e J!rocu1ug_ r:«iy ~ tQ.,dos_u,gmar çq_ntade todos. Aprende a ·govemar segundo a letra da lei. E crítica e arbitrária com ela e corn os out ros. Vído. Sua criança interior não sabe dizer não, Você é ~iciado. Você bebe demais., come demais, ga.w ..Qt[Ilais ouJª .z ! Ç!,Q demais. Isolamento. Sua criança interior esta isolada e sozinha. Só assim pode sentir~ prçíprias fronteir~. Ninguém pode magoá.lo se você não tiver contato com as pessoas. Faltade equilíbrio - problemas de fronteiras. Porque sua criança interior nunca fil?tendeu g man er o eÇJ_ujlíbri p engç__s~ ç es,._dogurar e largar, você é (1) me.~guínho ~.2.lF dioheitQ , ~l]1Qç ·gios ou amor, ou você é desi:egrad0icompletamente desconrrolado.
RESGAL\NDO SUACRIANÇA QUEOOMEÇA A ANDAR
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Gasta tudo, incluindo você mesmo. A falta de equilíbcio o leva a (2) controlar excessivamenteseus filhos (disciplina rígida) oo recusar a eles qualquer limjte real (submissão ou licença exage• rada), óu você pode fazer ora uma coisa, ora a outra. Não há consistência nem equilíbrio o.o modo com que trata seus filhos. Sem habí1ida:dede conuadependência você tem (3) graves pro• blemas de relacionamento. Ora esti enredado/a, embaraçado/a, preso/a (nã o pode sair)'. ora isolado/a e sozínho/a no relacionamento. Embora este não seja o estágio em que a criança aceita as regras do sistema familiar, eStabelece-senesse período µma ce..-ia tendência para a escolha das regras._Corno a criança que viveem mim experimento..Y..&P ~acaçâ.o...u:aiYa.._c.IDILQabandono. _dssenv..olvi uma rendência para agradar as pessoas e tomar conta delas.
INFORMAÇÃO .Para obter informações sóbre a história da sua c.r:ian ~a interior nesse estágio. use o questionáüo seguinte como um guia geral: 1. Quem escavapresente quando vocêtinha de dois a ttês anos?
Onde esrava seu pài? Ele brincava sempre com você? ava tempo com você?Papai e mamãe continuaram casados? Onde estava sua mãe? Ela era paciente? ava tempo com você? Seu pai ou sua mãe, ou ambos. tipham algum vício? 2. Como seus pais o disciplinavam? Se por meio de punição física - o que exatameacedesfaziam - detalhe. Se por meio de punição emocional, como eles o amedrontavam? Diziam que ia levar uma surra ou ficar de castigo quando seu pai chegasse em casa? Mandavam você apanhar o chinelo, o cinto, etc.? 3. Você tinha irmãos mais velhos? Como eles o tratavam? 4. Quem escavalá pál'avocê? Quem o abraçava quando estava assustado ou quando chorava?Para determinar limites bondosos mas firmes quando vocêficava zangado? Quem brincava, ria e se divertia corn você?
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'JOUA AOIAR
Escreva o máximo possível sobre sua história nesse estágio. Dê atenção a qualquer coisa que sabe sobre segredosde famíJia, que não podia saber naquela idade. Por exemplo,papai eraviciado cm sexo e tinha muitos "casos"? Seu pai ou sua mãe era uma vitima não tratada de violência física, sexual ou emocional? Conheço um homem que, aos 40 anos, descobriu que sua mãe fora vítima de incesto físico e não-físico. Ele mesmo tinha '' repetido o fato'' durante anos, escolhend o mulheres que eram vítimas não tratadas de incesto. Ele era muito chegado à mãe e acredito que procurava repetir com outras mulheres o ferimenco dela. não resolvido. Segredos de família são sempre sobre a vergonha tóxica e você precisa compreender tudo que for possível sob re esses fatos. Quando escrever, focalize sua atenção nos m odos pelos quais você era envergonha do - todas as formas de repressão dos seus sentimentos, necessidades e desejos. Dê atenção especial também à falra de disciplina em sua casa. Note como você adquiríu uma sensação de falta de poder por não crr sido disciplinado. Note que ninguém se deu ao trabalho de estabelecer seus limites, ninguém seimpocrou o bastante para ensiná-lo a dar e receber. Ninguém o eõsiµou a se responsabilizar po.rseu compoJtamento. Descreva qualquer incidenre craumádcodesse período , com todos os detalnes que puder lembrar . Por exemplo , descrevendo o incidente em que você foi punido por uma coisa feita por seu irmão, conte: "Meu irmão e eu estávamos brincando com duas bonecas de trapo. Uma delas estava rasgada e o algodão estava saindo. As duas eram pintadas de vermelho e azul , mas os detalhes estavam desbotados. Meu irmão agarrou a minha boneca e arrancou o braço dela. Imediatamente ele correu para mamãe e disse que eu tinha arrancado o braço da boneca dele. Meu irmão era o favorito da minha m_ãe! Ela imediatamente bateu cm mim, uma palmada nas costas, a outra no tr.1Sc:iro.Doeu e corri para meu quarto, chorando. Meu irmão começou a dr .'' Talvezvoe.énão se lembre de todos os
RESGATANDO SUACRIANÇA QUECOMEÇA AANDAR
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os quat.to anos. Você pode ficar ho«orizado com a jdéia, mas não terá unia resposta emocional. Mas agora eu digo que ele a deitava sobre suas .pernas todas as noites e a obrigava a sugar seu pênis, o que a et1sinou a fazer pondo uma ponta igual a um mamilo na ponta do pênis. Agora ·você talvez, sinta um pouco da uaição e da dot que essa mulher sentia.
COMPARmHANDO CO.M U~1 AMIGO ESSE ESTi\.GIO DA SUA v1n~ Como no primeiro e~tágio, é necessário que \TOCêcompartilhe com uma pessoa compreensiva e amiga esse período da sua vida. A idéia ceht.rnJ deve ser de que o chamado comportamento do "due • co terríYel' ·· é tão natural quanto a noíce depo is do dia. A,osnove meses, toda criança começa a engatinhar e a explorar. Aos 18 meses, toda criança começa a dizer ''nã o' ' e a ter críses de raivaquando é contrariada . O cox;nportamencq da criança de dois anos nada tem a ver com sei '· m á'' ou ''bo a·' . Certamente , não tem nada a ver com alguma coisa micica como o pecado original.Eu apreAdi , como muitas outras crianças, que nasci com a mancha do pecado dos nossos primeiros pais, Adão e Eva, que eu tinha teodêoda para o mal e para o egoísmo e que a disciplina e os castigos eram para meu bem (embora não tenha sido múito castigado fisicame,nte quando crí,ança). Se você observar uma criança dessa idade , brincando, ~em de estender ao máximosua imaginação para concluir que ela é tná e que tem tendência pata o mal. Quem quer bater, punir e impor restriçõ .es é a criança ferida que viven0s pais. Ela fazisso em razão ' do seu medo superadaptado de ser abandonada ou por necessidaàe de vinganç .a (fazer aos filho$ o que gostariam de ter feito aos próptios pais ). A cri~nça é carente ·e imatura e difícil ele mane jar quando come ça a andar , mas aão é um vj}ã.omoral! Fiager demonstro u o que se conhece em cada idade. A idade da razão começa mrus ou menos aos sete anos. Não é possível uma no ção de moralid ade antes disso.
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Co.rnpanilhe com s.eu amigo a violação da sua criança nesse estágio. Deixe que ele esteja ao seu lado e ouça sua história. Você precisa de um aliádo para legitimare validara mágoa e a dor sofrida . por sua criança preciosá. Se você é agre_ssivo,precisa que o abuso sofrido seja legitimado. Você não teve ninguém para detepri1nar os limites C:.para ensinar a disciplina da responsabilidade pelos próprios atos. E verdade que o comportamento agressivo nunca é justificado. Mas os agressores geralmente focam, antes, vítimas. Na pane III deste livro sugj.ro alguns'modos para ensinar um pouco de disciplina à sua cáança ferida. Vocêtem de trabalhar arduamente para desenvolver sua consciência. Contar a história a um ai;nigo compreensivo é uma forma de reduzir a vergonha tóxica. A vergonha tóxica, se está lembrado, cria o isolame nto e o silêncio. Quanto mais envergonhada , mais a criança sente que não tem direito de depender de ninguém. Porque a criança ferida jamais teve suas necessidades atendidas e sentia mais vergonha quando estava mais carente, ela pode pensar que está aborrecendo a pessoa se pedir para ouvir sua história. Na verdade., você tem rodo diieiro de permitir que os outros o amem e cuidem de você. · Nio 'Se,esqueça ·, você .está fazendo isso por sua criança preciosa e ferid~. Ouça a crian.çaque você 6 dedilhando as córdas do seu coração!
SENTINDO SEUS SENTIMENTOS Se você tem uma fotografia sua nessa idade, olhe para ela. Veja como era inocente e pequenino. Depois, observe durante algum tempo uma criança .que está começando a andar e e algum tempo com ela. Concenue-se na normalidade desse estágio de desenvolvimento. Era normal para você ser cheio de energia, barulhento e desordeiro. As crianças dessa idade me:x-emnas -coisas. ,Vocêera curioso e se interessava por tudo. Você dizia não para começar uma vida só sua. Você ei:.ainseguro e imaturo e por isso tinha os de raiva, Você era uma pessoinha inocente e bela . Concentre -se em tudo que você ou durante esse e~ágio. Sinta os sentimentos qúe a lembrança provoca,
J.ESGATANDO SUACllANÇA QUEOOMEÇA A ANDAI
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CARTAS Assim como para seu eu recém- nascido, escreva uma cana para seu eu quando começou a andar. A carta é do adulto-voc ê - no meu caso, um velho mago gentil e sábio. Uma das minhas cartas para meu eu desse estágio dizia : Queri do Joãozin ho Sei que você eStá m uito solitári o. Sei que nunca chegou a ser você me smo. Você tem medo de ficar zangado porque pensa que o fogo terrível chama do inferno vai queimálo se ficar zangado. Você não pode ficar uiste ou com med o porq ue isso é para mar icas. Nin guém conh ece realmente o garoto ma ravilhoso que você é nem o que você sente . Eu sou do seu futuro e sei m elhor do que ninguém o que você p assou. Eu o amo e que ro que você fiq ue comig o para sempre. Deixarei que seja exatam ente o que é. Ensina rei alguma coisa sobre equi!Jbrio e de1Xacei que você fique zangado, com me do, triste ou alegre.Por favor, quero qu e pen se em me deixar ficar para sempre com você. Amor Joã o Quando escrevi isso, senti a tristeza e a solidã o da minha criança 1nrenor .
CARTADA SU:ACRIANÇAINTERIOR Em seguida, escreva uma cana da sua criança ferida para vocêadu lto . Lembre-se de escrever com sua mão não dominance, a esquerda, se você é de stro; a direita , se é canh oto. Aqu i está o que uma pessoa do meu semin ário escreveu:
m
VOl!AAOUR
Querido
Po,
'Ricardo
favor,ve
Es~ou rre~o
V\
ha VV\ebus c..a.r
V\UW\
0Y-VY\ar10
h i 4D a V\OS:, es+-ou dr'ª vord d~, p,e ciso d e. voc..e .
K i Cd í d,·~ ~ o Depõis de escrevera cana, fique quieto por algum tempo e deixe vir à tona qualquer sentimento que apareça. Se estiveracompanhado, ou se•civerum amigo, um monitor ou um terapeuta que saiba o que você está fazendo, leia para ele sua carta, em voz alta. Essa leitura, com um rosto refletindo o seu, tem grande força.
AFIRMAÇOES Mais uma vez vou pedir que volte ao ado, encontre seu eu nesse estágio e faça as afirmações que ele precisa ouvir. Estas são diferentes das afirmações para os púmeiros meses da vida. Seu cu nessa idade precisa ouvir isco: Pequeno ..........................., é certo ser curioso, querer olhar, tocar e sentir o gosto das coisas. Eu farei com que vocé possa explorar com segurança.
RESGATANDO SUACRIANÇA QUECOMEÇA AANDAR
Eu o amo do jeito que você é, pequeno ......... Estou aqui para atender às suas necessidades. Vocênão pre~ cisa atender às minhas. ; ceno que você precisa de cuidados, pequeno ........ E ceno dizer não, pequeno ........... Estou felizpor vocêquerer ser você. É certo para nós dois ficarmos zangados. Resolveremosnossos problemas. É certo sentir medo quando faz as coisas ao seu modo. É ceno ficar triste quando as coi~'lSnão dão cerco. Nunca o abandonarei, aconteça o que acontecer! Pode ser você mesmo, que continuará contando com meu apo10. Gosto de ver você aprendendo a andar e a falar. Gosto de ver você separando-se e começando a crescer. Eu o amo e dou grande valor a você, pequen o .......
Leiaessasafirmaçõesdevagare grave o significadoem sua men• te. Agora vocéestá pronto para recuperar sua criança nesseestágio.
MEDITAÇÃOPARAESSE ESTÁGIO Vocêdeve ter gravada a introdu~ão geral de todas as meditações. Se não tiver, veja na página 127 e grave o começo da medicação que termina onde diz: ''Qual era a sensaçãode morar naquela casa?" (Se você está começando a ler daqui, por favor, leia as instruções nas páginas 126 e 127). Agora, acrescente o seguinte à introdução geral. Imagine que pode sair daquela casa e ver uma criança que está começando a andar, brincando cm um quadrado de areia... Olhe para ela com atenção e procwe sentir a criança... Qual a cor dos seus olhos?... A cor do cabelo?... O que está vestindo?... Fale com essacriança... Diga o que tiver vontade de dizer... Agora, deixe-se flutuar no quadrado de areia e seja a criança... Qual a sensação dessa criança de ser tão pequena?... Olhe para seu eu-adulto ...
VOIIA 1()1.AA
Ouça esse adulto, esse mago sábio e -gentil fazer, com voz calma, as afirmações seguintes. Sente-se no colo do mago se achar que é seguro. Se você está trabalhando com um companheiro, neste momento leia para ele as afirmações das páginas 152 e 153. (Ele está olhando para o próprio cu-adulto, mas está ouvindo a sua voz.) Se está trabalhando sozinho, graveas afirmaçõescom sua voz. com uma pausa de 20 segundos entre urna e outra. Depois de ouvir as afirmações, espere dois minutos para que seu eu-criança sinta o que tem de sentir, então continue : Se tiver vontade de abraçar o seu cu-adulto, por favor, faça isso. Enquanto o abraça, sinta que vocêé novamente seu cuadulto. Abrace seu cu-criança. Comprometa-se a amar essa pane descuidada, aventureira e curiosa de você mesmo. Diga para a criança: cu nunca o deixa,:ei ... Sempre estarei aqui para você... Conscientize-se de que acaba de recuperar seu eu-criança que está começando a andar ... Sinta a sensação de voltarpara casa... Sua criança é desejada, amada e nunca mais vaificar sozinha ... Afaste-se dessa casa... Sü'ba_aladeira da memória... epelo pátio da sua escolaprimária. Olhe para o playgcounde para os balanços... e pelo seu lugar favoritono começoda sua ado1e.scê:ncia... e pela lembrança de dois anos atrás... Sinta vocêno espaço que está ocupando agora.... Sinta os dedos dos pés... Mexaos dedos dos pés... Sinta a energia subindo por suas pernas... Sinta a energia no peito, quando respira fundo ... Solte o ar ruidosamente ... Sinta a energia nos ombros, no pescoçoe no queixo.'.. Estenda os braços... Sinta seu rosto e sinta-se completamente presente... de volta ao seu consciente normal... e abra os olhos. Fique sentado por algum tempo, pensando nessa experiência. Sinta tudo que tiver de sentir. Se não sentir nada, rudo bem. Pensenas palavrasque causanm um maior impacto em voct Onde as emoções vieram à tona para você? Como se sente agora? Do que está consciente? Escreva qualquer sentimento forte qu e tenha tido ou qu e estã tend o. Se tiver vontade de compartilhar esses sentimento s, por favor, faça isso.
RESGATANDO SUAOJANÇA QUECOMEÇA AANDAR
llS
Trabalhando com um companheiro Se fizer este exercício com um /a companhei ro/a, reservem algum tempo para legitimar mutuamente as violações sofridas. Atuem como um espelho e o eco para seu companheiro , verificando o que ele diz . Devem se revezar para conduzir a meditação. Como está no texto, a única diferen ça par a o caso de d11aspessoas é que seu companheiro diz as afirmaç ô~·s em voz alt2. Além disso. o qu e estiver conduzindo pode abr açar e acariciar você do modo que considerarem seguro para os doi s. Para mais informações, leia a introdução para o exerácio com um companheiro, na página 131.
O trab alho de grupo Leia as instruções para o trabalho de grupo na página 132. Uma vez gravada a introdução geral à meditaçã o, faça o porta-voz do seu grupo acrescentar o seguinte: à gravação: Agora imagine que você pode sair e ver uma criança que está começando a andar, brincando em um quadrado de areia... Olhe para ela com atenção e sinta a sensação dessa criança ... Qual a cor dos seus olhos?... Do s cabelos?... O que ela está vestindo?... Fale com essa criança ... Diga o que tiver vontade de dizer ... Agora, deixe-se flutuar no quadrado de areia e seja essa criança pequena ... Qual a sensação de ser uma criança tão pequena? ... Olhe para seu eu-adulto ... Ouça essa pessoa adulta dizer em voz lenta as afirmações para esse estágio. Sente-se no colo desse adulto se achar que é seguro.
Não graveas afirmações.Dê a cada pessoa urna cópia e siga as iosuuções da página 135 para fazer uma âncora. Conti nue lend o até o fim a meditação desrc capitulo. Entã o, ligue o gravador e faça o rodízio com as afirm ações, descrito nas páginas 135 e 136. Conscientize- se de que o seu cu-adulto pode tomar conra da criançafrn'da que vive em você. Eis como eu vejo ·a recuperação da minha criança que começa a andar .
/
r Agora: está n.a hora de seguir adiante e trazer seu eu na idade pré escolar para a festa de volta ao lar que estamos promovendo. 0
CAPÍTUID6
RESGATANDOSlJA CRIANÇA NA IDADE PRE-ESCOLAR Ma,, b vezes, sou como uma árvore que se ergue sobre um. rúmulo, um2
irvorc frondosae crescidaque viveuo soonu especialque o menino morte< . cm voltaáo qual suas rài.i:csse desenvolvem,perdeu a travesàe suas ume• zas e seus poemas. - Raincr MaciaRilkc Seja 'fiel ao seu próprio eu. - William Shaiccspc2: e
IDADE PRÉ-ESCOLAR (PRJJ.fEIRAIDENrIDADE)
MENINO EU SOU ALGUÉM<
MENINA ldidc: dos3 aos6 anos Polmdadcde dcscD'IO !vimcmo: Iniciativalffll/S Culpa furça do Ego: Propósito Poder: lmagioare Scotir Rdroo021llcoto: lrulcndênci2
ÍNDICE DE SUSPEITA Responda sim ou não às perguntas seguintes . Depois de ler cada pergunta, espere e entre em contato com seus sencimencos. Se •
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vrnL\ AOLAR
sentir uma energja mais forte para o sim, responda sim; se para o não, responda não. Se responder afirmativamente a qualquer pergunta, pode suspeitar de que sua maravilhosa criança interior foi ferida, no ado. Há vários graus de ferimento. Você está em algum lugar em uma escala dé um a cem. Quanto maior o número de perguntas que você sente-que deve responder com um sim , maior é o ferimento da su:i, criança em idade pré-escolar .
1. Votê tem graves problemas de identidade? Sim ..... Não.~,.. Para .ajudarnesta resposta, considereas perguntãSseguintes: Quem é você?A resposta vem com facilidade? Independe n.• te das suas preferência s sexuais, você sente que é realmenre um homem'? Uma mulher ? Você supe,rdramaüza seu se~o (tenta ser macho ou scxy?)Sim..... Não .., .. , 2. Mesmo quando faz sexo no contexto legítimo scnte•se culpado/a? Sim ..... N.ão ..... 3. Tem dificuldade em identificar o que está sentindo em um determinado momento? Sim ..,., Não ..... 4. Tem problemas de comunícaçâo com as pessoas com as quai s . 1 ( cofiJuge, ,. . filh - arrugas. . 1) 1m..-~- N'ão ..... conv1ve. · os, patrao, 5. Tenra-controlar seus sençirnentos a maior parte do tempo ? Sim .,:.. Não ..... 6. Tenta controlar os sencimeorgs das pe ssoas com quem convi ve.1 un .,. .. N-ao ..... 7. Você chora quando -fica zangado/a? Sim, ___Não ..... S. Esbraveja quando tem medo ou quando é magoado? Sim .... . - ....... :. N ao, 9. Sente dificuldade em expressar seus s~ntimentos? Sim ..... Não ... 10. Acha que é responsável pelo comportamento ou pelos sentimentos de outras pessoas? (Por exemplo , acha que pode fâzer as pessoas ficarem tristes ou zangadas?) Sim / .~: Não ..... Sente-se culpado/a por coisas que aconcecem aos m·embros · "l'1a.1 1m...... N ao - · .... . d a sua fami - 11. Acredita que se você agir de um cerco mod o pode mudar Q comporcameoto de outra pessoa? Sim .. , .. Não .... _ 1;. Acredita que desejar ou seoci~alguma coisa pode fazee com -l'd ade.t s· que se torne re-.u1 1m..... ,.-. N::: ."0.., .. l 3. Você aceita men sagens confusas e comunicações inconsiscentes . -. 1 ,s· sem pe di r e.xp11caç:ão. 1m. ... . N ão....
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RESGATANDO SUACRIANÇA NAIDADE m-ESCOW
14. Você age baseado/a em suposições não verificadas. tratandoas como se fossem informação real ? Sim ,.: .. Não ..... 15. Sente-se responsáveJ pelo problema conjugal dos seus pais, · .. . " . ) un. ... . N-ao.,, ou pe lo d1vorao. 16. Você procura o sucesso para que seus pais fiquem satisfeitos com eles mesmos ? Sim..:.. Não .....
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PRE-ESCOLARNORMAL Mais ou meno s aos uês anos você começa a perguntar por quê e mais uma porção de coisas. Não pergunta por ser burro ou inconveniente, mas porque isso faz pane do plano de crescime~to de um poder maior. Você faz perguntas porque tem :.ima energia vital - um impulso inicial - que o empurra na direção de uma vida cada vez mais ampla. Resumindo o seu desenvolvimento até aqui: sente -se bemvindo ao mundo e sabe que pode confiar no mundo o bastante para ter atendidas todas as suas necessidades . Vocé já desenvolveu força de vontade suficiente e internalizou discipl ina para confiar em si mesmo. Agora, precisa desenvolver o poder de visualizar querµ você é e imaginar como quer viver sua vida. Saber quem é signifi ca ter identidade, que compreende sua sexualida de, suas cren ças sobre você mesmo e suas fantasias. A criança na idade preescolar pergunta tanto por quê porque há tanta coisa para en tender. Alguns de nós estamos ainda procurando entender certas coisas. Porque entender quem você é e o que quer fazer com sua vida é uma tarefa tão difícil, as crianças têm uma proteção especial para ajudá-las nessa compreensão. Essaproteção cham a-se egocentrismo. A criança é egocêntrica por natureza. Não é egoísta. Seu egocentrismo éum fato biológico, não uma escolha. Antes dos seis anos, a criança não é capaz de compreender o mundo segundo o ponto de vista de ouua pessoa. O pré-es colar pode ser emocjonalmente conge nial, mas não pode, na verdade, se pôr no lugar dos outros. Isso só conseguimos mais ou menos aos 16 anos. A criança em idade pré-escolar é também muito mágica. Está muito ocupada, testando a (_ealidade para separá-la da fantasia .
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VOIJA AO!.AR
Esse é um dos meios pelos qua.is ela descobre o próprio poder. Testar é descobrir quanto poder ela tem. Nessa idade, a criança é muito independente. Está ocupada em fazer perguntas, em formar crenças, em visualizar o futuro e tentando descobrir como o mundo funciona e o que faz com que as coisas aconteçam. Quando desenvolve um sentido mais apurad o de causa e efeito, aprende a maneira de influenciar as coisas. Ela trabalha em tempo integral nessa tarefa natural e saudável. A tarefa dos pa.is consiste em ensinar 3'lS filhos e a dar exemplos. Enquanto o pai dá o exempl o do que é ser h omem. a mãe dá o exemplo do que é ~er mulher. Mamãe e papai devem também dar o exemplo de um relacionamento saudável, incluindo uma sexualidade saudável. Além disso mamãe e papa.i devem ser exemplos das habilidades da boa comunicação, como esclarecer. ouvir, pedir o que quer e resolver conflíro s. Os meninos precisam de uma ligação especial com o pai. Isso só é possível quando o pai dedica baseante temp o ao fil~o. Essa uni ão exige o contato físico tanto quanto emocional. E vital para a menina ter um pai, mas não é tão impo rtante quanto a necessidade que um menino cem da presen ça e da companhia do pai. A ménina já está ligada à mãe e precisa se separar del a. O menino est«· ligado à mãe , mas não como a menina , em razão do tabu do inc esto. O menino precisa se proteger para não incorporar a sexualidade projetada da mãe . Unindo-se com o pai, o menin o quer ser igual a ele e começa a imitar o seu cómportamento. Pode dizer a todos que quando crescer quer ser igual ao pa.i, e nos seus brinquedos ele a·ge simbolicamente, fingindo ser o pa.i. Alguns menino s encontram outros heróis para irar e imitar . Meus heróis eram os jogadores de beisebol. Colecionava figurinhas de beisebol e usáva o unifor·me do meu time favorito. Uma bola de bejsebol autografada era uma das minhas ma.is precio sas possessões. Do n1esmo modo, as meninas imitam o componamento da mãe. Podem brincar de mãe , levand_oas bonecas no carrinho e dando mamadeira para das. As meninas podem também ser muito provocantes vestindose como adultos e usando maquia gem. Nesse período pode surgir uma predi sposição biológica para o homossexualismo . Quero deixar afirmado aqui que acredito que há uma forre e crescente evidência de que o homo ssexualismo
.. KESGAIANDO SUACRJANÇA NAIDADE Pll-EiCOW.
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é uma tendência inata. não um estado patológico ou um distúrbio do crescimento . (Em todos os meus anos de terapia, nunca encontrei um gay que não tivesse certeza da sua orientação sexual desde pequeno.) Minha preocupação neste livro é com a criança interior de todas as pessoas . Muitos gayscarregam com eles uma quantidade excessiva de vergonha, uma vez que é comum envergonharem-se todos os que não têm as características e o comportam ento tradicionalmente masculinos. Se você é homossexual, homero ou mulher, sua criança interior na idade pré-escolar precisa ouvir que é perfeitamente cerco ser o que você €.
FORÇA DO EGO NO PRÉ-ESCOLAR Erikson chama de propósicoa força do ego na idade pré-escolar. Segundo ele, essa força de propósito nasce de uma noção de ide ntidade. Quando o desenvolvimento até a idade pré-escôlar é saudável, a criança pode dizer: ''Posso confiar no mundo , posso confiar em mim mesmo e eu sou especial e único. Sou um men ino/sou uma merúna . Posso começar a visualizar meu futuro sem precisar sabe'r exatamente o que quero fazer.' ' O poder nasce da aquisição da identidade - o poder de se iniciar e de escolher. O pré-escolar saudáv el pensa : '· Eu posso ser eu e tenho toda ;,.vida pela frente. Posso brincar de ser papai ou de ser mamãe. Posso sonhar cm ser um homem como papai ou uma mulher como mamãe. Posso sonhar que sou adulto e que posso criar minha própria vida.''
DIS1ÚRBIO DO CRESCIMENTO O distúrbio do crescimento neste estágjo mostra os resultados a longo prazo da disfunção de uma família. As crianças procuram nos p:i.is modelos para um comportamento adulto saudáv el. Se a mamãe e o papai são adultos crianças co-dependentes e marcados pela vergonha , os filhos não podem formar relacionament os ínti mos saudáveis.
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YOOA NJLAI
Os adultos crianças, tendo ,há muito tempo enterrad o seus eus autênticos e perdido a noção de Eu Sou, não podem sedar aos companheiros porque não têm um eu para dar. O adulto criança procura para casar uma projeção dos próprios pais - alguém que tenha os aspectos positivos e negativos dos seus pais e que complemente os papéis do seu sistema familiar. Um Herói que cuida dos outros geralmente casa com uma Vítima. uma vez que: assim cada um pode desempenhar seu papel. Investem enormes quantidade s de estimam útua, o que se torna mais evidente quando se:separam . Um (ou os dois) pode se tornar suicida , afirmando que não consegue viver sem o outro. Geralmente o adulto criança com prob lemas de ser absorvido, se casa com um adulto criança com problemas de abandono . Quand o o que tem medo tem de ser aband onado procura se aproximar, o que tc:ril medo de ser absorvido. foge:.Depois de um período de separa ção, o que tem medo de: ser absorvid o se sente suficientemente só para permitir que o comp anheiro/ a com medo de abandono se aproxime durante algum tempo . Este/a, lembrando a separação anterior , logo se torna possessivo/a e absorve o/a companheiro /afazendo com que esteiase afaste outra vez. Essã di nâmica de gar)gorra continua durante todo o tempo que dura o ca• samento .-Cada um cria a resposta do outro . Lembre-se do nosso desenho de dois adultos crianças que eram como CFiançasde três anos. uma com 100 quilos , a outra, som 70. Você e eu éramos a criança de cinco anos com 30 quilo s. E claro que temos de lembrar que a mesma coisa aconreceu com n,ossospais. Quando a criança ferida da mamãe ou do papai compreende que o outro não vai ser o progenitor há tanto tempo desejado, voJta-se para os filhos para dar o que seus pais não deram . Considere a família la vender. Bronco la vender é um caixeiroviajao te. É também viciado em sexo. Nas raras vezes que está em casa, finge que tem um relacionamento muito íntimo com a mulher, Glory. O nome de Glo.cyfoi escolhido pelo pai , pastor protestante, em honra à "gJ6ria" do Senhor. Glory é uma codependente que está tendo um ''caso " com seu professor da Bíblia escolhido por el a mesma . Bronco e Glory •têm crês filhos : dois meninos , 16 e 13 anos, e uma menina de 11 anos. O mais velho é um atleta muito talentoso. É uma estrc:Ja na escola e o ' ' melhor companheiro '' do papai. Dos 12 aos 14 anos ele violentou sexualmente a irmã . A menina é obesa e é constantemente
IESGATANOO SUACllANÇA NAIDADE pg.f.Scow
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repreendida pela mãe. Conheci os Lavcndcr quando me trouxeram a filha para terapia cm razão do problema de peso. O filho mais novo é o "queridinho da mamãe". Tem inclinações arusúcas, não é atleta e é muito religioso, o que agrada extremamente à mãe. O pai não gosta dele e o atormenta chamando-o de maricas, fracote, etc. Ele é o bode expiatório do pai. Aqui está um . diagrama da família La.vender /,,.. - - - "'\DIS'I'ÚRBIODE ,,,,..- ,
l INTIMIDADE/
Subniruto da Mie / ir Sa tCJ o- du D / Co. en mcc \
Bronca VctJOnh2 Jõxin
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1 ~-~\/--~ Companheiro do Pai \ AgfQ1i~ O Atleta
'\ Subsúrura do !':li
~""'"""'"""....,,..,,... i-,vGlor, \ Co-Occcndcn1c Vergonha / Viao - Religião
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_A
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Uruã.o Vcrúcal Bode Expiar6rio da Furu1 12 Criança Pcrdidz Vitima Disrútbio Alimenr:u
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/
Homcotinho da Mamk (Substlruro) Bode .Expiar 6ôo do Pai Realizador Zelador
Ninguém nessa família tem identidade real A mãe e o pai são vítimas não tratadas de incesto não-físico. Ambos foram subsútutos para os pais do sexo oposto. Aos três anos, Bronco foi abandonado pelo pai alcoólatra. Bronco cresceu para ser o orgulho e a alegria da mãe. Faziam tudo juntos . A mãe freqüentemente vestia-se na frente dele e usava o toalete quando ele escava LO· mando banho. "Ela fez de mim a sua vida ", disse-me Bronco, com lágrimas nos olhos. A mãe já morreu e Bronco lamenta com freqüência o fato de "não existirem mais mulheres boas no mund o' '. Glory foi a dádiva de Deus para o pai . Fkava perto do púlp i-
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to, aos domingos, durante o sermão do pai. A mãe era hipocoodnaca e estava sempre doente. Glory cozinhava, lavava e era uma bênção .Para o pai Também dormiu com ele até os li anos. E embora não tivessem sexo físico, ela era , sem dúvida, a substituta da mãe. Bronco e Glory foram usados para amenizar a solidão da vida dos pais. Pense na sensaçã.ode ser usado! Uso é abuso e cria a raiva e a dor duradouras. Bronco e Glory idealizavam os pais, colocando-o.sem um pedestal, achando que mereciam ser canonizados. Bronco e Glory viviam na ilusão e na negação. Não tinham noção do Eu Sou. Como podiam ter? Não havia ninguém ali para eles e nenh um dos dois podia ser quem era realmence . Tinham de cuidar d.i. carência e da solidão dos seus pai s. Isso é abuso sexual não-físico. Bronco e Glory levaram seus ferimentos espirituais para o casamento e continuaram a mesma dinâmica disfuncional na nova família . Bronco repetia o abuso sexual sofrido, tendo muitas mulheres (ele amava e as deixava). Cada mulher rejeitada era uma vitória simbólica sobre o controlç materno . É clal'o que fazia isso inconscientemente. Ele nem sabia que tinha raiva da mãe , por que estava condic ionado para idealizá -la. Glory sentia -se arrasada de vergenha com seu "caso' ' extraconjugal . Eu a ajudei a V("r que o pai a ~ava como usava outras mulheres da sua igreja. Glory usava a religião 'para disfarç~r sua tristeza e sua raiva. Ao mesm o tempo estava praticando incesto não-fí sico com o filho mais novo. Ele era o seu "homenzinho sensível" . Glory podia conversar ' sobre a Bíblia com ele. Fazia.m longas caminhadas, só os dois , aos domingos, meditando sobre a glória da palavra de Deus , Esse filho preenchia o vazio da criança ferida de Glory, enquanto que o filho mais velho cuidava da vergonha e da dor de criança ferida que vivia no pai. A filha comia para preencher o vazio da raiva, da dor e da solidão de todos da família. Bronco e Glory preocupavam •sc com ela - o "p roblema da famílja", " a paciente identificada", que foi trazida a mim para ser '· consertada•' . Os Lavender formavam um belo quadro na igreja, aos domingos. Nin$uém podia imaginar o sofrimento profundo que vivia neles. Ninguém na familia cinha identidade, porque nenhum deles reve as exigências da idade pré-escolar atendidas .
as
RESGATANDO SUACRIANÇA NAIDADE ·P~~OJLAR
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A familia Lavender é um bom exemplo da gravidade do ferimento espiritual, provocado por um distúrbio de intimidade no casamento. Quandó as crianças preenchem o vario das vidas dos país , esse elo não saudável verticalou cransgeracional é extremamente devastador para a identidade sexual da criança. A união vertical é muito diferente da ltillào pai/filho e mãe/filha quedescrevi. A união ve(tical cria uma confusão do s papéi s desemp enhados por cada pessoa - o filho ou a filha toma o lugar do progenitor do sexo oposto no sistema familiar. Bronco e Glory Lavender não tinham criad o o ambiente necess-ário para que a crianç a pudesse pensar, sentir e jmaginar. Assim, os filhos; incumbidos de tomar conta do casament o dos país, estavam,na verdade, mantendo a família unida , Não foram atendidas suas exigências d o desenvolvimento no estágio pré-escolar, quando a criança deve ser independente e inquisitiva , fazer per gunta s, testar a individu alidade e pens ar sobre as coisas. Com o todas as famílias disfuncíona.ís, os lavender eram co-dependente s. Cada pessoa era direcionada para o exterior. Nin guém tinh a temp o par a presta r atenção aos próprios sinais inreriore s. Da mesma forma e em graus variáveis, todas as famílias disfunc iona.is víolencan1 a no ção de Eu Sou dos filhos. A disfun ção pode ser vício de drogas ou bebid a, vki o de trabalho ou violência. Em cada caso, um dos pai s está envolvído com a prõpría disfunção e o outro é ligad o a ele porco-dependênci a. Os filho s são abandonados emocionalmente . Para piorar as coisas, estâo todo s envolvidos com a necessidade , patente ou não, de manter o equ ilíbrio pre cário e não saudável da famlli a. Nas famílias disfunci ona.is, ningu€m chega a saber quem €. Todos são postos a serviço das necessidadesdo sistema. A conseqüência mai s comum dessa disfunção é a fixação (J. gida dos papéis represen tados por cada membr o da família. Como no scripcde uma peça , esses papéi s determinam o componamento de cada pessoa e o que da pode ou não pode sencir. As distorções de papéis ma.is comuns no estágio pré-escolar são: o Exageradamente Responsável, o Sup ec-Realizador, o Rebelde, o Sub-Realizador , o que Agrada a Todos (o cara legal/um amor ), o Zelador e o Agressor . A falta de identidade individual faz com que as famílias disfuncionais sejam dominadas pela culpa tóxica. O sentimento de culpa saudável é o guardião da consciência. Tem origem num scn-
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VOLTA NJlAR
cimento saudável de vergonha , é a dimensão moral da vergonha saudável. A vergonha da criança em idade pré-escolar é pré-moral e em grande parte pré-verbal. Não é possível a moralidade enquanto não houver a noção de valores ínternali.zados. Os valores são criados pelo pensamento e pela sensação. Valores pressupõem uma noção mais ou menos desenvolvida de consciência. No fim do estágio pré-escolar, a criança possui o começo de urna verdadeira noção de moralidade, uma consciência em formaç ão. Nas famílias disfuncionais a criança não pode desenvolver uma consciência saudável nem urna noção saudável de culpa. A falta de individualidade a proíbe de sentir que tem direito a uma vida própria e desenvolve o sentimento de culpa tóxica. Esse é o dobre de finados para o eu psicológico. A culpa tóxica é um meio de ter o poder numa situação de impotência . Ela nos diz que somos responsáveis pelos sentimento s e comportamentos de outras pessoas, pode até mesmo dizer que nosso comportament o faz outra pessoa ficar doente, como quando o pai diz: "V ejam o q'.!e vocês fizeram, crianças, sua mãe está doente por sua causa!'• lSto tem como resultado urna noção grandiosa de responsabilidade. A culpa tóxica é a causa de um dos ferimento s mais danosos para- a_criança em idade pré-escolar . ,.
INFORMAÇÃO J
À medida que avançamos nos estágios de desenvolvimento torna-se ruais fácil escrever nossa história , mas a maioria das pessoas não cem muitas lembranças anteriores aos sete ou oiro anos. Antes disso, seu pensamento ainda era mágico, não lógico e egocêntrico1como uma forma de altera ção do consciente, Entretanto, procure se lembrar de tudo que for possível. Em geral, os faros traumáticos são mais maicantes . Representam os maior.es riscos de vida e por isso deixam uma impressão mais nítida e duradou ra. Escreva tudo que puder lemb rar sobre as violações traumáticas desse período. Não esqueça os detal hes específicos, Escreva também tudo que puder sobre o sistema familiar. O que seu pai fazia? E sua mãe ? O que você sabe - ou supõe - sobre o casamento deles? D ê aten ção especial às suas suposi-
RESGATANDO SUACilANÇA NAIDADE PRÉ-ESCOLAR
167
çõcs sobre a família. Finja que são verdades e verifique se o aju. dam a compreender o sistema familiar. Se não ajudarem, esque• ça. Se ajudarem, conviva com elas durante algum tempo. Um cliente desconfiava que a avó fora violentada incestuosamente pelo pai. Essa avó foi criada em uma fazenda, a úruca filha mulher entre sete irmãos . Meu cliente nunca ouviu a avó falar sobre o pai. Ela era agorafóbica e bastante neurócica. Pare• eia odiar os homens e uansmitiu esse ódio para as três filhas, uma delas a mãe do meu clien te. Quand9 me procurou , ele apresentava todos os sintomas emocionais da vítima de incesto. Escava reoetindo o aco sexualmen c:: ' ' matand o" as mulher es oor me1(, d; sedução, ele escrevia versos e dava presentes caros para elas. Assim que elas engoliam o anzol. com chumbada. linha e rudo , meu cliente as abandonava, geralmente, num o de raiva. Embora nã o haja nenhuma prova de que a avó fora vítima de incesto, ele escreveu a hist ória da famí lia como se fosse verdade e, assim, muicas coisas se encaixavam e aram a fazer sentidc,. Quan do escrever a hi stória da sua criança ferida nesse estág10 pergunte -asi mesmo quem existia para você. na familia . Com qual modelo você mais se ide ntificava? Quem foi o primeiro a ensiná-lo a ser um homem? Uma mul he r? Quern o ensinou sobrc sexo, an:or e int imidade ?
IRMÃOS E ffiMÃS AGRESSORES Não falei sobre o abuso prati cado por irmãos, mas isto pode ter um efeito importante - geralmente ignorado - no desenvolvimento da criança. Talvez você tenha sido atormentado por um irmão ou urna irm ã. Talvez tenha sido atorrr,enrado e mo• lescado pelo filho do vizinho. Até mesmo a zom b3.rÍa pode ser excremamence abµsiva, e a provocaçã o crônica pode se-r um pesadelo. · Escreva rudo que puder lembr ar sobre sua vida nesse esrág 10 pré-escolar.
VOl!A>DW
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COMPARTlllfANDO COM UM AMIGO SUACRIANÇA INTERIOR EM IDADE PRÉ-ESCOLAR Use os métod os descritos nos capítulos 4 e 5. D ê atenção especial aos incidentes de violentação que pode lem brar. Use o seguinte como possíveis fontes de sentiment os dolorosos: • • • • • •
Brincar de sexo com a.migos da mesm a idad e. Incesto físico ou emocional . Ser ridicularizado e çensurado por pedir informação . Modelos deficientes de intimidad e. Senti mento de culpa provocado por outros. Falta de informação sobre sentime ntos.
SENTINDO OS SENTIMENTOS
,1
Aqui, também, procure ver você mesmo nesse estágio de desenvolvimento. :Observe e deixeque venham à tona os sentime ntos provocados p9,r·essa lembrança. Se não consegue visualizar. e algum tempo com crianças dessa idade. Veja como são maravilhosas. Imagine uma delas assum indo a responsabilidade de um cônjuge e sendo sub metida a um incesto físico. Pense na supressão da sua vitalidade e da sua curiosidade natural. Talvez você tenha ainda uma boneca ou um brinquedo desse tempo. Verifique se esse brinquedo tem ainda alguma energia para você. De ixe q~e essa energia o conduza a qualquer senti ment o que possa surgir.
CARTAS Para este estágio de desenvolvimento eu peço a você para escrever três canas. A primeira , do seu eu-adulco para sua criança ferida. Diga que você quer escarcon1 ela e está disposto a dispen sar toda a atenção e toda orient ação que ela precisa. Diga-lhe que
RESGATANDO SUACRIAN ÇANAIDAD~ Pl!t-ESCOIAR
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pode perguntar o que quiser. Acima de tud o. diga que a ama e dá um grande valor a ela. A segunda e terceira canas são da sua criança ferida nesse estágiopré-escolar.Lembre-se de escrever com sua mão não dominante. A primeira deve ser endereçada aos seuspais. Consiste em dois parágrafos: um para sua mãe , outro para seu pai . Deixe que a criança ferida diga a eles o que ela queria deles e nunc a teve. Não é uma cana acusadora, é uma expressão da perda sofrida. Um homem , em um recente seminário, escreveu:
!-,fa .mãe e papai querido ,;. Papai, eu precisava que vocé me protegesse . Sentia medo o tempo rodo. Eu precisava que você brincasse comigo. Gostaria de reri do pescar com você. Queria que tivesse me ensinado muitas coisas. Gostaria que você não bebesse o cem· p0 rodo. Mamãe, eu p recisava que você me dogiass e. Precisava que você dissesse que me amava. Gostaria que não me tivesse feito tom:.r conta de você. Eu pre cisava de alguém para tomar cont a de mim .
Amor Robbie
É irnporcanceler sua carcaem voz alcapara a pessoa que vai
lhe dar apoio. A segunda cana da sua criança ferida nesse estágio é para o seu eu-adulto . É a resposta à sua. Essa cana pode surpreendêlo quando você entra em contato com a criança que deseja ardentemente ter um aliado. Lembre-se de usar sua mão não dominante. Se 9uiser, pode compartilhar essas canas com um airugo. seu moou or ou com seu gru po. Se estiver trabalhand o com um comp anheiro, cada um deve ler sua cana para o outro. Depois de ouvir a cana do seu companheiro, de~creva o sentimento que ele demonsnou dur ante a leitura. Diga se sentiu raiva, med o. e assim por diant e. Pode ser um sentimento mais relacionado com você do que com ele, mas é urna resposta honesta. Diga tan1bém os sentimentos que vocé-oi.,. servou nele. Pode dizer, por exempl o: "Eu percebi sua tristeza Havia lágrimas nos seus olhos e seus lábios escavamcomprimjdo .:.'
VOLTA ADLAR
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Evite.dizer coisas como: "Ca ra, você ficou mesmo sentid o.'' NãO' interprete e não defina, diga apenas o que vo.cê viu e ouviu e que o fez coochii r que de estava sentido. Pode dizer também que deve ter sido horrível sentir-se negligenciado ou violentado como elefoj. lsso ajuda a legitimar e validar a dor . Revezem -se nesse trabalho . Se-você está fazendo os exercícios com um g.rupo, revezem se na leitura das cartas e deixem que cada pessoa descreva os sentimentos que observou no leitor .
OS PAPÉIS NOS SISTEMAS FAMILIARESDISFUNCIONAIS . 1::iencifique e descreva os papé is escolhido s pela sua criança em idade pré-escolar para ser imponanre dentro da família. O meu foi de Estrela, Super-ReaJizador , Zelador e Menino Bonzinho. Os papeis escolhidos fazem de nós pacte cio elenco da peça familiar. -Procure saber quais os sentimentos que precisou reprimir para representat. seu papel. Os scâpcsexigem que os papéis sejam representados de determinado modo. Alguns sentimentos fazem pane do scripc,·outros são proibi dos por ele. Meus papéis exigiam que eu.•estivesse sempre alegre, sorridente e parecendo feliz e me proibiam de ter medo e ficar uiste ou zangado. Eu só era , imp ortan te enquanto fosse a Estrela e estivesse realizando alguma coisa. Não podia ser medíocre nem precisar de ajuda . Tinha de ser forte . Se ey não representasse a contento, seria destituído do rns:u poder. E claro que me tornei viciado em fazer coisas. E importante senti r as conseqüências vitalmente prejudidais dos papéis desempenhados. Eles custaram a perda do seu eu autêntico da infância. Enquanto continuar a desempenhar esses papéis, o ferimento espiritual permanece e você pode chegar ao fim da sua vida sem saber quem realmente você é. Para recuperar sua criança ferida desse esd.gio , você precisa desistir dos s.eus papéis rígidos no sistema famili:u. Esses papéis , na verdade, nunca o fizeram sencir que era importante e cercamente não ajudaram a ninguém da fiunília. Pense no assunt o. Alguém da sua família foi ajudado pelo faro de vocé representar seus papéi s? Feche os olhos e im agin e que não pode mais representar seu papel principal ! Qual a sensaçãode desisár desse papel ?
