JUAN B. BÈRGUA HISTORIA DE LAS RELIGIONES TOMO IV
EL CRISTIANISMO (II) Dedico especialmente este libro a aquellos que, no cegados aún completamente por una creencia a la que han sido llevados por el interés o por falta de conocimiento, sean capaces de itir que frente a su V E R D A D pueda haber otra, a la que tienen derecho a discutir e incluso negar; pero luego de conocerla. No a hacerlo empujados tan sólo por puro fanatismo. Fanatismo tan ignorante como irracional.
CLASICOS
BERGUA
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JUAN B. BERGUA,
1977
Clásicos Bergua - Madrid (España)
I S B N : 84-7083-080-5 Tomo II I S B N : 84-7083-081-3 O. C. Dep. legal: M. 33.142-1977 (II)
Impreso en España Printed in Spain
IMPRENTA FARESO - PASEO DE LA DIRECCION, 5 - MADRID-29
EXAMEN DE LAS EPISTOLAS DE SAN PABLO EPISTOLA A LOS ROMANOS E n u n estilo deplorable, confuso, oscuro, e n ocasiones punto menos que ininteligible, c o m o , p o r supuesto, todas las Epístolas, salvo en contados momentos, p r u e b a c l a r a de un e s p í r i t u , o m e j o r s e r í a decir, e s p í r i t u s no ordenadamente e q u i l i b r a d o s y a d e m á s f a n á t i c o s , lo p r i m e r o que hace saber P a b l o , si queremos que él sea su ú n i c o autor, o él y sus colaboradores, en esta Epístola, p r i m e r a de las que figuran c o m o suyas (no c r o n o l ó g i c a m e n t e , sino a causa de la i m portancia que se le atribuye en la c o l e c c i ó n c a n ó n i c a ) , son unas cuantas cosas de las que él, p o r lo que se puede juzgar, estaba absolutamente seguro: « Q u e h a b í a sido llamado al apostolado y elegido p a r a p r e d i c a r el E v a n g e l i o de Dios.» Que este E v a n g e l i o h a b í a sido p r o m e t i d o p o r los profetas en las Santas E s c r i t u r a s (307). Que el E v a n g e l i o se r e f e r í a a su H i j o (al H i j o de Dios), que p o r la carne d e s c e n d í a de D a v i d (308). Que este H i j o e r a poderoso, « s e g ú n el E s p í r i t u S a n t o » , a p a r t i r de la r e s u r r e c c i ó n de entre los muertos ( ¿ a n t e s no?). Y que es de Jesucristo de quien, c o m o se lee seguidamente: « H e r e c i b i d o la gracia y el apostolado p a r a p r o m o v e r la obediencia a la fe, p a r a g l o r i a de su n o m b r e en todas las n a c i o n e s . » Y tras t a n innegables verdades (309)
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empieza el s e r m ó n epistolar: « L a gentilidad d e s c o n o c i ó a D i o s y é s t e la c a s t i g ó entregando a los h o m b r e s a las pasiones v e r g o n z o s a s » (310), es decir, s e g ú n P a b l o , a amarse, tanto los hombres c o m o las mujeres, c o n t r a natura, y tamb i é n a todos los pecados y c r í m e n e s que enumera. P e r o conste que, s e g ú n Pablo, fue Dios quien «les e n t r e g ó a su reprobo sentir, que les lleva a cometer t o r p e z a s » , p o r no haber proc u r a d o conocerle. P o r lo d e m á s , si los gentiles se apartan del c a m i n o d e l a s a l v a c i ó n , t a m b i é n los j u d í o s . Naturalmente, que tanto unos c o m o otros estaban en pecado, ya h a b í a sido escrito. Y p a r a p r o b a r l o c o p i a dos encantadores t r o c i tos de los S a l m o s X I V y LIII (1-3 y 2-4, respectivamente). P o r fortuna. D i o s no se l i m i t a t a n s ó l o a entregar a su « r e p r o b o s e n t i r » a los que le enfadan no p r o c u r a n d o conocerle, sino que, aunque ello e s t é e n abierta c o n t r a d i c c i ó n c o n lo anterior, ha otorgado a la H u m a n i d a d la salud mediante C r i s t o , al que ha puesto D i o s c o m o sacrificio p r o p i c i a t o r i o (311). Y tras declarar, pensando en los profetas, que Dios no es tan s ó l o Dios de los j u d í o s , sino t a m b i é n de los gentiles, « p u e s t o que n o h a y m á s que u n solo D i o s que just i f i c a r á la c i r c u n c i s i ó n por la fe, y el prepucio por la fe», preciosa frase, que quiere decir, sin d u d a , t a l interpreto, al menos (creo, p e r d ó n e s e m e la i n m o d e s t i a , que me he vuelto l i s t í s i m o a fuerza de tratar de c o m p r e n d e r a P a b l o , a no ser que el E s p í r i t u Santo se digne de cuando en cuando acercarse a m í ) , que la fe salva, se tenga o no d i s m i n u i d a la parte t e r m i n a l d e uno d e los ó r g a n o s m á s adecuados n o s ó l o p a r a l a e l i m i n a c i ó n d e residuos l í q u i d o s , sino p a r a agradar al sexo contrario al que p e r t e n e c í a n A d á n y J e s ú s . Cito a ambos p a r a sacar de su o b r a la consoladora consecuencia de que si b i e n a causa del i n m o d e r a d o a f á n d e l p r i m e r o a las manzanas « e n t r ó e l pecado y l a muerte e n e l m u n d o » , e l d o n d e l a j u s t i c i a r e i n a r á e n l a v i d a « p o r obra del o t r o » . A m é n . Lo entrecomillado es del g r a n a p ó s t o l . Y tras declarar—dec í a — q u e Dios lo es tanto de los j u d í o s , c o m o de los gentiles, a f i r m a c i ó n sumamente t r a n q u i l i z a d o r a , c o n t i n ú a siempre acertado y clarividente. Así, e n e l c a p í t u l o I V aprendemos cosas que s i a l p r i n c i -
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p i ó a s o m b r a n ( « q u e cuantos hemos s i d o bautizados e n C r i s t o J e s ú s , fuimos bautizados p a r a p a r t i c i p a r e n s u m u e r t e » , c r u c i g r a m a que d a u n p o q u i t o que pensar), luego nos l l e n a n de a l e g r í a al saber que «si hemos m u e r t o c o n C r i s t o , tamb i é n viviremos con él». E n e l V I I , tras declarar a los cristianos l i b r e s , n o y a d e las leyes, pero sí de la ley j u d í a , escribe ( v e r s í c u l o s 7 a 12) las siguientes l í n e a s : « ¿ Q u é diremos entonces? ¡Que la ley es pecado! ¡No, p o r D i o s ! Pero que yo no c o n o c í el pecado sino p o r l a ley. Pues y o n o c o n o c e r í a l a c o d i c i a s i l a ley n o dijera: ' N o c o d i c i a r á s . ' M a s con o c a s i ó n del precepto o b r ó e n m í e l pecado toda concupiscencia, p o r q u e s i n l a ley e l pec a d o e s t á m u e r t o . Y yo v i v í a l g ú n t i e m p o s i n ley, pero sobrev i n i e n d o el precepto, r e v i v i ó el pecado, y yo q u e d é m u e r t o , y h a l l é que el precepto, que era p a r a v i d a , fue p a r a muerte. Pues el pecado, con o c a s i ó n del precepto, me sedujo y p o r él me m a t ó . En suma, que la ley es santa, y el precepto santo, y justo, y b u e n o . » A p r o p ó s i t o de estas palabras, ejemp l o entre m i l d e l estilo enrevesado y o s c u r o y d e l m a l esc r i b i r de Pablo o de quien sea, ¡ c u á n t o no se ha discutido y opinado! Pero, l a v e r d a d , ¿ v a l í a l a pena? Que l o p r o h i b i d o mueve a c o d i c i a sabido es. P a b l o , tan c r é d u l o p a r a las leyendas b í b l i c a s , s a b í a m u y b i e n , s i n duda, que nada h u b i e r a i n c i t a d o tanto a E v a , y a todas las E v a s , c o m o la p r o h i b i c i ó n , no la elocuencia de la serpiente, aunque dentro de é s t a h u b i e r a estado D e m ó s t e n e s . M i l l o n e s d e hijas suyas m o r d e r í a n d e s p u é s la m a n z a n a antes que les estuviese perm i t i d o , y la m a y o r parte a causa precisamente de no estar p e r m i t i d o . D e m o d o que este c r u c i g r a m a n o e s n i m á s n i menos interesante que todos los que se encuentran hasta llegar a é l . E i g u a l lo que sigue, no obstante t r a t a r de la potencia m a l i g n a del pecado y de la v i d a del e s p í r i t u . Pues cuanto sobre ello se dice, l e í d o s i n el e s p í r i t u embargado p o r la fe, t a n dispuesta siempre a aceptar cuanto se le ordena que acepte y ire, es tan n i m i o y tan pedestre que no sé si a aquellos romanos a quienes i b a d i r i g i d o s les i n t e r e s a r í a , a d m i r a r í a y e d i f i c a r í a (creo que no o eran tontos de remate); pero h o y no h a y m e d i o de leerlo s i n bos-
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tezar a fuerza de intentos p o r comprender, a d e m á s de tener que volver sobre ello una docena de veces, sobre lo que se va leyendo. Que, p o r supuesto, u n a vez, al f i n , entendido, se encuentra vulgar, insignificante, sandio y v a c í o . V a y a un b o t ó n de m u e s t r a : «Los que son s e g ú n la carne sienten las cosas carnales, los que son s e g ú n el e s p í r i t u sienten las cosas e s p i r i t u a l e s . » Perogrullo a l parche. A d e m á s , ¿ a c a s o l o interesante no h u b i e r a sido e n s e ñ a r , si ello e r a posible, a los carnales a volverse espirituales? E l l o s i n contar lindezas tan claras c o m o l a que apunta u n m o m e n t o antes: « P u e s l o que a la ley era imposible, p o r ser d é b i l a causa de la carne, D i o s , enviando a su p r o p i o H i j o en carne semejante a la del pecado, y p o r el pecado, c o n d e n ó el pecado en la carne p a r a que la j u s t i c i a de la ley se cumpliese en nosotros, los que no andamos s e g ú n la carne, sino s e g ú n el e s p í r i t u . » La s o l u c i ó n m a ñ a n a . A menos de ser t e ó l o g o , claro. P o r fortuna, al punto dos afirmaciones consoladoras: que el C r i s t i a n i s m o es h i j o de Dios, y que «los padecimientos del t i e m p o presente nada son e n c o m p a r a c i ó n c o n l a g l o r i a que ha de manifestarse en nosotros, p o r q u e el c o n t i n u o anhelar de las criaturas ansia la m a n i f e s t a c i ó n de los h i j o s de D i o s , pues las criaturas e s t á n sujetas, no de gracia, sino p o r r a z ó n a q u i e n las sujeta, con la esperanza de que tamb i é n ellas s e r á n libertadas d e l a s e r v i d u m b r e d e l a corrupc i ó n p a r a p a r t i c i p a r de la l i b e r t a d de la g l o r i a de los hijos de Dios». ¿ C ó m o ? ¿ Q u e n o s e entiende? ¿ P u e s p o r q u é , sino p o r q u e no se entiende, digo que es consolador? ¿ H a b r á algo m á s consolador que no entender las estupideces? Pues, ¿y esto?: «Y el m i s m o E s p í r i t u viene en ayuda de nuestra flaqueza, porque nosotros no sabemos p e d i r lo que nos conviene; mas e l m i s m o E s p í r i t u aboga p o r nosotros c o n gemidos i n falibles, y el que e s c u d r i ñ a las cosas conoce c u á l es el deseo del E s p í r i t u porque intercede p o r los santos s e g ú n Dios.» ¿ Q u e esto t a m p o c o n i e l p r o p i o C r i s t o l o entiende? Pacienc i a , hermano. Y perseverancia. Tengamos en cuenta que se trata de cosas inspiradas y que la l l a m a que i l u m i n a no gust a d e caer sino sobre los escogidos. P o r l o d e m á s , P a b l o
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h a b l a de los profetas de Dios con u n a seguridad que desconcierta. Pues mueve a considerar q u é demencia es m a y o r , si la suya o la de los que le creen. O i g á m o s l e : « A h o r a bien: sabemos que Dios hace c o n c u r r i r todas las cosas p a r a el bien de los que le aman, de los que s e g ú n sus designios son l l a m a d o s . Porque a los que de antes c o n o c i ó , a é s t o s los p r e d e s t i n ó a ser conformes con la imagen de su H i j o , p a r a que é s t e sea el p r i m o g é n i t o entre m u c h o s hermanos; y a los que p r e d e s t i n ó , a é s t o s t a m b i é n l l a m ó ; y a los que l l a m ó , a é s t o s los j u s t i f i c ó ; y a los que j u s t i f i c ó , a é s t o s t a m b i é n los glorificó.» N o sigo copiando p o r n o p r i v a r a l lector d e l placer i n c o m parable de a c u d i r él m i s m o al texto y d e s c u b r i r c o n sus propios ojos cosas tan sublimes, tan claras, tan interesantes, t a n profundas y tan irables. L l e n é m o n o s , pues, de esperanza y adelante s i n desfallecer. El p r o p i o P a b l o , temiendo, s i n duda, l a « e s p a n t a » , nos a n i m a a l punto diciendo: « M a s en todas estas cosas venceremos p o r aquel que nos a m ó . Porque persuadido estoy d e que n i l a muerte, n i l a v i d a , n i los á n g e l e s , n i los p r i n c i p a d o s , n i l o presente, n i l o venidero, n i las virtudes, n i l a a l t u r a , n i l a p r o f u n d i d a d , n i ninguna o t r a c r i a t u r a p o d r á arrancarnos e l a m o r d e D i o s en C r i s t o J e s ú s , nuestro Señor.» A m é n . A m é n y ¡ a d m i r a b l e ! ¡ A d m i r a b l e de todo punto! Pues, ¿y la modestia de detenerse en la h e r m o s í s i m a e n u m e r a c i ó n ? T r a s «la p r o f u n d i d a d » p u d o seguir: ni las carracas, ni los g r i l l o s , ni las m o r a s de zarza, n i las d e á r b o l , n i las golondrinas, n i las abejas, n i los z á n g a n o s , ni las hortalizas... Y seguir enumerando hasta dos m i n u t o s antes de entrar en el c o m a que dulcemente e l e v ó su a l m a a la m a n s i ó n inefable. L u e g o la emprende de nuevo c o n los j u d í o s . E s t e m o v i m i e n t o d e s u b l i m e arrojo, e n e l c a p í t u l o I X . P e r o e n e l X I nos consuela saber, ¿ q u e t a l vez va ya a acabar pronto? P o r supuesto, pero no es esto s ó l o , sino que la r e p r o b a c i ó n de los j u d í o s n o e s total. L a Iglesia, s i n duda p o r seguirle e n todo, c o m o es justo, acaba de reconocer generosamente: que n i s i q u i e r a son « d e i c i d a s » ¡ G e n e r o s i d a d a d m i r a b l e ! A l -
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gunos j u d í o s seguramente h a b r á n muerto de gozo. Pero sigamos. Luego, e n los c a p í t u l o s X I I a l X V , e l a l m a s e ensancha al llegar en ellos a la parte m o r a l . E s t a parte empieza c o n u n ruego h e r m o s í s i m o . S í , m u y hermoso, aunque y o n o c o m p r e n d a b i e n ni lo que quiere decir ni c ó m o se puede hacer. Pero antes de c o p i a r sus palabras vaya un breve inciso, que me tiene desconcertado. A saber: Que este Dios de P a b l o e s i n c o m p r e n s i b l e . E n e l I X , 1 4 , acaba d e decirnos u n a cosa que, aunque l a s o s p e c h á b a m o s c o n s ó l o consider a r el e s p e c t á c u l o que ofrece el M u n d o , nos p a r e c í a un poco fuerte: Que no hay j u s t i c i a en D i o s . P o r supuesto, a M o i s é s se lo h a b í a dicho ya bien c l a r i t o : « T e n d r é m i s e r i c o r d i a de q u i e n t e n d r é m i s e r i c o r d i a , y t e n d r é c o m p a s i ó n de quien tend r é c o m p a s i ó n . » T o t a l , que, c o m o todo dictador, n o hay o t r a j u s t i c i a ni o t r a ley que su c a p r i c h o . Pero olvidemos esto tan d u r o y desagradable, y veamos lo que d e c í a hace un instante que no c o m p r e n d í a c ó m o se puede hacer (en el texto, en X I I , 1 y sigs.): «Os ruego, pues, hermanos, p o r la misericord i a de Dios, que o f r e z c á i s vuestros cuerpos como hostia v i v a , santa, grata a D i o s ; é s t e es vuestro culto r a c i o n a l . Que no os c o n f o r m é i s a este siglo, sino que os t r a n s f o r m é i s p o r l a r e n o v a c i ó n d e l a mente, p a r a que p r o c u r é i s conocer c u á l es la v o l u n t a d de D i o s , buena, grata y p e r f e c t a . » Si aquellos r o m a n o s entendieron a la p r i m e r a , me declaro sin r u b o r inferior a ellos. Luego, sin e n s e ñ a r c ó m o se puede llegar a la p e r f e c c i ó n , lo que parece p r o b a r que p a r a sus amados hijos no era p r o b l e m a , se l i m i t a a aconsejar a los r i b e r e ñ o s d e l T í b e r que sean modestos; que obedezcan a los poderes p ú b l i c o s ; que no olviden lo de « a m a al p r ó j i mo c o m o a ti mismo», consejo bonito, b i e n que algo difícil de ejecutar a causa de este p o q u i t o de cascara e g o í s t a en la que al nacer nos envuelve la Naturaleza, y, en f i n , que no se flaquee en cuestiones de fe. Paso en silencio los consejos menores, p o r d e c i r l o a s í , tales c o m o : « N o d e s t r u y á i s p o r a m o r d e l a c o m i d a l a o b r a de Dios.» « T o d o lo que no es s e g ú n conciencia, es p e c a d o . » « L o s fuertes debemos sobrellevar la flaqueza de los d é b i -
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les.» E t c . Saludable y h e r m o s í s i m o todo. M á s otras cosas tan ciertas y claras c o m o que: «Os digo que C r i s t o fue m i n i s t r o de la c i r c u n c i s i ó n p o r la veracidad de D i o s » ( X V , 8). Y con ello y de p r o p i n a unas palabras d i c i é n d o l e s de d ó n de viene, adonde va y q u é piensa hacer luego, glorioso epílogo que a causa de mencionar a E s p a ñ a nos ha v a l i d o glor i a inmarcesible; m á s que n o hace m u c h o t i e m p o paseasen p o r nuestro c o n m o v i d o suelo algo que se h a r í a m a l dudando que era uno de sus brazos, ¡quién sabe si incluso el que esc r i b i ó estas cosas irables que estamos viendo!; m á s recordarles que no olviden saludar de su parte a unos cuantos hermanos y hermanas, a los que estimaba m u y particularmente, acaba esta a d m i r a b l e Epístola, que ahora me pregunto si, dado que es la que se considera la m e j o r de todas, hab r é hecho b i e n h a b l a n d o d e ella l a p r i m e r a . Porque, ¿ n o encontraremos al punto inferiores a las d e m á s ? Pero no creo que debamos preocuparnos m u c h o , pues aunque no alcancen las otras la h e r m o s u r a sin p a r y m é r i t o s , que yo a l g ú n d í a c o n s e g u i r é , sin duda, advertir e n é s t a , tan llenas e s t á n tamb i é n , c o m o se va a ver, de cosas irables, c o m o reveladas y divinas que son, que no podremos menos de considerarlas c o m o otras doce perlas c a n ó n i c a s . En cuanto a é s t a , si es por ella p o r la que d e b i é r a m o s dec i d i r de la « g e n i a l i d a d » del A p ó s t o l de los Gentiles, no pod r í a m o s menos de quedar perplejos. Pero que ello no nos desanime. N o s e consigue a s í c o m o a s í , d e golpe, c o m o s i d i j é r a m o s , entender b i e n y f a m i l i a r i z a r n o s c o n algo cuya i n s p i r a c i ó n v i n o de tan alto. S i n contar que los genios son los genios, y a los h u m i l d e s no nos queda o t r o recurso que a d m i r a r l o s sin comprenderlos. Pasemos, pues, a ver si con las otras Epístolas tenemos m á s fortuna. Quiero decir m á s capacidad de j u i c i o . Y vamos con la segunda que nos b r i n d a la c o l e c c i ó n c a n ó n i c a : la a los Corintios. EPISTOLAS A LOS CORINTIOS ¡ G r a n c i u d a d , C o r i n t o ! B i e n situada en un i s t m o casi tan encantador c o m o u n a carta p a u l i n a . Dos puertos, m u c h o
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comercio, riqueza, placeres costosos. E n l a a n t i g ü e d a d n o h a b í a juerguista c o n dinero que n o l o pasase allí m u y b i e n . N a t u r a l m e n t e , Pablo, que l l e g ó s i n b l a n c a y s i n otro tesoro que el i n c o m p a r a b l e de su m i s t i c i s m o , c o n sus piernas torcidas, sus ojitos azules y su c a r a de á n g e l feo, las p a s ó moradas. T a n t o m á s cuanto que e n vez d e i r c o n e l p r o p ó s i t o de r e c o r r e r las snack-tabernas de la g r a n c i u d a d ofreciendo j u d í a s de las no comestibles y sí tan s ó l o gratamente mordisqueables u otros a r t í c u l o s de contrabando, llegó c o n la t u r b i a i n t e n c i ó n de fundar el p r i m e r grupo, sea de e s e n i ó s , sea de cristianos, lo que, fuese u n a u otra cosa, q u é m á s da, c o m o b i e n se comprende, siendo los esenios de u n a p u r e z a total, y los cristianos h a y que creer que lo m i s m o , pues en lo que a j o l g o r i o afectaba, no hay ni que pensar en e l l o . T o t a l , que—como d e c í a — e n vez de a las bodegas y a los p r o s t í b u l o s , se le o c u r r i ó ir a la sinagoga; u n a vez en ella se e c h ó a hablar, de m o d o que, si damos c r é d i t o a los Hechos ( X V I I I ) , veremos que t u v o que s a l i r de allí al cabo de un a ñ o y seis meses, si no p o r piernas, pues las suyas no eran de las m á s s ó l i d a s , y q u i z á p o r ello, por velas. E n t i é n dase, en un barco. Si c o m o p o l i z ó n o c o m o viajero n o r m a l , esto no lo dice el l i b r o que h a b l a de sus viajes. En todo caso, e n u n a nave que n o p a r ó hasta C e s á r e a . E s t o o c u r r í a , p o r lo visto, entre los a ñ o s 51 y 53 de nuestra era. El 56 Ies e s c r i b i ó desde Efeso la Epístola que vamos a tener el placer de a d m i r a r . A C o r i n t o , s i n duda, no v o l v i ó . F u e l á s t i m a porque c o n un poco menos de entusiasmo a p o s t ó l i c o y algo m á s de a l e g r í a m u n d a n a se pasaba a l l í , p o r lo que sabemos, p e r o que m u y bien. E l p r o p i o H o r a c i o , n o obstante ser regordete, b l a n d i t o , no m á s alto que P a b l o y q u i é n sabe si de los que gustaban d e l a m o r c o n t r a natura, d e l que acabamos de o í r protestar al p a t i z a m b i l l o de Tarsis, h a b í a cantado Con su a b u r r i d a elegancia p o é t i c a , a c o s t u m b r a d a a l a s o d o m í t i c a K o r i n t o s griega: Non cuivis homini contingit adire Corinthum ( « N o todos los hombres pueden ir a C o r i n t o » ) . P e r o los á n g e l e s sí, y P a b l o lo era, y c o m o acabo de decir, a Corinto fue y en C o r i n t o p e r m a n e c i ó bastantes meses, sin asomarse p o r el suntuoso templo consagrado a A f r o d i t a , des-
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preciando a los viciosos y despreocupados, huyendo de la v i d a r i c a y de las costumbres licenciosas, y d e d i c á n d o s e t a n s ó l o a la a d m i r a b l e m i s i ó n de convencer a los que q u i s i e r o n escucharle que el U n g i d o , p r e d i c h o y anunciado p o r los profetas j u d í o s c o m o j u s t o entre los justos, h a b l a b a p o r su b o c a i n v i t á n d o l e s a salvarse. Pero vengamos a la Epístola, que de la gran c i u d a d tan s ó l o tuvo el n o m b r e . M e j o r d i c h o , a las Epístolas. Porque e s c r i b i ó dos. T a l vez m á s . Pero, p o r desgracia, tan s ó l o dos h a n llegado a nosotros. S i n duda, porque l a p r i m e r a c a r t a n o p r o d u j o l o s efectos apetecidos en u n a c i u d a d tan endurecida en los vicios, esc r i b i ó u n a segunda. Y a digo que seguramente m á s incluso, pero se h a n p e r d i d o . Cierto que si se hubiesen p e r d i d o tamb i é n las dos que h a n quedado, el m a l no hubiese sido m u y grande. Pero vamos con la p r i m e r a . C o m e n z a r p o r la segunda no s e r í a lógico. E s t a p r i m e r a empieza asegurando que p o r « v o l u n t a d de Dios» es a p ó s t o l de Jesucristo. Excelente empiece, en verd a d . Y a f i r m a c i ó n de la que seguramente no d u d a ninguno de cuantos creen que todo, p o r estar en manos de lo que l l a m a n P r o v i d e n c i a , de esta P r o v i d e n c i a depende. P o r supuesto, si es verdad, c o m o m u y b i e n p u d i e r a o c u r r i r , que no cae u n a h o j a de á r b o l s i n su mandato, m u c h o menos, c o m o b i e n se comprende, un apostolado tan i m p o r t a n t e . D i c e t a m b i é n que Sostenes ( a c e n t ú o esta p r i m e r a s í l a b a p a r a que no haya confusiones), a q u i e n seguramente d i c t ó la carta, pues de o t r o m o d o no se c o m p r e n d e p o r q u é ni p a r a q u é le cita, e s t á c o n él. Y a c o n t i n u a c i ó n , nueva afirmac i ó n sumamente esperanzadora. E s t a , p a r a cuantos a s p i r a n a la santidad (yo he estado a punto de d e c i d i r m e muchas veces, pero siempre un p u n t i l l o de m o d e s t i a me ha deten i d o ) : Que todos aquellos « q u e invoquen el n o m b r e de nuestro S e ñ o r Jesucristo e s t á n l l a m a d o s a ser s a n t o s » . T a m b i é n les p r o m e t e acto seguido que J e s ú s se les m a n i f e s t a r á y « c o n f i r m a r á plenamente p a r a que sean hallados irresponsables el d í a de nuestro S e ñ o r J e s u c r i s t o » . Y tras instarles a que no hagan discursos entre ellos y no digan unos, « s o y de P a b l o » ; otros, «yo de Kefas ( P e d r o ) » , y un tercero, «yo de
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A p o l o » (312), lo que i n d i c a , sin g é n e r o de duda, que tres corrientes l u c h a b a n ya ( s i r i a , j u d í a heterodoxa y egipcia) en la f o r m a c i ó n del m i t o de C r i s t o , a causa de haber sido bautizados (rito esencialmente esenio) por uno u o t r o de ellos, y asegurar que a él « n o le e n v i ó C r i s t o a bautizar, sino a e v a n g e l i z a r » (313), c o n t i n ú a c o n frases de o r d i n a r i o sumamente oscuras y enrevesadas, aconsejando a los c o r i n t i o s que no se envanezcan ni se alaben de ser sabios y letrados, porque «Dios ha hecho necedad la s a b i d u r í a de este m u n d o » . Y tras t a n alentadora a f i r m a c i ó n , p a r a i n c l i n a r a sus bautizados h a c i a los pesebres, se ofrece él m i s m o c o m o ejemplo, pues « q u e nunca entre vosotros me p r e c i é de saber cosa alguna, sino a Jesucristo, y é s t e c r u c i f i c a d o . Y me pres e n t é a vosotros en d e b i l i d a d , temor y m u c h o t e m b l o r » . ¿ Q u e r í a d e c i r que l l e g ó a ellos aquejado de muchos males f í s i c o s , pese a lo c u a l les h a b l a b a gracias «al e s p í r i t u de fortaleza»? En todo caso (que cada u n o entienda lo que pueda, si es capaz de entender algo), al punto asegura que los « p e r f e c t o s » , entre los que se cuenta, h a b l a n « u n a s a b i d u r í a que no es de este siglo, ni de los p r í n c i p e s de este siglo (314), que quedan desvanecidos, sino que e n s e ñ a m o s u n a s a b i d u r í a d i v i n a , misteriosa, escondida, predestinada p o r D i o s antes de los siglos p a r a nuestra g l o r i a » (315). E s t e tono; esta m a n í a de p r e d i l e c c i ó n d i v i n a , de grandeza y elección p a r t i c u l a r puramente s o ñ a d a y enteramente i l u s o r i a ; este desvariar sobre lo incognoscible, que é l , c o m o asegura u n a y o t r a vez, tiene gracias a p a r t i c u l a r r e v e l a c i ó n , se advierte continuamente a t r a v é s de sus cartas: « P u e s Dios nos lo ha revelado p o r su E s p í r i t u ; que el E s p í r i t u todo lo advierte, hasta las profundidades de Dios.» N a d a m á s . E s decir s í , a ú n m á s : Que é l , pobre, desdichado, infel i z , todo « d e b i l i d a d , t e m o r y m u c h o t e m b l o r » en cuanto al cuerpo, en cuanto al e s p í r i t u se s e n t í a t a n fuerte y seguro c o m o para e s c u d r i ñ a r « h a s t a las profundidades de Dios». Y llevado de incontenible vesania de p r o t e c c i ó n d i v i n a , sigue: « N o s o t r o s n o hemos r e c i b i d o e l e s p í r i t u del m u n d o ,
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s i n o el E s p í r i t u de D i o s , p a r a que conozcamos los dones que Dios m i s m o h a c o n c e d i d o . » L u e g o se levanta de nuevo entre prolijidades fatigosas, en las que p a r a r e l l e n a r el v a c í o t o t a l que las f o r m a i n v o c a constantemente « l a g r a c i a de Dios» ( « s e g ú n la gracia de D i o s que me fue dada, yo, c o m o sabio arquitecto, puse los c i m i e n t o s » , dice en cierto m o m e n t o ) c o n t r a las divisiones de la Iglesia de C o r i n t o , donde, c o m o ha sido dicho, unos se fiaban de é l , otros de K e f a s y otros de A p o l o . Acabando, luego de hacerles saber que son templos de D i o s y que el E s p í r i t u de D i o s h a b i t a en ellos, que, no obstante, c o m o aseg u r a al punto, si alguno se cree sabio t e n d r á que hacerse necio p a r a llegar a serlo « p o r q u e la s a b i d u r í a de este m u n do es necedad ante Dios», y « q u e es preciso que los h o m b r e s vean en nosotros m i n i s t r o s de C r i s t o y dispensadores de los m i s t e r i o s de D i o s » . A c a b a n d o — d e c í a — p o r instarles a que se pasen a su bando: «Os exhorto, pues, a ser imitadores m í o s . » Y hasta les amenaza p a r a cuando vaya a la c i u d a d : « ¿ Q u é p r e f e r í s , que v a y a a vosotros c o n la v a r a o c o n a m o r y e s p í r i t u de m a n s e d u m b r e ? » Luego, tras d u r a r e p r i m e n d a a los j u d í o s de C o r i n t o , « p u e s es ya p ú b l i c o que entre vosotros r e i n a l a f o r n i c a c i ó n , y t a l f o r n i c a c i ó n c u a l n i entre los gentiles, pues se da el caso de tener u n o la m u j e r de su p a d r e » , y de advertirles sobre que es preferible s u f r i r la i n j u s t i c i a y ser despojados, a tener pleitos unos c o n otros, y que n i los injustos, n i los fornicadores, n i los i d ó l a t r a s , n i los a d ú l t e r o s , n i los afeminados, n i los sodomitas, n i los ladrones, n i los ebrios, n i los maledicentes, n i los rapaces, p o s e e r á n el R e i n o de D i o s , y tras i n s i s t i r y condenar especialmente l a f o r n i c a c i ó n (para ello emplea argumentos que, de creerle, m o v e r á n a los que de t a l cosa sean capaces, a h u i r de la carne y a considerar c o m o la p r i m e r a de las virtudes enfrentarse, en lo que a esto afecta, a la Naturalez a : « ¿ N o s a b é i s que vuestros cuerpos son m i e m b r o s de C r i s t o ? ¿Y voy a t o m a r yo los m i e m b r o s de C r i s t o p a r a hacerlos m i e m b r o s de u n a m e r e t r i z ? » ) , responde a preguntas que, p o r lo visto, le h a b í a n hecho algunos hermanos de Co-
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r i n t o (316). L a p r i m e r a , r e l a t i v a a l m a t r i m o n i o E s t a cuest i ó n e s bastante c o n o c i d a . N o obstante, d i r é l o esencial. S e g ú n Pablo, « b u e n o e s p a r a e l h o m b r e n o tocar m u j e r » . A ñ a d e : « Q u i s i e r a que todos los hombres fuesen c o m o yo.» Pero, s i n duda, d á n d o s e cuenta de que todos los temperamentos no eran iguales y que « c a d a u n o tiene de D i o s su p r o p i a g r a c i a » , c o n lo que los e r ó t i c o s quedaban disculpados, a ñ a d e : « Q u e el que no pueda guardar castidad, que se case, pues m e j o r es casarse que a b r a s a r s e » (a lo mejor, en vez de esta p a l a b r a e s c r i b i ó otra, que en e s p a ñ o l i n c l u s o r i m a c o n ella, y que por p u d o r fue sustituida). Y que «en cuanto a los casados es precepto del S e ñ o r , no suyo (317), que la m u j e r no se separe del m a r i d o » (318). P o r lo d e m á s , tanto el casado c o m o la casada deben ocuparse de las cosas del m u n d o y de agradarse el uno al otro. Insistiendo sobre que: « L a m u j e r casada l i g a d a e s t á p o r todo el t i e m p o de v i d a a su m a r i d o . » C o m o , p o r l o visto, l e h a b í a n preguntado t a m b i é n s i s e p o d í a c o m e r las carnes sacrificadas en h o n o r de los í d o l o s , aprovecha r e p r o b a r t a l costumbre p a r a decir que « a u n q u e algunos sean l l a m a d o s dioses y muchos s e ñ o r e s , p a r a nosotros no hay sino un D i o s Padre, de q u i e n todo procede y p a r a quien somos nosotros, y un solo S e ñ o r , Jesucristo, p o r quien son todas las cosas y nosotros t a m b i é n » (319). E inmediatamente, y entre m u c h a p a l a b r e r í a vana, pues P a b l o es m á s generoso en r e t ó r i c a c o m p l i c a d a y t o r c i d a que en razones claras y derechas, dice lo siguiente ( I X , 11, 12), que no deja de ser interesante: «Si sembramos en vosotros bienes espirituales, ¿ q u é m u c h o que recojamos bienes materiales? Si otros tienen derecho a p a r t i c i p a r en vuestros bienes ( a l u s i ó n , s i n duda, a las gabelas e impuestos de todas clases), ¿ n o lo tendremos n o s o t r o s ? » Y a c o n t i n u a c i ó n , poniendo c o m o e j e m p l o « q u e los que ejercen las funciones sagradas v i v e n d e l santuario, y los que s i r v e n al altar, del a l t a r p a r t i c i p a n » (cuando c o n v e n í a , bueno e r a i m i t a r a los paganos; cuando no, ¡ d u r o con ellos!), a f i r m a con l a m a y o r t r a n q u i l i d a d la siguiente m e n t i r a , que en adelante j u s t i f i c a r í a l a m a n e r a d e o b r a r d e l a Iglesia e n cuestiones e c o n ó -
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m i c a s : « P u e s a s í ha ordenado el Señor a los que anuncian el Evangelio, que del Evangelio vivan» (320). E i n c l u s o a ñ a d e a l punto, taimadamente (sin duda, p e n s a r í a : l a s e m i l l a echada e s t á ; aguardemos a que fructifique), que él no hace uso «de este d e r e c h o » n i escribe « p a r a hacerlo v a l e r » . E s condiendo l a mano tras haber t i r a d o l a p i e d r a , c o n t i n ú a l l e n á n d o s e de pronto de santa u n c i ó n m í s t i c a : « P r e f i e r o mor i r antes que p r i v a r m e d e esta m i g l o r i a . P o r q u e evangeliz a r no es g l o r i a p a r a mí ( ¿ e n q u é quedamos?; s i n duda, estos arrebatos de celestial ventura se le llevaban, c o n el alb e d r í o , la m e m o r i a ) , sino necesidad. ¡Ay si no evangelizar a ! » Es decir, que él, c o m o no p r e d i c a b a voluntariamente, sino obligado, lo h a c í a , al menos trataba de hacerlo creer, gratuitamente. C l a r o que al punto le vamos a ver p e d i r de nuevo. Pero no adelantemos los acontecimientos. E n e l c a p í t u l o X I , que empieza diciendo u n a vez m á s : « S e d imitadores m í o s » , encontramos el origen de l a , s i n duda, santa y piadosa p r á c t i c a , puesto que de él viene ent r a r los hombres en la iglesia descubiertos y, p o r el contrar i o , las mujeres c o n algo sobre la cabeza. La cosa es idiota, pero ahorremos todo comentario o t e n d r í a m o s que tener continuamente en los labios palabras agrias de c o n d e n a c i ó n , y sigamos adelante l i m i t á n d o n o s a t r a n s c r i b i r sus consejos y afirmaciones. A p r o p ó s i t o de « q u e la cabeza de todo var ó n es de C r i s t o ; la cabeza de la mujer, del v a r ó n , y la cabeza de C r i s t o , Dios», y luego de tan l i n d a y c a p r i c h o s a c o n c a t e n a c i ó n a ñ a d e : « T o d o v a r ó n que ora o profetiza vel a d a l a cabeza, deshonra s u cabeza ( ¿ n o l a d e s h o n r a r á m á s pensar y decir m a j a d e r í a s ? ) ; es c o m o si se rapara. Si u n a m u j e r no se cubre, que se rape. El v a r ó n no debe c u b r i r la cabeza, porque es imagen y g l o r i a de D i o s ; mas la m u j e r es g l o r i a d e l v a r ó n , pues n o procede e l v a r ó n d e l a mujer, sino la m u j e r del v a r ó n (la fabulita del Génesis a d m i t i d a como v e r d a d inconcusa); n i fue creado e l v a r ó n p a r a l a mujer, sino l a m u j e r p a r a e l v a r ó n . » A m é n . E s t o e s t a m b i é n , sin duda, genial y a d m i r a b l e . En todo caso, tiene un tufo a m a j a d e r í a total que no h a y quien le aguante. C i e r t o que c o m o los genios escriben p a r a los genios, y yo disto m u c h o de
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serlo, estas genialidades y otras muchas d e l m i s m o tono me parecen todo lo contrario. Sigamos. A c o n t i n u a c i ó n h a b l a d e l m o d o de celebrar los á g a p e s . Y a q u í leemos nuevas afirmaciones peregrinas. V e a m o s : « P o r q u e yo he recibido del Señor lo que os he t r a n s m i t i d o : que e l S e ñ o r J e s ú s , e n l a noche que fue entregado, t o m ó el pan, y d e s p u é s de dar gracias, lo p a r t i ó y d i j o : E s t e es mi cuerpo, que se da p o r vosotros; haced esto en m e m o r i a m í a . Y a s i m i s m o d e s p u é s d e cenar t o m ó e l c á l i z diciendo: E s t e cáliz es el N u e v o Testamento en mi sangre; cuantas veces b e b á i s hacedlo en m e m o r i a m í a . Pues cuantas veces c o m á i s este p a n y b e b á i s este v i n o a n u n c i a r é i s la muerte d e l S e ñ o r hasta que venga.» E s t a escena es u n a a l t e r a c i ó n de la que semejante, pero distinta, figuraba en el Evangelio de M a r c i ó n . El J e s ú s de é s t e , el 14 nisan, d í a en que los j u d í o s i n m o l a b a n e l cordero pascual, fundaba u n r i t o nuev o destinado a s u s t i t u i r l a pascua j u d í a , pues, s e g ú n s u manera de entender las cosas, h a b í a que o l v i d a r y renegar de todo lo j u d í o . P a r a ello, en vez d e l cordero pascual daba a c o m e r a sus d i s c í p u l o s un p a n ofrecido c o m o figura de su cuerpo. Siendo este cuerpo i n m a t e r i a l , ya que el J e s ú s de M a r c i ó n tan s ó l o de h o m b r e t e n í a la apariencia, pues, c o m o él d e c í a : «Dios no h u b i e r a p o d i d o t o m a r carne y permanecer p u r o » (321), p o d í a ofrecerle de este m o d o . Y al hacerlo d e c í a simplemente: « T o m a n d o el pan, luego de d a r gracias le p a r t i ó . Y le d i s t r i b u y ó a los d i s c í p u l o s diciendo: E s t e es mi cuerpo, que se da p o r vosotros. Y lo m i s m o la copa, diciendo: E s t a copa e s m i testamento, p o r m i sangre, que es v e r t i d a p o r v o s o t r o s . » E s t a copa, en P a b l o e r a ya cáliz; luego l l e g a r í a a r i q u í s i m o grial de oro y piedras preciosas (del que h a y varios ejemplares, u n o en E s p a ñ a ) . Y en la mesa un m a n t e l , ¡ q u e a a ú n se conserva y se venera! (322). C r e o que vale m á s pasar a o t r a cosa. Luego h a b l a de los dones espirituales p a r a decir que son varios, no obstante ser el E s p í r i t u uno. C o m o uno es el cuerpo, no obstante estar compuesto de muchos m i e m b r o s . T o d o p a r a acabar que e n l a Iglesia, « s e g ú n l a d i s p o s i c i ó n d e Dios», hay, s i n r o m p e r s u u n i d a d , u n a j e r a r q u í a . Jerar-
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q u í a que e n u m e r a y establece. C o m o ya he d i c h o , siempre que en u n a E p í s t o l a o í m o s n o m b r a r a la Iglesia, podemos estar seguros d e haber tropezado c o n u n a i n t e r p o l a c i ó n . E n t o d o caso, a m e d i d a que la Iglesia, t a l Iglesia ya un siglo m á s tarde, n o antes, i b a a y u d á n d o s e del n o m b r e d e P a b l o p a r a formarse, se comprende que llenase a é s t e de f a m a y de g l o r i a , puesto que i b a c i m e n t a n d o a su costa cuanto edificaba. Pero creo que no haga falta i n s i s t i r sobre que un m í s t i c o c o m o Pablo, que de v i v i r , vivió m u c h o antes que hubiese Iglesia, y que cuanto le i m p o r t a r í a , p o r lo que podem o s i m a g i n a r , e r a p r e d i c a r s u E v a n g e l i o d e C r i s t o , ¿ s e hub i e r a detenido j a m á s a establecer j e r a r q u í a s innecesarias entonces, puesto que en las ciudades en que se i b a n agrupando adeptos y f o r m a n d o p e q u e ñ a s comunidades o colon i a s (si se trataba de esenios), estas colonias e s t a r í a n integradas p o r u n p u ñ a d o d e fieles que s e c o n s i d e r a r í a n c o m o hermanos? H a s t a que apareciesen los « g u a r d i a n e s » , los « p r o t e c t o r e s » , los « e p i s k o p o i » (-------obispos), t e n d r í a que pasar a ú n a l g ú n t i e m p o . E l necesario p a r a que los grupos de fieles fuesen ya suficientemente numerosos y sus recursos e c o n ó m i c o s de d e t e r m i n a d a i m p o r t a n c i a . Pero seguramente P a b l o no a l c a n z ó este t i e m p o . Seguidamente se o c u p a de la c a r i d a d . P e r o u n a vez m á s , palabras y m á s palabras. S i n duda, h e r m o s í s i m a s , pero cuya belleza, si la tienen, a m í , u n a vez m á s , ¡ay!, se me escapa. P a l a b r a s y p i r o p o s , p e r o no razones que expliquen si conviene ser caritativos. P o r q u e d e c i r que la c a r i d a d es paciente y benigna, que no es envidiosa, ni jactanciosa, ni se h i n cha, etc., no es sino enhebrar adjetivos, enfilar palabras tras palabras, p a r a acabar a f i r m a n d o que entre la fe, la esperanza y la c a r i d a d , la m á s excelente es é s t a . P e r o de acuerdo, q u é diantre. Fe en q u i m e r a s , p o r m u y celestiales que se asegure que son, y esperanzas s i n fundamento y puramente q u i m é r i c a s t a m b i é n para q u i e n las q u i e r a . E n cuanto a l a c a r i d a d , si se o l v i d a lo que representa c o m o subterfugio p a r a s a l i r al paso y t r a t a r de r e m e d i a r i n j u s t i c i a s sociales e i n c l u s o sostenerlas, b u e n a es, ú t i l m u c h a s veces, necesaria
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siempre mientras l a r i q u e z a e s t é m a l r e p a r t i d a . S i n o l v i d a r l a c a r i d a d p o r excelencia, l a e s p i r i t u a l : e n s e ñ a r a l que n o sabe. Pero verdades, no mentiras en tono solemne. Al punto h a b l a de los dones de lenguas y p r o f e c í a . P a s a r esto p o r alto es lo m á s razonable que se puede hacer. Y a c o n t i n u a c i ó n , d e l a r e s u r r e c c i ó n . Sobre esto asimismo, ¿ q u é m e j o r se puede hacer racionalmente que v o l v e r la hoja, dej a n d o d o r m i r l a abundante p a l a b r e r í a , s i n fundamento, d e Pablo? Porque, ¿ c ó m o t o m a r en serio lo de: « E n un instante, en un a b r i r y cerrar de ojos, al ú l t i m o toque de la t r o m peta—pues t o c a r á l a trompeta—, los muertos r e s u c i t a r á n i n c o r r u p t o s y nosotros seremos i n m u t a d o s » ? ¿ G e n i a l tamb i é n ? ¿ P u e d e ser genial, ni tan siquiera prudente, elevar las estupideces a la c a t e g o r í a de dogmas? ¿Y seguir a f i r m a n d o que todas estas insanidades son divinas y reveladas? C i e r t o que la fe ciega los ojos y pone un t u p i d o velo sobre las i n teligencias. Que muchas inteligencias nacen c o n tan escasas alas que i m p o s i b l e les es s a l i r de los planos m á s bajos, torpes y vulgares, a causa de lo c u a l , lo falso, lo absurdo y lo tontamente asombroso y falsamente m a r a v i l l o s o es su n a t u r a l elemento. Pero ¿y las que p a r a otras actividades i n telectuales demuestran poseer alas poderosas? ¿ C ó m o é s t a s pueden luego h u n d i r s e o volverse p a r a otras e n s e ñ a n z a s ciegamente irracionales? I n c o m p r e n s i b l e . E n cuanto a P a b l o , u n a vez m á s , ¡ay!, b a j a del C i e l o , s i n duda t a m b i é n por mandato divino, a la prosaica Tierra, y..., ¡ea!, d i g á m o s l o , p o r poco e v a n g é l i c o que esta vez parezca: B a j a p a r a p e d i r de nuevo. La Epístola acaba, sí, tendiendo la m a n o . P i d e y pide que se haga u n a colecta p a r a cuando él vaya a C o r i n t o . C o n esto y unas amables palabras de exhort a c i ó n y unos afectuosos saludos, pues P a b l o , a d e m á s de exaltado, enclenque y elegido de D i o s , es h o m b r e fino, acaba esta p r i m e r a c a r t a a los c o r i n t i o s . T a l vez lo grande, lo gen i a l , lo digno del A p ó s t o l de los Gentiles, e s t é en la segunda. Veámoslo. E n é s t a , a l llegar a l e p í g r a f e I V , tras haberme p a r e c i d o absolutamente insignificante (ganas me dan de e s c r i b i r tonto de solemnidad) todo lo anterior, me doy cuenta de p o r q u é
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me ha o c u r r i d o t a l cosa: Porque, s i n duda, soy u n o de «los infieles que van a la p e r d i c i ó n , cuya inteligencia c e g ó Dios en este m u n d o p a r a que no b r i l l e en ellos la l u z d e l Evangel i o , de la g l o r i a de C r i s t o , que es imagen de Dios». Cierto. Mi inteligencia debe estar cegada cuando algo t a n claro, cierto e importante como lo de «la l u z del E v a n g e l i o , de la g l o r i a de Cristo, que es imagen de Dios», y lo que dice a c o n t i n u a c i ó n , a saber: « P o r q u e Dios es el ú n i c o que ha hecho b r i l l a r la l u z de nuestros corazones p a r a que demos a conocer la ciencia de la g l o r i a de Dios en el rostro de C r i s t o » , todo esto t a n evidente, tan hermoso y seguramente tan profundo, a mí me parezca, c o m o la casi totalidad de cuanto e s c r i b i ó el gran Pablo, o se dice que e s c r i b i ó , un hatajo i n i n t e r r u m p i d o de vaciedades y m a j a d e r í a s , destinadas de toda buena fe, esto p o r supuesto, a hacer b r i l l a r la g l o r i a de un D i o s , p a r a él deslumbrante y deslumbradora, que en u n i ó n de su S e ñ o r H i j o tan cumplidamente embargaba su agitado e s p í r i t u con objeto de llenar a s i m i s m o el de aquellos a los que se d i r i g í a . Lo que va a c o n t i n u a c i ó n es un ejemplo v i v o de esa manera de pensar que, juzgada s i n esa fe ciega gracias a la c u a l en el c a m p o religioso todo es o r é g a n o (323), hace que sorprenda que se encuentren cosas divinas e inspiradas en aquello que los no ganados p o r t a l fe s ó l o ven puras demencias. Juzg ú e s e : « P e r o llevamos este t e s o r o » (este tesoro es, s i n duda, el m i n i s t e r i o o apostolado d e l que dice en l í n e a s anteriores haber sido él investido por obra de Dios, m á s todo lo ya transcrito, y p r o c l a m a r , c o m o t a m b i é n a f i r m a hacer s i n desfallecimiento, la verdad). « E n vez de adulterar la p a l a b r a de D i o s , manifestamos la v e r d a d y nos recomendamos nosotros m i s m o s a toda h u m a n a conciencia ante D i o s (lo que t a m b i é n , como observamos, no puede ser m á s claro); en vasos de b a r r o p a r a que la excelencia d e l poder de D i o s sea de Dios y no parezca n u e s t r a . » Y: « L l e v a n d o siempre en el cuerpo la m o r t i f i c a c i ó n de J e s ú s , para que la v i d a de J e s ú s se manifieste en nuestro c u e r p o . » O t r a frase sublime: « S a b i e n d o que r e s u c i t ó el S e ñ o r Jesucristo, t a m b i é n con J e s ú s nos res u c i t a r á y nos h a r á estar c o n vosotros; porque todas las cosas suceden p o r vosotros, a f i n de que la gracia difundida
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en muchos acreciente la a c c i ó n de gracias p a r a g l o r i a de Dios.» E n f i n : « P u e s por l a m o m e n t á n e a y ligera t r i b u l a c i ó n nos p a g a r á un peso eterno de g l o r i a incalculable y no ponemos nuestros ojos en las cosas visibles, sino en las i n v i s i bles, ya que las visibles son temporales, y las invisibles, eternas.» S i n nadar e n plena demencia, s i n contar y a con l a casi absoluta i n i n t e l i g i b i l i d a d de todo lo anterior, ¿ s e puede afirm a r algo, c o m o en lo ú l t i m o copiado, sobre cosas en m o d o alguno conocidas? ¿ S e puede hacer t a l cosa a menos de ser guiados p o r el d e s v a r í o o p o r el i n t e r é s ? ¿ E s en un caso sensato, y en el otro honrado, hacerlo? Y los serenos de e s p í r i t u y libres del p r o p ó s i t o de e n g a ñ a r , ¿ p u e d e n interesarse p o r cosas c o m o las transcritas o c o m o é s t a que va a c o n t i n u a c i ó n , con la que empieza el e p í g r a f e o c a p í t u l o V? V é a s e : « P u e s sabemos que si la tienda de nuestra m a n s i ó n terrena se deshace, tenemos de Dios una sólida casa, no hecha por mano de hombre, eterna, en los Cielos.» T o d o lo que va a c o n t i n u a c i ó n de lo anterior es de un m i s t i c i s m o tan desatinado que recuerda, s ó l o que c o n mucha menos h e r m o s u r a en la e x p r e s i ó n , a Teresa de J e s ú s , que q u i é n sabe si no e n c o n t r a r í a a q u í la c h i s p a que encend i ó su i n s p i r a c i ó n : « G e m i m o s en esta nuestra tienda anhel a n d o sobrevestimos de aquella nuestra h a b i t a c i ó n celest i a l . . . Pero confiamos p a r t i r d e l cuerpo y estar presentes al S e ñ o r . » L a santa d e A v i l a e s c r i b i ó m u c h o m á s hermosamente, es lo mejor que s a l i ó de su p l u m a : «Vivo sin v i v i r en mí y tan a l t a v i d a espero, que muero porque no m u e r o . » E l que q u i e r a u n a l e c c i ó n d e m i s t i c i s m o , repito, que venga a q u í a aprender. S i , p o r supuesto, es capaz de comprender algo. C l a r o que comprender e q u i v a l d r í a a dejar de ser m í s t i c o . Pero ¿ d i g o comprender? Seguro que de tener tendencia h a c i a esa s u b l i m e enfermedad del e s p í r i t u comprend e r í a . P a r a é l h a sido escrito. A h o r a que seguro t a m b i é n que los pobres corintios se q u e d a r í a n poco m á s o menos c o m o yo. Es decir, en ayunas de casi todo lo que o í a n . Y, consiguientemente, m a l dispuestos a hacer aquello que no pod í a n comprender. Porque escuchemos a ú n : « S a b e d o r e s ,
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pues, d e l t e m o r d e l S e ñ o r , hacemos p o r sincerarnos ante los hombres, que a D i o s b i e n de manifiesto le estamos; empero, que t a m b i é n a vuestra c o n c i e n c i a . » Y : « P o r q u e s i hacemos el loco, es p o r D i o s ; si nos m o s t r a m o s j u i c i o s o s , es p o r n o s o t r o s . » A ú n : « L a c a r i d a d de C r i s t o nos c o n s t r i ñ e , persuadidos c o m o estamos de que si uno m u r i ó p o r todos, luego todos son m u e r t o s . » En f i n , y acabo c o n esto, pues ya es demasiado: «De m a n e r a que desde ahora a nadie conocemos s e g ú n la carne, y a u n a C r i s t o sí le conocimos s e g ú n la carne, pero a h o r a ya no es a s í . . . M a s todo esto viene de Dios, que p o r C r i s t o nos ha reconciliado consigo y nos ha confiado el m i n i s t e r i o de la r e c o n c i l i a c i ó n . P o r q u e a la verdad, D i o s estaba en C r i s t o r e c o n c i l i a n d o al m u n d o consigo y no i m p u t á n d o l e sus delitos, y puso en nuestras manos la p a l a b r a de r e c o n c i l i a c i ó n . » C r e o que h a b r á bastado l o dicho. N o puede ser m á s convincente. ¿ Q u é c o r i n t i o leyendo o escuchando todo esto no le s e g u i r í a convencido y entusiasmado? Porque, ¡ q u é c l a r i dad! Y , sobre todo, ¡ q u é v e r d a d e n todo ello! T a n verdadero como lo de que a Cristo «le conocimos s e g ú n la c a r n e » . ¿ Q u i é n le c o n o c i ó s e g ú n la carne, é l ? ¿ P a b l o ? ¿ K e f a s (Pedro)? ¿ A p o l o ? E n todo caso, n o é l n i nadie, o miente cuando dice en la 1." a los Corintios ( X I I , 3) que s ó l o espiritualmente es conocido ( « N a d i e puede decir J e s ú s es S e ñ o r a no ser e n E s p í r i t u S a n t o » ) . L o que y a s a b í a b i e n R e n á n cuando e s c r i b í a (San Pablo, cap. X ) : « P a r a Pablo, J e s ú s no es un h o m b r e que ha v i v i d o y e n s e ñ a d o , es un ser enteramente divino.» C o m o lo era p a r a M a r c i ó n y p a r a todos los g n ó s ticos. De ser o t r a cosa, ¿ h u b i e r a dejado de dar detalles de su persona y de su d o c t r i n a , sobre todo habiendo conocido y h a b l a d o , c o m o se quiere hacer creer, c o n l o s que, c o m o a s i m i s m o se asegura, fueron sus d i s c í p u l o s ? Y, sin embargo, ni u n a p a l a b r a sobre ello. « P a b l o guarda silencio sobre e l arresto, sobre e l proceso, l a c o n d e n a c i ó n . . . N o n o m b r a j a m á s a Pilato, a Caifas, ni al S a n e d r í n , ni a Herodes, ni a las santas mujeres... No hace a l u s i ó n a la p a s i ó n sino de u n a m a n e r a general, c o m o u n r i t o d e s a c r i f i c i o conocido que no d e s c r i b e . » ( G . O r y : ¿Ha sido crucificado Jesús?