RESGATANDO SUACRIANÇA NAIDADE Pli~COI.AR
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Tente ~agina,r três novas formas de componameoto que poderiam ser usadas para anular o papel de Zelador da família . Por exemplo, podia dizer não quando alguém pedisse ajuda. ou pedir ajuda a alguém mesmo sem precisar, ou, ainda, pensar em um problema atual e pedir a opinião de alguém entendido no assunto. Com isso você pode mudar o papel usado por sua criança ferida para se adaptar à situação e entrar em contara com seu eu verdadeiro. Seu eu autêntico pode gostar de ajudar os ouu os. Uma vez tendo desistido do papel úgido, pode começar a ajudar os outros porque isso lhe dá prazer e nã o porque cem de faze r, par a se sentir dign o d e amor e considera ção. Examine outros papéis. usando a fórmula descura acima. Entre em contato com os sencimc:nros que precisou reprim ir par a desempenhar seus papéis. Desse modo , você estará recuperand o os sentimentos autênticos da criança ferida na idade pré-escolar.
EXERCÍCIO De.:;creva toda s as conseqüências prejudiciais dessa confus ão 0 1.1 seu sistema familiar para sua vida atual . Faça a conexão com os sentimento s de perd a provocados pelo papel principal autoimposto. Compartilhe esses sentimentos com seu companheiro /a, monitor/a ou com seu grupo. Os papéis são uma grande ajud a para chegar à dor original. Uma vez estabelecido seu papel, você verá os sentimentos que c::ve de reprimir para representá-lo. Esses sentimentos reprimidos são sua dor original . Na inversão do s papéis da união cransger acio nal você teve de desistir da sua infância.
AFIRMAÇÕES As afirmações para a criança interior ferida des se estágio são as segwntes :
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Pequeno ................ ......... , Eu gosto de vê-lo crescer. Estarei aqui para verificarsuasfronteiras e descobrir seuslimites. É cerro pensar em si mesmo . Pode pensar sobre seus sentimentos e sentir sobre o que está pensando. Gosto da sua energia vital, gosto da sua curiosidade sobre SCJCO.
É cerro descobrir as diferen ças enue menin os e meninas. Eu determinarei os seus limites para ajudá-lo a descobrir . quem voce e. Gosto de você como você é, pequeno ........................ .. É ceno ser diferente, ter sua opinião sobre as coisas. É certo imaginar coisas sem medo de que elas se tornem realidade . Eu o ajudarei a separar a realidade da fantasia. Gosto que você seja menino/ou menina . Gosto que você seja gay. embora seus pais não gostassem. É ceno chorar, mesmo agora, quando está crescendo. É bom para você descobrir as conseqüências do seu comp ortamento. Pode pedir o que quiser. Pode fiuer perguntas se não entender alguma coisa. Você nãci::'éresponsável pelo casamento dos seus pai s. Você não é-·responsável por seu pai. Você não é responsável por sua mãe. Você não é responsável pelos problemas da família. yocê não é responsável pelo divórcio dos seu s pais. E certo explorar quem você é. ~
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MEDITAÇÃODO ESTÁGIO PRÉ-ESCOLAR Use a introdução geral das páginas 127-129.Depois àa frase: "Qual era a sensaçãode morar naquela casa?'' acrescente o seguinte com uma pausa de 20 segundos em cada intervalo indicado. Agora veja sua criança interior aos cinco anos ... lrnagine que ela acaba de sair da casa e você a vê sentada no quintal . Aproxime-se dela e diga alô... O que ela está vestindo?... Est:í
.. RESGATANDO SUAOJANÇA NAIDADE Pll-ESCOI.All
IH
brincando com uma boneca, um ursinho de pelúcia , uma pá ou outro brinquedo? ... Pergunte qual é seu brinquedo favorito ... Pergunte se da tem um animal de estimação ... Diga que você é do futuro e está ali para estar com ela sempre que precisar de você... Agora seja essa criança ... Olhe para seu eu-adulto (o mago sábio e gentil ).. ; Veja seu rosto bondoso e cheio de amor ... Ouça seu eu-adulto dizer ao seu eu-criança que pode sentar no seu colo, se quiser ... Se não quiser, tudo bem ... Agora, ouça seu eu-adulto fazer as afirmações com voz lf'nta e carinhos a.... .
Grave as afirmações das páginas- 152 e 153. Quando chegar à última, faça uma paus~ de um minuto . Deixe que a criança sinta o que ela sente ... Agora, bem devagar, volte -aser seu eu-adulco ... Diga à sua criança interior gue está ali agora e que vai conversar muiro com ela. Di ga que você é a única pessoa que ela jamai s vai pe rder e que você nunca a abandonar á ... Despeça-se por agora e comece a subira ladeira da memória. e por seu cinema favorito e por sua sorveteria favorita ... e pelo pátio do seu ginásio... Sinta que está voltando ao presente ... Mexa os pés... Mexa os dedos dos pés ... Sinta a energia subin do por seu corpo ... Sinta suas mãos ... Mexa os dedos das mãos ... Sintà a energia na pane superior do corpo ... Respire fundo ... Solte o ar ruidosamente ... Sinta a energia no seu rosto... Sinta onde está sentado ... As roupas no seu corpo ... Agora abra os olhos lentamente ... Fique sentado por alguns minu tos e experimente tudo que está experimentando . Se quiser, compartilhe essa medicação com um amigo compre ens1vo.
Trabalho com um companheiro Trabalhe com seu companheir o como ante s (veja instruções na págin a 131). Cada um lê a medita ção para o outr o. dízeod o as afirmações em voz alta .
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Trabalho de grupo
,
Como nos exerácios anteriores de grupo , as afirmações são dadas por cada membro do grupo de uma vez (veja instruções na pág. 132). A pessoa escolhida para gravar a medita ção deve gravar o material adicional desta parte, até a frase, "Olhe para seu euadulto (o mago sábio e gentil) ... Veja seu rosto bondoso e cheio d e amor ..." Grave então as instruções para fazer uma âncora. Termi n!' a meditação, começando com a frase, "Despeça- se por agora e comece a subir a ladeira da memória .' ' Lembre-se de que é imponante que todos do grupo tenh am feito seu exerácio, antes de começarem os comentários sobre o crabalho de cada um. Vocêagora recuperou sua criança ferida na idade pré-escolar. Conscientize-se de que seu eu-adulto pode tomar conta dela. Se, depois de fazer todos esses exerácios, você tiver uma sensação de pânico, garanta novamente à sua criança interior que vai estar semp r~ presente para ela. Quando sentimos pela primeira vez sentimento~ antigos e congelados, ficamos angustiado s. São sentimentos estranhos às vezes arrasadores e não controláveis. Diga à sua criançá interior que você não a abandonará e que vai descobrir todos os meios para amá-la e ajudá-la a satisfazer suas carêndas. Aqui está a minha idéia de como é meu pré-escolar recuperado.
RESGATA NDOSUACRJANÇA NAJDADE UÉ-ESCOLAR
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1 1
À medida que nos conhecemos melhor, descubro que ele não é
apenas um ·garotinho carente , mas também uma companhia alegre e divertida .
CAPÍTIJID7
RESGATANDOSEU EU NA IDADE ESCOLAR O nupa do mundo de cada pessoa é tão único como as suas impressões digitais. Não c:mtcm duas pessoasiguais.Não h:i duas pessoasque em endem a mesma foue do mC$IIl o modo... Assim, na sua convivência com as p=as, procure nll.oenca.ixá-Jas no seu conceito do que elas dC\'Criam~r ... - Milton Erick.son
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Mandei meu irmão embora.... Eu o dei aos homens morenos que avam... Eles o ensinaram a usar o cabelo comprido, a desliz.:unu, tomando água na concha das mãos, amarrar canlos, seguir a trilha indistinta na .relvaamassac:a... Leveimeu irmão para o outro lado do rio, então nadei de volta, deixei meu irmão sozinho na margem. Na Rua Sessenta e seis norci que ele se for11 . P.u sentei e chorei. - Robcn Bly A D1cam of My Brothcr
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IDADE ESCOLAR (PERÍODO DE LATÊNCIA)
EU SOU CAPAZ ldade: 6 anoiatéapubc1dadc Flllaridad e dedcsenwihimeou ,1 Habiliâaiic vmusiníaioriàadc Forç a doegc: Compt'ténm aprcn der Poder : SabC't. Rda:ion1.1D cmc: lnti:trlepen cmtii. coopcr~i c
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RESGATANDO SEUEUNAIDADE ESCOLAR
.,
INDICE DE SUSPEITA Responda sim ou não às perguntas seguintes. Depois de ler cad:i pergunta , espere e entre em contato com seus sencimentos. Se sentir uma force energia para o sim, escreva sim; para o não, escreva não. Se responder sim a qualque r pergunta , pode suspeir.ar d~ que sua criança maravilho~:i do ado foi ferià a n:i icta
Não....... .
2. Gostaria de ter mais amigos, de ambos os sexos? Sim........
Não........ 3. Costum a sentir-se pouco à vontade em süuaçôes ~ociais~ Sim,........ Não ....... .
-t Sente-se pouco à vontade como pane de um grupo? Sim..:·:.··· Não ........ Sente-se melh or quando está sozinho/a? Sim.,...... Nã o....... . 5. Às vezes dizem que você é muito competitivo/a? Sente que precisaganhar? Sim........ Não ....... .
6. Freqüentemente tem conflitos com seus companheiros de trabalho? S1m........ Não ........ Com as pessoas da sua família? Sim........ 'Não ........ 7. Em uma negociação, você (a) cede completamente ou (b l 1n. te em fazer as coisas ' ao seu mo do.' trn ... ,.... N-ao........ s1s
s·
8. Orgulh a-se de ser rígido/a e literal, seguindc a lei ao pé da letra? Sim........ Não ........ 9. Você sempre procrastina as coisas? Sim........ Não........
•
'fOIIAADW
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10. Tem dificuldade em terminar as coisas? Sim ........ Não....... . 11. Acha que devia saber fazer as coisas sem nenhuma instrução? Sim ........ Não ...,... . 12. Tem muito medo de cometer erros? Sim ........ Não ........ Sente•
se extremamente humilhado /a quando é obrigado/a a constatar os próprios erros? Sim........ Não ...... ..
13. Fica zangado com freqüência e --'.(Íticamuito as outr as pe s-
s·
soas.1 1m........ N-ao ........
14. É deficiente nas aptidões básicas da vida (le(. falar e/ou escrever gramaticalmente, fazer cálculos macemáúco~)?Sim.•!\.... Não ....... .
15. a muito tempo analisando ou obcecado/a com alguma coisa que disseram a seu respeit o? Sim ........ Nã o....... .
16. Sente-se feio/a e inferior ? Sim ........ Não ........ Se respondeu sim, tenta disfarçar isso com roupas, coisas, dinheiro ou ma. 1. 1m... ..... N-ao........ qu1agem
s·
17. CosruJna mentir para você mesm o/a e para os outros com fre• ;i s· qu•••enc1a. 1m........ N-ao_....... 18. Acredita que, por melhor que faça, nunca está fazendo a coisa
cerca., s· un... ..... N-ao...... ..
I
IDADE ESCOLARNORMAL Quando você foi para ·a escola, deixou o sistema familiar e entrou em um novo estágio de socialização e de formação de aptidões. Tendo estabelecido alguma noção de:poder com seus testes da realidade e de formação da identidade , você está preparado /a para o mundo. A escola vai ser seu ambiente prin cipal, pelo meuos. durante os próximos 12 anos. A idade escolar é chamada período de latên cia, devido à ausência de um a force energia sexual. (A energia sexual começa a se fort alecer na puberdade. ) Na idade escolar, o rirmo biológ.icoda crianç)lprepara o palco para a .iprendizagem do conjunto segui nte das aptidões para a
RESGATANDO sruEUNAIDADE ESCOLAR
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sobrevivência. Com as forças primárias do ego de confiança e esperança, de autonomia e força de vontade, iniciaúva e propósito, a criança vai aprender agora tudo que pode prepará-la para a vida de adulto. As aptidõesmais imponantes que terá de aptender são as de socialização, cooperação, interdependência e uma noção saudável de competição. A preparação para a vida exige também aptidões acadêmicas. Ler, escrever, contar. Contudo, essas aptidões não devem ser mais importantes do que conhecer, amar e dar valor a si mesmo. Na verdade, uma noção saudável de auto-esrima é essenciaip ara aprend er berr.. A formação das aptidões na escola nos ajudou a pensar livre e espontaneamente sobre o nosso futuro. A escola nos ajudou a veri.ie.a.rnossa noção de poder. Sentimo-nos ativos, e compecences.Essas são as forças do ego que devem ser desenvolvidas na escola. Se somos competentes. podemos ser ativos e criar um lugar para nós mesmos no mundo . A realização das tarefas da idade escolar nos dá a sensação de novo poder e no.vaesperança. · 'Por. ser." que eu sou capaz, posso ser o que eu quiser A idade escolar deve ser um tempo de brincar e de trabalhar. O brinquedo é uma parte crucial do desenvolvimento da criança. Ela aprende imitando e acomodando. A acomodaçãoimplica agir simbolicamente . Brincar de casa e de mamãe e papai são parres importantes do desenvolvimento mental da criança. Para a criança, brincar é um negocio muito sério.
PENSAMENTO LÓGICO CONCRETO Aos sete ou oito anos a criança é capaz de pensar com 16gica,mas é ainda uma forma concreta de pensamento. Só na puberdade ela é capaz de abstrair e pensar em premissas contrárias ao fato. Só então a criança começa a idealizar e a idolatrar. A idealização exige hipóteses contrárias ao fato. A criança em idade escolar é lógica-concreta . Você se lembra quando aprendeu o Voto de Aliança? Vocêdisse palavras que: não compreendia . Lembra-se de quando aprendeu a rezar? ''Avernaria, cheia de graça, o Senhor é D. Basco... Agora n:i hora da
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VOIIA AOLAR
nossa morte ...'' A criança em idade escolar é também egocêntrica no seu processo mental. Esse egocentrismo é expresso em coisas como ·, 'apanhar" ós pais em errq e pensar que sabe mais do que os pais. Essa ••vaidade cogpiciva'' é o cenuo de muitos fenômenos interessantes. A criança, nessa idade, muitas vezes pensa que é adotada (a fantásia do órfão). S.e sabe mais do que os pais então deve ser filho de outras pessoas. As piadas das criançasnesse estágio geralmente são sobi:eadultos burros ou ignorantes. A história de Peter Pan encanta as crianças nessa fase, especialmente pórque os personagens não precisam crescere se transformar em adultos burros. Um aspectoimportante do egoc·entrismo da criançaé a crença de que os adultos são benevolentes.A criança faz essa hipótese e apega-se a da em qualquer circunstância, Iembro-me de ter sido éhamado para .ajudar grupo de es de uma escola elementar. Estavam abismados porque uma dasse do ginásio organizou um protesto contra a d~missão de um professor. O mais·estranho era que as crianças detestavam esse professor. Na minha opinião, tratava-se de um .exemplo da suposição egocêntrica d;lScrianças de que o professor, por ser adulto, não podia ser ruirir lsso ajuda a explicar por que a criança ferida nessa idade sempre eefende os pàis, os professo.r:es , os que abusam dela. Algumas cdánças são tão traumatizadas que acabam aprendendo que hi alguma coisa errada com o adulto que as maltrata. ·M:1.$essas crianças são urpa exceção. · ' Sua criança interior ia idade escolar era uma pessoa deliciosa, alegre, encantadora, que adorava est;u com os amigos e estava ansiosa e curiosa para aprender. ·
um
DISTÚRBIODO CRESCIMENTO Se e~taúltima afirmação é Yerdadeira,então, por que tantas criaoças detestam a escola'e a considerá'm aborrecida1 tediosa e coerci. va? Um dos motivos é que a educação escolar é, muitas ·vezes, uma fonte de ferimento espiritual. Na maioria das escolas, as crianças são agrupadas horizontalmente , por idade. O pressuposto é de que. todas as crianças de dez. anos têm o mesmo grau de ma-
RFSGATM1l0 sruEUNAIDADEESCOi.AR
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turidade . Isso é completamente falso. Sua criança interior em idade escolar pode ter sido ferida simplesmente pelo fato de ter estado na classe errada, na hora errada . As escolas e as prisões nos Esta-
dosUnidossão osúnicoslugaresdo mundo onde o tanpó é mais importante do que o trabalho a ser fdto. Se você e eu embarcarmos para as Bermudas ao mesmo tempo e eu chegar uma hora ante s. você não é reprovado em Bermudas . Nas escolas, se você não aprender geometria tão depressa quanto as outras crianças da sua idade , você é reprovado em geometria. Na minha opiniã o, geometria não é um iosqumento de sobrevivência - eu quase nun ca gcomeu o! Porém, o perig o é que sua criança in rerior p ode ter sido penalizada p~r ser imatura . O sistema de notas é muito humilhante e doloroso . Exerce uma pressão constante sobre a criança para memorizar e realizar . E evidentemente perfeccionista. Medeos seres humanos de rnodo a feri-los espiritualmente. Como acontece com todos os siste• mas perfeccionistas, ninguém jamais consegueco.Ciesponder àsexpectaa'vas. Isso cria a vergonh a tóxica. com a sensação de sermo s deficiente;; . Afinal , se você é vqcê e não existe ninguém igual no mundo, com quem o estão comparando? Na verdade , todos os sistemas perfeccionistas nos comparam a um produto da pro jeção mental de outras pes soas. A crian ça reprovada na escola é dolor osamente ma goa d a., sente-se inferior e transforma-se em um serferido: ''Eu não sou bom ." Quando ela vai bem na escola, não há nenhum problema. Tudo na vida transforma-se num A em potencial, tudo converge para o desempenho. O sistema escolar dos Estados Unidos, como o sistema familiar, é disfu ncional . Não facilita um ambie nte para a criança saber quem ela é. Não a trata como as pessoas únicas que elas são realmente. Não existem duas pessoas iguais. Como disse MHton Erickson. •'Não há duas pessoas que compcec:ndam a mesma frase do mesmo mod o.'' Sua criança interior da idade escolar foi esmagada pelo peso de se moldar ao sistema perfe ccionista da escola. Você perdeu toda esperanç~ de sucesso e deixou a e.scola, ou se deixou dominar pelo transe do conformismo e sua alma foi assassinada no processo. Roben Bly, um poeta americano profun damen te comovenre, descreve a perda do irmão . No poc•ma citado no início deste capítulo, o jrmão de Bly é a sua criança Ín!:_erio r espontânea - a parte que deseja '' u sar cabel os compri •
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dos e tomar água nas conchas das mãos" . Essa é a parçe que perdemos quando entramos na escola . _As escolas tecom . ensam o co_nformismo e ~ memor j z~â ~ .em_ vez de recompensar a criativi dade e a cara~ etística de ser único . - ~uito~ dos 9!_l~se adapt~ 1 tirando sempre a nota mais alJ ;t jamais desenvolvem uma verc;lªdeirl!,__ n..QǪ9 de com etência. Pás.sei a maior parte da minha vida tentando curar o ferimento no meu ser, realizando e fazendo. Por maior qu .e.fosse o número de As que eu tirava na escola , não fiz nada para curar o profuninterior ferida continuo u _do ferL,:qi;p_t Q.esgiritual .Ê mi~tiê .f.Úa!!_Ça a se sentir sozinha e incapaz. Muitos de nós nunca aprenderam a convivência social por que estavam ocupados demais em tirar As na escola. Muitos de nós se diveniram muito pouco nessa idade, porque a escola era uma panda de pressão de exigências esttessantes. Estávamos também num dilema porque nosso sucesso acadêmico impedía que tivéssemos a aprovação dos nossos colegas. Atualmepte, os aspectos mais criativos dá minha vida são ale gres e curiosos. Escrever este livro é uma diversão para mim. Eu me ~e rci dandQ aulas , aprendendo e criando séries para a tdevisão nos últimos anos. Quase tudo q~e faço hoje é produto de aprendizado ..inddenta:1simplesmencs motivado pela necessidade ou deseJo de saber alguma coisa. E cenualízado no entusiasmo e baseado na capacidade de me maravilhar com ascoisas. O aprendizadp incidental é o que a sua criança mara\l'ilha faz naturalmente. ·yocê come a seu a rendizado incidental uando, como uma crian !_que começa a andar, você ex lora o mundo. En._;ão isprovavelmente, é desviado dessa rota. Quase todos nós fomos desviados. \:.ocê foLQbgg~do a ~e confo~mar e obrigado _ aprender coisas 9.~ abor~eciam. infe lízmcnte, o granae av.anço na reforma da educação do s Estados Unidos, que começou mais ou menos há 20 anos e que eu vi acontecer quando era professor, não ajuda agoranossa criança interior ferida. Sem dúvida há muitos professores corajosos, ~riacivos e verdadeiros educadores, mas há tambEm professores raivosos e abu sados. Eu sei, trabalhei com alguns deles. Esses professores pro jetam nos alunos as crianças feridas que vivem neles . Sua criança jnterior pode ter sído vicimizada desse modo ; Provavdmeote , você
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RESGATANDO sruEUNAIDADEESCOlAR
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teve outras crianças para legítimar sua dor , mas elas não podiam mudar nada. Em alguns casos, os próprios colegas de classe são os agres• so.ces. A criança em idade escolar pode ser muito cruel. Leia O senh.or das moscas, de William Goldiog . Recentemente estive com um amigo de escola que eu não via há 40 anos. amos dojs dias fantásticos contando um ao outro nossas vidas . Aos poucos , lembrei cenas fases da infância atormentada desse amigo. Ele era um gênio acadêmico. Usava ÓCU· los e não era dado a espones. Na escola primár ia era torturado pelo s ma.is velhos. Cada dia e1:acomo entrar num poço de vergúnha , Geralmente ele se refugiava na sacrisria, pedindo a Jesus para ajudá.lo a compreender por que eles o espancavam , o ridicularizavam e o feriam tanto. Por quê ? Quando tudo que ele queria era fazer par te do grupo! Chorei quand o ouvi essa históú:... f}. quei envergonhado porque eu, evidentemente, era seu amigo quando não tinha ninguém por perco.O grupo atormentador era tão intenso que eu não podia me arriscar a ser visco com ele. Ele dava grande valor à minha amizade. Isso era trágico. Tenho pra zer em dizer que ele sob reviveu a tudo isso com brilhanrismo , mas não sem cicatrizes profundas na sua criança incerior. .A conversa que tive com ele me fez lembrar ourras vítimas da crueldade daquele grupo. As merunas muito gordas, os garodnhos com narizes engraçados, os que tinham deformidades fi . sicas, os meninos que não praticavam esportes. Meus arquivos de conselheiro estão repletos de histórias de homens e mulheres que levaram com eles dwance rodaa vida, a vergonhafísica ou culrural. Seus seres maravilhosos eram rejeitados porque eram mexicanos ou de outros países, ou judeus. Eram atormentados por• que gaguejavam, eram desaieitados ou se vesàam pobremente. As próprias crianças empunhavam a régua perfeccionista da me dida cultural e física. Nenhuma criança em idade escolar é realmente feia, emb o_ ra algumas pareçam desrueitadas e abobª4ªs, São ap_e_oas niQ la_pj adas e não terminadas merecem nosso iespe ito e nossa aju. da para gue ossarn d_eseny_(!lv;! suas forças.
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VOLTA AOLAR
INFORMAÇÃO A esta altura você, provavelmente, já tem muita prática de escrever sua história pessoal. A propósito , se estiver trabalhando em um determinado estágio e se lembrar de repente de alguma coisa de um estágio anterior, ótimo! Escreva e procure validar o mais depressa possível. Neste trab alh o, é comum as lembranças aparecerem de repente , uma vez ou outra. Quanto maior for seu contato com a criança interior, mais você merguJ},t no estado alterado que foi a sua infância. Quando você torna a entrar no estad o consciente , começa a lembrar de mais coisas. Começando na idade escolar, as lembran ças são geralmente muiro mais vívidas. Agora, escreva a história da sua criança inte- · rior .nessaidade. Não esqueça, esse período abrange a sua vida do s seis anos, mais ou menos, aré a puberdade, que geralmente ocorre no fim do ginásio. Com a puberdade, surge uma aptidão mental totalmen te nova e sofiscicada. (Falaremos sobre isso no próximo capículo.) Como linha geral, pode examinar sua idade escolar ano por ano. Use as indicações seguintes se forem convenientes .
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Adultos importante s
Além dos pais, estão incluídos os professores, o sacerdote ou rabino e as crianças mais velhas. Escreva o nome de cada pessoa e diga se ela foi valiosa ou prejudicial para você. Valiosa significa que estava realmente presente para voéê e lhe dava o devido valo:. Uma pessoa que promovia sua noção de EU SOU. As pessoas que o feriram espiritualmente são aquelas que o envergonhavam.
Marcos importante s
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Escrevasobre os uês fatos mais imponanres de cada ano. Por exem; . p10, eu escrevi: 6 anos l. Entrei para o primeiro ano primári o. 2. Fiz xixi na calça um dia e fui humilhado na frente da classe.
.. RFSGATANDO SEUEUNAIDADE FSCOWt
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3. Meu pai estava ,em casa mai s do que em qualquer outra época. 7 an os 1. ei para o segundo ano. 2. Ganhei um toca-discos de Natal. 3. Papai perdeu nosso carro. Bateu com o carro do vovô. Contin ue com a lista até os 13 anos . Note que as idades de seis e sete não foram especialmente traumáticas para mim. Inclua na sua lista todas as lembranças, agradáveis ou desag radáveis.
Fatos traumático s São as experiências d a sua vida que infligiram os fer:im entos espirituais mais profundos. Por exemplo, quando eu tinha nove,anos, meu pai começou a prim eira de muiras separações físicas da minha mãe. Essas separações ficaram cada vez mais prolongadas com o ar do tempo. Talvezvocê tenha se lembrado , durante anos, de algum acontecimento que parece trivial.-Você não sabe po~ que lembr a dele, mas nun ca o esqueceu. Isto pode significar que houve um a violação em aJgum nível. Por exemplo, jamais me esqueci de um incidente ocorrido quando eu tinha cinco anos. Um vizinho adolescente fez minha irm ã, que tinh a en tão se.isanos, tocar em seu pênis. De cena forma eu sabia (sem saber realmente ) que estava vendo uma coisa muito má. Não foi como me u brinqued o de sexo com as duas menin as vizinhas, dois an os mais tarde . Unhamos a mesma idade e nossa brin cad eira era mais simb 6Üca. O que aconteceu com minh a irm ã foi uma verdadeira violentação. Agora compreendo por que essa lembran ça me perseguia.
COMPARTil.HANDOSUA IDSTÓRIA COM UM COMPANHEffiO Leia sua hist ória para um amigo, para sua mulher , seu marid o ou seu terap eut a. Dê a você mesmo tempo suficiente para entrar em contato com as violentações desse pe ríodo. Focalize especial-
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VOil'A AOLAR
mente o-sistema escolar como agressor espii:itual. Seja es,pecífico na explicação de por que voéê não podia ser você mesmo na escola. Escrevaqualquer tipo de agressãoque sofreu de professores
ou de outras crianç:is.
SENTINDO OS SENTIM.EN10S Pro.cure fotografias suas do período escolar. Estude com atençã,1 uma de cada ano, se for possível. Você deve ter fotografias das suas turmas. Compare as fotografias com tudo que você escreveu sobre essa idade. Por exemplo, eu notei a minha mudança de expressão fa,cialem cada fotografia. Vocêpode sempre ver a mágoa e a tristeza no seu rosto por um certo período da sua vida. As fotografias podem ajudá-lo a entrar cm contato com a dor Cf'QOcional reprimida, ou você pode ver o seu rosto sempre inexpres,sivo e vazio. Aos sete ou oito anos você cqmeçava a desenvolver suas mais sofisticadas defes_as do ego. Já tinha aprendido a se fechar na própria· cabeça e bloquear as emoções, tanto do ado, quanto do presente. :· ,,
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UM MITO. OU UM CONTO D.EFADAS Neste nível de idade, eu gosto de introduzir um exercício escrito novo e de grande força - o mito ou conto de fadas sobre a infância. (Se as canas que escreveu antes foram especialmente produtivas para você, por favor, continue a usar esse formato também. Coruo nos capítulos antc1'iorcs, escreva três cartas, uma para sua criança em idade escolar, uma para você, Ja sua criança interior e outra para s~us pais e professores. dizendo o que você precisava deles e .Q;iú recebeu .) Seu mito ou conto de fadas deve focalizar um evento ou eventos ocorridos durante seu tempo de escola, ou um evento anterior, que o tenha afetado bastante. A boa coisa com mitos e contos de fadas é que eles am ao largo do seu cérebro pensante •
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llESGATANDO SEUEUNAIDADE F.SCOIAR
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ou racional. Sua história pode ser sobre animais (a mamãe ursa e o papai urso) ou sobre os deuses, ou sobre reis e rainhas. Sua história deve ter duas partes. A primeira deve começar com ''Era uma vez' ', e descrever os eventos escolhidos por você. acentuando o modo pelo qual infligiram o ferimento espiritual . A segunda parte deve começar com ''E quando ele/ela cresceu,'' e s_e co;11cenrrarnos efei-tosprejudiciais do ferimento espiritual da pnmeua pane. Não se preocupe se não puder lembrar de nenhum fato uaumático que tenha marcado sua vida , Você pode ter rido uma infár.ci:::.d~ depr essão cróni.:a ou de ansiedacr, e~ ?OÓc c:r sia ç negligenciado desde o começo . Como você já deve ter percebido, a parábola do TernoElfo, no começo da primeira pane é a adaptação de um mito que cu escrevi a respeito de mim mesmo. Aqui está outro exemplo escrito por um dos participantes do meu semínári o. Os fatos da vida deste homem foram os seguintes . Seu pai era rico e casou com sua mãe porque, duran te uma bebedeir a, ele a engravidou. Seu avô matemo ameaçou processar seu pai se ele não se casasse com sua mãe. Seis meses depois do casamento , seu pai se divorciou da sua mãe. Ele a indenizou muito bem e ela saiu da cidade , obedecendo a uma das el'jgéncias do divórcio. A mãe , com 17 anos, estava nos primeiros estágios do vício de drogas. Era também viciada em sexo. Ela pagava uma mulhe r idosa para tomar conta do filho e ava meses sem vê-lo. Finalmente, ela se casou e foi para ourra cidade , abandonando completamente o filho. Meu cliente sofreu abuso físico, sexual e emocional nas mãos da velha que tomava conta dele. Fracassou na escola e fugiu de casa aos 16 anos. A partir daí sua vida foi uma novela de empregos medíocres e relacionamentos abusivos com mulheres. Esta é a história que ele escfeveu: Era uma vez um rei poderoso chamado John. Ele se casou com uma camponesa de baixa extração chamada Gretchen. Casou-se com ela porque. cena noite, se embria gou , fez sexo com ela e a engravidou . Por ser um casamento vergonhoso , ele manteve Gre tchen escondida . Finalmente, foi exilada para uma cerra estranha.
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O filho desse casamento vergonhoso t~bém se cha. moujohn. A mãe, para conservar o amor do rei John; pen sou que ele a receberia de volta quando visse o pequeno pnncipe soubesse que tinha seu nome. Então ela foi . . e quando . v1s1caro re1 pua mostrar a cnança. O rei John ficou furioso. Sabia que o pequeno príncipe tinha sangue real, mas ele odiava Gretchen, pois ela o fazia recordar sua vergonha . O rei decretou que Gretchen e John fossem mandados para um país esuangeiro, no outro lacíodo oceano, a centenas de quilômeuos do seu reino. Gret• c.hen foi paga generosamente e jurou nunca contar ao pequeno John o segredo do seu nascimento. Gretchen odiava o pequeno John. Ele a impedia de fazer o que desejava. Ela queria beber e se divertir com homens. Culpava o pequeno John por seu exílio. Finalmente ela pagou uma velha que morava no campo para tomar conta dele. A mulher o espancava e dava a ele um mínimo de comida. Embora ele fosse realmente um príncipe de sangue real. o pequeno John pensava que era filho baswdo da velha que o crlava. Na escola caçoavam dele em razão dos trapos que vestia. E.Iefoi um fracasso nos estudos porque unha pavor de responder às perguntas dos professores. Não tinha tempo para estudar porque trabalhava muico em casa. Quando cresceu,John fugiu de casa. Não tlnh~dinheiro e como havia deixado a escola, o único emprego que conseguiu foi de faxineiro em uma loja. Ele teve vários relacionamentos . Toda vez que começava um relacionamento, era rejeitado. Todas as mulheres que ele escolhi~ o criticavam e humilhavam.
É muito importante que você leia para seu companheir o, neste trabalho, a hist ória que escreveu. A história pode ajudá-lo a entrar em contato com seus sentimentos sobre o abandono. Pode também ajudá-lo a ver a conexão entre negligência oo atendimento das suas necessjdades de dependência e a história da sua vida. Curam~ nossa vergonha tóxica quando compreendemos que os probiemas da nossa "c riança adul to" são todos sobre coisas que aconceceramconosco, e não sobre a pessoa que somos real-
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mente. Ver como estamos repetindo na nossa vida adulta nossas carências não satisfe~tas da infância nos ajuda a curar a vergonh a tóxica. Se você está trabalhando com um companheiro , revezemse na leitura das suas histórias . Quando seu companheir o ler sua históçia, dê a ele sua resposta emocional . Abrace-o e o console, se for o caso. Se você está trabalhando com um grup o, deixe que cada pessoa do grupo leia sua história . No fim de cada história, a pessoa deve fechar os olhos e ouvir a resposta emocional dos outr os par ticipan tes do grup o.
OS PAPÉISNO SISTEMAFAMILIAR DISFUNCIONAL Procúre identifi car os novos papé is que você se imp ôs nesse estágio escolar e trabalhe com de s como fez no capítulo 6, págs. 170 e 171. Sugiro que dê especial atenção aos papéi s de uni.ão rransgeracional porque eles o privaram de um modelo sexual saudável. Os papéis mais comun s nesse período são: Homenzinho da Mamãe, Substituto do Marido da Mamãe, Confidente da Mamãe (Melhor Amiga) , Mãe da Mamãe. Princesinha do Papai (Bonequinha), Substituto da Esposa para o Papai, O Melhor Compa • nheiro do Papai, O Pai do Papai . É imponante compreender qu e o súbscituto do cônjuge e os papéi s de pais dos pais não se li mitam ao sexo opost o. A menina pode ser A Substituta do Marido para a Mª1Jlãe, o menino pode ser o Substituto da Esposa para o Papai. Em todos os casos, a criançaestá comandocontadospais. ISto é uma inversão da ordem nat4ral das coisas. Focalize as conseqüências dessespapéis que foram prefudiciaisà sua vida. Eu penso cm Jimmy , por exemplo, que, aos seis anos, foi abandonado pelo pai alcoólatra . Sua mãe tinha 28 anos quando o pai os abandonou . Ela tinha outros dois filhos e ne• nhuma qualificação para trabalhar . Jirnmy, o filho do meio e o mais velho dos meninos , começou a trabalhar aos sete anos. Ajudava muito a mãe. Sentava ao lado dela duran te horas, consoiando-a , enquanto ela lamentava a vida que levava. Ele a considerava uma santa e fazia o impossívd por ela. Jimmy não not ou (nenhuma
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criança notaria) que .quando ele chorava, a mãe o envergonhava por estar chotando ou procurava distraí-lo dos próprios sencimentos. Ela lembrava o quanto o avô dele era maravilhoso e a sorte que tinha por morar numa casa com comida à vontade . Crianças morriam de fome na América Latina! Aos 21 anos, Jimmy entrou para uma ordem de zen-budistas e tornç,u-se um monge celibatáiio . .A mãe orgulhava-se dele e o visitava com freqüênàa. Depois de alguns anos, Jimm y deixou o mosteiro e teve vários relacionamentos com mulheres . Sempre escolhia mulheres carentes para as quais ele era o salvador. Aos 4 5 anos , iniciou um casamento desasuo so com um a mulher de 26 anos, abandonada pelo marido e com três filhos. O casamento foi um redemoinho de conflito s e distanciamen to, Jimmy odiava os filhos da mulher . logo no iníào ele teve um caso extraconjugal que o levou a uma àcividade sexual descontrolada que durou dez anos . Finalmente , a mulher pediu divórcio. A história de Jimmy é típica de muito s filhos que adotam o papel de substitutos do pai . G.eralmente voltam-se pata ·a religião ou para uma espiritualidade celibatária. Assim, perma necem fiéís ·-à mãe ; ou não conseguem se comprometer com uma única mu\het. Uma vez que já ·estão compromerid ós com a mãe, comprometer-se com outra mulher seúa o equivalente a um adultério emocional. Esses homens são chamados de ' 'Garotos Voadores' ', porque voam de um relacionamento para ou-'tro. SãQ taml:,ém chamados "Peter Pan", porque nunca crescem (nunca deixam a mãe) . Jimmy me procurou quando -tinha Sl anos, zangado e sozinho. O papel de substituto do pai tinha Jhe custado m1.üto caro. Senti;i. que s6 era importante quando cuidava de mulhe: res carentes, como a mãe. Jimmy jamais se senciu realmente ligado a alguém . Na 'Verdade, nunca foi amado pelo que ele era. Seu eu autêntico (sua cr;ança interior ferida na idade escolar) nunca fora J;éêonhecido. No capitulo 12, apresento um e,çei:cíc.iocorretivo para desfazer esses papéis .
~ATANDOSEUruNAIDADE F.SCOW
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AFIRMAÇÕES As afirmações para sua criança interior em idade escolar são as segulnte s: Pequeno ........ , você pode ser você mesmo na escola. Pode defender quem você quiser que eu o apoiarei. É certo fazer as coisas ao seu modo . É certo pensar sobre as coisas e experimentar antes de adotá-la s. Pode confiar nos seus julgamentos. Basta assumir as conseqüências das suas escolhas. Pode fazer as coisas ao seu jeito e é certo discordar. Eu o amo do jeito que você é. ~ode confiar nos seus sentimentos. Se civer medo , diga-me. E cerco ter medo. Podemos conversar a respeito. Pode escolher: seus amigos. Pode s~ vestir como os ourros garotos, ou pode se vestir como quiser. Você merece ter as coisas que deseja. Estou disposto/a a ficar com você, aconteça o que acontecer. Eu o amo .
MEDITAÇÃODA IDADE ESCOLAR Acrescente o seguinte à introdução geral. Faça uma pausa de 20 segundos em cada intervalo indicado. Como eram as coisas na sua casa quando você foi para a escola pela primeira vez?... Lembra-se do seu primeir o dia na escola?... Lembra-se do primeiro dia em cada série?.... Você tinha u ma lancheira? ... Uma mochila para os livros?.... Como ia para a escola?... Tinha medo de ir para a escola?... Os valentões o assustavam?... Quem era seu professor favorito?... Era professor ou professora?... Ima gine o playground da escola... Veja seu eu na idade escolar, •
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no playground... O que ele está fazendo? ... Como está vestido?... Aprox4ne-se e ima:gine que pode ser de ... Agora, vo• cê é uma crianç:a em idade escolar olhando para seu eu. adulto ... Você se vê-corno um mago sábio e gentil... Ouça sua voz de adulto ... Ouça sua voz de adulto dizendo palavras carinhosas para você... Se.estiver sozinho: Grave as afirmações para a criança ferida em idade escolar. Com um companh~iro: Digaas afirmações p~a seu companheiro. Com um grupo: Pare aqui e faça uma :u1cora. Sozinho ou com um companheiro : .Quando terminar as afirmações, a meditáçã ·o continua. Sinta tudo que pode sentir. Despeça-se do seu mago gendl e o abrace, se quiser ... Volte a ser adulto. lentamente ... Diga à sua criança interior que de agora em diante estará sempre ali para ela ... Diga que pode contar com você... Para grupos: Se você está trabalhando com um grupo, acrescente o seguint@,.depois de ter feito a âncora . A conclusão é para todos os casos - ~azinho, çom u.rp companheiro ou com um grupo . Pat1sa de dez_-segundos em cada intervalo indicado. Comece a caminhar para a frente no tempo. .. Veja seu ginásio ... Dê que cor é o prédio?... Veja seu melhor amigo dessa época... Ouça uma música favorita dos adolescentes ... Caminhe no tempo para os primeiros anos da sua vida de adulto ... Veja 4 casa onde mo,ra agora... Veja a sala em que está ... Sinta •onde está neste momento ... Mexaos dedos dos pés ... Sinta a energia subindo por suas pernas ... Respire fundo ... Solte o ar ruidosamente ... Mexaos dedos das mãos ... Sinta-se com. pletamente pr~sente, ·restaurado cm corpo e mente ... Abra os olhos ... Se vocé está sozinho, pense na experiência. Escrevao que está sen• cindo. Se estiver com um companheiro , diga a ele como {oi a ex~ periência para você. Se estiver em grupo . revezem-se _paracontar as experiências.
R.ESGmNDo SEUru NAIDADE ESCOLAR
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Você recuperou sua criança cm idade escolar! Você pode tomar conta dela! Aqui está o quadro da recuperação da minha criança em idade escolar.
~lt!l+Al
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CAPÍTUID 8
ORGANIZAÇÃO ~ UMA NOVA ADOLESCÊNCIA O que eu
Íá(ô
sou eu: para isso eu Yim, - G:rald ~anJey_Hopkins
Acordo e enconuo --mc. nos bosque's , longe do cas1clo. O trem ami.vcssa v,::loza solitária lDuisiana à noite ... Quando olho pm tcl$, há um pcm10 cego n_o vagil.o. É uma pane dó meu p~ que não posso ver. Não posso lembnr os anos da minha infância . Não possó conuu agora algumas panes de mim ... ._Tçra sobrado alglll);la panç de mim para sc:r honesto? ... O ftllll.OIOme simo ·arrudo por meus pais! Caminho para trás e para a freme. olhando para a velha estação. Ràs, ROt)lrnas matcam , com seu co=r . o movimenco do planeta . - Robert Bly
Night Frogs
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ADOLESCÊNCIA (REGENERAÇÃO)
EU SOU MEU ÚNICO EU !~ade: 13-26 Polaridade de desenvolvimento : Idcotiôadc persus confus~o àe papfo rorç2do.ego: Fidelidade Poder: Deregeoer2çã o Reb.cion2meato:Independência da Í2mília
ORGAN17.AÇÃO - UMANOVA ADOWâNOA
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INDICE DE SUSPEITA Responda sim ou não às perguntas seguintes. Depois de ler cada pergunta, espere e entre em contato com seus sentimentos. Se sentir uma forte energia para o sim, escreva sim; para o não, escreva não. Se responder sim a qualquer pergunta , pode suspeitar que seu adolescente maravilhoso do ado foi ferido. Há vários graus de ferimento . Você está em algum lugar , em uma escala de um a cem. Quanto maior o número de respostas afirmativas, mais grave E o feriment o. 1. Você ainda tem problemas com a autoridade paterna ou ma-
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terna.;> s· 1m........ N-ao ........ Continua a experimentar empregos sem encontrar seu lugar certo? Sim ........ Não ....... . • e. ,, s· 1m........ N -ao........ N -ao sab e ao certo quem voce Escã comprometid o com algum grup o ou causa? Sirn........ Não ...... .. Considera-se desleal? Sim ........ Não ........ Sente-se superior aos outros porque seu estilo de vida é difee . ' s· rente e nao conrorm1sta. 1m..... ... N-ao........ Alguma vez abraçou alguma fé de sua escolha? Sim ........ Não ........ Não tem amigos verdadeiros do mesm o sexo? Sim........ Não ........ Tem amigos do sexo oposto? Sim........ Não ........ Você é um /a sonhador/a, prefere ter livros românticos e ficção científica a fazer alguma coisa em sua vida? Sim ........ Não ....... . Alguém já disse que você precisa crescer? Sim ........ Não ........ r · , ·do,, 1m.,...... N-ao........ Voce• ·e, um , a coniorm1sca ag1 Alguma vez questionou a religião da sua juvenrude? Sim........ Não ...... .. Segue rigidamente algum tipo de guru ou her ói? Sim ....... . Não ........ Você fala muito sobre as grandes coisas que vai fazer. mas nunca faz realmente ? Sim ........ Não ...... ..
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VOCTAAO LAR
16. Acredita que ninguém ·ou por tudo que você tem ado, ou que ninguém pode jamais compreender sua dor única.) s· 1m........ N-ao........ Com a chegada da puberda:de, a infãncia propriamente dita chega ao fim. A puberdade marca o início da primeira reciclagem. Como mencionei ànteriormente, o livro de Pam levin , Cydes of Power, diz que nós evoluímos ciclicamente. A vida ê um processo que envolvea recorrência de certos temas e padrões. Cada reciclagemconstrói sobre o estágio ante.ri0r e exige adaptações mais sofisticadas. Cada .reciclagemê um rema de crise. E cada criseé um tempo de aumento da vulnerabilidade e de potencial. Se o desafio é superado, ocorre uma regeneração na qual o ado é .reformado .
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ADOLESCENCIANORMAL A re·aliz~a~o gu dável das tarefas críticas da adolescênciadepende . das forçasdo ego.desenvolvidasna infância. Porém, a tarefa da adolestência, qúe consisteno estabelecimc;ntode uma identidade consciente é, como diz Erik Erikson, •'mais do. que a So!lladas... identificaçõesda infância''. A identiqade da adolescência é uma identidade .reformada.Para cons·egui-la, devemos integrar nossasaptidões genéticas, as forças do ego e as aptidões cultivadas antes, às oportunidades oferecidaspelo nosso papel social n~ nossacultura. Erikson define da seguinte maneira essa nova. identidade do ego:
... a confiança de que a i-gualdade e a continuidade interior (em minhas palavras, o EU SOU), preparadas no ado serão combinadas com a igúaldade e a continuidade do que a pess9a significa para os outros, como se evidencia na promessa tangível de uma "carreira" . Na minha opinião, is.so significa que a noção de EU.SOU da sua criança interior deve ser agora confirmada de duas formas. Uma afirmaçãovirá do reflexo nos olhos da pessoa que e importante
ORGANIZAÇÃO - UMANOVAADOI.ESCÊNOA
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para nós. num relacionamento amoroso (intimidade). A segunda afirmação virá de uma carreira que intensifique o nosso ser. Os dois pilares da identidade do adulto são os dois famosos mar cos da maturidade, de Freud: amor e uabalho. _A criaoçªJntwoúedda pode ser uma força devastadora de _contaminaçãQ. durant~adolescência. _Mesmo a p~ss,oa com uma dos crian a inter ior saudável te á de •'re etir muitas das batalhas ----~ primeicos anos", Pois a adolescência normal é um dos per.íodos maiscox:rnen.tosos.do._ciclo da vida. Gosto de descrever a adolescência normal usando as letras da palav ra adolcscenc~.