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Cuadernos del C í r c u l o E . R e n á n , 1955.) P e r o s e p o d r á arg ü i r , en la 1. a los Corintios t a m b i é n , que en X V , 5-8, dice: « Q u e se a p a r e c i ó a Kefas, luego a los doce. D e s p u é s se apar e c i ó otra vez a m á s de quinientos hermanos, de los cuales muchos viven t o d a v í a y algunos m u r i e r o n ; luego se a p a - " r e c i o a Santiago, d e s p u é s a todos los a p ó s t o l e s y m á s tarde, c o m o a un aborto, se me a p a r e c i ó t a m b i é n a mí.» P e r o a u n no desechando todo el fragmento, c o m o probablemente c o n m u c h a r a z ó n hace A l f a r i c (Les origines sociales du christianisme, p á g . 157), pues desde el m o m e n t o que empieza afirm a n d o que todo lo que va a decir lo sabe él p o r h a b e r l o recibido, ya es p a r a no hacer caso, basta observar que lo que asegura es que todos los d e m á s vieron a J e s ú s , c o m o é l , a t r a v é s de u n a a p a r i c i ó n , p a r a comprender que n i n g u n o de los citados v i e r o n o t r a cosa que lo que él v i o en el cam i n o de Damasco. «Yo no veo r a z ó n alguna que haga creer que P a b l o h a y a prestado a la experiencia de P e d r o o t r o c a r á c t e r que a l a suya p r o p i a : Pedro, c o m o él, h a v i s t o a l M a e s t r o g l o r i f i c a d o . » (Guignebert: Jesús, p á g s . 634 y sigs.) a
A lo anterior sigue un p á r r a f o en el que c o n r e i t e r a c i ó n y vehemencia habla de lo m u c h o que ha sufrido a causa de su apostolado. Y otro en el que exhorta a los corintios a que h u y a n de la sociedad de los paganos, porque: « ¿ Q u é cons o r c i o hay entre la j u s t i c i a y la injusticia? ¿ Q u é h a y de c o m ú n entre la l u z y las tinieblas? ¿ Q u é c o n c o r d i a entre C r i s t o y B e l i a l ? » S i n contar que al d e c i r esto p a r e c í a haber olvidado l o d e « a m a a l p r ó j i m o como a t i m i s m o » , n i que c o n t r a d e c í a las afirmaciones que h a b í a hecho asegurando que y a n o h a b í a n i cristianos, n i j u d í o s , n i gentiles, n i paganos, n i esclavos, n i h o m b r e s libres, sino tan s ó l o , gracias a C r i s t o , hermanos, a c u a l q u i e r a se le p o d r í a o c u r r i r preguntar: Entonces, ¿ b a s t a b a n o creer e n l o que é l c r e í a p a r a ser fatalmente un ignorante, un depravado y un perverso? ¿ U n foco de tinieblas, en vez de un m a n a n t i a l de l u z ? ¿ T o d o s los h o m b r e s hasta entonces, y a los que les ha o c u r r i d o o t r o tanto d e s p u é s , h a b r í a n sido y s e r í a n luego injustos y malvados, empezando p o r A k h e n a t ó n , Confucio, e l B u d a , P i t á g o r a s , S ó c r a t e s , P l a t ó n , E p i k o u r o s y ciento m á s absoluta-
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mente dignos de aprecio y a d m i r a c i ó n , y, en c a m b i o , él, pobre desdicha física y t o t a l extraviado mentalmente, s ó l o p o r p r e d i c a r evidentes locuras, un sabio y un santo? E n todo caso, n i A k h e n a t ó n , n i Confucio, que sepamos, ni S ó c r a t e s , ni el B u d a , ni siquiera el J e s ú s de los Evangelios, p i d i e r o n algo a c a m b i o de sus e n s e ñ a n z a s , mientras que al s e r á f i c o P a b l o (lamento tener que cargar sobre sus d é b i l e s costillas, lo que h a b r í a que cargar, si se supiese q u i é n e s fuer o n los que se v a l i e r o n de su n o m b r e p a r a ir cimentando c o n t r o c h o s de p i e d r a y engalanando c o n m á r m o l e s u n a Iglesia de b a r r o n a c i d a sobre arena) le vemos u n a vez m á s , tras elogiar a los que quiere creyentes y disponerlos, s i n duda, p a r a que fuesen t a m b i é n donantes, incitarles p a r a que fuesen generosos, c o m o los macedonios, que « c o n s t a n temente nos rogaban les h i c i é s e m o s la gracia de p a r t i c i p a r en el socorro a favor de los s a n t o s » . L o s santos eran los que dedicaban su v i d a a e n s e ñ a r a los d e m á s verdades tan ú t i les, necesarias y irables c o m o las que él e n s e ñ a b a . Y c o n muchas exhortaciones, a s i m i s m o irables, justifica la j u s t i c i a y necesidad de lo que solicita: « P o r q u e no se trata de que p a r a otros h a y a desahogo y p a r a vosotros estrechez, sino de que ahora, con equidad, vuestra abundancia (monetaria) alivie la escasez de a q u é l l o s (los santos), p a r a que a s i m i s m o su a b u n d a n c i a (esta vez de buenos consejos y santas palabras) alimente vuestra p e n u r i a . » B r e v e : D a d dinero contra ilusiones y esperanzas. La Iglesia h a r í a suya t a m b i é n esta excelencia. L a excelencia modesta d e p e d i r « p o r a m o r de D i o s » a c a m b i o de bendiciones. En cuanto a P a b l o , tras b i e n muleteado el toro, la estocada: « E n cuanto al socorro en favor de los santos no es necesario que yo escriba (pero lo hace); conozco vuestra p r o n t a voluntad, que es p a r a mí m o t i v o de g l o r i a r m e de v o s o t r o s . » Y p a r a que no se enfriasen y p u d i e r a empezar la colecta, enviaba a T i t o en c o m p a ñ í a de otros santos o aspirantes a ello: « P o r eso he c r e í d o necesario rogar a los hermanos que anticipasen el viaje y preparasen de antemano vuestra p r o m e t i d a b e n d i c i ó n ( v e í a , sin duda, c o m o u n a b e n d i c i ó n el caer de las monedas, c o m o el l a b r a d o r la de la l l u v i a en
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t i e r r a sedienta), y c o n esta p r e p a r a c i ó n resulte o b r a de liber a l i d a d y no de m e z q u i n d a d . » ¡Dad, y no poco, amados hermanos en C r i s t o ! D a d , d a d : « P u e s os digo, el que escaso s i e m b r a , escaso cosecha. C a d a u n o haga s e g ú n se ha propuesto en su c o r a z ó n , no de m a l a gana ni obligado, que Dios ama al que da con alegría.» N a d a m á s . C l a r o que y o , perplej o , m e pregunto: ¿ C ó m o P a b l o , oscuro, confuso, d i f í c i l m e n te c o m p r e n s i b l e siempre, a h o r a p a r a p e d i r lo hace de m o d o tan c o m p r e n s i b l e y claro? S i n duda, se trataba de un m i l a gro m á s . De u n a verdadera i n s p i r a c i ó n . Semejante a otras m u c h a s i d é n t i c a s con las cuales ha favorecido y sigue favoreciendo el C i e l o a los que h a n seguido tras las excelentes huellas de P a b l o en el c u r s o de los siglos. A c t o seguido, los puntos sobre las íes p o r si alguno cerdeaba en llevarse la m a n o a la bolsa. Enfadarse o aparent a r l o s e r i a b u e n remedio a la falta de generosidad, y P a b l o amenaza c o n ser i m p l a c a b l e con cuantos « s e levanten cont r a la conciencia de Dios» y dispuesto «a castigar toda deso b e d i e n c i a » . T a n seguida e s t á s u c ó l e r a d e l a p e t i c i ó n , que mueve a creer que la « c o n c i e n c i a de Dios» c o n s i s t í a en mov e r a los h o m b r e s en favor de la parte inmediatamente i n f e r i o r al pecho de los santos. Y el « c a s t i g o » , m e r e c i d o si se d e s o b e d e c í a y no se « s u d a b a » abundantemente. En todo caso, b i e n c l a r o dice que de o c u r r i r t a l cosa decidido estaba, a hacer v a l e r su a u t o r i d a d . E n f i n , e n e l e p í g r a f e X I , que, p o r cierto, empieza c o n estas sinceras y v e r í d i c a s (no todo i b a a ser h a b l a r de lo que n o p o d í a p r o b a r ) palabras: « O j a l á s o p o r t é i s u n poco m i demencia (en Derecho se dice: A c o n f e s i ó n de parte, relev a c i ó n de prueba). Pero soportadla, p o r q u e es celo de D i o s , porque os he desposado a un solo m a r i d o p a r a presentaros a C r i s t o c o m o casta v i r g e n . » ( ¿ H a b l a de « u n p o c o de demencia»? ¡ M o d e s t i a irable!) T r a s este empiece ejemplar, demostrar que es superior a sus é m u l o s (otro t i p o de modestia) a causa de lo m u c h o que ha sufrido (sigue larga e n u m e r a c i ó n de estos sufrimientos; l a r g a y seguramente conmovedora p a r a los que l l o r a n , p o r ejemplo, p o r los cía-
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vos de C r i s t o ) y repetir que h a r á valer su a u t o r i d a d , se despide deseando « q u e la g r a c i a d e l S e ñ o r Jesucristo y la car i d a d de Dios y la c o m u n i c a c i ó n d e l E s p í r i t u Santo sea con v o s o t r o s » . Vosotros son, ya se comprende, los c o r i n t i o s generosos. L o s p r o p i o s santos modernos (que, p o r cierto, p a r a dem o s t r a r que no o l v i d a n a Pablo, tampoco suelen ser mancos en aconsejar y recoger colectas) reconocen, c o m o dice uno de ellos: « Q u e esta Epístola revela en su c o m p o s i c i ó n que el autor no la e s c r i b i ó o la d i c t ó de u n a sentada y c o n á n i m o sereno (¿y c ó m o h u b i e r a p o d i d o e s c r i b i r o d i c t a r c o n á n i m o sereno, si precisamente de lo que c a r e c í a era de ser e n i d a d de á n i m o ? ) . Se n o t a n en ella interrupciones, cambios de pensamiento, p á g i n a s que i n d i c a n m u y diversos estados de á n i m o , tanto que h a n dado m o t i v o a que algunos autores pensasen si p o d r í a estar compuesta de varias cartas d e l a p ó s t o l . » ¿ P o r q u é no ser sinceros ya y decir que en ella, c o m o en todas las d e m á s , i n t e r v i n i e r o n seguramente u n a docena de manos, cuando menos, c o n objeto de a ñ a d i r o sup r i m i r l o que s e j u z g ó m á s conveniente p a r a los intereses d e l a Iglesia? E n todo caso, a ñ a d i d a , recortada y a m a ñ a d a , lo esencial no e s t á en el manejo a que fue sometida, sino en su m u c h o o poco v a l o r . Si unos dicen m u c h o , yo digo lo c o n t r a r i o . Si tras todo lo enumerado y lo no enumerado, pero que puede leerse acudiendo al texto m i s m o , a ú n se h a b l a de i n s p i r a c i ó n d i v i n a y de r e v e l a c i ó n , yo me l i m i t a r é a encogerme, u n a vez m á s , de h o m b r o s . ¡ F a m o s a i n s p i r a c i ó n d i v i n a en obras que cuando, en efecto, se trata de lo supuesto divino, de ser en r e a l i d a d inspiradas y reveladas m o s t r a r í a n un Dios tan vanidoso y necio como p a r a alabarse a sí m i s m o incesantemente! Y si de lo d i v i n o descendemos a lo h u m a n o , prueba de su excelencia es su p é s i m o m o d o de escribir, la falta de o r i g i n a l i d a d y grandeza en las ideas y la f a c i l i d a d con que el redactor o redactores se apean de su pedestal de santidad p a r a p e d i r . A o t r a cosa, pues. V a m o s c o n la Epístola a los Gdlatas, a ver si nos saca la espina que nos h a n c l a v a d o las anteriores.
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EPISTOLA A LOS GALATAS L o s hombres a los cuales se d i r i g í a Pablo, e s p í r i t u s simples, gente i n c u l t a e infinitamente modesta, tanto s o c i a l c o m o intelectualmente, h a b í a n o í d o , e s m á s , estaban y a fam i l i a r i z a d o s c o n los dioses que m o r í a n y resucitaban en b i e n de las criaturas humanas, a causa de lo cual, al saber que e l ú l t i m o d e ellos h a b í a estado tan p r ó x i m o c o m o p a r a que alguno de los que le predicaban hubiese p o d i d o conocerle, se sintieron a t r a í d o s , c o m o las m a r i p o s i l l a s p o r la luz, h a c i a la nueva c l a r i d a d . De m o d o que la a c c i ó n de Pab l o sobre esta i l u s i ó n , insistiendo sobre e l l a c o n la autorid a d que le daba haber sido encargado p o r el p r o p i o D i o s , cosa que, c o m o sabemos, r e p e t í a s i n cesar, de la o b r a de su apostolado, fue definitiva en lo que afecta a que t a l doctrina fuese aceptada s i n gran d i f i c u l t a d . Y a esto fue precisamente a lo que c o n t r i b u y ó su desbordado celo de un m o d o i n c o m p a r a b l e . S i n este celo, seguramente se hubiese apagado s i n tardar m u c h o , absorbida p o r los otros cultos semejantes a base de misterios y de s a l v a c i ó n . C o m o es i n dudable t a m b i é n que la p r o p i a o s c u r i d a d de las cartas de P a b l o c o n t r i b u i r í a a que fuesen iradas y, p o r tanto, él. Y esto, p o r aquello de que los simples de e s p í r i t u son siempre los m á s dispuestos a m a r a v i l l a r s e y celebrar lo que no comprenden. Así c o m o los que carecen de c r i t e r i o p r o p i o , a sumarse incondicionalmente a lo ya a d m i r a d o y celebrado. P o r lo que nada m á s cierto que conservar la f a m a es m u c h o m á s fácil que a d q u i r i r l a . Y l o que j u s t i f i c a t a m b i é n el triunfo de muchas m e d i a n í a s . A causa de ello m i s m o , el que en todo lo alejado de la ciencia, c o m o lo religioso, nada m á s eficaz p a r a p r o d u c i r fe que lo misterioso, lo d i f í c i l m e n t e descifrable, lo que se supone que puede tener un doble sentido, aquello en que lo aleg ó r i c o puede ser e n todo m o m e n t o a d m i s i b l e . E n u n a palab r a , lo que por excusar, a causa de su d i f i c u l t a d verdadera o buscada, de comprender, pues ello o b l i g a r í a a pensar, i n v i t a de un m o d o c ó m o d o y n a t u r a l a creer. En c a m b i o ,
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cuanto v a guiado p o r l a r a z ó n , c o m o s ó l o avanza a t r a v é s de la c l a r i d a d , y esta c l a r i d a d no se consigue sino mediante verdades y demostraciones, exige un trabajo d u r o , m u y distinto, p o r enteramente contrario, que la f a c i l i d a d que proc u r a creer. Y p o r ello que tantos c r e a n y tan pocos disc u r r a n . P a r a é s t o s , p a r a los amigos de lo o s c u r o y de lo misterioso, descorrer un poco el velo que envuelve a oscuridades y m i s t e r i o s , o hacerse la i l u s i ó n de que lo descorren, es ya u n a f e l i c i d a d , que al a c a r i c i a r la inocente v a n i d a d d e l i n i c i a d o , le v u e l c a p o r entero en favor de lo que espera acabar de c o m p r e n d e r un d í a . Y se contenta, feliz, p o r el momento, con lo poco que cree saber y que, no obstante, le l l e n a de o r g u l l o . R e c u e r d a n a u n o que no teniendo m é r i t o ni t í t u l o alguno s i q u i e r a que poner en sus tarjetas de v i s i t a h i z o i m p r i m i r e n ellas, bajo s u n o m b r e , esto: « E x pasajero d e l Antonio López», viejo barco de la C o m p a ñ í a T r a s a t l á n t i c a E s p a ñ o l a . ¡ C u á n t o s s o n pasajeros efectivos, p o r o b r a de su i n s i g n i f i c a n c i a e s p i r i t u a l y de su fe, de todos los buques en que son embarcados p o r la audacia de avisados armadores! La Epístola a los Gálatas, m u c h o m á s c o r t a que las anteriores, es t a m b i é n , p o r varias razones, bastante m á s interesante. La p r i m e r a , porque si alguna de las cartas atribuidas a P a b l o tiene probabilidades de ser realmente suya es é s t a . En las otras hace falta estar animados de grandes deseos de encontrar algo que pueda ser de él p a r a h a l l a r l o , en ciertos momentos, a t r a v é s de determinados latigazos de su r a b i a f r e n é t i c a en defensa de sus ilusiones. R a b i a que c o n v e n í a conservar y que viene a ser c o m o su firma en u n i ó n d e s u o t r a f o r m a d e m a n í a : l a d e creerse favorecido p o r revelaciones divinas directas. En todo lo que en las Epístolas r o z a estos dos puntos, si no se encuentra su mano, sí, cuando menos, su e s p í r i t u . T o d o lo d e m á s se puede asegurar que fue a ñ a d i d o . E s , a d e m á s , interesante esta Epístola p o r q u e demuestra que la Iglesia, que apenas n a c i d a i b a a ser sacudida por tanto c i s m a , pues, la verdad, t e n d í a a abrirse paso entre el bosque de sus m i t o s y de sus mentiras, ella m i s m a d e b i ó
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su o r i g e n a u n o : el causado p o r la s e p a r a c i ó n de P a b l o de los A p ó s t o l e s . Y t a l vez, si se q u i s i e r a h a b l a r c o n m á s propiedad, de la c o m u n i d a d esenia de Damasco, en la que a c a b a r í a p o r aparecer P a b l o c o m o rebelde, a causa de su p r o p i o celo; c o m u n i d a d , a su vez, disidente y m á s avanzada i d e o l ó g i c a m e n t e de a q u e l l a a la que t a l vez pertenecieron o h u b i e r a n p o d i d o pertenecer Pedro y Santiago. En f i n , es interesante t a m b i é n p o r el hecho de dar a conocer c ó m o la Iglesia salió, no de los l l a m a d o s A p ó s t o l e s , s i n o de P a b l o . Y ello a causa de haber seguido no solamente la d i r e c c i ó n que m a r c a b a n sus ideas, sino su m a n e r a de exponerlas, y, a d e m á s , su tono d o c t r i n a l y m o r a l . A s í vemos, p o r ejemplo, en esta E p í s t o l a , c o n m o t i v o de la diferencia entre las obras de la carne y las del e s p í r i t u , condenar a q u é l l a s , cosa que luego h a r í a siempre, t e ó r i c a m e n t e , la Iglesia. Y fijar, siguiendo igualmente a Pablo, es decir, copiando lo que é s t e d i j o a q u í , l o que luego s e r í a n l l a m a d o s «los dones d e l E s p í r i t u S a n t o » . Y , finalmente, t o m a r a s i m i s m o los consejos postreros de P a b l o en esta Epístola p a r a f o r m a r c o n ellos la base de su catecismo m o r a l . P e r m i t e t a m b i é n a d i v i n a r e l proceso d e a r m o n i z a c i ó n que fue p r e c i s o c o m b i n a r p a r a ver de c e r r a r el a b i s m o abierto p o r Pablo entre él y los A p ó s t o l e s , d e l que se tiene n o t i c i a p o r el c a p í t u l o segundo de la Epístola a los Galotas. Porque aunque h i j a d i r e c t a de Pablo, la Iglesia no p o d í a desentenderse de los que ella m i s m a h a b í a hecho c o m p a ñ e r o s de J e s ú s , insistiendo y mejorando lo dicho p o r M a r c i ó n . Y p o r ello, a m o d o de r e c o n c i l i a c i ó n y p a r a echar t i e r r a en la zanja abierta p o r el ciego fanatismo d e l t a r s i o t a en favor de C r i s t o , tan ajeno en él al J e s ú s de los s i n ó p t i c o s , h u b o que u r d i r la leyenda de la v e n i d a de Pedro a R o m a a m o r i r j u n t o a P a b l o . C o n lo que no s ó l o se p r e t e n d i ó r e a l i z a r la u n i ó n de é s t e con los supuestos d i s c í p u l o s d e l no menos supuesto J e s ú s , sino, e n cierto m o d o , evitar l a s e p a r a c i ó n entre estas dos figuras tan distintas en la novela que en r e a l i d a d constituye s u leyenda: e l modesto profeta a l que se h a b í a hecho recorrer G a l i l e a durante unos meses y el D i o s que, gracias a Pablo, destinado estaba a r e c o r r e r el
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m u n d o durante siglos. Se m a t a r o n , a d e m á s , dos p á j a r o s de u n t i r o . Pues haciendo m o r i r a Pedro, m á r t i r incluso, e n R o m a , en vez de tranquilamente en Oriente, en u n i ó n de P a b l o , en lo que a a q u é l afecta si su existencia no fue tamb i é n u n a p u r a f a n t a s í a y haber muerto, a su vez, q u i é n sabe c u á n d o n i d ó n d e , s i n pena n i gloria, como h a b í a v i v i d o , haciendo que esta muerte acaeciese en R o m a t a m b i é n y p o r o b r a de m a r t i r i o , se justificaba el « t u es P e t r u s » , inventado para, contra todo derecho, v i n c u l a r en la c i u d a d de los C é s a r e s el origen de la a u t o r i d a d p a p a l . En cuanto a Pablo, se le h i z o m o r i r a s i m i s m o p o r la causa que d e f e n d í a , simplemente p o r parecer esto m u c h o mejor y m á s edificante a t r i b u i r l e u n a muerte gloriosa, que, c o m o la de Pedro, red u n d a r í a en beneficio de la Iglesia. Que era lo que se q u e r í a conseguir. E n cuanto a l c i s m a , é s t e s e h a b í a p r o d u c i d o a l quedar sentado, s e g ú n Hechos y Epístolas, que Pedro (Kefas o Cefas) y d e m á s A p ó s t o l e s h a b í a n seguido fieles a J e s ú s sin por ello apartarse enteramente del m o s a í s m o , es decir, s i n atacar a la ley y respetando la c i r c u n c i s i ó n , mientras que Pab l o , desde el m o m e n t o de su c o n v e r s i ó n , h a b í a renegado de ambas cosas, no prescribiendo, p a r a ingresar en la d o c t r i n a defendida p o r él, o t r a p r á c t i c a de i n i c i a c i ó n que el bautismo (324). Y c o m o luego de evangelizar P a b l o en la G a l a c i a d e l S u r a los que q u i s i e r o n escucharle, s e g ú n es referido en los Hechos ( X I , 14), fueron, p o r lo visto, a esta r e g i ó n predicadores judaizantes, quienes e n s e ñ a b a n que p a r a salvarse era necesaria l a c i r c u n c i s i ó n , Pablo, indignado a l saberlo, e s c r i b i ó la Epístola que nos ocupa. Epístola c u y a esencia es que lo que salvaba no era la obediencia a la ley, sino la fe en C r i s t o . A f i r m a c i ó n que P a b l o j u s t i f i c a , a su modo, claro, barajando la figura de A b r a h a m y la p r o m e s a hecha a é s t e p o r Y a h v é . S i n hacer caso, p o r supuesto, pues él no s e g u í a sino aquello que le daba vueltas en la cabeza, que ya sabemos c ó m o carburaba, de que en Génesis, X V I I I , 10-12, Y a h v é h a b í a establecido u n pacto c o n e l P a t r i a r c a basado precisamente e n l a c i r c u n c i s i ó n . Que un D i o s , b i e n que de tercera c a t e g o r í a , c o m o era en-
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tonces e l Y a h v é j u d í o , hiciese pactos c o n u n r a b a d á n e s t a n e s t ú p i d o , que parece i n c r e í b l e que sirviese de base p a r a u n a a f i r m a c i ó n cualquiera. Pero Pablo, cuyo cerebro, s i n d u d a , se a r m o n i z a b a perfectamente c o n esta v a r i e d a d de f á b u l a s , no d u d ó , p o r lo que se puede juzgar, en servirse d e ella. P o r supuesto, e l detalle n o tiene i m p o r t a n c i a n i v a l d r í a la pena ponerlo a d i s c u s i ó n . V o l v a m o s , pues, a la E p í s t o l a dando p o r bueno, p o r m a l o que sea, todo l o d e m á s . D e c í a , pues, que Pablo, p a r a p r o b a r a los g á l a t a s la verd a d de lo que sostiene en su carta, empieza p o r c o n t a r sus desaveniencias c o n Kefas, comenzando p o r a f i r m a r que él es el A p ó s t o l de los Gentiles p o r gracia y v o l u n t a d de D i o s . T a l c u a l dice d e l m o d o siguiente: « P e r o cuando plugo a l que me s e g r e g ó desde el seno de mi m a d r e y me l l a m ó p a r a su gracia, p a r a revelar en mí a su H i j o , a n u n c i á n d o l e a los g e n t i l e s . . . » Y , e n efecto, cuenta que u n a vez convertido p o r o b r a de r e v e l a c i ó n (325), ocurriese esta r e v e l a c i ó n donde ocurriese, en la E p í s t o l a no se h a b l a de m o m e n t o ni de lugar, es decir, en el c a m i n o de Damasco o en o t r a parte, no fue a J e r u s a l é n a v e r a los A p ó s t o l e s , sino a A r a b i a . Y a aquella c i u d a d s ó l o a l cabo d e tres a ñ o s « p a r a conocer a Kefas, a cuyo lado p e r m a n e c i ó quince d í a s » . «A n i n g ú n o t r o a p ó s t o l vi—sigue diciendo—, si no fue a Santiago, herm a n o del S e ñ o r . » « E n esto que os escribo—dice a ú n — , b i e n sabe Dios que no m i e n t o . » A ñ a d e que i b a con B e r n a b é y T i moteo, y que fue «en v i r t u d de u n a r e v e l a c i ó n » (le l l o v í a n y a las revelaciones; c i e r t o que llevaba l a nube e n s u p r o p i a cabeza) a c o m u n i c a r a los hermanos de esta c i u d a d , a los que s e g u í a n dirigiendo dos a p ó s t o l e s , que él predicaba el E v a n g e l i o a los gentiles. Y cuando Pedro, Santiago y J u a n , « q u e pasaban p o r ser allí las c o l u m n a s » y que h a b í a n recib i d o e l Evangelio d e l a c i r c u n c i s i ó n , « v i e r o n que y o h a b í a r e c i b i d o el E v a n g e l i o de la i n c i r c u n c i s i ó n . . . , nos d i e r o n a B e r n a b é y a mí la m a n o en s e ñ a l de c o m u n i ó n p a r a que nosotros nos d i r i g i é s e m o s a los gentiles y ellos a los c i r c u n cidados». E l c i s m a q u e d ó , pues, v i r t u a l m e n t e planteado. ¿ D e c u á l d e los dos partidos s a l d r í a , si c o n s e g u í a salir, la nueva Iglesia?
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S a l i ó del de Pablo, que era el ú n i c o que, p o r lo visto, t e n í a algo en la cabeza. Y que precisamente a causa de ser un desequilibrado, se m o s t r ó infatigable y supo i m p r i m i r con su fe un a r d o r del que c a r e c í a el o t r o grupo, f o r m a d o p o r gentes, s i n duda, enteramente vulgares y absolutamente ignorantes. Y el c i s m a fue ya un hecho cuando el p r o p i o P a b l o en A n t i o q u í a (el m i s m o tarsiota nos lo refiere) se e n f r e n t ó c o n Pedro, que, p o r l o visto, h a b í a i d o allí a l frente d e u n grupo de J e r u s a l é n que predicaba el Evangelio de la c i r c u n c i s i ó n (el hecho p u d i e r a itirse, sobre todo viendo en él a o t r o grupo de esenios), es decir, dispuestos a pisarle el terreno. ¡Ah, a h í era n a d a oponerse abiertamente a un f a n á t i c o c o m o P a b l o , que estaba m á s seguro a ú n que de que v i v í a , de que h a b í a recibido del p r o p i o D i o s l a o r d e n d e p r e d i c a r e l E v a n gelio d e s u H i j o ! E n presencia d e todos l e d i j o : «Si t ú , siendo j u d í o , vives c o m o gentil y n o c o m o j u d í o , ¿ p o r q u é obligas a los gentiles a j u d a i z a r ? » Lo que c o n t e s t ó Pedro, que a juzgar p o r los Hechos tampoco t e n í a buenas pulgas, n o l o sabemos. Posiblemente h a b l a r í a c o n los p u ñ o s antes que c o n la boca. Pues cada uno emplea en las discusiones los medios mediante los cuales se cree m á s elocuente. En todo caso, ni Epístolas ni Hechos dicen c ó m o a c a b ó aquello. Pues de haberlo dicho, t a l vez h u b i e r a sido m u y difícil luego arreglar la supuesta r e c o n c i l i a c i ó n , que se d e j ó a d i v i n a r c o n objeto de hacer posible que se encontrasen en R o m a e incluso muriesen juntos. T a l es el i n t e r é s de esta Epístola. Así c o m o c o m p r o b a r que ciertas interpolaciones se h i c i e r o n de acuerdo c o n los Evangelios, antes de d e c i d i r la Iglesia que J e s ú s , aunque D i o s , h a b í a nacido de M a r í a y que é s t a no tuvo o t r o h i j o que E l . C o m o demuestra e l detalle d e « S a n t i a g o , h e r m a n o d e J e s ú s » . A f i r m a c i ó n garantizada a ú n c o n e l « b i e n sabe Dios que no m i e n t o » . E n f i n , n o quiero pasar e n silencio t a m p o c o que esta carta es la que ha dado a los m i t ó l o g o s pretexto p a r a negar la autenticidad de todas las Epístolas y ver en ellas el s i m p l e resultado de una enorme f a l s i f i c a c i ó n realizada en el si2.
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glo i i (326). Y ello porque—dicen—que haya existido u n a p ó s t o l l l a m a d o Pablo puede ser, mas ¿ c ó m o a d m i t i r que u n h o m b r e c o n t e m p o r á n e o d e J e s ú s , aunque n o l e hubiese conocido personalmente, b i e n que sí a los A p ó s t o l e s , escribiese lo que hemos v i s t o en la 1.ª a los Galotas (II, 24), o sea, que el E v a n g e l i o que él p r e d i c a b a no lo h a b í a recibido de los hombres, es decir, de los c o m p a ñ e r o s de J e s ú s , sino que le h a b í a sido revelado p o r el p r o p i o Jesucristo, y que mostrase h a c i a l a ú n i c a t r a d i c i ó n , que hubiese sido a u t é n t i c a de no ser todo ello un fabuloso m i t o , t a l desprecio e i n cluso h a c i a los supuestos depositarios de ella? ¿ E r a posible, a d e m á s , que u n h o m b r e que necesariamente t e n í a que estar perfectamente informado, de haber existido J e s ú s , sobre su personalidad y p r e d i c a c i ó n , escribiese, c o m o se pretende que e s c r i b i ó , en la 2. a los Corintios (III, 17): « E l Señ o r e s E s p í r i t u , y donde e s t á e l E s p í r i t u del S e ñ o r e s t á l a l i b e r t a d » ? Esto—dicen, y no parece faltarles r a z ó n — t u v o que e s c r i b i r l o u n g n ó s t i c o . U n m í s t i c o d e aquellos que identificaban a J e s ú s con el Pneuma de D i o s . No p u d o e s c r i b i r l o u n h o m b r e que h a b í a pasado quince d í a s h a b l a n d o sobre J e s ú s c o n Pedro, Santiago y J u a n . Y que necesariamente t e n í a que saber m u c h o del h o m b r e . De aquel h o m b r e al que se s u p o n í a tan l l o r a d o y recordado, al que los j u d í o s acababan de crucificar. C l a r o que los que t a l escriben, b i e n que todo e l l o tenga el aspecto de u n a enorme f a l s i f i c a c i ó n , no parecen, en lo que a P a b l o respecta, tener en cuenta u n a cosa esencial: el m o d o de ser, la i d i o s i n c r a s i a de este h o m b r e . Es decir, su profundo e x t r a v í o de tipo religioso. Parecen o l v i d a r tamb i é n c ó m o h a b í a visto P a b l o a J e s ú s . Que h a b í a trabado conocimiento c o n E l (en r e a l i d a d n o c o n J e s ú s , sino c o n C r i s t o ) a t r a v é s de revelaciones, la p r i m e r a de las cuales h a b í a bastado, pues era u n p a r a n o i c o tipo, p a r a persuadirle no tan s ó l o de la naturaleza d i v i n a y espiritual del S e ñ o r , sino de la p r e d i l e c c i ó n de este S e ñ o r h a c i a él. Y que, naturalmente, anclada esta idea en su cerebro, cuanto posteriormente p u d i e r a n decirle los A p ó s t o l e s o q u i e n fuese y lo que fuera., c o n t r a r i o a lo que ya h a b í a adquirido, e s c u r r i ó sobre
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él. Fue i n ú t i l . T i e m p o perdido. Así, l e o í m o s repetir insistentemente en sus Epístolas, y entre ellas en la a los Gálatas (I, 16), que si él era a p ó s t o l , p o r la gracia de Dios lo era, que expresamente le h a b í a revelado a su H i j o p a r a que anunciase su Evangelio a los gentiles. A un hombre, pues, a quien D i o s y el S e ñ o r , su H i j o , dist i n g u í a n de t a l manera, como él dice, « d e s d e el seno de mi m a d r e » , y destinado desde antes que naciese a p r e d i c a r el E v a n g e l i o d e C r i s t o , ¿ q u é l e i m p o r t a b a cuanto sobre J e s ú s supieran otros, que cuanto h u b i e r a n p o d i d o conocer h a b r í a sido al Hijo del hombre? ¿ Q u é t e n í a que ver con ellos ni p o r q u é someterse a ellos? De m o d o que P a b l o hubiese sacrificado J e s ú s a C r i s t o y s ó l o se ocupase de é s t e era lo l ó g i c o dada l a idea que acerca d e E l s e h a b í a f o r m a d o . L o que no excluye que las Epístolas que c o m o suyas h a n llegado hasta nosotros, no sean ni s o m b r a de las que él pudo e s c r i b i r o dictar. T a n t o m á s cuanto que lo probable parece ser que todo lo relativo a J e s ú s y a los A p ó s t o l e s , sobre todo suponiendo a é s t o s d i s c í p u l o s del imaginado H i j o de D i o s , fuese i n t r o d u c i d o posteriormente cuando el m i t o a p r o p ó s i t o de J e s ú s y de sus andanzas estaba ya f o r m a d o y en c i r c u l a c i ó n , habiendo pasado unos posibles dirigentes de u n a c o m u n i d a d esenia o r t o d o x a y j u d í a : Pedro, Santiago y J u a n , a d i s c í p u l o s preferidos del Dios-hombre imaginado. Pasemos a la Epístola a los Efesios.
EPISTOLA A LOS EFESIOS A m e d i d a que se v a n leyendo las Epístolas nos damos cuenta de p o r q u é en r e a l i d a d la Iglesia e s t á tan l l e n a de Pablo, y p o r él, de C r i s t o , c o m o v a c í a de J e s ú s . E s t e es p a r a ella tan s ó l o un c i m b e l , un pretexto p a r a enternecer a costa de su p a s i ó n y de su muerte. Un cebo p a r a atraer incautos. La a r t i f i c i o s a nasa en la que caen a m i l l a r e s los pececillos a t r a í d o s p o r e l siempre e n g a ñ o s o cebo d e l a fe. E n u n a palab r a : u n medio d e c a u t i v a r conciencias. M u y especialmente
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la de las mujeres, que en todas las religiones f o r m a n la m a s a m á s f i e l y constante. Y que las cristianas acuden solícitas a t r a í d a s p o r la s e d u c c i ó n que las ofrece la hermosa y d o l o r i d a figura de J e s ú s crucificado. El p r i n c i p i o de esta Epístola, durante los dos p r i m e r o s c a p í t u l o s , es un ejemplo t í p i c o de m a j a d e r í a total. U n a sarta de palabras de tonta beatitud, que no obstante su i n sensatez absoluta, c o n tanto gusto o f r e c i ó siempre la Iglesia, que precisamente encontrando perfecto este tipo de palabras p a r a su l i t e r a t u r a d a r í a c o n ellas el ejemplo y n o r m a del tono en que e s c r i b i r í a ya siempre al tener que dirigirse a sus fieles. E incluso el que e m p l e a r í a de preferencia al tener que ponerse en o con ellos verbalmente desde los pulpitos. V o y a copiar algunos trozos p a r a que no se crea que exagero. Y t a m b i é n p a r a que se vea, u n a vez m á s , que hay muchas cosas que gozan de u n a fama que no merecen. F a m a que p e r d u r a a costa de aceptar c o m o « v e r d a d e r o » lo a f i r m a d o p o r quien se cree que puede afirm a r . S i n pararnos a reflexionar sobre lo que estas afirmaciones pueden encerrar de s i m p l e conveniencia p a r a aquel o aquellos que las hacen. A causa de lo c u a l es, en definitiva, nuestra pereza en i n f o r m a r n o s bien, o nuestra incap a c i d a d p a r a juzgar, lo que les confiere un valor que en r e a l i d a d no tienen. E m p i e z o a t r a n s c r i b i r : « B e n d i t o sea D i o s y Padre de nuestro S e ñ o r Jesucristo, que C r i s t o nos bendijo c o n toda b e n d i c i ó n espiritual en los Cielos, p o r cuanto que nos eligió antes de la c o n s t i t u c i ó n del m u n d o p a r a que f u é s e m o s santos e inmaculados c o m o El.» N a d a m á s . Y tras tan i r a b l e exordio, sigue en el m i s m o i n s p i r a d o y v e r í d i c o tono ensartando f a n t a s í a s t o n t o - m í s t i c a s , asegurando al instante que: « C o n f o r m e al b e n e p l á c i t o de su v o l u n t a d y p a r a alabanza de la g l o r i a de su gracia ( o b s é r v e s e q u é sarta de palabras s i n sentido) nos hizo gratos a su amado, en quien tenemos l a r e d e n c i ó n p o r l a v i r t u d d e s u sangre, l a r e m i s i ó n de los pecados, s e g ú n la riqueza de su gracia, que superabundantemente d e r r a m ó sobre nosotros en perfecta sabid u r í a y prudencia. P o r é s t a s nos d i o a conocer el m i s t e r i o
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de su v o l u n t a d , conforme a su b e n e p l á c i t o , que se p r o p u s o realizar en la p l e n i t u d de los tiempos, resumiendo todas las cosas, las del Cielo y las de la T i e r r a , en E l , en q u i e n hemos sido herederos por l a p r e d e s t i n a c i ó n , s e g ú n e l prop ó s i t o de aquel que hace todas las cosas conforme al consejo de su voluntad, a f i n de que cuantos esperamos en C r i s t o seamos p a r a alabanza de su gloria.» ¿ P a r a q u i é n se e s c r i b i e r o n estas cosas? ¿ E s posible que hayan sido j a m á s iradas? ¿ P e r o se puede i m a g i n a r u n a sarta de demencias m á s totales? ¿ U n entrar, p o r m o d o oscuro y desequil i b r a d o , en la v o l u n t a d de u n a imaginada D i v i n i d a d , con la f a c i l i d a d y del m i s m o disparatado m o d o c o n que lo h a r í a en la suya p r o p i a ? ¿ U n ejemplo m á s perfecto y v a c í o de aparentar a f i r m a r m u c h o p a r a no decir en r e a l i d a d nada ú t i l , verdadero n i sensato? N o satisfecho c o n l o anterior, e l que c o m p u s o este disparate sigue asegurando que los efesios h a b í a n sido « s e l l a d o s c o n el sello del E s p í r i t u Santo p r o m e t i d o , p r e n d a de nuest r a herencia, rescatando l a p o s e s i ó n que E l s e a d q u i r i ó p a r a alabanza d e s u g l o r i a . P o r l o c u a l y o t a m b i é n , conocedor de vuestra fe en el S e ñ o r J e s ú s , a s í c o m o de v u e s t r a c a r i d a d p a r a c o n todos los santos (como se ve, u n a vez m á s , el bendito redactor de este p u ñ a d o de m a j a d e r í a s — t e n g a m o s la c a r i d a d de suponer a P a b l o ausente de ellas—no p e r d í a el norte en cuanto c r e í a llegada la o c a s i ó n ) , no ceso de dar gracias p o r vosotros ( ¿ n o nos parece estar oyendo a m u chos de sus sucesores, dignos a p ó s t o l e s de su Iglesia?) y de hacer de.vosotros m e m o r i a en m i s oraciones, p a r a que el D i o s de nuestro S e ñ o r Jesucristo y P a d r e de la g l o r i a os conceda el e s p í r i t u de s a b i d u r í a y r e v e l a c i ó n en el conoc i m i e n t o de El (¿y el de paciencia, no?) i l u m i n a n d o los ojos de vuestro c o r a z ó n » . A m é n . Precioso; claro, celestial. Y a h o r a algo no menos verdadero y exacto, pero que, no obstante, ha pasado al « C r e d o » c a t ó l i c o . En efecto, escribe a c o n t i n u a c i ó n , el que fuese: «De la fuerza de su poderosa v i r t u d (la de D i o s ; P a b l o o su sustituto c o n o c í a n m e j o r a D i o s , sí fue P a b l o , que el arte de hacer tiendas), que El e j e r c i ó en C r i s t o , resucitándole de
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entre los muertos y sentándole a su diestra en los Cielos, p o r e n c i m a de t o d o p r i n c i p a d o , potestad, v i r t u d y d o m i n a c i ó n , y de todo cuanto tiene nombre, no s ó l o en este siglo, sino t a m b i é n en el v e n i d e r o . » Y a c o n t i n u a c i ó n o t r a afirmac i ó n , no menos cierta p a r a cientos de m i l e s de seres, afirm a c i ó n peregrina; v é a s e : « Q u e l a Iglesia e s m i c u e r p o . » A l decir esto, P a b l o no se refiere a él, sino a a q u e l « b a j o cuyos pies Dios s u j e t ó todas las c o s a s » . E s decir, e l S e ñ o r J e s ú s . C o n palabras y razones semejantes demuestra al p u n t o el poder de Dios en los cristianos y la r e c o n c i l i a c i ó n de j u d í o s y gentiles p o r C r i s t o . E inmediatamente h a b l a de su m i s i ó n . E m p e z a n d o p o r estas enternecedoras palabras: « P o r esto yo ('esto' es, s e g ú n acaba de decir, que los afortunados efesios, a los que se dirige, h a n sido 'edificados p a r a m o r a d a de Dios en el E s p í r i t u ' ) , Pablo, estoy p r i s i o n e r o de C r i s t o J e s ú s p o r a m o r de vosotros, los g e n t i l e s . » Y asegura que h a b í a s i d o hecho m i n i s t r o del E v a n g e l i o d e C r i s t o J e s ú s p o r el d o n de la gracia de D i o s . Y que a él, «el m e n o r de todos los santos, le fue otorgada esta g r a c i a de a n u n c i a r a los gentiles la incalculable r i q u e z a de C r i s t o y darles l u z acerca de la d i s p e n s a c i ó n d e l m i s t e r i o oculto desde los siglos en D i o s , creador de todas las cosas, p a r a que la m u l t i f o r m e s a b i d u r í a de Dios sea ahora notificada p o r la I g l e s i a . . . » ¿ V a l e la pena seguir c i t a n d o cosas semejantes? ¿Y tanto c i t a r a la Iglesia, u n a Iglesia que en m o d o alguno h u b i e r a p o d i d o existir, c o m o ya he dicho, en tiempos de Pablo? ¿ N o es evidente que todo esto tuvo que ser escrito m u c h o d e s p u é s de la t a l vez posible existencia d e l h o m b r e al que fue achacado? En el m i s m o tono falsamente santo, torpe e insoportable, P a b l o o su sustituto empiezan a m o r a l i z a r . A m o r a l i z a r a la m a n e r a c o m o luego durante siglos l o h a r í a l a Iglesia. Oigase un poco: «Así, pues—empieza—, os exhorto yo, preso en el S e ñ o r , de una manera digna de la v o c a c i ó n c o n que fuisteis l l a m a d o s , c o n toda h u m i l d a d , m a n s e d u m b r e y longanim i d a d , s o p o r t á n d o o s los unos a los otros e n l a c i u d a d . » A l punto, y a p r o p ó s i t o de la d i v e r s i d a d de dones (de I V , 7, a I V , 16), unos parrafitos a r c h i m í s t i c o s , preciosos, que mi
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p l u m a es i n d i g n a de copiar. A c u d a , acuda el lector curioso al texto, y s e g ú n su m o d o de pensar q u e d a r á , o sumamente satisfecho o sumamente asqueado. Luego m á s s a n í s i m o s consejos de esos que siempre se escuchan, cuando no hay otro remedio, p a r a olvidarlos al p u n t o : «Os digo, pues, y os exhorto en el S e ñ o r a que no v i v á i s ya como v i v e n los gentiles, en la v a n i d a d de sus pensamientos, oscurecida su r a z ó n y ajenos a la v i d a de Dios p o r s u ignorancia y l a ceguedad d e s u r a z ó n . » Y : « D e s p o jaos del h o m b r e viejo, v i c i a d o p o r l a c o r r u p c i ó n del error; renovaos en vuestro e s p í r i t u , y vestios de h o m b r e nuevo, creado s e g ú n D i o s en j u s t i c i a y santidad v e r d a d e r a s . » Y a c o n t i n u a c i ó n otros consejos no menos irables, en el p r i m e r o de los cuales les insta a despojarse de la m e n t i r a . E l , el que fuese, que c o m o el m á s solemne de los embusteros se manifestaba hablando de Dios y de su H i j o , cual si a d i a r i o alternase c o n ellos. Consejos que de seguirlos les i m p e d i r í a « e n t r i s t e c e r el E s p í r i t u Santo de Dios, en el cual h a b é i s sido sellados p a r a e l d í a d e l a r e d e n c i ó n » , c o m o a ñ a de devotamente. O i g á m o s l e a ú n , y p e r d ó n a m e lector, si no eres n i a r c h i p í o , hacerte o í r a ú n s u santo y a b u r r i d o piar, pero no tengo m á s remedio p a r a p r o b a r que no es oro todo lo que reluce: « S e d , en f i n , imitadores de D i o s , c o m o hijos amados, y v i v i d en c a r i d a d , c o m o C r i s t o nos a m ó y se ent r e g ó p o r nosotros en o b l a c i ó n y sacrificio a Dios en olor s u a v e . » Que h a y a e s p í r i t u s tallados p o r l a N a t u r a l e z a con facetas m í s t i c a s a los que todo esto suene a m e l o d í a s ang é l i c a s , es posible. Pero que a otros les s o n a r á a m a j a d e r í a s solemnes y a sartas de palabras v a c í a s y s i n fundamento, no es menos cierto y posible. Un p ú l p i t o , u n a de esas c á t e d r a s sagradas a las que cualq u i e r a con tonsura y sobrepelliz puede encaramarse p a r a p r o n u n c i a r verdades parecidas, mientras todas las viejas del pue b l o o del b a r r i o duermen a sus pies, es lo ú n i c o que se echa de menos leyendo lo anterior. P o r fortuna, luego se construyeron muchos, desde los que fueron pronunciadas palabras no menos huecas, v a c í a s y edificantes. En cuanto a él, tras l l a m a r a los efesios, s i n duda a causa de estar ya
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b i e n i l u m i n a d o s por su verbo, « h i j o s de la luz», les aconseja a ú n que no se e m b o r r a c h e n c o n vino, « e n el que e s t á la l i v i a n d a d » . Y a s i m i s m o , a otros se lo ha dicho ya, pero no a ellos, o m e j o r a ú n , a ellas: «Que las casadas e s t é n sujetas a sus m a r i d o s c o m o al S e ñ o r , porque el m a r i d o es cabeza de la mujer, c o m o C r i s t o es cabeza de la Iglesia y salvador de su c u e r p o . » Y ahora a los m a r i d o s : « V o s o t r o s a m a d a vuestras mujeres, c o m o C r i s t o a m ó a la Iglesia y se e n t r e g ó a ella.» Luego se dirige a los hijos, i n s t á n d o l e s a que obedezcan a sus padres. Y los esclavos o siervos, a sus amos. En f i n , a todos, que se revistan « d e toda la a r m a d u r a de Dios p a r a que puedan r e s i s t i r a las insidias del D i a b l o » . M á s : «Que s e c i ñ a n los r í ñ o n e s con l a verdad (leve cintur ó n si esta v e r d a d es c o m o las suyas), se apliquen la coraza de la j u s t i c i a y calcen sus pies p a r a estar siempre dispuestos a anunciar el E v a n g e l i o de la p a z . » Tras lo c u a l c o r t a el c h o r r o de irables consejos. P e r o no s i n instarles a ú n a que tomasen «el y e l m o de la salud y la espada del e s p í r i t u , que es la p a l a b r a de D i o s , c o n toda suerte de oraciones y plegarias, rezando en todo tiempo c o n fervor y siempre en c o n t i n u a s ú p l i c a p o r todos los santos y p o r m í » . Y a s í acaba, por fortuna, esta p r o d i g i o s a Ejrístola (327). V a mos c o n otra. A h o r a l a enderezada a edificar a los f i l i penses.
EPISTOLA A LOS FILIPENSES A q u í se presenta este d i l e m a : O ponerse, si ello es posible, en el estado de e s p í r i t u en que h a y que suponer a Pab l o escribiendo esta carta, o encogerse de h o m b r o s ante su m a n e r a de pensar, viendo en e l l a simples exudados m í s t i cos de un e s p í r i t u enfermo. L o s capaces de colocarse en la p r i m e r a l a e n c o n t r a r á n edificante, a d m i r a b l e . L o s que no, l e e r á n sus afirmaciones y su i n c l i n a c i ó n a la mansedumbre y al m a r t i r i o , s i n ver en todo ello o t r a cosa que lo que acabo de decir; el e x t r a v í o de tipo religioso de u n a mente des-
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arreglada. M a s p a r a que podamos j u z g a r c o n l a m a y o r e c u a n i m i d a d posible, empecemos p o r o í r c o n toda serenidad alguna de las afirmaciones que hace en esta Epístola. « T e s t i g o me es Dios de c u á n t o os amo a todos en las e n t r a ñ a s de C r i s t o J e s ú s » (328). « P o r q u e sé que esto redund a r á en ventaja m í a p o r vuestras oraciones y p o r la donac i ó n del E s p í r i t u de J e s u c r i s t o » (329). « C r i s t o t a m b i é n ahora s e r á glorificado en mi cuerpo, o p o r v i d a o p o r m u e r t e » (330). « Q u e p a r a mí la v i d a es C r i s t o y la muerte g a n a n c i a . » Lo que sigue (de I, 27, a I, 50, f i n a l del c a p i t u l i l l o ) es una i n v i t a c i ó n al m a r t i r i o . Pablo, en el m o m e n t o en que escribe esta carta, no sabe q u é prefiere, si m o r i r p o r C r i s t o o v i v i r p a r a seguir evangelizando. Pues, c o m o dice en 23-24: « P o r ambos lados me siento apretado, pues, de un lado, deseo m o r i r p a r a estar c o n C r i s t o , que es m u c h o mejor, pero, p o r otro, quisiera permanecer en la carne, que es m á s necesario p a r a v o s o t r o s » (331). Sigue: « T e n e d los m i s m o s sentimientos que tuvo C r i s t o J e s ú s , q u i e n existiendo e n l a f o r m a de D i o s , no r e p u t ó c o d i c i a d o tesoro mantenerse i g u a l a D i o s , antes se a n o n a d ó tomando la f o r m a de siervo y hac i é n d o s e semejante a los h o m b r e s (332), y en la c o n d i c i ó n de h o m b r e se h u m i l l ó , hecho obediencia hasta la muerte, y muerte en cruz, por lo c u a l D i o s le e x a l t ó y le o t o r g ó un n o m b r e sobre todo nombre, p a r a que el n o m b r e de J e s ú s doble la r o d i l l a cuanto hay en los Cielos, en la T i e r r a y en los abismos, y toda lengua confiese que Jesucristo es S e ñ o r p a r a g l o r i a de D i o s P a d r e . » E l resto d e l a c a r t a y a n o tiene i m p o r t a n c i a . C l a r o que, ¿ l a tiene t a m p o c o la anterior? Les e n v í a a E p a f r o d i t o c o n ella. A E p a f r o d i t o , a q u i e n los filipenses m a n d a r o n c o n d i nero p a r a que P a b l o viviese mejor. C o m o antes se lo hab í a n m a n d a d o a s i m i s m o « m á s de un& vez estando en Tes a l ó n i c a » , c o m o dice en I V , 16. De m o d o que, como a ñ a d e al p u n t o (en 18): « T e n g o ya de todo, vivo en abundancia y estoy al c o l m o d e s p u é s que r e c i b í de E p a f r o d i t o lo que de vosotros me trajo: o l o r de santidad, hostia acepta de Dios.» S i n tanto c i r c u n l o q u i o y en buen castellano: r i c o d i nero. Luego o m u c h o nos equivocamos o los consejos mo-
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rales que les da y las exhortaciones p a r a que v i v a n dignamente es p u r a m e r c a n c í a e s p i r i t u a l , que satisfecho y contento trueca, c a m b i o ventajoso, c o n t r a buen n u m e r a r i o . H a b í a cobrado p o r anticipado y les consideraba c o m o clientes d e p r i m e r a clase. E n esto t a m b i n l a Iglesia s e g u i r í a s u ejemplo: dar buenos consejos y cuantas bendiciones sean necesarias, a c a m b i o de lo que caiga. L o s sublimes esfuerzos del papa actual en favor de la paz y la fraternidad no son i n v e n c i ó n suya. Pablo, o q u i e n fuese, dice en esta Epístola u n a innegable v e r d a d : que el j u i c i o acerca de las cosas espirituales corresponde a los espirituales. Que equivale a lo que yo dec í a , a mi vez, al p r i n c i p i o de esta Epístola: que los i n c l i n a dos a la m í s t i c a e n c o n t r a r á n en ella excelente y de incomparable v a l o r , l o que p a r a los racionalistas n o t e n d r á n i n guno. S í , t a l vez, en c a m b i o , a p r o p ó s i t o de un nuevo ataque a los judaizantes, c o m o hace a q u í , e n e l c a p í t u l o I I I , hacer unas consideraciones acerca de la e v o l u c i ó n de su e s p í r i t u , causa de su c o n v e r s i ó n del J u d a i s m o al C r i s t i a n i s m o , de creer a las Epístolas c a n ó n i c a s , o del J u d a i s m o ortodoxo al J u d a i s m o esenio disidente, que es lo m á s probable. P e r o el f e n ó m e n o es el m i s m o . Y el resultado, crear u n a nueva rel i g i ó n d e s a l v a c i ó n transformando e n C r i s t o a l S e r v i d o r d e l D i o s de I s a í a s y al H i j o del h o m b r e de las visiones de Daniel y Henoc. E s t a e v o l u c i ó n puede seguirse perfectamente c o n s ó l o reflexionar, s i n preocuparse de si fueron alterados o no los testimonios que sobre El nos quedan. Pues lo que se trata a h o r a de saber es lo que resulta de lo que estos testimonios dicen, en lo que afecta a la e v o l u c i ó n del e s p í r i t u del h o m b r e reflejado en ellos. N o s muestran, en efecto, a P a b l o , j u d í o , h i j o de j u d í o s (333) y j u d í o rabiosamente ortodoxo, persiguiendo p o r celo fariseo a los disidentes de su fe. H a s t a que de p r o n t o un d í a , c o m o él m i s m o cuenta en la 2. Epístola a los Corintios ( X I I , 2): «Si es menester g l o r i a r m e , aunque no conviene, v e n d r é a las visiones y revelaciones d e l S e ñ o r . Sé de un h o m b r e que hace catorce a ñ o s — s i en el cuerpo, no a
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lo s é ; si fuera d e l cuerpo, t a m p o c o lo s é ; D i o s lo sabe—fue arrebatado al p a r a í s o y o y ó palabras inefables que el h o m bre n o puede decir. D e tales cosas m e g l o r i a r é . » H e a q u í l a causa de que s ú b i t a m e n t e pasase de encarnizado perseguid o r de u n a d o c t r i n a i n c i e r t a a ú n , naciente, a ser su m á s apasionado defensor. ¿ Q u é l e o c u r r i ó ? ¿ Q u é l e p u d o o c u r r i r p a r a ello? No es difícil e x p l i c á r s e l o pensando c o n un poco de lógica y siguiendo, de u n a m a n e r a l ó g i c a t a m b i é n , la l í n e a de s u e x t r a v í o . E s decir, n o o l v i d a n d o c ó m o era, p o r naturaleza, tanto f í s i c a c o m o espiritualmente. Y cuando sabemos de él que f í s i c a m e n t e era u n a r u i n a , y mentalmente un exaltado, un inquieto, un desarreglado mental, pues nos lo dice su m a n e r a de comportarse, se explica, y ayuda a comprender su t r á n s i t o , su paso de fariseo j u d í o a m í s t i c o , en sentido c o n t r a r i o . Pablo, mientras cree en la ley, la defiende, siguiendo irrep r i m i b l e m e n t e su m a n e r a de ser, c o m o el m á s rabioso de los j u d í o s ortodoxos. Pero no es h o m b r e , a causa de su temperamento, capaz de creer m u c h o t i e m p o p o r o b r a de lo aprendido d e n i ñ o . Necesita creer p o r c o n v i c c i ó n p r o p i a . E n v i r t u d de seguridad í n t i m a y profunda. A causa de ello, la doctrina recibida en la cuna d e b i ó de vacilar pronto en un e s p í r i t u c o m o el suyo, tan susceptible a toda influencia ext r a m a t e r i a l . P o r ello seguramente, al enterarse de que la secta disidente, a la que odiaba, c r e í a en un h o m b r e que h a b í a resucitado luego d e m o r i r , s u p r i m e r a i m p r e s i ó n s e r í a de duda. Pero no porque le pareciese i m p o s i b l e t a l afirmac i ó n , pues demasiado s a b í a que varios cultos, que no le eran desconocidos, se fundaban en la r e s u r r e c c i ó n , a favor de los hombres, de supuestos dioses (334). Luego lo que deb i ó empezar a p r e o c u p a r l e y hacerle pensar fue la d u d a acerca de la verdad y r e a l i d a d de la nueva a f i r m a c i ó n . De m o d o que en un p r i n c i p i o , b i e n que no lo creyese, c o m o no c r e í a seguramente en lo que se a f i r m a b a de O s i r i s , A t t i s , A d o n i s y d e m á s dioses salvadores semejantes, lo que en r e a l i d a d le l l e n a r í a de dudas s e r í a no la p o s i b i l i d a d de que un dios resucitase, sino que aquellos de los que t a l se d e c í a
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hubiesen sido dioses. Pues p a r a él no h a b l a , no p o d í a haber otro Dios que Y a h v é . A h o r a bien, pronto una d u d a inquietante e m p e z a r í a seguramente a atormentarle. A t u r b a r su e s p í r i t u , t a n á v i d o de todo lo religioso: lo que era d i f í c i l m e n t e c r e í b l e , a no ser d e u n m o d o a l e g ó r i c o (el resucitar p e r i ó d i c o d e l a N a t u r a leza), de un dios extranjero, ¿ n o s e r í a posible de ser o b r a y v o l u n t a d del D i o s j u d í o ? P o r o t r a parte, ¿ c ó m o los que lo a f i r m a b a n e n f r e n t á n d o s e audazmente a los doctores de la ley, aquellos hermanos de r a z a y de culto, puesto que i n c l u so a la ley s e g u í a n sometidos en muchas cosas, p o d í a n asegurar tal cosa si no era verdad? Pablo, a d e m á s , n o era u n iletrado, c o m o luego fueron p i n tados los d i s c í p u l o s de J e s ú s . P a b l o era m u y versado en el Antiguo Testamento. Precisamente a causa de ello y s ú b i t a mente, c o m o se produce todo en los e s p í r i t u s f á c i l m e n t e impresionables, la d u d a y la p r e o c u p a c i ó n a causa de aquel h o m b r e que tras m o r i r h a b í a resucitado, e m p e z a r í a a i n quietarle porque, ¿ n o h a b r í a n anunciado los profetas la llegada de a l g ú n M e s í a s distinto, en cuanto a su m o d o de aparecer y presentarse, al que esperaba la m a s a del pueblo j u d í o , es decir, espada en m a n o , c o m o en tiempos de Judas Macabeo? Y la p r i m e r a chispa d e l c a m b i o d e b i ó ser recordar d e pronto, a l venirle a l pensamiento s ú b i t a m e n t e l a imagen del H i j o del hombre de la v i s i ó n de Daniel.' De Dan i e l , m e d i o á n g e l , m e d i o h o m b r e é l m i s m o , cuya m a r a v i l l o s a v i s i ó n , si v i s i ó n hubo, situaba la leyenda en la corte de Nabucodònosor. E l que tuvo l a v i s i ó n , s i , c o m o d e c í a , t a l v i s i ó n hubo, e incluso t a l D a n i e l (pero esto era, en todo caso, lo de m e n o r i m p o r t a n c i a , puesto que a l l í estaba la leyenda, y ¿ q u e d a de o r d i n a r i o o t r a cosa que leyendas en torno a los grandes hechos y a los grandes h o m b r e s ? ¿ N o empiezan incluso a formarse durante su v i d a , p o r o b r a del s e r v i l i s m o y de la dev o c i ó n irreflexiva y e s t ú p i d a de los que les rodean?); el que tuvo la v i s i ó n — d e c í a — , no menos perturbado que Pablo, s i n duda, h a b í a visto cuatro vientos que se lanzaban hacia el m a r ; vientos que d i e r o n n a c i m i e n t o a cuatro bestias
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( l e ó n alado, oso, pantera y la bestia de los once cuernos, diez grandes y uno p e q u e ñ o ; los diez grandes, los reyes de S i r i a ; el p e q u e ñ o , A n t í o c o Epifanos), en las que e n c a r n ó el testigo de la v i s i ó n a los cuatro grandes Imperios que hab í a n dominado a Israel: B a b i l o n i a , M e d i a y Persia, Alejand r o el Grande y S i r i a . Al m o m e n t o , el gran Juez llega. Allí e s t á Dios «con s u rostro blanco como l a nieve», y c o n E l llega a s i m i s m o , al f i n , el triunfo de Israel. . A las monstruosas bestias sigue u n a figura h u m a n a , figura é s t a que seguramente fue p a r a P a b l o la c h i s p a p r i m e r a de su c o n v e r s i ó n . C h i s p a de la que s a l d r í a C r i s t o m i s m o . D a n i e l , el p r i m e r v i s i o n a r i o de esta h i s t o r i a , h a b í a escrito: « M i r a b a las visiones nocturnas cuando vi venir con las nubes del cielo c o m o a un H i j o de h o m b r e . . . » Y aquella figur a , que no h a b í a s a l i d o d e l mar, h a b i t u a l generador de monstruos enemigos de D i o s , s i n o que llegaba p o r el c a m i n o de las nubes del cielo, que era el c a m i n o de Y a h v é , c o m o h a b í a dicho I s a í a s ( X I X , 1), ¿ q u é representaba? Representaba e l i m p e r i o de los santos. Es decir, de los j u d í o s elegidos. Y tras el Libro de Daniel, conservado c o n todos los honores entre los escritos sagrados y colocado entre Ester y Esdras, el de Henoc, el p a t r i a r c a que antes del D i l u v i o hab í a sido transportado v i v o a l Cielo, donde h a b í a visto, j u n t o al Jefe de los d í a s , al lado del S e ñ o r de los E s p í r i t u s , tan t r a í d o y llevado d e s p u é s por Pablo, pero oigamos al l i b r o m i s m o . Ya lo he citado, pero tengo que repetirlo ahora: «Vi al Jefe de los d í a s , c u y a cabeza era b l a n c a como la lana, y con El a otro. Á o t r o como u n a v i s i ó n de hombre, de aire gracioso c o m o uno de los á n g e l e s santos. P r e g u n t é a un á n g e l que v e n í a conmigo y me r e v e l ó todos los secretos: ¿ Q u i é n es ese H i j o de hombre y de d ó n d e viene? ¿ P o r q u é e s t á con e l Jefe d e los d í a s ? M e r e s p o n d i ó : E s e l H i j o del hombre, al que pertenece la justicia, con el que justicia habita, que revela todos los tesoros ocultos porque el S e ñ o r de los E s p í r i t u s le ha elegido. Ante el S e ñ o r de los E s p í r i t u s prevalece su justicia p a r a siempre. Este H i j o de h o m b r e que has visto hace que se levanten de sus lechos los reyes y los poderosos, de su t r o n o los fuertes. A n u l a las riendas de
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los fuertes y r o m p e los dientes a los p o d e r o s o s » (Henoc, X L V I , 1-4). A q u e l H i j o d e hombre, cuyo n o m b r e ocultaba H e n o c , e x i s t í a d e toda eternidad, como dijo m á s tarde e l g n ó s t i c o al p r i n c i p i o d e l Evangelio que, luego de m a n i p u l a d o y adaptado, fue a t r i b u i d o a J u a n . Dios le h a b í a tenido oculto esperando « p o d e r r e v e l á r s e l o a los elegidos». De tan importante personaje, tanto tiempo oculto y que s u r g í a de p r o n t o p o r o b r a d e dos visionarios, h a b í a dicho a ú n e l desconocido redactor d e l Libro de Henoc: « S e r á el b a s t ó n en que los justos se a p o y a r á n s i n caer. S e r á la l u z de las naciones. La esperanza de aquellos que tienen el c o r a z ó n r o t o . » Es decir, exactamente lo m i s m o que I s a í a s en X L I X , 6, y en L X I , 1. Si D a n i e l fue la chispa, H e n o c e I s a í a s el incendio en que se a b r a s ó P a b l o : ¡Lo que se d e c í a del crucificado era verdad! ¡La gran v e r d a d anunciada p o r los profetas! ¡La ú n i c a verdad! ¡Y a q u é l , el S e ñ o r de la J u s t i c i a de los e s e n í o s ! Y no hizo falta m á s p a r a que el C r i s t i a n i s m o empezara a ser u n a realidad. En el momento m i s m o en que esta seguridad se a p o d e r ó de él, Pablo t e n d r í a la p r i m e r a visión, o c u r r i d a en el c a m i n o de Damasco o donde fuese. El hecho d e b i ó ser d e este m o d o : V e r e n s u e s p í r i t u a l H i j o d e l hombre, unirle con el S e ñ o r de la J u s t i c i a y a p a r e c é r s e l e , hab l a r l e y ordenarle que predicase su Evangelio en vez de oponerse a é l , fue u n a y la m i s m a cosa. Y a causa de ello, es decir, del h o n o r y de la m e r c e d recibida, que se creyese superior a Pedro y a todos los defensores de la d o c t r i n a de la c i r c u n c i s i ó n , puesto que el rito de la verdadera d o c t r i n a e r a no la circuncisión j u d í a , sino el b a u t i s m o esenio. A u n que hubiese sido v e r d a d el m i t o e v a n g é l i c o y los A p ó s t o l e s d i s c í p u l o s de J e s ú s , ello no hubiese variado un á p i c e la disp o s i c i ó n y seguridad de su e s p í r i t u , puesto que si ellos le h a b í a n conocido él h a b í a sido n o m b r a d o a p ó s t o l y encargado de predicar su Evangelio por el propio H i j o de Y a h v é , ¡por el Señor Cristo! Preguntad a un p s i q u i a t r a y os d i r á que no hay casos m á s numerosos y frecuentes que los de e x t r a v í o s de t i p o religioso. Y entre ellos, los paranoicos, afectados de delirios visua-
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les y auditivos. Y a s i m i s m o , que estos enfermos, salvo los casos ya m u y avanzados, fuera d e l campo de su m a n í a , en la que es fácil hacerles e n t r a r c o n s ó l o r e c o r d á r s e l a , se suelen c o m p o r t a r de un modo enteramente n o r m a l . E i n c l u s o que su d e s v a r í o parece activar todas sus funciones, tanto mentales c o m o f í s i c a s . Y sabiendo esto y teniendo en cuenta lo anterior es fácil c o m p r e n d e r el caso de P a b l o . T a n t o su p r i m e r m o d o de proceder cuando p e r s e g u í a a los adeptos de la d o c t r i n a disidente de la o r t o d o x i a j u d í a , c o m o su s ú b i t o c a m b i o e incluso sus andanzas posteriores y su resistencia f í s i c a p a r a soportarlas, no obstante los sufrimientos a que le s o m e t í a su s a l u d precaria. E incluso sus bondades y sus c ó l e r a s : a q u é l l a s p a r a los que pensaban c o m o é l , é s t a s p a r a los que se le o p o n í a n . Y p o r todo ello su v i d a y su obra. ¿ O b r a é s t a de un loco? P ó n g a s e , si se quiere, otra p a l a b r a . P o r ejemplo, « i l u m i n a d o » , c o n objeto de equipararle, y no es poco honor, al B u d a . O « i n i c i a d o » , con objeto de acercarle a todos los fundadores de r e l i giones. P o r l o d e m á s , s i las leyendas sagradas, tan p r ó d i g a s e n hechos asombrosos y extraordinarios, no son puras y totales f a n t a s í a s embusteras, ¿ q u é sino visionarios, en m a y o r o menor grado, fueron todos los santos favorecidos c o n apariciones milagrosas y sobrenaturales? ¿Y q u é sino puros f e n ó m e n o s de h i s t e r i s m o o de i l u s i o n i s m o , las pretendidas apariciones celestes a n i ñ o s y n i ñ a s , a favor de cuyas apariciones han nacido leyendas que a ú n se c u l t i v a n y que acab a n siendo fuente de cuantiosos ingresos, tanto p a r a los medios religiosos c o m o civiles, ú n i c a cosa no m i l a g r o s a , sino p o s i t i v a y real, de la p a t r a ñ a a cuyo a m p a r o m e d r a n ? En cuanto a los verdaderos visionarios, que todos ellos v i e r o n , oyeron e incluso, a creer a sus b i ó g r a f o s , r e c i b i e r o n dones materiales de la V i r g e n o del crucificado (claro que esto ú l t i m o , ¿ c ó m o creerlo s i n u n a dosis de fe que yo p a r a mí no quisiera?), pero que vieron, oyeron y conversaron con quienes aseguraban, y que estaban tan ciertos de ello c o m o e l p r o p i o Pablo, d e esto s e h a r í a m a l e n dudar. E n dudar, claro, de que ellos fuesen v í c t i m a s de t a l i l u s i ó n , no, p o r
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supuesto, de que ocurriese. Pues, ¿ q u é o t r a cosa se p o d r í a suponer acerca de la v e r d a d a p r o p ó s i t o de las conversiones de un A g u s t í n , un F r a n c i s c o de Asís o un Ignacio de Loyola y de tantos m á s , conocidos o desconocidos, c u y a v i d a t r a n s c u r r i ó o s c u r a p a r a todos, pero vivamente i l u m i n a d a p a r a ellos en el silencio y recogimiento de claustros y conventos? ¿ P e r o no acaban de i n i c i a r un proceso de canonizac i ó n en favor del v e n t u r o s í s i m o P í o X I I , que a su vez tuvo la inmensa f e l i c i d a d de «ver» antes de tiempo a J e s ú s , lo que, s i n duda, le d e s l u m b r ó de t a l m o d o c o m o p a r a ignorar, p o r sumamente negro, t é t r i c o y oscuro, lo que nazis y ustachis h a c í a n c o n los j u d í o s e incluso seguramente los • d e m á s c r í m e n e s hitlerianos? Entonces, s i n duda creyendo sus ovejas inmediatas que el tiempo no era a p r o p ó s i t o p a r a otros m i l a g r o s que los que se llevaban a cabo c o n las armas en la mano, se e c h ó t i e r r a al asunto. P e r o hoy, que las armas h a n callado un p o c o en E u r o p a , s i n duda, se ha juzgado oportuno que hablen los milagros, y p o r ello pensar en enriquecer c o n uno m á s e l y a b i e n n u t r i d o santoral. C l a r o que c o m o n i d a ñ o n i beneficio s e hace con ello, l o m i s m o da. Pero sigamos, no con P a b l o , ya juzgado, sino con sus Epístolas, cuyo verdadero m é r i t o , c o m o vamos comprobando, e s t á en haber dado tipo, tono, cauces, normas y reglas de v i d a a la Iglesia. Y a s i m i s m o , m o d e l o y maneras de esc r i b i r y pensar a todos los m í s t i c o s cristianos. M u y particularmente a los tan abundantes c o m o indigestos e s p a ñ o l e s , de los que yo no p o d í a menos de considerar como maestro a Pablo, al repasar, p a r a comentarlas, las Epístolas anteriores. Y vamos con la a los Colosenses.