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Ambivalence - Ambiv alência Discancing from parenrs - Distanciamento dos pais Occupation - Ocupação Loneline ss - Solidão Ego idenciry - Identidade do ego Sexual expl oracion - Exploração sexual Concepcual1zation - Conceitual ização Egocenu1c thinking - Pensamento egocêntric o JVarcissism - Narcisism o Communicacion - Mania de comunicaçã o Expenmencation - Expecimenraçâo
Ambivalência A ambivalência é maravilhosameote descrita no livro de J.D. Salinger, O apanhador no campo de cenceio. O personagem principal, com 16 anos, Holden Caulfield, quer ser adulto. Em suas fantasias ele bebe , dorme com mulhere s, é um gângster. Ao mesmo tempo , tem pavor da vida adulta e imagina-se o protetor da irmã mais nova, PhQebe, e dos seus amigos pré-adolescentes. Ficar com as crianças mais novas (e protegê-las) é um meio de se proteger da necessidade de enfrentar o mundo dos adultos. A Ele está vivendo enue metade do cabelo de Holden é g.cisalha...,. dois m.urulos, o.da..infâoçia_c_Lrmmd
VOIJAAOLAR
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Segundo Anna Freud , é normal para o adolescente detestar a presença dos pais em um dia e desejar conversas íncim as com eles, no outro.
Distanciamento dos pais
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O distanciamento dos pais é uma parte normal da adolescêncja . Para sair de casa, os ad olescentes pre ci. Am fazer com que os pais pareçam pouco atraentes. O psicó logo de Yale, Theod ore Lidz, acentua o fato de que ' 'o conflito das gerações é inerente à vida cm sociedade'• . Oito centos anos antes de Cristo, Hesíodo estava terrivelmente preocupado com a juventude d o seu temp o. Im;l• ginava o que ia acontecer com a geração seguinte. Ontem, no supermer cado, ouvi uma senhora dizer exatamente isso. O grupo da mesma idade é o veículo através do qual os adole scente s conseguem esse distauciamento. Gos to d e me referir a.o grupo pai da mesma idade, uma vez que o grupo se toro.a ltll) novo pai . O grupo pai da mesma idade é muito rígido e fief.'a regras . Por exemplo, n o meu temp o. o estilo oficial de cabelo-·era o '' rabo de pat o' '. Meu grupo usava calças com costura s·'visíveis e bo lsos par a pistolas. Out .ros adolescente s que não se vestiam como nós eram considerados ''qua dra dos" . Nó s caçoávamos dele s!
Ocupação Vários estudos demonstram que a principal preocupação dos adolescentes é a carreira . Que tipo de trabalh o cu vou fazer? Onde vou gastar minha energia? Como v9u tomar conta de mim mesmo? O que vou ser quand o crescer? A própria ener gia vital nos leva a conside rar o tipo de tra balho que faremos pelo resto d a vida . As escolhas diferem de cultura para cultura e de geração para geração. No ado, as escolhas ocupacionais eram sc:veramente limit adas e determinadas com antecedê ncia. A vida era m ais simples nesse tempo.
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Solidão A adolescência sempre foi um tempo solitário. Não impona a quantos grupos penen ça, nem quantos amigos tenha, o adolescente sen te um vazio interior. Não sabe ainda quem ele é. Não sabe ao ceno para onde está iodo. Devido à nova aptidão de pensar abstratamente, o futuro (uma hipóte se) torna- se um problem a pela prÍmeira vez na vida da pessoa. O jovem, quando contem pla o fut uro, cem uma sensação de ausên cia. Essa sensação é mai~ intensa quand o ele tem uma criança interior ferida . A nova estrutura cognit iva que começa a se formar permi te que ele pense sobre o próprio eu (torna-se consciente da própria pessoa), Os adolescentes podem pensar sobre pensar. Por isso,podem perguntar, '' Quem sou eu?'' Tornam-se dolorosamente conscientes da própria pessoa. Essa conscientização é intensificada pelo aparecimento das caracteríscicas sexuais secundárias . As novas sensações sexuais são poderosas e as mudan ças físicas são embara çosas. O adol~scente sente -se constrangido e estranho.
Identidade do ego
Já citei
a definição de Eàk Erikson para identidade do ego. As questões do " qqem sou eu" e "para onde escou indo " são oresultado das novas aptidões mentais do adolescente .
Exploração sexual Com o aparecimento das características sexuais secundárias, surge também uma nova e poderosa energia . Essa energia é a expansão da centelha de vida. "A vida deseja a si mesm a'', disse Nietzsche. A sexualidade genital é uma espécie de força preservadora da espécie. Sem o impulso sexual , a espécie desapareceria em um período de cem anos. O ado lescente explora naturalmente a p róp ria sexualidade . A primeira masturbação genital abre a válvula. As ameaças de cegueira , verrugas na mão, até mesmo da queda do pên is pe.r-
YOIIAAOW:
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dem todo significado comparadas a essa sensação. Afinal, quem precisa enxergar - a gente pode fazer no escuro! Outras formas de exploração geralmente vêm em seguida: a mastur bação mú tua, acariciar pessoas do sexo opoSto e, finalmente, o ato sexual. A exploração dos genitais é crucial para uma identidade saudável do ego. O sexo é o que n6s somos, e não uma coisa que temos. A primeira coisa que notam os em uma pessoa é o seu sexo.
Concei tualização
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_I
A apcidão para o pen samento abstrato, em termos lógicos, ap~rece na puberdade, levando-nos além do pensamento concreto e literal da criança em idade escolar. Uma das coisas que o préadolescente não pode fazer e que o adolescente faz é pensar em proposições concrátias aoiâco, Por exemplo, pensar no fururo exige a capacidade de aceitar uma proposição contrária ao fato. Quem sou eu e para onde estou indo? Quais são as minhas possibilidades? Na adolescência, pensar na idencidade é pensar na possibilidade. "Suponhamos que eu seja médico ... advogado... religioso.. .'' e assim por diante . Cada suposição implica na criação de uma hipót ese não restrita aos fatos. Outrá manifestação da novaestrutura cognitivaé a idealização. Os 'adolescentes são sonhador es. Sonhar e idealizar significa criar modelos que nos motivam. Os adolescente s também têm ídolos. Os mais comuns são astros e estrelas do cinema e do rock, mas o jovem pode ter como ídolo motivador um político ou um intele ctual . Os adolescentes são naturalmente religios0.se essa é a época de maior preparo para a religião . Um ídolo espiritual geralmente é a obsessão centeal do adolescente. A idealização ou idolatração pode também ser dirigida a um culto ou a uma causa. Os Hare Krishnas do aeroporto, a Guarda Vermelha da China, a mobilização dos adolescentes da época, feita por Hitler - tudo isso prova como o adolescente pode ser motivado para abraçar uma causa - positiva ou negativa. Esse compromisso com uma causa é a pase de uma força do ego que Erikson chama de fidelidade. E uma imponante força do adulto.
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Pensamento cgocênttiro Ao contrário do egocentrismo da criança, o adolescente é capaz de compreender o {>onto de vista de outra pessoa. Seu egocentrismo consiste · em acreditar que os pais são tão obcecados pot eles quanto eles me smos. Os adolescentes são paranóicos por natureza. Um olhar casual é interpretado como um julgament o avaliador e pejorativo . Imaginem uma ecoa comum. A pequen a Shfrley foi ignorada pelo garoto que ela adora. Chega em casa deprimida e sentindo-se rejeitada. A mãe diz : "Oi , querida , cudo bem ?" Shirley corre par a o qu ano, berrand o: "Será que não pode me deixar em paz?" David Elkind criou duas expressões para descrever esse pensamento egocêntrico do adolescente : "a audiência imaginária" e •'fábula pessoal". São duas formas de pensamento grandioso. Shirley pensa que sua mãe assistiu à cena de rejeição e testemunhou sua humilhação. A acentuad a consciência da própria pessoa, no ado lescente, é resultado da crença de que "todos estão olhando para mim" . Se o adolescente foi envergonhado na infância, essa conscíentização é dolorosamen te intensificada. A fábula pessoal é a crença de que sua vida é absolucamca cc únic a. ' 'Ninguém sofreu tanto quanto eu •', diz o adolescent e para si mesmo. E continua, "Ninguém me compreend!' '. " Ninguém me ama " , ' 'Ninguém teve de agüentar pais iguais aos meus". Lembre-se da fantas ia de Tom Sawyer em que ele se via morr endo. Tom vê a tia e os outros adultos em volta do seu leito de morte . Todos estão derramando rios de lágrimas. Agora final• mente comp reendem a pessoa extraordinária e única que ele era. Essa fábula, geralmente, termina quando a pessoa estabelece uma intimidade real. A troca emocional de um relacionamento íntimo ajuda a compreender o quanto sua experiência da vida é ou foi comum .
Narcisismo Os adolescentes são narcisistas. São obcecados por seu reflexo no espelho. Podem ar horas olhando para eles mesmo s. ) sso é o resultado da intensa conscientiza ção da própria pessoa. E taro• bém uma reciclagem das necessidades narcísicas da intãn cia. •
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VOLTA ADLAR
.M~ia de comunicação No ApanhadoIl)Q Campode Centeio,HoJden está sempre ''dando uma ligada'' para alguém no tdcfone. Tem uma necessidade voraz de falar. A ccinscientização intensa de si mesmo e a solidão desse estágio de desenvolvimento levam o adolescente a querer se comunicar. Falar interminavelmente com um amigo ou amiga é um meio de se sentir desejado e ligado a alguém. L.embro-me perfeitamente de quando minha filha saia de carro comigo, q~ando era adolescente. O tempo todo ela gritava freneticamente nomes e mais nomes de rapazes e moças pelos quais ávamos.
Experimentação Os adolescentes estão sempre experimentando - jdéias, modas, papéjs e comportamentos. Getalmente essas experiê'ncias são feitas em opos~ção ao modo de vida ou àos. valores dos pais. Se a mãe acha que ''a limpeza está Jogo abaixo da divindade' ', a filha adolescente pe-de afirmar a própria idenddade tornando-se hippie, com cabelos longos , raramen te tomando banho e andando descãlça. Se o pai é um realizad or, viciado em trabalho, o filho cercamente vai afirmar sua identidade deixando os estudos. Se os pais são acei'sras, o filho ( ou ·a filha) pode afirmar sua identi• dade tornando-se muito · religio so/a ou vice-versa. A experímentação é uma forma de expangir os próprios ho. rizontes, é tentar outros comportamentos ántes de finalizar a.formação da iden.cidàde. De um modo geral, a adolescência é uma integração e uma reforma de todo s os outros estágios anteriores do desenvolvimento. É o resumo de todas as forças do ego. Dessa reforma começa a surgir a nova identidade.
DISTIJRBIODO CRESCIMENTO Na melhor das hipóteses , a adolescência é o tempo majs tempe stuoso do ciclo da vida.. Anna Freud diz que o que é nonna1 na
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adolescência seria considerado extremamente neurótico em qualquer outro está:gio da vida. Se isso é verdade, quando todos os estágios anteriores foram resolvidos saudavelmente, imagine os problemas resultantes de uma criança interior gravemente ferida. Muitos não precisam imaginar, estão vivendo o problema . Para mim , a ambivalência se transformou em um compo r• tarnento maníaco-depressivo. A representação c:xcema do problema por meio de um comportamento desregrad o e promíscuo abriu a porta para uma grave depressão . Eu me distanciei procurand o a companhia de vádos filhos de lares desfeitos. Nós nos rebelamos cone.a nossa eàucacão ri?i damenr e católica, procurando oroS'cicutas e bebendo. Minha pr edisposição genéuca para a bebida entrou em cena imediatamen te. Aos 13 anos eu bebia até ficar inconsàence e escava sempr e metid o em encrencas. Erikson chama a aren ção para a difusão de pap éis como um dos perig os da adolescência. Experimentan do com mu itos e variados papéis , o adolescente perde o contexto para sinteti zar suas forças do ego. Na ad olescência, eu me sentia terrivelmente coniuso e sozinh o. Não podia me revoltar contra meu pa i. porqu e ele não estava presente e, por isso mesmo, não tinh a um mode lo do papel que devia represent ar. Escolhi para mod elos os an tiheróis. Esta é a dinâmica do que foi chamad o' 'id entid ade negativa''. Eu não sabia quem eu era, ponantó me identifiquei com o que eu não era. Eu era dife,rente, não como os ' 'quadrado s' · que viviam na sociedade. Meu grupo ridiculariz ava e zombava de todos que não eram iguai s a nós, e isso compreend ia quase rodo mundo ! As pessoas com identidade negativa afastam-se e vivem à margem da vid a, zombando de rudo e de rodos. Na verdad e, eu tinha pavor da vida. (Isso se aplica a todas as ident idades negativas que conheci e com as quai s trabalhei.) Com mínima ou nenhuma força do ego, não pod ia me organizar. Embebedar-me era para mim um meio de me sentir adult o e poderoso. Meu vazio interior impçlia-me a alter ar meu estado de espírito de qualquer mod o. E na adolescência que começamo s a repr esentar nossa.dor original e as necessidades não acendidas da infânaa . A violência ào delinqüente juvenil atesta a t'aiva indiferenci ada da criança in terior ferida e solitári a. A criminalidade é um a man eira de reaver roubando o que lhe foi roubado da infância. O uso de dcoga.<, amorte ce a dor da solidão da família disfuncio nal. •
VOl!AN)l.Al
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Em geral, os adolescentes revivem os segredos não expressos da família. A reapresentação sexual é comum nessa época do aparecimento da energia sexual. A repressão rígida da mãe da sexualidade envergonhada pode ser revivida na filha como promiscuidade. Os casos secretos do pai podem ser reapresentados pelo filho adolescente. A disfunção da intimidade dos pais, com toda a solidão e raiva, pode ser simbolizada por um mau desempenho na escola. Muic.asvezes os adolescentes são os bodes oiatórios da família. São os "pacientes identificados " , mas na verdade são os representantes dos problemas da família. Quando conduzi Jm programa contra o vício de drogas, em Los Angeles, não tratei nenhum adolescente filho de um casamento saudável. Os pais ewn portadores da doença multigeracional. Seus casamentos eram casamentos de adultos crianças e os filhos estavam tentando levá-Los à terapia. O comportamento compulsivo repetitivo dos adolescentes é diretamente relacionado à destruição das suas famílias. Há também a questão das necessida.des de dependência negligenciadas. A adolescência é o tempo da formação das bases da identidade. Crianças de familias disfuncionais não podem estabelecer~ identidade, porque não têm a noção do EU SOU quando entram na adolescência. Minha família foi severamente desestrutura da cm razão do alcoolismo dÓ meu pai e porque ele nos abandonou fisicamente. A desestruturação era assim. J
F.AMÍLIA DESESTRUTURADA
AUSENTE
Irmã
Pai '(a.lco6latra)
Irmão
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Como podem ver, nenhum de nós tinha um eu completo e distinto. A maior parte de nós era pane dos outros. Quando um de nós sentia alguma coisa, os outros sentiam também. Se mamãe ficava triste, nós todos ficávamos tristes . Se ela ficava zangada, todos sentiam e procurávamos acabar com a raiva dela . Eu tive p~ouca base para criar minha identidade. A medida que a difusão dos papéis se intensifica, o isolamento e o vazio interior crescem. O papd mais imporranu: desempenhado no siscema f.uniliar até esseponto cransforma-se ao meio mais ível para ceruma ide.ntidadc. Aos 21 anos eu estava totalmente confuso. Tinha pavor da min ha sexualidad e Sentia -me vazioe inseguro. Estava assustado e zangado. A pers• pecrivade uma carreira me arrasava. Lembro-me de caminhar pela cidade, pensàndo em como todos os homens que eu via tinham empregos , carros, casas e assim por diante. Com uma formação baseada profundamente na vergonha . achava que nunca sena capaz de ter tudo isso. Dessa fo.rma, x-ecue1para os papéis design ados para mim pelo sistema familiar . Continuei a ser a Estrela. Eui presidente da dasse. ediror do jornal da escola e tinha um grande desempenho acadêmico . Con servei tudo isso a despe ito do alcoolismo e de pertencer ao grup o dos •·caras sem pai'' . Porém , meu pape l mais imporr-an te era o de Zelador. Era quando eu me sentia real mente important e. Q uando meu pai nos deixou , eu me tornei o Homenzinh o da Casa. Era o Paizinho do meu irmã o. Tomando conta dele s, eu era importante. Desse modo , resolvi o meu problema de adoles cen,te tomando-me padre - padre celibacácio. A batina negra e o colarinho branco me forneceram uma identidade imediata . De repente, eu era o •'padre" John. Era agora um zelador de aln1as.Aquele era o trabalho mais nobre que existia. Era o trabalho de Deus . Ser cdibatário era o preço que eu tinha de pagar. Tornando-me padre, estava fazendo uma coisa que mereci a o louvor e a aprovação da minha família. da minha religião e dos meus professores (eles também padres e freiras ). Era um nobre sacrifício e um sinal de generosidade e bondade. Essa escolha resolveu o medo que eu sentia em rela ção à minha carreira e permitiu a condnuação dos papéis que eu representava no sistem a fa,miliar . Eu era a Estrel a e o Zelador. e casando com a Sane~ M~d,:e Ig reja ;amais teria de deixar minha mãe . Sob essa f:alsa iden1:idade, vivia ainda um garoto solitário , confuso e apavorad o.
INFORMAÇÃO Sem dúvida , a maior de todas as tragédias é não saber quem SO· mos. Os papéis rígidos dentro da família, solidificados durante a adolescência, tomam-se a identidade mais consciente que podemos ter. Na verdade; am a ser um vício. Repres~ntando o papel, sentimos que somos importante s. Desistir do papel significaria tocar o fundo do reservàtócio de vergonha tóxica que aprisiona sua dor original, cujo centro é oferiménto espiritual. Quando perdemos nossa noçâó de EU SOU, perdemos todo significado. Quando escrever a história da sua adolescência, atente para o modo pelo qual a criança ferida contaminou sua vida nesse estágio. Descreva detalhadamente seus traumas, os carrões do dia dos namoradps que jamais recebeu, a solidão, a pressão do grupo de seus iguais e a dor por sua família.
COMPARTILHANDO COM UM AMIGO A HISTÓRIA , DA SUA ADOLESCÊNCIA I
Compartilhe ·sua história com a pessoa em quem confia. Seu ser adolescente é a adaptação da criança ferida ao começo da vida adulta. Lc;mbre-se ~e que seus papéis finalizados são as metáforas solidificadas da história da sua criança ferjda. Você precisa legítimizar ·a escolha que fez entre as decisões que estavam ao seu alcance nesse estágio.
SENTINDO OS SENTIMENTOS Para curar o seu adolescente, você precisa realmente sair de casa. Precisa, também, trazer de volta todos os seus estágios de desen-
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volvimcnto. Sugiro que dê uma grande festa de boas-vindas ceado seu adolescente como anfitrião. Eu uso a seguinte medita ção para conseguir 1sso.
MEDITAÇÃODA VOLTAAO LAR Grave no seu gravador. Use o teipe de Daniel Kobialka, Going l-lom e como n1úsica de fundo . Faça uma !,)ausade 20 segun dos em cada intervalo indicado . Feche os olhos e concentre-se na sua respiração... Encolha a barriga para inspirar e solte-a para expirar. Aspire concando até quatr o, prenda a respiração contand o acé quacro e solce o ar contando acé oit o... Faça isso várias vezes... Aspire em quatro tempos, prenda a respiração em quatro tempos e solte o ar em 16 tempos ... Aspire em quatr o tempos, prenda em quatro tempos, solte o ar em 32 tempo s... Faça isso três vezes... Agora, respire normalmente . Concenrre-se no número três quando soltar o ar.... Veja o número , desenhe-o com o dedo, ou ouça ''três" mentalmente ... Agora o núme ro dois ... Agora o número um ... Agora veja o númer o um se transformar em uma porca ... Agora abra a porca e caminhe pelo corredor longo e sinuoso com port as nos dois lados ... Veja à sua esci,uerdauma porta onde está escrito Ano ado... Abra a porta e olhe para dentro. Veja uma cena agradável do ano que ou ... Feche a porta e caminhe para a seguinte, à sua direita ... Abra a pona e veja seu cu adolescente de pé no meio do quart o... Abrace-o. Diga-lhe que sabe tudo que ele ou ... Diga-lhe que está na hora de sair de casa. Diga-lhe que você está ali para apoiá-lo... Digalhe que, juntos , terão de sair à procura de todas as outr as partes do seu eu - o beb~. a criança aprendendo a andar, o pré-escolar, o menino cm idade escolar... Junto s, caminhem até o fim do corredor e abram a porra ... Olhem para dentro e vejam a primeira casa da qual você se lemb ra ... Entrem na casa c·encontrcm o qu arto onde mora seu eu-bebê ... Faça seu adolescente pegar o bebê no colo... Agora, voltem para
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o corredor, abra a primeira pona à esquerda e veja seu eu no est-ágiode aprender a andar ... Tome a mão delé e volte para o corredor... Abra a primeira porta à direita e- veja seu eu em jdade pré-escolar... Olhe para ele... O que ele está vestindo? Tome-o pela mão e saia do quarto. Agora, procure seu eu em idade escolar... O que ele está vestindo?... Peça a ele para segurar na mão do-seu eu-adole~cente e saiam da casa... A-gora, você está perto do seu eu-adoles. cente ... Quem está segurando seu bebê? Seu eu na idade escolar seguta o b1:açodo seu eu-adolescente ... Você segura as mãos do que começou a andar e do pré-~colar ... Agora. v~ja seu bebê se transformar no garotinhQ que aprende a, andar ... Agora, veja este se uansformar no seu eu em idade pré-escólar... Agori ., veja o pré-escolar se transformar no me. nioo em idade escolar... Agora veja,seu eu em idade escolar transformado no seu eu-adolescente ... Você está de pé ao fa:do do seu eu-adolescente .., Agora. veja seus pais saindo da casa em que você morava quando era adolescente ... Você e seu eu-adolescente acenaQi um adeus para eles... Digalhes que todos os seus eµs estão partindo agoca... Diga quesabe ·que eles fizeram o melhor possível... Veja-os como as pessoasíetidas que realmente são (eram) ... Perdoe seus pais por ter sidõ abandonado ... Diga-lhes que agora você vai ser seu próprio pai·.e mãe ... Comece a sé afastar da casa... Olhe para a frente e veja um/a amante, esposo/a ou amigo/a à sua espera... Se você tem um terapeuta, veja-o também ... Se tem um grupo de ~paio, vej?, seu grupo ... Se você tem um poder mais alto, veja também ... Abrace tod9s ... Saiba que tem apoio... Que não está sozinho... Saiba que você cciou ou pode criar uma nova família de adoção... Ag·ora deixe que seu adolescente se una a você... Escolha uma idadt, a partir da infância, e veja sua criança interior nessa idade ... Diga-lhe que você vai defendê-la ... Que você vai ser seu novo pai protetor ... Diga-lhe que você sabe, melhor do que qualquer outra pessoa, tudo que ela pu, toda a mágoa e a dor que sofreu ... Diga-lhe que, de todas as pessoas que ela pod ·erá conhec:et, você é a única que t:la jamais perderá ... Diga que você terá sempre tempo para ela e ·que ará algum tempo com ela todos os dias... Diga que você a ama de todo coração...
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Olhe agora no horizonte da sua mente ... Veja o número três... Sinta os dedos dos pés... Mexa os ded os dos pés... Veja o número dois ... Sinta a energia subindo por suas per nas até seu peito ... Sinta a energia nos braços ... Mexa as mãos... Sinta a energia na sua cabeça e no seu cérebro... Veja agora o número um , abra os olhos lentamente e distenda os músculos e se espreguice . Agora você recuperou todo o seu sistema familiar interi or. Acaba de ter uma festa de volta ao lar! A minha é assim.
v·1vAl vivAI. ATlJRl--tA. ESTA iDDP-.
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PERDÃO A re~uperação da sua criança interior fe:rida é um processo de perdão. O perdão nos permite dai como antes. Cura o ado e Libei:ta as énergias para o presente. O perdão não é um processo sentimental ou superficial. Fomos realmente feridos e esse sofrimento deve ser validado elegi timizado. Quando rece>nhecemos o mal que foi feito , retiramos o manto mítico com que envolvíamos nossos pais. Nós os vemos como os seres humanos feridos que realmente são,(eram). Vemo que são criançasadultasrevivendo suas próprias contaminações . Sam Keen diz muito bem ~ Quando retiro o manto do mito do meu ado e reconheço o caráter ambivalente e t:rágico de rodos os atos hu manos, descub1:ouma nova liberdade para mudar o significado do qu.e foi... Só o perdão permite que eu aceite meu ado e me liberte de ferimentos deformantes ... Julga mento , perdão e gratidão são as partes da alquimia que traõ.s{ormam o sofrimento do pas~ado em boa sorte e que me transformam, de vítima de causas qu e eu não podi a controlár, em participante de um ado que reformo • conunuamente . O uabalho de lamentação tem de ser feito. Fritz Petls disse: "Nada múda áté ser o que é." Só cirando o manto do mito que envolve nossos pais podemos tompreender o mal a que fomos submetidos. Compreender a i:ealidade gesse mal nos permite identificar nosso sentimento de termos sido violados. Sentir os sentimento s é o trabalho da dor original . Quando entramos em contato com esses sentimentos e os expressamo $, ficamos livres para seguir em frente. Sem o peso de problemas do ado não resolvídos, não mais contaminamos o presente. Nossa energia está agora dispo nível para dar força à nossa vida. Podemos viver no presente e criar o futuro. O pei:dão permite que abandonemos nossos pais. Nossa dor congelada formava os profundos ressentimentos que nos ligavam a eles. Os ressencimentos nos fazem .reciclarconstantemente os mesmo~sentimentos. A informação da criança ferida é que nunca prc-
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ORGANIZAÇÃO - UMA NOVA ADOLESctNCJA
cisamosnos separardos D0$.5.0Spais.Usando nossaen~rgiapara odiálossecretamente, continuávamospresosa eles,o que impedia.o nosso cre~cimentoe amadurecimento. O perdão cura nossosressentimentos e nos pçrmite separar nossa criança mara-vilhada voz da vergonha vinda das figuras materna e paterna internalizadas por nós. Quando ~ecuperamosnossa criança·interior, devemostomar um·a decisão sobre nosso~pais, se ainda estiveremvivos.Que tipo de relacionamento teremos.com eles? Aqueles cujos pais são ainda agressores;deve.m tomar a decisão de ficar lollge deles. Recomendo que vocêos deixe encteguesii própria sorte!Sei de muicoscasos em que os p.aiscontinuam a violentar os filhos adultos. Se seus pais se recusam a assumir a responsabilidade por suas próprias criançasferidas, vocêdeve lembrar que sua primeiraobrigaçãoé p:ua com a sua vida. Vocênão veioao mundo paracoroar concados seus pais. Não estou falando aqui aos enfermos ou jn . . válidos. Estou falando dos pais que recusam assumir a responsabilidade das próprias carências. Cada um de nós deve permicir qt,Je seu eu adulto decida sobre as próprias fronteiras com seus verdadeirospais. Lembre-se,vocêagoraé responsávelpor sua criança interioL Ela espera que você a proteja. Para .a maioria das pessoas, a recuperação da criança interior cria um c<1ncexco para um novo e mais rico relacionamencocom os pais verdadeiros.Tornando-se o novo pai ou a nova mãe dessa criança, você a a_judaa terminar com o ado e preencher o vazio em sua mente. Quando a criança sente uma nova esperança, au_tonomia, e propósito, iniciativa e competência, pode estabelecer a própria identidade . Então pode também ter um relacionamento saudável com os pais.
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PARTEIII DEFENDENDOSUACRIANÇA INTERIORFERIDA
Quero que você imagine o que faria se encontrasse aquela criança real na situação original ... Qual a coisa mais razoável e comiva que se pode fazer por uma criança tão confusa e penutbada? Você senta e conversa com ela. Escuta o _que ela diz. Descobre o que a preocupa, ajuda-a a compreender , você a consola, a toma nos braços. Mais tarde , brin ca um pouco com ela, explica coisas, conta uma histór ia. Isso é terap ia no mais antigo e mais perfeito sentido, naàa complicado, apenas bondade e paciência. - Ron Kurt:z
INTRODUÇÃO
Agora que você recupe rou sua criança inter ior ferid:i. precisa ser seu defensor . Como seu paladino , vai defen dê -la e Jurar vigilanremen te por ela. Essa criança precisa de alguém com pode_re potência pa ra protegê-l a. Tend o você como pai ou mãe prot ecor/a e zelador/a. ela pode começar o proces50 de cura. Ser o defensor da sua criança ferid a é um mei o de ser os novos pais de si mesmo. Permite tamb ém que ela real ize o trabal ho corretivo qu e devolverá a você seu verdad eiro eu. As novas permi ssões e a proteç ão que você deve dar a essa criança formam o centro das suas cxpe."" . .
11enaascorreava. s.
A dor original foi necessátia para que você entr asse em contato com seu eu autêntico, sua criança maravilha natural . Porém . mesmo depois de recuperá -la, muita coisa ainda precisa ser feita Como o desenvolvimento dessa criança foi interrompido nos primeiros estágios, ela não teve oportunidade para aprender as coisas que precisava ter aprendido em cada estágio seguinte. A maior part e dos problemas da criança ferida é o resultado dessa falha de apre ndizado . Agora, isso pode ser reparad o. A experiência corretiva é uma Íorma de reeducação. Como deÍensor da sua criança interior, você vai alimentá-la , o que implíca boa disciplina. A raiz latina da palavra disciplinasignifica ensinar e aprender. A sua criança interior tem de ser alime ntada e tem de aprender as coisas que nã o apren deu no mom ento certo i: na seqüência natural . Só com essa disciplina eh pode emergir completamente . •
CAPÍTUID 9
O ADULTOCOMO NOVA FONTE DE POTÊNCIA Agora poac:mos'fala,r..• sobre os " trb Ps" ôa tcr.ipia... Que são, potencia, permissão e proteção, - Eric Bemc
Para defender sua criança interior é preciso fazer com guc ela confie em você o suficiente para desobedecer ás norn1as sob as quais foi criada, Você deve dar a ela , a permissão saudável de ser quem ela é e desobedecer as normas e crenças dos pais, baseadas na vergo• nha . Essas normas e crenças têm muita força . Se a criança as de• sobcdece, arrisca-se ao castigo e ao abandono . É claro que isso é apavorante para sua criança interior. Agora, quando seu eu adulto dá à sua criança fedda permi s• são para desobedecer às crenças e às normas impostas pelos pais, ela precisa acreditar que você tem podersuficiente para se opor aos seus pais. Esse poder é o que Eric Bernc chama de potência , o primeiro P na mudança terapêutica. Gosto de ir ao encontro da minha criança interior como um .mago sábio e gentil porque os magos têm muito poder com as crianças. Quando ç:u sou um velho mago sábio e gentil, minha criança .interior compreende o meu po• der. Sugeri também que você deve pensar como seria se seu cu adul• to de hoje pudesse estar presente durante as fases mais dolorosas e traumiticas da sua infância. Sua criança interior o teria visto como um deus repleto de poder. Se já fez o trabalho de recupera• ção, sua cria11çainterior acredita e confia na sua potência. Mesmo assim, deve fazer com que da saiba tudo que pode saber sobre seu poder e sua força. O exercício seguinte o ajudará a fazer isso.
VOIIA AOLAR
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LISTADE POTENCIA Faça uma list a de três coisas que você pode fazer agora e que não podia fazer quando era criança. Exemplqs: 1. Ter um carro.
2. Dirigir um carro.
3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
Ter conta no banco . Ter dinheiro de verdade depositado na conta. Comprar todo sorvete e tod as as balas que quiser. Comprar brinquedos interessantes . Ter apartamento ou casa próprios . Fazer o que cu bem entend o. Ir ao cinema sem pedir permissã o. 10. Comprar um animal de estimação se eu quiser . Agora, feche os olhos e veja sua criança interior (deixe que ela apareça em qualquer idade ). Quando você a vir (ouvir, sentir ), fale das coÍY.ls _da sua lista. Ela vai ficar muito impre ssionad a .
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PEDIR PERDAO 1
Outro modo de criar confiança e estabelecer sua potência consiste em pedir perdão por tê-la negligenciado durante tantos anos. Isso pode ser feito com uma carta. A minha dizia o seguinte: Joãozinho querido Quero dizer que o amo do modo que você é. Arrependome por tê-lo negligenciado desde a minha adolescência. Eu bebia até ficarmos doentes. Eu bebi atê não poder me lembrar de nada. Arrisquei muitas vezes sua vida preciosa. Depois de tudo que você teve de supo rtar na infância, isso foi urna coisa terrível. Eu também ava nohe s em claro, divertindo-me , sem pensar que você precisava descansar. Eu trabalhav a horas sem fim e nã o deixava você brincar ...
O ADUDO COM ONOVA FON'IE DEl'OrtNOA
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Eu fui completamente insensívelcom você. Eu o amo e prometo lhe dar meu tempo e minha atenção. Estarei aqui sempre que precisar de mim. Quero ser seu paladino. Amor João. Em seguida, usando sua mão não dominante, escreva a resposta. João querido Eu o perdôo. Por favor, não me deixe nunca mais. Amor Joãozinho A partir do momento da recuperaçãoé imperarivodizer somente a verdade à sua criançainterior. Ela precisa também ouvir que você estará sempre ali para ela. Ron Kurrz diz: A criança não precisa bater na cama ... sentir dor e gritar. A criança precisa de algo muito mais simples. Precisa que você esteja lá... r.st:.r lá significa dar a ela seu tempo e sua atenção. Não adianta estar lá p.orque acha que é seu dever e porque você sente-se bem cuidando dela. Você precisa ouvir as necessidades da criança e acendê-las.Ela precisa saber que é imporcancepara você.
O SEU PODER MAIS ALTO Outra fonte poderosa de potência consiste em falar sobre seu Poder MaisAlto, se vocêreconhecealgum. Gosto que minha criança interior saiba que me sinto seguro e protegido com a crença de que existe alguém maior do que eu. Chamo esse alguém de Deus. As crianças,de um modo geral, são crentes naturais, não têm problema em aceitar o conceito de Deus. Eu digo à minha criança interior que Deus me mostrou como Ele é. Ele veio ao mundo como um homem chamado Jesus. Jesus me diz que Deus é meu
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VOl!A AOLAR
pai e minha mã e.J esus diz que posso set amigo de Deu s. Diz que Deus me fez como eu sou, e quer que eu cresça e amplie o meu EU SOU. Ele me diz para não ·julgar os ouuos e _paraperdoar. Acima de tudo, Jesus me deu o exemplo dó seu EU SOU. 1 Por isso Ele disse : ''Eu sou a verdade.' Ele era a verdade de si mesmo. Gosto de Jesus porque posso falar com ele e pedir favores. Jesus sempre me dá as coisas que peço sem que eu tenha de fazer alguma coisapara merecer. Ele me ama como eu sou. Meu poder mais alto, Deus, também me ama como eu sou. Na verdade, o meu EU SOU é como o de Deus. Qu ;iodo eu sou realmen te, sou quase igual a Deus. Quero que minha criança jntedor saiba que Deus nos ama, que sempre nos ptbce-geráe sempre estará conosco.Na verdade, o outro nome de Jesus é Emmanuel, que significa ''Deus es~á conosco''.Digo à minha criança interior que existe um poder ao qual eu posso recorrer e que é mui-to maior do que nós dois)
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" UMA NOVAINFANCIA
Outr a forma pooerosa de asar st:1apotência de adulto consiste no método chamado '' mudança da história pessoal''. Es.se método foi · criado por Richard Bandler e John Grinde.r; e col~boradores, co, mo parte de um modelo de remapeamento chamado Programação Neurolingüística (N.l.P .) Eu uso esse modelo há oito anos. É extremamente eficaz, desde que a pessoa tenha feito o uabalhó da dor origínal . Se o lamento não expresso existir ainda , o método se transforma em uma mera viagem mental. leslie Bandler, ouua criadora da N .L.P, confirma issono seu ótimo livro The Emotion;tl Hostage,onde ela confessa que teve graves problemas emocionais, apesar de conhecer e usar as técnicas sofisticadas da N.l.P. A téc nica para mudar sua história pessoal é excelente para rnodificar cenas especificas e traumáticas da infânciá. Estas, geraimente , tornam-se o que Silvao Tomk:ins chama de "cenas moldadoras ou dominantes", os filtros que dão forJ'llà à história do nosso desenvolvimenco. Elas prendem nossa dor ç no ssas emoções não expressas a uma âncora, e são então recicladas durante toda a nossa vida.
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A mudança da história pessoal funciona também com padrõe i ma.is generalizados. como sentir-se indesejado na infância . A mudança da história baseia-se na premissa cibc;roécicade que n0sso cérebro e o sistema nervoso central não sabem a diferença entre a experiência real e a imaginária, quando esta última é suficientemente vívida e detalhada . Como diz Leslie Bandice: A tremenda eficácia da mudança da história foi descoben a estudando como as pessoas podem djsrorcer sua experiência gerada internamente e agir externamente de acordo com a distorção. es~uecendo gue foi criada por elas me sma:.
Geralmente, imaginamos coisas que acontecem no fut uro e nos assustamos com os qu adros que nós mesmo s criamos. Como diz Leslie Bandler , o ciúme é o exemplo principal : ... o ciúme é quase sempre o resultado da criação de um a ímagem irreal da pessoa querida com outra pessoa, que provo~a uma resposta emocional desagradável em quem crio:.i a imagem . A pessoa sente-se mal e age em resposta aos próprios senrime ncos. como se aquilo fosse um faro real . Consideremos também o poder da fanta sia sexual. A pessoa
pode criar uma imagem de um parceiro sexual e ficar sexualmente excitada com ela. A mudança da história utiliza esse mesmo processo deliberadamente. Com a mudan ça da hi5tória, usamos a potência das nossas experiências de adultos para mudar as marcas interior es do ado. Vejamos alguns exempl os.
Inf'ancia Considere o trabalho realizado na pane II. Quais eram seus pro• blemas na infância? Você ouviu as afirmações que precisava ouvir? Foi acariciado como precisava ser? Se a resposta for negauvd.. considere o seguinte: Pense nos recursos da sua potente experiência de adulto qu e pod eriam ter sido de ajuda na sua infância. Por exempl o, oeus(' •
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num tempo em que se sentiu bem -vindo - talvez qu.an:do se encontrou com um amigo quelido. Lembre-se da expressão de alegria no rosto ·dele quando o"Viu. 0u ·pode se lembrar de uma fes~a surpr_esa na qual você foi o centro das atençõé:s. Para í;lzer a mudança na história, fecho os olhos e voho para o ano de 1963, quando fui eleito "homem do ano" , no fim do meu primeiro ano no seminário. Posso reviver a sensação de estar ali de pé , de ouvir os aplausos e o brilho de 50 rostos sorridentes, dizendo meu nome . Vejo o rosto do padre Mally e o de John Farrell, meu melhor amir'). Enquanto sinto esses sentimentos, m antenho a ponta do meu polegar di reit o encostada na ponta do indicador da mesma mão , durante 30 segundos . Depois, desfaço o contato do s dedos e (elaxo a mão. Está frir:aa âncoia dá minha expc.âência de ser bem-vindo. Os que uabalharam em grupo fizeram esse tipo de âncora durante as .medit:::1.ções da pane II. Se você é canhoto , faça sua ân cora com a mão esquerda .
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ÂNCORAS
O gesto de encostal' a ponta do poleg;u na ponta do indicador é uma âncora cinestésica ou gatilho. Nossa vida é reple ta de velhas âncoras, resultados das experiência s gravadas neurologicamente. Já falei sobxe a fisiologia do cérebro relacionada à experiência traumática. Quanto mais traumática a oeriênéia, mais profunda a marcá deixada. Sempre que temos uma experiência pareci da, as emoções originais são detonadas, atirando a âncoraoriginal. Toda a experiência sensorial é codificada desse mod o. Temos âncoras visuais. Por e:,cemplo, alguém olha para você da mesma forma que seu pai violeuto olhava ante s de uma sur.ra. Isso pode detonar uma poderosa resposta emocional - mesmo que você não faça a conexão conscientement e. Temos âncoras auditivas, olfatórias ou gustatÍ\i'as. Um tom de voZ:,um cheiro ou uma comida póàem detonar antigas lembran ças com as respectivas em oções. As canções são, talvez, as âncoras mais poderosas, ou a música em geral. Aposto que já aconteceu com você estar ouvindo o r~.dio no carro e, de repente , se lembrar de uma pessoa ou de
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uma cena do ado distante. Nossa vida é u,ro,acúmulo dessas marcas de âncoras - agradáveis e dolorosas. Mudamos as kmbraoças dolorosas da infância juQtando-as a experiências reais de força da nossa vida adulta . Se suas carências da infância não' foram atendidas 1 se você foi•uma Criança Perdida, pode dar a si mesmo uma .aovaipfância.Para isso,deve ancorar as experiências reais relacionadas à força que possui agora. Sevocê tivesse e~sas forças na infância ,. tudo teria sido melhor. Uma vez essas forças ancoradas, ancoramos então os sentimentos perdidos da infânda. Então . ativamos simultaneamente as duas âncoras p;,.ra mudar realmente nossaexperiên cia da infânci2. Es• tes são os os que devem ser seguidos ·.
PRJMEIRO O Pense em três e~períêndas positivas da sua vida adulta, que você devia ter tido na infância e das quais sentiu falta . As minhas são: A. A experiência de ser bem-vindo. B. A exptriéncia de ser abraçadoe ata.riciad o. C. A experiência de ser aceito incondicional1nenc-e.
SEGUNDO O Feche os olhos e penJe na experiência A. Vocêprecisa estar realmen te no local e no tempo da experiência, vendo com seus olhos, sentindo os sentimentos, etc. Quando sentir a alegria de ser bem-vindo, faça uma âncora cinestésicá com o pol egar e o indicador . Mantenha os dedos assim durante 30 segundos e depois solte. Abra os olhos e olhe para alguma coisa que esreja ao seu lado. Espere alguns rijinutos, então feche os olhos e faça o mesmo com a experiência como fez com a primeira. B. Ancore essa experié_nciaexatariJence Isto se chama empilhar as âncoras e serve para intensificar o poder das âncoras. Aumenta a voltagem. Abra os olhos e e àlguns minutos olhando para um objeto ao seu lado . Feche os olhos e faça o mesmo com a experíência C, ancorando-a exacamente corno fez com A e B. Agora, você ancorou seus recursos positivos de adulto. Chamaremos a isto de âpcora Y.
VOIIAAOUR
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TERCEIJ{OO Agora você precisa ancorar seus sentimentos da infância. Volte à meditação do capítulo 4 . Siga a meditação até o ponto cm que você é a criança no betço. Ancore o sentimento de abandono e de ser indesejado. Essa é sua âncora negativa. Se você é destro, faça essa âncora com a mão esq'uerda. Se Ecanhoto, faça com a mão direita. Chamaremos isto de âncora X .
QUARTO O Agora você vai apanhar as forças ancoradas no Segundo o e levá-hs de volta à infância. Isso é feito tocando simultaneamente as âncoras X e .Y. Mantcn .do as duas âncoras , deixe que seu eu sinta que é bem-vindo ao mundo. Sinta o calor das carícias. Quanto estiver repleto de calor e de força , solte as duas âncoras e abra os olho s: Entregue ·-se ao sentimento do carinho positivo incondicioi'íal .. ~·
QUINTO O ' Assimile essa experiência durante alguns minutos. Você acaba de defender sua criança interior. Você misturou as primeiras impressões ou marcas neurológicas com outras mais novas e mais positivas. A partir desse momento, quando você tiver uma experiência nova e sua infância for detoQadl\, vaiviver a nova experiência XY. A amiga experiência X também seri detonada, mas não é mais .dominant.e. De agora em diante, quando suas carências da infância vierem à tona, você terá mais de uma escolha .
SEXTO O Os c,tiadores da N.l.,P. chamam a este o de regular o andamento dQfuturo. Consiste em imaginar um tempo no futuro em que uma situàção nova detona suas carências da infância. Por exem-
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O ADWOCOMO NOVA l'()NTEOEPOltNA
plo, ir a uma festa onde não conhece ninguém, ou o rançasdos estágíos de aprender a andar , pré-escolar e escolar. E importante saber que eventos traumácicos diferences podem exigir diferentes recursos adultos. Por exemplo, quando eu escavana idade pré-escolar agredi um companheiro com wr i pedaço de pau. Fui incitado a issopela provocação de ouuos me• oinos. O pai do menino agredido era um lucador profissional! Naquela noite, ele foi à minha casa para me repreender . Eu o ouvi grirando com meu pai. Ele dizia que cu devia levaruma surr2 de.cinto. Lcmbto -me de que fiquei apavorado e me escondi no oorão. É muito diference da lembrança da minha idade pce-escolar de estar sozinho em um apanamenco com minha mie , no dia do meu aniversário. Eu escavaterrivelmente triste. Não sabia onde meu pai estava e sentia falta dele. Cada uma dessaslembranças exigeque sejam ancoradasforças difere.ntes. Aqui estão alguns exemplos da mudança da histó.ciaem cada estágio da minha infância.
Aprendendo a andar Não me lembro de nenhum aconcesimento traumátic o específi. co nessa idade, mas quando lejo o lodice de Suspeita para esse estágio. sei que minhas necessidades não foram atendida s. Assim, prefiro trabalhar com todas as fases do meu desenvolvuncnr o. 1. Penso em uma época da minha vida de adult o quando:
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VOIIA ADIAR
A. Eu disse respeitosamente que não ia fazer alguma coisa.
B. Quis alguma coisa e procurei conseguir. C. Expressei minha raiva respei_tosamente.
2. Usanda cada uma dessas experiências, criei a pilha de âncoras. 3. Criei a âncora de uma cena imaginária na qual eu apanhava por s.er curioso e por mexer nas coisas interessantes que havia na sala. Quando me disseram para parar , eu disse, ' 'Não, não par o.'' Foi aí que eu apanhei.
4. Detonando as duas âncoras simultaneamente, repito a cena imaginada. Digo que não ·vou parar , expresso minha raiva e continuo a examinar e a tocar tudo que me interessa .
5. Penso nos meus problemas de independência desse estágio e c9nsidero ó , impacto dessa falha na minha vida atual.
6. Eu me imagino no futuro , em uma loja de artigos esp ortivos. Tocó alguma coisa que desperta meu interesse e digo não a cada vez que o vendedor procur a me ajudar. ·~
Pré-escolar
'
Nesre estágio, trabalho com a cena do garoto que agredi e com o medo que senti do pai lutador . 1. Penso nas forças da minha potência de .adulto que póssuó agora
e que se eu tivesse naquele tempo, poderia ter manejado melhor a situação. Por exemplo , podia: A. Chamar a polícia. B. Pedir a proteção do meu poder mais alto. C. Assumir a responsabilidade por agredir o garoto e pedir desculpas. 2. Faço uma pilha de âncoras com A, B e C, como um recurso pos1nvo. 3. Anco.ro a cena em que me escondi apavorado no porão quando o pai do garoto apareceu . 4. Detono as duas âncoras e repito a cena até m e sentir melhor.