EPISTOLA A LOS COLOSENSES En todo tiempo y en todo lugar, antes de P a b l o , cuando P a b l o y d e s p u é s , la Iglesia fundada p o r él y todas las dem á s pertenecientes a no i m p o r t a q u é r e l i g i ó n (335) son ejemp l o s vivos de que unas, otras y todas son u n o de los medios
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m á s f á c i l e s de v i v i r haciendo que se trabaja; y c o m o negoc i o , de los m á s lucrativos, puesto que c o n t r a dinero o cosa que lo valga s ó l o se dan palabras, b i e n que estas palabras, p a r a aparentar a l g ú n valor, t o m e n con frecuencia el aspecto de consejos, reglas morales o esperanzas, que los que creen en ellas lo hacen a causa de empezar a d m i t i e n d o que quienes tales e n s e ñ a n z a s y consuelos les p r o d i g a n son los representantes, a q u í , en la T i e r r a , de supuestas divinidades, que h a b i t a n o r a en alguno de los astros, b i e n en un sitio desconocido denominado con el calificativo de Cielo o Cielos. Pablo, en esta Epístola, y s i n duda p a r a entrar en ella con b u e n pie, empieza haciendo la m i s m a a f i r m a c i ó n . Y c o m o t a l y verdadero m i n i s t r o que era, a creerle a él, claro, del D i o s de la r e l i g i ó n que predicaba, no cesaba de o r a r p a r a que sus hijos en C r i s t o no s ó l o estuviesen cada vez m á s « l l e n o s de c o n o c i m i e n t o de la v o l u n t a d de Dios», sino que a s i m i s m o creciesen en este conocimiento. Así c o m o daba gracias a D i o s Padre, por haberles « h e c h o capaces de p a r t i c i p a r de la herenc i a de los santos en el seno de la luz». Y no contento con ello, pues cuando se lanzaba a ser generoso en camelos paterno-celestiales era infatigable, en los v e r s í c u l o s 13 al 20 del c a p í t u l o p r i m e r o , daba a sus ovejas de Colosas, c é l e b r e ciud a d d e F r i g i a , l o que los t e ó l o g o s e s t i m a n c o m o l a m á s elevada e x p o s i c i ó n de lo que es Jesucristo, e x p o s i c i ó n que voy a copiar, porque a mí me parece t a m b i é n t a n irable, que considero c o m o deber del que no puedo excusarme estamp a r l a a q u í p a r a i n s t r u c c i ó n de aquellos de m i s lectores que, aunque i n c r e í b l e parezca, h a y a n p o d i d o v i v i r hasta a q u í s i n tener n o t i c i a de esta m a r a v i l l a ; v é a s e : « E l P a d r e nos l i b r ó del poder de las tinieblas y nos t r a s l a d ó al reino d e l H i j o de su amor, en quien tenemos la r e d e n c i ó n y la r e m i s i ó n de los pecados; que es la imagen de Dios invisible, p r i m o g é n i t o de toda c r i a t u r a , porque en El fueron creadas todas las cosas del C i e l o y de la T i e r r a , las visibles y las invisibles, los tronos, las dominaciones, los p r i n c i p a d o s , las potestades; todo fue creado p o r E l y p a r a E l . E l e s antes que tpdo y todo subsiste e n E l . E l e s l a cabeza del cuerpo d e l a Iglesia. E l e s e l p r i n c i p i o , el p r i m o g é n i t o de los muertos, p a r a que tenga la p r i -
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m a c í a sobre todas las cosas. Y plugo al P a d r e que en El h a b í t a s e toda l a p l e n i t u d y p o r E l reconciliar consigo, p u r i f i cando p o r la sangre de su cruz, todas las cosas, a s í en la T i e r r a c o m o las del Cielo.» N a d a m á s . N a d a m á s y nada menos. C r e o haber t r a n s c r i t o d e s c r i p c i ó n tan a d m i r a b l e y c l a r a s i n dejarme nada. P o r supuesto, de h a b e r m e c o m i d o algo o, p o r el c o n t r a r i o , de haber a ñ a d i d o algo s e r í a igual. Pues la cosa es tan inconcebiblemente a d m i r a b l e y soberana, que aunque se pusiese lo que e s t á al p r i n c i p i o donde va lo final o al r e v é s , o aunque se leyese en sentido c o n t r a r i o , no p o r eso d e j a r í a de ser menos c l a r o y evidente, en m e d i o de su i l u m i n a d o r a o s c u r i d a d , ni nos a s o m b r a r í a menos c ó m o Pablo, s u b l i m e escarabajo físico, p o d í a , p o r o b r a y gracia, s i n duda, del E s p í r i t u Santo, siempre dispuesto a i l u m i n a r c o n u n a de sus lenguas de fuego, saber tanto no s ó l o d e l Padre, sino d e l H i j o . Lo que sí lamento es no ser t e ó l o g o p a r a si alguno no b i e n enhebrado a ú n e n sutilezas sublimes preguntase: ¿ P e r o q u é quiere decir esto y a q u é viene ahora?, poder e x p l i c á r s e l o b i e n . E n todo caso, y p a r a i r a c o s t u m b r a n d o a los a ú n n o metidos en h a r i n a m í s t i c o - c e l e s t i a l , voy a t r a n s c r i b i r otras frases h e r m o s í s i m a s y que demuestran, si alguien no se emp e ñ a en lo c o n t r a r i o , que, en efecto, P a b l o no m e n t í a cuando h a b l a b a de las revelaciones c o n que era h o n r a d o p o r la fam i l i a celestial. Pues no hay d u d a de que s ó l o h a b l a n d o m a n o a m a n o c o n C r i s t o o c o n su s a n t í s i m o P a d r e era posible que supiese ciertas cosas con la p r e c i s i ó n , c l a r i d a d y v e r d a d con que las s a b í a . Si no nos las e n s e ñ a b a del m i s m o m o d o , no le censuremos p o r ello. S i n duda, era porque no habiendo tal vez en Colosas p i t a g ó r i c o s , es decir, d e s c o n o c i é n d o s e a l l í las ecuaciones de segundo grado y el b i n o m i o de N e w ton, él se c o m p l a c í a l a n z á n d o l e s , p a r a que los resolviesen, amables e m b r o l l o s celestiales. P o r supuesto, alguno p o d r í a decir, claro, a p r o p ó s i t o de la fuente de donde Pablo t e n í a tanta s u b l i m e ciencia, que p o d í a n h a b é r s e l a e n s e ñ a d o los á n g e l e s , que, c o m o es sabido, a veces h a c í a n a ciertos profetas revelaciones irables (a u n o nacido en cierto de los lugares m á s abundantes en
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piedras y menos de manantiales de la T i e r r a le fue d i c t a d o de este m o d o un l i b r o entero). P e r o ocurre, c o m o luego veremos, que P e d r o consideraba el « c u l t o a los á n g e l e s » c o m o un p u r o camelo, p r o p i o s ó l o de los falsos doctores, que trataban de chafarle a él la papeleta y hacer que la « c a r i d a d » de los fieles fuese, cosa i n d i g n a y grave, a parar a su bolsa. De m o d o que nada de angelitos. P a r a él, entre los hombres y Dios el ú n i c o m e d i a d o r es Jesucristo. De esto no deben haberse dado cuenta muchos que desde entonces, y no obstante tener a P a b l o en la m a y o r estima, creen lo c o n t r a r i o . Q u i e r o decir que sin necesidad de haber sido deslumhrados yendo h a c i a Damasco, n i siquiera c e p i l l á n d o se la sotana en la s a c r i s t í a , su apacible e insignificante m a n í a consiste en creerse tales y verdaderos intermediarios, ellos, entre los hombres y el S e ñ o r . Y sigo c o n objeto de d a r las frases que tanto a d m i r o . T a l vez p o r q u e dada mi cortedad de inteligencia, me suele costar trabajo comprenderlas. H e l a s a q u í : «Y a vosotros, otro t i e m p o e x t r a ñ o s y enemigos de coraz ó n por las malas obras, pero ahora reconciliados en el cuerpo de su carne por su muerte, p a r a presentaros sanos e i n maculados e irreprensibles delante de El si p e r s e v e r á i s firmemente fundados e inconmovibles en la fe y no os a p a r t á i s de la esperanza del Evangelio bajo los cielos.» Un m o m e n t o de r e s p i r o y a l l á va o t r a : « Q u i s o D i o s dar a conocer c u á l es la riqueza de la g l o r i a de este m i s t e r i o (el m i s t e r i o esc o n d i d o desde los siglos y desde las generaciones y a h o r a manifestado en sus santos). E s t e , que es el m i s m o C r i s t o en m e d i o de vosotros, es la esperanza de la g l o r i a , a q u i e n anunciamos, amonestando a todos los hombres e i n s t r u y é n dolos en toda s a b i d u r í a , a f i n de presentarlos a todos perfectos e n C r i s t o . » N o desmayemos. Allá v a o t r a : « P u e s c o m o h a b é i s recibido a l S e ñ o r C r i s t o J e s ú s , andad e n E l , arraigados y fundados en E l , corroborados p o r la fe s e g ú n la doct r i n a que h a b é i s recibido, abundando en a c c i ó n de g r a c i a s . » Supongo que cuando leyesen todo esto los otros doctores, que h a b í a n llegado s ó l o Con á n i m o s de r a p i ñ a , comprender í a n que c o n un h o m b r e c o m o Pablo, capaz de disparar fra-
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ses c o m o las anteriores, era i m p o s i b l e meterse. V a y a o t r a solemne y desatinada, que a c a b a r á de convencernos del sub l i m e e x t r a v í o del gran P a b l o : «Con E l fuisteis sepultados e n e l b a u t i s m o , y e n E l a s i m i s m o fuisteis resucitados p o r la fe en el poder de Dios, que le r e s u c i t ó de entre los muertos. Y a vosotros, que estabais muertos p o r los delitos y p o r el p r e p u c i o de vuestra carne, os vivificó en E l , perdon á n d o o s todos vuestros delitos, b o r r a n d o el acta de los decretos que nos era c o n t r a r i a , que e r a c o n t r a nosotros, q u i t á n d o l a de en m e d i o y c l a v á n d o l a en la cruz.» ¡Y esto se a d m i r a ! ¡Inc r e í b l e ! ¡Y al que se supone su autor, se le presenta c o m o i r a b l e ejemplo! Sigamos. Allá va otra, interesante a causa de ser t a l vez origen, sea o no de Pablo, pero yo no tengo m á s remedio que creerla d e él, c o m o todas las d e m á s , puesto que a él le son atribuidas, el o r i g e n — d e c í a — d e la p r i v i l e g i a d a s i t u a c i ó n , y m e j o r a ú n que s i t u a c i ó n , postura, m a n e r a de estar, de C r i s t o hace veinte siglos: «Si fuisteis, pues, resucitados con C r i s t o , buscad las cosas de a r r i b a , donde e s t á C r i s t o sentado a la diestra de D i o s » (336). O t r a frase s u b l i m e : « E s t á i s muertos, y vuestra v i d a e s t á escondida con C r i s t o en D i o s . C u a n d o se manifieste C r i s t o , vuestra v i d a , entonces t a m b i é n os m a n i f e s t a r é i s gloriosos en El.» En f i n , c i t a r é , y s e r á la ú l t i m a , u n a en la que se a p o y ó la Iglesia de R o m a p a r a trocar su t í t u l o de «cristian a » por el t o d a v í a m á s esperanzador y b o n i t o de « c a t ó l i c a » , es decir, u n i v e r s a l : « N o os e n g a ñ é i s unos a otros, despojaos del h o m b r e viejo c o n todas sus obras y vestios del nuevo, que s i n cesar se renueva, p a r a lograr el perfecto conoc i m i e n t o s e g ú n la imagen de su Creador, en quien no hay griego n i j u d í o , c i r c u n c i s i ó n n i i n c i r c u n c i s i ó n , b á r b a r o o escita, siervo o l i b r e , porque C r i s t o lo es todo en t o d o s . » P a b l o , c o n estas humanas y generosas palabras, a c a b ó de m a t a r al Y a h v é d e l Antiguo Testamento, que s ó l o q u e r í a j u d í o s , y al que ya h a b í a n dado una estocada en los r u b i o s los profetas. F u e e l p u n t i l l e r o celestial del J ú p i t e r del S i n a í . Pero vamos a u n terreno m á s posible, p o r m á s h u m a n o . Porque francamente, p a r a entrar, c o m o Pedro, p o r su casa.
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p o r l o d i v i n o , c o m o h a c í a nuestro a p ó s t o l c o n l a m a y o r nat u r a l i d a d , o hacen falta revelaciones especiales y sublimes, de las que s ó l o gozan los privilegiados, como él, o someterse ciegamente a lo que ellos digan, lo que t a m p o c o es fácil cuando en el modesto h u e r t o p r o p i o no se c u l t i v a n ese t i p o de hortalizas, c u y a m e j o r v a r i e d a d es la fe. V a m o s , pues, al terreno que m o t i v ó esta carta, de la que todo lo anterior no pasa d e u n p u ñ a d o d e preciosos alamares. M e t á m o n o s c o n los picaros doctores, que aprovechando la ausencia de Pab l o se h a b í a n hecho los amos, p o r lo visto, a l l á en Colosas, de los necesitados de dioses nuevos. Porque o c u r r í a , c o m o vemos repetidamente en las Epístolas y c o m o he i d o s e ñ a lando, que a m e d i d a que c r e c í a la nueva d o c t r i n a y se i b a n f o r m a n d o grupos (337), al frente de cada u n o de los cuales, c o m o a q u í m i s m o dice Pablo e n I , 2 , h a b í a hermanos; ciertos hermanos, los « s a n t o s » , de que a s i m i s m o h a b l a Pablo, encargados de i n s t r u i r l e s , d i r i g i r l e s y manejar, espiritualmente siempre, y si creemos a los Hechos, t a m b i é n en lo que afectaba a lo m a t e r i a l , a los que c o m p o n í a n el grupo (338). E s t o s santos no s ó l o v i v í a n de su m i n i s t e r i o , evidentemente santo t a m b i é n (339), sino que se encargaban de las colectas, que, c o m o hemos visto en otras Epístolas, eran enviadas a los santos de otras iglesias, a quienes, s i n duda, no sentaba b i e n el ayuno. N a t u r a l m e n t e , estos santos no pedían, lo que se dice pedir, directamente. H u b i e r a sido i m p r o p i o de su s a n t i d a d y de la de su i m p o r t a n t e m i n i s t e r i o . S i n o que llenos de santa h u m i l d a d , s e l i m i t a r í a n , a d e m á s d e aconsejar l o que e n esto les pareciese conveniente, a r e c i b i r s i n enrojecer lo que cayese en sus manos, no seguramente c o m o d á d i v a , sino c o m o c a r i d a d . ¡ C a r i d a d ! V i r t u d por excelencia, m u y alabada p o r P a b l o en todas sus Epístolas y puesta en p r á c t i c a , tanto p o r él c o m o p o r sus santos c o m p a ñ e r o s directores de grupos, a favor de s a n t í s i m o s trueques: E l l o s h a c í a n a sus fieles e ignorantes hermanos la c a r i d a d de sus e n s e ñ a n z a s y les e n r i q u e c í a n c o n el dulce b á l s a m o de sus consejos, y los fíeles hermanos a ellos, la c a r i d a d necesaria p a r a que se mantuviesen en buen estado de e s p í r i t u gracias a un buen
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estado de cuerpo. El mens sana in corpore sano de J u v e n a l (Sátiras, X , 356). L a indudablemente b i e n l l e v a d a p a n c i t a d e P a b l o no hay duda que t e n í a este piadoso origen. Piadoso y perfectamente legal de acuerdo c o n el do ut des r o m a n o . En esta Epístola nada m á s dulce y conmovedor que e s t é c a m b i o de caridades mutuas, que se puede a d m i r a r en I I I , 12-14: P o r un lado, e x h o r t a c i ó n a las virtudes seguida de alabanza a la c l e m e n c i a y al p e r d ó n ; inmediatamente exalt a c i ó n de la c a r i d a d , c o m o en espera de justo pago a la en r e a l i d a d impagable l e c c i ó n . V é a s e : « V o s o t r o s , pues, c o m o elegidos de D i o s santos y amados, revestios de e n t r a ñ a s de m i s e r i c o r d i a , bondad, h u m i l d a d , mansedumbre, longanimidad, soportaos y perdonaos mutuamente siempre que alguno diese a otro m o t i v o de queja. C o m o el S e ñ o r os p e r d o n ó , a s í t a m b i é n p e r d o n á i s vosotros. Pero e n c i m a d e todo esto, revestios de caridad, que es v í n c u l o de p e r f e c c i ó n . » H e r m o s í s i m o . Y generoso. P o r q u e la v e r d a d es que p o r consejos que e x c e d í a n a todo valor, ¿ q u é p e d í a n los cien veces santos? Un poco de c a r i d a d , cuya p r á c t i c a era la m e j o r escal e r a p a r a s u b i r p o r e l c a m i n o d e l a p e r f e c c i ó n . E s m á s , Pab l o ya h a b í a e n s e ñ a d o en su 1. a los Corintios que sin la c a r i d a d nada s e r í a algo en o r d e n a cuanto afectaba a la v i d a eterna. Y h a b í a dicho de esta v i r t u d cosas absolutamente m a g n í f i c a s . R e c o r d é m o s l a s : «La c a r i d a d es paciente, es benigna; no es envidiosa, no es jactanciosa, no se h i n c h a (es decir, no es p a n z u d i l l a ni cogotuda), no es d e s c o r t é s , no es interesada, no se i r r i t a , no piensa m a l , no se alegra de la i n j u s t i c i a , se complace en la v e r d a d ; todo lo excusa, todo lo cree, todo lo espera (esto, evidentemente), todo lo t o l e r a . » a
Se p o d r í a replicar, claro, que todo esto no es sino un r o s a r i o de palabras m á s o menos apropiadas a lo que se a p l i c a . C i e r t o . Pero ¡ q u é bonitas! Y en todo semejantes a las perlas falsas de b i s u t e r í a fina, ¡ q u é b i e n enhebradas! S i n contar que, como d i r í a el redactor del Evangelio a t r i b u i d o a Juan, que en el desgranar camelos g n ó s t i c o - d i v i n o s tampoco era manco: «Dios es c a r i d a d . » Y T o m á s de A q u i n o , el inc o m p a r a b l e « b u e y m u d o » , m u g i r í a sabiamente m á s tarde, en su Summa Teológica, que la c a r i d a d es la f o r m a de todas
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las virtudes. Y los t e ó l o g o s , que en esto de e n s e ñ a r a los d e m á s , desde la b a r r e r a , a ser virtuosos, son los grandes maestros, no solamente dicen que todas las d e m á s virtudes s ó l o sirven c o m o p r e p a r a c i ó n e n esta v i d a p a r a o t r a (afirm a c i ó n de doble f i l o , pues expone a l a n z a r a los vicios a los d e s c r e í d o s ) , sino que hasta las teologales fe y esperanza desaparecen, p o r innecesarias, e n l a v i d a eterna u n a vez conseguida la v i s i ó n y p o s e s i ó n de Dios, y s ó l o la caridad p e r d u r a p e r f e c c i o n a d a — a t e n c i ó n , que ahora viene algo precioso—en el abrazo estrecho con que el a l m a se u n i r á a D i o s . P e r o volvamos a lo que nos ha t r a í d o hasta a q u í . A saber, que c u a n d o Pablo supo por Epafras el peligro que c o r r í a la Iglesia de F r i g i a a causa de las predicaciones de otros doctores que a l l í se h a b í a n presentado, aquellos falsos doctores que le q u i t a b a n el s u e ñ o , tratando de que la caridad de los que les escuchaban tomase c o m o v í a n a t u r a l la que c o n d u c í a a sus bolsas, e s c r i b i ó la Epístola que nos ocupa c o n la esperanza de que la fe (en danza ya las tres grandes virtudes) de sus amados colosenses no hiciese caso de nadie s i n o de él y de los suyos. Y a la s o m b r a de estas tres v i r t u des teologales fue c o m o les d i r i g i ó los m á s sanos consejos, tras asegurarles que « u n i d o s en la c a r i d a d » y b i e n d i r i g i dos, claro e s t á , a l c a n z a r í a n « t o d a s las riquezas de la plena i n t e l i g e n c i a » y c o n o c e r í a n «el m i s t e r i o de Dios, esto es, de C r i s t o , en que se h a l l a b a n escondidos todos los tesoros de la s a b i d u r í a y de la ciencia». Sentadas estas solemnes verdades, les a d v e r t í a a ú n que no se dejasen e n g a ñ a r « c o n argumentos c a p c i o s o s » (tan distintos de la sencillez, c l a r i d a d y v e r d a d c o n que él les hablaba), a ñ a d i e n d o : « M i r a d que nadie os e n g a ñ e con filosofías falaces y vanas fundadas en tradiciones humanas, en los elementos d e l m u n d o y n o e n C r i s t o . » E n f i n : « Q u e nadie con afectada h u m i l d a d o con el culto de los ángeles os p r i v e d e l p r e m i o . » E l p r e m i o era C r i s t o , e n quien, c o m o b i e n s a b í a Pablo, « h a b i t a b a t o d a l a p l e n i t u d d e l a d i v i n i d a d corporalmente». Y tras recordar, u n a vez m á s , a las mujeres el deber de estar sometidas a los m a r i d o s (por lo que se puede ver, el
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uso, sin duda, d e l a m i n i t ú n i c a p a r a m á s f á c i l m e n t e cometer adulterio estaba generalizado en F r i g i a , cuando tanto i n s i s t í a P a b l o en este punto), los hijos a los padres ( ¿ g a m b e r r i s m o ya?) y los siervos a sus amos ( a b o l i c i ó n de la ley Spartaco); aconsejar a los colosenses que no dejasen de orar, y el saludo final con m e n c i ó n de los hermanos santos encargados de dar ejemplo y recoger colectas, acaba esta a d m i r a b l e Epístola, c o r t a de l í n e a s , pero larga de e n s e ñ a n zas. Y que no nos hace deplorar el tiempo empleado en leerla s i , p o r supuesto, no t e n í a m o s o t r a cosa m e j o r que hacer.
EPISTOLAS A LOS TESALONICENSES A p r o p ó s i t o de las dos Epístolas a los Tesalonicenses, los t e ó l o g o s ortodoxos no v a c i l a n en a f i r m a r que son los p r i m e ros escritos de P a b l o y, p o r consiguiente, los m á s antiguos d e l Nuevo Testamento. M a s p a r a aceptar estas afirmaciones, lo p r i m e r o que h a b r í a que p r o b a r era que este a p ó s t o l e s c r i b i ó , en efecto, las Epístolas, que abundantemente modificadas, enmendadas e interpoladas durante la p r i m e r a m i t a d del siglo n, s i r v i e r o n de base a las que h a n llegado h a s t a nosotros. D a n d o esto p o r c i e r t o , a ú n h a b r í a que interpretar de un m o d o l ó g i c o lo relativo a la parousia, de que se hace m e n c i ó n en ellas. P o r q u e si se acepta que esta parousia se refiere a la esperanza que t e n í a n los supuestos A p ó s t o l e s de J e s ú s relativas a la i n m e d i a t a vuelta de é s t e , entonces se puede suponer, y a causa de e l l o darles la p r i m o g e n i t u r a en el o r d e n c r o n o l ó g i c o de los escritos de Pab l o , que é s t e las escribiese a r a í z de su viaje a J e r u s a l é n . Pero si con esta parousia P a b l o q u e r í a referirse a la v u e l t a del S e ñ o r d e l a J u s t i c i a e s e n í o , entonces p u d i e r a c a m b i a r ya el aspecto de la cosa. En todo caso, fuese la i l u s i ó n p o r un personaje o p o r el otro, lo ú n i c o que parece c i e r t o es que t a l i l u s i ó n d u r ó poco, al menos en P a b l o , puesto que esta p a l a b r a no v o l v i ó a figurar en n i n g u n a de las Epístolas.
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P o r lo d e m á s , es lo ú n i c o que en ambas cartas, y ello c o m o recuerdo de u n a posible i l u s i ó n , merezca la pena de ser mencionado. El resto, en la p r i m e r a , se reduce a unas palabras p r e l i m i n a r e s felicitando a la Iglesia de T e s a l ó n i c a ( e n t i é n d a s e al grupo de adeptos de esta ciudad) p o r su fidelidad al Evangelio, seguida de u n a r e l a c i ó n i n ú t i l ( i n ú t i l , pues la dirige, o aparenta d i r i g i r l a , a los que fueron testigos .de ella) de c ó m o e j e r c i ó su m i n i s t e r i o cuando estuvo en aquella ciudad, la e x p r e s i ó n de sus deseos de volver, a s í como de la a l e g r í a que le causaba haber r e c i b i d o buenas noticias de allí, m á s unos consejos y exhortaciones en p r o de la santidad y del trabajo. Y acaba con lo que luego no o l v i d a r í a ya en n i n g u n a de sus cartas, y que p u d i e r a ser u n o de los detalles que demostrasen que manos distintas a las suyas i n t e r v i n i e r o n en todas ellas, si juzgamos que se aviene m a l con e l temperamento d e u n m í s t i c o f a n á t i c o , c o m o todo hace pensar que e r a P a b l o : el interés económico que en todas las Epístolas demostraba. O i g á m o s l e a q u í : «Os rogamos, hermanos, que a c a t é i s a los que l a b o r a n con vosotros p r e s i d i é n d o o s en el S e ñ o r y a m o n e s t á n d o o s , que teng á i s c o n ellos la mayor caridad para su labor y que entre vosotros v i v á i s en paz.» E s t e continuo aconsejar a l o s aconsejados que no dejen de acordarse pecuniariamente de sus santos directores espirituales, celo p o r lo terrestre que tanto ha d i s t i n g u i d o siempre a muchos de aquellos cuya m a y o r p r e o c u p a c i ó n parece que h u b i e r a debido estar al o t r o l a d o de las nubes, d e b i ó d e b r o t a r e s p o n t á n e a m e n t e a l nacer l a Iglesia, c o m o l a m a l a h i e r b a e n los campos. Y , sin duda, p a r a ver d e d i s i m u l a r e l m a l efecto que p u d i e r a p r o d u c i r que apareciese continuamente lo terrenal en lo que se las daba de tan celestial, se lo cargaron suavemente a P a b l o , c o m o tantas otras cosas, p a r a que sus flacas costillas, tan s ó l i d a s en soportar cuanto afectaba al S e ñ o r Jesucristo, obrasen c o m o santo y autorizado v e h í c u l o del i n t e r é s p o r l o m a t e r i a l , y a sin duda abierto desde el despertar de la Iglesia. C l a r o que se d i r á que h a b í a que c o m e r tres veces a l d í a , cuatro s i s e cuenta l a merienda, c i n c o incluso si un refrigerio a m e d i a m a ñ a n a ,
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m u y conveniente si se h a b í a m a d r u g a d o p a r a tocar a m i s a , pues lo del cuervecito c o n el p a n en el p i c o no pasaba de l i t e r a t u r a . Y que c o m o el gran trabajo de los santos no ten í a o t r a recompensa que l a c a r i d a d d e los fieles, h a b í a que e s t i m u l a r é s t a . Sea c o m o sea y piense cada u n o lo que piense, el hecho es que en esta Primera Epístola a los Tesalonicenses, tras e s t i m u l a r l a , P a b l o , o q u i e n fuese si él no fue, hace p u n t o f i n a l luego de i n s t a r a los que se dirige a que no apaguen el E s p í r i t u y a no despreciar las p r o f e c í a s , m á s conjurarles p o r Jesucristo «a que su Epístola sea l e í d a p o r todos los h e r m a n o s » . En la Segunda, se felicita de los progresos de los tesalonicenses en la fe y en la caridad, y v o l v i e n d o sobre la parousia, les aconseja que no p i e r d a n la cabeza y que no o l v i d e n , ni se e n g a ñ e n , ni crean, a quienes les digan que se trata de algo inminente. Y que antes de volver C r i s t o (o el S e ñ o r de la Justicia), se m a n i f e s t a r á «el h o m b r e de la i n i q u i d a d , el h i j o de la p e r d i c i ó n , que se opone y se lanza c o n t r a todo lo que se dice de D i o s o es adorado, hasta sentarse en el templo de D i o s y proclamarse D i o s él m i s m o » . A f i r m a c i ó n que huele que atufa a ataque c o n t r a ciertos g n ó s t i c o s , lo que la aleja de P a b l o . Luego, u n a vez m á s , las consabidas exhortaciones, p a r a acabar con que «la gracia de nuestro S e ñ o r Jesucristo sea con v o s o t r o s » . De las Epístolas llamadas Pastorales (dos a T i m o t e o y u n a a T i t o ) n o vale l a pena ocuparse. S u t o t a l i n a u t e n t i c i d a d h a sido demostrada p o r l a c r í t i c a h i s t ó r i c o - c i e n t í f i c a . E l prop ó s i t o de los que las redactaron es evidente: La Iglesia, tras haber arreglado a su provecho y conveniencia lo que p u d o e s c r i b i r P a b l o ( s i es que no se v a l i e r o n simplemente de un n o m b r e en torno al c u a l se h a b í a f o r m a d o u n a leyenda; pero en este caso h a b r í a que pensar antes que en la Iglesia, en M a r c i ó n ) , le fue atribuyendo a s i m i s m o durante a l g ú n tiempo cuanto i b a elaborando p a r a su buena c o n s t i t u c i ó n inter i o r . Y de paso, p a r a atacar a los g n ó s t i c o s , cuyas doctrinas, de t r i u n f a r , hubiesen anulado todo en la nueva Iglesia: trabajos y esperanzas. La Epístola a Filemón es a ú n m á s insignificante.
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Antes de dejar a P a b l o voy a hacer unas consideraciones a p r o p ó s i t o de su muerte. S o b r e esta muerte, los Hechos no dicen nada. E s t o es ya sorprendente. E n efecto, ¿ p o r q u é los que redactaron este l i b r o , escrito, p o r l o menos, u n siglo d e s p u é s d e l a fecha en que pudo m o r i r Pablo, n a d a d i c e n a p r o p ó s i t o de esta muerte? S i n embargo, d e b í a n estar perfectamente enterados, si no de c ó m o a c a e c i ó exactamente, sí, al menos, de l o que contaba l a t r a d i c i ó n antes que l a Iglesia estimara conveniente p a r a sus intereses, que acabase en R o m a m á r t i r d e l a nueva d o c t r i n a . En t o d o caso, lo que p o r este texto se puede saber, s i n que ello q u i e r a decir, por supuesto, que lo que refiere sea verdad, e s ( c a p í t u l o s X X I a l X X V I I I ) que habiendo i d o Pab l o a J e r u s a l é n , Santiago y los ancianos le aconsejaron que, en u n i ó n de otros cuatro j u d í o s conversos que h a b í a n hecho un voto, fuese al T e m p l o , con objeto de que al verle a l l í (ellos, p o r su parte, s e g u í a n acudiendo a él n o r m a l m e n t e , p o r lo que se puede juzgar) se calmasen los que c r e í a n que p r e d i c a b a y e n s e ñ a b a a los j u d í o s ortodoxos que se apartasen de la ley de M o i s é s . M a s he a q u í que al ver a P a b l o , ciertos j u d í o s de A s i a empezaron a i n c i t a r a los d e m á s cont r a él a c u s á n d o l e de haber i n t r o d u c i d o gentiles en el santuario, a causa de haberle v i s t o antes en la c i u d a d con un t a l T r o f o n i o d e Efesos. T o t a l , que l o h u b i e r a pasado m u y m a l d e n o haber sido protegido p o r l a g u a r n i c i ó n r o m a n a , llegada a toda p r i s a , a t r a í d a p o r el e s c á n d a l o que a r m a b a n aquellos f a n á t i c o s enfurecidos. N o nos detengamos m u c h o en los c a p í t u l o s X X I I y X X I I I , enteramente novelescos, en el p r i m e r o de los cuales el redactor de esta parte de los supuestos hechos aprovecha un d i s c u r s o inventado p o r él, b i e n que, c o m o es n a t u r a l , pone en boca de Pablo, e i n c l u s o c o m o si hubiese sido p r o n u n c i a d o p o r é s t e desde las gradas m i s m a s del T e m p l o , p a r a r e f e r i r otra vez su c o n v e r s i ó n , p o r cierto que de un m o d o no enteramente exacto a como ya ha sido referida, y el segundo, p a r a enfrentarse de nuevo ante los enfurecidos j u d í o s , que esta vez, capitaneados p o r el p r í n c i p e de los sacerdotes, a q u i e n P a b l o l l a m a « p a r e d
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b l a n q u e a d a » (hombre sin fe y s ó l o con apariencia de ella), se proponen matarle. Entonces el t r i b u n o r o m a n o , advertido por un sobrino de P a b l o y sabiendo, a d e m á s , que é s t e es ciudadano romano, le e n v í a , con objeto de salvarle, b i e n custodiado, a C e s á r e a , donde queda en manos d e l presidente Félix. Y en esta c i u d a d , nueva c o n f r o n t a c i ó n de P a b l o con sus acusadores, que p a r a esta vez proceder de un m o d o m á s legal, llevan con ellos a un t a l T é r t u l o , orador de ofic i o . Félix, o í d a s ambas partes, aplaza s u d e c i s i ó n , l i m i t á n dose a meter a P a b l o en la c á r c e l y autorizando a cuantos familiares suyos quieran p a r a que vayan a verle y ayudarle. Y esto porque, sin duda, esperaba, c o m o es dicho en X X I V , 26, « q u e de parte de Pablo le s e r í a n dados d i n e r o s » p a r a que le soltase. Y a s í t r a n s c u r r e n dos a ñ o s , al cabo de los cuales F é l i x es sustituido p o r Festo, que tras nuevas peripecias, en que interviene incluso el p r o p i o rey A g r i p a , al que, p o r cierto, P a b l o e s t á a punto de convertir y hacerle cristiano ( X X I V , 28), le e n v í a a R o m a luego de decirle A g r i p a : « E s t e hombre p o d r í a ser suelto si no hubiese apelado a C é s a r . » Lo l ó g i c o parece ser que t a l se hubiese hecho y que allí h u b i e r a acabado l a c u e s t i ó n , pero n o pidamos l ó g i c a e n l o que todo parece carente de ella. Sobre todo, que, sin duda, fue j u z g a d o preciso que la n a r r a c i ó n continuase c o n lo m á s interesante literariamente: el viaje de P a b l o a R o m a . Y, en efecto, a esta c i u d a d llega tras un p e r í o d o de t i e m p o no corto, puesto que, s e g ú n el relato, parece d u r a r seis meses. Y una vez en la capital, el c e n t u r i ó n que le conduce le deja en manos del prefecto de los e j é r c i t o s , que se l i m i t a a ponerle en l i b e r t a d v i g i l a d a . Es decir, c o n un soldado j u n t o a él, p o r p u r a f ó r m u l a , porque ¿ a d o n d e n i p a r a q u é hubiera intentado h u i r de la ciudad? Luego dice el l i b r o que P a b l o a l q u i l ó u n a casa, en la que p e r m a n e c i ó dos a ñ o s recibiendo a cuantos v e n í a n a verle, « p r e d i c a n d o el R e i n o de Dios y ens e ñ a n d o l o que e s e l S e ñ o r Jesucristo c o n toda l i b e r t a d , s i n i m p e d i m e n t o » . Y c o n ello acaban los Hechos. ¿ P o r q u é — r e p i t o — e l redactor de esta segunda parte d e l l i b r o no refirió la ú l t i m a de la v i d a de Pablo? Imposible responder de u n a m a n e r a c a t e g ó r i c a . N i , por falta de datos,
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someter la c u e s t i ó n a controversia. Cuanto se puede hacer es pensar con l ó g i c a acerca de lo que pudo o c u r r i r . Y de acuerdo con é s t a , lo p r i m e r o que se puede a f i r m a r de un m o d o c a t e g ó r i c o es: que no h a b í a r a z ó n p a r a condenar a P a b l o a muerte, y que ni Félix, ni Festo, ni el rey A g r i p a , lo h a b í a n pretendido. E s t e ú l t i m o , m u y p o r e l c o n t r a r i o , h a b í a opinado, recordemos sus palabras, que lo n a t u r a l h u b i e r a sido dejarle en l i b e r t a d . P o r o t r a parte, si el c e n t u r i ó n que fue c o n él hasta R o m a llevó un atestado a p r o p ó s i t o de lo o c u r r i d o , este atestado no h u b i e r a p o d i d o decir o t r a cosa que la verdad, a saber: Que durante un altercado c o n un g r u p o de j u d í o s f a n á t i c o s , que le acusaban s i n pruebas de haber i n t r o d u c i d o gentiles en el T e m p l o , p a r a evitar violencias graves c o n t r a él, le h a b í a n detenido sin o t r a intenc i ó n que la de protegerle. ¿Y a c u s a c i ó n , o p o r mejor decir, relato semejante, a p r o p ó s i t o de un h o m b r e c o m o él, en m o d o alguno peligroso (y la prueba era la conducta d e l prefecto a cuyas manos fue a parar), h u b i e r a p o d i d o acarrearle m u c h o tiempo d e s p u é s u n a sentencia de muerte? Nada m á s improbable. ¿ P o r q u é entonces se asegura lo c o n t r a r i o ? Pues sencillamente, porque c o n v e n í a que personaje al que se daba tanta i m p o r t a n c i a no acabase de un m o d o n o r m a l . Es decir, agotado p o r sus propias andanzas o p o r o b r a i n m e d i a t a de alguno de sus muchos achaques corporales. E r a , por el contrario, m u c h o m á s edificante y glorioso, tanto p a r a él c o m o p a r a l a Iglesia que h a b í a fundado, que acabase m á r t i r d e l a d o c t r i n a que c o n tanto t e s ó n h a b í a defendido. Y , claro, pront o u n a t r a d i c i ó n n a c i d a muchos a ñ o s d e s p u é s d e l a muerte de Pablo, pero que pronto a d q u i r i r í a c r é d i t o entre los dispuestos a tragarse todo, y c o n tanta m á s avidez cuanto m á s favorable a la fe que les animaba, t r a d i c i ó n que aseguraba l o d e l a muerte gloriosa, s e r í a divulgada y c r e í d a . E s m á s , p a r a que todo acabase a gusto y conveniencia de los que a toda costa q u e r í a n que la cabeza de la nueva Iglesia estuviese en R o m a (que era t a m b i é n donde l ó g i c a m e n t e no hub i e r a debido estar, puesto que la d o c t r i n a h a b í a nacido en Oriente; de Oriente eran sus fundadores, reales o supuestos,
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y a Oriente, pues, c o r r e s p o n d í a la p r i m a c í a ) , j u n t o a P a b l o se hizo m o r i r a Pedro, al que, p a r a este m i s m o efecto, u n a i n t e r p o l a c i ó n descarada en el p r i m i t i v o Evangelio, en el de M a r c o s , a t r i b u í a a J e s ú s unas palabras que é s t e j a m á s hubiese pronunciado, n o m b r a n d o a P e d r o cabeza de su Iglesia; E l , a l que presentaban p r e d i c a n d o tan s ó l o e l i n m e d i a t o advenimiento d e l R e i n o de su Padre, y que a causa de ello h a b l a r de Iglesia h u b i e r a sido el m á s e s t ú p i d o de los contrasentidos. P e r o c o m o lo que i m p o r t a b a era lo que i m p o r taba, se hizo esta a f i r m a c i ó n s i n ton ni son, c o m o tantas otras. En todo caso y a falta de datos ciertos y b i e n demostrados, el f i n de P a b l o va u n i d o a dos tradiciones, c u y a ú n i c a g a r a n t í a e s t á en la fe que se las q u i e r a conceder. S e g ú n la p r i m e r a , Pablo, tras comparecer ante el t r i b u n a l i m p e r i a l y ser absuelto, v i n o a E s p a ñ a . En efecto, habiendo promet i d o en la Epístola a los Romanos ( X V , 24), que p a s a r í a a ver a los hermanos de R o m a cuando viniese a E s p a ñ a ( « c u a n d o v a y a a E s p a ñ a » ; t a m b i é n se puede leer que pensaba ir a J e r u s a l é n a entregar a «los pobres de entre los s a n t o s » c i e r t a colecta hecha p a r a ellos en M a c e d o n i a y en A c a y a , a ñ a d i e n d o : « p e r o u n a vez c u m p l i d o esto, cuando Ies entregue este fruto, pasando p o r vosotros, me e n c a m i n a r é a E s p a ñ a » ) . D e m o d o que l a p r i m e r a t r a d i c i ó n h a b l a d e u n viaje a E s p a ñ a , p a r a apoyar la c u a l , pues no ha quedado testimonio alguno de t a l viaje, se ha a c u d i d o a dos textos no solamente m u y posteriores, sino poco probantes. C i e r t o que a falta de p a n . . . U n o , la p r i m e r a Epístola a Clemente, en la cual, pensando seguramente en la a f i r m a c i ó n mencion a d a de los v e r s í c u l o s 24-28 del c a p í t u l o XV de la Epístola a los Romanos, se dice: « q u e el a p ó s t o l e n s e ñ a la j u s t i c i a a t o d o el U n i v e r s o » , y que p a r a ello ha ido « h a s t a las extremidades de O c c i d e n t e » . E x t r e m i d a d e s que se h a n interpretado c o m o E s p a ñ a , o l v i d a n d o que h a b í a otras regiones conocidas e incluso sometidas m i l i t a r m e n t e a R o m a m á s occidentales. E l o t r o apoyo trata d e agarrarse a l a autoridad, harto d é b i l t a m b i é n , del Canon de Muratori, en el que se habla «de la marcha de la ciudad hacia E s p a ñ a » .
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T o t a l , que este viaje no p a s a r í a probablemente de un b u e n deseo, no ya de Pablo, sino luego de él, de los que a toda costa q u e r í a n hacerle e l gran c a m p e ó n d e l a nueva d o c t r i na, y p a r a ello hacerle r e c o r r e r todo e l m u n d o r o m a n o . E n todo caso, no hay acerca de este viaje n i n g ú n testimonio digno de c r é d i t o . C i e r t o que a p r o p ó s i t o de Santiago a ú n h a y menos y, no obstante, b a s t ó o t r a leyenda para hacer de C o m p o s t e l a u n o de los grandes centros de p e r e g r i n a c i ó n y p a r a que se hayan asegurado, y sigan a s e g u r á n d o s e , las m á s absurdas y pintorescas « v e r d a d e s » a p r o p ó s i t o de Santiago, Compostela y la p r e d i l e c c i ó n del santo p o r E s p a ñ a . E n l o que a l viaje d e Pablo afecta, c o n m u y buena volunt a d y p o r no negarle rotundamente, puesto que no habiendo pruebas, l a m i s m a r a z ó n h a y p a r a rechazarle que p a r a aceptarle, p u d i e r a suponerse que, en efecto, si no quedaron test i m o n i o s de él fue debido a que t a l vez r e s u l t ó de breve dur a c i ó n . T a n t o m á s cuanto que l o que i m p o r t a b a era h a c e r que el gran a p ó s t o l estuviese r á p i d a m e n t e de nuevo en R o m a el a ñ o 64, con objeto de j u s t i f i c a r y encajar su muerte cuando las persecuciones de cristianos atribuidas a N e r ó n . En todo caso, no nos desanimemos: Si él no l l e g ó a v e n i r a E s p a ñ a , lo ha hecho, y de esto podemos estar t a n orgullosos c o m o seguros, u n o de sus s a n t í s i m o s brazos, que luego de m u e r t o y enterrado, p i a d o s í s i m o s profanadores de tumbas le a r r a n c a r í a n de su cuerpo p a r a que, conservado milagrosamente durante siglos y siglos, fuese a d m i r a c i ó n y embeleso religioso de los a f o r t u n a d í s i m o s p o r entre los cuales fuese paseado. A q u í , tras r e c i b i d o con todos los honores (se r i n d i ó , como era justo, los m á s altos de é s t o s de tipo m i l i tar), fue paseado en t r i u n f o p o r todas partes. A l g o es algo y todos contentos. A falta de santo entero podremos tener u n g l o r i o s í s i m o pedazo d e cuando e n cuando. A l S e ñ o r sean dadas. A d e m á s , c o m o a veces con la i n t e n c i ó n basta, puesto que P a b l o tuvo tal i n t e n c i ó n (la de venir a E s p a ñ a ) , m o v i d o de h e r m o s í s i m o celo a p o s t ó l i c o , lo que parece indudable, ello debe bastarnos y llenarnos de gozo, De m o d o que pasemos,
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rebosando felicidad y o r g u l l o , a la segunda t r a d i c i ó n . La relativa a su d e c a p i t a c i ó n en R o m a . C l a r o que n o tengo m á s r e m e d i o que confesar que, p o r m i parte, cuando algo que se pretende d a r como un hecho no tiene otros fundamentos que u n a t r a d i c i ó n caprichosa e i n teresada, o documentos que h a n s i d o a m a ñ a d o s en favor de esta t r a d i c i ó n , m o v i d o s los que t a l h a n hecho p o r conveniencias a p o l o g é t i c a s , p a r a m í , estos subterfugios no tienen val o r alguno. Pues yo, p a r a llegar hasta algo de i n t e r é s no acepto sino un c a m i n o : el de las pruebas. Que es el c a m i n o de la r a z ó n . Y en este caso, la l ó g i c a m á s elemental parece apuntar, c o m o i n d i c a b a ya antes, que puesto que A g r i p a d i j o a Festo: « E s t e h o m b r e p o d r í a ser dejado en l i b e r t a d si no hubiese apelado al C é s a r » , todo induce a creer que en R o m a , donde vemos, c o m o f i n a l de los Hechos, q u e d ó no solamente l i b r e , sino facultado p a r a seguir propalando ideas que no p e r j u d i c a b a n a nadie, tras un s i m u l a c r o de j u i c i o , si j u i c i o h u b o siquiera. Y esto supuesto, ¿ q u é p e l i g r o ofrec í a un p o b r e desdichado que l l e n o de celo rabioso predicase e n s u e ñ o s que h a b í a tenido? ¿ N o e r a l ó g i c o que le dejasen en l i b e r t a d s i n v o l v e r a ocuparse de él? H u b i é r a s e tratado de un moliíor rerum novarum, es dec i r , de un fautor, de un instigador de novedades peligrosas, y entonces el caso hubiese sido distinto. Pero t r a t á n d o s e en realidad, c o m o d e b i ó o c u r r i r , si en este personaje hay alguna realidad, de un pobre d i a b l o atacado de u n a m a n í a tan inofensiva c o m o que era preciso a m a r a un D i o s m á s , entre los muchos que h a b í a entonces, y sólo a El y a su hijo, el S e ñ o r Jesucristo, y que p a r a hacerlo debidamente h a b í a , c o m o en las d e m á s religiones a base de misterios, que l i m piarse m o r a l m e n t e siendo buenos, justos, tolerantes y caritativos, ¿ q u é le i m p o r t a b a a B u r r h u s , prefecto del pretorio, que le j u z g a r í a , si es que no tuvo, que es lo m á s probable, que comparecer, p o r p u r a f ó r m u l a , ante u n m a g i s t r a d o i n ferior, que le d e s p a c h a r í a a c o n s e j á n d o l e que se marchase en paz y que siguiera siendo bueno y p r o c u r a n d o no hacer m u c h o r u i d o ? Pero, naturalmente, siempre p o r realzar s u f i g u r a , en t o r n o a esta falsa p e r s e c u c i ó n se h a n inventado
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otras leyendas encaminadas a d a r al asunto u n a i m p o r t a n c i a que l ó g i c a m e n t e n o t e n í a p o r q u é tener ( ¡ u n a querella entre j u d í o s , tan despreciados en R o m a , y m á s siendo u n o de ellos, el i n c u l p a d o p o r e s t ú p i d o s celos religiosos, ciudadano de la gran urbe!), c o m o la que hace i n t e r v e n i r a S a b i na Popea, que ganada p o r los j u d í o s de la c i u d a d , de los que si alguna vez o y ó h a b l a r s e r í a p a r a sentir asco y desp r e c i o hacia ellos, h a b í a mediado p a r a que le condenasen. Que era de lo que se trataba: De hacer creer a toda costa que h a b í a sido condenado y decapitado, s i n r a z ó n , causa ni m o t i v o , p a r a que muriese m á r t i r , hecho que se consideraba glorioso y digno de su figura. P e r o todo ello no parece que sean o t r a cosa que cuentos interesados e indignos de ser tenidos en c o n s i d e r a c i ó n . Que siempre que acerca de h o m bres y hechos se carece de datos ciertos y positivos, el mej o r c r i t e r i o p a r a o p i n a r sea la l ó g i c a y el buen sentido. Y é s t e , en lo que a P a b l o afecta, dice a todo el que q u i e r a escucharle, que P a b l o i m p o r t a b a tanto a los magistrados romanos de entonces, c o m o c u a l q u i e r a de los d u l c í s i m o s beatos a quienes se les humedecen los ojitos en la p l a z a de S a n Pedro cuando el papa se asoma al b a l c ó n p a r a bendec i r al emocionado r e b a ñ o congregado a sus pies, al resto de los que c o m p o n e n la R o m a actual. M a s aunque c o n v e n í a , c o m o acabo d e i n d i c a r , p a r a f i n e s a p o l o g é t i c o s , que muriese m á r t i r , y aunque, no obstante, seguramente cuando el redactor de la segunda parte de los Hechos, la que trata especialmente de Pablo, esta idea empezaba ya a cuajar, él t e r m i n ó prudentemente su n a r r a c i ó n c o m o lo h i z o : dejando a su h é r o e tranquilamente en la ciud a d s i n que nadie, c o m o era l ó g i c o , se metiese c o n él, n i , p o r su parte, meterse a contar n a d a a p r o p ó s i t o de d ó n d e y c ó m o h a b í a muerto. S i algo h a b í a o í d o sobre ellos s e l o c a l l ó . P e n s a r í a : s i interesa hacerle m o r i r d e m o d o violento, que lo haga el que q u i e r a . Y, en efecto, lo que c o n v e n í a que se creyese s i g u i ó su c a m i n o , el p r o p ó s i t o t o m ó cuerpo, se c o n v i r t i ó en t r a d i c i ó n , y esta t r a d i c i ó n e m p e z ó a asegurar, y sigue asegurando, n o s ó l o que m u r i ó m á r t i r , sino e l lugar: fue decapitado en el c a m i n o de O s t i a . Y a ú n , p o r si todo lo 3.
RELIGIONES.
II
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anterior fuese dudado, s e ñ a l a n d o el lugar exacto y probando que allí h a b í a sido, mediante un detalle de esos de no te menees: U n a vez que el hacha i m p í a hubo separado la bend i t a cabeza de los flacos h o m b r o s , a q u é l l a , dando, c o n los ojitos azules cerrados y todo, tres irables saltos, hizo b r o t a r , al chocar c o n t r a el suelo en cada u n o de ellos, un m a n a n t i a l de agua, ni que decir tiene que triplemente bendita. Allí e s t á n m a n a n d o a ú n p a r a ejemplo y a d m i r a c i ó n de todo e l que q u i e r a i r a contemplarlos. E l lugar e s l l a m a d o de las Tres Fuentes. T o d o el m u n d o puede c o m p r o b a r l o . S i tras esto alguno d u d a a ú n , peor p a r a é l . En cuanto a Pedro, a s i m i s m o tradiciones no menos dignas d e c r é d i t o h a r í a n i r t a m b i é n a m o r i r a R o m a , p o r e l grave m o t i v o , c u a l ya he i n d i c a d o , de que c o n v e n í a a los obispos de esta c i u d a d que estuviese allí la cabeza de la nueva Iglesia. Y c o m o se trataba de hacer de él el p r i m e r papa e interesaba, a d e m á s de que no fuese un ilustre desconocido (como unos cuantos de los que le siguieron en tan a l t a d i g n i d a d , de los que cuanto se sabe es el n o m b r e que q u i sieron darles), que muriese t a m b i é n gloriosamente, a ú n l e cupo l a suerte d e hacerlo p o r m o d o t o d a v í a m á s significativo e i m p o r t a n t e : c r u c i f i c a d o . C r u c i f i c a d o exactamente c o m o su M a e s t r o . Es decir, p o r o b r a y gracia de los que inventaron una y o t r a muerte. Si la cosa no era verdad, sí, p o r lo menos, bien pensada, puesto que Pablo, p o r su parte, como ciudadano romano, no p o d í a m o r i r de muerte infamante, c o m o e r a considerada entonces l a c r u c i f i x i ó n , s ó l o a p l i c a d a a los esclavos. M i e n t r a s que, p o r el contrario, nada m á s j u s t o y conmovedor que Pedro, a quien, c o m o cuenta Mateo, presintiendo lo que le i b a a o c u r r i r , J e s ú s le h a b í a n o m b r a d o cabeza d e s u Iglesia, muriese, c o m o E l , e n u n a cruz. N a t u r a l m e n t e , si a esta segunda t r a d i c i ó n , d e j á n d o n o s de f a n t a s í a s , le aplicamos el m i s m o c r i t e r i o que a la anterior, ¿ c ó m o i m a g i n a r otra cosa sino que e l l e p ó r i d o que n e g ó a su M a e s t r o tres veces, m u r i ó , si es que v i v i ó , c o m o todos los d e m á s de la banda, menos el p o b r e c i d o Judas, tranquilamente a l l á e n G a l i l e a , tras l a ú l t i m a p a r t i d a d e pesca?
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Pero, claro, esto no t e n í a i n t e r é s . Y c o m o lo que c o n v e n í a era continuar la novelita que se h a b í a inventado en torno a la figura de J e s ú s , los Hechos, segunda parte de ella, lo h i c i e r o n . E m p e z a n d o p o r allanar l a gran d i f i c u l t a d : que unos pobres pescadores y d e m á s c o m p a ñ e r o s , totalmente iletrados, menos e l p u b l i c a n o Mateo, que i n c l u s o c o n o c e r í a hasta las cuatro reglas, pudiesen lanzarse a p r e d i c a r c o n elocuencia suficiente p a r a atraerse p a r t i d a r i o s . Lo que se s o l u c i o n ó , como es sabido, c o n el ingenioso cuentecito de las lenguas de fuego. Tras lo c u a l p u d o el s a p i e n t í s i m o Pedro, p o l í g l o t a y todo, lanzarse a discursear. Pero c o n t a l é x i t o que, c o m o leemos en los Hechos, c o n el p r i m e r serm ó n c o n v i r t i ó a cuatro m i l ; c o n e l segundo, a cinco m i l . Si el redactor no se detiene contando cristianos, allí lo son hasta los p á j a r o s . C l a r o que lo asombroso fio es que é l , lleno de celo p o r la causa, inventase tales bobaditas, sino que estas bobaditas fuesen c r e í d a s , y p o r si ello fuese poco, ¡ q u e a ú n se sigan i m p r i m i e n d o y creyendo! En todo caso, entre tanta m e n t i r a u n a cosa es innegable: Que p a r a justificarlas, es decir, lo esencial, la muerte de P e d r o y de P a b l o en R o m a , h u b o que f a b r i c a r o t r o nuevo infundio a costa de un emperador que, p o r haber pasado a la h i s t o r i a con merecida f a m a de cruel, p o d í a soportar sobre sus costillas u n a c r u e l d a d m á s : la de las antorchas vivas mandadas encender p o r N e r ó n el a ñ o 64, p a r a j u s t i f i car su pretendido incendio de R o m a , y echar de ello la c u l p a a los cristianos. Lo que daba una o c a s i ó n excelente p a r a , c o n m o t i v o d e l a hecatombe, hacer perecer t a m b i é n a los dos a p ó s t o l e s . E n todo caso, l a f á b u l a d e l a m e n c i o n a d a p e r s e c u c i ó n del enobarbo fue inventada m u c h o m á s tarde. N i n g ú n historiad o r r o m a n o , excepto T á c i t o , h a b l a d e t a l p e r s e c u c i ó n . N i , lo que es a ú n m á s raro, n i n g ú n autor cristiano, que lo hub i e r a n hecho c o n tanto gusto, de los siglos n y n i . Y si Tácito lo m e n c i o n a es porque el trozo de su h i s t o r i a que habla de e l l o fue fabricado en el siglo xv ( v é a s e H o c h a r d t : Etudes au sujet de la persécution des chrétiens sous Nerón, y Georges R o u x : Nerón, F a y a r d , P a r í s , 1962), tomando c o m o
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base un texto de S u l p i c i o Severo, mediocre h i s t o r i a d o r de fines del siglo i v . N o habiendo hablado d e t a l p e r s e c u c i ó n n i T e r t u l i a n o ; n i O r í g e n e s ; n i Clemente, e l romano, que d e haber tenido n o t i c i a se hubiese apresurado a m e n c i o n a r l a , y ni siquiera el p r o p i o E u s e b i o en su Historia eclesiástica, que, no obstante, a c o g i ó tanta f á b u l a , es evidente que la leyenda r e l a t i v a a las famosas « a n t o r c h a s v i v a s » fue fabricada entre E u s e b i o y S u l p i c i o Severo. Es decir, en el decurso del siglo i v , c o n objeto—lo repito—de h a l l a r un pretexto p a r a hacer de P a b l o un m á r t i r , y de Pedro, el fundador, en R o m a m i s m a , de la Iglesia. Iglesia que de este m o d o usurp a b a a las de Oriente u n a s u p r e m a c í a que a c u a l q u i e r a de ellas les c o r r e s p o n d í a c o n m á s derecho. Y a s í se e s c r i b i ó , y a s í se sigue escribiendo, la h i s t o r i a de la Iglesia. V u e l v o a recordar lo de Shakespeare: « S e r o no ser.» A q u í , « c r e e r o no c r e e r » . Si se es creyente, si se es un pantano de fe, adelante c o n los faroles. Es decir, c o n tradiciones, prodigios, m i l a g r o s y d e m á s . T o d o lo que se afirme ex cáthedra y p o r u n a boca infalible, o c o m o resultado de d i v i n a revelación, s e r á poco, y tanto m á s f á c i l m e n t e c r e í d o cuanto m á s i m p o s i b l e . Si no se es creyente... Y algunos prefieren pensar a creer a ciegas. Y ya no queda sino mencionar, pues no vale la pena hacer otra cosa, las Epístolas menores. Es decir, las Epístolas de Santiago, las dos atribuidas a Pedro, las tres a J u a n y la d e san Judas. Todas ellas a p ó c r i f a s , s e g ú n o p i n i ó n u n á n i m e de los c r í t i c o s independientes modernos. En el Fragmento de Muratori, texto precioso descubierto p o r el i l u s t r e erudito de este n o m b r e en un m a n u s c r i t o d e l siglo v i n d e l a B i b l i o t e c a A m b r o s i a n a d e M i l á n , fragmento que contiene la l i s t a de los l i b r o s que la Iglesia r o m a n a a d m i t í a c o m o c a n ó n i c o s a fines del siglo II, no figura ni la Epístola a los Hebreos, ni la de Santiago, ni las dos atribuidas a Pedro, a s í c o m o tampoco la tercera de J u a n . E s t o no quiere decir que otras Iglesias, p o r su parte, no las itiesen, y ello no es lo interesante, sino advertir que los l i b r o s considerados h o y c o m o c a n ó n i c o s , n o l o eran, n i m u -
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c h o menos, p a r a las diferentes Iglesias de la a n t i g ü e d a d . Y que s ó l o tras muchas discusiones algunos, c o m o el Apocalipsis y el Cuarto Evangelio, y s ó l o con m u c h a repugnancia, consiguieron al f i n ser a d m i t i d o s . P o r supuesto, en este Fragmento de Muratori se a d i v i n a perfectamente la l u c h a en p r o y en c o n t r a de lo que, s e g ú n unos y otros, d e b í a o no ser c a n ó n i c o . En la frase siguiente, con que acaba la l i s t a propiamente dicha, se advierte: « N o s o t r o s r e c i b i m o s igualmente los Apocalipsis de J u a n y de Pedro, que ciertos de entre nosotros no quieren que sean l e í d o s en la Iglesia.» P e r o s i n ocuparnos ya de la autenticidad de estas Epístolas, lo que ocurre es que su v a l o r en r e a l i d a d resulta n u l o . Pues no contienen sino exhortaciones e instrucciones de c a r á c t e r general. P o r ejemplo, la Epístola de Santiago es u n a l e c c i o n c i t a de m o r a l , de acuerdo c o n el nuevo tipo de m o r a l de entonces, dulce, falsamente santo, l l o r ó n . H a b í a que convencer conmoviendo, y atraer y e n g a ñ a r en n o m b r e d e l b i e n y de la b o n d a d . C o m o luego se s i g u i ó , y se sigue haciendo, porque ¡ q u é a l m a s e r á f i c a y grande, p o r ejemplo, la del actual papa, siempre l a b o r a n d o en p r o de la paz y de la fraternidad! E s t a m o r a l n a c i ó en la Iglesia en f o r m a de u n a perfecta m o n e d a d e dos caras, c o m o e n s e ñ a l a h i s t o r i a . M o r a l falsa y ñ o ñ a , que c a í a siempre del lado que c o n v e n í a que cayese: F r a n c i s c o de Asís, si Francisco de A s í s ; Torquemada, si Torquemada. La h i s t o r i a de las persecuciones de la Iglesia, de los m á r t i r e s de otras ideas, de la r e p r e s i ó n de las h e r e j í a s , de las luchas religiosas y de la I n q u i s i c i ó n , nada, ni siquiera los infinitamente bondadosos p r o p ó s i t o s actuales de u n a Iglesia ya s i n dientes y que trata de o c u l t a r sus poderosas garras de oro, p o d r á b o r r a r . Pero volvamos a las Epístolas. En las dos atribuidas a P e d r o , el m i s m o p a n o r a m a . S o n dos s o p o r í f e r o s de conciencia a base de mentiras pseudomorales. En la p r i m e r a se acude de cuando en cuando a las E s c r i t u r a s (Salmos, P r o f e c í a s ) c o n objeto de dar v a l o r y a u t o r i d a d a lo que se quiere hacer creer. E insistiendo u n a y otra vez sobre los padecimientos de J e s ú s p o r nosotros. Y en la segunda, lo
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m i s m o . L a p r i m e r a d e J u a n e s l a m e n t i r a Organizada bajo el m á s suave y dulce de los mantos protectores: Hijitos —dice u n a y o t r a vez d i r i g i é n d o s e a los lectores—, hijitos amados: n a d a de cuanto hay de m a l o en el m u n d o es o b r a d e D i o s . E l que tiene a l H i j o , tiene l a v i d a . P a r a vencer a l m u n d o es preciso creer que J e s ú s es H i j o de Dios. El que no tiene a J e s ú s , no tiene la v i d a . Y cosas semejantes. T o d o faslo, todo ñ o ñ o , todo calculado p a r a embaucar, p a r a eng a ñ a r , p a r a p r o d u c i r fe, una vez a d q u i r i d a la cual, las espinas se t o r n a n rosas, y las m e n t i r a s , verdades. La segunda y tercera de estas Epístolas de Juan, menos a ú n . La nada t o t a l . Y la de Judas, lo m i s m o . P o r ello, como d e c í a , es igual que sean a u t é n t i c a s o a p ó crifas. Fe aparte, c l a r o e s t á , v a r i o s ceros a la i z q u i e r d a .
LOS HECHOS DE LOS APOSTOLES E l orden e n que l a Iglesia presenta los l i b r o s que l l a m a canónicos, p o r falso que sea, es l ó g i c o si se tiene en cuenta no la verdad, sino su conveniencia. Conveniencia o i n t e r é s que consiste esencialmente en que los lectores crean en el hombre-Dios que les ofrece y, si es posible, i n c l u s o que le amen, c o m o a su vez E l , c o m o asegura la Santa M a d r e , porque les amaba, d i o su v i d a p o r ellos. Y c o m o de este hombre-Dios tan abnegado, los que h a b l a n m á s especialmente son los Evangelios, n a t u r a l era ponerlos en p r i m e r lugar, pues a d m i t i d o cuanto se dice en ellos, todo lo d e m á s s e r í a y a c r e í d o con m á s f a c i l i d a d , p o r e x t r a ñ o , absurdo e i m posible que fuese. Y tras los Evangelios vienen los Hechos de los Apóstoles, lo que, en cuanto a orden, es n a t u r a l t a m b i é n , puesto que lo que se cuenta en ellos viene a ser c o m o u n a c o n t i n u a c i ó n de los Evangelios, ya que refieren lo que fue de los Apóstoles, s e g ú n los que n a r r a n , tras la muerte de J e s ú s . C o n lo que, al m i s m o tiempo, pretenden dar a conocer los p r i m e r o s pasos de la nueva doctrina. T o d o lo d e m á s que integra lo c a n ó n i c o o f i c i a l , Epístolas de P a b l o y otras, vienen a ser a m o d o de complementos doctrinales, a los que, p o r lo gen e r a l , no llegan, p o r decirlo a s í , los posibles lectores de este rico tesoro sagrado. Pues es algo tan cierto, negarlo s ó l o d e m o s t r a r í a evidente deseo de e n g a ñ a r , que si entre m i l cristianos apenas h a y m e d i a docena que hayan
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l e í d o los Evangelios, de tratarse de los Hechos h a b r í a que elevar el n ú m e r o a cincuenta m i l y puede que me quede corto; a cien m i l respecto a las Epístolas de Pablo, y todo lo d e m á s , incluyendo el Apocalipsis, si ponemos uno p o r cada m i l l ó n , t a l vez pueda ser tachado de o p t i m i s t a . C o m o es n a t u r a l , de i n v e r t i r el o r d e n y c i t a r estos l i b r o s c r o n o l ó g i c a m e n t e , o sea, s e g ú n la fecha de su posible apar i c i ó n , a saber: Apocalipsis, Epístolas, Evangelios y Hechos, y, al r e v é s de c o m o ahora ocurre, se empezase a h a b l a r a los n i ñ o s y se predicase en los púlpitos partiendo de algo tan incomprensible, f a n t á s t i c o y absurdo como el Apocalipsis, y las oscuras, enrevesadas y poco interesantes Epístolas atribuidas a Pablo, pero que m a n i p u l a d a s por M a r c i ó n , y luego p o r l a Iglesia, precisamente p a r a h a b l a r l o c o n t r a r i o de lo que las h a b í a hecho decir é s t e del l l a m a d o A p ó s t o l de los Gentiles, deben tener m u y poco, si es que tienen algo; de empezar a e n s e ñ a r la d o c t r i n a — d e c í a — a base de Apocalipsis y Epístolas, en l u g a r de las p a r á b o l a s imputadas a Jes ú s , el S e r m ó n de la M o n t a ñ a y el relato de su muerte, ¿ c u á n t o s cristianos h a b r í a que, a no ser p o r referencias, s a b r í a n algo de lo que m á s i m p o r t a b a que supiesen? P o r consiguiente, es n a t u r a l que la Iglesia, a u n sabiendo que h a c i é n d o l o falta a la verdad, ponga sus l i b r o s c a n ó n i c o s en el orden que lo hace y no en el verdadero. En lo que a los Hechos respecta, este l i b r o parece corresponder, c o m o acabo de decir, a la necesidad que indudablemente s e s i n t i ó d e e x p l i c a r c ó m o n a c i ó e l C r i s t i a n i s m o . E n efecto, de todos los escritos que c o m p o n e n el Nuevo Testamento, el destinado a i n f o r m a r acerca de los p r i m e r o s pasos de esta r e l i g i ó n , es decir, a referir, o tratar de hacerlo, lo o c u r r i d o tras la muerte de J e s ú s (pues creado el m i t o , é s t e necesitaba u n a c o n t i n u a c i ó n ) , es el de los Hechos de los Apóstoles. Y, ciertamente, a p r i m e r a vista, d i r í a s e compuesto p a r a continuar el Tercer Evangelio, de t a l m o d o que i n c l u s o l a t r a d i c i ó n ortodoxa atribuye s u r e d a c c i ó n a l mismo que la de é s t e , a L u c a s , amigo y c o m p a ñ e r o de P a b l o . A h o r a b i e n , c o m o desde N o r d e n es cosa ya corriente a d m i t i r que la actual r e d a c c i ó n de los Hechos no es la prime-
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ra, sino que estuvo precedida de o t r a m á s p r ó x i m a a los acontecimientos que describe, p a r a oponerse a esto, que parece innegable, la C o m i s i ó n B í b l i c a P o n t i f i c i a , en vez de aportar, c o m o h u b i e r a sido lo justo y lo convincente, pruebas que demostrasen que t e n í a m á s r a z ó n que N o r d e n , cuanto h i z o fue l i m i t a r s e a decretar, c o n fecha 12 de j u n i o de 1913, a favor de esa audacia, tan a p r o p ó s i t o p a r a convencer a los ignorantes, es decir, a los incontables pucheritos de fe, que en cuestiones de r e l i g i ó n se contentan con echar é s t a p o r delante, que el l i b r o que contiene los Hechos « n o debe ser a t r i b u i d o s i n o a un solo a u t o r » , y que la opin i ó n c o n t r a r i a « e s t á desprovista d e todo f u n d a m e n t o » . E s m á s , que su autor es, s i n d u d a alguna, «el evangelista L u c a s » , que t e r m i n ó s u l i b r o « e n los ú l t i m o s d í a s d e l a cautiv i d a d de san P a b l o en R o m a » . A d m i r a b l e seguridad, que —como dice G u i g n e b e r t — « n a d i e sino aquellos que n o h a n l e í d o ni los Hechos ni las Epístolas de Pablo puede r e c o g e r » , y que—como sigue diciendo—es un v i v o ejemplo « d e esas sonoras proclamaciones romanas que t r a n q u i l i z a n a los s i m p l e s » . A los simples, sí, porque a los compuestos a favor de algunos conocimientos no h a y m e d i o de que lo consigan. M u y particularmente s i , tras haber l e í d o a N o r d e n , se h a n recreado con otro l i b r o de todo punto excelente, de L o i s y , titulado Les Actes des Apotres ( N o u r r y , P a r í s , 1920; e d i c i ó n abreviada, R i e d e r , P a r í s , 1925). A los que conozcan estos l i b r o s , en efecto, no h a b r á m e d i o de convencerles de que los Hechos no sean o b r a de dos autores distintos, de los cuales el segundo ha corregido y completado al p r i m e r o . C i e r t o que ambas cosas, c o r r e c c i ó n y c o m p l e m e n t a c i ó n , bastante m a l , si se tiene en cuenta no tan s ó l o la indigencia y falsedad de lo a ñ a d i d o , sino las contradicciones y redoblamientos que se observan en el relato. E l p r i m e r autor, e n cuanto a fecha, segundo e n p r e l a c i ó n en el relato actual, h u b i e r a p o d i d o ser L u c a s , c o m o quiere la honorable C o m i s i ó n B í b l i c a (340), si no repugnase la idea de que un amigo amado de Pablo incurriese en las confusiones que se observan en la r e d a c c i ó n que se le atribuye. P o r ejemplo, c o n m o t i v o de los viajes de Pablo, uno de los
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cuales es referido, siendo el m i s m o , de m o d o diferente en X I , 27-30; X I I , 25, y X V , 1. E l segundo autor, p r i m e r o e n e l l i b r o , segundo e n cuanto a fecha, r e d a c t ó en m a l i m i t a d o estilo b í b l i c o un cuadro tan lleno de p r o p ó s i t o s edificantes c o m o falto de v e r d a d y cargado de m i l a g r o s . C u a d r o destinado a poner en evidencia, a sacar a p r i m e r plano, a un personaje, P e d r o , hasta entonces sin otro b r i l l o que el que por r e f l e x i ó n h a b í a recibido de su M a e s t r o en los Evangelios. Y e l l o a causa de que, s i n duda, se q u e r í a y a , a toda costa, que sobre él recayese el mérito y gloria de haber fundado la Iglesia. P a r a lo c u a l , y c o n objeto de que no sorprendiese, tras ser evidente p o r los m i s m o s Evangelios, que m a l p o d í a J e s ú s tener i n t e n c i ó n de fundar una Iglesia, puesto que cuanto p r e d i c a b a era el inmediato advenimiento del R e i n o de Dios, se i n t e r p o l ó en el a t r i b u i d o a M a t e o lo de: « T ú eres Pedro, y sobre esta pied r a (barajando el doble sentido de petrus) e d i f i c a r é yo mi I g l e s i a » (Mateo, X V I , 18). P a r a acabar de c o m p l e t a r el eng a ñ o , luego, y c o n objeto de asegurar m e j o r la p r i m a c í a de la Iglesia de R o m a , en mengua de otras de Oriente con m á s derecho que ella a esta p r i m a c í a , se h a r í a incluso—como ya he dicho—venir a P e d r o a esta c i u d a d , donde seguramente j a m á s estuvo. A l menos, que s e sepa. Sobre todo lo relativo a los Hechos (fuentes en que p u d o i n s p i r a r s e el segundo autor, su n o m b r e y personalidad, a s í c o m o d e l p r i m i t i v o ; si este m i s m o se i n s p i r ó en u n a redacc i ó n anterior; fecha en que p u d i e r o n e s c r i b i r ambos, etc.) se ha discutido tanto, que s e r í a s a l i r m e d e l c u a d r o que me p r o p o n g o trazar, que no es o t r o que dar u n a somera i n d i c a c i ó n de este l i b r o , ocuparme de e l l o . Me l i m i t a r é , pues, a enviar al lector que se interesa p o r esta c u e s t i ó n al excelente resumen que hace Goguel en el l i b r o I I I de su Introducción al Nuevo Testamento, P a r í s , 1922-1926. P o r mi parte, y c o m o breve anticipo, d i r é que c o m o lugar de su composic i ó n parece que no hubiese inconveniente en aceptar que fuera R o m a . H a b l o , naturalmente, d e l a r e d a c c i ó n actual. C o m o fecha, se han propuesto varias, que v a r í a n s e g ú n se crea o no en la existencia de J e s ú s . Guignebert da la de 100
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y 115 p a r a la p r i m e r a r e d a c c i ó n , y entre 130 y 140 p a r a la segunda, L o i s y no debe a n d a r lejos de la verdad, t a l vez, h a b l a n d o de tiempos de N e r v a y T r a j a n o . S i n a f i r m a r nada rotundamente, c o m o es n a t u r a l , C o u c h o u d y S t h a l dejan caer los nombres de M a r c i ó n , c o m o autor de la p r i m e r a r e d a c c i ó n , y de Clemente, el que e s c r i b i ó la carta a n ó n i m a de la c o m u n i d a d r o m a n a a los c o r i n t i o s , la segunda. E n cuanto a l v a l o r h i s t ó r i c o d e los Hechos, poco m á s que n a d a es, si se tiene en cuenta que es un documento enteramente novelesco, sobre todo la p r i m e r a parte, c o n sus imposibles m i l a g r o s y sus conversiones en masa p o r obra, s e g ú n se pretende, de las palabras enteramente insignificantes y anodinas de Pedro. A b u r r i d o s sermones en realidad. C i e r t o que m u y p o r e n c i m a de lo que se h u b i e r a p o d i do esperar del pobre pescador de los Evangelios. C l a r o que cuando el tampoco m u y b r i l l a n t e redactor de esta parte del l i b r o , a juzgar p o r ellos, los inventa, ya h a b í a tenido cuidado de e n s e ñ a r que P e d r o fue lleno de E s p í r i t u Santo, gracias a l c u a l h a b í a a d q u i r i d o p o r arte d e m a g i a l a glosolalia y el absoluto c o n o c i m i e n t o de lenguas. En lo que afecta a los acontecimientos que o c u r r i e r o n a la muerte de J e s ú s , pues si se quiere h a b l a r sobre este l i b r o hay que suponer p o r unos instantes, siquiera p a r a poder hacerlo, que e x i s t i ó , los Hechos de los Apóstoles no dan—como dice Guignebert—sino « u n a r e p r e s e n t a c i ó n artif i c i a l que compete a la a p o l o g é t i c a y a la h a g i o g r a f í a , no a la h i s t o r i a » . En el Evangelio a t r i b u i d o a L u c a s , la l l a m a da « s e g u n d a v i d a de J e s ú s » (su supuesta presencia en G a l i lea u n a vez resucitado) d u r a unas horas. M i e n t r a s que a q u í , en los Hechos, que s e g ú n la C o m i s i ó n B í b l i c a P o n t i f i c i a fuer o n escritos p o r e l m i s m o L u c a s , é s t e empieza afirmando (I, 3) que estuvo con los A p ó s t o l e s cuarenta d í a s . Cuarenta, l a cifra b í b l i c a t a m b i é n . D e j é m o s l o pasar. Y a digo que se trata de u n a novelita m i l a g r e r a , m a l a , sobre todo la p r i m e r a parte, dedicada a ensalzar a Pedro. Es decir, hasta que empiezan los viajes de Pablo, donde tal vez, no es seguro tampoco, haya algo que pudo, detalle m á s o menos, ser verdad. P e r o e n l a p r i m e r a , evidentemente, n i u n a l í n e a .
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puesto que i n c l u s o p i n t a a los A p ó s t o l e s reunidos en Jerus a l é n cuando las « a p a r i c i o n e s » d e s u M a e s t r o . Siendo a s í que toda la t r a d i c i ó n e v a n g é l i c a , hasta que a L u c a s o quien fuese le convino m o d i f i c a r l a , las situaba en G a l i l e a . . S i n hacer caso de estas diferencias, tanto m á s cuanto que se m i r e hacia donde se m i r e , Evangelios o Hechos, es difíc i l salir del c a m p o d e l o m í t i c o y d e l o f a n t á s t i c o , e l cuadro que ofrece este ú l t i m o l i b r o es el de u n a c o m u n i d a d de j u d í o s , d e j u d í o s puros, p o r decirlo a s í , mezclados con otros helenizantes, que p a r a j u s t i f i c a r su presencia en Jerus a l é n no h a b r í a o t r o remedio que suponer que a c u d í a n a esta c i u d a d o r a con m o t i v o de festividades religiosas (Pent e c o s t é s u otras), ya a t r a í d o s p o r asuntos particulares o fam i l i a r e s . El l i b r o que nos ocupa se ha hecho eco de ello en el c a p í t u l o V I , donde aparecen siete helenizantes frente a los doce A p ó s t o l e s . En todo caso, a lo que parece que no hay que prestar la m e n o r a t e n c i ó n es a la leyenda a p o s t ó l i c a , que habla de u n a c o m u n i d a d gobernada p o r u n a especie de colegio fundado p o r los Doce, presididos p o r P e d r o . S í , en c a m b i o , que si h a b í a un grupo de hombres, esenios o no, b i e n que probablemente esenios, que esperaban en el M e s í a s de la nueva r e l i g i ó n de s a l v a c i ó n , que, sin duda, f l o t a b a y a c o m o ú l t i m a a s p i r a c i ó n n a c i o n a l j u d í a (si esenios e n e l S e ñ o r d e l a Justicia), sobre ellos l a o b r a infatigable y f a n á t i c a de P a b l o s e r í a decisiva (341). P o r o t r a parte, un siglo m á s tarde y ya en R o m a , publicados los Evangelios s u r g i r í a la necesidad, era fatal, de continuar é s t o s u n i é n d o los con lo que hubo que suponer que h a b í a o c u r r i d o a la muerte de su protagonista, J e s ú s , pues la c u r i o s i d a d de los que se i b a n afiliando a la nueva d o c t r i n a lo e x i g i r í a . S i n contar que hacerlo p o d í a constituir, como o c u r r í a con los Evangelios, u n a nueva fuente de lecturas y de p r e d i c a c i ó n p a r a los c a d a vez m á s numerosos componentes de las comunidades, ya sí de d í a en d í a m á s nutridas e importantes. Integradas, a d e m á s , p o r fieles tan cortos de alcances c o m o largos de fe, carentes de e s p í r i t u c r í t i c o y, p o r lo m i s m o , dispuestos a creer cuanto c o n v e n í a a sus dirigentes que creyesen. S i n que les detuviese en esta tarea, m u y p o r el
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contrario, lo m i l a g r e r o y e x t r a o r d i n a r i o , p o r i m p o s i b l e y fenomenal que fuese. Y c o m o d e b i ó parecer conveniente que l a n a r r a c i ó n fuese o b r a d e l m i s m o que h a b í a compuesto e l m á s detallado y novelesco de los Evangelios, a causa de ello, s i n duda, que los Hechos empiecen c o m o si L u c a s , presunto autor d e l Evangelio que l l e v a su n o m b r e , siguiese relatando lo acaecido tras los hechos o c u r r i d o s en é s t e . Es decir, e m p a l m a n d o el nuevo relato con el que h a b í a hecho anteriormente. Y a causa de ello, que el medio de relatar fuese el m i s m o . E l que refiere, s i n o t r a p r e o c u p a c i ó n que « j u s t i f i c a r » , a s u modo, c l a r o e s t á , l o que i b a imaginando que h a b í a o c u r r i do, o que p o d í a haber o c u r r i d o de haber existido el supuesto M e s í a s de Galilea, a c u d i ó a lo ú n i c o que p o d í a acudir p a r a dar c o m o cierto y sucedido lo que de o t r o m o d o hub i e r a sido i m p o s i b l e : A i m p r e s i o n a r a los posibles auditores o lectores c o n el u n g ü e n t o , siempre eficaz en el campo de la ignorancia, de lo sobrenatural y milagroso; recurso que tan a d m i r a b l e e invariablemente se h e r m a n a y acomoda siempre con toda fe de tipo religioso. A causa de ello, los que e s c r i b i e r o n los Hechos, m u y p a r t i c u l a r m e n t e el redactor de la p r i m e r a parte, consecuente con lo ya hecho antes que él y seguro de su buen resultado, no tuvo inconveniente, sino que, al contrario, j u z g ó que era lo mejor, empezar la nueva n a r r a c i ó n recordando las apariciones de J e s ú s antes de su a s c e n s i ó n al C i e l o . Y, en efecto, al empezar a leer vemos c ó m o los testigos de hecho tan m a r a v i l l o so m i r a n a ú n c ó m o el M a e s t r o desaparece tras u n a nube, cuando dos á n g e l e s , en f o r m a de h o m b r e s vestidos de blanco, les prometen que, i g u a l que le h a n visto desaparecer, v o l v e r á . T r a s lo c u a l ellos, reconfortados, dejan el monte O l í v e t e , donde se supone que o c u r r e la escena, y vuelven a Jerusalem ¿ S o r p r e n d e r á que un l i b r o que empieza con afirmaciones de tal naturaleza c o n t i n ú e plagado de hechos no menos verdaderos? P o r supuesto, en realidad, ¿ q u é deb e r í a sorprender m á s , la audacia de contar cosas semejantes o la candidez de creerlas? P e r o no nos apartemos del texto. Q u e d á b a m o s que tras
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l a a p a r i c i ó n d e «los dos varones con h á b i t o s b l a n c o s » , c o m o dice é s t e , que m e j o r enterado que los t e ó l o g o s posteriores, que aseguraron que los á n g e l e s eran e s p í r i t u s puros que c a r e c í a n de cuerpo, mientras que el excelente L u c a s , el « m é d i c o q u e r i d o » , garantiza lo contrario; a p r o p ó s i t o de aquellos reales y positivos « v a r o n e s » que les a n u n c i a r o n la parousia, los A p ó s t o l e s vuelven a J e r u s a l é n , donde se r e ú n e n c o n las santas mujeres y « c o n M a r í a , la M a d r e de J e s ú s , y c o n los hermanos de é s t e » (I, 14). P o r supuesto, que vol* v e r í a ya se lo h a b í a dicho el p r o p i o J e s ú s , e i n c l u s o que no s e apartasen d e J e r u s a l é n hasta que o c u r r i e r a (I, 4). E n cuanto al detalle de los hermanos de J e s ú s , p r u e b a que cuando fueron redactados los Hechos a ú n no se h a b í a dec i d i d o que M a r í a fuese la V i r g e n entera y absolutamente v i r g e n . Y tras tan a d m i r a b l e i n t r o i t o , que c o m o el resto del l i b r o y d e m á s que componen el Nuevo Testamento a d q u i r i ó y sigue conservando la c a t e g o r í a de texto divino y revelado, nos entera de que la p e q u e ñ a c o m u n i d a d constaba de unos ciento veinte hermanos (I, 15); viene la e n u m e r a c i ó n de los once A p ó s t o l e s , al r e f e r i r la muerte del que fue el dozavo, Judas, y el n o m b r a m i e n t o de su sustituto, M a t í a s . P o r cierto, que Judas m u r i ó de un m o d o h o r r i b l e , digno de su traic i ó n : « T r a s a d q u i r i r un campo con el precio de su i n i q u i dad, p r e c i p i t á n d o s e , r e v e n t ó y todas sus e n t r a ñ a s se desp a r r a m a r o n » ( I , 18). E s t a m i s m a muerte es contada de m o d o diferente p o r otros, pero no es c u e s t i ó n ahora de preocuparnos p o r q u i é n estaba m e j o r enterado. Y ya completo el cuadro, es decir, doce A p ó s t o l e s , c o m o doce h a b í a n s i d o las t r i b u s de Israel, no quedaba sino empezar a insist i r sobre l a d o c t r i n a del M a e s t r o . Pero, claro, c o n ello el p r i m e r escollo grave: e x p l i c a r o j u s t i f i c a r , de m o d o que fuese s i n d i f i c u l t a d c r e í d o p o r todos, no tan s ó l o los f á c i l m e n t e asequibles a la fe, sino los otros (pues l a experiencia h a b í a m o s t r a d o y a con las primeras h e r e j í a s que no todos e r a n de ignorancia s u p i n a ni est a b a n dispuestos a creer s i n m á s n i m á s , sino que algunos preguntaban el c ó m o y el p o r q u é de las cosas), y, sin duda, u n a de las p r i m e r a s cosas que necesitaba e x p l i c a c i ó n e r a
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c ó m o aquellos A p ó s t o l e s zafios y de inteligencia no m u y despierta, puesto que los propios Evangelios h a b í a n dicho c o n t o d a c l a r i d a d que cuando J e s ú s lanzaba sus camelosp a r á b o l a s n o e n t e n d í a n n i u n a p a l a b r a y é s t e t e n í a que e x p l i c á r s e l o s d e s p u é s (Marcos, I V , 10 y sigs.; Mateo, X I I I , 10 y sigs.), h a b í a n p o d i d o ser los mensajeros de u n a doct r i n a destinada a extenderse p o r todo el m u n d o romano, el redactor de los Hechos no d u d ó en s a l i r del paso del m e j o r m o d o : echando m a n o o t r a vez del u n g ü e n t o a m a r i l l o de los m i l a g r o s . Y , e n efecto, e n e l segundo c a p í t u l o refiere c o n la m a y o r n a t u r a l i d a d lo de la segunda P e n t e c o s t é s (342), es decir, la famosa bajada del E s p í r i t u S a n t o en f o r m a de lenguas de fuego sobre la cabeza de los doce zafios, que al punto quedaron i l u m i n a d o s milagrosamente, enardecidos y sabiendo, p o r arte de m a g i a d i v i n a , todas, absolutamente todas, las lenguas. C o m o dice el texto: « L l e n o s de E s p í r i t u Santo, y c o m e n z a r o n a h a b l a r en lenguas e x t r a ñ a s . » E n t i é n dase diferentes del arameo. Pero gracias a las cuales pod r í a n entenderse c o n los naturales de pueblos, c u y a enumer a c i ó n hace el que cuenta en 9 y 10 del l i b r o I I . N a t u r a l mente, e l l o les i b a a p e r m i t i r lanzarse s i n inconveniente alguno a p r e d i c a r urbi et orbi la d o c t r i n a que tan m a r a v i l l o samente les h a b í a sido inculcada, s i n que ya a nadie pudiese chocarle que Pedro, p o r ejemplo, el modesto pescador que ni en su lengua era seguramente capaz, a juzgar p o r c o m o le p i n t a n los Evangelios, de e m i t i r m e d i a docena de frases elocuentes y b i e n ordenadas, estuviese al punto en condiciones no s ó l o de distinguirse en G a l i l e a , sino s a l i r de ella y hacer o t r o tanto en cualquier ciudad, fuese c u a l fuese la lengua que allí se hablase. Pues q u é , ¿ n o fue incluso a R o m a a e n s e ñ a r en l a t í n la nueva d o c t r i n a o a a f i r m a r l a c o n la a u t o r i d a d de su elocuencia? A d m i t i d o y c r e í d o esto, que es el verdadero m i l a g r o , m i l a g r o que d u r a y se renueva hace veinte siglos, ¿ q u é no se p o d r í a ya a f i r m a r ? Y, en efecto, inmediatamente, es decir, apenas « i l u m i n a d o s » y « e n l e n g u a d o s » , vemos ( c a p í t u l o II) levantarse a Pedro y d e c i r su p r i m e r discurso con la f a c i l i d a d que antes echaba las redes en el m a r de G a l i l e a , aconsejando a los
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que le escuchan que se arrepientan y se bauticen en el n o m b r e de Jesucristo. Y «ellos recibieron su p a l a b r a y se bautizaron, y se c o n v i r t i e r o n aquel d í a unas tres m i l a l m a s » (II, 41). ¡ B u e n empiece, vive Dios! E s m á s , aterrorizados «a la v i s t a de los muchos prodigios y s e ñ a l e s que h a c í a n los A p ó s t o l e s , todos los que c r e í a n v i v í a n juntos, teniendo sus bienes en c o m ú n , pues v e n d í a n sus posesiones y haciendas y las d i s t r i b u í a n entre todos s e g ú n la necesidad de c a d a u n o » (II, 4345). A l punto ( c a p í t u l o III), P e d r o empieza a hacer m i l a g r o s p o r s u cuenta. L a lengua d e fuego, a d e m á s d e s a b i d u r í a y d o n de lenguas, le h a b í a dado el santo y m a r a v i l l o s o poder de oponerse a las leyes de la N a t u r a l e z a . P e d r o c u r a a un t u l l i d o de n a c i m i e n t o que p e d í a l i m o s n a a la p u e r t a d e l T e m p l o . Y tras ello, c o m o resultado de un nuevo s e r m ó n , en el c u a l demuestra g r a n d í s i m o c o n o c i m i e n t o de las E s c r i t u r a s , empieza a tener los p r i m e r o s disgustos c o n los sacerdotes y magistrados del T e m p l o , saduceos y d e m á s , en quienes, p o r l o visto, cosa sumamente e x t r a ñ a , n i los m i l a gros h a c í a n m e l l a . E s decir, que n o obstante las cabriolas del t u l l i d o , que h a b í a entrado c o n P e d r o y J u a n en «el T e m p l o saltando y b r i n c a n d o » de contento, meten a los a d m i rables curanderos e n l a c á r c e l , c o m o vemos e n e l c a p í t u l o I V . E l texto l o dice bien c l a r o : «Los m e t i e r o n e n p r i s i ó n hasta l a m a ñ a n a , porque era y a t a r d e . » Pero, claro, todos no eran d e s c r e í d o s y perversos c o m o ellos, y c o m o se aprende en seguida: « M u c h o s de los que h a b í a n o í d o la p a l a b r a creyeron, hasta el n ú m e r o de unos cinco m i l » ( I V , 3, 4). Tres y cinco, ocho. ¡Ya tenemos ocho m i l cristianos! M á s , s i n duda, pues el redactor, el excelente L u c a s , seguramente es incapaz, al c o n t r a r i o , de exagerar. P e d r o no ha hecho sino empezar a h a b l a r y ya ocho m i l en el bote. Y t a n convencidos c o m o p a r a r e n u n c i a r a su existencia anterior y empezar a hacer la v i d a en c o m ú n , c o m o ha sido i n d i c a d o y c o m o a ú n se puede leer en I V , 32-37. H a y que suponer que a falta de locales donde c o m e r juntos, lo h a r í a n todo a lo largo d e l J o r d á n . O al otro lado, en el desierto, donde poco antes J u a n el B a u t i s t a se h a r t a b a de saltamontes y de m i e l . E l l o s
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¡ c o n q u é placer v e r í a n llegar u n a de aquellas plagas de langostas, hasta entonces tan temidas! P e r o no echemos a vol a r l a f a n t a s í a . N o hagamos c o m o L u c a s , y adelante. E l c a p í t u l o V empieza tristemente. L o d e que n o hay q u i n t o m a l o , sin duda, no rezaba t o d a v í a . Si no, que se lo digan al p o b r e A n a n í a s y a S a f i r a , su mujer, que p o r haber vendido un c a m p o y retener u n a parte de lo r e c i b i d o perdieron la v i d a . V e r d u g o : u n a r e p r i m e n d a excesiva de Pedro, L e n i n s i n m a r x i s m o , p e r o L e n i n d e aquella i m p o r t a n t e c é l u l a c o m u n i s t a (343). T r a s el e n t i e r r o de los desdichados, P e d r o y los suyos siguen realizando m i l a g r o s : « E r a n m u chos los m i l a g r o s y p r o d i g i o s que se r e a l i z a b a n en el pueblo p o r m a n o d e los A p ó s t o l e s » ( V , 12). Y , c o m o n o p o d í a menos de o c u r r i r , aumentaba el n ú m e r o de creyentes: «Crec í a n m á s y m á s los creyentes, en gran m u c h e d u m b r e de hombres y mujeres, hasta el punto de sacar a la calle los enfermos y ponerlos en lechos y c a m i l l a s , p a r a que llegando P e d r o s i q u i e r a su s o m b r a los cubriese; y la m u c h e d u m bre c o n c u r r í a de las ciudades vecinas de J e r u s a l é n , trayendo enfermos y atormentados p o r e s p í r i t u s i m p u r o s , y todos eran c u r a d o s . » P r o d i g i o s o . S i n embargo (repito que n o hay m á s r e m e d i o que considerarlo c o m o o t r o m i l a g r o , pero é s t e , s i n duda, o b r a del M a l o ) , el sumo sacerdote, los suyos y toda la secta de los saduceos, no obstante ver que bastaba la s o m b r a d e l s a n t í s i m o cuerpo de Pedro p a r a que un atacado de v i r u e l a , p o r ejemplo, quedase c o m o u n a rosa, o que un demonio saliese de estampida dejando l i b r e el cuerpo del infeliz del que se h a b í a a d u e ñ a d o , ellos c o m o s i nada. P e r o q u é digo: a cada m o m e n t o m á s llenos d e envidia, c o m o dice L u c a s . Tanta, « q u e echaron m a n o a los A p ó s t o l e s y les m e t i e r o n en la c á r c e l . P e r o el á n g e l del S e ñ o r les a b r i ó de noche las puertas de la p r i s i ó n , y les m a n d ó que fueran al T e m p l o y siguiesen p r e d i c a n d o » ( V , 17-20). Y a s í lo h i c i e r o n hasta que se presentaron un o f i c i a l , sus alguaciles, y l l e v a r o n a Pedro ante e l Consejo, donde u n nuevo d i s c u r s o d e P e d r o casi les p e r s u a d i ó , de m o d o que se l i m i t a r o n a azotarles y luego los despidieron. «Y ellos se fueron contentos de la presen-
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c i a d e l Consejo, porque h a b í a n sido dignos de padecer u l trajes p o r el n o m b r e de J e s ú s . » ¡ A d m i r a b l e ejemplo de saber s u f r i r p a r a m e j o r merecer! Y siguen las conversiones, c o m o se lee a p r i n c i p i o s d e l c a p í t u l o V I . En efecto, «la p a l a b r a de D i o s fructificaba, y se m u l t i p l i c a b a grandemente e l n ú m e r o d e los d i s c í p u l o s e n J e r u s a l é n , y numerosa m u c h e d u m b r e de sacerdotes se som e t í a a la fe». Evidentemente, el que escribe no se atreve ya a decir a c u á n t o s a s c e n d í a el n ú m e r o de los convertidos. Pero no hay d u d a que a redadas de cinco m i l , menos el sumo sacerdote y algunas docenas de fariseos e x t r a f a n á t i cos, todos los d e m á s , tanto en J e r u s a l é n c o m o en los pueblos de los alrededores, eran ya p a r t i d a r i o s de la nueva d o c t r i n a . Tanto m á s cuanto que a q u í aparecen y a los j u d í o s helenistas, es decir, j u d í o s menos aferrados a la ley que los rabiosamente ortodoxos, en lo que afectaba al r i t u a l , y, a d e m á s , adictos incondicionales de J e s ú s , puesto que entre ellos estaba E s t e b a n , que i b a a m o r i r p o r E l . E s t e b a n , a l que le h a b í a bastado la i m p o s i c i ó n de manos de los A p ó s toles p a r a quedar lleno d e E s p í r i t u Santo. E s decir, d e sabid u r í a y elocuencia en favor de la nueva d o c t r i n a . P e r o ¡ay!, s i n duda estaba escrito, p o r ser l o que m á s c o n v e n í a , que esta i m p o s i c i ó n de manos fuese p a r a él c o m o si se las h u biesen echado al cuello y apretado m u c h o d e s p u é s . P o r q u e tanta s a b i d u r í a y elocuencia s ú b i t a h a b í a n de ser causa de su muerte. Sí que gloriosa. G l o r i o s í s i m a , pues le v a l i ó el envidiable y n u n c a suficientemente b i e n alabado t í t u l o de « p r o t o m á r t i r » , luego de haber realizado « p r o d i g i o s y m i l a gros grandes e n e l p u e b l o » , s e g ú n hace constar e l l i b r o V I de los Hechos en su v e r s í c u l o 8.° Pero en el siguiente vemos a E s t e b a n , tras p r o c l a m a r valerosamente en voz alta m u chas cosas i n t e r e s a n t í s i m a s de los comienzos d e l Antiguo Testamento y r e c o r d a r a A b r a h a m , a M o i s é s , a Isaac, a Jacob, a... ¡Qué sé yo! A c ú d a s e , a c ú d a s e al texto, si se tiene t i e m p o que perder, y se s a b r á c o n exactitud lo que d i j o . Pues bien, tras asegurar a los j u d í o s ciento p o r ciento que le escuchaban; a los pocos, p o q u í s i m o s seguramente, no convertidos; a los insensibles a los m i l a g r o s y a t o d a d i v i n a
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elocuencia; tras asegurar él, E s t e b a n , c o n s u b l i m e gesto t r á g i c o y voz celestialmente inspirada: « ¡ H e a q u í lo que veo ( p o r lo visto, lo v e í a de m o d o semejante a como m á s tarde v e r í a P a b l o en el c a m i n o de Damasco), los Cielos abiertos y al H i j o del hombre que e s t á a la diestra de Dios!», los i m p í o s que le escuchaban, que h a b í a n s e apresurado a taparse los o í d o s , empezaron al p u n t o a dar ellos grandes voces, p a r a finalmente arremeter c o n t r a él, «y e c h á n d o l e fuera de la c i u d a d , le a p e d r e a r o n » , mientras E s t e b a n , puesto de rodillas, y tras decir: « ¡ S e ñ o r J e s ú s , recibe mi e s p í r i t u ! » , y « S e ñ o r , no les imputes este p e c a d o » , d u r m i ó (344). D o l o r o s í s i m o . P e r o ejemplar y edificante. A d e m á s , c o m o no hay m a l que p o r b i e n no venga, gracias a la muerte de E s t e b a n conocemos a S a u l o (Pablo), a cuyos pies los dispuestos a acabar con el pobre E s t e b a n dejaron sus vestidos p o r si las moscas, mientras libres ya de trabas ejercitaban s u p u n t e r í a sobre e l a r r o d i l l a d o . E n cuanto a S a u l o , a ú n mancebo, se l i m i t ó a consentir t a l muerte. Pues entonces era t o d a v í a malo, perverso y estaba lleno de sentimientos anticristianos. T r i s t e d í a aquel. E n efecto, m i e n t r a s hubo luz, « s e hizo u n a gran p e r s e c u c i ó n e n l a Iglesia que h a b í a en J e r u s a l é n , y todos fueron esparcidos p o r las tierras de Judea y de S a m a r í a , salvo los A p ó s t o l e s » . E s t e ú l t i m o hecho m e r e c e r í a u n comentario s i valiese l a penar t o m a r e n c o n s i d e r a c i ó n la serie de f a n t a s í a s de que e s t á formada, m u y p a r t i c u l a r m e n t e , la p r i m e r a parte de este l i b r o de los Hechos. Pero no vale la pena. B a s t a seguir relatando brevemente l o que cuenta. S u p r o p i a e x p o s i c i ó n a h o r r a e l trabajo de desmentirle. E l c a p í t u l o V I I I s e i n i c i a con e l odio d e Saulo hacia los cristianos, a los que, no obstante ser un chaval, p o r m e j o r decir, un cuarto de k i l o de chaval, ya que m á s tarde sabremos de su casi absoluta m i s e r i a física, persigue y encarcela. Pues, c o m o se puede leer: « E n t r a n d o p o r las casas c o g í a a hombres y mujeres y los llevaba a la c á r c e l . » T o d o mientras F e l i p e , que h a b í a descendido a S a m a r í a , realizaba, en nomb r e d e C r i s t o , muchos milagros, expulsando e s p í r i t u s i n m u n d o s de quienes los t e n í a n y sanando a p a r a l í t i c o s y
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cojos. T a m b i é n nos ponemos en o con S i m ó n el Mago, que a s i m i s m o es bautizado y convertido. S i n duda, el redactor de esta parte de los Hechos no s a b í a lo que a prop ó s i t o de este personaje se c o n t a r í a d e s p u é s . Pedro y J u a n , p o r s u parte, a c u d í a n a S a m a r í a , mientras Felipe s e g u í a realizando m i l a g r o s y m á s m i l a g r o s . A q u e l l o s tiempos, ¡ay!, eran m a g n í f i c o s . N o c o m o hoy, que l a c i e n c i a l o h a estropeado todo, porque lo que en e l l a ocurre, p o r milagroso que parezca en ocasiones, nada de ello tiene. Pues en ciencia todo aquello que no se e x p l i c a experimentalmente, se dem u e s t r a y se puede repetir a voluntad, no llega a m i l a g r o , aunque lo parezca. Y si se demuestra y se puede repetir, m u c h o menos. C l a r o que queda sentado c o m o algo m u c h o m e j o r : c o m o verdad c i e n t í f i c a . Así, p o r ejemplo, demostrado que el l i b r o que nos ocupa e s t á integrado p o r u n a col e c c i ó n de f á b u l a s , entre los l i b r o s de p u r a y a b u r r i d a fant a s í a h a sido colocado. Y y a n o h a b r á n i C o m i s i ó n B í b l i c a ni C o m i s i ó n de Fe que pueda sacarlo de este grupo. Luego vemos l a c o n v e r s i ó n , t a m b i é n p o r o b r a d e Felipe, d e l eunuco « m i n i s t r o de Candaces, r e i n a de E t i o p í a , e i n tendente de sus t e s o r o s » . E inmediatamente llega la p r i m e r a v e r s i ó n de la c o n v e r s i ó n de S a u l o en el c a m i n o de Damasco, c o n v e r s i ó n que y a conocemos. M á s todo l o que l e a c a e c i ó en la c i u d a d . Y t a m b i é n en este c a p í t u l o ( I X , 33), nuevos m i l a g r o s d e Pedro. E n L i d a c u r a a Eneas, « p a r a l í t i c o desde h a c í a ocho a ñ o s , echado e n u n a c a m i l l a . D í j o l e P e d r o : Eneas, Jesucristo te sana; l e v á n t a t e y t o m a la c a m i l l a . Y al punto se l e v a n t ó . V i s t o lo cual, todos los habitantes de L i d a y de Sarona se convirtieron al S e ñ o r » . A d m i r a b l e . C l a r o que se parece tanto a lo que cuenta M a r c o s en II, 9-12, donde J e s ú s h a b í a dicho a otro p a r a l í t i c o , tras c u r a r l e : « L e v á n t a te, t o m a tu c a m i l l a y vete a tu c a s a » , que ha h a b i d o quien ha supuesto que agotada un m o m e n t o la f a n t a s í a de L u c a s , se h a b í a puesto a rebuscar m i l a g r o s p a r a copiarlos. Luego, en Joppe, resucita a T a b i t a . En seguida, la c o n v e r s i ó n del c e n t u r i ó n , t a m b i é n m u y l i n d a y edificante. Cierto que a lo mejor, si nos ponemos a recordar, en los Evangelios hay historias t a m b i é n de centuriones y de n i ñ a s resucitadas.