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O ADUIJO COMO NOVA roNn DEPOIÍN A
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5. Reflito sobte o impacto da cena na minha vida. (Eu tenho um medo anormal de valentões .) 6. Regulo o andamento de uma cena no futuro na qual eu enfren to com sucesso um "valêntão".
Idad e escolar Durante meu tempo de escola. minha familia desintegrava-se lentamente . São vários os eventos traum áticos com os quais posso rrabalhar. mas vou escolner a véspera de Natal , quando eu unn a 11 anos . Meu pai chegou em casa embria gado. Eu esperava an • siosamen ce a reunião de toda a famíli a. Meu pai devia chegar em c1sa às 13 hor'aS. Havíamo s planejado compr ar um a árvore naouela tarde e decorarmos iuntos. ante s de sairmos par a a Missa ~a h1eia-Noite. Meu pai só cnegou às 20:30. Esta\'a· rão bebadv que mal podia ficar de pé . Minha raiva tinha crescido com o ar das horas . Também escava com muit o medo porque ele escava bêbado . Ele não era violento, mas era imprev isível. Fui para o. meu q:.iano. dei tei na cama. cobri a cab:::çae não quis falar com n1nguém. l. Penso nas forças de adulco que tenho agora que podiam ter
ajudado a modificar essa cena. Por exemplo. hoje posso expressar minha raiva com firmeza. sem desrespeitar as ouua s pessoas. Sou fisicamente mais fone e independente. Posso me afastar de uma situação fora do meu controle. Agora sou articulado e posso dizer o que preciso dizer . Para fazer o exe-rácio de mudan ça da história . penso em um tempo em que : A. Expressej minha raiva de modo direto e controlado. B. Afastei-me de uma situação dolorosa . C. Falei com um representante da au toridade àc form a coerente e articulada . ., Faço um 2 "pi lha" de áncoras envolvend o essas três experiênCJas. ;i.
,
Prendo a ânt.:oraà cena origin al na véspera de Natal.
a fuga do meu pai béb:-..ci o
VOl!AAO lAR
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4. Dispato as duas âncoras simultaneamente e refaço a cena. Eu saio do quano e enfrento meu pai. Eu dígo; "Papai, sinto muito que esteja doeqte, sei que deve estar muito solitário e cobeno de vergonha. Mas não vou deixar que continue a estragar meus feriados e minha infância. Não vou ficar aqui para ·sofrer. Vou ar o Natal na casa do meu amigo. Não vou permitir que votê me envergonhe mais.'' Note que eu não imagino a resposta do meu pai. Quando refazemos ,uma cena como essa, devemos nos concentrar no nossocomportamento e no nosso estado de espírit ?. Não se pode mµdar outra pessoa. 5. Penso no modo como essa cena influenciou panes ·do meu comportamento interpessoal mais tarde. Vejo quantas vezes fui levado a uma seqüência de raiva ~isolamento por essa antiga âncora. Estou por mud2.r essa velha lembrança . 6. Penso em uma situação no futuro onde vai ser necessário expressar minha raiva. Ensaio a cena com minha âncora positiva. Depois, ensaio sem a âncora . É uma sensação boa poder afit.mat a mim mesmo e viver essa cena. Qu~do eu ensino o método da mudança da história, surgem semp'te várias questões ,
,
E se eu não sentir nenhuma mudança depois de trabalharuma cena? Talvez você tenha de trabalhar a mesma cena muitas vezes. Eu repeti a cena da véspe.(a de Natal uma meia dúzia de vezes e outras, dtzenas de vezes. lembre-se: de que a âncora original é muito poderosa. Para contrabalançar essa força, precisamos de novas âncoras bem formadas.
Como pç;ssoformar melhores âncoras de recurso? As ânco,:as de recurso são a chave para a eficácia do trabalho . Sua formação erige tempo e paciência . As condições para âncoras bem formadas: são: 1.
o de alta intensidade. Isso significa que as melho.i;esâncoras de recurso são 'feiras quando cxperimentamó s mais intensamenteos recursos positivos. lembranças interiores são vividas de duas maneiras associadas e disso-
OADUllU COt,JO NOVAJ9N'll DEl'Ol'ÊNOA
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ciadas. Lembranças11.SSociadas oco.tremquaJ}doestamos realmc.o.ccapenmcntando á antiga lembrança. As dissociadasocorrem quando estamos observando as.antigas lembranças.Téntc esta experiência.Fecheos olhose veja-se de pé n9 meio da selva.Vejaum tigre enorme saindo do meio do mato e correndo para você. Veja uma imensa jibóia à s4a esquerda, pronta para atacá-lo... Agora faça seu coq,o flutuar e esteja realmente naquele lugar. Olhe pai:a suas botas de caminhada e sua c~ça qe brim cáqui. Le"Vante os olhos e veja ó tigre andando na sua direção. Ouça seu rugido feroz. Quand o,vocêcomeça a correr,vc: a jibóia à esquerda, pronta para o bote ... Agora, abra os olhos. Compare o que sentiu nc;>s dois exercidos.O primeiro foi uma experiênciadissociadainterior. A intensiâade da sensação é geraJmente muito baixa. A segunda·foi uma experiência associadaínterior. A intensidade da sensação é ge.ralme.nte muito maior. Agora,faça as âncoi:asbem formadasneciessáriaspara . Vocêprecisade enertrabalhar com lembrançasassoei.adas gia de alta voltagem para combater a velha âncora.
'/.. Aplicaçãono moment o cerro. J\ âncora de recurso deve ser formada quando a energia está com su,avoltagemmais alta. Isto exige prática para se( bem feito. Eu cosrumc manter minhas âncoras de 30 segundos a um minuro, a fim de ancorar a maior voltagem possível. 3. Duplicação. Felizmente, você pode testar suas âncoras. Se fçz uma boa âncora, ela podç ser detonada · a qual. que.( momento. Quando.yocê encosta o polega-.rno indicador, senre a energia de rec;.ursocirculando. Eu sempre espero cinco minutos-e verificominhas ~ncoras. Se não tiveram uma alta voltagem, faço outras. Na verdade, tenho como norma sernpteverificarminhas ântoras de recurso para ter ceneza de que estão bem forrnadas, O que acQnteceà ân,corade recursose eu a usei uma vez para
desr,cuirum.a velha â1Jc.ora? A â.nc~rade ·recurso c~nti~ua ali, de forma diluída, mas precisa se.rform.ada:outra vez. se quiser usá-la para ourro evento. V0L·ê
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pode tocar âncoras de formas diversas cm quase todas as partes do seu corpo. Eu usô os dedos porque é mais fácil. Um último exercício o ajudará a-determinar se foi feita uma boa mudanç;t naquela parte da sua história pessoal (isto é, se a velha âncora foi destruída). E.sse ·exerácio consiste em testar ·a âncora negativa X. Feche os olhos e e alguns minutos concentrado na sua respiração. Então, lentamente , dispare sua antiga âncor a. Preste atenção ao que você sente e experimenta. Se o exercício de mudança da histõcia foi bem feito, a experiência negativa de ve ser sentida de rr1odo diferen~e. Geralmente não t~mos a sensação de uma diferença dramáiica. Apenãs a intens idade da âncora parece ter diminuído . É isso o que eu espero realmente da técnica de mudança da história - uma diminuição aa intensidade. Todas as nossas experiências humanas são úteis cm deter- • minados contextos. É prudente dominar a raiva e se afasta.équando um .bêbado violento ou um agtessor nos ataca. O trabalho de d ~fesa aão teqi como objetivo tfrar alguma cojsa da experiência original da sua criança interior , mas ofereccI a ela algumas escolhas mais fle:idveis. É isso que faz a mudança ,da história. Permi te que seu eu adulto proteja sua. cdaoça interior enquc1nto ela experimenta outr~ escolha. Isso suaviza a rigidez d a experi ência original .
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A ÂNCORA DE SEGURANÇA Outra maneira .de úsar sua potência de adulto pa.ca defender sua criança.i_nterior consiste em fazer uma .âncora de segurança. Consiste em pen,s;u çm duas ou uês situações da sua vida em que você se sentiu {llaisseguro. Se tiver dificuldade para se lembrar de alguma, pode imaginar urna cena de segurança absoluta. As ués experiênciasque eu usei para fazer minha âncora de segurança focam:
A. Cetra vez, no mosteiro, quando me senti um com D·eu s. B. A lembrança do abraço de uma pés soa que me amava incondicionalmente naquele moment o. C. A lembrança de acordar, enrolado no meu cobenor macio, depois de dez horas de sono e sem nenhuma obri-
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gação nem responsabilidade. (Eu não tinha de fazer nada e não precisava ir a lugar nenhum.) Faça uma pilha de âncoras com suas três experiências de segurança. Pode usar mais experiçncias. se quiser. Considero esta âncora como permanente. Trabalhei 30 !l)Ínutos por dia durante toda uma semana pata fazer a minha. E muit o poderosa. SemP,re que minha criança interio r fica assustada, disparo a âncora. E incrível! Ela me cira imediatamente das garras do medo. Os sentimentos de medo tentam voltar . mas a âncora inte rrompe um a ' ·espiral cte hnqo r' '. G anho assim alguns momentos ae segu ran ça e de alívio. As vezes, alivia completamente os temores da minha criança 10;:eaor.
FAÇA SEU EU ADULTO ENCONTRAR NOVOS PAIS PA,RASUA CRIANÇA INTERIOR Outro meio de defender sua criança interior é fazer com que seu eu adulto encontre novas fontes nu trientes par-a el:t. Chamo essas fontes de novas mães e pai s. O ponto impor:anre é fazer com que seu adulcoos encontr e, não a criança. Quando a criança far. a escolha, ela prepara a cena para que você experimente ourra vez a dor do abandono. A criança interior ferida quer que seus pais verdadeiros a amem incondicionalmente. Para ela, a coisa lógica é encontrar adultos que tenham os traços positivos e os uaços negativos àos pais que a abandonaram. É claro que isso leva a um grande desapontamento . A criança projeta no adulto escolhido por ela um apre ço quase divino que não pode ser correspondido. Como um ser humano limitado. o substituto adulro não pode corresponder às cxpectaàvas da fantasia da criança , e da sr. sente, entã o, desapontada e abandonada. Sua cáança ferida precisa saber que a infância acabou e que você jamais pode volw a cerrealmenre novospais. Vocé tem de lameorar a perda da su:t infância verdadeir a e dos seus pais "e:rdadeiros. Sua criança 1nrerior tem de saber que vocé. como adulro.pode fazer as vezes cio5 pais que ela perdeu. Entreranto , o adulto cm você pod e encontrar pessoas para alimentar e estimular seu crescimento. Por exem-
VOIJ'ANJW
pl0, o poeta Robert Bly é um dos meus novos pais . Ele é jospirador e perceptivo. Ele comove a criança maravilhosa que vive em mim e me estimula a sentir e a pepsar. Ele é sensível e bom . E em hora não o conheça pessoalmente, eu d amo e o abraço como á um pai. Um padre chamâdo David é outro dos meus país. ]le me deu atenção carinhosa e positiva durante meus úhilllos clias no seminário. Eu queria sair, mas achava que seria um fracassado se o :fizesse. Est?-va extremamente aonfuso e cheio de vergonha . O padre David era .meu conselheüo espiritual. Por mais que eu me acusasse, elesempre focali.zava .minhas forças e meu valor como pessoa. Um religioso episcopaliano. o padr~ Charles \'Qyarc Brown, é outro dos meus pais. Ele me aceitou incondicionalmente , quando comecei a lecionar. Tenho também país intelectuais .éomo Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino , o filósofo francês Jacques Maritaín , Dostoievski. Kierkegaard, Nietzsche e l(afka. (Para di·zer a verdade, meu garoto apenas roleta nossos pais intelectuais. Ele confia quando digo que são pais que alimentam n0sso espírit Q, m as acha que · são extremamente chatos. ) Encontrei várias mães para minha crian ça e para mim . Virgí nia SaÚr,:.amaravilhosa pensadora , especial ista em sistemas fami Jiares e cer~euta, é 11ma delas . .Assim como a írmã Mary Huber r~. que se interessou pessoal.mente por mim no curso primário . Eu sabia que era importante para ela. Ainda nos correspondemos. Tenho uma velha amiga que ser;í sempre uma das minhas mães. Na minha busca espi.ritual, Santa T~resa,a Florzinha, foí o modelo de cuidado materno para mim. Recebi também cuidado especial de Maria, mãe de Jesus. Ela ê realmente minha mãe do téu. Deus é meu pai principal . Jesus é tanto meu pai quanto meu irmão.Jesus me mostrou como Deus , meu pai. me ama incondicionalmente. Minha cura foi muito ajudada cóm a leit ura dás históri;is bíblicas do Filhç Pródigo e do pastor que s;ai à procura da ovelha desgarrada. Na-história, ~le abandona o cebanho ,para procurar a ovelha perdida. Nenhum pastor sensato faria isso. O rebanho representa . toda sua riqueza terrena . Arriscar pe rder tod o o rebanho para enconuar um ·a ovelha desgarrada seria uma atirude frívola e irresponsável. A históriã quer demonstrar que o amor de Deus por nós ~ai a esse extrémo. Minha crianç a interior, às vezes, se sente como a ovelha desgarrada e fica feliz quando eu provo que nosso Fai Celeste nos ama e nos protege.
OADUDO COMO NOVA R>NltDEi'OitNOA
No momento, tenho quatro amigos muito chegados. São meus irmãos no mais verdade.iro sentido da palavra . Muitas vezes são também meus pais. Em muitas ocasiões, George, Johnny, Michael e Kip cuidaram do meu gacoto assustado e cheio de vergonha. Eles me elevaram à minha potência amando-me incondicionalmente. Meu garoto e eu sabemos que eles sempre estarão presentes para mim. Recentemente acrescentei Pat à lista. Nós dois estamos no circuito dos seminários , ambos temos livros bes,sellers.Ele compreende certos problemas que outros não podem compartilhar. De muitas formas. o adulto pode usar o que recebe de outros adultos para cuidar da sua criança inte rior. A não ser que recuperemos e seJamos protetores da nossa criança jnterior, sua carência a consumirá. As crianças precisam dos pais o tempo todo. As necessidades da criança são insaciáveis. Se deixarmos que nossa criança interior dirija o espetáculo, enlouqueceremos nossos amigos e as pessoas que amamos com nossas carências. Uma vez feito o trabalho da àor original, pod emos aprender a confia.e no nosso adulto para conseguir com outros adukos tudo que precisamos. Por diversas razões, meu último aniversicio foi um momento de extrema solidão. Meu amigo Johnny percebeu meu estad0 de espírito. Johnny sabe também que sou apaixonado por golfe. Por isso mandou fazer um taco especialmente para mim. Normalmente, meus amigos e eu não uocamos presentes de aniversário. O presente de Johnny foi muito especial e muito precioso. Meu adulto o aceitou como um ato de carinho paterno. Com aquele presente, Johnny escava sendo um pai para mim .
CAPÍTIJID 10
CONCEDENDO NOVASPERMISSÕESÀ SUA CRIANÇA INTERIOR Quando pensamos no bem-estar dos nossosfilhos, pensamos cm dar a eles tudo que não tivcinos ... Então, quando thcga o primeiro filho, enfrenta • mos a realidade de que ser pa'.iou màc muüo maisdo que um sonho de amor ... Em certos d ias surpreendemo-nos f-azcndo =tamente o que prometemos jamais fazer... Ou ent ão cedemos ... Prcm:i,mos aprender ao:va.s aptidões, àsvezes virias del:\S, que não aprendemos nas nossas f:unílias de origem.
e
- Jean JJlslcyOarkc e Connic Dawson
·~
Nosn criança interior deve ser disáplioada para libcrcar seu ,,remendo - · poder cspiri~I.
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-
Marioo Woodmao
Quando você começa a defesa da sua criança interior, tem de enfrentar outro dilema. Uma vez que quase todos nós viemos de famílias disfuncionais, na verdade não sabemoscomo cuidar de nossa crian ferida. E a é infantil. Foi superdisciplinad:J. ou su bdisciplinada. Precisa.ui..J>J! _$~f- discitilinadore ~ construtivos se wiis.ennos_q ela fi ue curada . Sua criança int~rior precisa in,ternalizar . t!_ovasregras que lhe permiti.i:ão crescer e florescer . Seu ~tp _ precisa colher novas informa ôes spbr_e o @_e constitui a_b.oa clisciP-lioa e ap_~ende l..:!}ovas aptidões para a i_gt™-i o com sua for a de adulto P,.a.ta Jiª-U ela boas s.ua cria.oç_a. Yqçê !,15:y-á _d.~wbe._~ç~r as norpermiss .ões. Elà precisa d e._germissão . 9-ªr.a mas dos outros ,Rais,gernússão ara ser autêntica e permissão _ para_b,:Ílllli,_
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CON QDENDO NOVAS PERMJSSôES Ã SUACRIANÇA INTERIOR
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DISCIPLINA CONSTRUTIVA /d guém disse certa vez que ' 'de todas as máscaras da }jberdade, a disciplina é a mais impenetrável''. §osro disso. Sem disciplina nossa criança interior não pode~_.rckdeiramen te livre. M. Scott Peck diz coisas importante s a esse respeito. Peck vê a disciplina como um conj.un ro de técnicas equipadas para aliviar a dor inevitável da vida. Está muito longe do que eu aprend i na infánci a. No ámago do meu inconsciente, disciplina significa punição e oor. Fara Pec;;.,a bo:i discipiin::.é um coniunco ce ensinament os pata facilitar e adornar a vida. A boa disciplina implica regras que permitem à pessoa ser quem ela é. Es~as regras eru:iquc:cem nosso ser e proteg,em o nosso E:USOU,Aqui está um conjunto de regras construtivas para ensinar à sua criança maravilhosa .1oteno,. . l. É cerro sentir o gu e você sente. Sentimentos não são certos nem
erra9os. Apenas são.Ninguém pode dizer o que vocêdeve sen• rir. E bom e necessário falarsobreos próprios sentimento s. 2. É certo qu erer o que você quer. Não exisce nad:t que você
deva querer ou não quere r. Se você está em contato c~m sua energia vital, certamente quer se expandir e-~resce,r.E cert o e é necessário atender a suas necessidades. E..h_ om_pedir o que yoc~_Quer. 3. É certo ver e ouvir o que você vê e ouve. Tudo que você viu e ouviu e o que voce ve e ouve:. •
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4. É cerro e necessirio qivertir-se e: brincar. É ceno gostar de: brincadeiras sexuais. 5. É essencial dizer a verdade sempre. Isso reduzirá as dores da vida. A mentira distorce a realidade. Todas as formas de distorção do pensamento devem ser corrigidas. 6. É importante conhecer os seus limites e adiara gr::aificação, às vezes. Isso reduzü á as dores da vida. 7. É essencial desenvolver u rna noção equilibraàa de responsabilidade . Isso significa aceitar as conseqüências dos seus ato$ t recusar a responsabilida de pelos aros dos ourros.
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8. E certo cometer erros. Os erros são nossos professores - nos
, ajudam a aprender.
9. Os sentimentos, necessidades e desejos das outras pessoas devemser respeitados. Violar as outras pessoas leva à culpa e a ~e1tar as consequencras. •
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10. É certo ter problemas. E1esprecisam ser resolvidos. É cettó
ter conflitos. Precisam ser resolvidos. Examinemos brevemente cada uma dessas novas regras,
Nova regra 1 É assustador para a criança interior quebrar as antigas regras familiares de não falar ou a regra·que determina que os sentimentos são fraquezas e não devem ser expressos. VOfêdeve orienrar sua criançainterior cuidadosamente nesta área. E importante ensinar qµe é correto senát o que ela sente e que os sentimento s não são °C'e(tos nem errados. Mas é pfeciso determinar cenas linhas gerais~para a expressão dos sendmentos. Existem situações em que a exi1fessãodos sentimentos n;io é segura nem apropriada. Por exemplo, ensine sua criança interior a expressaro que sente quando é multada pelo guarda. Raramente convém expressarsentimentos de abandono para os pais. Essessentimetttos devem ser ex:pressosdo modo descrito na parte II deste 1.i\'ro. Sua crianç_a interior precisa aprender também a dífe,:ençacorre cxpressarumsentimento e agirde acordo com esse sentimenIº· Por exemplo, a raíva é um sen!imento pedeitamente válido. E o sinal de que uma violação dos seus direitos ou das suas necessidades básicasocorreu ou está pata bcorrer. Nesse caso é válido expressara raiva, mas nãc é válido agredir, xingar, gritar ou des• múr a .propriedade. . A criança,deve ter um ambiente onde possa expressar lívreroenre seus sentimentos . Paraconseguir isso, talvez você tenha de entrar para um grupo de pessoas que estejam rrabalhando no mesmo assuo,to. Além disso, deve ensinar à sua criança interior que os sentimentos são pane do poder pessoal. Sào o combustíveJ psíquico
CONCEDENDO NOVAS PER.),(JSSÔES À SUACRIANÇA INIDIOR
que a conduz à satisfação das exigênciasda sua natureza. Eles nos avisam da presença do perigo, quando estamos sendo violados e quando perdemos algo de valor.
Nova regra 2 .E_scyeg_ ra conuapõe-se à_yergoajla.1.óxica9.fil..SUa _crianÇ.!._Í nte• rior gnre s_obJe tudo qge precisa e tudo gue desejL Escálembrado do desenho dos pais-crianças, com três anos e 70 e 100 quiJ,.,:·? São adultos criançasque nunca tiveram su1Snecessidades atendidas; assim, quando você demonstrava sua éarêocia e seus desejos, eles !ie irritavam e o envergonhavam. Sua criança interior incoxicac;lapela vergonha não acredita que possa ter o direito de querer qualquer coisa. Você pode defendê-la escutando atentamente tudo que....ela..d~.e~Lu.do..q.ue._ _ela r,recisa.Nem sempre vai conseguir dar tudo que ela quer. mas oode ouvir e dar a ela permissão para querer. Sem desejo e necessidade, a energia vital é sufocada.
Nova regra 3 Esta regra opõe -se à ilusão e à mentiracomuns nas famílias di.sfuncionais. Judy chega da escola e vê a mãe chorando: "O qu e aconteceu, mamãe?'' A mãe responde , •'Nada. Vá brincar lá foral" Farquhar vê o pai deitado perco do carro, na garagem. Curioso e confuso, pergu nta à mãe se o pai está dormindo na garagem. Ela responde que o papai precisa dormir no chão de cimento da garagem porque "ele tem dor nas costas''! Billy ouve os pais brigand o. A briga o acordou de um sono profundo. Ele vai ao quarro dos pais e pergunta o que está acontecendo. Eles dizem, 1 'Nada. Volte para a cama. Você deve ter sonhado.' • As crianças que recebemesse tipo de mensagens acabam por não confiar nos pi:óprios sentidos. Sem dados sensoriajs é difícil -~o especialistau_m s~ns~Qe~...Pre...:.. viverna realidade._As q::ian~as cisamos çiesse_s_o nhecimento natural da criança inrenor. Para conara olhar. .Q_ uvir. I_ocar~ 2 egaj-lo, devemos dar a eluermissão exaQJ._ :.r o mundo .
VOIL\AOW
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Nova regra 4 Esta regra é sobre brincar e se divertir . Brincar é uma maneira de s.imP.lesmentc scc.Aprendia reservar horários 12aracliv,crsão . Nesses intervalos, posso jogar golfe, pescar ou fazer nada. Gosto de ir a lugares e andar sem destino . Andar sem destino e não ter nada para fazer é o brinquedo dos adultos. Atendemos às ncccs• sidades do nosso ser quando pcrmicim os que nossa crian ça int erior brinque e se cfrvina. Outra forma maravilhosa de brinquedo dos adultos é o sexo. A melhor forma de sexo é quando nosso cu adulto manda seus pais para fora do quarto, fecha a pona e deixa que a criança natural que vive nele faça o que quiser. A criança interior gosta de tocar, provar, cheirar, ver e falar durante o brínq4edo do sexo. Adora ar algum tempo explorando , especialmente s~ apren• deu que o sexo é vergonhoso e que é proibido olhar . E muit o imponantc deixar que sua criança interior brinque e se movimente à vob~de sexualmente. Seu eu adulto deve determinar os limites morais n os quais acredita. Mas, dentro desses limites. é bom brincar mu ito de sexo durante toda a vid;i.
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Nova regra 5 Esta regratalvezstja a mais importante de todas. logo no início, sua criança interior aprendeu a se adaptar para sobreviver. Nas famílias disfuncionais a mentira impera. A ilusão e a negação que dominam essas famílias são uma mentira. Os papéis falsos desempenhados são uma mentira .• A.mentira é nec~ssária para enconder os aspectos desagradáveis da vida familiar. A mentira toma• se um meio de vida nas famílias disfuncíonais e sua criança interior terá dificuldade para desaprender isso, A criança interior ferida tem uma forma de pensamento que viola a realidade e distorce a verdade. Todo pensamento infantil é mágico e absoluto, e isso deve ser enfrentado. A crian a in_terior ferida tem também a vergonha coIDQ..._ • base. ~sa forma de e~mcnto deve ser corrigida. A seguir L.algumas das distorções mais comun s do pensamento , que de-
CONCIDENDO NOVAS PF.RMISSÔF.S À SUAOJANÇA IN1DIOR
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vem ser observadas quando você conversa com sua criança inteno,r. Pensamentopolarizado.A criançainterior ferida vê tudo em exttemos. Para da, se não é isto só pode ser aquilo. Não há meiotermo. As pessoas ou as coisas são boas ou más. Pensa que se alguém não quer ficar com ela todos os minutos de todos os dias, essa pessoa não a ama. Esse é o pensamento absolutista, resultado da resolução deficiente da constâpcia do objeto, no estágio em que a criança começa a andar. Essa forma de pensamento leva à desesperança. Yocêdeve ensi~à sua crian~a interior que _toQQ..mundoé bom e n:iaJ!...S_q~_o:üuxisi:gp_a~luto s. Pensamenrocacascró.ico. Sua criança interior aprendeu com ~ cdaoças feriQ.asdos pats a apavorar e · 'catastrofar' '. O encargo de criar um filho, muitas vezes, tornava-seexcessivopara seus pais. Eles se preocupavam, ficavam nervosos e o hipnotizavam com a longa lista de advertências ansiosas,Exatamente quando vocêprecisavade segurança para experimentar e explorar, foi aterrorizado com berros de "atenção ", "tenha cuidado' ', " pare" , " uão faça isso'' e "depressa". Não é de irar que sua criança interior seja supervigilante - ela aprendeu que o mundo é um lugar assustador e pe.dgoso. VocêJ!_odedefender sua criança interior dando_;i.ela peri:nissãop;y;as..e...ID'entyrar no ID.Y.P....do e c:xpeci_mêntar ªs coisas, garantindo qº"çjssQ...es_tá c~no, que você está ali 2ara...!.Qmarconta delb.__ _Universaliz~ção . Sua cria_Q.Ça interior ferida tende a transformar incidentes isolados em am las eneralizações. Se o/a namorado/adiz que prefereficar em casa,nessanoite, para ler, sua criança interior ouve o dobre de finados do relacionamento.Se alguém desmaccaum encontro matai.do,sua criançainterior ferida concluique, ''Eu nuaazvou ter outro/a namorado/a. Ninguém jamaisvaiquerer sair comigo.'' Se vocêestá aprendendo a esquiar na água e não consegue se Jevancar nos esquis na primeira tentativa, sua criança interior conclui que você nunca vai aprender. Você pode defender sua criança, enfrenundo e corrigindo essauniversalização. Pode fazer isso cxag~randopalavras como w do, nuaaz, ninguém, sempre, etc. Q._uandoa criançadiz, por exemplo. Ninguém_jamaisme_ciutençào' ', você responde, '' Está dizendo .que nem uma única-12essoUM) _mundo inteiro nunca, nunca. _nunca olhoy p.ara_v_Qcê_nem falou com você?'' Ensine sua criança inteúor a_usar palavras..como.muira..t.~z.cs.calveze às veze$.
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YOl!AADI.AR
As palavras são âncoras das nossas experiências. Literalmen• te, nos h.lpnotizamoscom palavras. Nossa criança ferida assusta _a si lll.Çs_ma com Ralav as distorcidas. Porém as alavras usadas _
Nova regra 6 Esta regra diz .respeitoàs necessidadesvonzes da criaoçajnte rior. Todacriança quer o que quer quando quer. Seu nível de tolerância à frustraçãoe ao adiamento é muito baixo. Uma parte do crescimento consiste em aprender a adiar a gratificação, o que a:juda a diminuir as dores e as dificuldades da '7ida. Por exemplo, uma reação exageradaprovocador de estômago e mal-escar, Gastar todo o dinheiro de uma vez nos deix:i.sem nenhum a reserva.
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Quando a criança sofre uma privação e negligência,tem mãis dificuldade para adiar a gratificação. A criança ferida acredita g~ M_g_ma grande ~assez de ~or aliI!!_ent ~ári nho e prazer. Sendo _assim, ~empre g ue surg~_ê...Q QQU...Uni_ckde de ter essas coisas,~eJ.L exageJ;!._ Durante anos eu enchia meu prato, muito além do que podia comer. Mas comia tudo. Eu também comprava coisasque não precisava. s6 porque tinha dinheiro. Eu as amontoava no meu quano, até ficar rodeado de coisas inúteis. Eu também senúa ciúmes do sucesso dos outros terapeutas ou conferencistas. Como se não houves·se pessoas suficientes para serem rrarad.-is ou...como se houvesse uma quantidade limitada de -amor e iração e se ourras pessoasos ganhassem primeiro não sobraria nada para mim. Tudo isso era provocado por minha criança interior ferida. Para da, eu jamais teria minha parte das coisas, pottanto devia pegar tudo que pudesse, enquanto ppdia, As indulgências da minhà criança intetíor foram causa de muito sofriment o durante anos. Agor:11 defendo minha criança interior cuidando muir_Q_ bem_ cleb. Prometo cois~ m~ _~aY1L1'!~.trecu111erir,1uas prom~ssas para ganba._ra confiança da sua_criaQçain~erior. Da~çlo a ela coisas boas. eu estou enS'i,nando. Uma vez O'J outra ela ainda asstm:ieo conuole. mas t _muirq melhor;do. que er; êntes.-E·s;~;p .ro; a~do i ~i~ que _pc~demos ter mais prazer se iramos a gratificaç~o. Por ocempio, recentemente fiz uma experiência.Minha criança interior adora balas, torta, sundaes e assim por diante. Deb<ei que ela comesse tudo que quisesse, durante utna semana. No fim desse tempo, fizemos uma avaliação de como nos se.nóan1os. Estávamos hordveis - dois quilo s e meio a mais, minha barriga caindo sobre a calça tamanho 40 apeFtada. Então, não permiti q1Jeela comesse doces du.i::anteseis dias .na semana seguinte. Fazíamos exercíciossempre que era possível. No domingo eu a deixei comer doces. Quando fi:temos a avaliação,verificamosque estávamos nos sentindo muito melhor. Na verdade, não
VOl!AADLAR
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Nova regra7 Esta regra é a chave da felicidade. Grande pane do sofriment o humano é provccado pelo fato da criança interior assumir ·responsabilidade demais .ou de menos. Precisamos enfrentaras conseqüências do nosso comportamento , Recuperando sua criança interior ferida , você está me_ç,ando o trabalho de ser resp.,onsá.yd . A maior R
araªgir p1~ grn os s~r g p_azes de !5!po gder. A c~ cidade .defesponder:e'Aige qµe vocç pqssª çoQt~olar a vida 4ª sua criança ini erior Ç. n~o §er control_ado por ela:_ O melhor exemplo que conheço da importância de assumir essa resp~psabilidade é o do relacionamento íntimo . A intimi dade pode:.cx.istir porque nós todos temos uma criança interior maravilhosã e vulnerável. Duas pessoas "que se amam '' repetem a simbiose~dÓ elo inicial enHe mãe e ftlho. Basicamente, elas se incorporam uma na outra. 'Iem uma sensação onipotente de unidade l': de poder. Cada uma compartilha seu eu ma.is·profundo e mais vulnerávelcom o outro. Essa mesma vulnerabilidade faz com que muitas pessoas tenham medo da intimidade e pode finalmente destruí -la. A destruição da intimidade em um relacionamento ocorre quando há a recusa de um dos parceiros, ou dos dois, de assumir a responsabilidade por sua criança interior. Vejamoso qµe acontece quando dois adultos crianças se apaiJCooam.Suas crianças interiores feridas ficam euf6ricas. Cada um vê no companheiro as qualidades negativas e as qualidades positivas dos seus pais originais. Ambos acreditam qµe , dessa vez, suas carências serão afinal atendidas. Cada um investe estima e poder excessivo no outro. Cada um vê a pessoa amada como seu pai ou sua mãe original. logo depois do casamento, começam a fazer exigências mútuas . Essas exigências disfarçam as expectativa s in-
CO~CED ENDO NOVAS PERMISSÕES Á SUACRIANÇA JNIERJOR
conscientesderivadas da carência e do vazio das suas crianças interio,res ferjdas. A natureza odeia o vácuo e a centelha de vida ineita a criança a terminar o que está inacabado. Ela procura os cuid ados dos pais qúe sempre desejou e que nun ca teve. Um companheiro pode até, provocar o outro para agir como seu p~,ou sua mãe original. As vezes, um pode distorcero que o ouuo faz para que ele ou ela se pareça com seu pai ou com sua mã e. Não é uma cena agradável! Equivale ao casamento de duas crianças de quatro ano s que tentam assumir as responsabilidades de adulem . Se vocé recuper ou sua cnança!nç_ep_o~, cem uma chance. Co. mo seu defensor. você se responsabilizaPº !.sua vu.lperabilidade Quando você se compromete a ser o pai ou a mãe da sua crian ça interior, está protegido/a contra a possibilidade de se unir a uma pessoa que espera ser o pai ou a m ãe que você perdeu. Aintimidade fun-
cionaquandoc:idaum assumea responsabilidade daprópriacnaaça incerior vulnerável.Não funciona quando procuramos cons egui r
Nova regra 8 Esta regra consiste em ensinar à sua criança interior uma noção saudável de vergonha. A vergonha tóxica nos obrig2 a sermos mais do que humanos (perfeitos) ou menos do que humanos (animais). A vergonha saudável nos permite cometer erros. o que constitu i uma parte integral de ser humano. _Quws_sw _acivenências e lições para toda a v~da. Com permissão para cometer erros. nossa _ç_riança interior ode ser mais es ontânea. Vive r com medo de cometer erros ê pi sar sobre ovos e levar uma eióscência precavida e superficial. Se sua criança interior acredita que precisa ter cuida
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valor e respeito a você mesmo . Ensina também que, quando essa regra é violada, ela terá de aceitar as conseqüências. Nossa criança interior ferida precisa aprender a scnàr uma culpa saudável e real. Culpa saudável é a vergonha moral . Ela nos diz que violamos nossos valores e os dos outros e que devemos pagar ,um preço por isso. A culpa saudável é a baseda consciência saudável, que nossa criança interior precisa ter. O comportamento agressivo que descrevi antes ocorre especialmente porque ac.ciançainterior ferida nunca desenvolveu a própria consciência. No caso da criança feàda se iden tificar com o agressor , a criança adota o sistema de valores distor cidos do agressor. No caso de concessão de poderes por me1os de indulgência e permissividade, a criança acredita que as normas-p adrão para as outras pessoas não se apli cam a da . O fato de ser '' especial" lhe confere permissão para se colocar acima das regras.
Nova regra 10 Esta regra ensina que a vida está repleta de problemas. É tão comum.~ crianç.a sentir-se ofendida por problemas ou fatos desagradáveis:...' 'Não é justo'' , ela recl3:!Da. ''Não posso acreditar que isso esteja-acontecendo comigo.' ' E uma frasé muito comum nas sessões à~i'erapia . Como se problemas e situaçõe s desagrad áveis fossem um golpe baixo, inventado por um espírito cósmico sádico! Problemas e coisas desagradáveis fazem pane da vida de todo mundo . Como disse M. Scott Peck , '' O modo de manejar os problemas da vida é resolvê-los.'' Na verdade, o modo pelo qual tratamos nossos problemas e situações desagradáveis determina a qualidade da nossa vida. Ouvi Terry Gorski, um terapeuta de Chicago, dizer que ''crescer é assar de um cón ·unto de roblemas ag_QUtr..P c.Q.!_ljymo melhor de roblem as' '. Gosto da definição. Tem sido a verdade absoluta da minha vida . Cada novo sucesso traz novos tipos de problemas . Precisamos ensinar à nossa càaoça interior que os proble mas são normll,is e que devemos aceitá-los . Precisamos ensinat também que o conflit o é inevit ável nos relacionamentos humanos. Na verdade, é imp ossível a intimida de em um relacionamento sem espaço para conflit o. Devemos ajudar nossa criança interior a aprender a lutar limpamente e a resolver os conflitos . Coment o m ais sobre isso no capítu lo 12.
CONGEDEND,O NOVAS PERMJSSÕES À SUACRIANÇA INTEIUOR
Quando a cria1;1çaaprende essas J.)ovasregras, automacicarn.ente te.m permis$âó para quebrar as antigas. Um a..v~ J'Qts:roa!!~~za. criando ~r:na lizadas; essasregrastornam-se uma segl.Ul~a
auro-estíma e a cura do ferimento espit~tual.
PERMISSÃO PARA SER VOCÊ criança inteú or precisa de sua pérmissão·incondici onal para ser da mesma. A disciplina construciva que descrevemos fadlira extremamente essa auto-restauração. Outra forma de ajudar cons;sre em dar a cla permissão para abandonar o papel , ou papéis rígidos que adorou, para manter o equilíbrio do sistema familiar e para se sentir importante. Já falei muito sobre os papéis e cqmo des se instalam nos sistemas familiares disfuncion;ti s. Você co' me. §OU a dat: permissão para que ela se libertasse desses papé is rígidos quandô recupêrou seu eu que começavaa andar e seu et.: em idade pré-escolar. Deixe que esses capírulos sirvam de mod elo geral para todos os seus falsos papéis. A
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Desistindo dos falsos papéis PR1MEIRO O Pa:racomeçar, você precisa ter umá visão clara dos seus papéis no sistema familiar. Como aprendeu a ser importante, na infância? O que voéê f~z paia manter a família unida e para atender às suas ,neqessidades?Alguns dqs papéis mais comuns são: Herói, Homenzinho da Mamãe, Sub.stitutodo Estrela, Supe_r-Realizador, Pap:u ou da Mamãe., Pril,lcesinhado Papai, Companheiro do PaP.Ú 1 Melhor Amiga da Mamãe , Zelador ou Solucionador de Problemas para Mamãe e/ou P-ãpai, Mãe da Mamãe , Pai do Papai, Pacificador, Mediador , Vítima Sacrificialda Família, Bode E:xpiarôno, ou Rebêlde. Sub-Realizador, Criança.-P.toblema, Criança Pudid:i., Vítima e assim por diante. Os papéis são ínesgoráveis, rn~ rodos têm a mesrnn função , manter o sistema familiar e.quilibr aào, congelado e p.roregido cqnua a possibilidad e de mu danç:i. ,
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VOLTA AOLAR
Cada papel tall}bém dá à pessoa que o desempenha o meio para en<::obrir sua \'etgonha tóxica. Um papel cria estrutura e definição, determina um conjunto de comportamentos e emoções. À medida que desempenhamos nossos papéis perdemos cada vez mais a consciência do nosso eu autêntico. Come;>já disse anteriormente:, com o ar dos anos, ficamos viciadosem nossos papéis. Defender sua criança interior é dar a ela permissão para escolher ~ partes dos papéis que ela quer conservar e jogar fora o resto. E ímponante dizer a ela claramente que os papéis fla verdade não fuocionaram. Perguntei à minha criança interior: ''O fato de você ser a Estrela, o Super-Re~izador e o Zc:lador,na verdade, salvou alguém da sua família?'' A respostaimediata foi não. Perguntei então: ''O fato de ser E$trela, Super-Rcali~dor e Zelador deu a você alguma sensação de paz interior?'' Mais uma vez a resposta foi não. Minha criança interior sente-se ainda vaziai solitária e deprimida grande parte do temp o. Em seguida perguntei: ''Quais as emoções que você teve de reprimir para ser Estrela, Super-Realizador e Zelador?" A respoSta foi que eu não podia,Jicar assustado nem zangado. Tinha de ser sempre forte , alegre e positivo. Sob o di$.rce dos meus papéis de super-homem vivia uma/ criança assustada, envergonhada e solitária. ,
SEGUNDO O Agora vocêestá pronto para permitir que sua criança interior sinta rudo que os papéis a proibiam de sentir. Diga a ela que é certo ficartriste,. com medo, solitária ou zangada, Vocêjá realizou-grande: parte desse trabalho na pane Ir, mas como novo defensor d~ sua criança interior, precisadizer a e,laque tem permissão para sentir os sentimentos especificamente proibidos pelos papéis que representava. Isso dá. a ela permissão pata ser c:la mesma. É especialmente importante protegê~la durante este o, pois os sentimentos são assustadores quando começam a vir à tona. A criançapode ficararrasada. Vocêdeveir devagare encorn:já-la o tempo todo. Sempre que mudam os os velhos padrões da nossa família de origem, esse ato nos parece po.ucofJ.miliar(literaimentt não-fimúlia). ~ão nos sentimos "à vontade" com o novo compode parecer estranho, até me·sportamento. Sentir novas em(li;:ões mo insano para sua criança interior. Seja paciente com da . Sua
CONCED ENDONOVAS PERMI SSÕ ESÃ SUACRIANÇA INTERIO R
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. . . . ,,. . . criança 1ntenor so se arriscara a expenmentar esses novos sent imentos quando se sentir absolutamence seguia. ;
TERCEIRO PAs.50 Para explorar a nova liberdade, você precisa descobri! novos compor· tamencos que lhe permitam experimentar seu eu em ouuo tontcxto. Por exemplo, perguntei à pane criativa domei.: et: ::.:!.:.:l~ o. q U" :$ sâ" as crês coisas que posso fazer para me libertar dos papéis de Estrela e Super-Realizador. Peça ao seu cu adulto criativo para escolher uê s comportamento s espeéíficos. Mr:ueu adulro disse o setruinct. . . . 1. Posso ir a um seminár io ou grupo de uabalho onde ninguém me conheça e me concencrar em ser apenas um participan te do grupo. Fiz isso quando aprendi a Programação Neurolingüíscica. 2. Posso,fuer um trabalho medíocre qualquer . Fiz isso com um artigo que estava escrevendo para o jornal .
3. Fosso contribuir para que alguém seja o centr o das aten ções. Fiz isso comparrilhando o pódio com um colega. em los Angeles. As luzes o focalizaram. Essas exp.erjências foram muito boas para mim. Apre nd i a sensação de ser pane de um grupo e não a Estrela. Permiti a mim mesn10 escolhera não-perfeição. Gaseei de servir de apoio para oure=. pessoa. Minha criança interior gostou de fazer tudo isso. Escava cansada de precisar ser sempre a Estrela ou o Super-Realizador . Usar esse o com meu Zelador foi ma.is imponante ainda, porque era o papd ma.is significante para ter importância na família. Modificá -lo foi também mais assuscador. A primeira vez que trabalhei nisso, escolhi os seguintes comportamentos : 1. Dimínuí minhas horas de trabalho cómo conselheiro, de 50 para 40 por semana .
2. Mudei o número do meu telefone particular (que eu sempre dava para meus clientes) para um número que não constan da lista. Insta.lei um serviço de acendimento para emergéocia.'i. 3. Recusei ar pane do meu tempo livre, nas rcun1ões sociais, respondendo a perguntas sobre problem as pessoais,
VOLTA AOlAR
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No começo eu me: sentia culpado cada vez que um desses comportamentos c,mtestado. Sentia-me egoísta. Gradacivamc:ote, mi nha criança interior verificou que as pessoas continuavam a me dar valor e: a me respeitar. Aprender que eu tinha valor para os outros e merecia respeito sem fazer coisas para eles foi um o importante no meu crescimento pessoal.
QUARTO O Finalmente, você pre.àsa ajudar sua criança interior a escolher qu~ as partes desses papéis que deseja conservar. Por exemplo, gosTo de falar pa.ra centenas de pessoas, nas palestras ou seminários. Minha criança interior gosta de fazer p~das e de ouvir as risadas. Gosta também do aplau so no fim de uma palestra ou de um seminári o. Assim, decidimos continua r com esse trabalh o. Minha criança interior me fez saber que eu a escava matando com os papéis de Airadar Todo Mundo, Zelado! e Estrela. Por exemplo, nos meus grup os de trabalho e seminários, nunca me permitia uma folga. Falava com as pessoas, respondia pergunta s, tentava fa2er terapia em três minut os e autografava livros em todos os inte.cv'iilos . Também fica,-a no local uma hora e meia depois do fim do-trabalho de grupo ou do seminário. Isso, às vezes, totalizava 11 horas seguidas de trabalho. Certa noite, no avião, voltando de los Angeles para casa, minha criança interior começou a chorar. Eu mal podia acreditar no que estava aconte cendo mas entendi a mensagem. Embora minha criança quisesse continuar a ser a Estrela, o Zelador rinha de desaparecer. Então c:scolhl alguma coisa que minha criança interi or gosta . Nestes últimos anos s6 voamos de primeira classe. Freqüentemente somos apanhados por lin1usines. Temos várias pessoas para cuidarem de nós nos intervalos dos trabalhos de grupo e seminários. Usamo s os intervalos para descansar e comer uma fruta fresca ou qualquer alimento leve. Agora, minha criança interior e eu estamos dando aos outros uma assistência de qualidade. Mas estamos também recebendo cuidados de qualidade. E deixando que os outros cuid em de nós. Escolhemos ser Estrelas, mas não à custa do nosso direito de ser. Escolhemos dar 2.5Sistência , mas não somos obcecados com isso. Também não acreditamos que não sere(llos importantes se não dermos assistência aos ouuos. Dei assistência
C01\CEDEND Ol\'OV.~PER.',{J SSÔ ESÀ SUACR.IAN ÇAINTERJOR
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à minha criança interior. Eu a defendo e digo que a amo do modo que ela é. Minha criança não acredita mais que precisa desistir .do seu eu autêntico para ser amada. Nós dois sabemos qu e o :elacionamçnto mais importante da n0ssa vida é o nosso. Eu dei a e1a,permissão palia ser o que é, e isso fez toda a diferença .