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Al punto es referida la p r e d i c a c i ó n llevada a cabo p o r los que h a b í a n h u i d o de J e r u s a l é n , al ser perseguidos, tras la muerte de E s t e b a n , fuera de Palestina ( X I , 19 y sigs.). Y en X I I , la muerte de Santiago, decapitado p o r orden de Herodes A g r i p a . Lo que conviene hacer notar, pues el cuerpo de este santo, t r a í d o no se sabe p o r q u i é n a E s p a ñ a , al ser encontrado cerca de Compostela, ni el que lo e n c o n t r ó ni nadie d e s p u é s parece ser que hayan dicho que tuviese la cabeza separada del tronco, no obstante haber m u e r t o a espada. C l a r o que en caso de duda se puede echar m a n o d e l otro Santiago. Pues, p o r lo visto, h u b o dos. O asegurar que se produjo un m i l a g r o postumo. Un caso curioso de sold a d u r a celestial no a u t ó g e n a . En f i n , a los que esto interese m á s que a m í , que lo arreglen c o m o quieran. El p r o p i o A g r i p a , h o m b r e despiadado y feroz, carga a Pedro de cadenas, y no contento c o n ello, «le m e t i ó en la cárcel, encargando su guarda a cuatro escuadras de s o l d a d o s » . C i e n hombres. Pero n o s a b í a con q u i é n t e n í a que h a b é r s e las. Pues « u n á n g e l del S e ñ o r se p r e s e n t ó en el calabozo, que q u e d ó i l u m i n a d o , y golpeando a Pedro en el costado, le d e s p e r t ó , diciendo: L e v á n t a t e , p r o n t o . Y cayeron las cadenas de sus m a n o s » . T o t a l , que salieron juntos, y « a t r a v e sando la p r i m e r a y la segunda guardia, llegaron a la puerta de h i e r r o que conduce a la c i u d a d . La p u e r t a se les a b r i ó p o r sí m i s m a , y salieron y avanzaron p o r u n a calle, desapareciendo luego el á n g e l » . M á s difícil a ú n que cuando «el ú l t i m o p i r a t a del M e d i t e r r á n e o » , c o m o le l l a m a b a n sus enemigos, e s c a p ó de la c á r c e l de Alcalá. A q u í , el á n g e l fue un carcelero ganado p o r la verdadera gracia, que o r a de Dios, o r a del D i a b l o , se ha paseado triunfante siempre p o r la T i e r r a : e l dinero. E l c a p í t u l o que cuenta, entre otras, l a a d m i r a b l e m e n t i r a de P e d r o y el á n g e l libertador, acaba con la muerte de Herodes, que el redactor de esta p r i m e r a parte de los Hechos cuenta de este m o d o : « E l d í a s e ñ a l a do, Herodes, vestido c o n las vestiduras reales, se s e n t ó en su estrado y les d i r i g i ó la palabra. Y el pueblo c o m e n z ó a gritar: P a l a b r a de D i o s y no de h o m b r e . Al instante le h i r i ó el á n g e l del S e ñ o r , p o r cuanto no h a b í a glorificado a
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D i o s , y c o m i d o de gusanos e x p i r ó . » C o m o F e l i p e I I , que t a m b i é n a c a b ó l l e n o de c a r r o ñ a gusanera. A veces, los monarcas, glorifiquen o no g l o r i f i q u e n a Dios, acaban lo mism o : comidos de gusanos. Es decir, peor que sus subditos, que, p o r lo general, no son devorados p o r estos a n i m a l i t o s sino d e s p u é s del ó b i t o . Y yo, p o r lo de e x p i r a r t a m b i é n , harto c o m o estoy de cop i a r estupideces, suspiro contento pensando que vamos a entrar en la segunda parte de este l i b r o , hasta ahora lleno de mentiras y de insanidades. ;Y no he hecho sino un b r e v í s i m o resumen! E m p i e z a , pues, la segunda parte, dedicada a Pablo, porque, sin duda, se j u z g ó que Pedro h a b í a hecho m é r i t o s suficientes haciendo entrar en la nueva fe a m i l l a res y m i l l a r e s de creyentes, curando enfermos, sacando dem o n i o s de los cuerpos que los albergaban y hasta resucitando muertos, es decir, c o m o su M a e s t r o y a ú n en m a y o r escala, p a r a a s p i r a r al glorioso t í t u l o , que no d e j a r í a de conc e d é r s e l e : el de p r i m e r papa (345). E n esta segunda parte voy a ser a ú n m á s breve, l i m i t á n dome a i n d i c a r el i t i n e r a r i o de los viajes a t r i b u i d o s a Pab l o . Viajes que el nuevo redactor apunta c o m o j u s t i f i c a c i ó n de la posible verdad de las Epístolas, sin duda m u y adaptadas ya a la conveniencia de la Iglesia. En el p r i m e r viaje, P a b l o y B e r n a b é , saliendo de A n t i o q u í a , b a j a r o n a Seleucia y desde allí navegaron hasta C h i p r e , donde, tras p r e d i c a r en las sinagogas, atravesaron la i s l a y llegaron a Pafos, c i u d a d e n l a que d e j ó Pablo, mediante u n p r i m e r m i l a g r o (descontando, claro, el de su c o n v e r s i ó n ) , ciego a B e r j e s ú s , mago y falso profeta j u d í o . M i l a g r o a retroceso, c o m o ciertas carambolas, pues hasta este momento, los similares h a b í a n consistido en dar vista a los ciegos. E l l o hizo que el p r o c ó n s u l Sergio Paulo, a cuyo servicio estaba el poco antes vidente, creyese. Sigo extractando y s i n hacer comentarios p a r a no tener que d e c i r a todo: m e n t i r a . De Pafos, « n a v e g a r o n P a b l o y los s u y o s » hasta Perge de P a n f i l i a . Y de allí a A n t i o q u í a de P i s i d i a , donde Pablo, en la sinagoga, h a b l a de J e s ú s (en las Epístolas que se le atribuyen, c o m o sabemos, salvo las evidentes interpolaciones,
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tan s ó l o lo hace de C r i s t o , que no es lo m i s m o ) , de su m i s i ó n , de su muerte y de su r e s u r r e c c i ó n . De a l l í fueron a Iconia, de donde tuvieron que h u i r , pues a causa de lo que predicaban se p r o d u j o un t u m u l t o . Y e n d o a L i c a o n i a , L i s t r a y Derbe. E n L i s t r a , nuevo m i l a g r o . U n « p a r a l í t i c o desde el seno de su madre, que n u n c a h a b í a podido a n d a r » . P a b l o «le dijo en voz alta: L e v á n t a t e , ponte en pie. Y él, dando un salto, e c h ó a a n d a r » ( X I V , 8-10). Luego, c o m o el a p ó s t o l intentase i m p e d i r un sacrificio, a punto estuvieron él y los suyos de ser ellos los sacrificados. En todo caso, P a b l o fue apedreado y arrastrado fuera de la c i u d a d , donde le dejaron c r e y é n d o l e m u e r t o . No lo estaba, y rodeado de sus d i s c í p u l o s salió, en u n i ó n de B e r n a b é , c a m i n o de Derbe. Allí, en c a m b i o , h i c i e r o n muchos d i s c í p u l o s , tras lo c u a l v o l v i e r o n a L i s t r a , a I c o n i a y a A n t i o q u í a . Y atravesando luego la P i s i d i a , l l e g a r o n a P a n f i l i a , y tras p r e d i c a r en Perge, bajaron a A t a l i a , y de allí navegaron h a c i a A n t i o q u í a , « d e donde h a b í a n s a l i d o » . E n e l c a p í t u l o X V , Pablo y B e r n a b é van a J e r u s a l é n p a r a d i s c u t i r sobre la c i r c u n c i s i ó n , a p r o p ó s i t o de la c u a l los de J e r u s a l é n d e c í a n : «Si no os c i r c u n c i d á i s conforme a la ley de M o i s é s , no p o d r é i s s a l v a r o s » , con lo que no estaban conformes Pablo, B e r n a b é y los suyos. Pedro y Santiago, tras sendos discursos decidieron dar a Pablo, a B e r n a b é , a Judas (llamado B a r s a b a s ) y a Silas, « v a r o n e s principales entre sus h e r m a n o s » , u n a Epístola p a r a aquellos a los que t a l h a b í a n predicado e n A n t i o q u í a . Y a s í a c a b ó e l asunto. En el segundo viaje, P a b l o y B e r n a b é deciden v o l v e r a las ciudades ya evangelizadas. Pero «se p r o d u j o cierto disentimiento, de suerte que se separaron u n o de otro, y B e r n a b é , t o m a n d o consigo a M a r c o s , se e m b a r c ó p a r a C h i p r e , mientras Pablo, llevando consigo a Silas, p a r t i ó encomendado p o r los hermanos a la gracia de D i o s » . A t r a v e s a r o n S i r i a y C i l i c i a . E s t u v i e r o n en Derbe y en L i s t r a . Luego cruzaron F r i g i a y el p a í s de Galacia, « d o n d e el E s p í r i t u Santo les p r o h i b i ó p r e d i c a r en A s i a . Llegando a M i s i a , intentaron dirigirse a B i t i n i a , mas tampoco se lo p e r m i t i ó el E s p í r i t u Santo. P o r lo que pasaron de largo y bajaron a T r ó a d e » .
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Allí tuvo P a b l o u n a v i s i ó n , y empujado p o r e l l a , fueron a E u r o p a , a M a c e d o n i a . En este p a í s , y a causa de haber exp u l s a d o P a b l o d e l cuerpo d e u n a sierva u n e s p í r i t u p i t ó n i c o , que la h a c í a profetizar, arte mediante el c u a l sus amos ganaban m u c h o dinero, é s t o s , al quedar m u d a su fuente de ingresos, furiosos, l l e v a r o n a P a b l o y los que le a c o m p a ñ a b a n ante los magistrados, que m a n d a r o n fuesen « d e s n u d a dos y azotados c o n varas. Y d e s p u é s de hacerles m u c h a s llagas, los m e t i e r o n e n l a c á r c e l , i n t i m a n d o a l carcelero p a r a que Ies guardase c o n s u m o cuidado. E s t e , recibido t a l mandato, los m e t i ó en el calabozo y les s u j e t ó b i e n los pies c o n c e p o s » . N i que decir tiene que aquello n o p o d í a quedar a s í , de m o d o que luego de un terremoto y de haber conv e r t i d o al carcelero a su fe, acabaron p o r p a r t i r de la c i u d a d c o n todos los honores. D e a l l í , « p a s a n d o p o r A n f í p o l i s y A p o l o n i a , llegaron a T e s a l ó n i c a , donde h a b í a una sinagoga de j u d í o s » . Y en T e s a l ó n i c a nuevo alboroto, a causa del c u a l u n a m i g o suyo, J a s ó n , l o p a s ó m u y m a l durante unas horas. Finalmente, « a q u e l l a m i s m a noche, los hermanos enc a m i n a r o n a P a b l o y a Silas h a c i a B e r e a , donde, en c a m b i o , h i c i e r o n muchas c o n v e r s i o n e s » . Y de B e r e a a Atenas. En Atenas, P a b l o se a t r e v i ó , en pleno A r e ó p a g o , a d i r i girse a un a u d i t o r i o menos ignorante que los que de o r d i n a r i o l e escuchaban. Aquellos hombres, m á s instruidos, «oyer o n lo de la r e s u r r e c c i ó n de los muertos, unos se echaron a r e í r , otros d i j e r o n : Sobre esto ya te oiremos o t r a vez». M a s , n o obstante, n o p e r d i ó e l viaje, puesto que « a l g u n o s se a d h i r i e r o n a él y creyeron, entre los cuales estaba D i o n i sio Areopagita y u n a mujer de n o m b r e D a m a r i s , y otros m á s . » Y de Atenas a C o r i n t o , donde « m o r ó un a ñ o y seis meses, e n s e ñ a n d o entre ellos la p a l a b r a de Dios». D e s p u é s , en A c a y a , tras un incidente c o n otros j u d í o s , a p r o p ó s i t o del c u a l G a l i ó n , el p r o c ó n s u l , se n e g ó a intervenir, P a b l o s a l i ó en b a r c o c a m i n o de S i r i a . Y tras detenerse breve tiempo en Efeso, « d e s e m b a r c ó en C e s á r e a , s u b i ó a J e r u s a l é n y s a l u d ó a la Iglesia, bajando luego a A n t i o q u í a » . E n e l tercer viaje e n t r a e n escena A p o l o , « d e origen alej a n d r i n o , v a r ó n e l o c u e n t e » , a quien P r i s c i l a y A q u i l a , her-
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manos a quienes P a b l o h a b í a dejado en Efeso, acabaron de i n s t r u i r en lo que afectaba a J e s ú s . P a b l o , v o l v i e n d o a esta c i u d a d , e m p e z ó a hacer « m i l a g r o s extraordinarios, de suerte que hasta los p a ñ u e l o s y delantales que h a b í a n tocado su cuerpo, aplicados a los enfermos, h a c í a n desaparecer de ellos las enfermedades y s a l i r a los e s p í r i t u s m a l i g n o s » . T r a s u n nuevo alboroto p r o m o v i d o p o r u n platero, Demetrios, que c o n s t r u í a templos de A r t e m i s en plata, al que, c o m o e s n a t u r a l , a t a c ó Pablo, tuvo é s t e que p a r t i r v í a M a cedonia, c o n lo que l l e g ó a G r e c i a , donde estuvo tres meses. De allí fue a T r ó a d e , ciudad en la que p e r m a n e c i ó siete d í a s . De T r ó a d e a A s ó n . De Asón a M i l e t o . De M i l e t o a Cos. De Cos a R o d a s . Y de R o d a s a P á t a r a , donde se e m b a r c ó , llegando al cabo de unos d í a s de n a v e g a c i ó n a T i r o . Y de T i r o a T o l e m a i d a . En todos estos sitios, p o r supuesto, fue encontrando d i s c í p u l o s , que le a c l a m a b a n y celebraban. Y ni que decir tiene que deploraban su p a r t i d a cuando, siempre l l e n o de celo, les abandonaba p a r a c o n t i n u a r su tarea m i s i o n e r a (346). T o d o no i b a n a ser alborotos y malos tratos. En f i n , de T o l e m a i d a a C e s á r e a , lugar en el que perman e c i ó varios d í a s . Y de esta c i u d a d a J e r u s a l é n de nuevo, donde a p u n t o estuvo de ser m u e r t o p o r obra de un grupo de j u d í o s f a n á t i c o s , que c r e í a n que h a b í a introducido en el T e m p l o a un gentil, a T e ó f i m o el Efesio. Y c o m o , no obstante h a b l a r a los amotinados, é s t o s persistiesen en matarle, el t r i b u n o , que p a r a salvarle de los alborotadores se h a b í a apoderado, al p r i n c i p i o , de él, o r d e n ó que le metiesen en el cuartel, le azotasen y que i n c l u s o le sometiesen a tormento, con objeto de que confesase p o r q u é los d e m á s se enconaban c o n t r a él. Entonces P a b l o i n v o c ó s u c o n d i c i ó n de ciudadano romano, lo que al punto detuvo a los que i b a n a atormentarle. E l t r i b u n o que l e h a b í a salvado, « d e s e a n d o saber c o n seguridad de q u é era acusado p o r los j u d í o s , le s o l t ó y ord e n ó que se reunieran los p r í n c i p e s de los sacerdotes y todo el S a n e d r í n , y llevando a Pablo, se lo p r e s e n t ó » . P a b l o hab l a y p r o m u e v e un nuevo alboroto. Pero esta vez entre los propios fariseos y saduceos, a causa de haber hablado so-
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bre l a r e s u r r e c c i ó n . « P o r q u e los saduceos niegan l a resur r e c c i ó n y la existencia de á n g e l e s y e s p í r i t u s , mientras que los fariseos profesan lo uno y lo o t r o . » T o t a l , que «el tum u l t o se a g r a v ó , y temiendo el t r i b u n o que P a b l o fuese despedazado p o r ellos, o r d e n ó a los soldados que bajasen, le arrancasen de en m e d i o de ellos y le condujesen al cuart e l » . M a s habiendo los j u d í o s t r a m a d o u n a c o n s p i r a c i ó n p a r a m a t a r a Pablo, un s o b r i n o de é s t e se lo d i j o al centur i ó n , el c e n t u r i ó n al t r i b u n o y el t r i b u n o , p a r a salvarle, le e n v i ó , e n u n i ó n d e u n a carta, a l p r o c u r a d o r F é l i x . C a r t a e n la que relataba lo sucedido. Pablo fue c o n d u c i d o a C e s á r e a . Allí, Félix h i z o saber a P a b l o que le o i r í a cuando llegasen sus acusadores. Y entretanto « d i o orden de que fuese guardado en el p r e t o r i o de H e r o d e s » . «Cinco d í a s d e s p u é s b a j ó e l sumo sacerdote A n a n í a s c o n algunos ancianos y cierto o r a d o r l l a m a d o T é r t u l o , los cuales presentaron a l p r o c u r a d o r l a a c u s a c i ó n c o n t r a P a b l o . » Así empieza e l c a p í t u l o X X I V , que se ocupa d e l proceso d e l a p ó s t o l ante el p r o c u r a d o r Félix, el cual, tras o í r a T é r t u l o y a Pablo, « d i f i r i ó la causa diciendo: Cuando venga el t r i buno L i s i a s e x a m i n a r é vuestra c a u s a » . L u e g o m a n d ó a l cent u r i ó n que guardase a P a b l o , « d e j á n d o l e c i e r t a l i b e r t a d y p e r m i t i e n d o que los suyos l e a s i s t i e s e n » . A l punto, cuenta el redactor de esta parte de los Hechos, que F é l i x c o n v e r s ó varias veces c o n Pablo, mientras dejaba pasar el t i e m p o « e s p e r a n d o que P a b l o l e diese d i n e r o » . A s i t r a n s c u r r i e r o n dos a ñ o s , al cabo de los cuales F é l i x fue sustituido p o r Porcio Festo, que, por « c o n g r a c i a r s e con los j u d í o s , d e j ó a P a b l o en la p r i s i ó n » . En nueva comparecencia, ahora ante Festo, P a b l o a p e l ó al C é s a r , y Festo le p r o m e t i ó que al C é s a r iría. D í a s d e s p u é s llegó a C e s á r e a el rey A g r i p a . Este o y ó t a m b i é n a P a b l o y p o r poco se c o n v i r t i ó . C o m o dice el texto ( X X V I , 28): «Agripa dijo a P a b l o : Poco m á s y me persuades a que me haga c r i s t i a n o . » Y a Festo: « P o d r í a pon é r s e l e e n l i b e r t a d s i n o hubiese apelado a l C é s a r . » Y a R o m a fue enviado en c o m p a ñ í a de otros presos, conducidos todos y custodiados « p o r un c e n t u r i ó n l l a m a d o J u l i o , de la cohorte A u g u s t a » . C e s á r e a , S i d ó n , luego nave-
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g a c i ó n a lo largo de C h i p r e c o n vientos contrarios. D e s p u é s , p o r los mares de C i l i c i a y de P a n f i l i a , hasta llegar a M i r a de L i c i a . Allí, c a m b i o de nave a o t r a que i b a a I t a l i a . Tras lento c a m i n a r llegaron a G n i d o . Luego, siempre c o n vientos contrarios, b a j a r o n Creta, j u n t o a S a l m o n a , «y costeando penosamente la isla» alcanzaron P u e r t o B u e n o , « c e r c a del c u a l e s t á la ciudad de L a s e a » . Decidido el c e n t u r i ó n a alcanzar Fenice c o n objeto de i n v e r n a r allí, v o l v i e r o n a hacerse a la mar, empezando a costear « m á s cerca de la isla d e C r e t a » . M a s d e s e n c a d e n á n d o s e d e p r o n t o « u n viento i m petuoso l l a m a d o e u r o a q u i l ó n » , t u v i e r o n que dejarse arrast r a r p o r é l « p a s a n d o p o r debajo d e u n a i s l i t a l l a m a d a Caud a » , siempre zarandeados p o r el viento, y «sin que en varios d í a s apareciese el S o l ni las estrellas y continuando c o n fuerza la tempestad, p e r d i m o s al f i n toda esperanza de salv a c i ó n » . T r a s nuevos contratiempos, la nave a c a b ó p o r enc a l l a r en u n a playa. Entonces « p r o p u s i e r o n los soldados matar a los presos p a r a que ninguno escapase a nado; pero el c e n t u r i ó n , queriendo salvar a Pablo, se opuso a t a l prop ó s i t o y o r d e n ó que los que supiesen nadar se arrojasen los p r i m e r o s y saliesen a tierra. Y los d e m á s saliesen b i e n sobre tablas, bien sobre los despojos de la nave. Y a s í todos llegaron a t i e r r a » . H a b í a n llegado a la i s l a de M a l t a s i n saberlo. L o s naturales, b á r b a r o s , c o m o se lee en el texto, les t r a t a r o n humanamente, y « c o m o l l o v í a y h a c í a frío», encendieron fuego y les i n v i t a r o n a acercarse. U n a v í b o r a que escapa del fuego m o r d i ó a P a b l o . P e r o n o l e sobrevino m a l alguno. E l p r i n c i p a l de la isla, P u b l i o , les a c o g i ó y h o s p e d ó « a m i s t o s a m e n te durante tres d í a s » . Pablo i m p u s o sus manos sobre el padre de P u b l i o , « q u e estaba postrado en el lecho afligido por la fiebre y la d i s e n t e r í a » , y le c u r ó . En vista de ello, todos los enfermos de la i s l a empezaron a acudir, y fueron igualmente curados. Al cabo de tres meses e m b a r c a r o n de nuevo en u n a nave alejandrina, que luego de tocar en Siracusa fueron costeando hasta Regio. De R e g i o a Pozzuoli. Y de P o z z u o l i a R o m a . Allí, « d o s a ñ o s enteros p e r m a n e c i ó P a b l o en u n a casa a l q u i l a d a , donde r e c i b í a a todos los que
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v e n í a n a él, predicando el R e i n o de Dios y e n s e ñ a n d o con t o d a l i b e r t a d y s i n o b s t á c u l o l o tocante a l S e ñ o r J e s u c r i s t o » . Y a s í acaba esta segunda parte de los Hechos, que, b i e n que menos f a n t á s t i c a que la p r i m e r a , tampoco merece entero c r é d i t o . Y ello no s ó l o a causa de los m i l a g r o s , sino d e l a parte g e o g r á f i c a . E l que redacta l o hace d e o í d a s y , c l a r o , comete errores graves. Pero la cosa no tiene i m p o r t a n c i a m a y o r , en definitiva. Si cuanto se refiere a P a b l o no es un m i t o m á s y se ite, p o r q u é no, su o b r a m i s i o n e r a , fatalmente t e n d r í a que hacer viajes semejantes a los apuntados. Y si v i n o a R o m a , o r a a causa del proceso que se c i t a o sin proceso y simplemente empujado p o r el deseo de l l e v a r a todas partes lo que c r e í a y predicaba, fatalmente t a m b i é n tuvo que hacer un viaje semejante al que se describe, aunque los detalles variasen. En todo caso, esta segunda parte p u d i e r a encerrar, p o r todo l o dicho, algo m á s d e v e r d a d que l a p r i m e r a . A d e m á s , literariamente, e s m á s agradable, su estilo m á s ágil y grato y las peripecias, tanto en las andanzas misioneras de P a b l o c o m o en la ú l t i m a parte, desde el proceso a la llegada a R o m a , m á s interesante, aun a ñ a d i d o s los m i l a g r o s , que b i e n que falsos, tontos y sin n i n g ú n i n t e r é s , el redactor j u z g a r í a que eran m u y convenientes p a r a realzar l a figura d e s u h é r o e . T o t a l , un l i b r o integrado p o r dos relaciones de d i s t i n t a mano, destinadas a traer a p r i m e r plano dos figuras c o n fines a p o l o g é t i c o s , probablemente las dos igualmente falsas, m u y p a r t i c u l a r m e n t e la de Pedro, pero necesarias p a r a los p r o p ó s i t o s y fines de la Iglesia, que las puso en movimiento. F a l s o igualmente, s e g ú n l a c r í t i c a moderna, cuanto l a Iglesia a f i r m a respecto al autor ú n i c o , s e g ú n ella, de este l i b r o , L u c a s , y en lo que afecta a la fecha en que coloca su a p a r i c i ó n . E n efecto, l e y é n d o l e s e v e que hasta X V I , 10, h a b l a el que cuenta, que, c o m o digo, la t r a d i c i ó n c a n ó n i c a asegura que es L u c a s . ¿ P o r q u é o en v i r t u d de q u é ? Pues simplemente a causa de inaugurar el relato c o n estas palabras: « E n e l p r i m e r l i b r o , ¡oh caro T e ó f i l o ! , t r a t é d e todo lo que J e s ú s d i j o y e n s e ñ ó . » Y c o m o en el Evangelio atri-
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b u i d o a Lucas empieza a s i m i s m o d i r i g i é n d o s e a l , como dice, « ó p t i m o Teófilo», por ello suponer que ambas obras eran producto d e l a m i s m a mano. Dejando aparte la inocencia de t a l s u p o s i c i ó n , pues probablemente se h i z o empezar los Hechos de este m o d o p a r a v e r de garantizar, h a c i é n d o l o , un autor y u n a fecha de apar i c i ó n que nada t e n í a n que ver c o n l o verdadero, a s í como la c u e s t i ó n de si L u c a s fue c o m p a ñ e r o de Pablo, s e g ú n se lee en la Epístola a los Colosenses ( I V , 14: «Os saluda L u cas, el m é d i c o a m a d o » ) , y autor, s e g ú n se asegura t a m b i é n , del tercer Evangelio, l o , p o r el c o n t r a r i o , cierto y evidente es que a p a r t i r del v e r s í c u l o 11 del c a p í t u l o X V I c a m b i a de tono, y el que h a b l a lo hace c o n frecuencia en p r i m e r a persona del p l u r a l ( « t e x t o s en n o s o t r o s » , Wirstücke). V é a s e : « Z a r p a n d o de T r ó a d e , navegamos derecho a - S a m o t r a c i a . » «Así que separándonos de ellos nos embarcamos, fuimos derechos a Cos...» ( X X I , 1). « D e s p u é s de esto, provistos de lo necesario, subimos a J e r u s a l é n » ( X X I , 15), etc. T a l diferencia ha hecho suponer a varios eruditos que estos trozos p o d r í a n pertenecer al d i a r i o de viaje de un c o m p a ñ e r o de P a b l o , d i a r i o encontrado p o r el redactor de esta parte de los Hechos e insertado en ellos. H a r n a c k , g r a n entusiasta de este l i b r o , hasta el punto de suponerle un documento h i s t ó r i c o de p r i m e r orden, c r e í a que no, que era t a m b i é n d e L u c a s (347). E n c a m b i o Zeller, H o l s t e n , H i l g e n f e l d , Overbeck, Schwegler, D r e w s y varios m á s c r e í a n que no y sólo le c o n c e d í a n un valor h i s t ó r i c o m u y l i m i t a d o . C i e r t o que a menos de c e r r a r los ojos y entregarse atados de pies y manos en poder de la fe, ¿ c ó m o conceder v a l o r h i s t ó r i c o , sobre todo, a la parte de este l i b r o que h a b l a de m i l a g r o s , empezando p o r lo que cuenta a p r o p ó s i t o de la a s c e n s i ó n de J e s ú s ? A d e m á s , ¿ n o empieza por ser m u y sospechoso el hecho de las a n a l o g í a s que ofrecen estos m i l a gros c o n los de los Evangelios, las referencias al Antiguo Testamento y el p r o p i o p a r a l e l i s m o que se observa entre los m i l a g r o s de Pedro y los de Pablo? (348). C u a n d o leemos que un á n g e l saca de la p r i s i ó n , donde h a n sido metidos, p r i m e r o a P e d r o y luego a Pablo, y a ambos resucitar muer-
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tos (349), ¿ c ó m o dar c r é d i t o a tales cosas ni patente de hist o r i c i d a d a l l i b r o que las relata? A s i m i s m o , ¿ c ó m o creer, con H a r n a c k , que Lucas s e g u í a a Pablo en sus viajes, viéndole tan ignorante de la g e o g r a f í a del A s i a M e n o r , c o m o en el Evangelio que l l e v a su n o m b r e , de Palestina? En cuanto a la parte que p u d i é r a m o s l l a m a r « h i s t ó r i c a » de los Hechos, Revers y V o n M a n e n , en H o l a n d a , y H a u s r a t h , Overbeck y H o l z m a n n , e n A l e m a n i a , h a n demostrado d e u n m o d o irrebatible que todo cuanto a esto a t a ñ e h a b í a sido t o m a d o de F l a v i o Josefo. E m p e z a n d o por la a s c e n s i ó n de J e s ú s , calcada de la de M o i s é s en Josefo (Antigüedades judaicas, I V , 6, 48), y siguiendo p o r todos los personajes p r i n c i p a l e s : Anas, Caifas, G a m a l i e l , S i m ó n el Mago, Herodes A g r i p a , Berenice, D r u s i l l a , Félix, Festus, todos h a n sido sacados de Josefo p o r el redactor de esta segunda parte de los Hechos. S i n contar que, c o m o ya he s e ñ a l a d o , a veces lo que se lee en los Hechos, como, p o r ejemplo, la a f i r m a c i ó n de G a m a l i e l a p r o p ó s i t o de Teudas ( V , 36), o c u r r i ó diez a ñ o s d e s p u é s de cuando se supone que h a b l a « G a m a l i e l , d o c t o r de la ley, m u y estimado del p u e b l o » . M i e n t r a s que lo de Judas G a l i leo, que dice que o c u r r i ó d e s p u é s , h a b í a acaecido cuarenta a ñ o s antes. ¿ Q u é pensar, pues, de la « v e r d a d » e « h i s t o r i c i d a d » de este l i b r o ? E n l o que a l a fecha d e s u c o m p o s i c i ó n a t a ñ e , l o m i s m o . Se pretende que fue escrito p o r un c o n t e m p o r á n e o de Pab l o , m u e r t o é s t e , s e g ú n se cree, en 64, y se h a b l a de cosas que s ó l o l l e g a r o n a ser u n a r e a l i d a d un siglo m á s tarde. C o m o , p o r ejemplo, la i n s t i t u c i ó n de los s í n o d o s , que, s e g ú n E u s e b i o , fueron creados en el siglo n con o c a s i ó n del c i s m a m o n t a ñ i s t a . A s i m i s m o , s e hace m e n c i ó n del sacramento d e l a c o n s a g r a c i ó n d e los sacerdotes mediante l a i m p o s i c i ó n de manos, cosa que s ó l o los obispos, d i g n i d a d creada m u c h o m á s tarde, p o d í a n realizar. T o d o s i n contar que los redactores de los Hechos se esfuerzan p o r demostrar que los romanos eran sumamente b e n é v o l o s con los cristianos y en cargar, p o r el contrario, t o d a la c u l p a , a p r o p ó s i t o de la supuesta muerte de J e s ú s , sobre los j u d í o s , tendencia que ya se observa t a m b i é n en los Evangelios (350), siendo a s í que,
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a j u z g a r p o r lo que se sabe de aquellos tiempos, la separac i ó n total entre j u d í o s y cristianos, y a causa de ella, el i m placable encono de unos c o n t r a otros, no e m p e z ó en realidad sino tras Bar-Cochebas, que fue tan i m p l a c a b l e c o n los j u d í o s enemigos de la ley c o m o c o n t r a los romanos, y c o n M a r c i ó n , que, c o m o se sabe, se o p o n í a a cuanto se relacion a b a con el Antiguo Testamento. Es decir, ya casi a mediados del siglo i i . L o que s e ñ a l a l a fecha e n que, c o m o m u y pronto, p u d i e r o n ser escritos los Hechos. P o r lo d e m á s , todos los discursos puestos en boca de P e d r o y de P a b l o , ¿ c ó m o a d m i t i r que sean otra cosa que invenciones de los redactores de este l i b r o atribuidas a ambos a p ó s t o l e s ? D e o t r o modo h a b r í a que a d m i t i r que, p o r o b r a t a m b i é n del E s p í r i t u Santo, alguno de los que pud i e r o n o í r l o s a d q u i r i e r o n milagrosamente una m e m o r i a tan f i e l c o m o p a r a p o d e r retenerlos con s ó l o escucharlos una vez. E n todo caso, s i era L u c a s e l que r e f e r í a , ¿ c u á n d o h a b í a r e c i b i d o é s t e e l p r o d i g i o s o a u x i l i o d e l E s p í r i t u Santo? P o r o t r a parte, en las dos ocasiones que el que sea, L u c a s u otro, hace que Pedro se ocupe de J e s ú s , lo que é s t e dice es tan incoloro, insignificante, tonto y falso, que no hay m á s r e m e d i o que reconocer, como dice W. B. S m i t h (Ecce Deus, p á g i n a 88), que: « C u a n d o se oye h a b l a r a Pedro, nadie tiene la i m p r e s i ó n de que h a b l a de un h o m b r e extraordinario, de ese J e s ú s que pretende haber conocido y a m a d o . » H a y , a d e m á s , entre las Epístolas y los Hechos diferencias notables, que no es posible, c o m o dice B r ü c k n e r , que esta « d e f o r m a c i ó n consciente y b u s c a d a » de lo que Pablo atestigua en las Epístolas sea o b r a de un c o m p a ñ e r o suyo. Pues es, a ñ a d e : « I n i m a g i n a b l e y absolutamente i m p o s i b l e que u n c o n t e m p o r á n e o , u n c o m p a ñ e r o , u n colaborador, haya pod i d o d a r u n a n a r r a c i ó n tan deformada de los hechos atestiguados p o r P a b l o m i s m o . L u e g o e l m é d i c o L u c a s n o puede ser el autor de los Hechos de los Apóstoles.» En efecto, tanto en las Epístolas c o m o en los Hechos, se habla del conflicto entre P a b l o y los A p ó s t o l e s a p r o p ó s i t o de la circunc i s i ó n ; pero l o que sobre ello s e dice e n e l c a p í t u l o X V d e é s t o s e s t á tan en desacuerdo con lo que se lee en la Epís-
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tota a tos Gálatas, que si se pretende que se trata de hechos h i s t ó r i c o s , fatal es que si una r e l a c i ó n es verdad no lo sea la o t r a . A s i m i s m o , los Hechos nada saben del c o n f l i c t o de A n t i o q u í a entre Pedro y Pablo, que igualmente relata la Epístola a los Gálatas, conflicto del que d e p e n d e r í a la conducta posterior de é s t e , y a causa de ello, del p o r v e n i r del C r i s t i a n i s m o . Es m á s , a creer a los Hechos, no s e r í a Pablo, sino Pedro, el p r i m e r o en l l e v a r el E v a n g e l i o a los paganos. T a m poco se dice nada de la d i f i c u l t a d o dificultades que los d e m á s A p ó s t o l e s suscitaron a P a b l o con m o t i v o de su o b r a m i s i o n e r a n i d e l a d e s a p r o b a c i ó n encontrada p o r é s t e . E n los Hechos, los adversarios de P a b l o son los j u d í o s ortodoxos, no los j u d í o s cristianos. E s t o , que no tuvo m á s remed i o que reconocerlo H a r n a c k , b a s t a r í a , c o m o dice D r e w s , p a r a d e s t r u i r sus h i p ó t e s i s . Pues de ser el autor de los Hechos un c o m p a ñ e r o de Pablo, ¿ h u b i e r a dejado en silencio hecho tan i m p o r t a n t e y tan u n i d o a u n a de las Epístolas c o m o los conflictos entre P a b l o y los A p ó s t o l e s , especialmente Pedro? Otros sucedidos importantes, p o r ejemplo, la muerte de Esteban, o f r e c í a n , c o m o ya he dicho, a n a l o g í a s tan evidentes c o n la p a s i ó n de J e s ú s , que, c o m o hace observar B a u r , e l gran t e ó l o g o d e T ü b i n g e n , parecen u n a p u r a ficción. S i n contar que el S a n e d r í n no p o d í a condenar a muerte a nadie s i n consentimiento del gobernador r o m a n o . Y lo m i s m o todas las persecuciones que son referidas a c o n t i n u a c i ó n del pretendido « p r o t o m á r t i r » . Persecuciones en las que tanto hacen i n t e r v e n i r a P a b l o en plena adolescencia. Es decir, c o n t r a todo b u e n sentido y s i n o t r o f i n que el i n m e d i a t o de su c o n v e r s i ó n p r o d u z c a m á s efecto. No se olvide, adem á s , que s i e l perseguidor del M e s í a s , hijo d e D a v i d ( J e s ú s ) , llevaba el n o m b r e de Saulo, el S a u l o del Antiguo Testamento p e r s e g u í a , o h a b í a perseguido, en efecto, a D a v i d . E s t o , ¿ s e r í a u n a c a s u a l i d a d o que u n a cosa fue sacada de la otra? P o r l o d e m á s , t a l p e r s e c u c i ó n y s u causa, ¿ n o parecen responder a la a f i r m a c i ó n de la 1.ª a los Corintios ( X V , 9), donde P a b l o confiesa haber perseguido a la Iglesia de D i o s ? S i n contar, c o m o ya he hecho notar en o t r a o c a s i ó n , que no de-
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pendiendo los j u d í o s de Damasco de la j u r i s d i c c i ó n del S a n e d r í n de J e r u s a l é n , imposible que Pablo (olvidando ya, p o r supuesto, que era un adolescente) fuese encargado de perseguirlos. T o t a l , que los Hechos nos s i t ú a n en m e d i o de u n a serie de mentiras, f a n t a s í a s y supuestos tan s ó l o destinados a c o n t i n u a r el m i t o e v a n g é l i c o , tratando, p o r su parte, de exp l i c a r c ó m o se inició, a la muerte de J e s ú s , la c o m u n i d a d c r i s t i a n a que h a b r í a de encargarse de que no muriese su d o c t r i n a . Y si u n a cosa no era sino un m i t o , ¿ c ó m o esperar encontrar m á s v e r d a d y m á s l ó g i c a e n l a segunda? S i n contar, p o r o t r a parte, que los Hechos n a d a e n s e ñ a n en realidad a p r o p ó s i t o de J e s ú s . Y nada tampoco, ¿y c ó m o , puesto que no o c u r r i ó ? , acerca del p e r í o d o en que h u b i e r a debido empezar la p r o p a g a c i ó n de la nueva fe. C u a n t o en r e a l i d a d q u e r í a e l redactor d e l a p r i m e r a parte, d e este l i b r o era hacer creer que J e r u s a l é n h a b í a s i d o e l p u n t o d e p a r t i d a de la nueva d o c t r i n a . Y a causa de ello, y a falta de pruebas, dejar c o r r e r l a f a n t a s í a llegando h a s t a l a l a p i d a c i ó n d e E s teban, inventada p a r a h a l l a r u n pretexto que c o n s i d e r ó n o solamente suficiente, sino digno, p a r a presentar a P a b l o , y que al p u n t o é s t e empezase su c a r r e r a . C a r r e r a i n i c i a d a brillantemente mediante el contraste entre su o d i o p r i m e r o y su i n m e d i a t a c o n v e r s i ó n . D e s p u é s de todo esto, y m á s detalles probantes que s e r í a largo e i n c l u s o innecesario ya mencionar, ¿ c ó m o hacer creer, a no ser a fuerza de audacia en a f i r m a r , que los Hechos puedan tener, a s í c o m o los Evangelios, a los que v i n i e r o n a continuar, c a r á c t e r h i s t ó r i c o ? 0 sea, que en esta o c a s i ó n , c o m o en tantas otras, el prob l e m a c r i s t i a n o puede ser planteado de dos modos: o de acuerdo c o n un c r i t e r i o enteramente alejado de la l u z de la r a z ó n y dentro, en cambio, de la fácil y c ó m o d a oscuridad de la fe, c r i t e r i o que viene manteniendo la Iglesia hace diecinueve siglos, o, de otro, atento tan s ó l o a lo que e n s e ñ a u n a c r í t i c a serena y r a c i o n a l , de acuerdo con u n a i n t e r p r e t a c i ó n desapasionada de los elementos de que se dispone p a r a juzgar. P o r supuesto, n a t u r a l es que los que siguen a l a Iglesia a d m i t a n s i n d i s c u s i ó n cuanto é s t a a f i r m a 4.
RELIGIONES.
II
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respecto a lo que nos ocupa. A saber: Que m u e r t o J e s ú s , sus d i s c í p u l o s fundaron e n J e r u s a l é n u n a p e q u e ñ a comun i d a d , fuente, p o r decirlo a s í , del C r i s t i a n i s m o . A h o r a bien, cuanto se puede suponer, pensando l ó g i c a m e n t e a favor de los documentos que h a n quedado, es no s ó l o que el C r i s t i a nismo, como ya he dicho, y c o m o es generalmente a d m i t i do, no n a c i ó en J e r u s a l é n , sino en A n t i o q u í a , y que no h a y prueba alguna que p e r m i t a , no ya asegurar, sino tan siquier a hacer suponer, que h u b o t a l c o m u n i d a d c r i s t i a n a ( e n t i é n dase p o r « c r i s t i a n a » no u n a serie de afiliados a un C r i s t o del tipo del i m a g i n a d o p o r Pablo, de un Ungido, de un M e s í a s nacido en I s a í a s , D a n i e l y Henoc, sino u n a serie de afiliados d i s c í p u l o s del supuesto J e s ú s e v a n g é l i c o ) e n Jerus a l é n . E s t o , c o m o es n a t u r a l , p a r a los que piensan que J e s ú s es un p u r o m i t o , es no solamente lo lógico, sino lo cierto. M i e n t r a s que la Iglesia y cuantos la siguen se obstinan, pues p a r a ellos es absolutamente indispensable afirm a r l o , en lo c o n t r a r i o . Y a falta de pruebas hacen c o m o con J e s ú s : seguir creyendo e n l a c o n t i n u a c i ó n d e l m i t o d e é s t e , imaginado c o m o segunda parte de los Evangelios. C o m o « p r u e b a » y g a r a n t í a de J e s ú s ofrecen l o s Evangelios c a n ó n i c o s . P a r a la de la supuesta c o m u n i d a d , los Hechos de los Apóstoles, cuya v e r d a d e h i s t o r i c i d a d ya hemos v i s t o e n q u é consisten. A h o r a b i e n , d e l m i s m o m o d o que respecto a la figura de J e s ú s no hay testimonio alguno anterior al Evangelio de M a r c i ó n , fuente de los de la Iglesia, c o m o hemos visto ya, o sea, que p a r a encontrar testimonios de esta figura hace falta llegar a mediados d e l siglo II, pues las propias Epístolas atribuidas a Pablo, sobre ocuparse de C r i s t o , no de J e s ú s , hasta M a r c i ó n tampoco fueron conocidas, a s i m i s m o h a y que llegar a los Hechos p a r a tener noticias, falsas a todas luces, pero siquiera m e n c i ó n de ellas, de las supuestas comunidades cristianas de J e r u s a l é n . Naturalmente, a l llegar a q u í surge o t r a duda: D e haber existido esta c o m u n i d a d de J e r u s a l é n c o m o algo d i s t i n t o de las d e m á s de G a l i l e a , ¿ n o la h u b i e r a conocido y hablado de e l l a F l a v i o Josefo? ¿Y no es argumento probante, en c o n t r a
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de este segundo m i t o cristiano, p a r a los no cegados p o r la fe, claro e s t á , que un h o m b r e tan enterado c o m o Josefo de todo cuanto afectaba a su patria, no mencione esta supuesta p r i m i t i v a c o m u n i d a d c r i s t i a n a , secuencia n a t u r a l de un J e s ú s que, evidentemente, n o h a b í a tenido m á s r e a l i d a d que ella? De m o d o que tenemos: Que Josefo c i t a todas las sectas j u d í a s (fariseos, zeloteos, esenios, etc.), menos la cristiana p r i m i t i v a , y a todos los agitadores de tipo m e s i á n i c o , menos al que d e b í a de haber citado en p r i m e r lugar, siquiera no fuese sino a causa de sus m i l a g r o s y de los signos tremendos que o c a s i o n ó su muerte, y ni u n a p a l a b r a tampoco. ¿ Q u é quiere d e c i r esto? C o m o dice e l Evangelio: E l que sepa entender, que entienda. C i e r t o que, c o m o ú l t i m o recurso, se p o d r í a i n v o c a r en favor de tal c o m u n i d a d la Epístola a los Gálatas de Pablo, en la que se h a b l a de cierta c o m u n i d a d de J e r u s a l é n , a c u y a cabeza estaban Kefas, Santiago y J u a n . Pero s i n contar que conviene tener el m a y o r cuidado en aceptar de buenas a p r i meras lo que dicen estas Epístolas atribuidas a Pablo, no tan s ó l o p o r ser cosa fuera ya de dudas p a r a la c r í t i c a moderna, que e s t á n formadas p o r pedazos yuxtapuestos p o r M a r c i ó n , en el caso m á s favorable, es decir, que todo no fuese de su cosecha y el n o m b r e de P a b l o el pretexto p a r a que fueran m e j o r aceptados sus escritos y lo que en ellos o f r e c í a , s i h u b o u n P a b l o que s e d i s t i n g u i ó p o r s u a r d o r en favor de u n a nueva d o c t r i n a de s a l v a c i ó n n a c i d a de los profetas y escritores a p o c a l í p t i c o s j u d í o s , y, a d e m á s , que estas Epístolas fueron luego largamente interpoladas y manipuladas p o r la Iglesia con objeto de hacer con ellas, en p r o de su causa, lo que seguramente h a b í a hecho M a r c i ó n en provecho de la suya, es decir, la Iglesia p o r contrarrestar precisamente esto y darles un sello marcadamente antimarc i o n i t a (351); pues bien, aun olvidando todo ello y itiendo c o m o posible lo que se lee en esta Epístola (en I, 11) al f i n a l del c a p í t u l o p r i m e r o , y en el segundo, de los v e r s í c u los 1 a 15, ¿ q u é dice todo ello a p r o p ó s i t o de la supuesta c o m u n i d a d d e J e r u s a l é n ? M u y poco, e n realidad. Y , sobre todo, n a d a que i n d i q u e que se trataba de u n a c o m u n i d a d
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cristiana, en el sentido de que los que p e r t e n e c í a n a e l l a hubiesen sido d i s c í p u l o s de J e s ú s , sino simples j u d í o s practicantes d e l a ley y , c o m o é s t a ordenaba, d e l a c i r c u n c i s i ó n . Y en todo caso, si se piensa en ciertos detalles ya mencionados, detalles que los Hechos aumentan, h a c i é n d o n o s sab e r su r é g i m e n de v i d a en c o m ú n que se trataba m u y probablemente de u n a c o m u n i d a d esenia. E n l a Epístola leemos que P a b l o , « p a s a d o s tres a ñ o s » luego de su c o n v e r s i ó n , v o l v i ó a J e r u s a l é n p a r a « c o n o c e r a Kefas», a cuyo lado p e r m a n e c i ó quince d í a s . A ñ a d i e n d o algo que precisamente p o r c o n s t i t u i r una r e a f i r m a c i ó n de la que no h a b í a necesidad, hace d u d a r de lo que pretende p r o b a r con e l l a : « E n esto que os escribo, b i e n sabe D i o s que no m i e n t o . » Detalle que parece i n d i c a r no la v e r a c i d a d de P a b l o , sino que se trata simplemente de una interpolac i ó n . Y que q u i e n la h a c í a , temiendo que su a r t i f i c i o se reconociese, t r a t ó de j u s t i f i c a r su falsa v e r a c i d a d mediante estas ú l t i m a s palabras. Luego, en el c a p í t u l o II, que «al cabo de catorce a ñ o s volvió otra vez a J e r u s a l é n en v i r t u d de una r e v e l a c i ó n » . Y que c o n o c i ó a los que a l l í practicaban el Evangelio de la c i r c u n c i s i ó n a los j u d í o s , pero que él predicaba el de la i n c i r c u n c i s i ó n a los gentiles. «Que falsos hermanos que secretamente se e n t r o m e t í a n » trataron, p o r lo visto, de que T i t o , que a c o m p a ñ a b a a P a b l o y era gentil, fuese c i r c u n c i dado. Pero que ellos (Pablo, B e r n a b é y T i t o ) no consintier o n . Y que los que p a r e c í a n ser algo, Kefas, Santiago y J u a n , nada les e n s e ñ a r o n ( « D e los que p a r e c í a n ser algo, n a d a r e c i b í » . ) Y que, finalmente, quedaron en que ellos «se d i r i g i r í a n a los g e n t i l e s » , y las tres columnas, a los c i r c u n c i dados. P e r o en todo ello, ni u n a p a l a b r a que i n d u z c a a hacer creer que aquellos j u d í o s ortodoxos, p a r t i d a r i o s tan decididos de la c i r c u n c i s i ó n , hubiesen sido d i s c í p u l o s de un profeta l l a m a d o J e s ú s . L o que evidentemente hubiera tenido que evidenciarse, y largamente, en las Epístolas de P a b l o , sobre todo tras la p r i m e r a estancia de quince d í a s de Pab l o j u n t o a P e d r o . Porque de ser v e r d a d lo de J e s ú s y no
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u n s i m p l e m i t o , ¿ d e q u é sino d e é l hubiesen hablado? M i e n tras que a j u z g a r p o r estas Epístolas, P a b l o , de q u i e n e s t á l l e n o es, no de J e s ú s , al que como t a l M a e s t r o no n o m b r a , sino del C r i s t o que se le h a b í a revelado, c o m o dice en I, 11, 12. Cosa tanto m á s sorprendente cuanto que si creemos a los Hechos, redactados cuando ya el m i t o cristiano-romano estaba en m a r c h a , p o r acusar P e d r o y los suyos a los d e m á s j u d í o s de haber dado muerte a su Maestro, eran perseguidos. P e r s e c u c i ó n en la que la f a n t a s í a d e l redactor de esta s e c c i ó n d e l l i b r o hizo que P a b l o tomase u n a parte i m portante. Y, no obstante, en las Epístolas, ni una p a l a b r a de t a l sucedido, n i del t a l J e s ú s como personaje que h a b í a rec o r r i d o G a l i l e a s e m b r a n d o d o c t r i n a y milagros, ni de la c o m u n i d a d c o m o t a l c o m u n i d a d salida d e E l y distinta. L o s propios Hechos, inventados para h a b l a r de ella, ¿ q u é dicen en realidad? Pues ya lo hemos v i s t o : Que los que la integraban eran m u y piadosos; que c u m p l í a n r i g u r o s a m e n t e l o que ordenaba la ley; que v i v í a n unidos, poniendo todos sus bienes e n c o m ú n ; que a c u d í a n con a s i d u i d a d a l T e m p l o ; que t e n í a n un solo c o r a z ó n y una sola a l m a ; que « n i n g u n o de ellos t e n í a cosa p r o p i a , antes bien, lo t e n í a n todo en com ú n » , y que los dirigentes r e p a r t í a n los bienes s e g ú n las necesidades de cada uno. Es decir, exactamente c o m o los esenios. ¿ S e trataba, pues, de u n a c o m u n i d a d de esenios, c o m o parece i n d i c a r el buen sentido? ¿ S e a p r o v e c h ó de ella, ú n i c a que en r e a l i d a d se diferencia en J e r u s a l é n , a causa de su modo de v i v i r , de las d e m á s afiliadas t a m b i é n a las p r á c ticas de la ley, p a r a poder h a l l a r un grupo distinto de los que cada vez l a nueva Iglesia t e n í a m á s i n t e r é s e n cargar sobre sus espaldas la muerte del hombre-Dios que h a b í a inventado? V i s t o todo lo dicho a p r o p ó s i t o de Epístolas y Hechos de los Apóstoles, que cada uno juzgue lo que le parezca m á s probable. Y lo m i s m o acerca de ambos escritos c a n ó n i c o s .
LOS EVANGELIOS Puesto que ni en el Apocalipsis, ni en las Epístolas, ni en los Hechos de los Apóstoles, hay algo que valga la pena de ser tenido en cuenta, en lo que a la v i d a de J e s ú s afecta, a s í c o m o tampoco respecto a sus e n s e ñ a n z a s , no tenemos m á s r e m e d i o que acudir, de pretender saber algo sobre ambas cosas, a los Evangelios (352). En efecto, i m p o s i b l e no reconocer que, a menos de dejar i n t e r v e n i r la f a n t a s í a , es i m p r o b a b l e , con los datos de que disponemos hoy, i n c l u s o contando c o n los Evangelios (353), hacer u n a b i o g r a f í a d e J e s ú s , n i s i q u i e r a m u y extractada, a menos que el extracto sea el siguiente: Que s e g ú n los tres s i n ó p t i c o s hay que suponer que n a c i ó en G a l i l e a , en el seno de u n a f a m i l i a m u y modesta de artesanos. Que su padre se l l a m a b a J o s é , y su madre, M a r í a . Que tuvo cuatro hermanos: Santiago, J o s é , Judas y S i m ó n , y varias hermanas. Que h a c i a los treinta a ñ o s se l a n z ó a p r e d i c a r , y que durante unos meses r e c o r r i ó G a l i l e a seguido de unos cuantos c o m p a ñ e r o s . Y que habiendo i d o a J e r u s a l é n fue acusado de agitador m e s i á n i c o , de falso profeta y de blasfemo p o r los jefes d e l S a n e d r í n , que acabaron p o r conseguir que el gob e r n a d o r r o m a n o P o n c i o P i l a t o le condenase a ser c r u c i ficado. P a r a m á s detalles hay que a c u d i r a los Evangelios. P e r o esto es tanto c o m o a c u d i r a todo menos a lo h i s t ó r i c o . Pues s ó l o partiendo d e u n d e c i d i d o m o v i m i e n t o d e s i m p a t í a h a c i a el C r i s t i a n i s m o se puede no saber, p e r o sí creer en
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algo m á s . Pero cuando p a r a creer se parte de saber, se cree c o n r a z ó n ; cuando pretendiendo saber cuanto se hace es creer, no se sabe, se sueña (354). En cuanto al n o m b r e o p a l a b r a Evangelio, que desde el p r i m i t i v o de M a r c i ó n al ú l t i m o de los a p ó c r i f o s sirvieron p a r a ir a ñ a d i e n d o alamares a la figura de J e s ú s , u n a vez inventada, quiere decir, c o m o es b i e n sabido, buena nueva. A h o r a bien, l l a m a r l e s a s í es debido a tener p o r causa la costumbre de entonces de dar a cada l i b r o el n o m b r e d e l vocablo con que empezaba. Y c o m o en el a t r i b u i d o a M a r cos esta p r i m e r a p a l a b r a era EuavrreXiov, («Evangelion = = Evangelios), con Evangelio se q u e d ó y Evangelios fueron l l a m a d o s todos los d e m á s . E l según, que precede a l n o m b r e de cada uno de los supuestos autores: s e g ú n M a r c o , s e g ú n M a t e o , s e g ú n L u c a s (y.aza= secundum), t a l vez provenga de a l g ú n copista. En la segunda l í n e a del Canon de Muratori se lee: « E l tercer l i b r o del Evangelio s e g ú n L u c a s » , lo que parece i n d i c a r que no h a b í a un solo Evangelio, del c u a l M a r c o s , M a t e o y L u c a s ofrecieron cada u n o u n a v e r s i ó n diferente. E s t o mueve a pensar en el Urmarcus o Protomarco, de que tanto se ha hablado, Evangelio p r i m i t i v o que hub i e r a servido de punto de p a r t i d a a todos los d e m á s , y que, c o m o veremos, seguramente fue el compuesto p o r M a r c i ó n . P o r lo d e m á s , los copistas que, s i n duda de buena fe, pusier o n los nombres de M a r c o s , M a t e o y L u c a s al frente de lo que t r a n s c r i b í a n , probablemente ayudaron, s i n p r o p o n é r s e lo, a que posteriormente fuesen llevados al Canon de preferencia a otras copias a n ó n i m a s (355). Cuando Justino h a b l a de las Memorias de los Apóstoles, ¿a q u é textos se refiere? No a los s i n ó p t i c o s en todo caso, puesto que é s t o s eran siemp r e mencionados r e f i r i é n d o l o s a los supuestos personajes a los que eran atribuidos (356). En cuanto a su posible fecha de a p a r i c i ó n , las opiniones s o n sumamente diversas. Ni que decir tiene que p a r a los t e ó l o g o s ortodoxos, que, c o m o b i e n se comprende, trataron de acercarlos lo m á s posible a los tiempos inmediatos a la supuesta muerte de J e s ú s , no hay p r o b l e m a : fueron escri-
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tos inmediatamente tras las Epístolas de P a b l o . M a s p a r a los eruditos modernos, la v e r d a d sobre la c u e s t i ó n es otra. Guignebert, p o r ejemplo (muchos piensan a ú n en fechas sensiblemente posteriores), c r e í a que Marcos fue redactado antes del a ñ o 70, Mateo entre 85-90 y Lucas de 100 a 110. P e r o s i s e d e m o s t r a s e — a ñ a d e , suponiendo c o n m u y buen sentido—que p u d i e r a n haber sido hechos c o n fecha poster i o r , « n o me s o r p r e n d e r í a » . Y esto, p o r supuesto, los textos p r i m i t i v o s . Pues luego las modificaciones no duda de que debieron ser muchas hasta la c a n o n i z a c i ó n , o r a en las d i ferentes Iglesias, b i e n p o r o b r a de copistas particulares, que los a m a ñ a r í a n a su gusto atendiendo tan s ó l o a fines de propaganda, cuando no puramente e c o n ó m i c o s . E n cuanto adonde fueron escritos, e l s e ñ o r Guignebert opinaba que Marcos probablemente en R o m a o, «en todo caso, fuera de P a l e s t i n a » ; Mateo, en A s i a M e n o r o en S i r i a ; Lucas, en alguna c o m u n i d a d griega de E u r o p a o de A s i a . En lo que a su integridad respecta, opina, y c o n él todos los eruditos no ortodoxos, que c o m o desde su p r i m e r a red a c c i ó n hasta su entrada en el Canon p a s a r o n cien a ñ o s o m á s , las Iglesias donde fueron aceptados los alteraron y r e f o r m a r o n de acuerdo con sus necesidades (357). En el l i b r o citado de J a c q u i e r (nota 355) se puede seguir la histor i a de estos textos. « C u a n d o haya a ñ a d i d o — s i g u e Guignebert—que la t r a d i c i ó n p r i m i t i v a se expresaba en arameo y que su paso al griego (pues los textos originales de los Evangelios fueron escritos en griego) no se r e a l i z ó probablemente s i n d a ñ o p a r a ella, e n que l a p r á c t i c a del plagio m á s evidente se a r m o n i z a a m a r a v i l l a c o n el desprecio d e l texto plagiado y donde el completo d e s d é n d e l orden, de la l ó g i c a y de la c r o n o l o g í a es c o m o la regla fundamental, a s í c o m o la s i n c e r i d a d del sentimiento y la espontaneidad de la i n t e n c i ó n reemplazan s i n pena al cuidado de la exact i t u d m a t e r i a l , se c o m p r e n d e r á que las mayores precauciones se i m p o n e n al que intenta a r r a n c a r a tan terribles documentos jirones de verdad que t a l vez posee a ú n . » Sigo traduciendo p a r a que el lector pueda darse cuenta de la v e r d a d de la a f i r m a c i ó n que asegura que los l i b r o s
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c a n ó n i c o s son sin error y revelados. E m p e z a n d o p o r advert i r que el s e ñ o r Guignebert fue durante muchos a ñ o s profes o r de H i s t o r i a del C r i s t i a n i s m o en la S o r b o n a . Que era un sabio de p r i m e r orden. Y como h i s t o r i a d o r , como verdadero h i s t o r i a d o r , e s p í r i t u sereno, j u s t o e i m p a r c i a l . Pues bien, tras decir que u n a l e c t u r a superficial de los s i n ó p t i c o s acusa sus semejanzas, pero que un examen m á s atento revela entre los tres libros notables diferencias, a ñ a d e : « E n partes comunes se observan variaciones que llegan hasta la c o n t r a d i c c i ó n . D e l u n o a l otro, e n e l m i s m o relato, aparecen detalles inconciliables; la m i s m a sentencia recibe no solamente un lugar, sino u n a u t i l i z a c i ó n diferente; el cuadro, digamos h i s t ó r i c o , en que son colocadas las e n s e ñ a n z a s de J e s ú s , c a m b i a completamente y el encadenamiento de los episodios puede ser desemejante. C a d a uno de los tres tiene partes que le son propias, y t a m b i é n lagunas c o n r e l a c i ó n a los otros o a uno de los otros. Así, p o r no poner sino un ejemplo, Marcos no dice nada del n a c i m i e n t o d e l N i ñ o Jes ú s , y los dos relatos de Mateo y Lucas son i n c o n c i l i a b l e s . » N a t u r a l m e n t e , lo anterior (me refiero al hecho de que tengan partes comunes y otras diferentes) induce a pensar que los tres redactores de los Evangelios t u v i e r o n ante los ojos textos iguales o un texto i g u a l , lo que tienen de semejantes, y textos diferentes p a r a lo d e m á s . Pero u n a comp a r a c i ó n paciente y m i n u c i o s a ha convencido a los eruditos modernos de que no fue a s í , sino que se t r a t a de u n a s i m p l e c u e s t i ó n d e a n t i g ü e d a d . E l p r i m e r o e n aparecer fue Marcos; luego Mateo y Lucas trabajaron sobre él, completando sus relatos con otros documentos de tipos Logia o Quelle. Es decir, o r a de c a r á c t e r d i d á c t i c o , ya n a r r a t i v o . F o r m a s ambas p o r las que h a b í a desviado l a t r a d i c i ó n o r a l . En definitiva, la idea que en esto acaba p o r a c u d i r a todo e s p í r i t u i m p a r c i a l es: ¿ Q u é c r é d i t o dar a textos que antes de llegar a ser considerados c o m o c a n ó n i c o s c i r c u l a r o n p o r diferentes Iglesias, cada u n a de las cuales los a d a p t ó a sus puntos de v i s t a y conveniencia, de los que no se poseen originales, sino copias de copias; copias que la ignorancia, la negligencia e i n c l u s o la m a l a i n t e n c i ó n o el fanatismo de
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los copistas d a r í a t a l vez a ciertos pasajes un giro y un tono de acuerdo c o n su m o d o de pensar? Y lo mismo que en lo que afecta a J e s ú s , se puede decir respecto a lo que afecta a la h i s t o r i a del C r i s t i a n i s m o (358). Cuando el propio Papias p r e f e r í a la t r a d i c i ó n o r a l , que p o r lo visto seguía circulando, a los textos escritos, ¿ q u é se puede deducir de ello? (359). E u s e b i o , que p o d í a a ú n leer a Papias, escribe a p r o p ó s i t o de esto: « A ñ a d e a ú n otras cosas c o m o recibidas de la t r a d i c i ó n o r a l , ciertas p a r á b o l a s del S e ñ o r y de sus e n s e ñ a n z a s , que no dejan de sorprender, y diversos relatos enteramente falsos» (Historia eclesiástica, I I I , 39, 11). En u n a p a l a b r a : que a cuantos se les antojaba o les pagaban, tomaban las tablillas y el p u n z ó n y estampaban en ellas lo que mejor les p a r e c í a , a t r i b u y é n d o s e l o a J e s ú s . En cuanto a Papias, obispo de H i e r á p o l i s , muerto entre 170 y 180, es el p r i m e r o que h a b l a de los Evangelios de Mateo y de Marcos. De Lucas y Juan no dice nada. Este silencio de Papias y de todos los Padres a p o s t ó l i c o s c o n t e m p o r á n e o s suyos prueba, si no que los Evangelios c a n ó n i c o s no estab a n a ú n compuestos b i e n vencido y a e l siglo u , pues p o d í a n estarlo y no ser considerados a ú n c o m o tales, que no t e n í a n t o d a v í a la a u t o r i d a d y curso que adquirieron luego. En lo que al a t r i b u i d o a J u a n afecta, no es de e x t r a ñ a r , puesto que, c o m o sabemos, tuvo que pasar m u c h o tiempo antes que fuese a d m i t i d o con v a l o r semejante al de los s i n ó p ticos (360). De m o d o que é s t a es la c u e s t i ó n y su verdadero estado: U n o s l i b r o s , los Evangelios, escritos con fines a p o l o g é t i c o s y muchas veces, c o m o probablemente todos los considerados c o m o a p ó c r i f o s , c o n fines de l u c r o , por cuantos se c r e í a n capaces de ello; pero, en f i n , los primeros, destinados a la catequesis y al culto y tendiendo ú n i c a m e n t e a ello. C o n el p r i m e r p r o p ó s i t o , es decir, c o m o a p o l o g í a , p a r a ver de probar no tan s ó l o que J e s ú s era el M e s í a s , sino el Cristo, pues cuando fueron redactados los Evangelios m á s tarde c a n ó n i c o s , ya se h a b í a decidido a s í , o r a por creerlo realmente, o r a p o r j u z g a r conveniente que lo creyesen los dem á s . Y en lo que afecta ál culto, porque una vez nacido
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é s t e e n t o r n o a l nuevo D i o s , era i m p r e s c i n d i b l e para honr a r debidamente a l S e ñ o r (Kuptoí) u n a leyenda e n l a que apoyar su culto, leyenda que constituye los Evangelios. De este modo, y a causa de la necesidad de adaptar las tradiciones e v a n g é l i c a s a la l i t u r g i a , se fue constituyendo la t r a m a externa de la nueva r e l i g i ó n , t o m a n d o c o m o base lo que par e c i ó m á s conveniente de lo que se d e c í a de otros dioses de s a l v a c i ó n , m á s tradiciones a p o c a l í p t i c a s j u d í a s y citas d e l Antiguo Testamento (361). ¿ H a b r á que i n s i s t i r , pues, sob r e que los p r i m e r o s redactores de los Evangelios p o d í a n hacer todo menos relatos h i s t ó r i c o s ? Luego—como dice L o i s y — , l a t r a d i c i ó n e v a n g é l i c a fue «en gran parte u n producto d e l a f e c r i s t i a n a » . E r a n a t u r a l . E n una palabra, que, como, p o r s u parte, apunta Guignebert, s i y a l a t r a d i c i ó n o r a l era de p o r sí poco digna de fe en cuanto a v e r a c i d a d de lo que relataba, tanto ella c o m o «lo escrito relativo a Jes ú s puede caracterizarse con estas palabras: que tiende a la e l i m i n a c i ó n progresiva de la realidad h i s t ó r i c a y a su s u s t i t u c i ó n por una leyenda m e j o r a n t e » . De modo que, en lo que afecta a la persona de J e s ú s , aun los que a d m i t e n la p o s i b i l i d a d de su existencia, lo ú n i c o que pueden d e d u c i r del incierto y alterado texto de los Evangelios es que fue crucificado (si es que no fue lapidado y luego colgado en un madero, s e g ú n la costumbre j u d í a ) tras haber sido acusado de blasfemia y de falso mesianism o . A h o r a bien, en lo que a su d o c t r i n a afecta, ¿ s o m o s m á s afortunados que en lo que respecta a su m i t o ? (362). En esto t a m b i é n , entre los que juzgan la d o c t r i n a que se le atribuye c o m o la c u m b r e de la p e r f e c c i ó n m o r a l y de la o r i g i n a l i d a d , y los que se suman a Steudel, que d e c í a , y nadie ha recogido t o d a v í a su reto: « Q u e d a r í a a g r a d e c i d o . a todo t e ó l o g o que me trajera u n a sentencia de J e s ú s de la que no p u d i e r a demostrar que existia ya algo semejante en su é p o c a » , caben todas las opiniones. P o r mi parte, me quedo en el punto prudente en que se colocaba Guignebert, cuando se l i m i t a b a a decir: « N o reconozco siempre en los
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logia atribuidos a J e s ú s la originalidad i n i m i t a b l e que algunas veces se los presta a ú n . » Resulta, pues, y é s t a es o p i n i ó n corriente entre los c r í t i cos, salvo los ortodoxos, como es n a t u r a l , que los Evangelios no pueden ser considerados c o m o o t r a cosa que el resultado de la fe y de la t e o l o g í a de los medios en que fueron escritos. C o m o a t e s t a c i ó n del estado de la t r a d i c i ó n en aquel momento, allí donde fueron redactados, a s í c o m o de las creencias del medio. G r a n parte de e l l o v e n í a ya en el Evangelio de M a r c i ó n , l i b r o en que este hombre, de poder o s o e s p í r i t u , h a b í a plasmado, tras c r i b a r l o y pasarlo a trav é s de su genio m í s t i c o , todas las aspiraciones hacia u n a nueva r e l i g i ó n d e s a l v a c i ó n . L o s s i n ó p t i c o s cuanto t u v i e r o n que hacer, siguiendo sus pasos, fue concretar tales aspiraciones, de acuerdo con la m a n e r a de pensar de la Iglesia que alboreaba, en un cuerpo de doctrina, atribuyendo esta d o c t r i n a al hombre-Dios, al que t o m a r o n c o m o estandarte. Naturalmente, como lo que d e c í a n era, en cierto modo, el pensar e i n c l u s o querer de todos, y los s i n ó p t i c o s , la m a n i f e s t a c i ó n escrita de este pensar, p o r ello el que los redactores de estos l i b r o s no se creyesen obligados a respetar escrupulosamente tradiciones que m á s que copiaban, transcrib í a n . A causa de ello, s i n duda, estimar que obraban b i e n retocando y enmendando lo que r e c i b í a n , cuando no lo consideraban suficientemente claro, y, consecuentemente, no dud a r en adaptarlo c o m o m e j o r lo estimaba s e g ú n su leal saber y entender, con objeto de p o n e r l o de acuerdo con los fines a que era destinado aquello que t r a n s c r i b í a ( p r e d i c a c i ó n , a p o l o g í a , m i s i ó n , controversia, etc.). E l l o hizo que el trabajo de e l a b o r a c i ó n de los textos fuese i n i n t e r r u m p i d o hasta el m o m e n t o en que fueron escogidos los que se q u e r í a considerar c o m o definitivos. Lo que se r e a l i z a r í a seguramente luego de c o m p a r a r los textos que circulaban, demasiado alterados ya, con los manuscritos que se estimasen c o m o m á s autorizados. Y de los textos fijados de este m o d o sal i e r o n luego los dos m i l o m á s manuscritos griegos de los Evangelios (pues ninguno fue t r a d u c i d o directamente del arameo ni del hebreo, sino todos de aquel i d i o m a y cuando
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ya la fe marchaba p o r las v í a s que h a b í a trazado la Iglesia) que han llegado a nuestras manos. S i n contar, por supuesto, los leccionarios, manuscritos destinados a contener tan s ó l o lo que era l e í d o en los actos del culto, y los m a n u s c r i tos con textos en diversas lenguas, p r i n c i p a l m e n t e en copto, pero t a m b i é n en s i r í a c o y en l a t í n , cuyo conjunto, sumado a l anterior, seguramente d u p l i c a s u n ú m e r o (363).