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CAPÍTIJID 11
COMO PROTEGERSUA CRIANÇA INTERIOR FERIDA As crianças que não são amadas por cla.smesmas, não sabem amar a ~mcsma.s. Como adultos,. precisamosaprender a cu1darda nossa rnança per, didll e servir de mãe para ela. - Marion Woodman A criança quer coisas simples. Quer sqr ouvida. Quer ser am2.da... Pode seja·m prorcgidose seu njo saber. as palavras, ma.s que, que seus diteirr:x; au10-respci10inviolado. Ela precisa que você c.sreja·a. -
Ron Kurrz
·- •. O terneiro P na .t,erapia é proteção . Nossa crianç!._interior precisa de rote ão o.r: ue é imatura e, de cena forma, rimiciva. É ain ~a ambivalente quanto ao to de ter voe: como novo pai ou mãe. ,Em certos dias, ela confia em você absolutamente; em outros, sente-se assustada e confusa. Afinal , você ficou mui~osano~ sçro dara mehor atenção a ela. Çomo cm ual.9ue.r:relacionamento saudável a confian a em você tem de ser construída o..s._12 oueo,s.
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TEMPO E ATENÇÃO Como já disse anteriormente, as crianças sabem, intuitivamente , que você dedica tempo às coisas que você ama . É de importância vital saber quando ela precisa da sua atenção. Ainda estou trabalhando nisso, portanto só posso dizer o que aprendi até agora. Minha criança interior geralmente precisa da minha aten ção quando: Estou entediado. Minha criança interior fica entediada com
COMO PROfEG .ERSUACRIANÇA INTEUOR rERIDA
2.11
minhas.palesuas e grupos de trabalho. Fica entediada quando renho lóngas conversas intelectuais. Ela começa a se remexer e se inquietar. Pede que eu verifique várias vez-es meu trabalho para saber quanto mais tetá de agüentar . psrou assustado.Minha Gtiança interior foi programada pata sentir medo. Ela se manifesta â menor sugestão de ameaça. Estou .veado uma cena amorosa e carinhosaeauc pai e fj. lho. Isso nunca falha. Par Cashcorreu a abraçar o pai quando venceu em Wimbledon e minha criança interior começou a chorar. A mesma coisa acontecçu quando Jack Nicklaus venceu seu quinto Campeonaco de Mestres e ele e o filho caminharam abraçados na direção do l~? green. Acunceceu outra vez quanoo D ustin Hoffman ganhou o Osc~. Ele telefonou para o pai que o estava \'eJ)dona tele.visãoe minha criança interior começou a chorar. MJ. n.,a criwçaintçrioç_ foí terr·velmenteferida or meu ai tê-la aban~ doo.ado. Embora eu já tenha trabalhado muito nisso (na vernadt:, eu ampare i meu pai no seu -leito de motce e não renho nenhum negócio inacabado cQm ele), sinto aioda uma dor profunda por aguda perda da infáncia. Estou cansado.Ficorabugento e irritado qua,ndo estou cansado. P,recisoter cuid.ado com minha criança iocerior, do conu~no, da .ataca quem estiver mais peno. Estou fogaado uma parcidade um jogo comperitivo.Minha criança interior é urna iná perdedora. Ela disfarça bem , mas, na ve.rdade,detesta perder . Posso ficar muito emocionado em u.m:i. partida de golfe. Monitorando meu comportamento fiquei atônito com o nível· da minha regressão no tempo. Recentement e, etrei uma t;icada fácil e ouvi minha voz qizer : ''Não sei por que me dou ao tr:i.b~ho de fazer qu:i;lqu.er coisa!•' Uma declaração bastante ampla e generalizada para um pequeno e-rro esquecido .algumas horas depois. Reajo exagemd'3l1Jeflte. Rea· ôes exag_e!_a~as são regressõeses_oonclneas. Sei que minh ~ crÍ~.f!Ç ª i~j~tá présente quand o, r c~.da vez_maís altâ.J: m~efensiva. __fil:!çominh&..YQUWJ! Sinto-me ignoI'adoou rejeitado. Minh.acrimça inr 7rior per, ccbe p _men.Quinal ,de re· ei~âo ou desinteresse. Tenho a e ser_~· u~l,l)amenrec;uidadoso, po,e ue, ãs vezes, e.lavê rc:iei;ãoonde niic1 eXISte . S.ou exposro inespe1adamence, Isso não acon:ece com fre• qtiencia, porque. corno urna pessoa educada para se envergonhar,
\Ol!A AOLAR
aprendi a ser muito prudente . M_as qu;tlqu~r fracasso brusco d~ D!!: _nhasexpectaciyas deixa minha cri~ a interior muito e~b:gaçada . Tenho fome. Minha criança interior fica muito irritada quando estou com fome. Estou com meus melhores amigos. São momentos de ale gria para minha criança interior. Ela gosta de estar com meus melhores amigos . Sente-se segura e alegre. Ela gosta de contar piadas, rir e se divertir . Sinto-me solitário.Durante muito tempo não reconheci a sensação de solidão . Agora sei que estou me sencindo solitári o quando pareço estar insensível e tenho vontade de com er coisa.~ doces. Sei tamb _ém que estou me sentindo sozinh o quando renho vontade de dar muitos telefonemas. minha crian a interior está _!csen te eu dou Sempr s; 4-,1.!C a.r.enç,ã_cu..ela _ Quan .~i_9est_á..(eli~e si;__ diy_ertindo, um simpl~s_sinal de que notei sua R,rescnça é o baseante ; quand o ela est~ cao s.ad.a...w.rnJome,...d~sawmada, uisce ou solitária, preciso falar com _elaJ) escobri métodos r;:ioYQS e muito úteis para me comunicar com minha criança interio !:_ -
·COMuNiCAÇÃO COM A CRIANÇA INTERIOR , Vocêjá aprendeu a primeira técnica - escrever cartas. Esse método pode ser usado para a comunicação diária com sua criança interior. lembre-se de usar sua mão dominante quando seu eu adulto escreve e a mão não dominante quando sua criança interior escreve. Eu faço o seguinte: Quando me ievanto, de manhã, escolho o tempo que vou dedicar à minha càança interior naquele dia. Às vezes, quando ela aparece cm momento s de dor, solidão ou de tédio, faço a comunicação imediatamente. Mas, geralmente, escolho 20 minutos daquele dia, com antecedência. Hoje foi às 20h30min. Eu precisava de um descanso do trabalho deste livro e minha criança interior começava a se entediar . lstô foi o que escrevi hoje .
JOÃO: Oi, Joãozinho! Quantos anos você tem nest e momento?
COMO PROTEGER SUACRJANÇA INI'ERIOR FERJDh
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JOÃ.OZIN;HO: Seis anos. JOÃO : Joãozinho ., como estão a~ c.01sas com você nes.te momento? JOÀOZINHO: Estou cansado de escrever, Quero brincar e esto u com um n6 nó ombro. )OÃO: Desculpe, eu não sabia que estava exagerando. O que você gostaria de fazer agora ? JOÃ OZINH O: Quero tomar o sorvere que a Karie trouxe . JOÃO: Eu tinhá esquecido completamente. Vamos descer e tomar sorvete.
De pois dessa breve conversa por esct:iró, désci e me servi do sorvete que minha sobrinha. KatÍe. levara para roj m na q ueJe d.i:,. Eu cinba esquecido o sorvete, mas o Joãozinho lémb rou. Depois ce tomar o sorvete e descansar por algum tempo , voltei a escrever. N em semp re o .2'0minuto s com o.Joãozinho . mas reservo esse tempo para ele . Sua capacidade de aten ção é ainda muit o limitad a. Descobri que quanto mais eu dem onstro norar sua presença. menos rempo ele precisa. Sabe que esrol.l ali para eie ·e coo.fia smmim. Estou t1sando o m écodo do diálo go há un s dois anos. E uma fo rma simpl ·es de comunica ção. mas algu mas pessoa s (!Ueixa:In-sede que levá muito tem po. Concordo. Sem dú vida exige ~~ .!!! tem ó é esforQo , no com ç_ço.Mas-sua_çrians_ainrer.orvale is~ol O segundo meio de comunicaçã o é a visualiza ção. Muitas pessoas _têm usado este método para trabalhar, com a ·crian ça interio r. E o meu favorito. Feche os olhos e visualize uma sala com duas poltronas confortáveis, uma de freate para a outra . Uma é maior do gué a ou tra e está .à direita da sua ima·gem. A outra é para 1a1ma
VOIIAAOLAR
D Comece sempre perguntando a idade da sua críança inte rior. Em seguida, pergunte como ela esrá se sentindo. Procure saber cla(amente o que ela quer, fazendo perguntas sobre detalhes de compo~amentos espeáficos. Por exem_plo, um homem do meu grupb de'-ap_oiorecentemente percebeu que sua criança interioc estava zangàda com ele. Quandó perguntou o qQe ela queria, a criança respondeu que queria ir ao Astroworld (um parque de diversões; em Houston) e andar em vários brinquedos. Especifi, cou a montanha-russa , a roda-gigante e a descida do rio. Meu ' amigo tem 50 e poucos anos , mas , relutantemente , acendeu o pedido. Combinou com alguns oúrros casais e foram ao Asuowodc;l.Meu amigo andou em todos os brinquedos que sua crian'rª interior pedira, e mais alguns outros. Ele se di:vertiu a valer! Na nossa reuni ão seguinte, notéi algumas mudanç .as vis.fveis. Esse homem é um banqueiro muito ocupado , especialista e.m planejamento finanéeiro e em planos de investimento complexos e sofisticados. Sua criança interior escava fana de tud o isso: e resolveu moscar o que ele devia fazer para quebrar aquela rotina intensa. Três dias depois da npssa reunião de grupo, ele me convidou para ir ao Ascroworld! Sua criança inter.iór precisa do seu tem po e da sua atenção. Dessa maneira ela cem certeza de ter em você um verdadeiro defensor.
rowol'ROIEGF.R SUA CRJANÇA lNlIRIORrER1DA
UMA NOVA FAMÍLIA
L·
Para defender sua crianç.a interior, você deve escolher uma nova família para ela. A nova família é necessária para proteger sua criança interior enquant o ela determina novas fronteiras e:fai seu aprendizado cone tiyp. Sesua famili a de ori cm não está em rocesso de reCJ:!B eração,_é quase impo.ssív~Lç _onse~ic se~ap._oioeog~anto você está na sua fase de reçup$ra_gg._Gcralmente eles pensam que você está fazendo uma burrice e o envergQ!lham P..OI isso. Quase sempre se sentem amea çados ~o seu trabalh o IJ..o rgu eL uando você desiste dos seus p~péis, abal1 o_equilíbrio congelado do sistem i. N!:!!!9 P.ermitiram antes_que você fosse você mesmo. Por ue iam ermitir a ora?-Se sua famOia de origem era disfuncional, é o lugar menos provável para procurar o atendimento das suas carências. Assim , aconselho a manter uma distância segura e trabalhar para encontrar um a nova família que possa nutrir é apoiar sua criança interior . Pode ser um grupo de apoio formado por amigos, pode ser o grupo com que você tra_balha com sua criança interior ou pode ser qualquer dos vários grupos de 12 os, espalhados agora por todo o país. Pode ser uma igreja, uma sinagoga ou um grupo de terapia. Seja qual for sua escolha, recomendo que encontr e um grupo para vocês doi s. Você é o defensor da sua criança interior e ela precisa do apoio e da proteção de uma nova família de adoção. Considere o caso de Sibonetta, criada por um pai violento e emocionalmente abusivo e uma mãe dominada pela vergonha . O pai de Sibonctta já morreu e a mãe casou ouua vez, mas ainda telefona para da com freqüência. Sibonetta está fazendo grandes progressos com a terapia, mas eu sempre sei quando a mãe telefona. Sibonetta sofre uma regressão de vários dias. Propu s a ela entrar p:ua um ·grupo Coda. EJa concordou com relutância. Eu era seu protetor e não queria confiar seus segredos a mais ninguém . Eu sabia que isso não era saudável, por isso insisti para que ela fosse a 30 reuni ões desse grupo
VOIIAAOLAR
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durante 30 dias. Esperava que esse atendimento intensivo a adaptasse ao grupo. Minha estratégia funcionou . Ela começou a se sentir bem no grupo e no fim dos 30 dias continuou a comparecer a quatro reuniões por semana. Notei que o n1vel da sua energia estava mais alto e que os telefonemas da mãe não pareciam tão perturbadores. Ela os comentava com o -grupo e eles sugeriam o que ela devia fazer. Eles também a convenceram a instalar uma secretária eletrônica para saber o que a mãe queria e ligar de volta quand o esàvesse preparada. O grupo deu a Sibonetta mais apoio do que eu podia dar e a interpretação dos seus sentimentos feira por várias pessoas era muito mais eficaz do que a minha voz solitária. Sibonecta tem agora uma nova família para apoiá-la na lut a contra a tirania da mãe.
O PODER E A PROTEÇÃO DA ORAÇÃO Sua criança interior precisa ver que seu eu adulto tem uma fonte de proteção muito além do seu eu humano finito. Embora você seja mágico e i.emelhanre a Deus para sua criançainterior, é muito imponante para ela saber que você pode contar com um Poder mais Alto. M,esmo que seu eu adulto não acredite em Deu s. sua criança interior acredita em alguma coisa maior do que ela. As ,' crianças acreditam naturalmente em um Poder mais Alto. A oração é uma poderosa fonte de proteção para sua criança _ interior feri4ª , e ela gosta que yocê .ceze com ela.Gosto defechar da uiser a aos olhos e verminha criançainterí~ a idade efl!.._9ue recer. Eu a faço sentar no meu colo ou ajoelhamos lado alado e rezamos.Eu ~g o uma prece adulta, en uanto meu oãozinho~ um__ a____ _ preceiefantil.Ele gosta de "Agora eu me deito para dormir", quando oramos à noite e_.às_yczes. fazemos juntosessaoraçio. O Memorareé uma oração.que aprendi na escola primária católica. É dirigida a Maria mãe de Jesus. Gosto do poder feminino na minh a espiritualidade. Penso em Deus mate!Jlal e gentil. Ele me abr:iÇL e me acalenta. Joãozinho também ·gosta disso. O Memorare diz:
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Lembrai, 6 Abençoada Virgem Maria, que nul)ca aconteceu de alguém pedir vossaproteção, implorar vossaajud:i.ou vossa
--COMO PROTEGER SUACRIANÇA INTEIUOR FIRIDA
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intercessão e não ser atendidQ. Inspirado por essa confiança, corro para vós. Virgem das v·írgens , minha rQãe. A vós eu venho, perante v6s eu me apresento, pecador e arrepend iào. Não desprezai meus pedidos, mas, em '\l'.o ssa misericórdia, ouvi-me e acendei-me. Amém. Meu eu adulto f!OSta de tod as as referências à vir!?"indadeporaue eu não acredito que Maria fosse virgem . Mas tenho conseguido uma fone proteção cQm essa prece. Eu a expliquei ao Joãozinho e ele ficou muir o imoressionad o Você deve procur ar preces qu !' sirvam para vocé e pa ra sua cri.2n;a 1ntecio1. h-tas recomendo dt· todo coração gue dê à sua cria11çJLID-teúor a· poderos íl, pro~ da oração.
ACARICIANDO SUA CRIANÇAINTERIOR Sabemos que a criança pode morrer se não fot fisicamente abraçada e acariciada. Os bebês precisam ser tocados e estimulad os para viver e cresce(·. Caso contrário ficam·doentes , com un1-adoença chamada marasmo (literal~ente, definhar), como se estivessem morrendo de fome , A.criança com marasmo regride ao estado fe. tal. É como uma reversão no crescimento. Sem c;arídas , o bebê murcha e definha .. À medida que a criança cresce, devemos acrescentar palavras encorajadoras às ~arfcias. Essa é uma forma de proteção . Uma vez que a criança não pode viver s'em ser acariciada, ela procura cãêícias de um modo ou de ouuo . Se não consegue boas carícias, procura as más caricias. ·Qualquer pessoa é capaz de tomar água poluída · quando não há outra . Provavelmente sua crian~a ih~o.t feridaescolheu umª-gtande quantidade de água poluída . Por issoas afirmações que usamos para cada estágio de desenvolvimento são tão importante s. Você deve continuar a usá-las. São as carícias emocionais que sua criança precisa para se alimentar. Voire auás e examine as afirmações de cada.estágio. Procure lembrar quais tiveram maisforça para você. Use essas ~rmações para suas carícias especiais. Sua criança int e-
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VOIJAMJLAR
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rior precisa ouvi-las todos os dias, quando você começa a apren der a defendê-la . As minhas são as seguintes:
JNFÂNCIA Bem -vindo ao mundo ... Estou feliz .por você ser menino ... Voéê terá todo tempo que precisa para atender suas carências.
COMEÇANDO A ANDAR É ceno dizer não ... É ceno ficar Janga d a ... Você pode ficar zangado que eu continuarei aqui ... E certo ser cuúoso, querer olhar, tocar e experimentar as coisas... Eu farei com que possa explorar com segurança.
PRÉ-ESCOLAR É ceno ser sexual ... É certo pensar por você mesm o... É ceno ser diferente ... Pode pedir o que quiser ... Pode perguntar, se ficar confuso com alguma coisa.
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ESCOLAR ,,. É ceno · cometer erros ... Você pode fazer coisas mediocre s... Não precisa ser perfeito e sempre tirar A na escola ... Eu o amo do jeito que você é. Essas afirmações são feitas especialmente para mim e para minhas necessidades. Você pode escolher as suas afirmações. Recomendo também que escreva suas afirmações . Trabalhe com uma de cada vez, escrevendo -a de 15 a 20 vezes por dia. Leve a afirmação sempre com você., Olhe para ela com freqüência e a repita em voz alta. . Escreva, as afirmações em cartões de tamanho médio e espalhe-os pela casa. Peça aos amigos para ler as afirmações em voz alta. Grave e ouça as afirmações . Exercíào para inserir carícias consoladora s nas suas antigas lembranças traumáticas Quando seus pais estavam no auge da raiva (gritando, esbravejando, ameaçando , dizendo nomes e julgando) sua cr.iança inte• •
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.COMO PRottGER SUACJI.IA."4ÇA INTERJ:OR FERIDA
rior ferida i:ncernalizava suas palavras da forma mais dramática. Era nesses momentos que sua sobrevivência corria o maior perigo. Você impritnia as palavras e lemJ::>ravadelas.
Votêprecisavoltara essas cenase deixarque seu eu adulto e defensor dê à sua criança interior novas palavras construtivas e consolador "as. Sem algumas impressões auditivas novas e coosoladdras, sua criança interior continuará a repetlr para ela mesma as paiav ras da vergonha. O exe.rcíc.io abaixo ~º ajudar á a refazer a cena de vergonha e instalar uma nova voz. E preferível escolher uma lembran _ça traumática com a qual você já fez o trabalho da dor oriei1.al. Se escolher uma cena cor.1 a qu al nunca trabalho u. renha mu_icocu1àado,pois pode- ser facilmencesobrepujadopor ela. Sigaasinscrugóes rigorosamence. Recomendo que grave o exerclc.ioou que p=ça a um terapeuta ou um amigo para acompanhá-lo c:m todos os os.
l'RIMElRO O Imagine que seu eu adu lto está sentado em um cinen:rn olhando p~ra a tela vazi:1. Olhe em volta e note os detalhe s das paredes do cinem a. O que você vê? Olhe para o tet o. Observe o belo trabalho de entalhe. Agora, olhe outra ve.z para -atela e \'eja o título cie um filme . leia as palavras, ''A ntiga cena craumácica' '.. Agora, imagine que você está flutuando para fora do seu corpo para sentar dez fileiras atrás de onde está agora. Pode vér .sua cabeça e pode ver você mesmo olhando para a rela. Faça uma âncora com .o polegar e o indicador.
SEGUNDO O Sem desfazer a âncora , veja a você mesmo olhando pàra um filme em branco e preto gue mostra a anti ga cena traumát i ca. Veja você mesmo assisrind·o à cena do princ1pio ao fim. Veja-se então olhando para a úJçima tomada da cena, imobilizada na tela, que mostra sua criança interi or ferida exa• tamente como aoarêcia na cena. uaumátic 2. Ela está senr2. da e sozinh a.
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VOl!AAOLAR
TERCEIRO O Desfaça a âncora e flutue de volta para seu corpo que assistiu ao filme. Agora você está no seu corpo. Imagine-se caminhando para o quadro na tela. 4gora você está na tela com sua criança inierior ferida. Pergunte se pode abraçála. Se ela disser que sim, comete a acariciá-la dizendo as palavras de consolo que ela precisava ouvir quando sofreu o trauma. Se ela não quiser ser abraçada, diga apenas as palavras. Por ~emplo, tenho uma lembran ça traumátic .a na qual sou envergonhado por minha avó quando chorava histericamenre porqu,e meu pai saíra de casa prometendo voltar "complétamente bêbado". Ele·e minha mãe acabavam de ter· umá briga violenta. Lembro-me de que fiquei apavorado. Trabalhando nessa cena eu abraço ternamente minha ~cóança interior de dez anos e digo: "Está tudo bem, JohlJ. E apavorante pensar que seu pai vai se embriagar our.ra vez. E perfeitamente normal para você ficar assustado, ter medo de que .seu pai não volte nu_nca mais ou que ele possa machucar sua 1nãe. Você pode chorar qüiajo quiser. Agora estou aqui para protegê-lo .''
.. QUARTO O Quando terminar de consolar sua criança jncerior, imagine toda a cena uaumática ada de t,ráspara diante, em cores. Imagine que você e sua criança interior ferida estão denuo do filme como se o tempo tivesse voltado para trás. Espere uns dez minµtos e pense na cena traumática . Perceba se sente alguma coisa diferente. Note se pode ouvir o som da sua no-va voz de defensor. Se não puder, precisa trabalhar um pouco mais. Uma cena pode ser trabalhada várias vezes. ·
Pedindo carícias Aprenda a pedir ca.ríciassempre que..pu:cisar.Quase todo s nós fomos enve~g9nh~9os guando expressávamos o deseio de
COMO PRQI'EGER SU,A CRIANÇA INTERlOR FERIDA
_sermos acariciac;los.Nurnw:cnclemos _a-ncts-ª11~11ta~mocionalmente. Agora, você deve dar à s~a crian 9a inteciQFpermissão para fazerisso. Quando alguém o envetgonha , é muito saudável telefonar para um/a amigo/a e pedir que ele/ela nos acaricie. Você pode telefonar e dizer : •'Diga que eu sou uma pessoa boa e valiosaH, ou, "Diga o quanto você me ama e me dá va1or ", ou ainda: "Djga algumas das toisas quevoc _ê gosta em •mim.'' Pense rio qt.:,e \'Czê fari.a se esú vesse famint o. Iria procurar comida ou pediria a um amigo . Sua ci;iança interior não sabe que pode fazer a mesma coisa quando está emocionalmente faminta . É perfricam(;nte saudável pedir a caríci~ específlca que- você precisa. Você já conhece algumas delas. As mulhere s belas são acariciadas com elogios à sua beleza , Se você é uma mulher atraente, precisa pedir outro tipo de carícias. Por e~emplo , se um h omem diz que você está maravilhosa ou sexy, diga a ele: "Isso eu sei, o que mais voçê gosta em mim ?1 ' Eu ouço uma quantidade enorme de elogios à minha mente. Por exemp lo, ''Vocé é um g~nio . Não sei como você consegue.'' O que eu quero são carícias no meu coipo. Por isso, e~tou ensinando minha criança interior a dizer : "Sei que sou inteligente , o que você acha do meu corpo?'' Isso não é fácil. Como quase todos os noss.os pais eram adultos crianças · 'pri.-ados de carícias' ·., eles eram muito avaros para acariciar. Além de acariciar sua criança interior com freqüência e do modo específico que ela precisa, diga: • Acaricie os outros tanto quanto você puder. • É cerro você mesma se acariciar, • É certo pedir carícias . • É certo pedir o tipo de carícia que você precis a Sua criança inte .rior precisa desse estimulo contínuo e dessa ,proteção. Como defensor da sua criança interior , você pode dar a ela os. três Psçlaterapia descritos por Eric Berne. Esses três p_ - po téncia, permissão e proteção - são também os elementos da pa ternidade saudável. Gosto de acrescentar um quarro P. Defeode _r_ a ·criaoça é um processo contínuo que impl,ica o aprendizad o corretivo . Isso exige esforço e prádca. Vejam0s agora o qu arto P.
CAPÍTULO 12
PONDO EM PRÁTICA OS EXERCÍCIOS CORRETIVOS
1:nircntamos tantos risco.s quanto os riscos dos quais fugimoi. - Henry David Thorc:.u Vai funcionar sç você fuocionu ,
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Slogan 1crapêutico
As melhores novassão que, uma vez.que a criançafoi ferida por negligência e falhas no aprendizado. n6s P.odcmosaprendera a1cr1dcr as caréndas da criança, como adultos. Podemosdescn'IOivcraptidões cm todas as áre2:i da imeraçil.ohumana; não se trata de desaprender. mas de aprender coisas • p_:laprimeira vez.
- !Gp Flock
,Vocêjá lamentou a perda das-suas necessidades de dependénc.ia , não atendidas. Agora pode aprender uma variedade de exercícios que lhe darão experiências corretivas. A prática couedva é o aspecto mais animador desse traba,lho. Nosso ferímc:nto é, em pane, o résultado de falha de aprendizagem e p oJem os corrigir essas falhás com uma nova aprendizagem. -Pazemos isso incidentalmente quando respondemos às exigênciassociais do crescimento. Mas para a maior pane dos que têm uma criança interior ferida , existem ainda grandes áreas onde a falta dessas aptidões de de_senvolvimento provoca muita dor e desconforto . 1iuitos adultos crianças não sabem que seu comportamento abortivo é devido a falhas de aprendizagem . Continuam a culpar e envergonhar a si mesmos pelos fracassos e falhas de caráter. Os exerácio s corre tivos ajudam a criança interior a compreender que seus defrito s são, na verdade, déficits. As contaminações componamentai s provocadas pela criança interior são, na verdade, os modos de sobre•
PONDO EMPRÁTIC.>. OSEm.i:fCIOS ,'COlUtrnVOS :
vivência que ela aprendeu. O psiqu~aua timmel'l Cermak compara esses comporç~en~os de ·sobrevivência às ca.racterísúcas d o esci:essep,ôs-traumátito. Os soldados no campo d.e batalha e ou• ttas pe·ssoas que sofrem eventos traumáticos preci sam usar todos os seus retursos para sob.reviver. Não têm tempo para expressaf seus sentimentos, Q.que é necessário para integ..rar o trauma. Mais tárde , Q sentimento doloi;oso não resolvido manifesta-se por mei o à.e crises cie ~osiedade, excesso de controle, iaps os de memon a, depressão, regressão na idade e supervjgilância:. Essas sãQ as caracte.tísticas associadas aos distúrbios do esue sse pôs-traumático (PTSD). Se eu escrevesse aqui a lista completa desses distúrbio s. veríamos o quanto eles se parecem com as contamina,ções provocadas pela criança ince.àor, descritas no capítulo 1. Os exercícios seguintes corrigirão seus déficit s de aprendizagem do ado . Mais do que qualquer outra coisa, aperfei~oa rão a aptidão da sua cúança interior para apenas ser e para amar melhor e conseguir maior intimi dade. Vários autores oferecem ótimos recursos corretivos para cada estágio do desenvolvimento. Eu mencionei o livro de Pam Levin , C,vdes of Po-wer.Quero c.ítar também Recovery from CóDependency. de Laurie e Jonathan Weiss; Windows ro our Childte1~,de Violet ,Oaklander: Adult Chi1drenof Abusive Parenrs. citSrephen Fa.rmer;Breaking Free of the Co-Dependen cy Trap. de Barrye J~ae Weinhold e Thera~utic Metaphors for Children and cbc:Cb.ildrenWíthin, de Joyc.e Mills e Richard Crowley. Para os, exercíciosseguintes, tirei 1tluita coisa dessas fontes. Esses exercícios funcionam melhor quando aplicados nas •átea-s e·m que você foi mai ·s negligenciado. A esta alrur.a você já deve ter uma boa idéia dos estágios em que sua cdançainterior ficou aprisionada. Recomen~o que trabalhe especialmente nesses estágios.
EXERCÍCIOSPARA CONSEGUIR QUESEJ4,M ATENDIDASAS SUASNECESSIDADESDA INFANCIA Na infância precisamos ter ·seguraoça suficien~e para apena.s ser.A rl)áioria das crianças interiores feddas aprendeu que não era certo apenas ser - que só podemos ser importante s e cer significado
VOUAADLAR
se .izermosalguma coisa. Issoleva à perd:a da noção do EU SOU. Agora precisamos aprender a não fazer coisa alguma e apenasser. Os exercícios seguintes o ajudarão a apeoas ser o qt,ie você ~. em um determinado n1omçnto . Escolha os que parecem melhores para você. • Mergulhe em uma banheira com á·gua quente e e algum tempo concehtrado nas sensações do seu corpo. Não tenha pressa de sair. • Faça massagens reg ularmen te. • Vá ao cabeleireiro e faça as unhas e o cabelo . • Faça um amigo dar comida a você - cozinhar para você ou pagar o Jantar em um restaurante. • Fique sentado, quieto, envolto em um cobenor ou acolchoado . No inverno, sente-se n.a frente do fogo e esquente marshmallows . • emúito tempo trocando caríciassensuais com seu /sua amante . • Faça seu/sua amante dar banho em você. • Tome um banho de espuma ou pas~e um tempo na banheira com água quente e óleos de banho. • Reserve períodos do seu tempo para não fazer nada, não fazer planos ; Oào ter compromissos. • e de 30-minutos a tuna hora flutuand o em uma piscina , em um dia' çiue·nte e ensolarado. • Deite-se em uma rede por um longo tempo . • Ouça uma música suave de ninar. (Tente a Suíre para Ninar, , ou Cançõesde Ninar e Doces Sor)}Jos,de Steven HaJpern.) • Quando .estiver trabalhando te.nha sempre à mão líquidos para tomar aos poucos. • Chupe balas de honelã ou outras quando começar urn novo emprego ou quando fizer qualquer coisa pela primeira vez. • Mude seus hábitos aJitnentar .es. Em vez de '' três refeições completas'', faça diversasrefeiçõespequenas e nutritivas, durante o dia. • Combine com pessoas (de preferência dos dois sexos)para abni.çálo e acariciá-lo durante pedodo determinado , todos os dias. • Tire quantas sonecas você puder nos dias em que tiver bastante tempo . • Descanse bastante antes de iazer quálquer coisa nova. • Pratique "caminhadas de confiança" com um amigo. Peça a ele para vendàr seus olhos e conduú-lo durante um período de tempo determinado .
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PONDÓ EMPMTICA osEXERdCIOS co~vos
26S
• Arrisque·confiat ·em um .amigo de quem \'ocê gosta. Deixe que ele faça, os planos e que coouo}e o que fizerem junto s. • Arranje um/a companheiro/a e fiquem se olhando durante nove r.ninutos. Podem rir naturalmente , ou sorrir, faz·er o que tiverem de fazei;.•A,p·énas fiquém· all, não falem. Apenas olhem um pata 0 outro. • Medicesobre o nada . Quando meditam os no nada. estamos meditando em sermos ~ próprio nad,a. A infáncia é o tempo em que fornos aprision~dos pelo poder de s~. Ha várias aborda§.'eosp~ra a medita ção do puro ser ·ou do pada. Essas medira~êl::s tê!l) por objetivo cnar 1:1 m estado de auscnoa o.,, rneotc, às vezes, chamado de criar· '.o silêncio:'. Aprender a não ter mente, tomo um adulto, põe a cr:iançainterior em conexão profun. da com o adulto.
MEDITAÇÃO PARA TOCAR O PODER DESER O que·se segue é uma forma muito simples de medita cãó de ausencia da roente. Os grandes mestte s espirituais am anos.para dominar essa forma de medicação. Vaie a pen.a prancar. Reco• meodo que você grave essa medi ~ação. Use sua música favorita para rr,edirar, como fundo musical , Comece conceouando-se na sua respiração.!.. Conscienâte apenas o ato de respirar... :Percebao que acohceceno seu corpo quando você aspira e expira, .. Note o ar quando entra em suas narinas e quando sai ... Qual a diferença?... Respire na sua testa e expire qµalquer tensão que encontrar ... Depois, respire em volta dos olhos ... E expire qualquer tensão que encontrar ... Depois, em volta da boca ... Agora no pescoço e nos ombros... Descendo pelos braços e s_aindQ pelas mãQs... Respire na parte superio( do peito e expire qualquer tensão que ·eocont:rar... Respire no seu abdome ... Respite nas suas nádeg;i.se expire qualquer tensão que encontrar... Respire na barriga das pérnas e expire qualquer tensão que éncontra::... Agora, re1rucetodo o corpo,.. Imagine qee você esrá vazio por dentro ... Imagine agora uma iuz dourada e quente atravessando seu .cõrpo... Entregue-se à sensação cie peso ou de leveza ... Você decide qual das dllcasestá se.ncindo... Suas pâ.lpebras estão muiro pesadas... Suas pernas e seus pés esrãú
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pesados... Ou você pode se sentir muito leve ... Como se to• do seu corpo estivesse flutuando ... Imagine que o horizonte da sua mente está ficando cada vez mais escuro até você ver apenas escuridão... No centro dessa escuridão, você começa a ver um pequeno ponto de luz ... A luz começa a crescer lentamente ... Até que todo o horizonte fica banhado de luz ... Agora, olhe para a luz ... A luz pura ... Conscientize-se do nada da sua experiência ... Não existe nada lá ... Apenas pu• ro ser... Agora, veja o número três aparecer lentamente no centro do seu horizonte ... Concentre-se ouua vez na sua respiração ... Deixe que seu consciente examine todo seu corpo, começando pelos pés, subindo pelas pernas, quadris , barriga, peito, braços, mãos , pescoço e ombro s, rosco e cérebro ... Conscientize -se no seu EU SOU... Você está cm contato com você mesmo ... Com seu EU SOU... Vej~. agora, o número dois ... Mcx-2os dedos dos pés ... Mexa as mãos... Sinta seu corpo tocando a cadeira e seus pés tocando o chão ... Ouça todos os sons que pode ouvir à sua volta ... Agora, veja o oú. mero um e, lentamente , abra os olhos ... Fique sentado guicto, em devaneio, por alguns momento s.., Deixese apenas ser. · Todos esses cxcrácios são muit o úteis para cuida r das suas carências da infância. Podem ser especialmente eficazes quando :
, • • • •
Você está iniciando um novo ciclo no seu desenvolvimento. Tem de começar alguma coisa nova. Sofreu uma perda. Acaba de ter um filho .
Esses exercícios devem ser feitos lentamente e depois ruminados . Experiências de sersão como a comida saudável - precisa ser mastigada completamente, não engolida inteira . Se você engole sua comida sem mastigar, a digestão é difícil. Os alimentos mal digeridos não nos dão a energia que precisamos. O mesmo se aplica às suas experiências de ''ser''.
l'ONDO EMPllÃDCA osEXERdaosCORR.ETIVOS
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EXERCÍCIOSPARAATENDERÀS CARÊNCIAS DA SUA CRIANÇA QUE COMEÇAA ANDAR Engatinhar e estágio de exploração sensorial Frit z Pe.ds costumava dizer que precisamo s ' 'perde r nossas mentes e entrar nos nossos sentidos' '. Nossa crian ça interi or teve os sentidos bloqueados muico cedo. Precisamos refazer o cor.taco·com o mundo dos sentidos que nos rodeia . Aqui estão algumas das coisas que você pode fazer para reestimular as necessidades de exploração da criança quan _do começa a andar . • Vá a um ' ·mercado das pulgas '' ou a uma grande loja de depanamentos . Pegue e examine cudo que despenar seu interesse. • Vá a um café ou restaurante que tenha bufê. Escolha uma porção de comidas diferentes. Experimente coisas que nun ca comeu antes . • Vá ao supermercado e compre coisas que normalmente você não come com as mãos. Leve para casa e coma com as mão s. Lambuze-se quanto quiser . • e algum tempo mordiscando ou mastigando alguma coisa crocante . • e algum tempo na seção de frutas e vegetais, sentindo os diferentes aromas. • Vá a um lugar onde nunca esteve ances. Preste atenção a todos os detalhes do ambiente. • Vá a um playgrounde fique algum tempo com as crianças. Use os balanços, o escorrega, suba nas árvores da selva de brinquedo . • Vá à praia e e várias horas brincando na areia e na água . Const rua alguma coisa com areia. • Brinque com massinha. Experimente novas formas e figuras. • Comp re cinta para pintar com os dedos e e uma tard e pintando. Use o maior número de cores possível. • Vá a uma classe Montessori e deixe-se guiar pelo ambiente . Tente qualquer coisa que tenha vontade de farzc:r. • Vista as roupas mais coloridas que encontrar e vá a algum lugar. • Faça barulho com os objetos em casa. só para ouvir os sons. Não esque ça as pane las e os talheres .
VOIIA NJ1Al\
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• Váa um parquç de diversões e pas~e hoias olhando e andando nos biioquedos. • eie pór um parque ou jardim e sinta todos os perfumes . e de um perfume para outro. • Vá a um museu de belas-artes e olhe as tores brilhanr_es dos quadros. • Convide um/a amigo/a ou namorado/a para urn longo eio: Caminhem de mãos dadas e deixe que seus sentidos determ inem a direção a seguir . • Vá a um parque com um/a amigo/a e pratique a observação zen. Revezem-se no exetácio de fechar os olho s e àeixa.r-se1:var. Most:re a seu/sua amigo/à uma folh a, o tronco de uma árvore, uma flor silvestre. Quando apenar a mão dele/a , deixe que elc::/aabra os olhos como se fossem o visor de uma câmera. Abra e feche os olhos quando o/a companheiro /a apertar sua mão e vejaa pura essência da vista que ele/a preparou para você. 0 Ande descalço/a por um campo ou em volta da casa. Sinta as texturas diferentes das coisas: da -grama , da terra, de uma pele de animal, papelão , jornal, tapete s, almofa das. toalha s, mad eiras, metal, ladriiho e assim por diante . • Couvetse_com o/a companheiro/a sem falar - só por meio de gestos e contato das mãos . • Escreva uma lista das palavras que significam sensações e veja o que vem a stÍa menre quando as lê em voz alta . Algumas palavias podem ser: esbwacado,espinhoso,formigamen to,leveza, escorregadio , duro, mado, fino, gordo, escuro,daro, e assim por ,. a1ante. ,. Recapture seu olha,: ol_hando para as coisas. Por exemplo, e por um pontç, de ônibus e veja a,spessoas na fila como se você fosse urna máqu,ina fotográfica cirando fotografias. Descreva por escrito detalhadamente o que viu . • Sente-se na frente de uma flór, uma átvore ou uma maçã nu ma espécie.de estado de meditação. Sínta-se um com o objeto . Vejao objeto em toda a sua maravilha. Deixe que sua mão siga o que seus olhos vêem e desenhe o que está vendo. • Converse com um/a amigo/a com palavras sem senddo. Procur.em adivinhar o que o outro ~stá dizendo . • Brinque de som " misterios o" com :.iro/a amigo /a, Vire de costas para adivinha r enquanto a outra pessoa põe água em u m copo1 toca tambor, bate com um lápis, coça a cabeça e assim por diant e. Revezem-se n a adivinha çao . •
PONDO EMPRÁTICA osEmdCJOScow:nvos
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• Convide uma porção de pessoas para cantar. Cantem canções divagadoras como, ''Eu queria ser uma maçã na árvore'', e inventem novos versos. Toque canções infantis para todos, espe-
cialmentemúsicafolclórica. Renovando o contato com os desejos O exercido mais importante deSta seção talvez seja o que ajuda sua criança interior a renovar o contato corr.seus desejos. ..A..p~ maispre1:.:dicada da nossa crianca ferida ê sua vonrade. A vontc.de é o desejo devado ao nível da ação. O, desejo flui de uma cooexão com as nossas necessidades. Como filha de uma família disfuncional, nossacriança incerior não podia dar atenção aos próprios sinais internos porque estava ocupada demais com a infelicidade da familia. Muito cedo ela perdeu contato com as próprias necessidades e desejos. Eu sabia o que meus pais queriam antes mesmo deles saberem que queriam~specializan do-me em saber o que eies queriam , perdi contato com o gue eu çru,eri:i._. Llteralmenre, aprendi a ig-noraro que queria, e depois de algum tempo, dei.'<eicompletamente de querer.,Seu eu actuh:odeveajudar sua criançainteriora reconhecer os próprios dese,os e protegê-la J:.OQ Ya.ntoela se arriscaa conseguir o que que !.: Um dos meios mais simples para identificar seus desejos é fazer a lista dos seus comportamentos substitutos . Depois, pergunte a você mesmo: o que estou realmente pr-ecisandoou desejando quando me comporto deste modo ? Aqui está uma lisra dos comportamentos substitutos mais comuns.
• • • • •
Mentir. Comer quando não se tem fome. Apanhar um cigarro. Ficar amuado. lnsulcar uma pessoa de quem se gost:i.
Q:.ianclo percebo que estou agindo de uma dessas maneiras. eu sento. fecho os olhos e presco atenção aos meus sinais interiore~. Gera1menre escuto minh a criança inrerioz pedindo alguma coisa. Aqui esrâ.o alguns exemplos dos dese1os relativos aos comporramenros acima. •
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• Quero expressar raiva. • Estou assustado e/ou solitário e quero estar com alguém. • Não fumo mais, m,as quando fumava, geralmente estava sob o efeito da· minha depressão crônica. • Quero que alguém saiba que eu sou importante. • Quero sua atenção, · • Preciso ser acariciado. Há muitos outros compónamentos substitutos que as pessoas usar, quando não sabem o qué realmente desejan1. Algun s são bastante generalizados, outros extremamente idigssincrásicos. Para ajudar nossa criança interior, devemos prestar atençã.o aos comportameotos substii;utos. Jon e La.urie Weiss pedem aos seus clientes para fazer uma lista de '' eu quero'', ou lista de ''desejo s''. Pedem que levem sempre com eles lápis e papel. Toda vez que notam alguma coisa que querem , acrescentam à lista . Cada cliente se compromete a escrever a lista do que realmente quer e mostrar ao seu_terapeuta (pode ser a ,~m amigo ou um monitor) o que ele fez. E um exercício excelenttl. que eu aconselho a fiµer.
EXERCÍCIOSPARA O ESTÁGIO DE SEPARAÇÃO QUANDO A CRIANÇA COMEÇAA ANDAR Quando a criança aprende a 'ficarsobre os próptios pés, ela começa a se separar. Há vários exercícios para o caso da sua criança interior nã0 'ter realizado essa separaç.ão necessária. Pracicarpara dizer "não ' ' e "não vou fazer isso': Isso é geralmente bastante assustador se você foi punido e/ou abandonado por dizer "não" . Jon e Laurie Weiss sugerem um método de três os para aprender a di~er não. l . O primeiro o t opsiste em dizer não privadamenc .e. Di ga
não freqüentemente (20 vezes por dia) em voz alta. Diga não às coisas que você não quer faze!. Isso o ajuda a sentir a rebeldia natural de uma criança com dois :anos.
PONDO nl PRATICA OSEXERdCIOS CORRE'llVO S
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2. O .o seguinte consiste em dizer não num contexto semipúblico. Nos seus grupos de te rapia, os Weiss fai:em o cliente dizer não e eu não vou :hzer isso em voz alta e ao acaso, não necessariamente em resposta a qualquer coisa que está acontecendo no grupo. Obviamente esse comportamento seria rude em qualq u er outra ocasião. Acho que você deve praticar isso com um/a companheiro/a ou grupo . Você pode com• binar com seu/sua amigo/a a dizer não a tudo que ele/a per guntar. Faça isso durante um tempo. Diga não antes de saber exatamente o que você quer . Os Weiss en corajam se~~ clientes a d1zer não e depo is discu ti rem se q u erem reairue.nte ou não fazer alguma coisa.
3. Este é para valer! Você tem de dizer não a alguém de verda . de. Seu não d·eve respeitar os sentime n tos da outra pessoa mas não assumir a responsabJljdadepor essessencimencos Eu gosto de expressar meus sentimentos sinceros e minha op i• nião sobre alguma coisa que me pedem, mesmo quando não concordo. Por exemp1 0. meu amigo M.jke récentemenr e me: convidou para jogar boliche. Eu disse : ' 'Jogar boliche é divenido. E não, tenho muito que fazer hoje . Talvez outro dia.'' Gosto de elogiar a idéia . quando ela realmente me agrad a. Gosto ta°:lbém de dizer e, ao invés de mas. sempre que ~ possível. As vezes eu digo , "Obcigado por me convidar ! E não , tenho outro compromisso.'' Algvns "não'· são muito mais difíceis do que outros. É difícil dizer não quando realmente quero fazer alguma coisa ou quan• do toca uma área vulnerável das minhas carências não resolvidas . Uma pessoa s.edenta de carinho fisico pode ter grande dificuldade em recusar um convite sensu~L Quanto mais você ajudar sua criança interior a identifi car suas carências e a ensinar a tomar conta delas, mais fácil é dizer não, Outro bom modo para reforçar a independência da criança interior consiste em fazer um c:urso de auto -afirma ção. Esses grupos oferecem segurança e exercícioscuidadosamer:.ce estruturado s para aprender a dizer nã o. Há também vário s livros bo ns p:u 'l aprender auco-afirmaçã o. Dois dos meu s favorit os são l'õu.r Pertece Righc. de Roben Albeni e Michael Emmon s. e \\1/nen I Sa_1· No l Feel Guil rv. de Manu el Smith .
l ,
Se você é um rebelde, provavelmente, dirá não demais. Você pode dizer não quando quer dizer sim. Conversecom sua criança interior. Diga que você quer proteger os direitos dela. Diga que ela pode parar de gastar toda sua energia para garanàr seus direitos . Diga que ao invés de esperar para saber o que ouuos querem dela para poder resistir, ela pode agora determinar o que ela quer e o que precisa, e pedir diretamente . Estabelecendo se u próprio domínio separad (l Converse com a pessoa com quem vive a respeito da imporr áncia de cada pessoa ter as próprias possessões, o próprio temp o e o próprio espaço separados. Concorde em elaborar um coa junto de regras pessoais para seu domínio separado. O conjunto de regras pode ser este:
• • •
.• (
•
Pane do meu tempo que me perten ce, posso ou não compartilhar com você. Ningutm pode usar uma coisa que me pertence sem minha pc:rmissão.7' Se eu dou permissão para usar uma coisa que me penence , espero que você a devolva ao lugar, depois de usá-la. Meu quarto (ou o espaço que tenho) é sagrad o para mim . Quando minha pona estiver fechada ,_por favor, bata e espere minha permissão antes de entrar . As vezes tranco a porta para garantir minha privacidade . Por um determinado espaço de tempo quero negociar meu lugar especial de trabalho, meu lugar à mesa de jantar e minha cadeira especial. Estou disposto a renegociar esses espaços em uma data determinada, no fururo.