* * * L o s Evangelios, c o m o todos los escritos c a n ó n i c o s , plantean u n a p o r c i ó n de problemas. Y a ú n de un m o d o m á s grave, puesto que son los textos principales, a causa de contener, al menos t a l a f i r m a y pretende la Iglesia, la v i d a , palabras y d o c t r i n a de J e s ú s . De estos problemas, los esenciales son los relativos a los tres puntos siguientes: autent i c i d a d , v e r d a d y fecha de la c o m p o s i c i ó n de los Evangelios. Desde luego, se puede asegurar que entre lo que a prop ó s i t o de estos tres puntos dice la Iglesia y lo que a f i r m a l a c r í t i c a c i e n t í f i c a m o d e r n a , hay u n a discrepancia total. L a Iglesia, c o m o habla a la fe, reforzada, p o r lo general, p o r la m á s t o t a l ignorancia sobre estas cuestiones, pues la regla suele ser que se cree porque se ignora, se contenta con dogm a t i z a r . Es decir, con a f i r m a r . S i n tener necesidad de prob a r lo que asegura, puesto que es c r e í d a p o r su p a l a b r a . T a n t o m á s f á c i l m e n t e cuanto m á s apoye sus afirmaciones en milagros, prodigios, p r o f e c í a s y d e m á s verdades semejantes. M i e n t r a s que l a c r í t i c a religiosa m o d e r n a n o s ó l o no cree s i n pruebas, sino que estima que la casi t o t a l i d a d de cuanto a f i r m a la Iglesia carece de fundamento h i s t ó r i c o y, consecuentemente, de verdad. C o m o es n a t u r a l , entre q u i e n no tiene otro f i n que é s t e , la verdad, y los que viven a fuerza de m i x t i f i c a r l a , no puede haber a r m o n í a . Veamos la p r i m e r a de las tres cuestiones mencionadas: la autenticidad. En lo que a la autencididad de los textos respecta, lo p r i m e r o que conviene decir es que lo ú n i c o que diferencia a los Evangelios considerados p o r la Iglesia c o m o auténtv-
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eos, de los apócrifos, consiste: En que los p r i m e r o s , tras incontables luchas, disputas y vacilaciones entre las diferentes Iglesias de entonces, los al f i n elegidos fueron considerados c o m o los verdaderos, y los otros desechados. N a turalmente, u n a vez a d m i t i d o s en el Canon aquellos a los que les cupo esta suerte, los t e ó l o g o s ortodoxos empezaron a a f i r m a r , a f i r m a c i ó n que se sigue sosteniendo, que cada u n a de las palabras de estos textos es o b r a de revelación, y que estos Evangelios se l i m i t a n a t r a n s c r i b i r fielmente la v i d a del Dios-hombre y sus palabras. T o m e m o s buena nota de ello, Sobre todo sabiendo, c o m o sabemos, sin que sobre ello haya duda alguna, no s ó l o su origen, sino c ó m o luego fueron m i l veces retocados, modificados y a m a ñ a d o s . P o r supuesto, contradecirlos de buenas a p r i m e r a s h a c i é n doles observar que otros t e ó l o g o s de distintas religiones d i cen exactamente lo m i s m o de sus l i b r o s santos, lo que sin necesidad de m á s explicaciones p r u e b a que todos ellos, en este sentido, e s t á n atacados de m a n í a de grandeza (o de simple m a n í a d e e n g a ñ a r c o n fines e c o n ó m i c o s ) , parece u n poco fuerte. S o b r e todo sabiendo, en lo que a los t e ó l o g o s c a t ó l i c o s afecta, que t a l a f i r m a c i ó n e s t á sostenida p o r l a infalibilidad de los P o n t í f i c e s de la Iglesia. Luego de it i r esto, o sea, que no pueden equivocarse en cuestiones de fe y de r e l i g i ó n , ¿ c ó m o atreverse a sospechar que p u d i e r a n i n c u r r i r en error, aunque se lo propusieran, puesto que su i n f a l i b i l i d a d se lo i m p e d i r í a ? M a s , por o t r a parte, ¿ n o nos ha parecido advertir en todo lo « c a n ó n i c o » examinado hasta ahora, que no obstante asegurar que era a s i m i s m o resultado de inspiraciones divinas y obras reveladas, v e n í a a ser cosa p r o b a d a que los textos en c u e s t i ó n no eran sino el resultado de innumerables manipulaciones de los ya sospec h o s í s i m o s escritos p r i m i t i v o s , y que en ellos las contradicciones e incluso las falsedades abundaban, es decir, que estaban llenos de m á c u l a s en las que no h u b i e r a sido posible que incurriese u n a D i v i n i d a d que, p o r o t r a parte, p i n t a n absolutamente sabia y perfecta en todo? C l a r o que como, en definitiva, todos los textos examina-
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dos hasta ahora, Apocalipsis, Epístolas atribuidas a P a b l o y Hechos de los Apóstoles son o b r a de hombres, t a l vez lo que o c u r r a es que h a y a habido algo de entusiasmo e incluso de p r e c i p i t a c i ó n en i n t r o d u c i r l o s en el Canon; y que a ello obedezca q u i z á e l a t r i b u i r l e s , s i n m a l i c i a , p o r supuesto, ni m a l a v o l u n t a d , excelencias y origen extraterrenales, que tal vez no corresponden en r e a l i d a d sino a los Evangelios. Porque ya ha sido dicho, y es m u c h a verdad, que a p r o p ó s i to de los textos que d e b í a n figurar en el Canon no h u b o acuerdo ni u n i f o r m i d a d durante m u c h o tiempo. A causa de ello, ciertos de los l i b r o s que figuran en él, tales c o m o el Apocalipsis, las propias Epístolas de P a b l o y, no tengo m á s remedio que repetirlo, el Evangelio a t r i b u i d o a san J u a n (cierto que é s t e es entera y absolutamente distinto de los otros), fueron causa de verdaderas luchas en el seno de las diferentes Iglesias de entonces, c o n m o t i v o de si d e b í a n ser i n t r o d u c i d o s en el Canon o no. T a l se ve, en efecto, en la Historia eclesiástica ( I I I , 3 y siguientes) de E u s e b i o , el sabio y tolerante o b i s p o de Cesarea. S i n contar que hasta mediados d e l siglo iv no fuese a d m i t i d o p o r las Iglesias d e Occidente q u é l i b r o s d e b í a n ser considerados y aprobados c o m o a u t é n t i c o s y c a n ó n i c o s , y s ó l o tres cuartos de siglo m á s tarde p o r las de Oriente. Lo que demuestra b i e n claro que los c e l o s í s i m o s y encontrados grupos e c l e s i á s t i c o s de entonces anduvieron a la g r e ñ a durante m á s de dos siglos a p r o p ó s i t o de q u é h a b í a que considerar d i v i n o , i n s p i r a d o y revelado, y q u é no. P o r fortuna p a r a ellos, el E s p í r i t u Santo (del que t a m b i é n se ha hablado m u c h o y c o n el que se ha contado en el C o n c i l i o que acaba de t e r m i n a r ) d e b i ó intervenir u n a vez m á s e inspirarles que l o m á s conveniente p a r a s u e c o n o m í a era n o d i s c u t i r m á s sobre algo que estaba degenerando en e s c á n dalo, y c o m o lo verdaderamente interesante era que los creyentes siguiesen s i é n d o l o , lo mejor que p o d í a n hacer era resolver la c u e s t i ó n a favor de un m i l a g r o , ya que el resultado de los m i l a g r o s sobre la ignorancia es siempre seguro. Y, en efecto, como ya he d i c h o y c o m o es b i e n sabido, decid i e r o n dejar todos los l i b r o s objeto de la disputa sobre un
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altar y pasar allí m i s m o la noche en el recogimiento y la o r a c i ó n , o c u r r i e n d o que al llegar el nuevo d í a el m i l a g r o se h a b í a operado: Sobre el altar estaban los l i b r o s verdaderos, y en el suelo, los apócrifos. ¡ L á s t i m a que ahora, m e r c e d a un p r o d i g i o semejante, no hubiese medio de poner de acuerdo a los que disienten sobre estas cuestiones! Quiero decir, a los que tienen la cost u m b r e o la m a n í a de pensar y no a d m i t i r las cosas s i m plemente porque sean dichas, p o r solemnemente que t a l cosa se haga, desde u n a c á t e d r a empinada y t e ñ i d a de infal i b i l i d a d . O sea, no aceptando a s í , de buenas a p r i m e r a s , revelaciones y milagros. Ni e s t é n dispuestos a a t r i b u i r a rev e l a c i ó n d i v i n a algo s i n previamente estar enteramente seguros, p r i m e r o , de la existencia de t a l D i v i n i d a d . Pues si bastasen afirmaciones solemnes p a r a que las cosas fuesen c r e í d a s h a b r í a que a t r i b u i r t a m b i é n e l c a r á c t e r d e revelados a los antiguos Libros Sibilinos, que tanto c r é d i t o gozar o n en la a n t i g ü e d a d , o a los Vedas y al Corán, cuya d i v i n i d a d y c a r á c t e r revelado es sostenido t a m b i é n p o r muchos m i l l o n e s de criaturas que creen en ellos. Segundo, porque vistos los fallos de Apocalipsis, Epístolas y Hechos, hemos preferido no a t r i b u i r l e s c a r á c t e r revelado, y la m i s m a prudencia nos empuja a hacer otro tanto c o n los Evangelios, d e c i s i ó n preferible a tener que pensar m a l , bastante m a l , rematadamente m a l , de la D i v i n i d a d que hubiese hecho tales revelaciones. En cuanto a é s t o s , lo p r i m e r o que positivamente nos consta es que hasta que al f i n se decidieron los que disputaban p o r los cuatro que h a b í a que considerar c o m o verdaderos, h u b o varias docenas de Evangelios que a s p i r a b a n al m i s m o honor. C o m o J e s ú s n o d e j ó nada escrito (para poder seguir hablando d e E l h a y que suponer, siquiera p o r u n momento, que e x i s t i ó ) y apenas muerto se l e v a n t a r í a a p r o p ó s i t o de su v i d a y palabras u n a abundante t r a d i c i ó n o r a l (cosa lógica si se da p o r cierto lo que se dice de E l : el a m o r y a d m i r a c i ó n que h a b í a inspirado a sus d i s c í p u l o s ) , t r a d i c i ó n que, c o m o es n a t u r a l , el d o l o r y el recuerdo i r í a n agrandando e i n c l u s o m o d i f i c a n d o (pues es cosa m u y h u m a n a aumentar
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y g l o r i f i c a r lo que se a d m i r a ) , cuando l l e g ó el m o m e n t o de poner esta t r a d i c i ó n , hasta entonces o r a l , por escrito; p a r a que no se siguiese deformando, todos cuantos estuviesen en condiciones de hacerlo a c u d i r í a n a u n a de las dos fuentes en que tal t r a d i c i ó n se h a b í a d i v i d i d o : la relativa a la v i d a d e l M a e s t r o y la especialmente dedicada a sus palabras y e n s e ñ a n z a s ; Quelle y Logia, que se dijo d e s p u é s . C o n lo que e m p e z a r í a n a aparecer Evangelios parciales a gusto y manera de cada redactor. M á s tarde, los que encontraron que de la infancia de J e s ú s , p o r ejemplo, se h a b í a dicho m u y poco, h i c i e r o n los Evangelios l l a m a d o s de la infancia, trozos de algunos de los cuales h a n llegado hasta nosotros. L o s que estimaron que sobre lo que c o n v e n í a i n s i s t i r o enriquecer era sobre t a l o c u a l parte de su v i d a o de su doct r i n a , a ello se a p l i c a r o n . Y el resultado de tanto a m o r y tanto celo fue, c o m o i b a diciendo, la d i v e r s i d a d de Evangelios. D i v e r s i d a d considerable, bien que s ó l o u n a p e q u e ñ a parte de ellos haya llegado hasta nosotros, pues la Iglesia, u n a vez triunfante, se a p r e s u r ó a destruir lo que, a su j u i c i o , sobraba y no s e r v í a ya sino p a r a hacer s o m b r a a los Evangelios aceptados c o m o c a n ó n i c o s . Ireneo, p r o b a n d o que el c u a d r o era t a l c u a l acabo de dec i r , se lamentaba ya a fines d e l siglo n, en su Tratado contra las herejías ( I I I , 11), de los desaprensivos que, sin d u d a p o r ganar dinero, c o m p o n í a n Evangelios: « H a y cuatro Evangelios—decía—, ni u n o m á s ni uno menos, y s ó l o hombres de e s p í r i t u ligero, ignorantes o insolentes, falsificando la naturaleza de l o s Evangelios pueden aumentar o d i s m i n u i r su n ú m e r o . » Y lo m i s m o que él, otros autores antiguos hacen referencia a t a l o c u a l Evangelio no a u t é n t i c o , no verdadero. Así, a d e m á s del de los nazarenos, del de los ebionitas, del l l a m a d o de los j u d í o s o del de los egipcios, h a b í a el Evangelio de Santiago, l l a m a d o el primer Evangelio; el de N i c o d e m o , citado p o r san Justino y p o r T e r t u l i a n o ; el de P e d r o ; el de T o m á s ; el de B e r n a b é , y otros muchos. M a s ¿ p a r a q u é invocar otros testimonios que e l del p r o p i o L u cas, que d i r i g i é n d o s e a T e ó f i l o escribe al empezar el suyo: « P u e s t o que ya muchos h a n intentado e s c r i b i r lo que ha
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sucedido entre nosotros..., me ha p a r e c i d o a mí t a m b i é n , d e s p u é s de i n f o r m a r m e exactamente de todo, desde los orígenes, escribirte o r d e n a d a m e n t e . . . » ? De m o d o que o l v i d a n d o a los que, c o m o los socinianos, consideraban clandestinos hasta los cuatro c a n ó n i c o s , apuntemos: P r i m e r o , que cuantos fueron capaces de hacerlos y les p a r e c i ó conveniente, o r a llevados de fe y entusiasmo, b i e n empujados p o r s i m p l e p r o p ó s i t o de l u c r o , e s c r i b i e r o n Evangelios. Segundo, que la Iglesia, p a r a evitar el p e r j u i c i o que t a l abundancia causaba a la d o c t r i n a que se h a b í a propuesto sustentar, y al m i s m o tiempo cortar lo que ya degeneraba en abuso, d e t e r m i n ó que de todos ellos tan s ó l o cuatro eran los verdaderos. Tercero, que u n a vez declarado el C r i s t i a n i s m o r e l i g i ó n o f i c i a l del I m p e r i o , se a p r e s u r ó , mediante cuantos medios estuvieron a su alcance, a hacer desaparecer los Evangelios a p ó c r i f o s . Es decir, a hacer con ellos exactamente c o m o con cuantos l i b r o s se o p o n í a n , o c r e í a que se o p o n í a n , a lo que e l l a predicaba. Cuarto, a declarar, p o r el c o n t r a r i o , que los cuatro escogidos y patrocinados p o r ella eran inspirados, "divinos, revelados e intangibles en cuanto a su texto. T o d o ello con objeto no solamente de que estos ú l t i m o s fuesen m á s fácilmente c r e í d o s , sino y al m i s m o t i e m p o aceptada la f é r u l a de los encargados de e n s e ñ a r l o s y exponerlos. C o n lo que el p r o b l e m a se va s i m p l i f i c a n d o , pues ya no queda sino e x a m i n a r los cuatro considerados c o m o c a n ó n i c o s y ver s i , en efecto, son t a l c u a l la Iglesia los estima. M a s al punto surge u n a d u d a grave respecto a la intangib i l i d a d y fijeza de estos textos. Y o t r a no menos grave y fastidiosa en lo que afecta a su v e r a c i d a d . Pues parece indudable que estos Evangelios, lo m i s m o que las Epístolas y los Hechos, fueron durante m u c h o tiempo, c o m o sabemos, retocados, alterados, modificados, interpolados y a m a ñ a dos hasta dejarlos c u a l h a n llegado a nosotros. No siguier o n m a n i p u l a n d o c o n ellos a causa de considerar que ya no
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e r a necesario u n a vez declarados c a n ó n i c o s . Celso e s c r i b í a , a l l á por los a ñ o s 170 ó 180: «Con objeto de sustraerlos a las refutaciones, ciertos fieles m o d i f i c a n el texto p r i m i t i v o de los Evangelios tres, cuatro y a ú n m á s veces, a f i n de que sean m á s f á c i l m e n t e a c e p t a d o s . » Se d i r á tal vez: Pero es que Celso era enemigo del Crist i a n i s m o . Y la p r u e b a es que si conocemos su o b r a (Discurso verdadero), es gracias a la r e f u t a c i ó n que de ella h i z o . O r í g e n e s . A h o r a bien, de argumentar de este modo, lo mismo se p o d r í a decir de cuantos modernamente h a n trabajado y siguen trabajando a p r o p ó s i t o de estas cuestiones: los Strauss, los R e n á n , los L o i s y , los B u l t m a n n , los Guignebert, los Schweitzer, etc. Es decir, de cuantos sabios, c r í t i c o s , eruditos y exegetas h a n demostrado lo que, a su j u i c i o , hay de no h i s t ó r i c o y de falso en el C r i s t i a n i s m o y en sus textos. O sea, asegurar que son t a m b i é n ellos enemigos de esta r e l i g i ó n . L o que n o s e r í a e n m o d o alguno cierto n i justo. Y sí, en c a m b i o , decir, como de Celso, que lo que son y e r a é s t e , era tan s ó l o enemigos de lo no verdadero. Y que trabaj a n , c o m o lo h i z o Celso, en p r o de esto, de la verdad. S i n que su o p o s i c i ó n a lo que la Iglesia asegura hoy, c o m o la o p o s i c i ó n de Celso a lo que aseguraba la de entonces, signifique enemistad, sino t a n s ó l o que unos y o t r o estiman que no es cierto lo que ahora, c o m o entonces, se trataba de hacer creer. Y nada m á s . N o , Celso no era enemigo d e l C r i s t i a n i s m o , sino simplemente amigo de la verdad. Y como v e í a lo que algunos partidarios de esta d o c t r i n a h a c í a n c o n los textos que luego eran declarados intangibles y revelados, lo d e c í a . Y que lo que d e c í a era cierto lo p r u e b a el hecho de que los directores y maestros de la nueva r e l i g i ó n t u v i e r o n que acabar, p a r a dar f i n a los manejos, p o r f i j a r determinados textos y concederles a u t o r i d a d . A u t o r i d a d que negaron a todos los d e m á s . Y t u v i e r o n que llegar a ello p a r a evitar mayores males: de t a l m o d o d i v e r g í a n las opiniones y tendencias en cuestiones de fe entre las diversas comunidades cristianas. Y la m e j o r certeza acerca de esta d i v e r s i d a d la tenemos viendo que hasta en los l i b r o s destinados a ser considera-
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dos como c a n ó n i c o s hubo que aceptar tres tipos distintos. A saber: en A l e j a n d r í a , el l l a m a d o de H e s y c h i u s ; en Cesarea, el de Panfilo, y en A n t i o q u í a , el de L u c i a n o . M á s los de Occidente. Y a u n a s í , dentro de cada t i p o v a r i a b a n las traducciones, a causa de lo c u a l en los papiros se encuentran, p o r ejemplo, en L u c i a n o , m á s de tres m i l pasajes redactados de m o d o diferente. C o m o es l ó g i c o , todo parece i n d i c a r que tres m i l revelaciones distintas acerca de la m i s m a cosa es demasiado hasta p a r a la D i v i n i d a d m á s fecunda y p a r a el m á s alado de los E s p í r i t u s Santos. Así c o m o que Celso, diciendo lo que observaba, demostraba ser m á s amigo de la v e r d a d que enemigo de la naciente y tan t r a í d a y llevada doctrina. A causa de esta falta de u n a n i m i d a d y, s i n duda, movidos a clemencia h a c i a la d i v i n a i n s p i r a c i ó n , los Padres de la Iglesia acabaron p o r a d m i t i r que ni t a n siquiera los Evangelios escogidos p o d í a n considerarse como fuentes de p r i m e r a mano, e n e l sentido l i t e r a l d e l a palabra. Y , sin duda, c o m o prueba de su m o d o honrado de considerar las cosas, la p a l a b r a « k a t a » , según, que e m p e z ó a encabezar y sigue encabezando a cada Evangelio c a n ó n i c o : Evangelio según Mateo, Evangelio según M a r c o s , Evangelio según Lucas o según J u a n . C o n lo c u a l parece ser que se q u e r í a decir: no que tales Evangelios fuesen exactamente los salidos de sus manos, sino que h a b í a n sido redactados de acuerdo c o n lo que se s u p o n í a que los supuestos evangelistas h a b í a n escrito. L o s que v i n i e r o n tras aquellos p r i m e r o s Padres fueron menos tolerantes que ellos y empezaron a exigir, en cuanto t u v i e r o n p o s i b i l i d a d de hacerlo, que el « s e g ú n » se interpretase no c o m o p r o b a b i l i d a d , sino c o m o certeza total. Pero, c l a r o , su intransigencia nada r e p r e s e n t ó p a r a los Celsos de todos los tiempos, que estimaron, por su parte, que no ya la certeza, sino la s i m p l e p r o b a b i l i d a d de que los Evangelios fuesen de aquellos a los cuales eran atribuidos, era posible. Y ello porque la p r o p i a t r a d i c i ó n , y demasiado sabemos el v a l o r que, p o r lo general, se puede conceder a las « t r a d i c i o n e s » , s ó l o hablaba de M a t e o y de J u a n c o m o d i s c í p u l o s de
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J e s ú s , mientras que M a r c o s y L u c a s se c r e í a saber que tan s ó l o h a b í a n sido d i s c í p u l o s de P e d r o y de Pablo, respectivamente. Luego é s t o s , p o r l o menos, l o que relataban era y a de segunda mano, puesto que no h a b í a n sido testigos presenciales de lo que d e c í a n . P o r supuesto, los otros tampoco, c o m o bien se adivina, pues sobre ser tan caprichosas unas atribuciones c o m o otras, hay el i m p o s i b l e de que alguien sea testigo de lo que no ha tenido lugar. T o t a l , y es lo que conviene retener: que no h a y m e d i o de considerar c o m o documentos h i s t ó r i c o s los textos llegados a nuestras manos, puesto que n o sabemos p o r q u i é n e s fueron escritos. E n cambio, sí se sabe no tan s ó l o que fueron m i l veces copiados, recopiados y alterados, sino que a causa de ello la parte de v e r d a d que encierran es, si algo de posible hay en ellos, escasísima. En efecto, un estudio detenido de estos Evangelios, h a b l o ahora de los llamados s i n ó p t i c o s , pues el cuarto, a t r i b u i d o a Juan, es enteramente diferente, ha p r o b a d o que, c o m o ya he dicho, t a n s ó l o un tercio de su contenido es c o m ú n a los otros dos. Lo d e m á s , es decir, lo p r o p i o de cada uno y diferente de sus hermanos, equivale, en M a r c o s , cuyo texto es el m á s r e d u c i d o de los tres, a la d é c i m a parte de lo que contiene; en Mateo, a un tercio, y en L u c a s , el m á s favorecido, sin duda, p o r l a i n s p i r a c i ó n d i v i n a , a l a m i t a d . M a r cos, a d e m á s de a M a r c i ó n , tal vez d e b i ó tener en cuenta algunas de las tradiciones formadas partiendo de las p r i m i t i vas cartas de Pablo. L o s otros dos, a d e m á s de servirse de M a r c o s y de M a r c i ó n , m u y p a r t i c u l a r m e n t e L u c a s , a ñ a d i e r o n p o r su cuenta episodios seguramente tomados de antiguas tradiciones orales puestas ya p o r escrito. P a r a v e r de justificar, en todo caso, esta diferencia de revelaciones, se ha pretendido que M a t e o y L u c a s escribier o n los Evangelios que se les atribuyen teniendo a la vista o i n s p i r á n d o s e (en todo caso, m e j o r esto que aquello, pues si rio hubiesen escrito poco m á s o menos lo m i s m o ) en u n a Colección de textos anteriores que, a j u z g a r p o r lo que queda bajo su nombre, s ó l o d e b í a n contener referencias a las p a r á b o l a s de J e s ú s y nada, o casi nada, relativo a su v i d a .
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Pero aun esto no pasa de una s i m p l e h i p ó t e s i s , pues todo lo que p o d r í a i n d u c i r a creer es que hubo, en cuanto e m p e z ó a cuajar la idea de un M e s í a s galileo que h a b í a p r e d i c a d o y m u e r t o p o r los hombres, dos tipos de p r i m e r o s escritos relativos a E l : unos a p r o p ó s i t o de sus andanzas y otros m á s e n r e l a c i ó n c o n sus doctrinas. T o d o l o c u a l pudo formarse perfectamente en t o r n o a un personaje i m a g i n a d o (exactamente c o m o h a b í a o c u r r i d o c o n l a a b u n d a n t í s i m a l i t e r a t u r a u r d i d a en t o r n o a todos los dioses antiguos, que s u r g i ó sin que sus protagonistas hubiesen tenido existenc i a sino en la mente de sus creadores). Y ello, lo de los dos tipos de escritos, no s ó l o porque parece i m p o s i b l e que Marcos, al ponerse a e s c r i b i r ignorase que h a b í a escritos relativos t a m b i é n a las supuestas doctrinas, sino porque de haber tenido Mateo y Lucas el m i s m o texto c o m o base, ¿ c ó m o h a b r í a tanta diferencia entre el de a q u é l y los de é s t o s ? L a ú n i c a e x p l i c a c i ó n lógica, pues, parece ser que cada uno tuvo a la vista, a d e m á s de un posible Evangelio a n t e r i o r (el de M a r c i ó n ) , M a t e o , el de M a r c o s , y Lucas, el de ambos, pero c o m o base y elemento p r i n c i p a l de informac i ó n , el mencionado del gran i n s p i r a d o de Sinope. S i n contar que estas diferencias, que si h o y sorprenden un poco es a causa del inocente e n g a ñ o que se pretende conseguir afirmando lo de la revelación, a ellos, e n t i é n d a s e a los redactores de las p r i m e r a s manifestaciones escritas de estos Evangelios, les t e n í a seguramente s i n cuidado a causa de que ninguno de ellos d e b i ó e s c r i b i r lo que e s c r i b i ó pensando e n l a posteridad n i que u n d í a s e r í a considerado l o que h a c í a como « i n s p i r a d o p o r Dios», sino tan s ó l o para que p u d i e r a s e r v i r c o m o pauta d e i n s t r u c c i ó n . E s decir, p a r a que encontrasen en su n a r r a c i ó n los directores de las comunidades cristianas, temas tanto de p r e d i c a c i ó n c o m o de lecturas y conversaciones en c o m ú n . E l d e M a r c o s , p r i m e r o d e los tres s i n ó p t i c o s , b i e n que l a Iglesia a t r i b u y a la p r i o r i d a d en fecha a M a t e o , parece tener u n c a r á c t e r m á s general y s u p r o p ó s i t o n o ser o t r o que exponer, aunque sucinta y vagamente, lo esencial de las e n s e ñ a n z a s atribuidas a J e s ú s , que ya M a r c i ó n h a b í a cris-
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talizado e n s u Evangelio. E l d e M a t e o , escrito precisamente p a r a oponerse al de é s t e , es decir, p a r a volver a p r i m e r plano el Antiguo Testamento, t a n atacado p o r M a r c i ó n , parece p o r ello m i s m o querer dirigirse a un p ú b l i c o especial: a los j u d í o s de la d i á s p o r a r e c i é n convertidos. A causa de ello, la abundancia de citas d e l Antiguo Testamento y que advierta, p a r a atraerse l a s i m p a t í a d e los j u d í o s a ú n n o convertidos h a c i a l a nueva d o c t r i n a , que J e s ú s , s u pretendido fundador, h a b í a d i c h o : « N o c r e á i s que haya venido a a b o l i r la ley o los profetas: he venido no p a r a a b o l i r í a ni p a r a abrogarla, sino p a r a c u m p l i r l a » ( V , 17). Es decir, exactamente lo contrario de lo que h a b í a dicho M a r c i ó n i n s p i r á n d o s e en Pablo, si es v e r d a d que é s t e e s c r i b i ó lo que leemos en el c a p í t u l o V I I de la Epístola a los Romanos (364). N a t u r a l m e n t e , l a Iglesia a p r o v e c h ó esta tendencia p r o j u d í o s p a r a a t r i b u i r este Evangelio a u n o de los pretendidos d i s c í p u l o s de J e s ú s : Mateo. E incluso y por ello m i s m o darle c o m o el p r i m e r o de esta clase de escritos (365). Pero la v e r d a d parece ser que tanto é s t e c o m o los d e m á s Evangelios nada tienen que ver con redactores galileos, pues fueron escritos en griego y lejos de G a l i l e a . De m o d o que los esfuerzos de los t e ó l o g o s cristianos p a r a demostrar que el texto p r i m i t i v o de este Evangelio fue redactado en hebreo, c o m o h u b i e r a tenido que o c u r r i r de haber sido esbozado p o r u n d i s c í p u l o i n m e d i a t o del G a l i l e o , h a n sido i n ú t i les. L o s cuatro Evangelios fueron escritos en griego y ninguno de ellos en arameo o en hebrero. Lo que demuestra, a d e m á s , que el C r i s t i a n i s m o no n a c i ó en Galilea, sino fuera de ella. Y que fue obra no de J e s ú s y de los d i s c í p u l o s que le fueron atribuidos, sino de otros, entre los cuales, si P a b l o no es t a m b i é n un mito, lo que no parece probable, h a b r í a que contar a é s t e . En todo caso, su origen estuvo entre los j u d í o s helenizantes que v i v í a n en las ciudades principales de Oriente inmediatas a G a l i l e a , pero fuera y ajenas a Isr a e l (366). Es decir, y es lo que quiero hacer notar, que la r e l i g i ó n que se atribuye a J e s ú s ni tiene n a d a que v e r con esta figura; n i s a l i ó d e l m e d i o e n que E l , s e g ú n s e dice, na-
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c i ó : e l J u d a i s m o ; n i siquiera s e e l a b o r ó e n s u patria, G a l i lea, sino fuera de ella, en el m u n d o h e l é n i c o de entonces. Al decir «religión que se le a t r i b u y e » insisto en que juzgando p o r lo que se asegura de E l , evidente es que J e s ú s no s e propuso establecer r e l i g i ó n alguna. A l d e c i r « q u e n o s a l i ó d e l J u d a i s m o » , quiero i n d i c a r que otros elementos contrib u y e r o n a f o r m a r l a con m u c h a m á s fuerza que las influencias j u d í a s . E l hecho d e que las p r i m e r a s comunidades cristianas d e G a l i l e a , de que h a b l a n los Hechos, parecen c o n t r a d e c i r lo anterior n o tiene i m p o r t a n c i a . Y a hemos visto, tratando d e este l i b r o , el v a l o r que se le puede conceder. En c a m b i o , sí hay que volver los ojos a las comunidades que fueron apareciendo, de base probablemente esenia, en las grandes ciudades sometidas a la influencia griega: A l e j a n d r í a , A n t i o q u í a , Efeso y otras e n O r i e n t e . E n Occidente, R o m a . Ciudades, las cuatro, las mayores d e l I m p e r i o , y en las que, sobre todo en las orientales, h e r v í a desde Alexandros, bajo la influencia h e l e n í s t i c a , u n a mezcla de filosofías y religiones que h a b í a n creado un m e d i o en que al llegar la nueva d o c t r i n a h a l l a r í a u n a c a m a favorable, pues las anteriores religiones de s a l v a c i ó n , religiones de origen frigio, asirio, egipcio o griego, h a b í a n habituado ya a los hombres y les f a m i l i a r i z a r o n con l a nueva v a r i e d a d d e dioses que m o r í a n y resucitaban en provecho de las criaturas humanas. Fuer o n , pues, los j u d í o s helenizantes de estas ciudades y de otras los que elaboraron la nueva r e l i g i ó n , que fatalmente tuvo que someterse a la i n f l u e n c i a de las doctrinas semejantes en muchos de sus puntos; doctrinas entre las que e m p e z ó a crecer, acabando p o r ser, en definitiva, el resultado de un sincretismo, en donde las influencias j u d í a s fuer o n p r o n t o ahogadas p o r u n helenismo que lejos y a del pensamiento griego c l á s i c o , no p o r ello e r a menos helenism o . A q u e l helenismo que llenaba todo e l Oriente m e d i t e r r á neo en la é p o c a en que se ha situado la figura de J e s ú s . El p r o b l e m a relativo a c ó m o las influencias griegas pen e t r a r o n en el C r i s t i a n i s m o es demasiado complejo p a r a que y o pueda hacer a q u í s i q u i e r a u n breve resumen. M e
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l i m i t a r é , pues, a evidenciar su resultado, no sin previamente i n d i c a r que ciertos grupos j u d í o s , los verdaderamente ortodoxos, tanto antes que J e r u s a l é n fuese destruida, p r i m e r o p o r T i t o el a ñ o 70, posteriormente p o r A d r i a n o en el 131, y ya definitivamente, c o m o luego, en la segunda d i á s p o r a , fueron impermeables a la nueva influencia, continuando encerrados e n u n m o n o t e í s m o intransigente. Pero n o a s i l o s j u d í o s de la p r i m e r a d i á s p o r a , que precisamente a causa de su indiferencia h a c i a el T e m p l o y a las p r á c t i c a s rigoristas de los j u d í o s ortodoxos, se h a b í a n hecho expulsar de Jerus a l é n , s e g ú n se ve en los Hechos. M i e n t r a s que los A p ó s t o l e s y el g r u p o f o r m a d o en t o r n o a ellos, si damos c r é d i t o a este l i b r o , fíeles siempre a la ley, fueron respetados. Y que en las comunidades y grupos de a q u é l l o s , extendidos p o r el m u n d o antiguo en m e d i o de un ambiente de paganismo, d e l que, p o r supuesto, no renegaban, fueron a d m i t i d o s s i n d i f i c u l t a d p r o s é l i t o s no j u d í o s de raza. ¿ P o r q u é sino p o r ello s e r í a l l a m a d o P a b l o el A p ó s t o l de los Gentiles? P o r F l a v i o Josefo sabemos, p o r ejemplo, que en la comun i d a d de A n t i o q u í a h a b í a m á s griegos que j u d í o s . Y precisamente en estas comunidades m i x t a s , fuertemente helenizadas, fue donde se f o r m ó el C r i s t i a n i s m o , c o m o parece prob a r l o un hecho que no h a y m e d i o de contradecir: que todos los textos cristianos p r i m i t i v o s fueron escritos, c o m o ya he dicho, no en arameo o en hebreo, c o m o h u b i e r a o c u r r i d o de haber salido de medios j u d í o s convertidos, sino en griego, empezando p o r las Epístolas y los Evangelios. A d e m á s , que i n c l u s o cuando estos textos c i t a n pasajes d e l Antiguo Testamento, lo hacen no t o m á n d o l o s de la Biblia hebrea, sino d e l a t r a d u c c i ó n griega d e los Setenta. E n f i n , que todas las palabras relativas a cosas, cargos o funciones r e l i giosas relacionadas con el C r i s t i a n i s m o p r i m i t i v o , griegas son sin e x c e p c i ó n , en vez de pertenecer al i d i o m a que, de haber existido, h u b i e r a hablado J e s ú s , el arameo o el hebreo. Así, p o r ejemplo: ekklesia (ZXZXZXXZ asamblea, iglesia); presbiteroi (xpzxzxzxzx,los ancianos, que en un p r i n c i p i o p r e s i d í a n las reuniones de cristianos, p r e s b í t e r o s ) ;
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episcopoi (emoxoTOi los vigilantes que sustituyeron a los presbiteroi, obispos); apostoloi (ctpocToXot, mensajeros, a p ó s toles); diaconoi (Stctxovot, servidores, d i á c o n o s ) ; eucharistia (EuxGtpiaxia, e u c a r i s t í a ) ; baptista ( - - - - - - , b a u t i s m o ) ; apo calipsh ('AxoxaAo
<;, r e v e l a c i ó n , apocalipsis); synodos (auvoSoí, r e u n i ó n , s í n o d o s ) , etc. E n f i n , hasta los nombres propios, empezando p o r J e s ú s , s o n griegos: Ieschoua, Iesous Iy¡aou?, el Salvador, J e s ú s ) ; Christos (^ptoxo?, el Ungido, C r i s t o ) , y luego E s t e b a n , Felipe, P r o c o p i o , N i c a n o r , T i m ó n , Parmenos y todos los d e m á s . De haber salido el Cristianismo de medios j u d í o s , ¿ e s t a r í a n estos nombres y todos los d e m á s e n griego? En cuanto a la fecha de a p a r i c i ó n de los Evangelios, los t e ó l o g o s ortodoxos no d u d a r o n en a f i r m a r que los s i n ó p t i cos estaban ya compuestos a mediados d e l siglo i, y el atrib u i d o a J u a n h a c i a e l a ñ o 80, c o m o m u y tarde. E n v e r d a d , si M a t e o y J u a n h a b í a n sido c o m p a ñ e r o s de J e s ú s durante l a supuesta p e r e g r i n a c i ó n d e é s t e p o r G a l i l e a , h u b i e r a n pod i d o haber escrito lo que se les atribuye incluso antes a ú n de la fecha que quiere la Iglesia. Y L u c a s , el « m é d i c o bienamado de P a b l o » , lo m i s m o , p o r poco que se hubiese apresurado a escribir « s u p r i m e r t r a t a d o » , en el que, s e g ú n dice al empezar los Hechos (que t a m b i é n se le atribuyen), h a b í a « h a b l a d o de todas las cosas que J e s ú s e m p e z ó a hacer y a e n s e ñ a r » . M a s , por desgracia p a r a t e ó l o g o s tan madrugadores, u n a p o r c i ó n de detalles, m u c h o s , demasiados, prueb a n que, cierto que t a l vez creyendo lo c o n t r a r i o , no dicen la verdad. Así, p o r ejemplo, J u s t i n o , el apologista c r i s t i a n o que e s c r i b i ó pasado el a ñ o 150, no c o n o c í a tan siquiera la palabra «Evangelio». O si la conocía, no la menciona. Ni el Nuevo Testamento. T a n s ó l o h a b l a de los Pecuerdos de los A p ó s t o l e s r e f i r i é n d o s e a las sentencias de J e s ú s . Es decir, a las colecciones que, s i n duda, ya se h a b í a n hecho poniendo p o r escrito esta parte de u n a p o s i b l e t r a d i c i ó n o r a l . Sentencias de las que, p o r cierto, dice textualmente que eran « c o r t a s y l a c ó n i c a s » . O sea, todo lo c o n t r a r i o de las que,
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p o r lo general, son puestas p o r los Evangelios en b o c a de J e s ú s . A h o r a bien, c o m o el p r i m e r o en c i t a r los cuatro Evangelios fue Ireneo, y poco d e s p u é s de él, el fragmento de M u r a t o r i , que J u s t i n o no los conociese parece p r o b a r que no fueron compuestos antes de mediados del siglo n. T a n t o m á s cuanto que F . B a u r , fundador, c o m o sabemos, d e l a escuela de T ü b i n g e n , d e m o s t r ó que las Epístolas de Pablo eran anteriores, en cuanto a su p u b l i c a c i ó n , a los Evangelios, y la p r i m e r a e d i c i ó n de estas Epístolas fue la t r a í d a p o r M a r c i ó n a R o m a h a c i a el a ñ o 140. I m p o s i b l e , pues, que los Evangelios fuesen escritos antes (367). T o d o ello s i n contar que de haber sido escritos los Evangelios, c o m o se pretende hacer creer, dos de ellos p o r disc í p u l o s de J e s ú s , M a t e o y Juan, y los otros dos p o r M a r c o s y L u c a s , d i s c í p u l o s , a su vez, de Pedro y Pablo, i m p o s i b l e h u b i e r a sido d u d a r de su autenticidad y, p o r consiguiente, que se e n s a ñ a s e n contra ellos, c o m o se e n s a ñ a r o n , muchos de los que a causa de hacerlo fueron tachados de heresiarcas, en el siglo n, cuyos ataques, m u y especialmente c o n t r a el a t r i b u i d o a Juan, se sabe que eran particularmente violentos. Es decir, que precisamente p o r saber, sin duda, c ó m o y p o r q u i é n h a b í a n sido compuestos, el que p a r a muchos no s ó l o careciesen de a u t o r i d a d los que se e m p e z ó a d e c i r que eran revelados, sino todos los que a p r o f u s i ó n empezaron a aparecer durante el resto del siglo II, y que no hubo m á s remedio que tachar de a p ó c r i f o s . Que es lo que prueba Ignacio en su Epístola a los Filadelfios, en la que se lee, c o m o ya he d i c h o : « H e o í d o d e c i r a m u c h o s : ' N o creo lo que e s t á escrito en los Evangelios de no encontrarlo en los a r c h i v o s / Y cuando yo r e s p o n d í a que en ellos estaba, replicaban: ' C o n d e m o s t r a r l o b a s t a . ' » P o r o t r a parte, la f a l s i f i c a c i ó n de toda clase de escritos de alguna i m p o r t a n c i a durante los dos p r i m e r o s siglos, a s í c o m o en el que p r e c e d i ó a nuestra era, es cosa b i e n probada. En lo que a los Evangelios afecta, lo demuestra no tan s ó l o el g r a n n ú m e r o de los que se inventaron, guiados sus autores, s i n duda, p o r el p r o p ó s i t o de l u c r o , sino a causa de
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e l l o m i s m o , es decir, de lo difícil que fue oponerse al negocio y el trabajo, luchas y t i e m p o que le c o s t ó a la Iglesia hacer u n a s e l e c c i ó n y escoger los cuatro que al f i n fueron considerados c o m o canónicos, tras desechar y condenar los demás como apócrifos. E s t a costumbre, m a n í a o negocio de falsificar textos r e l i gioso-cristianos d e b i ó comenzar m u y pronto, puesto que el autor del p r i m e r l i b r o de esta clase, p u b l i c a d o bastante antes de acabar el siglo i (me refiero al Apocalipsis), explicaba, c o m o ya he hecho observar: «Si alguno a ñ a d e algo a este l i b r o , D i o s h a r á caer sobre él las calamidades a q u í descritas. De s u p r i m i r algo del l i b r o de estas p r o f e c í a s , D i o s a c o r t a r á su parte d e l á r b o l de la v i d a y de la c i u d a d santa decretados en este libro.» A ñ á d a s e el hecho de que la Iglesia se v i o obligada a depurar continuamente los textos, que los escritores considerados h e r é t i c o s deformaban incesantemente de un m o d o s i s t e m á t i c o , y se t e n d r á u n a idea de a lo que en r e a l i d a d queda r e d u c i d a la famosa revelación o serie de ellas. En todo caso, el texto griego del Nuevo Testamento, adoptado y a d m i t i d o hoy, procede de dos códices del siglo i v : el Sinaítico, descubierto en 1859, en un convento del monte S i n a í , a causa de ello su nombre, y el Vaticano, no p u b l i c a d o hasta fines del siglo pasado. A m b o s fueron compuestos en A l e j a n d r í a y reproducen la r e d a c c i ó n de H e s y c h i u s . Si de los textos e v a n g é l i c o s , a n ó n i m o s en r e a l i d a d (368), tanto c a n ó n i c o s c o m o a p ó c r i f o s , pasamos a los de los p r i meros apologistas cristianos, encontraremos: Que el primero, en orden de a n t i g ü e d a d , Justino, que e s c r i b i ó su Primera y Segunda Apología y su Diálogo con el judío Trifón hacia el a ñ o 160, el ú n i c o texto c a n ó n i c o que c i t a es el Apocalipsis. ¿ D e s c o n o c í a los otros? E s m á s , e n esta ú l t i m a obra, e n e l Diálogo, trata de demostrar, interpretando a su m a n e r a las p r o f e c í a s del Antiguo Testamento, el papel m e s i á n i c o de C r i s t o . P e r o de C r i s t o , no de J e s ú s . Pues no n o m b r a a é s t e , sino a a q u é l . ¿ E s que el h é r o e de los Evangelios, y é s t o s m i s m o s , n o h a b í a n anclado a ú n debidamente e n las conciencias? Luego de sus dos d i s c í p u l o s , T a c i a n o y A t e n á g o r a s , el
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p r i m e r o , en su Diatesarión, que quiere decir « s e g ú n los cua-t r o » , l i b r o escrito, é s t e sí, tomando c o m o objeto y objetivo los cuatro Evangelios, difiere en m u c h o s puntos de los dogmas de la Iglesia, s i n duda no b i e n fijados a ú n . O m á s bien, pues ello es lo que parece p r o b a r , que m a n e j ó textos de los Evangelios (textos que de paso comenta) que no h a b í a n sido a ú n convenientemente expurgados. O, si se prefiere, que no h a b í a llegado hasta ellos sino u n a revelación i m perfecta (369). En un fragmento en griego, bastante largo, de este l i b r o , descubierto en 1934, en las excavaciones de Doura-Europos ( c i u d a d a o r i l l a s del Eufrates), fragmento anterior al a ñ o 254, T a c i a n o omite la g e n e a l o g í a de J e s ú s y otros pasajes del Nuevo Testamento. M á s tarde, cuando ya se j u z g ó que los Evangelios estaban como c o n v e n í a que fuesen l e í d o s , el obispo de C i r o , en el siglo v, r e t i r ó de su d i ó c e s i s 200 ejemplares del Diatesarión, l i b r o m u y extendido en Oriente, donde era i n c l u s o considerado como el Evangelio o f i c i a l de la Iglesia s i r i a , y l e s u s t i t u y ó por los textos c a n ó n i c o s . E n cuanto a A t e n á g o r a s , su Apología en favor de los cristianos no hace s i n o desarrollar la de su maestro y defender a los cristianos de las acusaciones, seguramente falsas, que se les h a c í a n , i m p u t á n d o l e s ser ateos, incestuosos y asesinar a sus r e c i é n nacidos. A t e n á g o r a s hizo m u y b i e n tratando, mediante su escrito, de oponerse a esta serie de calumnias. P o r mi parte, creo que u n a de las causas que m á s contrib u y ó a la d i f u s i ó n del C r i s t i a n i s m o fue la sencillez y pureza de costumbres de aquellos p r i m i t i v o s cristianos y la honradez e integridad de su v i d a . C o n d u c t a que forzosamente t e n í a que destacar en aquella c o r r u p c i ó n m o r a l ( ¿ q u i é n se acordaba ya de los grandes estoicos?), que era la regla gen e r a l de v i d a . Ireneo, el m á s i m p o r t a n t e de los escritores cristianos del siglo I I , compuso hacia el a ñ o 180 u n a Exposición y refutación de la gnosis así falsamente llamada (370), a m p l i o tratado c o n t r a esta variedad de herejes, los gnósticos, que durante m u c h o tiempo fueron la g r a n p e s a d i l l a de la Iglesia a causa de sostener u n a p o r c i ó n de p r i n c i p i o s (371) opues-
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tos enteramente a los que ella se esforzaba p o r i m p o ner (372). Ireneo c i t a los Evangelios y las Epístolas de Pablo, escritos todos considerados ya entonces c o m o de i n s p i r a c i ó n d i v i n a . P e r o el objeto p r i n c i p a l de esta obra, i m p o r t a n t í s i m a p a r a la h i s t o r i a del C r i s t i a n i s m o y de la Iglesia p r i m i t i v a , es el ya mencionado: c o m b a t i r a los g n ó s t i c o s , que con sus doctrinas, que m u c h o s s e g u í a n , tanto d a ñ o h a c í a n a la Iglesia, que, p o r su parte, caminaba por v í a s enteramente contrarias. A p a r t i r de T e r t u l i a n o y de Clemente de A l e j a n d r í a , las fuentes cristianas son cada vez m á s numerosas. A m b o s , c o n O r í g e n e s y E u s e b i o , son los cuatro escritores m á s i m p o r t a n tes del siglo n i . Sus obras, a d e m á s , gozan d e l a p a r t i c u l a r i dad de que consideradas, y con r a z ó n , c o m o perfectamente ortodoxas, fueron respetadas. Es decir, que no les p a s ó lo que a Evangelios y Epístolas, que nacidos en plena l u c h a , p o r d e c i r l o a s í , entre J e s ú s y C r i s t o , hasta llegar al estado que le convino a la Iglesia dieron m á s vueltas que las aspas de un m o l i n o en d í a de viento. Y tras los escritos canónicos, los apócrifos, m u c h o m á s numerosos que los p r i m e r o s . L a fecundidad d e l a m a l a h i e r b a es b i e n conocida. P o r fortuna p a r a la Iglesia, su esc a r d i l l o , con la ayuda de D i o s , d i o buena cuenta de tanta g r a m a n o c i v a espiritual, empezando p o r las ortigas e v a n g é l i c a s de esta clase. H o y , aparte de algunas obras a p ó c r i f a s menores (las Epístolas de B e r n a b é ; de Clemente, obispo de R o m a ; de Ignacio de A n t i o q u í a , y otros escritos), sólo quedan dos de c o n s i d e r a c i ó n : El Pastor, de H e r m a s , y la Didaché o Doctrina de los Apóstoles, descubierta en 1883 (373). T r a s lo dicho, he a q u í las ideas que conviene fijar b i e n : 1* Que los Evangelios llamados c a n ó n i c o s no constituyen sino una parte m í n i m a de los que se e s c r i b i e r o n relatando la supuesta v i d a y m i l a g r o s de J e s ú s . 2." Que la ú n i c a diferencia entre ellos y los a p ó c r i f o s no estriba en r e a l i d a d en que sean h i s t ó r i c a m e n t e m á s verdaderos unos que otros, puesto que todos fueron escritos un siglo, por lo menos, d e s p u é s de ocurridos los supuestos hechos que refieren, y no p a r a exponer hechos que, m i l a g r o s
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aparte, h u b i e r a n p o d i d o tener c o m o escenario el p a í s en que dicen o c u r r i d o , y c o m o personaje un modesto profeta que p a s ó p o r e l M u n d o s i n pena n i g l o r i a y que s ó l o circunstancias posteriores pusieron en evidencia, sino el hecho de haber sido los considerados c o m o c a n ó n i c o s escogidos p o r la Iglesia de preferencia a los otros tras muchas dudas, disputas y vacilaciones. Y una vez hecho al f i n , declarados divinos, revelados y d e m á s f a n t a s í a s , p a r a concederles u n a supuesta verdad y u n a a u t o r i d a d que eran m u y necesarias p a r a que se les concediese fe. 3 * Que n i unos n i otros fueron escritos c o n l a i n t e n c i ó n de t r a n s m i t i r a la posteridad testimonios sobre la v i d a de J e s ú s , sus andanzas c o m o profeta y su d o c t r i n a , sino p a r a que sirviesen c o m o manuales de e d i f i c a c i ó n y de propaganda. Es decir, p a r a que fuesen l e í d o s a los fieles, escuchados p o r é s t o s y comentados en las p r i m i t i v a s reuniones de creyentes. Lo que, p o r o t r a parte, demuestra su estilo deshilvanado y su estructura, a s í como que aparezcan formados mediante trozos independientes, en cierto m o d o , unos de otros. 4. Que a s i m i s m o su verdadero p r o p ó s i t o fue atraer la a t e n c i ó n de los que a c u d í a n a i n i c i a r s e en la nueva doctrina, m á s b i e n que sobre la v i d a de J e s ú s y su supuesta enseñ a n z a , sobre aquello que m á s inmediatamente p o d í a a d m i rarles, seducirles y convertirles en p r o s é l i t o s : los m i l a g r o s . L o s milagros que se a t r i b u í a n a J e s ú s , que en u n i ó n de la esperanza en u n a v i d a m e j o r luego de la muerte, gran anzuelo de todas las religiones de s a l v a c i ó n a base de misterios, fue y sigue siendo el m e j o r cebo, el m e j o r espejuelo p a r a atraer hasta la r e d de la creencia, u n a vez constituida, a cuantos p o r naturaleza fuesen m á s inclinados a creer que a razonar (374). 5. ª Que los Evangelios constituyen, en u n i ó n de los Hechos de los Apóstoles, algo posteriores a ellos, los textos m á s modernos del Nuevo Testamento, escritos m u c h o desp u é s del Apocalipsis, y a s i m i s m o de la p u b l i c a c i ó n de las Epístolas atribuidas a Pablo, t r a í d a s p o r p r i m e r a vez a R o m a , c o m o h a sido dicho, p o r M a r c i ó n h a c i a e l a ñ o 140. a
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De haber sido compuestos a mediados del s i g l o i, c o m o pretende la Iglesia, h u b i e r a n sido conocidos p o r P a b l o y es i n a d m i s i b l e que no hubiese hablado de ellos en sus cartas, s i q u i e r a c o n objeto de dar alguna r e a l i d a d al C r i s t o en que él v i n c u l a b a todo cuanto los Evangelios a t r i b u í a n a J e s ú s . E l que n o l o hiciese, a s í c o m o tampoco M a r c i ó n e n s u Evangelio, y el hecho de que tanto uno c o m o otro hablasen, c o m o digo, d e l C r i s t o , pero no de J e s ú s , es decir, del D i o s , p e r o no d e l h o m b r e , parece u n a prueba difícil de desmentir, a p r o p ó s i t o de que no conocieron los Evangelios. Y, p o r tanto, de que no h a b í a n sido escritos ni s i q u i e r a cuando M a r c i ó n l l e g ó c o n el suyo a R o m a , y sí s ó l o , y p a r a oponerse a él, d e s p u é s . C o m o c o n el m i s m o f i n fueron interpoladas las Epístolas t r a í d a s por é s t e e i n c l u s o a ñ a d i d a s cuatro m á s a las diez que M a r c i ó n h a b í a ofrecido. Pero repito que estamos siempre en plenas h i p ó t e s i s , pues no ya de J e s ú s , s i n o de P a b l o m i s m o , ¿ q u é g a r a n t í a seria tenemos de su existenc i a , superior a la que ofreció M a r c i ó n p u b l i c a n d o sus Epístolas? M a s ¿ n o p u d o escribirlas él y a t r i b u í r s e l a s p o r el s i m p l e hecho de que a ú n sonase en su tiempo el n o m b r e d e l p r i m e r o m á s ardiente p a l a d í n , c o n cartas o s i n cartas, de la nueva d o c t r i n a de s a l v a c i ó n ? En u n a palabra, asegurar o pretender siquiera que los Evangelios fueron escritos antes de b i e n entrado el siglo n es puramente caprichoso. Pues de haber o c u r r i d o de otro modo, c o m o quiere la Iglesia, t e n d r í a m o s testimonio de ello p o r los Padres de este tiempo, lo que no o c u r r e . « S e puede asegurar que estos escritores—como dice M i g u e l N i c o l á s (Etudes sur ta Bible, t. 2.°, p á g . 5)—no conocieron nuestros Evangelios o, lo que viene a ser lo m i s m o p a r a nosotros, si los conocieron, no h a b l a n de ellos ni los c i t a n j a m á s . » 6. Que las incoherencias, tanto h i s t ó r i c a s c o m o g e o g r á ficas, en que los Evangelios i n c u r r e n prueban no tan s ó l o que sus redactores ú n i c a m e n t e c o n o c í a n Palestina a t r a v é s de los relatos b í b l i c o s o p o r otras referencias, sino que en m o d o alguno p u d i e r o n ser escritos, c o m o es lógico, p o r los pretendidos evangelistas a quienes se los atribuye la Iglesia. Se puede dar c o m o prueba de que los Evangelios no son a