Outra prática útil para mudar um relacionamento confuso e co-dependente consiste em fazer uma liscados seus percences. Cole etiquetas brancas com seu nome em tudo que é seu. Pode também escreverum horário e pregar do lado de fora da sua pona. Iodique os espaços de tempo que peneocem à sua privacidade: e solidão e o tempo que está disposto a compartilh ar com os outros.
roNDOEMPRÁTICA 0S EXIRCÍCIOS CQRREDVOS
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Expressão da raiva ~tual Nossa taiva epane do nosso. poder pessoal. É aenergia-.gue usa-, o ara ·rote er nossas necessidades básicas. Sem nossa raiva, ..O _QLtransfurmamosem capàcb..Qs e.bajujagores. Na in ânaa , tâl't'.ezvocê.renha sido punido e envergonhado cada vez que de.rnons- crou sua ra:iva. Sua criança interioraprendeua não maissc;ncir ~{>pria raivíl,.Com o ar dos anos, ela ficou tão insensib iJiza
f.9.m., aprendeu
o ~~inl~llW...! .ru:)J.l..C:J t; - fu .~~da ou rri s>equ·a11doesta com i;ruY& ~a é diferente. Quase .sempre, gua nào a crian-
- ça expr.ess.a..s:ua..raiv ,a.J.:u:c.w..cnm .que ela se 5,; oracuá EIa ap ceade
~ue expressgr raivaé faltade r~s.peüo e désobediênci a. Esse cóm•
ponamentó vai contra o quarto mandamento e é moralmeure ertado. Quando a criança ,sente raiv~ dos pais, ela imediatamente sente-se culpada . Sente que fez uma coisa errada . Grande pane do nosso sentimento de Eulpaem relação aos nossos pais é, na verdade, raiya disfarç .ad;a. Muitas pessoas. confundem a raiva saud ável com a explosãó volátil e repentina de fúria. que é •resultado da raiva repümida até o limite máxirnó de contenç,ã0. A raiva não tem de ser volátil. Em uma escala de um a cem, os os de raiva estão no topo . Em geral, não compreendemos que a rai:vacom .eça com l:llD aborrecimento ou um nervosismo moderados.Se fot expressa imediatamente, é d~cauegada com facilidade. Muitas pess_eas pensam que a raiva é volác.:ilporqu e .la adequadament e, nunca aprenderam a habilidade de exp.ressãPor acreditar que a i:aivaé volátil, sua crian çain i:erior a teme. lvfui tos adulros criançassão manipulados pela raiva. Eles des.istem da própria .realidade para evitar que outra p('ssoafique zaogadit. Ajudando a criança interior a eouar em contato com a pr ó~ pria raiva e ensinando como t::xpressá-la.reduzimos esse me do •
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VOLTA AOI.Al\
Ela pode apt;ender a controlar a própria raiva. Pode aprender a ver a raiva dos outros como algo que pertence a eles e pode se recusar a se responsabilizar por e-la. Se não ·é conveniente para você fazer um curso de auroafirmação, recomendo que pratique a expressão dá raiva do seguinte modo:
1. Quando estiver praticando pda primeiravez a expressar sua raiva 1 afaste-se quando se sentir zangado. Sente e pense no assunto. Procure 'tet .certeza do motivo da su·a raiva. Esrteva esse moti-vo,se for necessário. Cenifique-se sobre o que você quer ou não quer que a outra pessoa (aça. Por exemplo, recentemente eu fiquei furioso. Eu pedi ~ um empregado para me telefonar e ele concordou. Chegou a hora corribinada, 1.4horas, e ele não telefonou. Esperei 30 minutos. Eu tinha muito que fazer naqude dia. Às 14h30min eu estava furioso. Esperei que a voltagem baixasse, e então ei a uabalhar pal'a expressar minha raiva. 2. Ensaie o que você vai dizer. Em voz alta. Se for possível, en-
saie expressando sua raíva_para um amigo que não tem nada a ver com. o caso. Eu.ensaiej assim, di•zendo : ''Estou furioso com voct Pedi para me telefonar às 14 horas, na sexta-feira. Você di$é: · tudo bem. E você nã.o telçfonou.''
,' 3. Assim que estiver pronto, entre em contato com a pessoa com quem está zangado. Diga-Jheo quanto está aborrecido e que quer falar com ela. Marque um encontco.
4. Expresse sua raiva para a pessoa que o ofendeu. Eu costumo prefaciar minhas expressões de raiva com a afirmação: 11 Minha raiva, provavelmente contém elementos da minha hist6ria e talvez eu não tenha consciência d.isso,mas estou zangado com voce... A
"
Às vezes, eu me conscientizo dos deme-ntos da minha história p-essoal.Nesse caso, digo i$SO pata a pessoa. Por exemplo, eu posso dizer : •'lvieu pai sempre dizia que ia telefonar e nunca telefonava. Estou zangado com você. Eu pedi para me telefonar às 14 horas ...'' Você pode não obter a resposta que deseja da pessoa com quem está tangado, mas o imponance é expressar sua raiva. •
PONDO EMPRÁUCA OSEXERdCIOS CORRFl'IVOS
A raiva prccisaser.descattegada o.mais depressa possÍ'vel.Uma v,eztendo-apr.endido um modo sáudável de exptessar a raiva, faça isso o mais.-próximo possíveLdo incidente que a provocou. O úojco moti~o pele qual eu sugiro que espere algum témpo é o faro de qqe é sempJremuito assustadQr qµando começa.mosa aprender a expre~sara raiva·. Em razão de terror que en:volvea idéia da zan'ga, ela geralmente é s-uper-rea-rivae se ·manifesta como raiva
Aprenda a .expressara raiva do ado Quapdo sua criao_çaintedor sabe que você está ali para proteg éla, geralmente a raiva do ado começa a ~ir à tona. Sµa criança Ínterior pode éstar zangada ainda com coisas que aconteceram na sua.i'nfâncla. Como defêosbt d.asua criança .interior, vocêquer acaâ p~ bar com o ado. Geralmente oão convém ir direcamenr:e soa que o feriu no ado. A raiva do ado pode ser crab:alhada sirnbolicamente . Feche os olhos e -vejasua criança inc.etio1. Pergunte sua idade:. Então imagine que vocêestá fiutuandfJ para dentro elocorpo dela. A·goi:a., você é uma criança. Olhe para seu adulto e seguresqa mão de aciul'to.FJ.çauma âncorafechando seu pua.bci direico.A·gora, faça aparecei;a pessoa.que provocousuarai\ :a. 'Olhe atentamente para ela. O que ela:escávestjndo? Diga-lne que você es1:ázangado com eia.Fique .com o punho fechado o tempo tod o, Diga-lhe tudo que tem a dizer, respire fundo e .abra a mão (isro é, desfaça sua âncora). Volte ao seu eu adulto. Levesua criança interior para fora da sala ou do qnarco. Abra os olhos lentamente . Drga à sua c.cian_çaint .erior que é cena sentir e expressararaiva. Gara.n:a que sempre estará ao seu líiclopara protegê-la . Diga• lhe que ela pode ficar .zangada e:que você nunca a abandonará . Há outros meios para se trabalhar a rarva e o ressentim.ento. Alguns devem ser usados em um contexto texapêucico. Se tiver dúvid;i.s, procure um ce.r::apeutaqualificado.
Perigo: uma observação sob.i:e3 fa,iva O uabalho ,om a raiva deve ser feito sempr-ecom ajuda de um profissional. A raiva é a zanga abafada peia vergonha. A zanga abafada pela vergonha cresce em in.tcruldrui~ ç.gi?iL .Q ar_ d~
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anos. É orno um lobo faminto preso no orão. Com o cem o a ene,rgia fica mais intensa e o lobo quer sair do porão :._Q~d Q__ come amos a descarreg !Ç_nossa raiva, ela é rimitiva e difusa. Po__ckmos..;gritat_eWY.íU,p__odem_2s _b.ater. e. girar__osbraços em_todas ~ A raiva contém elementos de terror; por isso, quase sempre gritamos de raiva. A característica que quase sempre conduz à raiva é sentir-se arrasad o, descont rolado. Nossos lábios cremem, nossa voz fica entrecortada e dizemos coisas irrelevantes ou exagerad as. Queremos ferir a ouua pessoa. A raiva possui uma qu ~lidade de absolutismo . Sentir raiva o tempo rodo e reagic_el@ge- . s_ .radam~n.~ :.i.coisas ~ m impo n;ânciª-P-ode indicaruma.Jai,:a.mai ruofunda gue _precisa ser trabalhada e resolvida ,._ E prudente temer a raiva - tanto a nossa quanto a dos ouuos . Todos os presentes , incluind o você, precisam ser protegido s quando você trabalha sua raiva. Consulte um conselhe iro para esse trabalh o.
•
Práticado confronto Se aJguént" está invadindo suas fronteiras, você deve ajudar su2 criança inteâor a se defender da invasão. Gosro de usar um '' modelo de per cepção'' para a prática do confronto. Esse modelo focaliza os quatro poderes que todos nós possuímos para nossa interação com o mundo. Esses p od eres são os nossos sentidos, no ssas emoções e nossa vontade (ou desejos e ne cessidades). Eu uso mensagens do' 'Eu'' para transmitir a verdade da minha percepção. Essas mensagens são afirmaçõe s auto -responsávei s. O mod elo completo é assim: Eu Eu Eu Eu
vejo, ouço, et c.......... interpreto .... . .. ......... sinto.............. . ..... .. quero .. ................. ..
(sentido s) (a mente , o pen samento ) (em oções) (des ejos)
Exemplo: Joe e Susic: foram ao seu clube de dança da quadrilh a. A criança interior de Susíe está aborrecida porque Joe escolheu uma mulher muito bonita para dançar uma das danças que Susie não tinha aprendido aind a. Naquela noite Susie diz a Joe : •
PONDO EMPRÁTICA OSEXERÓO0S C0RJ\EllVOS
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' 'Eu vi você escolher Sarah Lowpara dançar. Eu ouvi vocês dois rindo baixinho. Eu intereteí issocomoprovade que você se sr:nte auaído por ela. Eu me senti assuscadae abandonada. E eu quero que você fale a fr:speirodisso comigo." Joe disse que achava Sarah bonitinha e gostava do modo rom que ela dança'la. Disse também a Susie que a amava (Susie) e que preferia estar com ela. Disse oue queria ensinar a ela o novri o para dançarem juntos por mais tempo. A criança interior de Susie não gostou de saber que Joe achava Sarah Low bonitinh a. Mas sentiu-se rnuico mais segura. Ela cem d=aprender que ser norm ci1implica as auasco1s:;s.Jo:: pocie am::: Susie e achar Sarah Low bonitinha . Joe age com segurança e responde carinhosamente. Nem sempre isso acontece nos relacionamentos. Pode acontecer qualquer coisa. desde uma atitude defensiva, até a raiva quando confrontamos alguém. A não ser que se trat e de um ae-ressor víolent 0. o c_onfro~to é muüo impon anre quando nos aborrecemos com uma pe-ssoa especial na nossa '-lida. O confronto é uma atitud ~ nonesta e cria a confiança, po nan to, é:um aro de amoc. Quana c, confronto alguém , estou me valorizando e decermJnando uma fronteira. Estou também valorizando e confiando na pe!-súaqu:i.ndo digo o que estou sentind o.
Pensamento de polaridade Pensamento de polaridade é p ensamento sintético. É difc,ente do pensamento de polarização ao qual me i:cferiantes. Vocêdeve ensinar o pensamento de polaridade à sua criança interi or.~cobu ma pessoa ou situação é só boa ou só má. O pen sament o de polaridade nos permite ver as ''as duas coisas" da vida. Na Nova Regra 5. recomendo que você confronte o absolutismo da sua crian l,-a interior. O pensamento de extremos é devastador para os relacionamen tos de adu ltos. A criança tem o direito inato e natur al de esperar o amor incondicional dos pai~, mas nenhum adulto pode amar oucro incond.icionalmeote._Pormaissaudávelque seia o amor çnuea.dulros. é sempre condicional.Com adulros, nosso amor dt pende sempre de cerr:i.scondições. Nenhum companheuo é perfeito, nenhum cuidará sempre de nós nem estará presente para nós em -rodos os momentos. Muitos de n ós somos volúveis. ocasio-
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110ID.ADLAR
nâlmente. Aprender que a realida4c:cónsiste cm ambos/e é o início da sabedoria. Aprenda a ver as qualidades eas deficiênciasdas outras pessoas. Digaa si mesmo que todas as coisascriadassão mais e são menos. Lembre-se, não existe luz sem trevas, nem som sem silêncio, alegria sem tristeza, nem segurar sem largar. Nossa criança interior gosta de ver as pessoas como deuses. Faz isso por próteção. Devemos dizer a ela que não existem fadas madrinhas, Sempre que fazemos de alguém nosso gu11,1, estamos nos diminuindo. Diga à sua criança interior g_uevocê vai ser seu ,g.1,u11. ~µ sou.o mago gentile,.sábio do mey.J9ã.ozinho_..
Regras da luta limpa A s regras que eu gosto são: l , Fique no agora. Lute por aquilo que acabou de acontecer, não por uma coisa que aconteceu há 20 anos.
2. Evite a contagem âe pontos . Nossa criança interior gosta de guardar as coisas e, mais tarde, atirá-las contra as pessoas. ;,,
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3. Atenha-se ao detalhe comportamental específico e concreto. A criança interior funciona melhor com o que ela pode ver, ouvir e tocar.. Dizer a alguém, '' Você me enoja'', não tesolve nada. 4. Seja rigorosamente honesto. Prefira a verdade à discussão. 5. Evite culpar e julgar.A culpa e o·julgamc:nto são disfarcespara a sua vergonha. Limite-se às mensagens do Eu e use o modelo da percepção. 6. Use a regra da audição; repetindo para a pessoa o que você a ouviu dizer(de forma que ela não possa negar) antes de começar a responder. A criança interior raramente era ouvida. .Ela age baseada na vergonha e na defensiva. A regra da audi ção faz milagres quando duas pessoas se comprometem a usá-la. 7. Evite discutir sobre detalhes: "Você ·está atrasado 15 minutos.'' •'Não, nove minutos.'' A criança interior em idade escolar, concreta e literal, adora discutir detalhes.
POND OEMPRÁTICA osEXERdaos COR.R.ET JVOS
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8._Nãó sufasçe.a nãoser.quesuacriança, inre,rior este,ja sendo agrediga. Se você está sen do agredido , sempreretire-se ou pro,(cure prote ção.
9. Eu ensino à minha criança interior a seguinte fronteira em relação a conflitos. ''Eu não vim ao m u ndo para ser medido por suas fantasias, crenças ou expectativas. Não serei medido ou contro lado por eles. Se tivermos um conflito, vou ficar firmt: e lu tar limpamente. Peço a você para faze r o mesm o. Se você se tornar abusiv o sob qualquer aspecco, eu vou emb ora."
Estabelecendo novas fronteiras Ensino à minha c(iança incerior a seguinte declaração de estabelecimento das front eiras físicas: ''Eu tenho o dfrei co de decerminar quem pode tocar e111mim. Eu direi aos outros quando ec omo podem me tocar. Posso me ret.rair do conta to físico sempre q ue m e parecer pouco segur o. Posso fazer isso sem or,_c1sarexpi;. car. Jamais àeixarei que ninguém viole meu corp r :;.não ser qu e minha vida esce;a em perigo.' '
Praticar para ser genioso e teimos o Faça isso especialm ent e quando você deseja muito alguma coisa.
Aprender a mudar de idéia Faça isso cinco ou seis vezes po r dia quando estiver praticand o as carências da sua crian ça 1ncerior qu e começou a andar .
EXERCÍCIOSPRÁTICOS PARA A IDADE PRÉ-ESCOLAR Sua ·crian ça inte rior em idade pré-escolar rem várias tarefas jm. panantes para realizar. Precisa estabelecer o alcance do seu pode r.
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VOIIA AOLAR
definindo a si mesma. À medida que sua mente e sua imaginação se desenvolvem, ela começa a pensar .sobre suas experiências , acrescentando, fazendo uma porção de perguntas e chegando a algumas conclusões sobre sua identidade sexual. ·Ela.usa a imaginação para criar imagens da vida adulta. Imagina como é ser a mamãe ou o papai, como deve ser trabalhar e fazer sexo. Ela precisa se unir ao progenitor do mesmo sexo para se amar como homem ou como mulher . Tonto o menino quanto a menina, na idade pré-escolar, pensa sobre uma variedade de coisas e começa a formular uma consciência primitiva. A forma ção da consdência le't'a à compreen são de que urnas coisas são cerras e ouuas são erradas . lsso 1 por sua vez, conduz à expeci'ência da culpa. A culpa é a emoção que pro . tege nossa consciência .
Fazer muitas perguntas A criança interior -ferida opera :a partir do transe familiar. Ela aceita as palavr~ das pessoas sem pedir expljcações. Ela pensa, adivinha , analis':i ~ fantasia seu caminho pela vida. Às vezes, age como se soubesse tudo porque foi envergonhada cada vez que cometia o menor .mo. Aprenda a reconhecer o fato de que sua criança interior está confusa. Aqui estão alguns exemplos dos sinrus , de confusão da minha c:riança interior. Uma coisa pode me fazer ' sentir tristeza ou felicidade ao mesmo tempo. Dois componamenros opostos parecem ter méritos para mim . Não sei ao certo o que outra pessoa quer de mim. Não tenho certeza dos sentimentos de outra pessoa. Perguntam o . que quero e eu digo que não sei. Qu~do a sua criança interior está confusa, escreva o que a está confundindo; por exemplo , eu me sihto feliz porque terminei um relacionamento . Sinto-me também uiste pelo mesmo motivo. Pergunto a mim mesmo: ''Qual é a origem da minha felicidade?" A reS(>OStaé que estou livre para começar um novo relacionamento. E bom sair da rotina . Sinto-me triste porque lembro dos mómcntos bons que ei com aquela pes~oa.'Posso lembrar também os momentos ruins. Não há nada de errado em sencir felicidade e tristeta ao me •smo tempo. É comum termos sentimentos diferentes sobre a pessoa. Escrever essas perguntas ajudame a esclarecer minha confusão . •
PONDO-EM PRÁTICA osEmdoosCORRrnVOS
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Se você está confuso sobre os sentimentos ou necessidades de outra pessoa, faça pergunt as a ela até esclarecer sua confusão. Ela também pode estar confusa sobre os próprios sentimentos.
Apren_gª-.~fazermuitas__perguntas . Ensineà sua càança interior que não ê fácil_e,nte[ld~r os outros. Ninguém 110 mundo çntende a m~ma frase da mesma ™ cira:_Fazetperguntas é um3:. permissão importante que devemos dar à nossa criança interior.
Esclarecendo as comuni cações Em um relacionamento importante, combine com seu cornpa• nheiro ou compa nheira determinarem um tempo para esclarecer suas comunicações. Pratiquem dois tipos de auclição:ouvir o gravador e ouvir acivamente. Ouvir o gravador ê simplesmente repetir para a pessoa as palavras que você ouviu dela. Eu uso um a fórmula simples. "O que eu o/a ouvi dizer foi... Esrá ceno ?" Ouvír ativamente consiste em ouvir com os olhos! Você ouve as palavra.5,mas olha para os sinais de sentimentos na pessoa. São sinais manifestados pelos movimentos dos olhos, expressão facial, tensão muscular, variaçõesno tamanh o dos lábios. padrões respiratórios e outros sinais físicos. como a postura. Com a audição aciva, você percebe tanto o processoda pessoa, quanto o conteúdo da sua comunicação. Na verdade, sua criança 1nteciof cem muita prática em_petcebec os pr:occ;ssos,,.das ,; pessoas. Mas faz isso inconscientemente. Pcacicando a audição ativa, você pode se tornar mais consciente do pi:ocessoda outra pessoa. Ouvir também nos ajuda a yerificar o gu~ elª- está dizendo . Poucos de nós vimos esse upo de comunicaçãocomo modelo nos nossos sistemasfamiliares. Muitas vezes~n ho tratãdo com pessoas que se ap6iam em adivinhações e em suposições não verificadas. Qua ndo essas fantasias são tratadas como faros, aparecem sérios problemas no relacionamento.
Percepção dos próprios sentimento s Lembre-se de que os sentimentos são nossos motivadores biolóo gicos primários. O que você sm em um dçcerminaçlo.,mpJ.Tient ....é...a ..po.oco~ nt!aJ_gi.JY.a,L ealidadi: oaguei e, momento $na cnanç3...... •
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~rior
teve ~SS sentime ntos tão a ~ionados _pela ye,rgonható,xicaque scw;irg,yg[queIcoisaé sentir vergQ_nqatóxica. Aqui estão algumas sugestões para encorajar sua criança interior a sentir
e expressarseus senamencos com segurança. Durante 21 dias, e 30 minutos diários apenas notando o que está sentindo . Para ajudar meu J oãozinho a sentir seus sentimentos , uso a técnica da terapia gestalt do exagero. Se percebo que estou uisre, deixo meu coSto demon strar tri steza e até fin jo que estou chorando. Se percebo que estou zangado, exageroa raiva no meu corpo, fecho os punhos ou, se meus dentes já estão cerrados, cerro com mais força. Solto rosnados em voz baixa. Às vezes, soco uma almofada. Eu também dou palavras aos meus sentiment os. Pergunto ao meu sentime nto o que ele quer dizer. Então, digo em voz alta. Deixo que meu Joãozinho expresse a emoção com a maior força possível. Não deixe de fazer esse exercício com sentimento s de felic:ídade e prazer também . Se você está feliz e sorridente , sorria mais ainda. Grite de alegri2.. Pule e dance . Use esta récnica sempr e que perceber um senti ment o em um ambiente apropriado para expressá-lo, (Não no meio de uma reunião de negócios.) Ouvir r:qúsica,ir ao cinema ou assistir a um show na televisão podem dClonar fortes emoções. Algumas vezes somos apanhados de surpresa porque, a princípio, a emoção parece não ter nenhuma rda ção com o que a provocou ou é exageradament:e intensa. Em vez de ignorar o sentimento, respire fundo e en tregue-se a ele. Exagere o sentimento fisicamente na medida do possível Expresse verbalmente o que está sentindo do modo mais completo possível. Quand o terminar, pense sobre ele. É imponancc: eStacconsciente de que está pensando sobre seus sentimentos. Sua criança.interior, muitas vezes, confunde sentimentos com emoções. Enumere as emoções para sua criança interior . Afirme e apóie a emoção e: diga à sua criança inte rior que é cerco senti -la . ~
Estabelecendo fronreiras emocionai s Gosto de dizer à minha criança interior que ela tem o direito de estabelecer as próprias fronteiras emocionai s. Digo o seguínre :
PONDO EMP&ÁTIGA OSEX.ERciqos CORRETIVOS
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''As emoções não são cenas nerzyerradas. Elas simplesµ1entel S:áo . O que você sente a:meu i:espeho é sobre suahiscória emocional ,Q q1;1eeu sinto. por você é sobre minha bistólia emodonal .j Eu_respeito,suas•çmoçõese dou valor ã elas e peço que façã o mesmo com as minhas. Não serei manipulado por sua raiva, sua -rris~~z.a, medo ou alegria.' '
Estabelecendq fronteiras sexuais A identiê.1de sexuru é um do~ hue ress~ orincipa.is das crianca.. ~ em idade .pié-escoiar, em bera não sejam muito .sofisticadassobre Q assunto. A energia vital é energia sexual e faz com que o préesc.ôlar descubra 0s limites do seu poder, estabelecendo uma auto .dade sexual é o cenuo da definição, uma iáentidade. Essa ic:l.enti nossa verdadeira iaentiâad e. 0 sexo não ê uma coisa que temos. mas o que somos. As crenças çia sua cdança interior sobre sexu~lidâde são forjadas pa marriz do gra.a de intimidade funcion al do casamer.u.Jdos pais. na un.tão da criança com o progenícor d o mesmo sçxo. e no que os -pais acreditam sobre sexo. Se você não explotpu sua sexualidade, ê importante que o faça agç,ra. Sua cóaoça interior está sobree:.arregadade injuoções dos pais sobre sexo. Ela precisa que você determine suas frooteiias sexu.iis e não a.e ésqueça. Eu acho útil esçrevcr essas fronteiras, uma ve:zque escrever nos ajuda a esclarecer as coisas. F.açaprimeiro uma lista de tudo que você acredita sobre sexo. Inclua coisas como freqüência do 'ato sexual, a hora c.erta para fazer sexo, o alcance dos c0mpor tamentos sexuaispermissíveis,conversasobre sexo,comportamento sexual perverudo , as carícias antes do ato sexual.. a resposta masculina, :aresposta feroinima.Ao Jado de cada item. esci;evaa origem da sua opinião. Por e:xemplo,se logo abaixo da coJuna para COrJ:lpotramento·sexµal pervemdo 1 você escreveu sexo oral, pergunte a si mes.mo quem disse que o sexo otal é urna perversão. Se sua re~posranão for sua própria experiênciaou sua escolha pes.soal, v,ocêdeve experimentar seriamen.te esse componamento. De\ternos ajudar no..ssacriança interior a estabelecer noss:is crenças sobre sexo, desenvolvendo um a consc.iência informada. Isso significa o uso da nossa experienda de adultQs ~ a análise e·a coosi.. àeração pruàenre das tradições culcµrais e espirituais que nerdamos. Para mim , parece óbv:i9que um m!nimo de padronizaçãc-
YOl!AAOLAR
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poderá proibir a exploração e/ou a violentação de ouua pessoa. Isso dá margem a um grande número de experiências sexuais perfeitamente apropriadas entre adultos . Cada pessoa deve escolher as próprias fronteiras sexuais. Aqui está um exemp lo de uma declaração escrita para suas fronteiras sexuais: ''Eu escolho com quem quer o fazer sexo. Tenho direito de determinar como, quando e onde quero fazer sexo com outra pessoa. Minha única exigência básica é o respeito por minha dignidade e a do meu/minha parceiro/a . Sendo assim , jamai s farei qualquer coisa que possa violar ou explorar a mim ou ao/ à meu/minha parceiro/a.'·
Liberando
a imaginação
Muitas vezes a criança interior fica desesperançada. Essa desesp eranç a é o resultado do esm~amenro da sua im aginaç ão quando era muito pequena. Pode ter sido chamada de sonhadora , ou pode ter sido enverg onhada por imaginar as coisas. Reserve período s de ·tempo regularmente para visualizar durante 30 minutos no vas possibilidades para você e para sua vida . Embarque em uma viagem de fanwia. Seja o que você quer ser. Come ce sua fantasia com " E se ...'~ Escreva suas fantasias, quando terminar. Com o ar do tempo algumas imagens podem se repetir . Não as ignore! Uma declaração escrita para suas fronteiras pode ser as-sim: "Eu posso e vou visualiza r meu futuro , por mais estcanha que essa visão possa parecer para você.' '
Confronto com suas expectativa s mágicas A mágica é diferente da fantasia. A fantasia é um a:to da imaginação. Mágica é a crença de que cena s comportamentos , pensamentos ou sentimentos podem realmente fazer com que as cojsas aconteçam no mundo, quando não existe nenhuma relação real de causa e efeito . ''Diga a palavra má gica•·, é uma jnjunção comum dos pais e a criança interior ferida está, rnuiras vezes, repleta de mágica. Ela pensa que se for um a cozinheira perfeit a e boa parceira sexual, o marido vai parar de trabalhar obsessivamente , ou de beber , ou de jogar . Ele pensa que se trabalhar ob-
l'ONDOEMPMUC..li. osEXERdoos CORRETIVOS .
sessivamente e fizer ~uito
'
dmheiro, ela automãticameoce
1Sí
será
feliz. é outro compo ,namento mãgico. Muitas crianças feridas aprenderam que se você rent:fr com afinco , não precisa fazér.Em te.rapi1, ·•'tentar . é morrer ' ·. Muitas vezes, depois de ar um dever de casa para um cliente, na terapia, ouço sua ccianÇá interior dizer, cimidarnente , "Vou tentar." .Eu sei que issosignifica que nã:ovãoÍaz.er . À$vezes exe111pl ifico essa autude dizendo; ''Tentem sair da cadeira." Quando eles começam a se levantàJ, eu digo : " N ão. sentem e renretn sair das suas.cadeiras." Depois.de algL:n :~rnpu eits ;::~ccectm o oµe e:;rou dizendr,. vo,:sai da cadeira ou \ '()Ce nfü:1sai. tv1asvocê não tenra sair. O casameoco é quase semore um acontecimento m ãgico para à criança incerí'or. Ela pensa : ''Se eu casar, rodos os meu s problemas desaparecerão . ;,e eu conseeui r me casar, serei fe.Jiz..'· Tira r um diploma, com ur ar um a e:~a. cer um filh o. um a pi scin a. a,paixonai-se e ter um a ren da suoerior acima aa média são ourras formas de má gic:.. · · Pa,ra defr.nder :;: ;;1, crian ça 1n:etiot, você d,eve de~afiar cacill ici1sda i"nfãnci:LA vida€ difícil, Papai Noe l uma das crianças m:.1g não ele.isce,não há nínguém pa r-a beijar a esfolad.ura n o íoelh o' .rl maior parte -dn temp o, aão é justa. "Teptar"
Aprenc;la a amar a si .mesmo co,cµo homem É impon:mre pa,ra·o homem se·ntir-se como homem. lss0 é verdade, independente da sua oúentação sexual . Acredito ·que, pa ra sentir-se como homem , nossa criança ínceríor precisav,aser ama • da por um homem. São tantos os que perdem o pai. Eles desertam os filhos , física ou emocionalmen~ç. Mortem cedo , na g,ucr.i;a,em •acidentes. ou por doenças. Morrem psicologiéameote sob o peso de um mundo desumaniz.ador, Nosso menino interior nã 9 !eve um pai para se unira ele, por isso jamais se desfez o elo que o unia à mãe. Sem essa união com o pai, ele jam;ús s-entiu o amo r de homem. Assim, como poàe amar a si mesmo con10 homem ? Corno resultado, ou ele procura mulheres maternai s q:iando esnl sofrendo , ou continua aconsol;u mulheres carences , ou enrão faz um pouco de cada coisa. A perda do pai é o feiimento do h ome m . Não pode ser curada p qr uma mulher.
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Você pode trabalhar pata corrigir essa perda, encontrando outros homens para compartilhá-la com você•. Esse tipo de relacionamento tem de ser muito diferente da camaradagem normal que consiste em óruais competitivos e conversas sobre conquistas amorosas . Esse noto relacionamento deve quebrar os padrões no nosso scripcmasculino cultural. Exige que sejam vulneráveis um com o outro - compartilhando témores e desapontamentos . Essa partilha de vulnerabilidade cria uma união verdadeira de amor e intimidade. Nessa união podemos ver a aceitação refletida nos olhos de um hómem. H qu,àndo esse all)or e essa :valorizaçãosão interoalizados, começamos a nos amar como homen s. Atualmente existem alguns homens na minha vida que me amamtealmente . Sinto-me unido a eles. Posso ser vulnerávelcom eles. Conto a eles rnéus temores, choro na frente deles , compartilho com eles meus sucessos. Eles dizem que me amam. Eles me abraçam . Seu amor e atenção tiveram grande impacto no meu Joãozinho. Ele se sente mais como um homenzinho de verdade . Eu me sinto como um homem .
Aptenda a amar a si mesma como mulher '
Para amar a si mysma como mulher , a menina precisa ser amada por uma mulher . Isso não tem nada a ver com orienta ção sexual. .Tem a ver com a essência do seu ser. Muito já foi escrito sobre , mães fracassadas com() mães. Esse fracass<;> tem maior impacto nas meninas e é devJdo especialmente à falha na inrimidade do cas·amento. Em razão dessa falha, a mamãe é frustrada e solitária . Ela pode voltar-se; para o filho e fazer dele seu Homenzinho, rejeitando a filha. Ou pode se "oltar para a filha e usá-Ja para preencher seu vazio. Nessa: situação confusa, a filha não pode ser amada por si mesma. Ela adota o eu solitário e cheio de vergonha da mãe , que só deseja o amor do marido. Quando ·a menina não tem·o amor saudável da mãe, ela cresce sem experimentar O$ aspectos cruciais da sua identidade sexual. Por isso tantas mulhetes têm o pensamento mágico de que só V-a Jem como mulheres quando um homem as ama. Sê uin relacio• namento termina, entram em pânico. Apréssam,se a formar outro relacionamento para se sentir bem. Se esse-é o seu caso, você precisa deixar que sua criança ferida experimente o amor de u.ma
PONDO -EM PRATICA OSEXERciO0S C0RRETIVÓS
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mulher. Encontre duas ou três mulheres dispostas a serem vulneráveis com vo cê. Não tentem ra,zer terapia uma com a oucra . nem resolver os ,problemas. Apeaas estejam todas ali, apo iand o
umas às out1asna_procura do eu verdadeiro.A"Smulheres. naturalmente se lµlem tendo como base a vulnerabilidade. Geralmente o. cio é a vitimização comum. Sua menina interior precisa saber que Eem você para; ajudá-la a se to rnar independente . Ela precis a sabét que pode conseguir isso com você e com seu grupo de apoi o, que não precisa de um homem para ser feliz .. Ela pode querer um homém na sua vida. como oarte da su'l tend ência feminin a na·tur aJ par ...o sexo(: c:.n..ta uruão ,~ 1;. :.:~ ho.n e:r.. Mas re: a :nõ..l G. probabilidade de conseguir isso se for auto-suficiente e indepe ndente. Seu grupo o e apoio oe mulheres estar-á ao seu lad0 enquanto você pr ocur a atingir seu obj etivo.
Confronte sua culpa tóxica ::o.mo jâ acentuei , pr ecisam o·~ a ·a cuip asa udável para formar um a consciênci;t e para aet errninar os limites do nosso comporram en to. Sem ela, sedam os sociopatas, Mas acriançafetida carre ga com eJ:i_ uma grand e quant idade de culpa tóxica. A culpa cóx,ícane ga a vocc o direito de ser seu eu único e intensifica o ferimento espirlru al. A culpa tóxica apreseõta-se sob duas foonas . Uma , é o resultado de vive.1;em um sistema familiar disfuncional. Cada pessoa nçsse sistema tem um papel rígido para manter o equilíbri o do sistema. Se uma pessoa tenc;a desistir do p.apel que desemp enha, a família se revolta e a cobre de vergonll,a. Se a pessoa tenta àeixar a família, para ter uma vida só sua 1 é ,coberta de culpa. O melhõÍ meio de enfrentar essa culpa é ajudar sua cüança ferida .a abandonar seu papel ou papéis rígidos no sistema. Use os métodos já descritos. (Cap1tu,lo 10, pâgs . 245 e 246), A segunda forma da culpa é resultado da .raiva de s.i mesm o C'raiva retroflexiva ' ') , Sua criança interior fei:ida m9 itas vezes cinha raiva dos s.eus pais, mas não podia e::{ pressar essa raiva. Considere a cena se:guinte: Dizem ao pequeno Farquhar , com u ês ano s, que está na .ho ra de ir para a cama. Ele está eriuécido com um brinquedo e se ài~ verrindo muito . Ele diz para a mãe, ''Nio , eu não vou.' ' A m ãe o apanha no colo e o leva para a cama . Ele esperne ia. ésoraveja •
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e grita para a mãe ., ''Eu te odeio!'' Quando ouve isso, o pai levantase de um salto e agarra o pequeno Fatquh.ar. Zangado, diz ao menino que ele pecou contra o quarto mandamento de Deus, '' Honrar pai e mãe ," O pequeno Farquhar fica apavorado. Ele violou uma regra de Deus! Àgora, sente-se zangado e culpado ao mesmo tempo. Com o ar dos anos, para aliviar a dor da culpa, ele faz o que pensa qué os outros querem que faça - mas sempre com um profundo ressentimento. Para trabalhar essa culpa, você precisa •expressar diretamente a raiva que a originou . Use a técnica da imaginação descrita na pág. 274 para se livrar d:1 velha zanga. Separar-se do pai ou da mãe que originou o sentiméoto de culpa, por meio do trabalho eom a dor óriginal também pode ajudár. Vocêpode reforçar esse trabalho ·conscíentizando-se do mo do co:m_oessa culpa tóxica foi formada em incidentes específicos. Faça uma lista dos acontecimentos da sua inf ância que o fizeram sencir,.se culpado. Compa,re seu comportamento . com 0s comportamentos normais para o nivd de idade específico descritos na pane II. N-am3,ioria dos casos vai descobrir que você agiu de modo próprio à idade- seu comportamento saudávelfoi condenado e julglKio culpado. Ríta esses acontecimen tos na sua imaginação e afirme seus cfueitos. O pequeno Farquhar pode dizer: ' 'Ei, sou apeaas um menino normal de trés anos que gosta de brincar. Estou tentando determinar minhas fronteiras.. Escou zangado com você por estragar minha b~incadeira.' · Finalmente, convém dar especial atenção aos sentimentos de culpa resultantes de violação ou abuso . Sua ci:ia:nçainte.rior egocêntrica, na maioria das vezes, petsónalizoii o abuso a que foi submetida. lsso é drimaticamente verdadeiro para os que, quando criançaS, foram vítimas de incesto e de mãus-rratos físicos. E:xain.ínetam'bêm as maneiraspelas quais vocêcriou um sentimento de culpa devido às necessidades do seu sistema familiar. Um cliente meu ternou -se o guardião da mãe qu~do o pai abandonou a familia. Sua criança interior sente-se culpada sempre que a mà.e precisa de alguma .coisa, o que aoontece o t~mpo todo. Ele me disse que sempre que ele está em uma situação difítil ou sob tensão, imagina o que aconteceria com a m ãe se ela tivesse de enfrentar essa siruação. Sua cdanra interior só esrá bem quando sabe que a mãe está feliz. Uma vez que ela raramente está feJjz, ele se sente culpado quase o tempo todo .
PONDO EMPRÁTICA osl!XERdaos coRRi'lT\bs
Uma cliente conseguiu manter o casamento dos pais. Ela teve um distúrbio gtave de alimentação que começou um pouco ~epois da mãe ter um . ''caso'' e o pai ameaçar pedir o divórcio. A medida que a anorexia dela se agravava, a mãe e o pai fizeram as pazes e se uniram, ligados pela preocupação com a saúde da filha. Conversando com ela, descobri que essa mulher tem um profundo sentimento de cuJpa a respeito de qu ase cudo em sua vida. Mas sentia -se especialmente cuJpada com a possibilidade do divórcio dos pais. Sentia-se responsável pelo casamento deles. Nos dois casos, é essencial fazer o tr abalho da dor origin2.l, descrito na pane 11.Você deve dizer continuamente à sua criança !nter ior que ela não é responsável pela disfuo cionalidade dos pa.ts.
EXERCÍCIOS PARA SUA CRIANÇA INTERIOR EM IDADE ESCOLAR Quando sua criança interior entrou na escola, ela deixou o am biente bastante limitado da família e ou para a maior família da sociedade . Para uma adaptação saudável , ela devia realizar duas tarefas principais. A primeira tinha como centro o desenvolvimento das aptidões soc_iais: interação e cooperação com as crianças da mesma idade, e ser equilibradamente competitiva para poder ter prazer com a vitória e saber aceitar a derrota . A segunda tarefa era adquirir os conhecimentos necessários para seguir uma carreira que , mais tarde, vai garantir sua sobrevivência econômica. Precisava aprender também que as pessoas fora da sua família são, quase sempre , diferentes. Pertencem a grupos étnicos, religiosos, políticos e socioeconômicos diferente s. Ela devia encontrar sua identidade única em relação a todas as diferenças que experimenrou na interação com essa sociedade maior. Se você acha que sua cciança interior foi ferida ne sse escágio, aqui estão algun s exercícios que pode fazer.
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'Façaum inventário das aptidões Faça uma lista das aptidões que você já possui. Em seguida , faça uma lista das que não possui - aquelas qu e facilitariam sua vida. No meu caso, gostaria de ter estudado minha gramáti ca inglesa. Eu consegui ar só porque tinha uma boa memória e escudava como louco para os exames. Se você leu meu primeiro livro, deve ter visto como lutei com a gramática. Também nã o tenho aptidões mecânicas (sei trocar lâ mpada s, e isso é tudo). Escolha uma área que o ajudaria mais e faça uma destas du as coisas, (a) entre para um curso da matéria ou (b) peça para aJ. guém lhe ensinar essa aptidão. É também importante repetir para sua criança interior que sgrande pane da vida é baseada nas aptidõe s aprendidas . Geral men te. ela pensa que as pessoas têm sucesso na vida em razão de algum '' poder mágico'' . Precisamos dizer a ela que usualmente as pessoas estão na nossa frente porque tiveram 1nodeJos melhores e praticaram mais quando eram jovens. Di ga constantemente: à sua criança interior que ela não tem cenas aptid ões porque ninguém as es.sinou . Com você como seu defensor. ela pode aprend êlas agora . Cci'nheço uma mulher cuja criança interior foi libert a• àa quando seu,eu adulto enfrentou a voz interior cheia de vergonha que dizia : '' Acho que não sou atraente para os homen s.'' , E ela disse: ''Você nunca aprendeu a flertar e a demonstrar inte, resse por um homem.'' Essa nova atitude deu à criança interior a confiança necessária para pedir conselho a uma mulher mais velha e experiente. aram uma noité divertidíssíma e ela aprendeu várias "dicas" que tivetam ótimos resulrados .
Faça um inventario das aptidões sociais Faça uma lista das aptidões sociais que você precisa aprender. São aptidões que facilitam a vida em reuniões sociais, no escritório , para conhecer pessoas , para ser mais po lítico, para ser bom en:; " conversa,; banais" e assim por diante . Examine as aptidões um a a uma e encontre um modelo qu e saiba usar todas das muit o bem . Preste atenção no que ele ou Tome notas . ela f:1:z.. •
POND ,OEMPRÁTICA OSEXERdCIOS CORRETIVOS
Atenção para os detalhes. Quando tiver alguns dados sobre aquela pessoa. durante 15 _a aominutos , imagíne que ela está fazendo tudo que você quér fazer.Escolha uma dessas atividades, formandouma pequena moldura de componamento. Observe aquela pessoa fazendo isso e faça uma âncora. Então, mantendo a âncora, veja você mesmo fazendo a mesma coisa. Faça outra moldura e repita o processo. Faça isso durante mais ou menos wna semap.a. Encão, vej.a você mesmo.fazendo toda á seqüência, Pratique durante alguns dias . Então faça o teste. Pode usar esse método para aprender qualquet aptidão social. Este exercício é uma variação do exercic.io de NLP que você já fez ante s.
Identifica,ção dos valores Seus. valores são as suas fronteiras intele ctuais. Sua criança interior, geralmente, não sabe ,no que ela acredita, porque sofreu coerção é lavagem ·cerebral ·na escola e na igreja. , de Sidney Simon , Leland Howe e O livro ValuesClari.icar.ion. HowardKirschenbaum é um clássiconessaáre~ Essesautoresafum:un que um valor não é um valor se nã:o tiver sete ekmenros, que são: l. . Deve ser escolhido.
2.. Deve haver alte.rnativas.
3. 4. 5. 6. 7.
Você deve conhecer as conseqüências da sua escolha. Uma vez escolhido, . você o respeita e ira. Você está disposto a proclamá-lo publicament.e . Você àge de acordo com esse valor. Você age de acordo com ele, consistente e repetidamente.
Faça uma lista das suas crenças mais queridas - seus dez mandamentqs , Depois , avalie todas elas de ~cordo com a lista e verifique quanta .s delas satisfazem os c~rit.étíos de valores acirna. A primeira vez que fiz esse exerc1cio,fiquei chocado e um pouco deprimido. Poucas coisas em que eu acreditava podiam ser consideradas valores. Usando e~sescritérios, você pode começar a tra:balhar na formação dos seus valores. Pode conservar os que já tem e começar á rtocat o que você não quer. C;ríar novos valores é um trabalh o interessante para vocé e pa(a sua ciiaoça ínrerior .
VOLTA AOUR
Determinando as 'íronteiras intelectuais É importante ensinar sua criança interior a dizer: Eu tenho o direito de acreditar em tudo aquilo que acreditá. S6 preciso aceitar as conseqüências das minhas crenças. Todas as crenças são parciais. Todos nós vemos as coisas a p;trtir dos nossos limitados pontos de vista.
Avalia~o do seu espírito competítivo
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É importante ser um vencedor, é importante também saber perder. Lembro-me de urna noite em que estava jogando cartas com minha fanu1ia. O jogo era a dinhejro e à medida que as apostas foram ficand,o mais altas, minha sogra começou ;t re·gredir Quando ela perdeu a maior mesa ~a noite (c~rca de dois dólares), ela jogou as canas na mesa e foi embora . Minha sogra tinha só 77 anos! Evidentetnente ·o jogo havia det.ooado uma regressão·-espontânea . Em unia cultura onde ~ importância de vencer é exagerada desptoporcionalmenté, torna-se difícil perde,r. Lembro-me de quando quis deixar de jogar com meus fi . lhos porque eu estava perdendo e ficando cada vez mais fwioso . Eu tinha só 42 anos! É bom reunir um grupo para jogos n9s quais todos podem gan_har (fazer palavras cruzadas juntas). Isso é útil também para formar equipes de trabalho. O mundo dos neg6cíos é uma arena de competição feroz. Quando a competição é fetoz demais, sua ériança interior pode se,: tentada a jogar a toalha. Você precisa cuidar para que ela não tenha uma crise de depressão quando h;i favoritismo no escritório, Pode contar como ceno o fato de que haverá no mundo dos negócios os equivalentes à rivalidade entre iri:nã,ose·situações de queridinho da professora. Você pi:ecisa set um fone defensor da sua criança interior. Ajuda muito -esclarecer perfeitamente seus objetivos. Resolva o que você quer e o qué está disposto a fazer é vá em frente. Não esqueça de proteger sua criança interior a cada o do caminho ,
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PONDO EMP.RÁTIC/< OSEXERÓCIOS C.ORRJITI\.DS
Vencer ou vencer é a única forma em que a coisa funciona p.i,ra todos. ,Pratique situações de vencerlve.ncer em sua vi~a. Sua cria.nça ínteriot vai adorar .
Negociação Geral mente a criança interior ferida quer o que quer quando qu~r. Ela pensa que seu modo é o único cerro. Seu eu adulto deve ensinar a ela cotnpr:omisso e cooperação , que são as chaves da vida in terdependent e e dos .relacionamencos adultos felizes. As cciar,ças cooperam quando têm a char,icede experimentar os ír.urosdo compromisso.A maioria das nossas crianças interiores jamais viu um conflito resolvido de forma saudável. A regra do incompleto domina as f~1ias disfuocionais . Incompleto significa que os mesmos conflitos estendem- ·se por anos e anos. Vocé pode aprender a usar o desacordo como o combusrível para idéias novas e mais amplas . Debates e discussões são os instrumentos para ; descobrir qual o caminho que cada pessoa deve e quer seguir. E bom tér regras para regulamentar o debate, e é-essendal ter urn juiz. Três pessoas podem prar:car debates sobre opiniões diferentes. Use a regra da audiçã .o e mensagens d'OEu auto -responsável. Procure negociar um compromisso ou acordo. Tenha sempre uma cláusula · de re.negoci.~çâono seu acordo . Isso significa que qual quer uma das partes pode reabrir a discussão, c.fencrode um período razoável de tempo, quando não está-satisfeita com o acordo firmado. Repito , procure sempre a solução vencer/vencer. A ne.goçiação bem-sucedida é uma boa experiência pata manejar o -conflito. Sua criança interior vê que o conflito não é um a situa~ão horrível e traum .irica. Na verdade:, é essen cial para o estabelecimento de uma intimidade saudável. Cada un1 de nós tem urnacriança in.reúor maratilhosi. única, preciosa e insubstituível. É i:1evitável que duas pessoas únicas discordem em muitas c.oisás. E de esperar. Resolver nossos conflitos faz da vida uma aven• rura excitante . Nesta seção, estudamos a volca ao !ar como os quauo elementos dinâmicos de gua1que.r boa terapia. Defendemos nossa criança matavilha oferecendo a ·ela nossa potência de aduito s. Es.• sa poté.ncia dá à criança permissão para se libert ar das velh.as re-
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gras venenosas e c:xpeámentar ouuas, corretivas. As novas regr as compreendem a essência da disciplina construtiva. Essa disciplina é necessária para conuolar a infantilidade egocêntrica da criança interior e trazer à tona sua infantilidade espirirual. Essa infantilidade precisa ser protegida de maneira que, enquanto praticamos essas novas experiências corretivas, nosso poder tot .al criativo possa emergir . Nosso poder criativo tem suas raízes na criança m aravilha . Voltamo-nós agora para essa criança.