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de quienes l l e v a n el n o m b r e el testimonio del p r o p i o Papias, obispo de H i e r ó p o l i s h a c i a el a ñ o 120, de quien sabemos p o r E u s e b i o , pues sus escritos no h a n llegado hasta nosotros. E s t e Papias h a b í a conocido, s e g ú n parece, a determinados presbiteroi, es decir, a antiguos directores de c é l u l a s cristianas que, s e g ú n se s u p o n í a , a su vez h a b í a n conocido a los A p ó s t o l e s . Pero o i g á m o s l e a é l : « U n antiguo d e c í a lo siguiente: M a r c o s , siendo i n t é r p r e t e de Pedro, ha escrito cuidadosamente todo cuanto é s t e recordaba. No obstante, no e s c r i b i ó con orden lo que fue dicho o hecho por C r i s t o , pues n o h a b í a o í d o a l S e ñ o r n i l e h a b í a seguido, sino que m á s tarde fue d e t r á s de Pedro, el c u a l a m e d i d a que se necesitaban daba e n s e ñ a n z a s , pero sin exponer c o n orden los discursos del S e ñ o r . De m o d o que M a r c o s no comete falta escribiendo de este m o d o ciertas cosas de m e m o r i a , pues t e n í a cuidado de no o m i t i r nada de cuanto h a b í a o í d o y de no i n t r o d u c i r en ello e r r o r a l g u n o . » Y a ñ a d e luego: « M a t e o h a b í a escrito e n lengua hebrea los o r á c u l o s del S e ñ o r , y cada uno los interpretaba c o m o p o d í a . » Luego el M a r c o s de Papias no es el nuestro, puesto que el Evangelio que lleva su n o m b r e si de algo carece no es de orden. No es, pues, sino, a lo m á s , u n a de las fuentes d e l M a r c o s actual. Así c o m o el actual M a t e o no es tampoco el p r i m i t i v o , que, c o m o vemos, s e g ú n Papias, se c o m p o n í a de discursos d e l S e ñ o r ( o b s é r v e s e que ya Papias h a b l a de C r i s t o y del S e ñ o r , pero no de J e s ú s ) escritos en hebreo y de modo tan oscuro o, p o r lo menos, tan poco claro, que cada uno t e n í a que interpretarlos « c o m o p o d í a » . N o habiendo m o t i v o p a r a dudar de la buena fe de Papias, cabe preguntarse q u é tienen que ver estos « o r á c u l o s del S e ñ o r » , tan confusos y faltos de claridad, con las p a r á b o l a s e v a n g é l i c a s , tan fáciles, por lo menos, de leer, y q u i é n ha inventado é s t a s , que los presbiteroi de que h a b l a Papias no las c o n o c í a n . P o r lo d e m á s , si de la buena fe de Papias no hay por q u é dudar, no a s í , p o r lo que podemos juzgar, de los que dieron la f o r m a actual a los Evangelios, u n a vez que se d e c i d i ó aceptarlos c o m o textos c a n ó n i c o s . N o olvidemos las palabras d e L o i s y : « S e falsea enteramente el c a r á c t e r de los m á s antiguos testimo-
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nios concernientes al origen de los Evangelios, cuando son alegados c o m o ciertos, precisos, tradicionales e h i s t ó r i c o s ; son, por el c o n t r a r i o , h i p o t é t i c o s , vagos, legendarios, tendenciosos. D e j a n ver que en el tiempo en que se preocupar o n de oponer los Evangelios de la Iglesia al desbordamiento de las h e r e j í a s g n ó s t i c a s , no se t e n í a sobre su procedencia sino los informes m á s o s c u r o s » (Quelques reflexions, P a r í s , 1908, p á g . 27). Y: «De ser cierto que la Iglesia haya usado un determinado c r i t e r i o en la e l e c c i ó n y a c e p t a c i ó n de los l i b r o s sagrados, este c r i t e r i o no es el del h i s t o r i a d o r moderno, sino un j u i c i o i n s p i r a d o p o r la fe y la conveniencia respecto al v a l o r de los escritos, desde el punto de v i s t a de l a fe.» E n f i n : 7.' Que si en v e r d a d e x i s t i ó J e s ú s , lo que, como hemos visto, muchos sabios eruditos modernos niegan, y c o n razones difíciles de desestimar, las dudas suscitadas desde m u y p r o n t o acerca de su persona y d o c t r i n a , entre los pensadores p r ó x i m o s a E l , a s í como la ausencia total de pruebas en contrario, e igualmente en lo relativo a referencias acerca de su persona durante m á s de un siglo luego de su supuesto paso p o r la T i e r r a , todo ello parecen motivos m á s que suficientes no tan s ó l o p a r a considerar c o n a t e n c i ó n lo que o p i n a n los negadores, sino que incluso si se ite su existencia (todas las opiniones son respetables y dignas de ser tenidas en cuenta), todo parece demostrar que tanto su v i d a c o m o su o b r a no p a s ó de la existencia entonces de un mod e s t í s i m o profeta, del c u a l a ú n q u e d a r í a menos recuerdo que de otros profetas j u d í o s de aquel tiempo, de no haber intervenido u n a serie de circunstancias favorables a la form a c i ó n de la leyenda en que fue envuelto. H o y , d e s p u é s de veinte siglos de C r i s t i a n i s m o y, sobre todo, de c a t o l i c i s m o (y digo c a t o l i c i s m o p o r q u e los t e ó l o g o s protestantes, no de acuerdo con los rabicsamente ortodoxos, que se obstinan a ú n en que cada p a l a b r a de los Evangelios es revelada e intangible, pese a todo lo que de m o d o tan evidente se levanta c o n t r a ellos, tratan de rechazar las contradicciones flagrantes y las inexactitudes de estos escritos), de c a t o l i c i s m o — d e c í a — , tal vez sorprendan, a los creyentes
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a m a c h a m a r t i l l o , claro e s t á , las observaciones anteriores. M a s que piensen un m o m e n t o en que su creencia, que estim a n tan segura, e s t á simplemente sostenida p o r u n a atadur a : la fe. La fe en lo que sobre estas cuestiones les e n s e ñ a r o n de n i ñ o s . Pero que a p r o p ó s i t o de lo que nos ocupa ni h a n estudiado nada n i h a n reflexionado u n solo instante. N i saben o t r a cosa que l o que les i n c u l c a r o n cuando s u r a z ó n era a ú n incapaz de d i s c e r n i r . Y m u c h o menos, c o m o es n a t u r a l , de rebelarse. Y que, p o r consiguiente, no tienen m á s m o t i v o de certeza p a r a creer en J e s ú s y en que p a s ó p o r e l M u n d o , que e l que t e n í a c u a l q u i e r pagano p a r a creer, a su vez, en los dioses de su p a n t e ó n religioso. Puesto que de ellos no s a b í a n o t r a cosa, c o m o los creyentes cristianos de J e s ú s , ¿ c ó m o h u b i e r a n p o d i d o saberlo?, que lo que a p r o p ó s i t o de ellos les h a b í a n dicho o e n s e ñ a d o . En lo que al C r i s t i a n i s m o afecta, todo en torno a él g i r a , h o y c o m o ayer, sobre un pivote formado p o r la pasión y la resurrección de J e s ú s . La p r i m e r a es, en o p i n i ó n de los p a r t i d a r i o s d e l a escuela h i s t ó r i c a , l o ú n i c o t a l vez posible de cuanto refieren los Evangelios. La segunda, fe aparte, es decir, racionalmente considerada, es absolutamente imposible d e a d m i t i r . C o m o tampoco puede a d m i t i r l a r a z ó n que, porque t a l les place a los que creen en E l , a u n o de tantos dioses c o m o h a n c o r r i d o p o r el M u n d o tras s a l i r de la fant a s í a de los hombres, se le ponga u n a v a r i t a m á g i c a en las manos p o r q u e a s í lo h a n determinado sus creadores y i t i d o los creyentes, y c o n ello se les haga todopoderosos, y concedido este t a l i s m á n se empiece a fantasear a su costa. O sea, que si a d m i t i m o s la r e s u r r e c c i ó n de J e s ú s , tras a d m i t i r s i n pruebas ciertas e innegables que v i v i ó y m u r i ó , tan s ó l o porque la Iglesia lo a f i r m a , no obstante tratarse de algo imposible (a menos de aceptar, c l a r o e s t á , lo del todo poder de Dios, u n g ü e n t o a m a r i l l o religioso que lo arregla y j u s t i f i c a todo), ¿ c o n q u é r a z ó n ni derecho tachar de leyendas las resurrecciones de Zagreus, A t t i s , A d o n i s , O s i r i s , T a m u z y d e m á s dioses de las otras religiones de s a l v a c i ó n que s i r v i e r o n de m o d e l o al C r i s t i a n i s m o ? A u n dejando aparte la « r e s u r r e c c i ó n » y en el supuesto de que se itiese
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que t a l vez e x i s t i ó un modesto profeta que durante unos cuantos meses r e c o r r i ó G a l i l e a aconsejando a los hombres que se preparasen p a r a merecer el R e i n o de Dios, cuyo advenimiento era inmediato, ¿ q u é t e n d r í a que ver con E l el C r i s t i a n i s m o , formado no en su torno, sino d e l Dios en que fue transformado al nacer la creencia en su resurrecc i ó n ; Dios a c u y a figura fue u n i d a la a b s u r d a tarea de redimir a los h o m b r e s de un pecado que no h a b í a n cometido, es decir, algo en r e a l i d a d m u c h o menos sensato que lo que o f r e c í a n las d e m á s religiones de s a l v a c i ó n , que si p r o m e t í a n a los hombres u n a v i d a m e j o r tras la muerte, era tan s ó l o p a r a que se hiciesen dignos de e l l a mejorando su conducta en la T i e r r a , o sea, c o m o J e s ú s , antes de llegar a C r i s t o , aconsejaba a los que le escuchaban que h i c i e r a n p a r a que mereciesen el R e i n o de su Padre? En todo caso, el hecho de que el p r o p i o P a b l o no se ocupase d e l hombre, sino del Dios, y el saeculi silentium, es decir, la total y absoluta falta de noticias del « h o m b r e » durante el siglo que s i g u i ó a su muerte, evidencian que de este h o m b r e no se supo nada o casi nada. M e j o r , que no fue siquiera. Y que, en c a m b i o , una vez m á s , la f a n t a s í a y el i n t e r é s , ayudados p o r circunstancias favorables, hicier o n todo l o necesario p a r a crear una nueva r e l i g i ó n . Y , p o r supuesto, de no empezar p o r a d m i t i r : 1°, la existencia de P a b l o ; 2 ° , que tiene algo que ver, p o r poco que sea, con las Epístolas que se le atribuyen, y 3 ° , que entre lo interpolado y a ñ a d i d o a estas Epístolas no e s t é n los escasos datos que se encuentran en ellas relativos a un posible, b i e n que no probable, J e s ú s h i s t ó r i c o , pues de o t r o modo, es decir, sin P a b l o , entonces sí que n a d a h a b r í a , pero nada en absoluto, que incitase a a d m i t i r la h i p o t é t i c a existencia de J e s ú s . P o r lo d e m á s , los casos semejantes, es decir, de leyendas fabulosas en torno a figuras que se estiman h i s t ó r i c a s , a la v i s t a e s t á n . Pensemos, aunque no sea m á s , en dos b i e n conocidas: B u d a y M a h o m a , Aunque ambos a c t u a r o n y predic a r o n no durante unos meses, sino a t r a v é s de m u c h o s a ñ o s , ¿ s e l i b r a r o n de s e r v i r de tema p a r a innumerables leyendas? A d e m á s , ¿ h a y p r o p o r c i ó n realmente entre sus esfuerzos
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y el resultado de los m i s m o s ? Tras ellos, la c o n t r i b u c i ó n a su o b r a de otros hombres y de las circunstancias, ¿ n o fue m u y superior a la suya? ¿ F u e r o n ellos o t r a cosa en r e a l i d a d que l a c h i s p a c a í d a e n u n m e d i o f á c i l m e n t e inflamable? Luego d e l m i s m o modo, aunque J e s ú s hubiese pasado p o r el M u n d o , no h u b i e r a sido sino esto: la c h i s p a que en aquel estado de apocalipsis, de espera m e s i á n i c a en que vivía el pueblo j u d í o e incluso de i n j u s t i c i a social que lo llenaba todo, i n c e n d i ó las conciencias á v i d a s d e r e d e n c i ó n . P e r o n i s i q u i e r a de r e d e n c i ó n c o n vistas a otra v i d a , sino antes y m u y p a r t i c u l a r m e n t e de r e d e n c i ó n social. C o n m u c h o menos que alcanzar, O s i r i s , Isis, Zeus, H e r a , S i v a , V i s h n ú y m i l dioses m á s , todos los antiguos, tanto grandes c o m o pequeñ o s , h a b í a n sido c r e í d o s y adorados durante cientos de siglos. ¿ R a z ó n e n todos los casos? L a m i s m a : L a necesidad que sienten los hombres en muchas circunstancias de u n a ayuda que no pueden encontrar en la T i e r r a . N e c e s i d a d que avivada a ú n p o r la yesca de la fe, les empuja a creer en lo que sea, c o n t a l que lo i m a g i n e n poderoso y superior. A h o r a , ¿ q u é hay de verdad y de realidad en las infinitas quimeras religiosas, fuera de la necesidad e ignorancia que e m p u j a a ellas? That is the question. Y esta c u e s t i ó n es la que l l e n a de dudas en cuanto se acude a los Evangelios en busca de un poco de luz, puesto que en vez de l u z tropezamos con i m p o s i b i l i d a d e s e incongruencias. E l p r i m e r evangelista, s e g ú n l a Iglesia, e s M a t e o . Pues bien, M a t e o inaugura su n a r r a c i ó n c o n estas palabras: «Lib r o de la g e n e r a c i ó n de Jesucristo, h i j o de D a v i d , h i j o de A b r a h a m . » Y a c o n t i n u a c i ó n calcula, a su capricho, claro e s t á (Lucas h a r á l o m i s m o y d a r á o t r a g e n e a l o g í a diferente), que de A b r a h a m a D a v i d h u b o 14 generaciones, otras tantas de D a v i d a la c a u t i v i d a d en B a b i l o n i a y aun 14 de é s t a hasta C r i s t o . En la ú l t i m a de estas 14 generaciones (14, doble de siete, c i f r a sagrada de los hebreos), ¿ l l e g a m o s al f i n a Jes ú s ? ¡No! Y esto es lo c u r i o s o : Llegamos a J o s é , que n a d a tiene que v e r con E l , s e g ú n e l p r o p i o M a t e o nos dice, puesto que inmediatamente a ñ a d e (I, 18): «Y el n a c i m i e n t o de J e s ú s fue a s í » , y cuenta con la m a y o r t r a n q u i l i d a d , s i n hacer
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caso, c l a r o e s t á , de la g e n e a l o g í a que acaba de inventar ( ¿ p a r a q u é entonces t a l g e n e a l o g í a ? ) , que M a r í a , casada con J o s é , «y antes que se juntase c o n él ( d e s p u é s se j u n t ó y, s i n duda, muchas veces, puesto que el p r o p i o M a t e o nos h a b l a de los hermanos y hermanas de J e s ú s y hasta da los n o m bres de a q u é l l o s ) , se h a l l ó haber concebido d e l E s p í r i t u S a n t o » . E s t o se lo hace saber a J o s é un á n g e l , a t r a v é s de u n e n s u e ñ o , a ñ a d i e n d o : « Y p a r i r á u n hijo, y l l a m a r á s s u n o m b r e J e s ú s , p o r q u e E l s a l v a r á a s u pueblo d e sus pecados.» C o m o este Evangelio se h i z o p a r a ver si los j u d í o s , afectos hasta entonces a la ley, p i c a b a n y la abandonaban p a r a entrar en la nueva r e l i g i ó n , es el que e s t á m á s lleno de referencias b í b l i c a s . Estas citas eran el cebo. L o s espejuelos destinados a atraer a las alondras israelitas. En cuanto a J o s é , demostrado parece p o r o b r a de esta g e n e a l o g í a , que era j u d í o ciento p o r ciento. E incluso de la m e j o r cepa: descendiente nada menos que de D a v i d . H o y esto avergonzar í a a cualquiera, sabido que este rey e r a un asesino, un a d ú l t e r o y un desvergonzado p o r los cuatro costados; pero p a r a los j u d í o s de entonces, a quienes estos pecadillos, s i n duda, les i m p o r t a b a n poco, descender de tan digna estirpe era, s i n duda, cosa de s u m a i m p o r t a n c i a . P o r ello t a l vez el excelente M a t e o se la a p l i c a a J o s é . P o r o t r a parte, p a r a j u s t i f i c a r l a faena que l e h a b í a hecho e l E s p í r i t u Santo, pues a algunos h u b i e r a podido parecerles e x t r a ñ o , no obstante lo n a t u r a l que e r a entonces aceptar los milagros, se e c h ó m a n o de I s a í a s , g r a n d í s i m o e inspirado profeta, que h a b í a dicho ( V I I , 14): « E l S e ñ o r m i s m o os d a r á por eso la s e ñ a l : He a q u í que la Virgen p r e ñ a d a da a luz, y le l l a m a E m m a n u e l . » E n m m a n u e l , es decir: Dios e s t á c o n nosotros. A h o r a b i e n , da la casualidad, p r i m e r o , que se trataba de un e r r o r de t r a d u c c i ó n en cuanto a lo de virgen, e r r o r en el que se h a b í a i n c u r r i d o en la v e r s i ó n del hebreo al griego, en la e d i c i ó n l l a m a d a de los Setenta, pues el texto hebreo no trae la p a l a b r a « v i r g e n » (bethulah), sino joven mujer (halamah), t é r m i n o que h u b i e r a debido ser t r a d u c i d o no
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p o r pártenos (---------) virgen, sino p o r neanis (vsavn;). Ni que decir tiene que todos los desesperados esfuerzos de los t e ó l o g o s ortodoxos p a r a tratar de p r o b a r que hálamah p o d í a significar virgen h a n sido vanos. La v e r d a d no tiene sino u n a cara, p o r d u r a que ellos tengan la suya. C l a r o que, ¿ h a i m p e d i d o esto que la gente, que p a r a creer no necesita c u l t u r a , sino fe, haya dejado de tragarse lo d e l E s p í r i t u Santo, lo de la v i r g i n i d a d de M a r í a y cuanto h a b í a que tragar? ¡Ni m u c h o menos! V i r g e n hay e incluso m i l . Y el que lo dude que venga a E s p a ñ a , donde cada c i u d a d y cada pueblo tiene la suya, m e j o r y m á s V i r g e n y m á s santa que las d e m á s . Porque a d e m á s , demostrado que en lo relativo a m i l a g r o s nosotros estamos y hemos estado siempre a la orden del d í a , nuestros imagineros, siguiendo el ejemplo de los pintores y escultores de otros tiempos, seguros, sin duda, ellos t a m b i é n de que M a r í a , no obstante haber tenido, s e g ú n Mateo, ocho o diez entre hijos e hijas, y hay que suponer que p o r ello m u y pasados los cincuenta cuando se cree que fue c r u c i f i c a d o J e s ú s , y m u y pasada ella m i s m a , en vez de u n a vieja ya p a r a el arrastre, h a n hecho esculturas maravillosas, en cuyas caras divinas, divinas en cuanto a hermosura, como, p o r ejemplo, la de la M a c a r e n a de S e v i l l a , las l á g r i m a s ¡son perlas! Y unas Inmaculadas, como, p o r ejemplo, la de M u r i l l o , p a r a enamorarse de ellas. E n segundo lugar, o c u r r e que las palabras d e I s a í a s , t r a í das a q u í p o r los pelos con objeto de poder j u s t i f i c a r lo i n justificable, no se r e f e r í a n , c o m o se puede suponer, en m o d o alguno a J e s ú s , ni s i q u i e r a a algo de tipo m e s i á n i c o , sino simplemente h i s t ó r i c o . V é a s e : Achaz, rey d e J u d á , t e m í a u n nuevo ataque d e l rey de S i r i a m á s el de Israel, coligados ambos c o n t r a é l , y que ya en vano h a b í a n intentado apoderarse de J e r u s a l é n . Y a causa de ello, el profeta, p a r a tranquilizarle, l e d e c í a : « E s p o r l o que e l S e ñ o r m i s m o d a r á una s e ñ a l . H e l a a q u í : la V i r g e n (----------;) c o n c e b i r á y par i r á un hijo, y le l l a m a r á E m m a n u e l . C o m e r á leche y m i e l hasta que sepa rechazar el m a l y elegir el bien. Pero antes
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que este n i ñ o sepa conocer el bien y el m a l , el p a í s que excita tu odio s e r á abandonado p o r los dos r e y e s . » T o d o esto sin c o n t a r que el texto actual de Mateo, que dice en I, 16: «Y Jacob, que e n g e n d r ó a J o s é , esposo de M a r í a , de la c u a l n a c i ó J e s ú s , l l a m a d o C r i s t o » , fue evidentemente alterado en favor de la pretendida v i r g i n i d a d de M a r í a . En dos manuscritos c o n versiones anteriores (el Syrus sinaiticus y en otro descubierto p o r Conybeare en el V a t i cano) se lee: «Y Jacob e n g e n d r ó a J o s é . Y J o s é , al c u a l fue desposada la V i r g e n M a r í a , e n g e n d r ó a J e s ú s . » Y en el Dialogue of Timothey and Aquila, p u b l i c a d o p o r el m i s m o Conybeare en 1898, se lee ( p á g . 16): « J a c o b e n g e n d r ó a J o s é , esposo de M a r í a , en la c u a l fue engendrado J e s ú s , l l a m a d o Cristo, y J o s é e n g e n d r ó a J e s ú s , l l a m a d o Cristo.» A s i m i s m o , el texto de Lucas fue arreglado c o m o convino. P a r a convencerse basta leer en I I I , 23, cuando a p r o p ó s i t o d e l b a u t i s m o de J e s ú s dice: «Y el m i s m o J e s ú s empezaba a ser c o m o de treinta a ñ o s , hijo de J o s é , c o m o se creía.» E s t e se creía, c o m o hace notar L o i s y , fue u n a p r o p i n i t a a ñ a d i d a c o n objeto d e « a p a r t a r l a idea d e f i l i a c i ó n n a t u r a l que e n u n p r i n c i p i o s u g e r í a el texto de este p a s a j e » (Les Evangiles synoptiques). T o t a l , y es lo que conviene tener m u y presente: que el p r i m e r Evangelio c a n ó n i c o empieza p o r presentar u n a serie de combinaciones y falsedades evidentes. P e r o no nos asombre demasiado, pues n o s e r í a n las ú n i c a s . A l p u n t o l e vemos asegurar que J e s ú s n a c i ó en B e l é n (Bethlehen), de Judea (o J u d á ) , en tiempos del rey H e r o d e s ; que su n a c i m i e n t o fue anunciado p o r u n a estrella, siguiendo a la c u a l magos de Oriente v i n i e r o n a adorarle (que p a r a m a y o r honor del r e c i é n nacido fueron luego transformados en reyes: los Reyes Magos); en Marcos t o d a v í a no hay niagos ni estrella, y en Lucas, a falta de magos, que, s i n duda, encuentran el viaje demasiado largo y se quedan en su casa, y de estrella, que t a l vez no se atreve, pese a la m a g n i t u d d e l acontecimiento, a s a l i r de su sistema n a t u r a l , los adoradores son modestos pastores, a quienes un á n g e l , esos benditos á n g e l e s tan a punto siempre p a r a hacer lo que es preciso, anuncian la
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buena nueva, y a causa de ello que en nuestros « n a c i m i e n t o s » haya reyes, camellos, estrella, pajes, pastores, á n g e l e s , ovejas y hasta un buey y u n a m u í a que calientan c o n su aliento al d i v i n o n i ñ o . Luego viene lo d e l rey Herodes, que al enterarse p o r los magos de a lo que vienen é s t o s , pues no obstante la estrella llegan un poco despistados y preguntan: « ¿ D ó n d e e s t á el rey de los j u d í o s que ha n a c i d o ? » , les encarga que u n a vez que le hayan visto y e s t é n de vuelta pasen p o r allí p a r a d e c í r s e l o . N a t u r a l m e n t e , los magos sospechan y regresan p o r o t r o c a m i n o ; entonces el m u y c r u e l m a n d a degollar a todos los n i ñ o s menores de dos a ñ o s en B e l é n y su t é r m i n o . Pero J o s é , avisado p o r otro á n g e l , huye a E g i p t o con M a r í a y su h i j o . Y no vuelve hasta que se entera de que Herodes ha muerto. E s t o o c u r r i d o regresa y se va a v i v i r a la m i s m a c i u d a d de donde h a b í a p a r t i d o , Nazaret. La cosa es t a n inocente, digo inocente p o r no poner o t r o calificativo m á s duro, que no merece ni comentario. A h o r a bien, da la casualidad (de magos, estrella, pastorcitos y á n g e l e s m ú s i c o s no nos ocupemos m á s , d e j é m o s l e s p a r a los « n a c i m i e n t o s » ) que todo lo referido e s t á en contrad i c c i ó n c o n lo que como h i s t ó r i c o se conoce. P o r ejemplo, que Herodes no pudo ordenar la b e s t i a l i d a d referida, entre otras razones porque h a b í a m u e r t o cuatro a ñ o s antes de nuestra era, s i n contar que por m u c h o menos se hubiesen sublevado aquellos tan excitables j u d í o s . Lo del viaje a E g i p to es, p o r su parte, u n a s i m p l e f a n t a s í a destinada, como el p r o p i o Mateo dice: «A que se cumpliese lo que h a b í a promet i d o el S e ñ o r p o r medio de su profeta: De E g i p t o l l a m é a mi Hijo.» El profeta esta vez es Oseas, y lo anterior lo dice en 11, 1: « C u a n d o Israel era n i ñ o , yo le a m é , y de E g i p t o l l a m é a mi Hijo.» Es decir, que no tiene en absoluto nada que ver con J e s ú s . Pero c o m o de lo que se trataba, s e g ú n acabo de decir, era de hacer p i c a r a los j u d í o s , a causa de ello que p a r a hacerles s i m p á t i c a la nueva creencia se citase p o r c i t a r y c o m o fuese textos, v i n i e r a n o no a cuento, d e l Antiguo Testamento. A s i m i s m o M a t e o afirma que J e s ú s n a c i ó e n B e l é n , n o por-
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que t a l ocurriese, a u n a d m i t i e n d o que, en efecto, si vivió tuvo que nacer en alguna parte, sino p a r a que se cumpliese o t r a p r o f e c í a , é s t a de Miqueas ( V , 2), que dice: « P e r o t ú , B e l é n de E f r a t a , p e q u e ñ o entre los clanes de J u d á , de ti s a l d r á quien s e ñ o r e a r á e n I s r a e l . » Nadie, supongo, l l a m a r á « s e ñ o r e a r » a pasearse durante unos meses, c o m o J e s ú s aseg u r a n los Evangelios que lo hizo, viviendo de la generosidad ajena, p a r a acabar miserablemente en u n a c r u z . Pero, en f i n , M i q u e a s h a b í a dicho esta bobadita, entre otras muchas, y c o m o h a b í a que hacerle nacer en alguna parte, el redactor de este Evangelio, fuese q u i e n fuese, e n c o n t r ó un nombre de Palestina en boca de un profeta, y por si pegaba le l a n z ó y a o t r a cosa. Y volver la f a m i l i a a Nazaret, t a m b i é n a causa de o t r a p r o f e c í a . P r o f e c í a o simple n a r r a c i ó n . Pero t a m b i é n del Antiguo Testamento. A h o r a estamos en Jueces, X I I I , 5, donde otro á n g e l (realmente s i n á n g e l e s lo pas a r í a m o s m u y m a l : son e l u n g ü e n t o a m a r i l l o d e l a fe) predice a la m u j e r de M a n u é (en el Antiguo Testamento se h a b l a de muchas mujeres e s t é r i l e s , ora, como é s t a de M a n u é , p o r n o estar e n a r m o n í a , s i n duda, s u naturaleza con la de su m a r i d o , o r a a causa de s i m p l e vejez, c o m o S a r a , la m u j e r de A b r a h a m ; pero Y a h v é , que no sé c ó m o no ha sido n o m b r a d o y a p a t r ó n d e los t o c ó l o g o s , h a c í a concebir, cuando t a l le p l a c í a , hasta a las m á s viejas); el á n g e l — d e c í a — predice a la m u j e r de M a n u é que t e n d r í a un hijo, que s e r í a nazareo de D i o s . Es decir, que tampoco tiene n a d a que ver con J e s ú s , puesto que l a p a l a b r a « n a z a r e o » e s t á tan relacionada c o n Nazaret como nosotros t o d a v í a con M a r t e . Se trata de u n a p a l a b r a c u y a r a í z , « n a z i r » , quiere decir un justo preocupado por l a observancia r i g u r o s a d e l a ley ( r e c o r d a r é de pasada que el justo que i b a a p a r i r la m u j e r d e M a n u é s e r í a e l b a r b i á n d e S a n s ó n , p a r a quien, como sabemos, no h a b í a otra ley que la estaca, y que a d e m á s se cree, y no s i n fundamento, que no hubo tal h é r c u l e s , sino que se trataba de un s i m p l e m i t o solar cuanto a él afectaba). Pero c o m o los redactores de los Evangelios no conoc í a n Judea sino a t r a v é s del Antiguo Testamento, creyeron que nazareno o « n a z a r e o » q u e r í a d e c i r n a t u r a l de un pueblo
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l l a m a d o Nazaret, y a Nazaret r e g r e s ó J o s é con M a r í a y el n i ñ o , al volver de donde j a m á s fue probablemente, de E g i p to. S i , a d e m á s , tenemos e n cuenta que entonces n o h a b í a seguramente un pueblo de este n o m b r e , pues, c o m o dice Guignebert, « n i n g ú n texto antiguo, pagano o j u d í o , hace m e n c i ó n a N a z a r e t » , acabaremos de convencernos de que p o r entonces las revelaciones eran algo m u y serio. C i e r t o que no en c u e s t i ó n de verdades, sino todo lo c o n t r a r i o . Guignebert, que trata este punto de un m o d o m a g i s t r a l (como, p o r supuesto, cuanto se refiere a J e s ú s , en su o b r a de este nombre, a la que r e m i t o al lector), o p i n a que J e s ú s de N a zaret no quiere decir lo que naturalmente parece que designa, sino « E l E n v i a d o de Y a h v é , el santo de Y a h v é » . T o t a l , que los detalles a p r o p ó s i t o de la v i d a de J e s ú s en los Evangelios no tan s ó l o son escasos, sino f a n t á s t i c o s . Y e l l o no s ó l o porque fuesen, c o m o en M a t e o , inventados, c o n objeto de j u s t i f i c a r lo que se i b a inventando mediante p r o f e c í a s del Antiguo Testamento, aunque nada tuviese que v e r en r e a l i d a d con lo que se q u e r í a p r o b a r con ellas, sino i n c l u s o p a r a dar v a l o r y r e a l i d a d a las m i s m a s p r o f e c í a s . P r o f e c í a s que h a b í a n sido lanzadas p o r lanzar, pero no teniendo de p r o f e c í a s sino el n o m b r e . F a l s o t a m b i é n , puesto que sólo a t o r n i l l o se h a c í a que fuesen cumplidas. T a m b i é n se p r e t e n d í a acudiendo a los profetas dar, s i n duda, i m p o r tancia a J e s ú s y preparar el c a m p o p a r a los m i l a g r o s . Adem á s , se ve crecer la leyenda a m e d i d a que el t i e m p o pasa. P o r m e j o r decir, las leyendas. M a r c o s e s e l m á s sobrio. E n M a t e o , el progreso en u r d i r tanto detalles de la v i d a , c o m o pormenores de la doctrina, es evidente. En L u c a s , el follaje f a n t á s t i c o e s a b u n d a n t í s i m o . E n efecto, L u c a s es, c o n m u cho, el m á s novelesco de todos. En cuanto a J u a n o quien fuese el encargado de m a n i p u l a r la p r i m e r a r e d a c c i ó n de este Evangelio p a r a ver de ponerla a tono c o n los s i n ó p t i cos, tampoco es manco. Pero sus invenciones no son de tipo « c o m a d r e » , sino a causa, sobre todo, del texto sobre el que t r a b a j ó , que no p o d í a anular enteramente, texto p s e u d o f i l o s ó f í c o marcadamente g n ó s t i c o , fuerza le fue conservar un tono p a r t i c u l a r . A causa de ello ofrece un J e s ú s ,
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H i j o de Dios, ya desde el p r i n c i p i o , y D i o s El m i s m o . Y obrando abiertamente y sin tapujos ni d i s i m u l o s , en consonancia con lo que es. Ha pasado el tiempo y la leyenda ha evolucionado: los g n ó s t i c o s se han i n c l i n a d o hacia un J e s ú s puramente d i v i n o ; M a r c i ó n , c o m o hemos visto, le ha hecho descender directamente del C i e l o ; la nueva r e l i g i ó n ha ent r a d o en o no tan s ó l o con la filosofía j u d í a ( F i l ó n ) , sino c o n el neoplatonismo, y el redactor de este Evangelio, en su p r i m e r a f o r m a , es el p l a t o f i l ó n i c o de la nueva doct r i n a . A causa de ello y con objeto de poder a d m i t i r este Evangelio, no s ó l o a t r i b u i d o a Juan, sino m u y estimado en A s i a M e n o r , entre los escritos c a n ó n i c o s , el someterle a u n a nueva r e d a c c i ó n a l gusto d e l a Iglesia d e R o m a . E n cuanto a los s i n ó p t i c o s , las palabras: « T o d o esto sucede c o n objeto de que se c u m p l i e r a lo que el S e ñ o r h a b í a anunciado mediante los P r o f e t a s » , palabras que suelen a c o m p a ñ a r a cada c i t a b í b l i c a , demuestra sin necesidad de que se insista sobre lo m i s m o , que lo esencial de ellos, en lo que afecta a la parte digamos b i o g r á f i c a de J e s ú s , fue construido con materiales del Antiguo Testamento, c o n objeto, como d i c h o ha sido, no solamente de ver de atraer a los j u d í o s h a c i a la nueva doctrina, sino incluso p a r a que los que no entrasen en e l l a no fuesen, al menos, enemigos declarados a causa de lo m u c h o que t e n í a d e l Libro de los Libros. P o r supuesto, todo ello no p a s ó , en general, de u n a esperanza. E s p e r a n z a pronto convertida en odio. O d i o i m p l a c a b l e p o r . a m b a s partes. P o r lo d e m á s , c o m o se ha p o d i d o ver, los redactores de los Evangelios eran m á s versados en el Antiguo Testamento, que consecuentes y honrados en aplicar como era debido lo que en él se d e c í a . T a m p o c o les inquietaba m u c h o afirm a r ahora una cosa y al punto otra. Así, p o r ejemplo, en el episodio de la mujer cananea, donde J e s ú s dice (Mateo, X V , 24): «No he sido enviado sino a las ovejas perdidas de la casa de I s r a e l » (en X, 5, h a b í a d i c h o a s i m i s m o : « N o vay á i s h a c i a los paganos ni e n t r é i s en la c i u d a d de los samarítanos; id antes a las ovejas perdidas de la casa de I s r a e l » ) , accediendo tan s ó l o a c u r a r a la h i j a de la cananea a fuerza de s ú p l i c a s que é s t a le hace; luego, sin tardar m u c h o , en
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X X V I I I , 19, cuando ya e s t á a punto de llegar la a s c e n s i ó n , le vemos c a m b i a r de m o d o de pensar ( e n t i é n d a s e al redactor, o l v i d á n d o s e de lo que ha d i c h o antes) y ordenar a sus d i s c í p u l o s : « I d , pues; e n s e ñ a d a todas las gentes, bautizadlas en el n o m b r e d e l Padre, d e l H i j o y d e l E s p í r i t u S a n t o . » C l a r o que el que dice esto interpolando lo transcrito en u n a r e d a c c i ó n anterior, lo hace de acuerdo con los intereses de la Iglesia ya en m a r c h a , s i n preocuparse de que en un Evangelio revelado se i n c u r r a en u n a c o n t r a d i c c i ó n evidente. Pero, en todo caso, conviene hacerlo notar. E n otra o c a s i ó n ( V , 46), J e s ú s ( e n t i é n d a s e siempre e l redactor d e l Evangelio) no quiere que los que le siguen hagan c o m o los p u b l í c a n o s (recaudadores de impuestos, h o m b r e s odiados siempre en todas partes), i n c i t á n d o l e s a a m a r t a n s ó l o a aquellos de los que son amados, mientras que en X X I , 31, asegura que p u b l í c a n o s y meretrices p r e c e d e r á n en el R e i n o de Dios a los p r í n c i p e s de los sacerdotes y a los ancianos del pueblo. Y en X, 34, le o í m o s a s i m i s m o decir: « N o p e n s é i s que he venido a poner paz en la T i e r r a ; no vine a poner paz, sino e s p a d a » , y, en c a m b i o , en X X V I , 52, asegura a P e d r o que h a b í a sacado la suya dispuesto a defenderle: « V u e l v e tu espada a su vaina, pues q u i e n t o m a la espada, a espada m u e r e . » En cambio, en Lucas ( X X I I , 36), E l m i s m o les m a n d a que s i n o tienen dinero vendan e l manto y c o m p r e n una espada. Es decir, que las contradicciones en los Evangelios son tan frecuentes, que demuestran en q u é m o d o los que los i b a n m o d i f i c a n d o eran o d i s t r a í d o s , m u y d i s t r a í d o s , o sabios, si es verdad que de sabios es m u d a r de o p i n i ó n . Pero no hace falta siquiera atacar demasiado. D i s t r a í d o s o sabios, eran, ante todo, hombres que empujados ellos mismos por un viento mezcla de buena fe y de i n t e r é s (en m u chos t a l vez simple i n t e r é s e n demostrar que t e n í a n r a z ó n siguiendo aquello p o r lo que se interesaban), elaboraban u n a d o c t r i n a p a r a u n a masa d e creyentes f o r m a d a por l o m á s h u m i l d e , bajo e ignorante de la p o b l a c i ó n . U n a m a s a toda receptividad y toda fe, precisamente p o r esencialmente i n c u l t a . Que aceptaba s i n discutir, pues se l i m i t a b a a sentir,
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incapaz d e comprender, l o m i s m o a l hombre-Dios: J e s ú s , que al Dios-hombre: C r i s t o , que p a r a m a y o r c o m o d i d a d p r o n t o quedaron fundidos en u n a sola p a l a b r a : Jesucristo. Es decir, exactamente c o m o otros, al m i s m o tiempo y j u n t o a ellos, c r e í a n en M i t h r a , en Attis-Kibele, en Isis-Osiris o en Serapis. Y , e n f i n , algunos, los menos ya, e n J ú p i t e r , Juno, Venus y A p o l o . P o r q u e los capaces de razonar y de l i b r a r s e h a c i é n d o l o de f a n t a s í a s , sugestiones y e n g a ñ o s , c o m o los L o u k i a n o s y los Celsos, eran los menos. Pues incluso los jefes de secta, tales como un M a r c i ó n , un B a s í l i d e s o un V a l e n t í n , y en el grupo c r i s t i a n o los Justinos, los Ireneos y los Tertulianos o los O r í g e n e s , fanatizados p o r su creenc i a estaban privados, en gran parte, de e s p í r i t u c r í t i c o , a causa de lo c u a l se l i m i t a b a n a l u c h a r en defensa de la doct r i n a en que se h a b í a n alistado. M i e n t r a s que L o u k i a n o s y Celso, que consideraban el C r i s t i a n i s m o l i b r e de prejuicios y de fe, le encontraban inaceptable a causa de parecerles, j u z g á n d o l o y a como hoy l o juzga l a c r í t i c a moderna, un m o n t ó n de i n v e r o s i m i l i t u d e s y de contradicciones. Así, Celso, en su Discurso verdadero, se indignaba al ver que muchos cristianos, c o m o él m i s m o d e c í a : « S e niegan a explicar o a dejar que les expliquen su fe, oponiendo a ello frases tales como 'no interrogues, cree', o ' l a fe te salv a r á ' » (I, 9). Y he a q u í por q u é — s e g ú n él—los cristianos trataban de extender su fe tan s ó l o entre los ignorantes y los pobres de e s p í r i t u , enteramente e x t r a ñ o s a toda filosofía. Y entre los esclavos, las mujeres y los n i ñ o s . Y v e í a el é x i t o del C r i s t i a n i s m o en la i n c l i n a c i ó n n a t u r a l de la m a s a h a c i a toda clase de mentiras y f a n t a s í a s . De haber vuelto los ojos h a c i a los m i t h t r a í s t a s o h a c i a los p a r t i d a r i o s de c u a l q u i e r a de las otras religiones de s a l v a c i ó n o de las a base de misterios, es decir, de cuantas o f r e c í a n a c a m b i o de ciertas p r á c t i c a s y ritos una v i d a eterna llena de venturas, luego de é s t a , ¿ h u b i e r a podido decir o t r a cosa? Seguramente no. En cuanto a L o u k i a n o s (Luciano), el cuadro que p i n t a en su o b r i t a titulada La muerte de Peregrinus, no es en m o d o alguno m á s favorable. E s t e , Peregrinus, a d m i t i d o en una c o m u n i d a d de cristianos, no s ó l o se b u r l a de ellos y los
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explota de lo l i n d o , sino que incluso, interpretando a su gusto las E s c r i t u r a s , las m o d i f i c a , las altera e incluso inventa y a ñ a d e cuanto le conviene, pues el c r i t e r i o , c u l t u r a y estado de e s p í r i t u de los que se fiaban de él era i n v a r i a blemente el m i s m o : fe e i g n o r a n c i a totales. De las masas de creyentes de hoy, ¿ s e p o d r í a d e c i r algo diferente? ¿ C u á n tos de ellos saben de aquello que creen algo m á s , c o m o ya he dicho varias veces, que las cuatro nociones, falsas en r e a l i d a d , que les e m b u t i e r o n de n i ñ o s ? T o d o l o anterior parece explicar, e n cierto modo, p o r q u é l a Iglesia n o tuvo m á s cuidado, cuando estaba e n condiciones de hacerlo, de expurgar b i e n y definitivamente los Evangelios antes de declararlos c a n ó n i c o s . P e n s ó que p a r a las ovejas de entonces toda h i e r b a e r a buena. T o d o pasto conveniente. N o p e n s ó e n e l m a ñ a n a . E n que e n cuanto los h o m bres empezasen a pensar d e j a r í a n de creer. C i e r t o t a m b i é n que las luchas, de las cuales h a n llegado hasta nosotros ecos suficientes, demuestran la enorme d i f i c u l t a d , dificultades m á s b i e n que h a b í a , dada l a d i v e r s i d a d d e Iglesias, cada u n a c o n su Evangelio, p a r a llegar a un acuerdo. Pensemos en los tanteos y esfuerzos que se hacen ahora m i s m o entre las diferentes r a m a s d e l C r i s t i a n i s m o p o r unirse, pese a la g r a n necesidad que h a y de ello, amenazadas c o m o e s t á n p o r el enorme p e l i g r o d e l a t e í s m o , tanto c i e n t í f i c o como, sobre todo, ruso-chino. A causa de todo ello, la Iglesia a c a b a r í a p o r decidirse, liarse la m a n t a a la cabeza, y s i n preocuparse de m á s y tratando, ante todo, de atajar el m a l que de m o m e n t o presentaban disidencias y h e r e j í a s , s ó l o se p r e o c u p ó de establecer determinados textos como revelados, segura de que la ignor a n c i a los a c e p t a r í a fuesen cuales fuesen y estuviesen c o m o estuviesen. Luego, m á s tarde, cuando l a fuese posible, y a se e n t e n d e r í a con disidentes y herejes. Y, en efecto, u n a vez fijado el canon, la Iglesia tuvo las manos m u c h o m á s libres p a r a obrar. E n p r i m e r lugar, u n a vez conseguido este p r i m e r p r o p ó s i t o , q u e d ó netamente del i m i t a d a u n a l í n e a de s e p a r a c i ó n entre ella y las d e m á s tendencias cristianas, a las que desde aquel m o m e n t o p u d o
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tachar abiertamente de h e r é t i c a s y considerarlas s i n derecho a existir. Y c o m o a d e m á s de la fuerza p a r a perseguirlas, fuerza que a d q u i r i ó al ser considerada c o m o r e l i g i ó n o f i c i a l d e l I m p e r i o desde Constantino, se a d j u d i c ó e l l a m i s m a u n a a u t o r i d a d i n d i s c u t i b l e luego de fijado c o n carácter divino lo que e r a preciso creer; entre u n a y o t r a cosa tuvo en su m a n o todo l o preciso p a r a poder actuar p o r l a v i o l e n c i a , tanto c o n t r a los disidentes c o m o c o n t r a los l i b r o s que cont e n í a n y explicaban las doctrinas de é s t o s . Y ebionitas, mendeanos, m a r c i o n i t a s , valentinianos, p a r t i d a r i o s de B a s í l i d e s y d e m á s comunidades g n ó s t i c a s fueron declarados al p u n t o fuera d e l seno de la Iglesia, empezando a ser implacablemente perseguidos. C o n lo que, de hecho, q u e d a r í a inaugurado el p r i n c i p i o de la l u c h a entre la fe y la razón. La tendencia a creer todo, y la opuesta, oponerse a todo: dogmas y cuanto hubiese que a d m i t i r s i n d i s c u s i ó n . L u c h a que ya no t e n d r í a f i n . Pues no obstante las inauditas violencias que siguieron, n o fue posible acabar c o n las h e r e j í a s . L a h i s t o r i a d e los C o n c i l i o s e s l a mejor prueba d e ello. N i m á s tarde l a p r o p i a I n q u i s i c i ó n l l e g a r í a a i m p e d i r que los hombres fuesen capaces de pensar de m o d o d i s t i n t o a c o m o q u e r í a y orden a b a la Iglesia. Y que al hacerlo viesen c o n toda c l a r i d a d d ó n d e estaba l a m e n t i r a y d ó n d e l a verdad. En todo caso, gracias a la fuerza que le fue concedida oficialmente a l a Iglesia, m á s l a a u t o r i d a d que s e c o n c e d i ó ella m i s m a fijando de m o d o inapelable lo que era preciso creer, aquellos cristianos que, s e g ú n Celso, « n o t e n í a n de c o m ú n sino e l nombre, ú n i c a cosa d e l a que les molestaba desembarazarse, mientras que e n l o d e m á s d i f e r í a n e n t o d o » ; aquellos cristianos que, « e n u n p r i n c i p i o , e r a n p o c o numerosos y profesaban la m i s m a creencia, p e r o que al m u l t i p l i c a r s e se h a n d i v i d i d o , queriendo cada u n o tener su f a c c i ó n » ; aquellas sectas que llegaron a ser c a s i innumerables (marcionitas, sibelianos, simonianos, carpocracianos, adeptos de S a l o m é , de M a r i a m n a , de M a r t a y veinte m á s ) , sectas que, s e g ú n Celso, «se l l e n a b a n de i n j u r i a s abierta o calladamente, p e r o insidiosamente, s i n conseguir ponerse
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de acuerdo y d e t e s t á n d o s e m u t u a m e n t e » , aprendieron mediante dolorosa experiencia que e r a preciso cesar en sus disputas y en toda clase de manifestaciones escandalosas, y que s ó l o en secreto, a escondidas o lejos de donde alcanzase el brazo de la Iglesia p o d í a n en adelante existir. Conseguido todo ello y convencida la Iglesia de que la m a s a se l i m i t a b a a creer a d m i t i e n d o cuanto se le impon í a , y como, p o r o t r a parte, se h a b í a n hecho ya m i l l a r e s de Evangelios (hasta nosotros h a n llegado unas 4.000 copias), teniendo en cuenta, a d e m á s , que cada vez se s e n t í a m á s fuerte, pues pisoteando, c o m o tantas otras cosas que s ó l o p o r ganar adeptos h a b í a a t r i b u i d o a J e s ú s , lo de « m i R e i n o no es de este M u n d o » , h a b í a acabado p o r constituirse en E s t a d o t e m p o r a l , y a n i l a i n q u i e t ó l o que p u d i e r a n d e c i r los textos que ella m i s m a h a b í a declarado c a n ó n i c o s , n i que d e los cuatro p r i n c i p a l e s , los Evangelios, u n o fuese enteramente d i s t i n t o de los otros tres, ni de que los p r o p i o s s i n ó p t i c o s estuviesen llenos de diferencias y hasta de contradicciones. Teniendo en su m a n o lo que c r e y ó la m e j o r respuesta a los que se atrevieron a oponerse a lo que i m p o n í a : el derecho de v i d a o muerte, no se p r e o c u p ó ya de m á s . Lo que p o d r í a o c u r r i r siglos m á s tarde, que e l e s p í r i t u s e r í a cada vez m á s difícil d e encadenar, ¿ c ó m o p o d í a i m a g i n a r l o n i , aunque l o hubiese imaginado, c ó m o l a h u b i e r a p o d i d o i m p o r t a r entonces? L o s problemas son ahora, cuando u n a c r í t i c a inteligente y poderosa ha deshecho todo lo c a n ó n i c o , que no t e n í a en r e a l i d a d m á s solidez que un castillo de naipes. C u a n d o a su influjo, bien que lentamente, pues la m e n t a l i d a d de la masa, sobre todo en los p a í s e s atrasados, que tanto las diferentes Iglesias se esfuerzan p o r conquistar, o en aquellos en los que pesa, a d e m á s d e l a ignorancia, l a losa d e u n fanatismo de siglos, es poco m á s o menos la de entonces; cuando, no o b s t a n t e — d e c í a — , p o r o b r a de una c r í t i c a r a c i o n a l e inteligente m u c h o s v a n despertando y sintiendo cada vez m á s i n d i f e r e n c i a h a c i a lo religioso, es cuando se empieza a lamentar no haber hecho u n a labor hoy i m p o s i b l e ya de
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hacer. Porque, claro, estos e s p í r i t u s que al f i n despiertan, en cuanto empiezan a leer c o n c r i t e r i o independiente los textos hasta ahora intangibles a fuer de revelados, y ven, p o r ejemplo, que la leyenda d e l n a c i m i e n t o milagroso, que empieza ya p o r hacerles encogerse de h o m b r o s , no es refer i d a p o r el p r i m e r o de ellos, p o r Marcos (375), lo que parece p r o b a r que no se h a b í a inventado t o d a v í a cuando fue escrito este Evangelio, se d a n cuenta de c u á n t a r a z ó n tiene la c r í t i c a m o d e r n a a f i r m a n d o que se trata de textos que carecen de todo v a l o r h i s t ó r i c o , a causa de haber sido compuestos atendiendo tan s ó l o a las necesidades d e l m o m e n t o y s i n otro f i n verdadero que o b r a r sobre la fe inocente de los que se i b a n sumando a la nueva d o c t r i n a . En lo que al cuarto Evangelio afecta, seguramente el redactor de é s t e , a t r i b u i d o luego a Juan, c o n o c í a ciertamente lo del n a c i m i e n t o milagroso de J e s ú s , pero no h i z o caso de él. P r e f i r i ó la doctrina filónica de la e n c a r n a c i ó n del V e r b o , « p r i m e r nacido de D i o s , segundo D i o s , intermediario entre D i o s y el h o m b r e » . Pues, sin duda, e n t e n d í a que estas cosas, que de tal m o d o escapan a lo humano, adobadas c o n un poco de filosofía de esa que nadie entiende, pasaban mej o r precisamente p o r aquello de que «los tontos alaban lo que no c o m p r e n d e n » . Un m i l a g r o se puede desmentir e i n cluso se tiene r a z ó n h a c i é n d o l o , y c o m o el que lo a f i r m a no puede p r o b a r lo que asegura, su a f i r m a c i ó n es n u l a p a r a los carentes de fe. M i e n t r a s que un camelo p s e u d o f i l o s ó f i c o , que no hay m e d i o de entender, acaba siempre p o r r e c i b i r a p r o b a c i ó n casi u n á n i m e a causa de lo que acabo de decir: que la m a y o r parte prefieren aceptarlo, b i e n que se queden en ayunas, a pasar p o r tontos, es decir, p o r lo que son- sin darse cuenta de e l l o . Este es el secreto de que muchas cosas medianas pasen p o r buenas si se consigue precederlas de u n a fama que nadie se atreve a desmentir p o r m i e d o a ser tachado de ignorante. En arte, sobre todo, es muchas veces el gran m e d i o p a r a t r i u n f a r . P o r cierto, que este n a c i m i e n t o m i l a g r o s o , referido en Mateo y en Lucas, es contado p o r cada u n o de ellos, c o m o
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se ha visto, de m o d o d i s t i n t o e incluso c o n t r a d i c t o r i o . La ventaja de lo falso es é s t a : a d m i t i r diversas interpretaciones, cosa que le es i m p o s i b l e a lo verdadero p o r no tener sino u n a sola cara. M a t e o y Lucas e s t á n t a m b i é n de acuerdo en lo relativo a la descendencia de J o s é , de D a v i d , y, en efecto, dan dos g e n e a l o g í a s diferentes, a d e m á s de no tener nada que ver c o n J e s ú s , ú n i c a cosa en que coinciden, puesto que al p u n t o hacen saber que J o s é no es su padre. E l l o i n duce a pensar que u n a de ambas cosas sobra: o la geneal o g í a o e l n a c i m i e n t o m i l a g r o s o . E n realidad, las dos. E n todo caso, nos encontramos con dos g e n e a l o g í a s diferentes, lo que prueba que las dos son inventadas, las dos falsas y las dos i n c l u s o p a r a nada, puesto que si J e s ú s era h i j o de M a r í a y del E s p í r i t u Santo, era tan i n ú t i l como r i d í c u l o b a r a j a r nombres b í b l i c o s p a r a p r o b a r que quien d e s c e n d í a de D a v i d era J o s é , que s e g ú n ellos nada t e n í a que v e r con Jesús. En todo caso tenemos: dos nacimientos divinos no iguales y dos g e n e a l o g í a s a s i m i s m o diferentes, no obstante ser todo ello o b r a de r e v e l a c i ó n d i v i n a . Y tenemos t a m b i é n que ni en lo d i v i n o ni en lo humano, respecto a lo que afectaba a J e s ú s , sus dos, digamos, b i ó g r a f o s m á s importantes estab a n de acuerdo. Consecuencia: tanto la r e v e l a c i ó n c o m o la h i s t o r i a , malparadas. Inconvenientes de m e n t i r e s c u d á n d o s e en las estrellas pensando, c o m o dijo el poeta, que nadie i r í a a p r e g u n t á r s e l o a ellas; a s í c o m o pretender hacer historia contando tan s ó l o c o n leyendas, y p a r a adobar é s t a s , c o n la f a n t a s í a . P o r supuesto, cuando alguna vez M a t e o y L u c a s se ponen de acuerdo, como, p o r ejemplo, cuando hab l a n de la f a m i l i a de J e s ú s , entonces son los t e ó l o g o s quienes les enmiendan la plana, asegurando que donde dicen « h e r m a n o s » hay que entender « p r i m o s » . L o i s y hace observ a r dulce y acertadamente (Quelques lettres, p á g . 155): « E s la creencia en la v i r g i n i d a d de M a r í a lo que ha obligado a los autores e c l e s i á s t i c o s a explicar, m e j o r p o d r í a decirse a eliminar, su cualidad de h e r m a n o s . » E v i d e n t e es, en todo caso, la e v o l u c i ó n de los Evangelios de M a r c o s a M a t e o y L u c a s , y de é s t o s al a t r i b u i d o a J u a n .