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EXERCICIO PARA DESFAZERA FUSAO PRIMÁRIACOM OS PAIS Este exercício relaciona-se à fusão dos membros do sistema familiar disfuncional, descrita no capítulo 7. Esses papéis dizem respeito à união mulcigeracional. Geralmente envolvem abuso sexual não-físico . O exerácio é uma adaptação do trabalho d e Connirae e Sceve Andreas e pode ser encontrado em sua forma original no livr o desses autores , Reare of the Mind . Recomendo que você grave o ex:erácio no seu grawdor ou peça a um r(rapcuca , um amigo ou moni tor para acompanhá-lo cm todos os os. Reserve 30 minutos para todo o processo. Procure um lugar quieto, onde não possa ser perrurbado e faça o exercício de pé. Faça pausas de 30 segundos nos intervalos indicados . I
li
PRIMEIRO O: Afusãoromo paiou a mãe Feche os olhos e concentre sua atenção na lembrança do progenitor com que você mais se identificav a. Veja realmente , sinta · ou ouça essa pessoa na sua experiência interior. Deixe que se apresente no seu comporcamencomais atraente. Seu sub consciente saberá que componamento é esse... Confie na primeira coisa que lhe vier à mente . Se oão pode visualizar a pessoa do seu pai ou de sua mãe, apenas sinta ou fin ja que ele/ela esrá presente.
SEGUNDO O; Sentira fusão Agora , veja sua criança interior oa idade escolar de pé. ao lado d o •
l'C>NDP EMPRÁTICA OSEW.ÓClOS CORRETIVOS
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seu pai ou de sua mãe ... Note o que a criança está vestindo ... Ouça a ccia.oça falar com o pai ou com a mãe ... Agora, flutue para den tro do corpo da sua criança interior e olhe com os olhos dela para seu paiou.sua mãe.,. Olhe para ele/eJa de ângulos diferentes ... Note o som da voz dele/dela ... O seu c~~ro ... Agora, adiante-se e abrace séu/sua p.ai/mãe ... Qual a sensação do contato físico com o pai ou a mãe?... De quç modovocê se sente superligado a de/ela? Cornovocê senc~e que está ligado? Como sente o pai ou a mãe liga• do/a a v.oéê?E uma ligação física? Uma ligação com alguma parte do seu corpo? (Muiras pe-ssoas sentem a ligação na virilha . no ~stômago ou no peito. ) Existe um cordã o ou qualquer .oucra coisa ligando você.a ele/ela? Há uma fita elástica em volta de vocês?Prv• cure sentir total mente a qualidade de.ssa união .
TERCETRO O: Desfazendo a fusãotemporariamente Agora, desfaça a conexão por ur:ô momento ... Procure perceb er oual a sensação dessa separação. Se está ligado por um cordã o. 1mag1ne que o corra com uma tesour ,!.... Se eStá ligado ao corpo do seu pai ou de sua mãe, imagine.:um raio laser com uma miraculosa luz dourada .que: os separa e fea o ferimenco .ao mesm o rempo ... Você vai sentir um desconfono separa.od0-se neste mo. ment a ... lsso é sinaJ .de qµe a conexão serve a um propósÍto 1mpcrtante na sua vida. Lembre-se de que voéê não esta desfazéndo a conexão. Está só experimentando a sensação de uma separa ção temporária.
QUARTO O: Descobrindo o ~ropósito positivo da'fusão Agora, pergunte a si mesmo; "O que eu recebo do m eu pai, ou da minha mãe, que atende às minhas necessidades básicas?... O que eu quero realmente dele/dela?" ... Espere até õbter uma resp os::a que atinja seu âmago - como, pot exempl o, seguranç a, nroteção cooua a morte, sensação de ser impóttánte ., d1gno de ser amado e valoi;izado... Agora refaça a conexão.
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QUl~T'f(') O: Usando sua_pocência de adulto A gqra, volte-separa a ditei ta, ou para a.esquerda, e veja a si mesmo como um mago s•ábio e gentil (ou completamente •
realizado
IDIL'.AOLAR
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como seu mais poderoso cu). Conscientize-se de que esse seu cu mais velho pode lhe dar o que você quer e acredite que está se libertando daquele relacionamento confuso com seu pai ou sua mãe. Olhe com atenção para seu eu adulto com todos os seus recursos... Note como essa parte de você se move, fala, qual a sua aparência . Adiante-se e abrace seu cu adulto ... Compreenda que a coisa pior que sempre temeu já aconteceu ... Você foi violado e abandonado ... sua parte adulta sobreviveu e funcionou a despeito de tudo isso.
SEXTO O : Transformando a conexão comseu . ... " paiou suamacemumaconwocomvocemesmo Olhe outra vez para seu pai ou sua mãe ... Veja e sinta a conexão... Corte a conexão e ligue-se imediatamente ao seu eu adulto , da mesma forma que estava ligado ao seu pai ou sua mãe... Sinta o •prazer da inter dependência com alguém com quem pode contar completamente: você mesmo. Agradeça ao seu eu adulto por estar presente para você. Sinta a alegria de receber do seu eu adulto o que você queria do séu pai ou da sua--mãe . Seu eu adulto é a pessoa que você ja.mais pode perder:'.'
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SÉTIMO O: RespeiWtdo o progenitor ao qual esuvaligad o Olhe agora para seu pai ou sua mãe e note que ele/da tem uma escolha. Pode religar o cordão ao seu próprio eu adulto. lembrese de que ele/ela tem ·as mesmas opções que você tem para recuperar sua unidade. Na verdade, note que ele/ela não teria a chance de conseguir essa unidade se continuasse ligado/a a você... Você o/a ama dando a ele/ela a chance de se completar. Note também que agora, pela primeira vez, você pode ter com eleiela um relacionamento verdadeiro.
OITAVO O: Relacionamento comseueu Agora flutue de volta para seu eu adulto ... Sjnca a interconexão com sua criança interior ferida, de idade escolar. Compreenda que
PONDO EMPRÁTICA OSEXIRÓCIOS C_QJ1.REl1VOS
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agora você pode amar e cuidar dessa c;riança e dar a·ela tudo que ela p.t:ecisade um pai ou, de uma mãe.
O :FIM DO MITO OU DO CONTO DE FADAS Como exe.rcício fil!;tl , termine o mito ou tonto de fadas que V'ocê escreveu ,quando trabalhava com su_a criança em idadl! escolar (pág. 186). Comece com as palavras, E enrâo... Minha história terminou assim: E então Farquhar ouviu a voz de Joni. Ficou tão comovido que prometeu a si mesmo criar um tempo de silêncio todos os dias para ouvirJoni. A primeira •éoisa queJoo i disse foi que ele devia• enu;ar para um grupo de pessoas que tinham sido feridas e estavam agora praticando os segredos dqs elfos. Estavam comprometidos com a disciplina do amor. Isso significavà que eles adiavam a gratificação, eram auto -responsáveis, diziam a verdade a todo custo e levavam uma vida equilibrada. Farquha r foi aceito de braços aberto s. Logo ele viu seu. eu elfo nos olhos amorosos das pessoas do grupo. Ele vivia um dia d,e cada ve;ze comprometeu-se com a disciplina do amor. Ele recuperou e defendeu sua ciiança interior ferida . Logo começou a ensinar o segredo dos elfos. Com o ar dos anos, ele se tornou um professar famoso e transformador das almas dos Snamuhs . Ele amava sua vida e vivia para o dia em que pudesse voltar ao seu verdadeiro lar, para criar e se aquecer eternamente na visão do seu EU SOU.
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PARTEIV REGENERAÇÃO
É imponante compree nde r que a necessidade de encontrar a criança faz pane do antigo desejo human o. Atrás do nosso ado individ uru está nosso ado cult~r a1, {ontido nos m itos. Nos mitos , vemos que a criança é se_mprenasci da da união do human o com o divino ... E a criança mftica ... que procu ramos. tanl. ro quanto a criança da nossa histéria !)CSSoa - Rachel \· E o fim de toda a nossa procur a Será chegar ao lugar de onde panimôs E conhecer esse lugar pela primeira vez. - 1:S. Eliot Quartetos
Onde antes s6 havia o vazio amedrontador ... desdobra-se agora a riqueza da vitalidade. Isto não é a vo]ta ao lar, um a vez que este lar nun ca existiu ante s. E a descobena do lar. - Alice Miller
INTRODUÇÃO
Quand0 vu..c: perm1te que sua ::uança se torne pane integrant e da sua vida - dialogando com ela, ouvindo o que diz. determinando-lhe fronteiras, dizendo que você nunca a abandonará urria nova força e uma nova criatividade começam a aparecer. Você vai se ligar a uma nova visão da sua criança, enriquecida por seus auos de expeti-éncia de adulto e muito mais profund a. , A criança que aparece agora é sua criança maravilha. A medida que seu uabalho de proteção continua , sua criança maravilha vai desabrochar naturalmente e começar a se expandir e se auto-realizar. O estado natural da crianç.a maravilha é a criatividade. Entrar em contato com a sua criatividade é mais do que uma volta ao lar. é a descoberta da sua essêncí:i.. do seu !.U únic(I e mais profundo. Descobrir e recuperar a criança interior ferida é um processo de descoberca.Além de desenvolver seu poder pessoal, a defesa da sua criança a levará à recuperação do seu poder espiritual. Com o poder espiritual da sua criança, começa a sua autocriação. Esta é a sua verdadeüa volta ao lar. Aquilo que escavaescondido pode ·agora ser revelado. Os impulsos e os sinais do seu eu mais profundo podem ser ouvidos agora e respondidos. Nesta última seção focalizo a necessidade humana universal de encontrar a criança ferida. Descrevodois dos três modos pelos quais as micologias do nosso mundo testemunham a regeneração e o poder de transformação da criança maravilha. O primeiro padrão mírico é a respeito da puer aecernus,ou a criança eterna, que aparece na idade do ouro. O segundo padrão míuco é o in, fance divino/herói que foi exilaào e volta para encontrar seu 01vino direíro inaco. Ambos são símbolos do impu lso human o vital e inevitável de realizar continuamente e de transcendermos a nós mesmos.
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Eu o convidarei a usar sua criança maravilha como guia para seu eu autêntico e para um novo sentido no propósito de sua vida. Finalmente, sugiro que sua criança maravilha é o centro da sua espiritualidade e a sua conexão mais profunda com a fonte e a base criativa do seu ser. Na verdade , sugiro que sua crianç.a maravilha é a sua Imago Dei- a parte de você que se assemelha ao seu criador.
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CAPÍTUW 1~
A CRIANÇACOMOSÍMBOIDUNfVERSAL DE REGENERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO A " cri.io.µ" é rudb q\l.c E ab~J:'. doruiâo e acosto e .io mesmo rcm110d\,. oamcmc poderos o; o come\ o ms1gnuic.i.mce dúb io e o fim t:lumaJ. ,¾ ".m.ioça etc~~ " no h·omcm é um a opcriêqcia inllcscaú\'c l. uma lncongtuidadc , uma d~rrn1 ;gcm e um.i prerrogativa divln.i. ; um impondcr.ívtl ciuc àcrcnnina o valor sqprcmo ou a inutilidade ~prema da pc~nalidade
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C. G.J ung_
O grande psicólog0 Çatl Jung viu claramente a qualidad e para. doxa.l da criança interior. Pai;a Jung , a criança era a fon te da divindade. eia regeneração e de novos começos, e, ao mesmo tempo . uma possível fonte de contaminação e de desrrui ção. Jun g viu cJaramence a. criançaferida como parte aa criança arquetlp ica. Essa foi a genialidade de Jung, pois somente nos últim os 50 anos a conscientização humana focalizou a criança ferida . Na verdade, aci;edito que a criança ferida tornou-se o arquédpo
moderno . T,Jmarquétipo é a repi:esentação da experiência cumulativa e coletiva da humanidade, urp pot~ncial universal em cada ser h.umano. Jung achava .qµe quando um certo padrão da expeúência humana era claramente estabelecido , de se tornava parte da nossa herança psíquica coletiva. Ele acreditaya que os arquétipos .~etr.i.nsmítem geneticamente, como o ADN . Arquétipos são como órfãos de nosso psiquismo , comparáveis às estrutur as esqu eléticas de nosso corpo. Arquétipos são predisposiçõe s psíquic ~ congênitas derivadas de padrões he(daâos criados em gerações .i.das. Esses padrõe s emergem quando são alcançado s certos lêmia.tes da exper:iência human a. Os arqué•tipos incluem aspectos positivos e negadvos dos pa• d.rõ~s que eles representa m. Na mãe arqué tip o, o aspec:o posiri-
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vo é a mãe que alimenta e dá a vida, o positivo é a mãe que abafa, devora e destrói os filhos . No pai arquétipo , o aspecto positivo protege, determina os limites para os filhos e tran smite a eles as leis e tradições da cultura . O pai negativo é o tirano que, temendo a perda do poder. mantém os filhos na seryidão e se recu sa a transmitir as tradições . Na criança arquétipo, o positivo é vulnerável, infantil , esp ont âne o e criativo. A criança ne gat iva é egoísta, caprich osa e resiste ao crescimento emocional e intelectual. O aspecto negativo da criança é a criança ferida. Somente no nosso século foi dada atenção à cria nça interior ferida. No pa. sado, eram comun s e aceitos como normais .o abuso e a sub jug ação da criança. Até 1890, não havia nenhuma Sociedade para Prevenção da Crue ldade contra Crianças. embora existisse uma Sociedade para Prevenção da Crueldade contr a Animai s. Um dos grandes avanços da riossa ·g ecação foi a denúncia do abuso contra crian ças. Só recen temen te chegamos :àconclusão de que n ossas no rmas dominante s da educação infantil envergonham e violentam a dignidade da criança e sua qualidade de ser única . Essas normas fazem pane da nossa ignorância em ocional . Atice Miller demapstrou com dolorosa clareza que nossas normas atuai s de edu cação tê.m como objetivo fazer com que a criança corresponda à imagenJ projetada pelo s pais . Contribuem tam bém para a idealização dos pais pela criança ferida . Essa idealizaç ão cria uma união imag inária , fazendo com que a crian ça acredite no ,'amor dos pais por ela . 1cm támbém contribwdo para perpetuar o abuso das crianças há muitas gerações. George Bernard Shaw tem uma descrição fantástica da criança:
O que é uma cria nça? Um a gpc:riêrtcia . U,rna noyª' tcnfari
, E se você tentar moldar esse:novo ser à sua id éia de um ho..qiem diyjno ou de uma fll.Whe.r di~, _g.esro!irii a r..õgria pQ_ tencialidade sagrada dessa criança , criando , tal vez, um .monstro.
A CRlANÇA COMO SfMBOJ.b UNIVE-Jl,SAI. DEREGENERAÇÃO ETRANSFQR.\!AÇÃO
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É este último cenário que •compreenàemos hoje. Quando começamos a questionar a uadjção antiga e generalizada do abuso coaera ~ qiançí,iS,egarnos dando J:)ovosnomes ,aos demônios do incesto, esp;i.ncamento e violação el)locional. Vemos claramente o assassinoda alma que cons,ticuio ferimento espiritual, resultante da violação do EU SOU da criança, A energia maciça do mbvimenro pela criança adulta i uma ptova da nova compreensão do arqu~tipo da criança fef.ida. Nosso tempo é de catástrofe e de~truição. Nada se compara a ele na história da humanidade. 1'1:ilhõesmorreram oa lura pda d~mocraci;i.e pela liberdade. Acredito que a catástrofe do nazis, mo teve suas raízes na famíUa ~emã com sua~ regras e normas baseadas na vergonha e no autoritarismo paterno. Entretanto, embora essas normas tivessem sido levadas ao exrremo na Alemttnha. não são normas alemãs. Na verdade, são normas mundiai s que há muitas geraçõesvêm ferindo àS criançase que ex.tscemainda h0je. Como as normas eram consideradas normais. não pe.rcçbia(Il o quanto erarri desu:uti"'1S,Com a dedaraçãg dos dire1toshumanos por ocasiã,odas revoluções sa e americana - por mais falhas que tenham sido essas revoluções - começou a surgir uma nova era de ouro. Çomo a Fénix mitol ógica. ela se levanta das cinzas. O reconhecimento do arquér.ipo da criança fericia nos !e. vou.a curar e recuperar essa criança, permic.:ndo, assim, a recuperaçãó dá criança maravilha.
PUERAETERNUS Em todas as grandes mitologias do mundo , o ciclo da criação se repete eternamente. Periodicamente, o muhdo volta ao caos. As montanhas desmoronam, as planícies são arráSadaspor chuvas torrenciais de fogo, a terra treme , os morros vol::.am.Esses eventos são pref)gurações apocalíticas da no:va e-rade ouro. Tudo de\le ser rectuz1ctoao caos pata que a nova cnaçao possa co.rneçar. Em inwcos mitos, uma nova árvore brota das ruínas caó1;. cas.Sua copa che:ga ao céueaEntâQ....l¾ma críancamilagrosa aparece e sóbe pe·lo tronco da árvore. É a chegada· da criança mi1a~ros1:. '
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es,sepuer aecerl)us,quem .arca o começo da era de ouro. Em algumas versões, a criança altera a estro,tura do cosmos. Em out.i:os mitos, a criança cda a unificação que caracteriza a era de ouro. Com a vinda da criança, todos os opostos se reconciliam. Os velhos ficamjovens, os doentes recupé.rama saúde, batatas e batatasdoces crescemem árvores,cocose abacaxiscrescemdentro da terra. Há uma abundância de alimentos e de mercadoóas, ninguém pr-ecisa trabalhar ou pagar Ífi!postos. Em todos esses mitos a criança ê o símbolo da regeneração e da unificação. Jung diz o que isso significapara nós, pessoalmente: No processo de individualização , a criança antecipa a figura formada pda..síntes.edos dem entQst onscientçs e...mgsmmentes da P-e. rsonalidade_,_ É, ponanto o símbolo unificador ue liga os opostos. um mediador...Q_Quecura'-º..!lue faz a unidade.
Eíaminaremos agora esse aspecto criativoe regenerador da criança.
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A CRIANç-A MARAVILHACO'MO EU AUTÊNTICO ,.
. No romance The FinishingSchool, de Gail Godwin, um dos per, sonagensdiz: ''Existem dois tipos de pessoas... .O primeii:o,aquele em que percebemos à primeira vista a que ponto ele está congelado no seu eu final ... sabemos que não se pode esperar mais sur.u.::.. presas dele... o outto .está sempre em movimento~ dando ... e combinando novos encontros com a vida e csse-inovimento constante o mantém jovem.'' Este segundo ti.Boé a •pes• soa cm contato com sua criança maravilha. Sua triança maravilha é o seu eu mais verdadeiro. Lembro-me como se fosse ontem: cu tinha 12 anos e estava esperando o ônibus quando tive uma poderosa experiênciado meu EU SOU. De certo modo , senti que eu era cu e que não existia qu~do ninguém igual a mim. lembro-me de que fiquei 3.$1.lStado reconheci esse isolamento , Lembro-me de que pensei nos meus olhos como janelas através das quais só eu podia olhar para fora. Compreendi que ninguém mais podia ver o mund o como eu via
A CRJANÇA COMO SÍMBOIO UNIVBSAL UBRE~ENERAÇÃO EnANSFôRMAÇÃO
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- pelas janelas.que ,eram me_us olhos. Compreendi também que .ninguem jamais eStaria,realmente àeouo de mim, que eu era separado do resto do mundo. Eu era eu e ninguém podia mudar isso, nã0 importa o que me _fizessemou.o que tentassem me obrigar a fazer. Eu era quem eu era e era ú-riico. Naquele momento, no ponto de ônibus na Rua rãirview,tive a intuição do meu próprio s~r. Essa.intuição, nascida do senómento de maravilha, eu perdi muitas vezes durante os anos seguintes. Mas ela me conduziu ao esrudo e ao ensino da filosofia e me conduziµ na iornada prssc~ a caminho da unificação do m.eu '..e,r.Até b0je a filosofia ,ne fascina. Cem acim1raçãCJe respeito escudo a no~ão de ser, aquilo. que Jacques Maritain descreve como '' a .atíeo:íetida vicoriosacom a qual •triunfaruos: sobre o nada' '. A criança maravilha Jê aincia com respeitosa iração a per;gtint:ad'e Spinoza, '·'·Por·que exisre·algµrna coisa:; não o na_da?' · Essa mesma pergunta, milhões de séculos auá s, motivou Taies de MiletQ. 0 pai da filosofia antiga. Mais rarde, Adstórde s escreveu: "De v.ictoà_sua capacidadede se maravilhar é qu~ o homero começa agora e começou antes a filosofar."
• A primc:iraexperiécciaao meu,piQprioserfoi obra.da m,i. _nha criança rnarãv'ílha. E 43 anos mais tarde essa cnanca maravi..Jha está falando por mim n~sr:e iivro. No âmago da minha per,cepçio, nada mudou . Embora durante muitos anos minha criança feriçia renha me impedido de seQ._rir e.perceber a essência s,agrad-ado momento p.cesente. aos:p..Q.u.Ços estOJJ....fQitg.p~o àquela sensação púmiciva de iração respeitosa e de maravilha. Sinto novamtl!nte aquele arrepio na espinha quando toco realmente o _serde um ,oceano ou de um p,ôt-dc-solru:!..deµma ,noice esuelada. Vocêpode expandir continuamente suu~~pçã o e ami;,liar seus horizontes, mas·o âma.ggdº sc:u.,eu..iw~mic.o nàQ.~JJJ.ID .: .fb. São F1~J}.ci;$,_ço ,..g_ ~ 4ss~5.,,esq ;ey~ ~ e~ affiO§l?fOC Ur3.Il. do é quem e~~áq~~do.'· A psiç.olggia.,uarup.çss0ãl c~ amaia .i sso · ·o eu c~~em~ njí a'' - · 0 "e 1;1"aue olhapara mim. , Na sua
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cê mesmo não exige nenhum trabalho nem esforço. Não precisa fazer nada. Como diz SamKeen: Talvez a volta ao lar seja o equivalente secularizado e não paroquial do que os ttistãos tradicionalmente chamavam de justificação pela fé ... Sepárando a salvação da realizaçâoJ!L _,cristãos estabeleceram a prioridade do ser sobre o fazer. Minha criança aprisionada pela ve,:gonha transformou-se cm um '' realizador' ' humano para ter signifiçado e importância aos olhos dos outros . Depois de 40 anos nos papéis de Estrela, SuperRealizador e Zelador, tive de aprender que não podia curaro meu e h · e do ·coisas.O im ·oitante é ainda ser ugp eu ,sov. Sua crianç;t marav a é o seu eu essena . psico og1atranspessoal faz: distinção entre o eu essencial e o eu adaptado . A palavra ger_almente usada por esses psicólogos para desçrever o eu essencial é alma. O eu adaptado é ch~mado de ego. No modelo desses pskólQgos, o ego é a esfera limitada do consciente que usamos para nos adaptar às exigências da família e da ~ulrura : O ego é limitado pot esses ,:equisitos de sobrevivência. E o ego Tü:gitado_pelotempo e tem raízes tanto na nossa família de origem quanto na cultura na qual nascemos . Todos os sistemas familiafes e culturais são rç:lati'9'ose representam apenas um dos vários modos possíveis de interpretação e compreensão 'elarealidade. Mesmo quando a adappi.çãQdo ego é complecamenre
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_cm..6rbitª'-.No.ssa..a.lma,eruão assumt.JUPntrok..J>perandona expansão ilimitada do espaço roerior. J) relacionamento da crian~mamyilha alma) com a crian___ça_k~go) deJ11:s.cr..cu.cado antes .qu~ possamosenm r em con_mto com nosso eu_qsencial . Uma_yezfeit..Q. o trabalho do e_go(o Jfª -~a!l;i.,2 da dor o~ ou do sofrim_ento le ítimo) estamos pr.Q!!;__ tos ara a realiza ão do u . Na verdade, é a criança marav#ha quem nos motiva a fazer o uabalho do nosso ego. A criança ferida não pode realizar o tra• balho de recuperação, urna vez que está muico ocuoada com a própria defesa e sobrevivência. Quan do a vida toda e uma dor de dente crônica, não se pode transcender essa dor para ver que existem campos mais verdes. Uma vez que a criança maravilha. é o eu autêntico, da está sempre nos incitando à realização do eu, mesmo quand o o ego está fechado e atento apenas aos problemas da sobrevivência. Carl Jung diz muito bem:
A criança arquétipo é a personificação das forças virais fora do alcance limitado da nossa mente consciente... Ela representa o estímulo mais fone e mais inevitável de todo ser, ou seja, o estímulo para realizar a si mesmo. mrnilha, co~ando sentimos a conexão com ossa crianç;i,_ meç.fil!H YSa ver toda a noJ a ida c9m uma_pc_ngectivamuito ri:iaisampla. A _cr:iançª-.maravilhiLnãop,re.cis.~f!)_ais se esconder atrãs das defesas do ego para sobreviver. A criança maravilha não é um eu melhor, é um eu diferente com uma visão muito mais ªI!Wb..
MEDITAÇÃO PARA REFORMULAR MARAVILHA A VIDACOMA CRIANÇA Os·zen-budistas têm um koan, ou adivinhação tradicional, que diz: 1 'Qual era sua face original - aquela que você tinha antes de ser concebido por seus pais?'' Pense nisso quando começar esta meditação. Vou pedir também para você adorar, pelo menos temporariamente. algumas crenças que r.µvez não sejan1comuns para você. Não perca ten1po em debate pata resolverse você acredita ou não nessas coisas. Simplesmente pense e sinta como se sua criança maravilha úves-
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se a noção de destino. muito antes de você nascer. Aceite a crença de várias tradições religiosas de que você é um espírito encarnado. Pense na possibiHdade de ser mais do que sua personali dade sociocultural, Jimitada pelo tempo , na possibilidade de ter uma herança divina e eterna. Acredite . como Tomás de Aquino e os grandes mestres Sufi, que vocêé uma expressão única de Deus - o Grande EU SOU. Acredite ainda que o universo seria mais pobre se você não tivesse nascido. que há alguma coisade Deus
que só pode ser expressapor vocêe que só pode ser experimencada por ouuos através de você. Acredite que sua criança maravilha sabia de tudo isso o tempo todo. Nesta meditação , você entrará em contato com sua criança maravilha e sentirá sua herança divina - o propósito da sua encarna ção, Tendo experimentad o isso,você estará em contato com seu eu autêntico e verá toda sua vida de forma diferente . Recomendo que grave a meditaç ão ou que peça a um ami go para ler em voz alta . Lembre-se de que os pontos significam uma pausa de 10 a 20 segundos.
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Comece concentrando-se na sua respiração. Observe lentamenti:sc;u processo respiratóri o... Pense na sua respiração... Perceba ã sensação do ar quando entra e quando sai... Comece a ver o número cinco, enquanto solta o ar ... veja um número cinco negro numa cortina bran ca ou um númer o cinco branco numa cortina negra ... Se tiver difi culda de em visualizar, imagine-se pintando com o dedo o número cinco, ou ouçamentalmente o número cinco. Se possível, faça as três coisas. Veja. pinte e ouça o número cinco... Agora, o número quatro. Veja, pinte e ouça, ou faça as três coisas... Faça o mesmo com os números três, dois e um (pausa Jonffe')... Quando vir o número um , imagine que ele é uma porta. Antes de ar p9r essa porta , imagine que está pond o todos seus pro blemas e preocupa ções em uma bola de cristal . Enterre a bola cheia de preocup ações... Você pode recuperar suas preocupações quando terminar a meditação... Agora, e pela porta e veja tr ês degrau s que levam a outra porta. l'\gora , im agine que está pondo suas descrenças e ceticismos em uma bola de cristal. Enteue a bola de cristal com suas descrenças e ceticismos. Agora, receba seu novo sistema de crenças. Aqui está o seu mico do " como se" .
A CRIANÇA COMO SÍMBOID UNJVWAl DEREGFNBAÇÃO E nANSIOR!,!AÇÃ O
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Você é uma manifeStaç.ão única e inimitável do divin o. Você tem um destino que só você pode expressar através do seu ser. Não é dramático nem melodramático. É simplesmente a difei:ença que seu ser faz . É a dife rença que faz a diferença . Sua criança maravilha sempre soube o que é. Sua criança maravilha pode levá-lo à descoberta do propósito da sua vida. Agora, suba os degraus e abra a port a ... vaiencontrar um alpendre com uma escada que sobe até o céu. (Você p ode cocar Ecos Anagosou SuícedasEscrelas.de Steven Halpern . ne ste ponto. ) Comece a ver uma figura descend o a escada , envoica em uma luz bran ca azulada ... À medida que ela se apr oxi ma, você sente que é um ser amigo e cheio de calor. Não im porta a forma que ela toma . desde que seja amiga e calorosa. Se a Eg ura o assusta, mande -a embora e esp ete que apa reça ouua. Esse ser é·seu guia interi or. Pergunte o nom e d ele. Diga que quer falar com sua criança maravilha ... D eixe que eie segure sua mão e come ce a subir a escad a ... Vai chegar a u m grande temp lo. Seu j?Uia o levará até a port ::... En rre. Veja ob jetos de grande e delicada beleza . Caminhe para um altar alto onde está a estátua de uma criança bela e pre ciosa - essa é sua criança maravilha ... Veja a eStátua tomar vida . Abrac e sua criança maravilhosa. .. Peça a ela uma declaração sobre o propósito da sua vida: Por que estou aqui? (pausa longa) ... Aceite a resposta na forma que ela é dada. Um símbolo, palavras, uma forre sensação. Fale sobre da com sua criança maravilha (pausalong2)... Mesmo que você não compreenda, leve com você o que lhe foi dado. Agradeça a sua criança maravilha e volte para a pona. Seu guia interior está à sua esper a. Desça a escada com ele ... Quando chegar ao alpendre , par e. Agora você vai rever toda sua vida , desde o nascimenr o até o presente, à luz da sua nova compreensão. Mesrr10c;ue a me nsagem da sua criança maravjlh a não tenha sido clara. veja sua vjda com o que você earecde sobre o prop ósito da su a vida ... Agora, volte ao momento do seu nasciment o. Como se pudesse vec a você mesmo nascend o. A partir do n ascune nro,
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veja cada marco importante ou cada evento que puder lemb.(ar;,à luz do seu novo conhecjmento . Veja as pessoas qne estavam lá. Você as vê de modo diferente agora ? (pausa longa) Pode ver alguém que julgava insignificante, com uma nova importância agora (pausa longa). Alguns acontecimentos podem ter diferentes significados. Pode ver um significado diferente nos acontecimentos traumáticos que sofreu? (pausa longa) Volte ao momento presente da sua vida. Aceite toda a sua vida como perfeita, do ponto de vista da sua alma. Agora que já fez o trabalho da dor original e o trabalho do ego, você p ode ver desse ponto de vista m.ús vanta joso. Aceite o pas~ado como perfeito. Comprometa-se com o seu propósito... Mande seu amor a todos que você conhece ... Compreenda que somos todos crianças, lutando para encontrar a luz. Veja seus pais como crianças feridas. Veja a luz dourada e quente envolvendo a todos. Imagine-se tocando e abraçando as pessoas da sua vida. (pausa longa) ... Pense em todos como crianças carentes de amizade e amor. Agora, volte ao alpendre com a escada que leva ao tem plo. Abra a pona e desça os três degraus . Recupere toda s as crenças, ceticismos e pressuposições que quiser ... e pela porta segliinte e apanhe todas as preocupações e ansiedades qu e quise.r:.. Respire fundo três vezes. Sinta a vida volta ndo aos seus pés, enquanto vê o número um ... Sinta a cadeira em que está sentado, as roupas que está vestindo, enquanto vê o número dois... Sinta então a energia nas suas mãos. Deixe que da suba por seus braços até o pescoço e os ombcos ... Agora, veja o número três. Sinta seu cérebro todo despertando. Respire profundamente . Diga a si mesmo que vailembrar essa experiência. Diga a si mesmo que vai guardar as imagens, mesmo que não as compreenda perfeitamente. Agora, veja o número quatro e sinta-se completamente desper,. . to enquanto ve o numero anco.
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É bom viver com essa meditação por algum temp o. Às vezes, as imagens fazem sentido mais tarde. Para alguns essa meditação marcou o começo de uma nova per cepção de si mesm os e de suas vidas. A criança maravilha de um homem deu a ele uma chave onde estava escrita a palavra andgu.idade . Quando criança, ele gostava de ar longas horas na casa da avó que tinhá uma
AOUANÇA COMO sl~OIO UNIVERSAi. DEREGENERAÇÃO ETRANSFORMAÇÃO
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g.tandecoleçãode relógios,antigos. Ele gostavade ouvir a av6 contar a história de cada relógio, Ela era uma ótima contadora de históriase estimulava a imaginaç~o dele. Ele começou a colecionar relógios antigos, mas nunca conseguiu dedicar muito tempo à coleção, porque tinha de dirigir sua agência de seguros. Eu o vi um ano e meio depois dele ter feito a meditação, em uma exposição de objetos andgos. O homem tinha vendido a agência e era agoza u1n come~cia.ntede antiguidades. Especializou-se em relógios antigos e chaves antigas com formatos originais! .Parecia muito ent1.1siasmidocom a neva.vida. Outras pessoas contam também resultadosespetacularesdessa meditação. O guia irn:erior e a criança maravilha representam a sabedoria da sua alma. A alma op~ra ern um mundo de símbolos e usa a linguagem da imagem. E a nossa alma quem fí!.la: nos nossos sonhos. O ego tem díficuldade para entender a linguagem dos sonhos. Precisamosconvivercom as imagens, senti-las para compreender seu significado. Aceite o que você recebe com.o o que é ceno p~a você. Compartilhe essa experiência com um amigo com cujo apoio você pode contar. Consegui uma reg.eneração maravilhosa com esse exercícío. Muitasoutras pessoastiveram também experiênciasde grande força.. Se você não teve uma experiência desse ·up o, tudo bem tamb ém.
A NÃO-IDEALIZAÇÃO DA CRIANÇA MARAVILHA Neste ponto quero deixar bem claro que não acredito na criança maravilha como o único modelo de vida autêntica. Acredito como Sam Keen que isso seria destrutivo para a dignidade da existência do homem adulto e amadurecido. Ser apenas uma criança maravilha é vivçr no exílio, no presente. Eu sei o quanto isso é horrível. Meu avô perdeu completamente a memória nos últimos anos da sua vida. Quando eu o visitava ele sempre me fazia as mesmas perguntas . Meu avô era um belo homem que cú ou uma vida com trabalho duro. fidelidade e amor. Vê-lo assimsem ado e sem .futuro era extremamente doloroso. Precisamos viver no agora,. mas não para o agora. Devemos ' ' pieencher o minut o impiedoso com 6ô segundos de corrida em distância" , como di-
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ria Kipling. Mas a nova visão da criança maravilha precisa da visão e da experiência do adulto que você é agora. Na verdade sua ttiança maravilha só estará ptesente se tiver-o apoio e a proteção do seú eu adulto. Uma criança, por mais maravilhosa que seja, não é o modelo para a vida adulta , autêntica como o adulto não é o modelo adequado ·para o que a criança deveria ser. Sam Keen escreve: Tornamo-nos humanos só quando abandonamos o·Paraíso. maduros só quando compreendemos que aquela infância aéabou. Voltamos para casa, para nossa humanidade comp leta só quando .itimos e assumimos a responsabilidade pel a percepção presente , bem como pela medida completa das nossas lembranças e dos nossos sonhos. A existência saudável integra o ado, o presente e o futU(o. A reformulação da minh;i.vida com minha criança maravilha aju-
dcu-me a ver que tudo na minha infância preparou-me para o que estou fazendo agora. O propósito que encontrei na meditação foi que estou aqui para ser cu mesmo, proclamar minha liberdade hu.mana e ajudar os outros a fazer o mesmo . Para réalizar essa tarefa , preciso de todos os meus anos de conhecimento, de todo meu trabalho de recuperaçã o, de toda minh:a. experiência de terapeu i,a e de toda a sabedoria que adquiri com minha dor e com meus erros. Tendo como ·guia minha criança roarayilha, posso ver agora que toda ·a minh:t vida é perfeita. Minha família disfuncional, meu pai alcoólatra e minha mãe co-dependente, minha pobrezá - tudo foi perfeit:o. Ela exatamente o que eu prcdsava viver para fazer o que estou fazendo agor-a . ·sem minha infância, jamais teria feito a sétie par.a a televisão sobre famílias disfuncionais, não teria escrito livros sobre a vergonha e sobre famílias dominadas p~la vergonha. E, certamente, não estaria escrevend.o este livro sobre a volta ao lar, que nos exorta a recuperar e defender nossa criança interior ferida . A criança maravilha nos incita à expansão c_o núnua . Ela nos chama para mais e mais vida . Ela diz que -a vida é crescer, que ser humano é superar. Compromete.e-se com a vida como cresd. mentó e vitória é estar disposto a aceitar o sofrimento, o risco e a dor.
ACRIANÇA COMO sfMBOID UNIVÉRSAI. DEREGENERAÇÃO E·'JUNSfORMAÇÃO
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Como escreveu o filósofo Karlfried Graf Von Durkheim : Só na extensão em que o homem se expõe repetid~ent e ao aniquilamento,pode aqude que é indestrutível subir com ele . Nisso repousa a dignidade de ousar. Quanclo nos compi:orneternos com o processo de crescimento , vemos que precisamos que nossa criança ferida nos informe sobr e a 'existência da criança maravilha. Nossa criança maravilha resistiu e ainda resiste. Ela é aquele q).le é indestrutíve l. Noss a c,dar1ça ma ravilh a é a noss a ím ag0. De i. Vej amos essa im agem agor a
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CAPÍTUID 14
A CRIANÇA MARAVILHACOMO IMAGO DEI Deus não mor~eu no dia cm que deixa.mos de acreditar cm uma divin dade pessoal, mas nõs morremo s no dia cm que nossa vida deixa de ser iluminada pelo brilho constante , diuiamcntc renov:ido. de uma maravilha. a fome daquilo que csd. além de qual qu er razão. - Dag Hamm arskjõld
O sentido de maravilha , que é oosso sc:x10sentido , é o sentido religioso natural ...
- D. H. Lawrence
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A não ser que se convc=m e se coroem como crianças, não cnu ..rão no n:ino dos céus. -
Marcus 18:3
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Seja qual for sua crença religiosa, você não pode entrar em contato com sua criança maravilha sem o sentimento da existência de algo maior do que você. Immanuel Kant, sem dúvida uma das maiores mentes filos6ficas de todos os tempos , confirmou a existência de Deus olhando para a imensidão da noite estrelada . Podemos ver que a noite vem depois do dia e que as estações são previsíveis e regulares. Existe o cosmo, existe sem dúvida um a ordem evidente . A Terra é uma parte infinitesimal das infinitas extensões galácticas. Não podemos deixar de irar a ma~avilhadisso tudo! A criança maravilha é naturalmente religiosa. E infantil e acredita com uma fé inabalável em algo maior do que o eu. A alma poética da criança maravilha toca o próprio coração do ser. Sua criança maravilha é a pane de você que processa, de modo humano, aq~ele poder que mais nos assemelha a Deus, a regeneração cnan va.
ACRIANÇA MAUVJUIA COMO JNAGO DEI
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A CRIANÇA MARAVILHA COMO REGE.NERAÇÃO CRIATIVA A criança maravilha possui todos os ingredientes necessários à criatividade:. Ca:d Rogers e um grupo de psicólogos e artistas estudaram a dinâmica da criatividade. Procuraram a condi ção psicol6gica necessária para que a pess(la se1a criaüv-a. Concluíram que os seguintes elementos são essenciais para a exisrência da criatividade: ludicida de, espontaneidade, aptidão para viver no agora, aptidão para se mara vilhar, aptidão para se concentra .r e: a capacidade: de ser o próprio locus de avaliação. Esta úlcima 1 ser o pr óprio locus de avaliação, significa estar satisfeito consigo mesmo . Ter prazer no que produz. Isso sighifica ter o senso do EU SOU. Todas essas qualidades são qualidades da criança maravilha . São qualidades icfânds. Ser infandl inclui o seguinte: sc:cc:sponrânc:o, capaz de viver no momento presente: concentrado , 1}aginaúvo, criativo, brincar, ser alegre, capaz de se maravilhar, confiar, sofrer, amar, surpreender e ter esperança. A criança maravilh a é o poeta natural que Morley descreve no poema citado na parte I. Quando estamos em contato com essa nossa pane , temos o poder criativo à nossa disposição. A maioria das pessoas não tem idéia da existência do seu poder criativo p orque está congelada na dor da sua criança ferida. ''A maior pane da humanidade leva uma vida de desespero silencioso'', disse Thoreau . Uma vez realizado o trabalho de recuperação e de defesa, a criança roaravilha anseia pela regeneração criativa. Um dos meio s de entrar cm contato com o poder criaávo da sua criança maravilha consiste cm per sonaliza r o significado ·. Desdos mitos que descrevem 'a criança recém-nascida no e::x.ílio' j
cobrirum signi.icadopessoalsignificareri.ica.r como osfa cosde~ micos ocorreramrcalmenceem sua vida. Nesses mitos, a crianç~ geralmente é um ser divino ou um líder heróico que introduz mudanças e regeneração. Em alguns casos, a criança é o salvador; em outros, o fundador de unia nova ordem , Para as mentes ocidentais -a criança em exílio mais conhecida é Jesus. Deixando de
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lado a questão da exatidão históri ca desta narrativa , a história do nascimento de Je sus repr esenta o padrão principal do tema da criança no exílio. Combinações diferentes dos mesmos elementos estão presentes nas históri~ dos nascimentos de Rômulo e Rem o, Sargão, Moisés, Abraão, Edipo, Páris, Krishna, Perseu, Siegfried, Zoroastro, Hércule s, Ciro e Gilgamcsh, entre outro s. A mitologia está repleta do tem .a da criança recém-nascida no exílio. Em todas as descrições míticas da criança nascida no exílio, podemos encontrar vários padrões elementares. Esses padrões foram destacados por Orto Rank, um dos primeiros pais do movimento psicanalítico, e ta.mbém pela psicóloga infantil junguiana, Edith Sullwold. A seguir, uma síntese do rrabaJho desses psicólogos.
• A criança a ser exilada é sempre filha de pais importantes, o
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filho do rei, ou da herdeiro legítim o do trono. A cciança a ser exilada, às vezes, ê de origem divina. • Seu nascimento é cercado por circunstâncias estranhas (esterilidade , continên cia), uma gravidez diferente (nas cer de um a virgem, do lado do corpo da mãe , erc.) • GeraJmente, durante ou antes da gravidez há a profecia sob a forma de sonho ou oráculo. A profecia quase sempre advene conua o nascimento, sugerindo que significa, de cerco modo , uma ameaça (geralmente para o pai ou seu representante, quase sempre para o poder reinante) . Corre a noácia de que uma coisa estranha vai acontecer. • A criança nasce de forma incomum e é imediatamente entregue àsforças da natureza ( deixada no rio, dentro de uma caixa, deixada na montanha, nasce cm uma caverna ou em uma man jedoura.) A criança, às vezes, nase;e das forças elementares (do .qlar). • A criança é salva por pessoas simples (pasrores), uma mulher humilde, ou amamentada por um animal. Basicamente, o mito sugere que a criança é lançada à mercê das forças elementares da natureza. • A velha ordem tenra matar a criança (matança dos inocentes ). Mas a criança abandonada é fone e capaz de sob1eviver.A criança é extraordinária . Por isso é uma ameaça. • Aos poucos, a criança começa a tomar conhecimento do fato de ser extraordinária. Quando consideram que ela está suficien-
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A CRIANÇA MARAVJI.HA COMO lNAGO DEI
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temente fone, sua hora chegou. A força da criança vem do re• conhecimento graãua1 de quen1 ela é. • O novo autoconhecimento permite que a criança djvina {herói) saiba que precisa ensinar aiguma coisa à velha ordem. Ela comp reende que nesse exato momento do tempo , a velha or• dem pode ou\ii.la e ser regenerada. Agora, não só nasceu um a nova criança, como também nasce uma nova ordem . A criança, às vezes, tem de enconua r seus pais im_portantes. Pode te1 de se vingar, às vezes, tem de matá-los (Edipo, Electra ). • Finalmente a crianca conouist :. o lugar :: a honra a oue tem direit o. .Aceü::.!.~!Z ruv.nda cie. s-..1arealeza ou sua haeralfça. Os micos repre sentarn as históri as coletivas da humanidade . Os elementos dos mi tos rêm caráter à.earquétipo. lsso significa que os mitos descrevem pa drões revividos por cada um de n ós muita s e muita s vezes em nossa vida oessoa.1. Então. o que significa pa~ nós o arquétipo da criança no exílio? Além da lernorança da dor da nossa infância, deve haver a lembrança de unia criatividade mu~co especial que é nosso dom pessoal, úni co e in:mitá.vel. Caaa um de nós é uma criança divi• na, um herói ou neroína, um líaer e aquele que cur:i. no exílio. Nosso ferimento espiritual nos cem preocupado canto que deixa. mos de notar todos os sinais e insinuações da nossa criança maravilhz durante esse tempo . Muitos de nós amos a infância em um lugar estranho. Fomos subjugados pelas forças que nos rodeavam . Sobrevivemos graças aos nossos instintos elementares. Tivemos de criar cus faj. sos para sermos imponantes. Estávamos perdidos, nã o sabía mos quem éramos. Recuperando e defendendo a criança maravilha , você pode agora deixar brilhar sua próprialuz. Jung disse: ''A criança é aqu ele que traz a luz que ilumina as trevas e leva a Juz na sua frente ."
NOSSAS HISTÓRIAS Há várias maneiras de renovar o contato com o arquétipo de nos• sa criança maravilha. Ouvir as hiscóriasdas nossas vidas é um dos •
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VOIIA A.O LAR
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méios para encontrar força profunda da criançamaravilha. Quando as pessoas contam suas histó rias no meu grupo de trabalho com a criança interior, sempre toç_amalguma coisa no meu íntimo. Isso acontece qúase semp re. As vezes me espanto com a força interior e a criatividade de cenas pessoas, qµe lhes permjtiram sobreviver aos mais sór~do~ e terríveis inícios de vida.A ~aior parte das vezes, ouço h1st6ria~. que seguem os padrões ma.1s-co• 1 muns. Já ouvi centenas de histórias de infância. O que acontece é que me sinto retirado da solidão da minha infância. Minha história começa a parecer mais comum. Editb SulJwold disse: ' 'A narração da nossa história coméça a tocar os n1veis a:ais •profun dos de quem somos ao nível de arquétipo.'' Um dos nossos maiores sofrimentos da infância e da adolescêncill, era a terrível sensação de solJdão, potque pensávamos que ninguém mais tinha sofrido as dores da nossa infância.A maioria era de famílias que adotavam a notma do não fJ.lu. Assim, nã'o tínhamos ninguém a quem .contar nossa história . Nos meus grupos de trabalho, quando as pessoas formam grupos de seis ou oito para contar as histórias das suas infâncias, há um processo de cuia que vem da universalidade .das nossasvidas de aiánça . De um modo ou de ouuo , so-
mos todos criançasno exílio. É esse.iiciaJ saber isso. Os adultos crianças, geralmente , acreditam que sinos IÍnicosque sofreram na infância. Na nossa má-
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goa e na nossa dor, oa falta de atendímento às nossas necessidades, tentamos concretizar as coisas. Quase sempre concretizamos nossa criança fe.dda e perdemos de vista a criança maravilha. Atolados no literal , perdemos de vista o espiritual . Isto cria o que Marion Woodman chama de '' materialização do consciente'•. Não vemos nenhum mundo além do mundo da noss~ criança ferida. Ficar atolado na sua hist6ria pe~soal da criança ferida. significa jamais ir além dos seus ferimentos. Nunca ir além dos .seus ferimentos é explicar tudo que há de erradq na súa vida como efeito da contaminação da sua criança ferida . Quando ouvimos as bis• tórias dos outros, elas nos ,põem em contara com algo maior. Elas nos ligam às nossas, profundezas de arquétipo . O arquétipo da ctiança maravilha nos incita à regeneração espiritual. Ela representa a nccessi,dade que nossa alma tem de uma transformação. A criança maravilha nos abre para a criança mítica divina do tema da criança no exílio. Ela nos leva além da criança literal das nossas histórias pessoais. Todas as nossas histó-
ACRIANÇA MARAVJtHA COMO /JLAGO DE
rias falam, de um herói/heroína, uma criança divina que foi exilada e_empreende , agora. a jornada para encontrar seu verdadeiro eu .
EMERGÊNCIAENERGÉTICA Segundo J un g. os arquét ipos são parrc do nosso sub consciente cole:-ti vo. Sencio assír.:, não poaem st:r conn eciâos àiretamence . Por isso, temos de aprender a reconh ecer as pistas que marcam a en1ergência da criança arquétipo. As histórias que ouvimos tocam as profu ndezas do nosso arquétipo. Outro mod o pelo qual sua criança maravilha arquétip o pode nos levar à mudança regenerativa e criativa é .auavés de uma espécie de emergência ,, ' energeaca.
Sentimento s fortes A emergência energética pode ser um senti mento muito forre ou difuso. Manifesta-se como uma atração emocional muito fone por algurna coisa ou por al·guém . ou pode aparecer como uma fone sensação física que mascara o sentimento reprimido . Alguns exemplos podem ajudar. Cena vez trabalhei com um advogado chamado Norman. Ele era deralhista e tinha um conhecimento espantoso da lei. Era um dos sócios principais em uma firma de advocacia fundada por seu pai. Os outro s advogados sempre recorriam aos seus conhecin1entos. Ele, às vezes, ava horas ajudando os colegas no preparo e andamento dos casos em que trabalhavam. Norman raramente recebia crédito por essa ajuda _ Quando fiz uma p ergunta a esse respeito , ele deu de ombros, dizendo que ÍS$O ajudava a forcalecc:r tod a a firma . Cen o dia , Norman contou que: quando acordou de um sonho. sentiu uma profunda tristeza que persistiu durante seis dias. Às vezes. no período segujnte ao sonho, Norman soluçav:i.durante quase urna hora. Essa energia emocional era completamen te esrranha ao seu estilo de vida bastante estóico.
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Perguntei sobre o sonho e ele disse que se tratava da morte de vários animais,incluindo cães e gatos. Isso detonou a lembrança há muito esquecida do seu brinquedo favorito quando era pequeno. Norman era um veterinário que cuidava de cães e gatos . Norman lembrou que quando era pequeno queria ser veterinário, mas o pai zombou da idéia. O fato é que a tendência de Norman para os detalhes legais era um meio de encobrir sua tristeza pela perda da verdadeira vocação. Era uma tristeza cão profund a que Norman nunca se permitia qualquer sentimento de tristeza . O sonho libertou a profunda energia do arquétipo , chamando Norman para entrar em contato com o pedido insistente de sua criança interior por mudança e uaosformaçã o. Norman era um homem de posses. Eu o ajudei a ouvir o pedido insistente da sua criança maravilha, a entrar para a facul dade de veterinária e a abrir uma clínica. Norman tinha 36 anos quando teve o sonho. Agora, dez anos depois , ele vive feliz, cuidando dos animais. O sonho libertou uma forte tristeza emocional. Essa emergência energética o levou a ouvir a voz da sua càança maravilha. Essa mudança regenerativa exigiu muita coragem . O pai de N orman TKou furioso. Os colegas pensaram que ele tinha enlouquecido. A vtlh;i ordem ficou cm pê de guerra para enfrentar a emergência da energia da criança maravilha. O paí me chamou de charlatão, insistindo cm dizer que Norman estava deprimido , e precisava de medicação e de hospitaliza ção. Todos os padrões , do arquétipo estavam presentes . A criança que queria curar na ordem natural e seu verdadeiro eu chamando-o pata aquela car. reira: a oposição constante da velha ordem; os anos de sofrimento na caverna da sua tristeza; os anos de luta para encontrar o verdadeiro cu. Finalmente, a criança se libertou. E Norman deixou que sua energia o levasse à transfo1mação criativa. A emergência energética sob a forma de uma forte atração emocional por uma pessoa ou cc>isatem acontecido muitas vezes na minha vida. Senti uma.forte auação emocional por alguns pensadores ftlósofos. Descreverei isso com maiores detalhes quando Lomcntar sobre minhas experiências no seminário. Algumas dessas escolhas eram bastante incomuns , considerand o meu cuuiculo intelectual na época . Em várias ocasiões, senti uma fone atração por livros desconhecidos para mim . Quando entro em um a livraria, às vezes, um
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ACRIANÇA MAlAVIIHA COMO /J,fAGO DEJ
determinado livro chama minha atenção . Pode ser o órulo do livro ou alguma coisa na capa . Geralmente não tenho um moav o cons.ciente para sentir atração por aquele ljvro. Entretanto , sint o Urn:l quase ne cessidade de comprar e muitas vezes compro. Quando chego em casa. folheio o livro e o deixo de lado sem compreender por que ele me atraiu. Algum tempo depoi s, quase sempre quando estou trabalhando ativamente em um n ovo projeto, um desses livros surge na minha lembrança. Em várias ocasiões, o livro em questão serviu de catalisador pa ra um processo criacivo. Os dois exempl os ma.is noráve1s :stão reiacionad os à minh a série pa ra a tdev1são PE ~ em 198 5, Bradshaw On: The ..~uy e meu Íivro Heal.ingthe Sha.-
me ch:u Binds róu. Alguns anos depois da minha série para a televisão PBS, pediram -m e para fazer ouaa série sobre o mesmo assunto . Eu nã o conseguia encontrar algo que realmente me interessasse. Cert o dia , na minha biblio tec a, vi um livro chamado The Fa.mjfy Crudble, de Carl ~7h iraker e Augustus Napier , O livro escava há aJ. guns anos na minha estan te. Aorese nrava a teoria dos s1srernas fami liare s. É escrito como um ro~ance, descrevendo a cerapia deuma família usand o o model o do sistema fa.mili~r. No a do. tinha considerado o material do siscema familia.e muno clínico e. árido, cerramente não adequado para espe cc:adores de televisão. O livro me comoveu profundamente e 1ne inspirou a criar uma série baseada em uma exposição de famílias como sistem as generalizados. Quando completei a série , compreendi que o material do sistema familiar tocava profundamente alguns problemas emocionais da minha vida pessoal. A dissolução da minha família de origem foi muito dolorosa para mim . Comp reendi que a popularização daquele material vital era uma pane importante do meu trabalho. Foi esse trabalho que me levou a recuperar e defender minha criança interior ferid a. Quando comecei a escrever Healing the Sbame chacBind s lóu, em cena momento empaquei. Não estava satisfeito com o modo com que a vergonha era representada na literatur a em geral. Ninguém havia diferenciado claramente a vergonha saudável da vergonha patológica. Cerco dia, no meu escricócio, encooue i por acaso um livro vermelho, muito fino , intitulad o Shame publicado por Haze1den , áe um autor an ônimo. Eu havia compra do o livro há muito s anos e não me lembrava mais del e. Comece i
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a Jer e descobri que o autor me comovia profundamente. Ele descrevia a vergonha saudável como a guardiã da nossa condição de seres humanos. A vergonha, dizia ele, é a emoção que assinala nossa finitude humana , nossos limites humanos . A vergonha não saudável aparece quando teotax;nosser mais do que humanos, ou quando agimos como menos do que humanos. Era eSSíla idéia geral que eu precisava. D ois livros qu e detonaram emoções fones e que eu havia comprado sem nenhum motivo especial. Ficaram na estante durante anos: então, de repente chamaram minha atenção exatamente quando eu precisava deles. Os sist. .na s familiares e as famílias dominadas pela vergonha foram os port ões para minh a criança divina no exílio. T.cabalhar com esses dois conceitos tem sido uma pane da minha jornada espiritual e da minha carreira. Os sentimentos podem nos Jevar a imponantes descobenas relativas à nossa criança divina no exi1io, através de lembranças tisicas. Geralmente, quando dou aulas sobre a violência física ou sexual, alguém entre os que me ouvem experimenta fortes sensações - náuseas, dor de estômago, dor de cabeça, dor no pescoço, sufocação, uma fita de aço em volta da cabeça. Essas sensações físicas ou_corporais são sinais energético s, chamando a pessoa para uma oõ~ conscientização que pode ser o inícjo de uma nova vida. As vítimas da violência física e sexual dissociam-se da dor dos seus traurfias, para sobreviver. Literalmente elas deixam o próprio corpo. Contudo, o ferimento permanece impre sso nos seus corpos e pode ser revitalizad o sob a forma de sensações corporais, quando ouvem a descrição desse cipo de violência. O valor dessa emergência energética está no fato dela chamar as vítimas de volta ao drama doloroso. Enquanto essa dor original não for aceita e trabalhada, · a pessoa não pode se recuperar dos efeitos da violência. Sem o trabalho de lamentar a dor original . não po dem encontrar e recuperar sua criança ferida. ...
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OCORRENCIASTRAUMATICAS E DOR EMOCIONAI A emergência energética pode ocorrer rambém em resposta a um a ocorrência traumát ica atual . Você se divorcia, perde um amigo,
ACRIANÇA MARAVILHA CD.MO OU.GO DEI
é despedido , e a energia cl'a mudança o chama para a regeneração e a Qova vida. Vi isto acontecer muitas vezés quando meu s clientes ,:esolviam terminar casamentos muito infelize s. Geralmente, ás mulheres mui to malt,tatadas, quandQ ,reuniam a coragem .para deixar os a-gr~sores, descobriam, denu0 de poueos anos, que $Uas_vidas tinham se transformado de um modo que das nunca poderiam nem §Pnhar antes. Não conheço nenhuma fórmula para predizer quando a pessoa vai ser vencida por uma ocorrência traumática ou quando vai ser energizada e uansformada por da . Posso dizer simplesmente que todos nós devemos saber que o uaum a tem um po tef!ó;,t' duplo. Pode ser o catalisador de -~ma mudança criativa,, QU a causa da au~odesrruição. Depende da nossa coragem para aceitar a dor não resolvida, reprimida por oe;asião do traurua, e do signifi cado gue. vamos dar a da . É importante ólhar para sua vida ada e encon tra r as forças resultantes àas experiências ttaumáciéas. Muitos dos meu s clientes, quando fazém a meditação descrita na pá g. 335. encontraram uma grande força em faros traumáticos do ado. Eles com preendem as palavras de Leon Bloy:
Há lugares no coração que qão exístem : é preci so exiscir a doe para que em a existir. Não tenho nenhuma convicção verdadeira a respeito do mocivo pelo qual coisas más acontecem para pessoas boas nem porque o abuso terrívd é o déscino de alguns e não de outros. N.enhuroa das .respostas religiosas padronizadas me convenceram .
Transfo~mação do trauma: uma história pessoal A pior coisa que me aconteceu na vida foi, finalmente , a melhor. Terminei meus 17 anos de alcoolismo carregado nu1na ma . ca pai;a o Hospital do Estado, em Austi-n. Eu tinha 30 anos. O álcool estava roubando meu potencial criaci:vó . O alcoolismo era uma testemunha energética de que eu estava à proc:ura do espírito. Maríon Woodman chama D vício de · 'perve~âo do espí 6to' '; literalmence, '· nossa natureza espiritual voltada con era ~imesm a,'·. O álcool era o remédio que eu tomava para cura r minh a •
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criança interior ferida, mas o remédio estava me matando . O VIcio era uma metáfora da minha profunda carência espiritual. Depois que meu pai me abandonou e à minha familia, mudamos de casa várias vezes, quase sempre morando com paren tes. Eu me adaptei, tomando-me um menino muito obediente. Para encobrir minha vergonha e dar à minha família alcoólatra um pouco de dignidade, tomei-me o super-realizad or, tirando sempre a maior nota da escola e sendo presidente da classe em todos os anos do curso primário . Eu estava tentando ser mais do que humano - estava me superidentificando com o papel de menino bom, qur agradava a todos, o super-realizad ot Minh a energia natural da infância, selvagem e inscinciva, escava tranca da no porão e esforçmdo-se para escapar. Mais ou menos aos 13 anos o que havia de rebelde em mim tinha encontrado uma porção de garotos sem pai, filhos de lax-e s desfeitos. Cometei a andar com eles, dando expansão ao meu instinto rebelde e desregrado. Logo me superidencifiquei com ele e ei a encobrir minha dor com uma vida de orgias. Comecei a afogar a dor e a mágoa no ákool. Meu tempo de ginásio foi dominad o pela bebida, pel as prostitutas e pelas farras. Eu tinha me tornado menos do que humano. -Aos 21, sentia-me encurralado e sozinho. Cerro di~ vi uma saída. Poai 4 resolver tod os os meus problemas entrand o para o seminário e·estudando para ser um padre cac-ólico.As freiras e os padres aã Ó tinham dito que eu tinha vocação para a vida reJj. giosa - o chamado especial para f-azero a:abalho de Deus? Entrei para a ordem dos basilianos. Entrar para o seminário foj uma tentativa clara de curar meu ferimento espiritual . Al.i escavaum lugar onde eu podia encontrar a saúde espiritual. Mas não havia feito ainda o trabalho do meu ego. Minha alma ansiava por Deus , mas minha energia emocional reprimida me chamava de volta para ela. No seminário, eu me tornei espiritualmente compulsivo, constantemente orando ajoelhado dur.ante horas e jejua ndo ate a cxaustao. Nietzsche fala em três transformações no nosso cresciment o pessoal. ''Como o espírito se uansforrna em um camelo, o camelo cru leão e o leão, finalmente , em uma criaaç:i." Como um camelo, eu me empanruuei de conhecimentos. Estudava os grandes mestres espirituais, medicava e rezava. Como muitos jovens, eu estava em uma peregrinação espiritual , mas não estava livre para fazer a pergunta cena. Eu não ~
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podia ouvir os·sinaís que o arquétipo da minha criança maravilha me enviava. Eu não encontrava a paz interi or porque não encontrara a mim mesmo . Eu usava o hábito negro e o colarinho branco dos padres cat6licos. As pessoas me chamavam de "pa dre ", mas eu não tinha a mínima idéia de quem eu era. Minha criança arquétipo levou-me ao esrudo da filosofia existencial. Primeiro Jacques Maritain , o grande filósofo católico to• mista tor nou -se um dos meus pais. Então , senti -me emoaooalmente atraido pel as obras de Dostoievski, Kíerkegaard, Nietz sche e Kafka . Todos esses homen .s eram crianças feridas cuja energia do arquétip o h::via rompi do as marca.,, a despeito deles mesmo5. São exempJos magníficos do que o arquétipo da criança maravilha pode fa.zer. Suas vidas foram dolorosas e atormentadas. Eles nunca recuperaram e defenderam suas crianças interiore s, mas a energia dos seus arquétipos unha tanta força que os ergueu ao cume da criatividad e. Havia um sentido trágico nas vidas desse~ homen s. Jamais encontraram a paz inteáor e foram atormentados até o fim . Contudo, suas crianças maravilhas os levaram a produzir grandes obras de arte. Os maío:es anistas parecem rer esse padr ão de arqu étipo. A maiori a jamaís teve a alegria que descrevi no trabalho de recuperação e defesa da criança inteúo r ferida. Há algo de m.isreriosoem tu do isso - algo que eu não compreer.do bem, que separa as vidas dos gênios e dos santos das outras vidas. Acho que tem alguma coisa a ver com a criança maravilh a. Sej.a como for, senti-me atraíd o por esses homen s, especialmente por Friedrich Nietzsche . Que ironia! lá estava eu , num seminári o católico, onde tod o mundo escudava Tomás de Aqu ino e eu estava estudando Nietzsche , o filósofo que anunciou a " morte de Deus". Lembro-me como fiquei profundamente comovido quando li pela primeir a vez este trecho de uma das tar· tas de Nietzsche : ' Se esses cristãos querem que eu acredite no seu deus, precisam cantar uma música melh or: precisam parecer maís com pessoas que foram salvas: precisam ter o rosto alegre da beatitu de. Eu só poderia acreditar cm um deu s que dan ça. Um deus que dan ça! Om deus que é alegre e que celebra a vida ! Qu e diferença das ba tinas lúgubres e negras do seminário, do silêncio sagrado e da proibição de qualquer amizade especial cri-
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tre os novíços. Comemorações alegtes e dança nada tinham a ver com mínha instrução religiosa. Eu estava aprendendo a mortificação da carne, acust6dia dos olhos e a negação da emoção. Custódia dos olhos significava que dtvíamos manteros olhos baix.os para não vermos nada que pudesse excitar nosso desejo. Na verdade, era um prisionefro da velha ordem. Dostoievski expressa isso muito bem quando diz. na .únda do Grande Inqu1$1 ·d'o,c,Sé Jesus voltasse, eles o prenderiam . Ele -veiopara nos liberta i:. Isso é demais para a velha ordem. Jesus nos chama para a criatividade
e para nossoúnii:oEUSOU.Comonossomodelo,ele disse, ''Antes
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de Abraão, cu sou.'' Eles o crucificaram por isso. A velha oruen ~ nos crucifica por expressarmos nosso EU SOU e nossa cr1atividade. No seminátjo, a obediência à autoridade ei:aa regra que decorávamos e líamos quatro vezes por ano. Eu tinha uma nova mãe (a Santa Igreja Católica) e um n<Wopai (meu padre superior) mas continuava perdido no meu ferimento espiritua l. Mas não .estava completamente perdido. Minha criança ma ravilha começava a despenar. Ela me levou a fazer minh.a tese de mestrado sobre Nietzsche, que jntirulei ''A Filosofia como Conhecimento Dionisíaco'' - Dioniso, o deus do êxtase, do vinho , e da criatividade natural. Ele lutava cont.ca Apolo - o dc:uS-da forma e dá ilisciplina estrunnada. Ele sabja que ambos e.raro oecessádos pa.r;ca arte e para a vida, mas não conseguia um bom equilíbrio dos dois em sua vida. Na minha tese, compreendi o quanto a filosofia EInadequada sem o elemento dionisía eo, Para Nietzsche, a filosofia era quase a própria poesia. Issofoi umá teação exagerada ao ucionalismo apolíneo e gelado da época. Eu sentia a força de Dioniso no coração da obra de Nietzsche. Eu via como era imponmte encontrar o cqúil.íbrio entre Apolo e Dioniso. (Dio• niso, como a energia selvagem e criativa da criança maravilha e Apolo, como a forma e a estrutura que simboliza aquela energia profundamente poética.) Eu via isso intelectualmente , mas não sabia como conseguir o equilíbrio na minha própria vida. Escolhi Dioniso. Então, meu camelo se transformou em um leão furioso e eu me revoltei contra as forças antivida da velha ordem. A prin cipio, foi uma revolta intelectual. Mas meu alcoolismo me ajudou a transforma-la em ação. A velha ordem me chamou , fui repreendid<;>e censurado por desobediência. Minha rebelião con.tinuo u e numa noite defrenesi dionisíaco entrei embriagado no mosrei-
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to às 3 horas .da manhã amaldiçoando, aos gritos, as autoridades e os guardiãos da, veJha ordem. Minha criança maravilha estàva criando uma vérdadeira tempestade! Minha classe foj ordenada no •dia .seguinte ao meu exílio. Ufa! Escapei por pouco ! 4 velha .! ord_e,m quase venceu. No trem que me levava de Toronto para o Texas, eu bebi . A cerveja acalmou minha alma atormentad a. Nã o tinha idéia do que estava acontecendo . Minha criança ferida encolhia-se , enve:rgonhada. Aos poucos, nos meses seguintes , comecei a ouvir minha criança maravilha . Ela me falou com as palavras de Nie tzsch e: ' ' Voe.é procurou o fardo n,ais pesago de rodos e encontrou ·a si mesmo.'' Não havía ninguém para confirmar meu s,e-r , Precis.ei de toda minha coragem para deixar os basílíos e eles nãe> facilitaram as coisas. Deram-me 400 dólares para recomeçar a vida . Eu tinha 30 anos, não tinha carro. nem roupas, nem abrigo. Quando saí, ninguêm me telefonou, nin guém me encorajou , ninguém me déu apoi o. Homen s com os quais tinha vívido durante- quase dez anos. muit os dos quais eu amava extremamente , seguiram a lei não escrita de não falar e não ter contato com o irmão que partiu. Um cio que deu algumas festas quando saí de casa para ser: padre, disse que sabi?. que eu· •'não tinha fibta para ser padr e''. Escrevendo isco,. sinto a velha ra:iv:a e antiga dor. Como a criança exilada dos .mitos, eu estava sozinho , entre gue aos elementos do mundo. A únic'a experiência que tinha , anterior ao seminário , eca de ofiice boy e empregado de armazém. Eu não sabia para onde ir ou o que fazeL Bem Já no fundo, minha criança maravilha me empurrava para a frente . Quando olho para trás, para aqueles dias, não sei como consegui . Meu alcoolismo estava chegando ao .áUge.Eu me sentia completamente perelido e sozinho. Não só não tinha carro, mas também nã o sabia dirigir. Eu estava apavorado .. O fim dessa esuada 'foi o Hospital do Estado, em . Austin. Quando ,saí do hospital, entrei para um grupo de 12 os para tratamento do alcoolismo. Mãos estenderam-se para mim . No meu estado lamentável , eu me via nos olhos dos seres humanos feridos, meus companheirós. Somos tod os ' ' beb ês chor,and o na noite '', que precisamos uns dos outros . O impul so inrerior que me levou a deixar a velha ordem foi verificado nos olhos dos meu s companheiros em processo de cura. Comeéei a ver a mim mesm o •
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ouvindo-os contar suas experiências, suas forças, e suas esperanças - todos alcoólatras em recuperação. Eu me estabilizei. Encontrei o espaço no qual minha criança maravilha , aos poucos, vem emergindo nestes últimos 25 anos. Hoje eu sei, no nível mais profundo, que cu sou eu - um a pessoamaravilhosa!Sou irritado, amuado e egoísta, mas sou também amoroso, interessante , realmen te criativo e às vezes até me assombr o. A maior coisa que aprend i na vida foi que a criatividade suplanta a violação e é a resposta à violência. Só muito mais ·tarde vi como minha criança maravilha cinha me guiad o o tempo todo. A energia para Nie tzsche:, Kafka. Kierkegaard e Dostoievski era da minha criança maravilha. Agora compreendo por que me identifiquei tanto com esses homens. Eu agradeço a eles. São meus pais no sentido mais real. Eles me ajudaram a encon rr:u a num mesmo.
SONHOS
Já contei o sqbho de Norman . Não foi o sonho per se que o levou a descobrir os.impulsos transformativos da sua criança maravilha. Para Norman foi um longo período de tristeza interu:a e fora do , comu,!Tl.Mas o sonho iniciou o processo. , As vezes, o próprio sonho pode ser a energia do arquétipo da criança maravilha . No seu livro autobiográfi co, Memórias,sonhos, rdlexões, Carl Jung chama esses sonhos que modelam a vida de " grandes sonhos". O próprio Jung teve um "grande" sonho entre três e quatro anos, um sonho que o preocupou durante toda a vida. Jung espantava-se com o fato de uma criança tão pequena ter um sonho que simbolizava problemas ' 1mui to além (do seu) conhecimento". Jung perguntava: Quem juntou o acima e o abaixo, e fez os alicerces para tu do que devia preen cher a segunda met ade da minha vida com as mais tempestuo sas paixões? Eu analiso um dos roeus "grandes sonho s" . no meu livro Bradshaw On: Healing the Shame thar Binds lv u. Meu sonho, qu e
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tive 20.,anos depois de de~ar o seminário, me chamou de volta aos clementQSdaquela vida. Chamou-me especialmente para uma profunda meditação. N2qucla época, esfava na diretoúa de uma companhia de pettóléo, como consultor psicólogo encar~egado de desenvolver o p,rograma de.recursos humanos. O trabalho esta\'a esmagando minha criatividade. Estava também envolvido em um relacioQamento destrutivo com uma mulher e cada -vezmais obcecado pela urgência de ganhar muito dinheiro. Como membr o da djretoria ,recebi ações opcionais d.a empresa . A indústria do petróleo estava no apogeu . Tudo que tocávamos se uansformava em ouro. Eptão, veio a crise. 11uitos foram despedid os. Perdi todas as minhas ações além de um ordenado significativo como consultor. Fiquei arrasado. Eu cresci na pobreza e fui um obcecado por dinheiro toda a minha vida. Meu medó da pobreza mani(estava-senuma sensação cronica de desgraça iminente. Nunca parecia hav:er o suficiente. Algum dia, sem dúvid a, o chão ia ceder. E agora , unha mesmo c¼esaparecid0sob meus pés. Logo d-epois disso, tive três sonhos claramente interligados. Ocorreram no espaço de âlguns dias. No primeiro, eu tentava voar para Toronto, mas não conseguia sair do chão. No segundo, eu levantei vôo e aterrissei peno de Niagara Falls, em Buffalo, Nova York. No aeroporto, vi o abade de um mosteiro trapista que eu conhecera 25 anos atrás. O abade me impressionou muito quando o conheci, mas em todos aqueles ànos nunca mais pensei nele. Sua imagem me perseguiu durante dias. No terceiro sonho, alugava um carro ern B1.1ffalo, Nova York, e ia para Toronto. Quan do cheguei a Toronto, estava sozinho. ];,uidiretamente para a Rua St. Joseph, 95 1 onde'fizera meus esnidos tçológicos . Andei a es• mo e, finalmente, cheguei à gmnde capela. Sentei na capela durante horas. Falei com vários hemens que eu considerava muito piedosos. Eles simplesmente apareceram para mim . Todos disseram que eu devia énconuar meu inner.sancwm. Foi.em Toronto que eu estudei para ser padre, e aqueles sonhos me levaram.de volta ao meu ceouo espiritual. Eles me leva.ràm a cop:ieça.ra meditar diariamente. Há alguns anos eu me interessa\'a por meditação , mas sempre superficialmente. Aqueles sonhos também me deram uma paz duradoura a respcicodos meus problemas de dinheiro. De algum modo sabia que teria sempr e uma segurança ·financeira. Resolvi que o que devia fa~er era dedicar minha energia a assuntos espirituais. Para mim , criatl\lidade •
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é espiritualidade. Então, comecei a pensar em fazer uma nova série para a televisão. Essa série foi o início da minh a vida atual . Tudo começou a acontecer quando compreendi claramente que minha energia criativa não penencia ao mundo dos negócios e aos assuntos financeiros . Minha crian ça maravilha me indi cou o novo caminho por meio do meu grande sonho.
LEMBRANÇASDA INFÂNCIA Out ra forma de examinar o subconsciente do arquét ipo é procurar lembranças da infância. Às vezes, essas lembranças são as sementes da nossa criatividade . Georgia O'Keeffe. a famosa pintora. conta na sua autobjo. grafia que lembrava de estar dejtada em um grande tapete quand o tinha cinco meses e ficar fascinad a com o desenho e as cores de um acolchoado, na casa da tia. O desenho desse acolchoad o tornou-se, mais tarde, o motivo central de muitos dos seus qu adros. Ela 't o~ta que comentou com a mãe essas lembran ças. A mãe disse qúe era impossível qu e ela pudesse se lem brar àaquele tempo tão dista nte . Georgia então descreveu detal ha dame nte o vestido da tia. .A infânda parece ser o cemp o em que a procura , , interior se instala para a maioria dos criadores. O grande paleontólogo Teilhard de Chardin conta em suas lembranças da infância que não tinha mais de sejs ou sete anos quand o sentiu -se atr:aído pela matéri a. Descreve seu fascínio pe las rochas e pelo ferro. Einstein tinha cinco anos quando ganho u uma bússola magnética . Foi invadido p or uma sensação de mistério que o levou a procurar a resposta aos segredos do universo. Essa sensação de mistér io ficou com ele durante toda sua vida. Os quadro s de Picasso e Chagall estão repletos de in:1agensinfancis. As semente s da sua criatívidade estavam na sua infânc ia. Uma psiquiatra infantil junguiana famosa , Fran ces Wickes, clissena muito bem sobre o assunto: Experiências de realidades intemporais podem chegar à criança... Quando ela cresce, problem as... a pressionam. Seu ego precisa crescer para atender às exigências de maior cooscien -
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tização e o ego parece ter esquecido experiências espirituais, mas são lembradas pelo eu ... Em Memórias,sonhos, rdlexões,Jung recorda um encontro inesperado com sua criança maravilha. A experiência aconteceu em uma época em que a vida de Jung parecia estar parada . Ele se sentia tão confuso e desorientado que temia estar com um' 'distúrbio psíquico". Tentando encontrara raiz do seu problema, começou a procurar nas suas lembranças da infância. Ele escreveu: A púmeira coisa gu e veio à cona foi a lembra n~a de quand o eu tinha 10 ou 11 anos . Nessa época, ei por uma fase de verdadeira paixão por brinquedos de armar ... Para meu espanto , a lembi:ança veio acompanhada de várias emoções. ''Ah'', eu disse paramim mesmo, ainda existe vida nessas coisas. O garotinho ainda está por aqui e possui a vida criativa que me falta. Convencido de que precisava ligar-se novamente à energia da in fância, Jung estabeleceu contat o, revivendo a ''vida de criança com seus b.cinquedos infantis · ' e compro u um jogo de armar. Foi grande a resistência das suas críticas vozes interiores (velha ordem), mas ele não cedeu e começou a construir uma aldeia comp leta com castelo e igreja. Ele trabalhava todos os dias depois do aJ. moço e à noite. Foi ques tionad o pela família . Mas ele escreveu: ''Eu tinha apenas a ceneza interior de estar no caminho para descobrir meu próprio mit o.'' Essa experiência desempenhou um papel importante na libenação das extraordinárias energi as criacivas de Jung que culminar;im com as teorias dos arquécipos e do inconsciente coletivo. Alguns anos ~trás, quando lia esta pane dá autobi ografia de Jung , lembrei de um incidente semelhan te da minha vida. Quando eu cinha uns dez anos, comecei a me interessar por modelos de aviões. Lembro-me de que ei semanas trabalhand o em um modelo. Pela primeira vez, depois de muito trabalho , consegui armar o avião inte iro. Era feito de pequenos peda ços de madeira balsa, tod o ele muito delicado e complexo. Só faltava colar o papel externo e terminar a pintura. Um dia, quando cheguei em casa, encontrei meu avião amassado e quebrado. Meu irmão mais novo quis fazer o avião voar e o estragou completament e.
Eu fiquei desolado, completamente arrasado. Durante algum tempo pensei em recomeçar tudo mas nunca recomecei. Tonta anos depois tive a.inda energia suficiente · para completar a tatefa de armar um avião. De cena maneira, era muito importante para mim. Aos 39 anos, comprei um modelo e com muito ttabalho o armei- lu vezes, trabaihava durante a metade da noite. Armei o avião, pintei e realmente terminei o trabalho. Fiquei muito or-gulnoso, embora não tivesse idéia do porquê daqueia urgência para armar um avião.
Hojeolhopara tráse vejoo tempo a panir dos meus 39 anos at é agora como o período mais criativo de toda a minha vida. Havia. alguma energia inacabada em mim por não ·ter completado aquele primeiro avião. Tive de términar ·a tarefa para ar para outro trabalho criaàvo.
UMA BOA NOTÍCIA Muitos d(!..nós, de famílias disfuncionais , amos uma grande pane da vidà. reciclando as contarninaçõfls das nossas crianças feridas. Vivemos-defensivamente , tão casados com nossosmicos ilusórios que não temos idéia de que há boas notícias dentro de nós, , a boa notícia de que somos todo s criativos. Isso é evidente até ' mesmo nas nossas adaptações newóticas. Cada um de nós tem uma criança m.µavilha com potencial criativo. Isso não se aplica só aos grandes pintores e mú .sicos. Nossa vida pode ser a nossa obra de me. A mã .e pode ser única e criaciya, sendo mãe de um modo que nenhuma outra foi até agora. O mésmo se aplica a qualquer outra carreira ou papel de vida. Cada um de nós é chamado para ser único e inimitável. Se você começar a procurar sua criatividade, pode encontrar vestígios dela em alguma experiência da sua infância. O adulto criança deve compreender que cada elemento da sua vida é imponante para compor a história única que é ele mesmo. A contaminação co-dep endente nos afasta dó nosso EU SOU único e deixamos de acreditar que somos importantes. Estou dizendo que cada elemento da sua vida é especial e único . Nunca houve outro você. Podemos voltar milhões de ano s no tempo e
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jamais encontraremos alguém igual a você. Confie na qualidade especial do seu eu µnico. Aprenda a acreditar que suas lembran • ças são .ímpo.çtantes. A meditação seguinte tem como objetivo ajudá-lo a entra c em contato com uma ou várias lemb.canças da .infância que podem estar retendo ainda alguma forma de energia criativa . Você talvez queira ler e reler o Pequé110Príndpe, de Antoine SainrExupery, antes de começar a meditação . Se não nver tempo par a isso, deixe-me lembrar que o autor descreve como sua carreira incipiente de pintor foi destruída por aduJtos. Ele desenhou um a jibóia que havia engolido um elefan te. Os adultos nã o viram ne• nhuma jibói a. Todos viram um chapéu. O escritor conta:
A reação dos adultos ... foi me aconselhar a desistir dos meu s desenhos de jibóias ... e me dedicar à geografiá , história, aritmética e gramáti ca. PoIisso, quando eu tinha seis anos. de sisti do que poderià ter sido uma -magnífica carreira de pintor ..: Os adultos nunca entendem nada sozinho s, e·é can sativo para as crianças c;starsempre e sempre explicando as coisas para eles. Se sua criatividade foi esmagada por algum adulto, no início da sua vida, faça a meditação seguinte . Pode ajud~ -lo a entrar em .contato co·m a lembrança que continua latente como uma brasa acesa nas cinzas da sua mente .
MEDITAÇÃO SOBRE LEMBRANÇAS CRIATIVAS DAINFÂNOA Gr:iveo seguinre no seu gravador. Uro ma.r:avilhoso fundo musical para esta meditação pode ser o cassete de Daniel Kobialka chamado When íóu Wish Upon a Stat. Concentre-se na sµa respiração ... Preste atenção ao que acon tece no seu corpo quando você iaspira ... E quando solta o a(... Lentamente, cc;>mece~ exalar um vapor bran co que vai formar o número cinco numa cortina negra ... Se você nã o pode ver o cinco , desenhe-o com o dedo ... Exale agora o nú mero quatro ou pinte com o dedo ... Sinta que esrá se entregando Um pouco ... Ao mesmo tempo , sinta que está procu •
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rando se manter consciente tanto quanto ptecisa ... A·gora. exale ou pinte com o dedo o núm ero trê s... Agora, pod e se entrega r um pouco mais ... Lembre-se de quando você ap rendeu a segurar e largar ... Você aprendeu a segur ar quando apr en deu a andar ... Quando aprendeu a comer ... Você aprendeu a largar quando brincava no balanço e sen tia o ar n o seu cabelo... Você largou quando teve seu primeiro devaneio ou quando ia dormir, à n oice... portanto, você sabe realment e o quanto deve segu rar e o quanto deve larga r .. , E pode estar completam en te conscien te da sua voz, da música, da sensação da .:oupa n.:>seu corpo ... Suas costas na cadeira. o ar n o seu rosto ... E ao mesmo tempo largar e entiar na luz e no transe reparador ... Vocêpode sentir todo seu corpo externo adormecido ... Pode até sentir que está pesado ... ou leve com o uma pena ... Em qualquer caso, pesado ou leve, pode deixar que essa sensação o leve para um sonh o... Será um sonho de descobena ... N ele, vai encontrar uma lemb rança há muito esqu ecida, da infância, um a lembran ça basean te fora do comum ... Pode ser óbvia ou pode ser extremamen te vaga ... M:u: cercamen t e será a lemb,ança de son ho de uma semente cciativa ...
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criativa. Pode ter tocado uma lembrança energética, mas não sabe o que ela significa. Esteja certo de que vai saber tudo que precisar saber. Se nenhuma das experiências descritas neste capímlo chega a recolher a energia da sua criança maravilb_a, aqui estão algu• ma.$outras sugestões que podem ser pistas para a presença da sua criança maravilha . 1. Preste atenção a qualquer coisa que parece fasciná-lo esuanh a-
mcnte. Talvezalguma coisa que você coleciona sem saber por qué, talvez seja fuscioado por um oaís estrangeiro e seus costumes. rn.lveê sinta um a profuna_a acraçãn por alguma cor ou som . 2. Preste atenção à sua jotuição e seus pressentimento s. Einstein ,
gera.lmentc, reconhecia o papel da intuição no seu trabalho . Ele diz que muito antes de ter chegado às suas famosas equa ções, ele as conhecia em um outro nível, não verbal, com uma certeza imediata . Embora nenhum de nós seja um Einstein, nos todos temos intuição. A intuição já foi ddinida como · 'pensamento sentid o". É quase como se você a sentisse, mais do que pensasse. intuição é saber alguma coisa sem nenhuma razã o. Mufros acreditam que a sensação intuitiva vem do hemisfério não domina nte do cérebro. O hemisféri o dominante sabe logicamente e é a sede do pensamento linear . O hemisfério não dominan te sabe: intuitivamente e é a sede do pensamento holfscico ou de repe,n• ce.Poucos adultos crianças, dominados pela vergonha, com crianças Íntieriores feridas, confiam na intuição. Nossas vidas são cão precavidas que operamos em u:m estado de supervigilância, atento s apenas nos perigos externos. Nunca nos livtamos da tensão o suficiente para escutar nossa inruição interior. Temos a oponunidade de experimentar essa pane de nós mesmos depois que recuperamos e defendemos nossa criança maravilha. Trabalhei com uma mulher que , a despeito de um casainento aparentemente estável. insistia cm pedir o divórcio. O marido tinha boa situação financeira . a amava e queria resolver os problemas dos dois. Tinham seis filhos adolescentes. Minha diente fa. lava com grande urgênci a, ruzendo coisas como· "Se continuar com este casamento, sei que nunca serei aquilo que Deus me crio;; para ser. Minna vida está em jogo. Não po sso dizer por que. apenas sinto e sei que estou cen a." Ela pediu o divórcio. A velh a ordem entrou em parafuso. Seu past or batisn,i ficou horrorizad o
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Seu grupo de estudo da Bíbliacomeçou uma vigília de orações de uma semana . O marido pôs a culpa em mim ! Cinco anos depois, ela me escreveu. Contou que havia formado uma companhia de corretagem de imóveis, uma coisaque ela sonhava fazer desde pequena. Tinha uma renda de quase meio milhão de dólares por ano. Os filhos iam muito bem . Ela cinha uma amizade maravilhosa com um homem muito especial e estava bcatificamen te feliz. Seguira a própria intui ção conua todas as expectativas e sua c.riança maravilha venceu. Não é sempre fácil determinar se a nossa voz interior é realmente intuição. Às vezes, pode ser confundid a com o desejo. Nãr conheço nenhum método pata determinar se é parte da sua mais alta inteligência ou do seu desejo egoísta. Ouça essa voz e procure encenar o que ela diz na sua imaginação. Ge ralmente sabemos o que queremos ou o que desejamos há muit o tempo . A intuição geralmente é algo pouco fa.miliar - alguma coisa fresca e nova.
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3. Preste atenção a qualquer impulso persistente . Por exemplo, você sempre quis ir a Bali ou ao faroeste. Vocé sempre quis procurar metais. Você sempre quis aprender a tocar um instrumento, ou ap"ieg,derescultura, ou pintura . Isso não quer dizer qu e deva largar rudo imediatamente e seguir seu impul so. Mas vale a pen a examihar. Pode fazer isso com uma viagem imaginária, para ver e senti r o quanto esse impulso é importan te para você. Ou pode usar a técnica da livre associação. Diga que sempre quis ir a Bali e não sabe por quê. Pergunte a você mesmo: o que Bali significa para mim? Desenhe um círculo e escr~ a palavra Bali dentro dele. Então deixesua mente associar livremente qualquer palavra ou frase que aparecer.
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e livre .
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Examine as associações e deixe que aquela com maior voltagem acraia sua atenç ão. Uma vez escolhida uma associaçãu, viva cqm ela por alguns minuto s. Deixe a mente aberta para o significado. Quando tiver uma forte noção do significado, faça um plano de ação e siga cm frente. 4. Preste atenção às novas pessoas que entram em sua vida, que parecem chamá-lo pau um novo caminh o. 1ome a posição do · 'como se'' de que quanto mais -a pessoa interrompe seu padrão de vida, maiores oportunidades ela estará lhe oferecendo para quebrar a ,.-,:1ha oràe m e encontr ar o que é toais original para você. A pessoa po àe âesa.fiar seu inoào àe pensar e ameaçar seu sistema de crenças. A pessoa poàe ser fascinante para você. cocando panes do seu eu que estavam adormecidas e congeladas há anos. E.preferível ser cauteloso ao invés de impulsivo para iniciar um relacionamento com essa nova pessoa. Mas veja nela uma possível metáfora par a sua auto -revelação. A regeneração criativa é a essência da pt0pri a vida. Descobrir novas lembranças, confiar nas suas intuiçõe s e prcmor:içôe s, e seguir suas novas energias poaem levá-lo a novas cxplosoes de criatividade .
CRIATIVIDADE A criatividade é a glória de ser humano. É o que nos disàngue de todos os outros seres criados. Nosso destino humano é criar nosso próprio estilo único de vida. Você pode fazer issocomo um pai ou um a mãe que desafia a velha ordem. Ouua pessoa pode fazer isso recu sando desempenhar o papel cultural que lhe foi deúgnado. Criar sua própria vida exige coragem para arriscar novos modos de sc:r. A criatividade está proximamente relacionada ao sucesso. Na minha opinião, o sucesso é fazer o que você quer com sua única vida. Joseph Campbell. talvez o maior professor do significado do miro, cha ma fazer o que você quer com sua vida de enconuar sua bem-aventurança . Isso também c:xige coragem - para tenta r coisas novas e parar e seguir em frente quan do as coisas não dão cerro para nós. Para fazer isso, precisamos •
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da espontaneidade, da resistência e da curiosidade da criança maravilha. Quando temos a coragem de fazer um pedido à nossa própria estrela_, damos ao universo algo novo. No seu poema ' 'Canção de Amor de]. Alfred Prufrock", T.S. Elliot pergunta: "Ousarçiperturbar ouniv~rso?' ' Na verdade, cada estilo de vida único que é alcançado recria o universo. Ser criativo não é apenas nossa coroa de glória , é a nossa verdatldra imagem _de Deus. Criar é.ser como nosso criador no mais A criatividade nos dá a chance de verdadeiro sentido da palavra. moldar nossás vidas como nossa própria obra de arte . Fazendo isso, ajud_amos a criar os padrões de toda a vida humana do futuro. Como disse jarl)es Joyce: Bem-vinda, ó vida! Vou encontrar pela milésima vez a realid~de da experiência e forjar na forja da minha alma a consciência não criada da minha raça. A escolha criativa é seu direito inaro. Por favor, tome posse dele.
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EPÍIDGO
"EM CASA, ELLIOIT, EM CASA!"
O filme E,T. foi adorado por milhões. Quando milhares de pes soas exibem tanta energia por alguma cois�. geralmente, essa coisa despenou algum arquétipo padrão. Uma cena especialmente to cou nosso inconsciente coletivo. Quando o E.T. abandonado tnw +mura, "Em casa, Elliott, em casa", milhões de todas as idades1 em ·todas as culturas, choravam. Nós choramos porque somos ainda crianças divinas no exí lio. Ppr mais arduamente que trabalhemos para recuperar e de fender nossa criança inrecior, há um ní'Vd de vazio e de ausência em todos nós. Chamo a isso de 'tristeza metafísica' '. Cenamente é grande a alegria quando recuperamas e de fendemos nossa criança ferida. Para muitos.de nós, enconuar nossa criança interior é como encopµar nosso lar pela primeira vez. Mas por mais seguros e mais ligados que estejamos 1 há uma jornada escura • que todos nós remos de fazer. Amedrontadora como é es sa jornada, existe dentro de todos nós um desejo por ela. Pois, por mais que realizemos nossos objetivos terrenos e nossos sonhos, mesmo quando chegamos exatamente onde desejáVàmos chegàr, sempre experimentamos um l_eve desapontamento. Tanto assim que, mesmo depois de Dante, Shakespeare e Mozan, cli,zemos: ''I' sso é tudo?'' Acredito que essa sensação de desapontamento seja devida ao fato de possuirmos outro lar ao qual nós todos penencemos. Acre• dito que viemos das profundezas do ser e o ser reclama a nossa vol ta. Acredito que viemos de Deus.e que pertencemos a Deus. Por melhores que.sejam as coisas, ainda não estamos em casa. A crian ça ferida Agostinho disse muito bem: ''Vós nos fizestes para Vós mesmo, ó Senhor, e nossos corações estarão inquietos até repousa rem em Vós.'' Essa será nossa verdadeira- volta ao lar, finalmente . j
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