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En a q u é l l o s , J e s ú s se l i m i t a a anunciar el R e i n o de D i o s y su inmediato advenimiento (Marcos, I X , 1; Mateo, X V I , 28; Lucas, I X , 27); es l l a m a d o H i j o del h o m b r e , es decir, en hebreo, h o m b r e , e H i j o de Dios, o sea, i n s p i r a d o por D i o s , c o m o lo h a b í a n sido todos los profetas. P r o h i b e a sus disc í p u l o s l l a m a r l e M e s í a s (Mateo, X V I , 20) y reprende a los escribas p o r e n s e ñ a r que el M e s í a s debe descender de D a v i d . Lo que p r u e b a que las g e n e a l o g í a s de M a t e o y L u c a s son adiciones, parches posteriores no menos legendarios que lo d e l n a c i m i e n t o extranatural. T a m p o c o hay vestigios en estos Evangelios de que los j u d í o s acusasen a J e s ú s de haberse l l a m a d o D i o s . C o m o dice L o i s y : « E s ú n i c a m e n t e en el Evangelio de J u a n donde los discursos y los m i l a g r o s de C r i s t o tienden a p r o b a r su m i s i ó n sobrenatural, su origen celeste y su d i v i n i d a d . E s t e p a r t i c u l a r sirve p a r a demostrar el c a r á c t e r t e o l ó g i c o y no h i s t ó r i c o del cuarto Evangelio» (Reflexions, p á g . 69). J e s ú s , c o m o hace observar justamente S a l o m ó n R e i n a c h , no e n s e ñ ó n i n g ú n dogma ni algo que se asemejase a los sacramentos de la Iglesia. No d e s i g n ó a Pedro c o m o jefe de esta Iglesia, puesto que j a m á s p e n s ó en ella. ¿ C ó m o i b a a hacerlo ni pensar en fundar algo duradero, puesto que cuanto e n s e ñ a b a era, ya lo he d i c h o antes de ahora, el advenimiento del R e i n o de D i o s , y cuanto q u e r í a se l i m i t a b a a que los h o m b r e s se preparasen debidamente c o n objeto de merecerle? Y pensando de este m o d o , c o m o los Evangelios lo dicen repetidamente, ¿ s e l e p o d í a siquiera pasar p o r l a cabeza la idea de u n a Iglesia enteramente i n ú t i l a sus p r o p ó sitos? E s t a falta de l ó g i c a y c o n t i n u i d a d en las ideas es u n a p r u e b a m á s d e c ó m o partiendo d e u n p r i m i t i v o esqueleto, p o r d e c i r l o a s í , de u n a p r i m e r a y s e n c i l l a r e d a c c i ó n evangélica, se fueron a ñ a d i e n d o posteriormente detalles y m á s detalles, episodios, p a r á b o l a s , m i l a g r o s y cuanto se j u z g ó necesario, p r i m e r o , p a r a satisfacer la avidez y c u r i o s i d a d de los fieles, luego necesidades de perfeccionamiento de la creencia en orden a los intereses de la Iglesia. Y a s i m i s m o , c o m o ya he dicho, que luego la p r o p i a necesidad de dar a l o esencial c a r á c t e r c a n ó n i c o i m p i d i ó u n a r e v i s i ó n , ajuste
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y c o o r d i n a c i ó n de todo lo escrito, que h u b i e r a sido tan necesaria, siquiera p a r a d i s i m u l a r e l m o d o c o m o todo h a b í a sido dispuesto y c o m b i n a d o a fuerza de interpolaciones y a ñ a d i d o s . N o o t r a cosa que esto, u n a i n t e r p o l a c i ó n , u n a ñ a dido, son las palabras de Mateo ( X V I , 18) que d i c e n : « T ú eres P e d r o y sobre esta p i e d r a c o n s t r u i r é mi Iglesia, e t c . » ; i n t e r p o l a c i ó n o a ñ a d i d o destinado a justificar, c o n u n a nueva falsedad, el supuesto viaje de P e d r o a R o m a p a r a mor i r m á r t i r en esta c i u d a d , hacer creer que el origen d e l papado estuvo en e l l a y arrebatar la p r i m a c í a a otras de Oriente que t e n í a n m u c h o m á s derecho que R o m a a t a l p r i v i l e g i o . E s t o s i n contar que en los pasajes paralelos de Marcos ( V I I I , 27-32) y de Lucas ( I X , 18-22) nada h a y respecto a la p r i m a c í a concedida a P e d r o en Mateo, lo que prueba, ante todo, que la falsa a f i r m a c i ó n es posterior a la redacc i ó n ya definitiva de estos Evangelios. E n todo caso, j a m á s una a f i r m a c i ó n falsa h a sido m á s p r o d u c t i v a . E m p e z a n d o porque la Iglesia de R o m a , a s í establecida, sin r a z ó n ni fundamento honrado, a la cabeza de la cristiandad, e m p e z ó a desentenderse descaradamente de las doctrinas que h a b í a a t r i b u i d o a J e s ú s , y a favor de las cuales h a b í a subido al subir é s t e , empezando p o r lo de: «Mi R e i n o no es de este M u n d o » , pues u n a vez fuerte y poderosa, no p a r ó hasta conseguir el poder t e m p o r a l (que ya era un hecho el a ñ o 502, cuando p o r p r i m e r a vez eí obispo de R o m a fue designado oficialmente con el n o m b r e de papa, pues l a Iglesia p o s e í a y a vastos territorios e n I t a l i a : e l llam a d o patrimonium Petri, aumentado sin cesar a favor tanto de donaciones, c o m o soberano t e m p o r a l y papa-rey, o de verdaderas expoliaciones), poder que m a n t u v o durante siglos hasta que circunstancias adversas la o b l i g a r o n a abandonarlo. C l a r o e s t á que s i n r e n u n c i a r p o r ello, volviendo t a m b i é n la espalda al que los Evangelios siguen mostrando c o m o e l gran a p ó s t o l d e l a pobreza, a l p o d e r í o e c o n ó m i c o . E s t a d í s t i c a s publicadas ú l t i m a m e n t e p o r l a O N U h a n revelado ( v é a s e l a n o t a n ú m . 44) que e l poder c r e m a t í s t i c o d e R o m a t a n s ó l o es sobrepujado p o r el de los E s t a d o s Unidos y la U n i ó n S o v i é t i c a . El que se dice representante del Pro-
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feta de G a l i l e a , que los Evangelios compuestos p o r la Igles i a e n s e ñ a n que hasta los t r e i n t a a ñ o s vivió de su trabajo y durante los meses de su apostolado de c a r i d a d , parece ser que dispone h o y de una f o r t u n a que se c a l c u l a en unos 12.000 millones de d ó l a r e s . C a n t i d a d que q u i é n sabe en c u á n to se a c r e c e n t a r í a si se tiene en cuenta el v a l o r de los tesoros a r t í s t i c o s que encierra el V a t i c a n o . P e r o volvamos a los textos. T a m p o c o estaban e n l a r e d a c c i ó n p r i m i t i v a las palabras de la cena a p r o p ó s i t o del pan y del vino: « T o m a d , é s t e es m i cuerpo; bebed, é s t a e s m i s a n g r e . » R e f i r i é n d o s e a esto, dice L o i s y (Reflexions, p á g . 90): « J e s ú s se l i m i t ó a presentar el p a n y el v i n o a sus d i s c í p u l o s d i c i é n d o l e s que ya no c o m e r í a ni b e b e r í a con ellos sino en el Reino de los Cielos.» E s t o era lo n a t u r a l , lo l ó g i c o , lo razonable, aunque todo no fuese sino u n a p u r a leyenda, pues hasta en lo imaginado cabe u n a f a n t a s í a ordenada y u n a f a n t a s í a desordenada. Incluso lo de reunirse en el C i e l o p o d r í a itirse si se ite, claro e s t á , la «cena». Pues no se olvide que si se acepta, siquiera p o r u n momento, que J e s ú s e x i s t i ó , forzosamente hay que concebirle, c o m o a todos los fundadores de religiones (nombre que se les ha dado en v i s t a de los resultados de su obra, b i e n que algunos de ellos, c o m o el B u d a y el Jes ú s de los Evangelios, lo que menos se p r o p u s i e r o n fue fundar una r e l i g i ó n ) , como a un m í s t i c o ciento p o r ciento y, consecuentemente, c o m o un total y profundo iluso. P o r lo que tan seguro e s t a r í a del Cielo o R e i n o del Padre, como el B u d a del N i r v a n a y M a h o m a de los P a r a í s o s que o f r e c í a . Precisamente el encanto y m a y o r atractivo de los grandes iniciados ha estado en la enorme fe en sus propias quimeras. L o d e l a r e d e n c i ó n del h o m b r e c o n s u muerte tampoco e s t á en la l í n e a de las e n s e ñ a n z a s de J e s ú s . Es una interpol a c i ó n m á s . E s t a bajo la influencia de Pablo o de M a r c i ó n , si M a r c i ó n fue el padre o, p o r lo menos, el g r a n p a d r i n o de P a b l o , que, c o m o hemos visto, h a b í a sacado l o del papel redentor de C r i s t o de los libros a p o c a l í p t i c o s j u d í o s . Si a h o r a nos t o m a m o s el trabajo de darnos cuenta de que
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Mateo hace nacer a J e s ú s en tiempos de Herodes, es decir, l o m á s tarde cuatro a ñ o s antes d e l p r i n c i p i o d e nuestra era, y L u c a s coloca este n a c i m i e n t o cuando un empadronamiento que se e f e c t u ó diez a ñ o s d e s p u é s , es decir, en el a ñ o 6 (376); que L u c a s hace d u r a r a ñ o y medio aproximadamente el tiempo de p r e d i c a c i ó n de J e s ú s , y J u a n tres a ñ o s y medio; si nos tomamos la m o l e s t i a de considerar que la fecha de la muerte de J e s ú s la v í s p e r a de la Pascua o d í a de Pascua es i n a d m i s i b l e y que s ó l o se t r a t ó con ello de recordar el s a c r i f i c i o e x p i a t o r i o del cordero pascual; que a s i m i s m o muchos acontecimientos de la supuesta v i d a de J e s ú s son referidos tras la advertencia de que eran «el c u m p l i m i e n t o de p r o f e c í a s del Antiguo Testamento» (377), r e s u l t a que en esta m o n t a ñ a de totales leyendas y detalles destinados a ver de j u s t i f i c a r lo que se p r e t e n d í a conseguir, la ú n i c a verdad es: que un siglo d e s p u é s de la supuesta muerte de J e s ú s , nada cierto y verdadero s e s a b í a sobre E l . E s decir, n i c u á n d o h a b í a nacido, n i d ó n d e , n i l o que h a b í a e n s e ñ a d o , n i l a fecha exacta de su muerte. S e g ú n Guignebert, ni t a n siquier a s u verdadero nombre. Si a h o r a quitamos los m i l a g r o s (a menos de considerar c o m o tales cuantos pueden producirse en casos semejantes: estados de psicosis favorables a u n a t e r a p é u t i c a m e n t a l capaz de ejercer i n f l u e n c i a sobre lesiones n e u r o s o m á t i c a s , que esto y no otra cosa son las curaciones tenidas hoy m i s m o p o r milagrosas) y el m i t o relativo a su r e s u r r e c c i ó n referido por los s i n ó p t i c o s (con variaciones, p o r cierto, i n conciliables, pues no hay acuerdo en estos Evangelios ni sobre el lugar de las apariciones de J e s ú s — G a l i l e a s e g ú n M a r c o s y Mateo, J e r u s a l é n s e g ú n L u c a s y Juan—, ni sobre el orden de estas apariciones, ni siquiera en cuanto a aquel l o s que fueron testigos de ellas), ¿ q u é queda de los Evangelios? ¿ Q u é puede itirse, por m u y tolerante que se sea, que haya en ellos de verdad, de h i s t o r i c i d a d ? ¿ Q u é pensar de su c a r á c t e r divino y revelado desde el m o m e n t o que vemos n o s ó l o c ó m o , p o r q u é y p a r a q u é fueron escritos, sino de q u é m o d o fueron luego modificados, interpolados y alterados m i l veces? Todo, pues, parece i n d i c a r : 1.° Que nos
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encontramos ante cuatro textos escogidos p o r la Iglesia entre sesenta o setenta m á s , c o n objeto de ver de garantizar la existencia de un personaje, J e s ú s , que n i n g ú n otro docum e n t o fuera de estos textos, pero documento sobre c u y a autenticidad no h a y a duda, m e n c i o n a durante un siglo a p a r t i r de la fecha a t r i b u i d a a su muerte (378). 2.° Que fuera de los escritores e c l e s i á s t i c o s , y p a r a eso m á s de un siglo d e s p u é s de la supuesta existencia de J e s ú s , c o m o hemos visto, nadie, n i n g ú n historiador, filósofo, m o r a l i s t a o escritor, n i j u d í o , n i griego, n i romano, tuvo n o t i c i a d e s u paso p o r e l M u n d o . 3 ° Que e n v i s t a d e ello, n o hay m á s r e m e d i o que reconocer que todo i n v i t a a creer que la r a z ó n e s t á de parte de los « n e g a d o r e s » , y aun itiendo, c o m o creen los eruditos afiliados a la escuela h i s t ó r i c a , que p a s ó p o r la T i e r r a , cuanto parece que l ó g i c a m e n t e se puede afirmar, c o m o hacen é s t o s , es que fue un profeta m á s , pero modest í s i m o , pues n i siquiera, c o m o Judas G a l i l e o , Theudas, e l J u d í o egipcio y m á s tarde B a r - K o c h e b a s , todos de la é p o c a , c o n s i g u i ó atraer la a t e n c i ó n de los historiadores. Pues fatalmente, de haberse hecho notar, por poco que fuese, ¿ n o les h u b i e r a llegado el eco? Y ni F l a v i o Josefo ni Justo de T i b e r í a d e s , c o m o y a hemos visto, supieron que h a b í a pasado p o r l a T i e r r a . 4." E n f i n , que l a ú n i c a fuente d e i n f o r m a c i ó n sobre J e s ú s son los Evangelios, textos que, en lo que afecta a h i s t o r i c i d a d , verdad y u n i f o r m i d a d de lo que refieren, son poco m á s que cero. T a n poco m á s , que s i n l a ayuda d e l a fe, este personaje, tan s i m p á t i c o bajo ciertos aspectos, no tiene m á s r e a l i d a d n i m a y o r consistencia que c u a l q u i e r a d e los dioses, tanto de las religiones de s a l v a c i ó n o a base de misterios, c o n t e m p o r á n e a s suyas, c o m o de los que integraban los panteones paganos. S i , al menos, c o m o d e c í a , estos Evangelios hubiesen Uer gado a nosotros s i n deformaciones y enmiendas, es decir, t a l cual fueron escritas las redacciones p r i m i t i v a s , se pod r í a no darles m u c h o c r é d i t o , evidentemente, vistos los m i lagros y d e m á s f a n t a s í a s p s e u d o m í s t i c a s de que e s t á n llenos, pero sí estar m u c h o m á s cerca de la leyenda, es decir, de cuando se e m p e z ó a h a b l a r de J e s ú s antes de transfor-
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n i a r l e en C r i s t o . O sea, que aunque j a m á s h u b i e r a h a b i d o m e d i o de creer, c o m o es n a t u r a l (hablo de aquellos que d i r i g e n s u j u i c i o p o r e l c a m i n o d e l a r a z ó n , n o d e l a fe), que h a b í a nacido e n v i r t u d d e u n m o d o d e g e n e r a c i ó n distinto del n o r m a l , ni que h a b í a realizado otros m i l a g r o s que esos hechos sorprendentes, pero no milagrosos, puesto que se pueden explicar, que realiza la fe, la s u g e s t i ó n y u n a fuerte personalidad, cuando las circunstancias son favorables; fuera de todo esto h u b i e r a p o d i d o haber algo de c r e í b l e , al menos, en la serie de f á b u l a s que constituyen las narraciones e v a n g é l i c a s . M i e n t r a s que ahora, a menos de conceder ciegamente c r é d i t o a lo que sensatamente ninguno merece, estamos absolutamente a oscuras en lo que p u d i e r a haber de v e r d a d respecto a lo que a esta figura a t a ñ e . Así como tan s ó l o conjeturas se pueden hacer en lo relativo al nacim i e n t o y p r o g r e s i ó n de su leyenda. Pues c o m o nos consta que l a honradez l i t e r a r i a n o era l o que m á s abundaba e n aquellos tiempos, no tenemos m á s remedio que h u n d i r n o s en el m á s completo y total escepticismo en lo que a esta c u e s t i ó n a t a ñ e . Y el d i l e m a es é s t e : O se niega su existencia o hay que aceptar que respecto a cuanto se dice acerca de J e s ú s , salvo que m u r i ó acusado de blasfemia y falso mesianismo, cosas, en ú l t i m o caso, posibles, si no seguras, ni siquiera probables, todo lo d e m á s es p u r a leyenda. A escoger. C u a n d o siglos antes los hebreos v o l v i e r o n d e l destierro (ya sabemos que al ser autorizados a volver a Palestina, unos, los que se h a b í a n afincado en B a b i l o n i a y v i v í a n bien, a l l í se quedaron, ubi bene, ibi patria, y, p o r consiguiente, s ó l o regresaron aquellos que p o r no tener gran cosa, lo mismo les daba trabajar y pasar h a m b r e en un sitio que en otro) no e n t e n d í a n b i e n la lengua de los libros sagrados, es decir, los textos del Antiguo Testamento, pues, s i n duda, su m o d o corriente de h a b l a r h a b í a v a r i a d o c o n la estancia en P e r s i a . E l l o , dada s u n a t u r a l i n c u l t u r a , les p o n í a e n condiciones de i n f e r i o r i d a d p a r a todo cuanto fuese de o r d e n esp i r i t u a l . A causa de ello, p a r a explicarles los textos sagrados fue preciso crear un cuerpo especial, el de intérpretes, funcionarios que ocupaban el tercer puesto, en o r d e n de digni-
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dad, e n las sinagogas. E l cuarto estaba constituido p o r los sofer o escribas (a quienes los griegos d e n o m i n a b a n gramáticos), encargados de t r a n s c r i b i r los textos bajo la dirección vigilante de a q u é l l o s . Pues bien, si la Iglesia p r i m i t i v a h u b i e r a conservado estas dos clases de empleados, al reprod u c i r las primeras versiones de la t r a d i c i ó n o r a l y las p r i meras formas de la leyenda c r i s t i a n a , estas p r i m i t i v a s copias hubiesen sido m u c h o menos alteradas y desfiguradas al pasar, c o m o fatalmente t e n d r í a que o c u r r i r , p o r manos inexpertas, que, t a l vez s i n p r o p o n é r s e l o , los fueron m o d i f i c a n d o y falsificando. M i e n t r a s que estas modificaciones, realizadas p o r manos entendidas y de acuerdo c o n un p l a n trazado con arreglo a las crecientes necesidades d e l culto, h u b i e r a n dado u n a u n i f o r m i d a d y u n a i g u a l d a d a los relatos, de lo que ahora carecen. Si a lo anterior a ñ a d i m o s las alteraciones, é s t a s ya voluntarias, que sufrieron posteriormente, por m a n o de los que no estaban conformes c o n los textos (lo que produjo, c o m o hemos visto, innumerables quejas e i n c l u s o h e r e j í a s ) , tendremos el p o r q u é de estas acusaciones y la i n d i g n a c i ó n de los que protestaban al observar las diferencias que h a b í a no s ó l o en las diversas copias que cor r í a n de m a n o en mano, sino entre aquellas redacciones y los p r i m i t i v o s y ya tan deformados originales. Así, san E p i f a n i o acusaba a M a r c i ó n de haber alterado el Evangelio de s a n L u c a s , c o m o él d e c í a , y determinadas Epístolas de san P a b l o . P o r su parte, M a r c i ó n declaraba en sus Antítesis, que su Evangelio h a b í a sido interpolado por los protectores d e l J u d a i s m o con objeto de f u n d i r la ley s e g ú n los profetas en un solo cuerpo y c o n f i r m a r de este m o d o su C r i s t o . T e r t u l i a n o (Adversus Marcionem, I V , 4) dice, a su vez: _«Yo afirmo que el Evangelio de M a r c i ó n e s t á falsificado. M a r c i ó n , que el falsificado es el m í o . E n t r e los dos, ¿ q u i é n d e c i d i r á ? » A s i m i s m o , san E p i f a n i o se quejaba de cuantos cristianos, é s t o s ortodoxos, h a b í a n s u p r i m i d o e l pasaje en que este Evangelio aseguraba que J e s ú s h a b í a llorado ( X I X , 41), p o r m i e d o a que los herejes se aprovechasen de él p a r a zaherirles. Igualmente, los p a r t i d a r i o s de A r r i o , m á s tarde, s u p r i m i r í a n e n M a r c o s l a p a l a b r a «hijo», a l
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decir en X I I I , 32, que no se sabe c u á n d o l l e g a r í a el d í a supremo. A l n o a d m i t i r que J e s ú s era H i j o d e Dios, n a t u r a l e r a que suprimiesen esta palabra, que a ellos les sonaba a h e r e j í a . En este m i s m o Evangelio fueron s u p r i m i d o s igualmente los doce ú l t i m o s v e r s í c u l o s del c a p í t u l o X V I , c o n que acaba el l i b r o , relativos a los postreros instantes de J e s ú s en la T i e r r a , luego de su resurreccin, s i n d u d a p o r considerarlos c o m o u n evidente a ñ a d i d o a c a p í t u l o que y a c o m o estaba era tan difícil de creer. O b i e n a causa de la dific u l t a d de ponerlos de acuerdo c o n lo que a p r o p ó s i t o de tan i m p o s i b l e sucedido refieren los otros Evangelios. El hecho era, c o m o c o m p r u e b a san J e r ó n i m o (Epístola C X L I X , ad Ehedib, I X , 3: Omnibus Graecíae libros paena hoc capitulum in fine non habentibus), que faltaban en casi todos los manuscritos griegos. Pero c o m o el m a l , sobre ser ya m u y grande, no llevaba trazas de acabar, el p a p a D á m a s o (379), desesperado al ver a q u é estado h a b í a n llegado las versiones de los Evangelios, e n c a r g ó a san J e r ó n i m o que las corrigiese y fijase. S a n J e r ó n i m o , erudito de p r i m e r a clase, se puso animosamente a la o b r a empezando, c o m o era n a t u r a l , p o r leer cuantas pudo reunir. Y p r o n t o se dio cuenta de que ni u n a tan siquiera h a b í a que no fuese sumamente defectuosa. Es m á s , de que todas eran diferentes. Totenim sunt exemplaria paene, quot códices, c o m o dice en el prefacio de los Evangelios ad Damas. Luego dio comienzo, s e g ú n dice a contin u a c i ó n , «a aquel trabajo ú t i l , pero lleno de peligro, pues es siempre peligroso tratar de enmendar viejos errores autorizados p o r e l t i e m p o » . T e n í a r a z ó n . Porque e l e s c á n d a l o que p r o d u j o fue t a l al p r o b a r que se h a b í a estado itiendo c o m o revelados textos tan manoseados, reformados y alterados, que la ignorancia, enconada, se r e v o l v i ó c o n t r a él y hasta de sacrilego fue acusado. C o m o de o r d i n a r i o suele ocur r i r , empezaron a trabajar c o n t r a é l — c o m o digo—la ignor a n c i a , la envidia y el fanatismo, terribles enemigos siempre. Sobre todo si se tiene en cuenta su n ú m e r o y su obstin a c i ó n . De sacrilego, pues, y de falsario fue acusado. Y tan violentamente atacado p o r talar, corregir y enmendar aquel
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bosque de interpolaciones, variaciones y errores, que s i n el decidido apoyo y la confianza que t e n í a en él el Papa, m u y m a l l o hubiese pasado. Que l a I n q u i s i c i ó n n o e x i s t í a todav í a con este n o m b r e , pero el que atentaba c o n t r a los sagrados derechos que se a t r i b u í a la Iglesia lo pasaba peor que m a l . M a s como J e r ó n i m o no era de esos hombres que se achican f á c i l m e n t e , sino al contrario, de aquellos a quienes los ataques, m u y p a r t i c u l a r m e n t e si son a r b i t r a r i o s e injustos, a n i m a n e i n c i t a n a la l u c h a , se r e v o l v i ó c o m o un tigre cont r a sus adversarios, y uniendo el soberano desprecio que s e n t í a h a c i a la t o n t e r í a y el fanatismo, a la v i o l e n c i a y agudeza en la r é p l i c a , en lo que era t a m b i é n maestro, entre otras lindezas malsonantes, los t r a t ó de « a s n o s de dos p i e s » (bípedos asellos). A h o r a bien, no obstante su m u c h o saber, su d u r a m a n o de a r r i e r o e s p i r i t u a l no o b r a b a menos a trallazo l i m p i o c o n lo que trataba de corregir. De m o d o que aquello fue enmendar, añadir y cambiar, p o r ver de m e j o r corregir, cuanto le v i n o en gana. C o m o él m i s m o confiesa: «Qui enim doctus vel indoctus... me clausitans esse sacrilegum qui audeam aliquid in veteribus libris addere, mutare, corrigere.» Pero, claro, ¿a q u i é n dar la r a z ó n , a él o a lo corregido? En todo caso, y a fuerza de cambios, interpolaciones, toques y retoques de la verdad, si alguna vez la hubo en los textos p r i m i t i v o s , ¿ q u é quedaba? Y c o m o el p r o p i o J e r ó n i m o confiesa a ú n , a p r e m i a d o c o m o era constantemente p o r su protector p a r a que acabase su trabajo, p o r ver de complacerle t e n í a que d i c t a r «a toda p r i s a » . P o r lo que ruega se le excuse a p r o p ó s i t o de sus comentarios sobre Mateo. En el prefacio del segundo comentario de la Epístola a los Efesios, dice que e s c r i b í a con t a l rapidez que c o n frecuencia h a c í a m i l l í n e a s p o r d í a . E s c r i b i e n d o - J dictando d e t a l modo, ¿ p o d í a evitar los errores, los descuidos y las negligencias? Se comprende, pues, e i n c l u s o es de agradecer, la s i n c e r i d a d c o n que aconsejaba a P a u l a , h i j a de Laeta, inst á n d o l a a que le leyese, a s í c o m o a los d e m á s escritores de su t i e m p o : « M á s p a r a juzgarles que p a r a s e g u i r l e s » (Sic
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legat ut magis judicet quam sequatur. Epístola V I I , ad Laet, t. I, p á g . 60). Si los doctos y t e ó l o g o s posteriores hubiesen sido, al menos, tan sinceros y honrados, ¿ s e h u b i e r a n atrevido a h a b l a r de revelación, de intangibilidad de los textos y de inspiración divina c o n s t á n d o l e s , si su i g n o r a n c i a no era total, no s ó l o que estos textos h a b í a n nacido de leyendas, sino c ó m o luego h a b í a n sido tratados, manipulados y alterados? T o t a l : que no tenemos los originales de los Evangelios. Que no se sabe q u i é n e s escribieron los que s i r v i e r o n de pauta a los que han llegado hasta nosotros. Que se i g n o r a si los perdidos textos p r i m i t i v o s , i n c l u i d o , naturalmente, el Evangelio de M a r c i ó n , se i n s p i r a b a n en tradiciones orales, que p u d i e r o n tener un fondo remoto de verdad, o en u n a leyenda, que es lo probable, lo casi seguro, f o r m a d a a favor de I s a í a s y de los escritos a p o c a l í p t i c o s j u d í o s , es decir, puramente f a n t á s t i c a y s i n consistencia real alguna. Que ignoramos a s i m i s m o c u á n d o las p r i m e r a s manifestaciones g r á f i c a s de t r a d i c i ó n o leyenda p u d i e r o n ser escritas. En f i n , que lo ú n i c o que sabemos es que alterados incesantemente con objeto de adaptarlos a lo que a cada Iglesia le c o n v e n í a , a s í c o m o con frecuencia a causa de la i m p e r i c i a , cuando no del fanatismo de los copistas, los Evangelios que han llegado a nosotros son apenas la s o m b r a de los p r i m i tivos, y lo que en ellos se hace decir y hacer a J e s ú s , probablemente distinto de lo que p r i m i t i v a m e n t e se le hizo hacer y decir en las p r i m e r a s versiones de los cuatro l i b r o s p r i n cipales d e l Nuevo Testamento (380). M i l i , en s u c é l e b r e e d i c i ó n precisamente del Nuevo Testamento, ha hecho observar que se d a n en los textos conocidos unas treinta m i l variantes. M u c h a s son de poca i m p o r t a n c i a , simples erratas o r t o g r á f i c a s , pero otras llegan hasta hacer v a r i a r el sentido de lo que dice un Evangelio de lo que refiere otro. En cuanto a que los Evangelios considerados como verdaderos tan s ó l o eran cuatro, ya creo haber d i c h o la r a z ó n que daba Ireneo: A causa de haber cuatro puntos cardinales. A esta a f i r m a c i ó n importante y solemne, que se h a r í a m a l en no aceptar, a ñ a d í a : Que los
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querubines que rodeaban el t r o n o del V e r b o eran de cuatro especies o variedades: u n a que se p a r e c í a a un l e ó n , o t r a a un cordero, la tercera a un h o m b r e y la cuarta a un á g u i l a . S í m b o l o s , respectivamente, de la potencia del R e i n o de Dios, del sacerdocio, de l a ' h u m a n i d a d de C r i s t o y de las gracias mediante las cuales el E s p í r i t u Santo beneficiaba a l a Iglesia. N a d a m á s . E s decir, algo m á s , s í : Que, s e g ú n él, e r a r a c i o n a l pensar (con r a z ó n y pensamiento, c l a r o e s t á , de P a d r e de la Iglesia y de profundo, sabio e i n s p i r a d o t e ó l o g o como él, pues lo de los querubines forzoso era que lo supiese p o r o b r a de d i v i n a i n s p i r a c i ó n ) que el V e r b o hab í a querido que hubiese cuatro Evangelios escritos de cuat r o modos diversos (en todo caso, su poderosa v o l u n t a d h a b í a sido perfecta y totalmente c u m p l i d a ) , b i e n que unos en el e s p í r i t u (Ireneo: Adv. Raer., l i b r o I I I , cap. I I , X I ) . L a a f i r m a c i ó n anterior, o b r a indudablemente d e inspirac i ó n d i v i n a , en todo semejante, sin duda, a aquellas de las que h a b í a n sido f e l i c í s i m o s depositarios los grandes profetas de Israel, h i z o , p o r lo que se puede conjeturar, gran i m p r e s i ó n . Unos debieron quedarse con la b o c a abierta, pensando c ó m o h a b r í a sabido lo de los querubines. Fatalmente, tenia que haber sido p o r r e v e l a c i ó n i n m e d i a t a y especial d e l p r o p i o V e r b o . O, cuando menos, de algunos de los grandes A d v e r b i o s o P a r t i c i p i o s celestiales. Otros a b r i r í a n tamb i é n la boca, pero p a r a al punto cerrarla, v o l v e r l a a a b r i r y v o l v e r l a a cerrar, y en los intervalos de m o v i m i e n t o pron u n c i a r palabras que seguramente le hubiesen sonado m a l al gran Ireneo de haberlas o í d o . Y lo m i s m o , t a l vez, ál g r a n accidente g r a m a t i c a l celeste. En todo caso, de los efervescentes en su favor, u n o fue san C i p r i a n o , que no tan s ó l o reprodujo lo que Ireneo h a b í a dicho, sino que e n g a l a n ó las revelaciones anteriores con nuevas flores de su t a m b i é n i r a b l e manera de apreciar las cosas t e r r á q u e o - c e l e s t i a l e s . O i g á m o s l e : f « H a y cuatro Evangelios—aseguraba (erk algo a c u á t i c o - t e o t e g i c o ) — , porque hay cuatro r í o s e n e l P a r a í s o t e r r e n a l » (Cipriano: Epístola L X X I I I ) . a f i r m a c i ó n , a d e m á s d e bonita, h ú m e d o - g e o g r á f i c a . E n cuanto a san J e r ó n i m o (da gusto ir a s í de santo en santo, c o m o u n a m a r i p o s i l l a de
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f l o r en flor), é s t e c o m p a r a b a los cuatro Evangelios a los cuatro anillos que s e r v í a n p a r a transportar e l A r c a d e l a A l i a n z a . S i n duda, la famosa A r c a estaba dotada o, en t a l caso, a s í la i m a g i n a b a el excelente J e r ó n i m o , de dos anillas a cada lado, p o r las que m e t e r í a n las varas, que luego apoy o r í a n en sus santos h o m b r o s , los levitas encargados de transportarla. E n todo caso, esta c o m p a r a c i ó n p é r t i g o - a n i l l o i d e es t a m b i é n m u y l i n d a y razonable. M a s no contento c o n ella, a ú n avanzaba otra i n t e r e s a n t í s i m a , a saber: H a b í a cuatro Evangelios porque cuatro eran las letras del n o m b r e A D A N . D e A d á n , e l c o m p a ñ e r o d e E v a , l a d e l a manzana. L a que conversaba c o n l a serpiente c o n l a f a c i l i d a d c o n que m á s tarde c u a l q u i e r a de sus hijas lo h a r í a c o n u n a vecina, c o n su peluquero o c o n c u a l q u i e r proveedor. A f i r m a c i ó n é s t a sabia, a d e m á s de interesante, c o m o c o r r e s p o n d í a a tan g r a n sabio c o m o él. C l a r o que a veces, quandoque bonus..., porque e l í n c l i t o J e r ó n i m o o l v i d a b a a l a f i r m a r l o anterior que la p a l a b r a Adán era t r a d u c c i ó n de o t r a griega, a su vez v e r s i ó n m á s o menos directa de otra hebrea, i d i o m a s en que posiblemente el n ú m e r o de letras no era el m i s m o . P e r o q u é m á s daba. S o b r e todo que, p o r s i alguien objetaba algo, dispuesto e s t a r í a seguramente a a ñ a d i r que si los h o m b r e s v i v í a n gracias a A d á n y a E v a , otro g é n e r o de v i d a les llegaba t a m b i é n , ¡y q u é v i d a ! , p o r o b r a de los cuatro Evangelios. En resumen, b i e n que sea triste decirlo, que los Evangelios, verdaderas fuentes de verdad c r i s t i a n a , no se distinguen p o r la pureza de sus aguas. C l a r o que, ¡ c ó m o no enturbiarse algo c o n las tormentas que tuvieron que soportar durante dos o tres siglos! S i n duda, p o r ello que san Agust í n , h o m b r e g r a n catador de l í q u i d o s , dijese, c o m o sabemos, en su disputa con los maniqueos, tras abandonar a é s t o s : « N o c r e e r í a en los Evangelios de no verme obligado p o r la a u t o r i d a d de la Iglesia.» Estas palabras son la m e j o r excusa p a r a hacer lo m i s m o , aquellos a quienes la autoridad de la Iglesia les tiene s i n cuidado. E n todo caso, hay u n hecho absolutamente indudable: Que si J e s ú s p a s ó p o r el M u n d o o no, imposible afirmarlo
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o negarlo de un m o d o absoluto y t a n s ó l o a favor de conjeturas. O t r o hecho no menos indudable: que p a r a saber algo de El h a y que a c u d i r a los Evangelios. A ú n un tercero: que estos l i b r o s , p a r a unos h i s t o r i a verdadera, p a r a otros son tan s ó l o u n a r e l a c i ó n de acontecimientos sobrenaturales, de a l e g o r í a s , de m i t o s y de tradiciones s i n fundamento h i s t ó r i c o alguno. E n estas condiciones l a c u e s t i ó n , parece lo mejor, c o n objeto de decidirnos p o r nuestra parte c o n pleno c o n o c i m i e n t o de causa, c o m p l e t a r todo lo ya dicho mediante un breve, pero suficiente, examen de estos textos, y s ó l o d e s p u é s p r o n u n c i a r n o s , ya con toda seguridad, sobre ellos.
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RELIGIONES. II
EVANGELIO DE MARCOS Que este Evangelio fue f o r m a d o tratando de acercarse lo menos posible al de M a r c i ó n y agrupando con leve arte trozos de tradiciones orales m á s o menos legendarias, se advierte desde que se empieza a leer. De los tres s i n ó p t i c o s es el de estilo y c o n f e c c i ó n m á s inocente. Se ha pensado y se ha hablado de un Protomarcos o Urmarcus, c o m o dicen los alemanes, o sea, de un p r i m e r M a r c o s , del que s a l i ó , p i é n s a s e , tras pasar p o r muchas manos, e l actual. E s posible. C o m o en cuanto afecta a J e s ú s no hay m e d i o de proceder sino mediante conjeturas, p u d i e r a ser que a d e m á s del Evangelio de M a r c i ó n y t a m b i é n aprovechadas p o r é s t e , hubiese u n a serie de leyendas, i n c l u s o escritas, sacadas de tradiciones orales formadas en torno a u n a figura m e s i á n i ca e x t r a í d a de profetas, salmos y l i b r o s a p o c a l í p t i c o s . De ser a s í , el que s i r v i ó de base al que tenemos s e r í a u n a s i m ple c o p i a de tradiciones anteriores enriquecidas c o n leves a ñ a d i d o s . T a l , por ejemplo, e l m o d e s t í s i m o p r i n c i p i o , que a ú n se puede leer, destinado a convencer de que Jesucristo, H i j o de D i o s , h a b í a sido anunciado p o r los profetas de Israel. Así c o m o dar a conocer a quien, sobre anunciarle, a ú n p r e p a r a r í a , p o r decirlo a s í , s u c a m i n o : J u a n e l B a u t i s ta. E l hecho m i s m o d e emplear e l n o m b r e d e Jesucristo, p a r a empezar ( « P r i n c i p i o del Evangelio de Jesucristo, H i j o de Dios») demuestra, a menos que se trate de u n a interpol a c i ó n posterior, que este Evangelio, a t r i b u i d o a M a r c o s ,
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fue redactado estando y a e n m a r c h a l a c r i s t o l o g í a . E s decir, d o m i n a n d o y a e l C r i s t o d e l a Iglesia a l J e s ú s d e l a t a l vez p r i m i t i v a leyenda. Que, en efecto, el redactor de este Evangelio no h i z o sino c o p i a r l o y a escrito antes, o r a e n u n a a g r u p a c i ó n d e tradiciones orales, ya haciendo él m i s m o esta a g r u p a c i ó n , lo prueba, apenas e m p i e z a a e s c r i b i r , a t r i b u i r a I s a í a s cuatro versos, de los cuales los dos p r i m e r o s no le corresponden, pues son de M a l a q u í a s . Si en vez de c o p i a r hubiese escrito él, lo l ó g i c o es que no se hubiese equivocado al t o m a r estos trozos del Antiguo Testamento. En cuanto a lo que refiere de J u a n el B a u t i s t a , no h i z o , o r a el pseudo M a r c o s , o r a el p r i m e r redactor, fuese q u i e n fuese, sino servirse de u n a p u r a leyenda. E s e a c u d i r e n m a s a « d e toda l a r e g i ó n d e Judea y todos los moradores de J e r u s a l é n » al desierto, donde estaba el profeta, desierto que f i j a al otro l a d o del J o r d á n , c o n objeto de hacerse bautizar, es m á s que sospechoso. T a n t o m á s cuanto que se trataba de j u d í o s fieles observantes de la ley, en la que h a b í a n sido i n i c i a d o s anteriormente mediante otro r i t o : la c i r c u n c i s i ó n . Y lo m i s m o todos los detalles t r a í d o s simplemente p a r a dar v a l o r a la b o r r o s a f i g u r a del santo anacoreta. P o r ejemplo, que en el desierto hubiese langostas, animales que, c o m o se sabe, t r a n s f o r m a n ellos en desiertos los lugares por donde pasan, no dejando en los m i s m o s ni rastro de v e g e t a c i ó n . Pero en los que no permanecen, pues faltos de c o n q u é alimentarse m o r i r í a n . Y que a s i m i s m o se a l i m e n t a b a de m i e l , pues en un desierto, ¿ d ó n d e p o d r í a n l i b a r las abejas con q u é fabricarla? Luego que J u a n el B a u t i s t a se a l i m e n t a b a en el desierto de langostas y m i e l no pasa de u n a a f i r m a c i ó n caprichosa. C l a r o que es detalle s i n i m p o r t a n c i a , pues de lo que se trataba era de demostrar la sencillez de costumbres de Juan, l l a m a d o el precursor. Que puede que viviese al o t r o lado del J o r d á n en un lugar « d e s i e r t o » en cuanto aldeas, c a s e r í o s o grupos de personas, pero no de v e g e t a c i ó n . En todo caso, es probable que de haberse inventado ya lo del cuervecito llevando en el p i c o pan a los santos de los desiertos, cuervecito h u b i e r a h a b i d o en vez de langostas y m i e l . P o r supuesto,
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el que pretenda encontrar verdad en la n a r r a c i ó n , que, c o m o vamos a ver, es toda entera ella, sí, un verdadero desierto en lo que a h i s t o r i c i d a d afecta, que no siga. Pues cuanto va a h a l l a r es u n a serie de candidos lagos, en los que es i m p o s i b l e navegar a menos de embarcarse desde un p r i n c i p i o e n l a velera nave d e l a F E . L o digo porque a l punto e m p i e z a n los m i l a g r o s (381). E l p r i m e r o , y n o flojo, e n e l m o m e n t o m i s m o d e s a l i r J e s ú s del J o r d á n r e c i é n bautizado. P o r supuesto, l o que, ante todo, nos preguntamos es, puesto que « J u a n el B a u tista predicaba e l b a u t i s m o d e penitencia p a r a l a r e m i s i ó n de los p e c a d o s » , pecados que « c o n f e s a b a n » cuantos se hac í a n bautizar, ¿ d e q u é pecados necesitaba e l H i j o d e D i o s l i b r a r s e mediante el b a u t i s m o ? Pero, en f i n , no nos preguntemos nada, puesto que en pleno c a m p o de m i l a g r o s , c o m o hemos entrado, todo es posible, empezando p o r lo i m p o s i b l e . D e m o d o que q u i é n sabe s i J e s ú s l l e g a r í a , p o r p u r a h u m i l d a d , a cometer a l g ú n pecadillo venial s ó l o porque J u a n le dejase c o m o u n a patena. El caso fue, y a ello i b a , que en el m o m e n t o de s a l i r del agua ya i n m a c u l a d o , es decir, c o m o treinta a ñ o s antes d e l vientre v i r g i n a l de su madre, o c u r r i ó , s e g ú n e l pseudo M a r c o s , l o siguiente: « E n el instante que s a l í a del agua v i o los Cielos abiertos y el E s p í r i t u , c o m o paloma, que d e s c e n d í a sobre E l , y se d e j ó o í r d e los Cielos u n a v o z : ' T ú eres m i H i j o amado, e n quien y o m e complazco.' T r a s l o c u a l , n o obstante, e l E s p í r i t u l e e m p u j ó hacia e l desierto, donde e l H i j o amado p e r m a n e c i ó cuarenta d í a s ( e l n ú m e r o d e los plazos b í b l i c o s ) tentado p o r S a t a n á s , y m o r a b a entre las fieras, pero los á n g e l e s le servían.» N a d a m á s . O sea, un D e m o n i o tonto o que c o m o tal t o m a a l H i j o d e Dios, puesto que trata d e e n g a ñ a r l e , m á s fieras y todo. Y de p r o p i n a , los providentes angelitos, que no faltan en cuantas narraciones v e r í d i c a s de esta í n d o l e se los cree necesarios. S i n contar, p o r supuesto, el cronista, que b i e n agazapado, para que n o l e v i e r a n n i S a t a n á s n i los leones, presenciaba todo p a r a p o d e r c o n t a r l o d e s p u é s . Ahora veremos que c o m o a m e d i d a que c r e c í a la fe h a b í a necesidad, c o m o bien se comprende, de m á s detalles y p r o d i -
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gios, la v i d a de J e s ú s se i r á enriqueciendo de Evangelio en Evangelio. O sea, la revelación h a c i é n d o s e cada vez m á s p r ó d i g a , m á s r i c a , m á s completa. Y que la r e v e l a c i ó n es algo necesario desde el p r i n c i p i o , cosa es evidente. Puesto que ocurriendo, c o m o digo, la est a n c i a de J e s ú s en el desierto, es decir, s i n otros testigos que los angelitos y las fieras de lo que a l l í o c u r r í a entre J e s ú s y el D i a b l o , ¿ c ó m o se supo lo de las endiabladas tentaciones y lo de la asistencia a n g é l i c a , a no ser en v i r t u d de u n a d i v i n a r e v e l a c i ó n ? No dudemos, pues, de las revelaciones, porque s e r í a dudar de los Evangelios. T a n t o m á s cuanto que l a n a r r a c i ó n sigue siempre e n e l m i s m o tono c a n d i d o y novelesco. C o m o , s i n duda, necesitaba un audit o r i o candido t a m b i é n , que cuanto precisaba era creer. Y que incluso esperaba que c o n la lectura de cada d í a , solo o en c e n á c u l o c o m ú n , su creciente fe fuese sellada con el i n c o m p a r a b l e broche d e l o m i l a g r o s o . A h o r a b i e n , ¿ n o s pod r í a a d m i r a r esto entonces, en que el m i l a g r o , con todas sus formas, era cosa corriente y a d m i t i d a , cuando hoy, en pleno siglo de la d e s i n t e g r a c i ó n de la m a t e r i a , hay tantos, pero tantos, que siguen creyendo en los milagros? En el m o m e n t o que escribo esto, ¿ n o acaba Pablo VI de ir a Fát i m a y c o n f i r m a r , hablando c o n u n a m o n j i t a a la que de n i ñ a se le a p a r e c i ó allí la V i r g e n , que estas cosas pueden o c u r r i r ? Y no hace m u c h o , cuando su viaje a T i e r r a Santa, ¿ n o se detuvo y estuvo orando—en todos los p e r i ó d i c o s del m u n d o c a t ó l i c o v i n o la f o t o g r a f í a — e n el sitio exacto, en la o r i l l a del J o r d á n , en que fue bautizado J e s ú s ? Sigamos. « D e s p u é s que J u a n fue preso, p o r o b r a del i n t r é p i d o cron i s t a mencionado, v i n o J e s ú s a G a l i l e a predicando el E v a n gelio de Dios.» E inmediatamente otros m i l a g r o s . No de los de aparato, pero no p o r ello menos irables: la pesca p o r J e s ú s de dos pescadores precisamente, S i m ó n y A n d r é s , que « e c h a b a n las redes al m a r » (al m a r de G a l i lea, es decir, al lago T i b e r í a d e s ) , a los que dice: « V e n i d en pos de mí y os h a r é pescadores de h o m b r e s . » Lo que b a s t ó p a r a que dejando barca y redes, le siguiesen. Y lo m i s m o , un instante d e s p u é s , Santiago y J u a n . E s t o s no s ó l o aban-
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donan los enseres de pesca, sino a su p r o p i o padre, Zebedeo. L o que é s t e d i r í a a l v e r que c o n tanta f a c i l i d a d l e dejaban solo p o r seguir a s í , de buenas a p r i m e r a s , a un desconocido, n o l o dicen n i M a r c o s , n i M a t e o , n i L u c a s . M á s vale. Y mientras el p o b r e Zebedeo p r o f e r í a , seguramente en a l t a voz y destemplado arameo, lo no m u y grato de o í r p a r a un profeta ambulante, el pescador de hombres y sus cuatro p r i m e r o s l u c i o s a C a f a r n a u m se fueron. Y en Cafarn a u m , « e n los confines de Z a b u l ó n y de N e f t a l í , a o r i l l a s del m a r » , donde, s e g ú n un o r á c u l o de Isaías ( V I I I , 23; I X , 1), era esperado el C r i s t o j u d í o , J e s ú s se e c h ó a e n s e ñ a r e n plena sinagoga, donde, p o r cierto, h a b í a « u n h o m b r e p o s e í d o p o r u n e s p í r i t u i m p u r o » , a l que J e s ú s o r d e n ó , pues, p o r l o visto, n o estaba m á s silencioso que Zebedeo: « C á l l a t e y sal de él.» P a l a b r a s que b a s t a r o n p a r a que el e s p í r i t u i m p u r o escapase no s i n agitarse violentamente y d a r un postrer g r i t o tremendo. C o n lo que cuantos estaban allí quedaron a d m i r a d o s y la f a m a del nuevo mago-profeta «se e x t e n d i ó p o r doquiera en todas las regiones l i m í t r o f e s de G a l i l e a » . L o o c u r r i d o n o era p a r a menos. Y o m i s m o , que soy algo reacio p a r a estas cosas, e m p e z a r í a a v a r i a r de opin i ó n c o n s ó l o convencerme d e que u n demonio s e h a b í a metido en el cuerpo de un h o m b r e . A u n q u e é s t e no fuese amigo m í o . Y si de p r o p i n a le v e í a escapar dando alaridos al ser ordenado p o r alguien que t a l hiciese, en pescador de hombres m e c o n v e r t i r í a b i e n que j a m á s h a y a tenido u n a c a ñ a e n l a mano, s i este alguien q u e r í a . A h o r a bien, l o que no me explico es c ó m o en C a f a r n a u m , donde, s e g ú n acabam o s de ver, todos se quedaron, c o m o era l ó g i c o , c o n la boca abierta, la cerraron, la v o l v i e r o n a abrir, luego a cerrar, y a s í muchas veces, p a r a decir que aquello no h a b í a pasado de un e n g a ñ o , puesto que en Mateo, X I , 23, vemos al p r o p i o lanzademonios indignarse c o n esta c i u d a d . Oigasele: «Y t ú , C a f a r n a u m , ¿ t e l e v a n t a r á s hasta e l C i e l o ? H a s t a e l Infierno s e r á s p r e c i p i t a d a . Porque si en S o d o m a se h u b i e r a n hecho los m i l a g r o s realizados e n t i , hasta hoy s u b s i s t i r í a . Así, pues, te digo que el p a í s de S o d o m a s e r á tratado c o n menos r i g o r que t ú e l d í a del juicio.» A s i m i s m o , siempre s e r á
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p a r a m í e l m a y o r d e los m i l a g r o s que habiendo hecho J e s ú s los que se le achacan, a la v i s t a de todo el m u n d o , no solamente los fariseos, los escribas y los sacerdotes no se convenciesen, sino que se atreviesen a tacharle de blasfemo, falso M e s í a s , a s í c o m o pedir a P i l a t o que le crucificase s i n t e m o r a que les fulminase. Porque, ¿ c ó m o no les p a r e c i ó que p a r a u n mago c o m o E l d e b í a ser m u c h o m á s fácil m a t a r que resucitar? P o r cierto, y ya que he n o m b r a d o a M a t e o , d i r é que en é s t e lo de desendemoniar a los endemoniados es referido t a m b i é n . E i n c l u s o c o n m á s detalles ( I V , 24 y sigs.). La revelación d i v i n a se va a n i m a n d o de Evangelio en Evangelio. En Lucas, J e s ú s va p r i m e r o a G a l i l e a , luego a Nazaret y, finalmente, a C a f a r n a u m . Es decir, la p r o g r e s i ó n de que hablo en lo que afecta a la r e v e l a c i ó n : En Marcos empieza p o r ganar a los cuatro p r i m e r o s a p ó s t o l e s y al p u n t o se v a n a C a f a r n a u m . En Mateo, J e s ú s , dejando a Nazaret, se fue a m o r a r a C a f a r n a u m ( I V , 13), y s ó l o d e s p u é s se dedica a la pesca de a p ó s t o l e s . Y en Lucas, p r i m e r o va a G a l i l e a , luego a Nazaret y, finalmente, a C a f a r n a u m . D e t a l l i t o m á s o menos, lo m i s m o , s ó l o que al r e v é s . C l a r o que, en c a m b i o , magnificado y m u l t i p l i c a d o p o r diez. En Lucas es ya la p r i m a vera. La fecundidad total de la r e v e l a c i ó n . L o s brotes de Marcos, vueltos flores y frutos en Mateo, en Lucas son ya chunglas de follaje e v a n g é l i c o . Pero voy a seguir tan s ó l o c o n M a r c o s p a r a no volver tar u m b a al lector. Pues p o r m u y s i n ó p t i c o s que sean estos Evangelios, u n a sinopsis de los tres a un tiempo s u p o n d r í a u n a m a s a d e f a n t a s í a s tan considerable, que r e s u l t a r í a m u y difícil de gustar. Porque c o m o es fácil advertir p o r lo dicho hasta ahora, y estamos empezando, ni siquiera lo que de común tienen lo cuentan del mismo modo ni c o n la m i s m a extensión y detalles. Lo que parece p r o b a r que tanto en la t r a d i c i ó n o r a l c o m o e n l a escrita, e l ú l t i m o que llegaba, tras p e d i r p e r m i s o y ayuda a la r e v e l a c i ó n , c o r r e g í a y mejoraba, a su parecer, al menos, lo d i c h o hasta él. A l s a l i r d e l a sinagoga van los c i n c o ( J e s ú s , S i m ó n , A n d r é s , Santiago y J u a n ) a casa de S i m ó n , c u y a suegra a r d í a
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en fiebre. Ni que decir tiene que t o c a r l a J e s ú s y quedarse a menos de 37° fue todo u n o y lo m i s m o . Y « l l e g a d o el atardecer y puesto ya el S o l , le l l e v a r o n todos los enfermos y endemoniados, y toda la c i u d a d se r e u n i ó en la p u e r t a » . ¿ H a r á falta d e c i r que bien que fuesen tantos, todos, p e r o todos, fueron curados, y los endemoniados, desendemoniados? Luego, J e s ú s e s c a p ó de allí, e s c a p ó , é s t a es la palabra, de t a l m o d o le asediaban, y s i g u i ó p r e d i c a n d o «en las sinagogas de toda G a l i l e a y echando a los d e m o n i o s » . C r e o que nadie e n c o n t r a r á exagerado s i a f i r m o que aquello e r a u n a endemoniada r e g i ó n . Luego c u r ó a un leproso con s ó l o tocarle. Y y a s u f a m a e r a tanta, « q u e n o p o d í a entrar p ú b l i c a mente en n i n g u n a c i u d a d , sino que se quedaba fuera, en lugares distantes, y allí v e n í a n a El de todas p a r t e s » . E n cantador y edificante. C l a r o que, ¿ s e puede i m a g i n a r algo m á s falso, embustero, a m a ñ a d o y compuesto que todo esto? S e d i r á : s í , l o que cuentan luego M a t e o , L u c a s y J u a n . E n todo caso, el verdadero m i l a g r o , ¿ n o es que relatos t a n disparatados y carentes de toda posible v e r d a d , por u n a parte, y tan candidos e inocentes, p o r otra, hayan sido y s i gan siendo c r e í d o s ? A los pocos d í a s vuelve a C a f a r n a u m , y en cuanto «se supo que estaba en casa, se j u n t a r o n tantos, que ni a u n en el patio c a b í a n » . Y aunque antes se nos ha d i c h o que le h a b í a n llevado «a todos los e n f e r m o s » , el p a r a l í t i c o que llega ahora o le h a b í a n olvidado o le h a b í a n t r a í d o de fuera p a r a cuando regresase. E l caso fue que trajeron a l t u l l i d o entre cuatro, y c o m o les fue i m p o s i b l e acercarse a J e s ú s a causa de la m u c h e d u m b r e (y de la poca c a r i d a d , pues parece l ó g i c o que le hubiesen abierto paso; pero, c l a r o , si hacen esto, lo b o n i t o se queda en el tintero), se les o c u r r i ó algo casi endiablado t a m b i é n , i m p r o v i s a r un ascensor y un descensor m u y originales: le subieron al tejado de la casa, y u n a vez allí h i c i e r o n un agujero en él, por el c u a l «descolgaron l a c a m i l l a e n que y a c í a e l p a r a l í t i c o » . N a d a m á s . E s decir, un m i l a g r o en tres partes: p r i m e r a , izar a p a r a l í t i c o y c a m i l l a hasta el tejado s i n que se cayese; segunda, hacer u n agujero d e t a m a ñ o suficiente c o m o p a r a meter p o r é l l o
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que acababan de subir; tercera, descender la carga c o n cam i l l a y todo, s i n que en n i n g u n o de los tres tiempos conociese el i m p e d i d o la dureza d e l suelo o de las tejas. ¿ S e puede p e d i r m á s ? Luego, tras u n p e q u e ñ o altercado con « a l g u n o s e s c r i b a s » que h a b í a n presenciado todo l o referido (salsa, este altercado, d e l guiso anterior), J e s ú s d i j o al par a l í t i c o : « L e v á n t a t e , t o m a tu c a m i l l a y vete a tu c a s a . » Y entonces, cuarta parte d e l m i l a g r o , incorporarse e l p a r a l í t i c o y s a l i r con la c a m i l l a bajo el brazo p o r donde m e d i a h o r a antes no h a b í a p o d i d o entrar. ¿ N o es precioso y de todo p u n t o a d m i r a b l e este m i l a g r o en cuatro actos? D e s p u é s , J e s ú s se va a la o r i l l a del m a r (el m a r es siempre el lago citado), seguido de g r a n golpe de j u d í o s , a los que e n s e ñ a b a . O í m o s decir a M a r c o s repetidamente « q u e e n s e ñ a b a » , pero no sabemos, pues esto no lo dice, q u é enseñ a b a . S i n duda, l o del advenimiento inmediato, amable eng a ñ o , pues no se r e a l i z ó , del R e i n o de D i o s . P e r o sigamos a J e s ú s . Al pasar junto a Leví de Alfeo, J e s ú s le dijo a é s t e t a m b i é n : s i g ú e m e , y Leví le s i g u i ó . Luego, en la mesa, en casa de L e v í (puede ser atrevido c o n t r a d e c i r a un evangel i s t a , pero parece que q u i e n s i g u i ó a L e v í fue J e s ú s , no al r e v é s , puesto que es J e s ú s q u i e n entra en su casa y se sienta a su mesa; c l a r o que pudo darle el t u f i l l o , meterse decididamente en la casa y decir al d u e ñ o : S i g ú e m e , comeremos juntos), luego en la m e s a — d e c í a — , le o í m o s responder a ciertas c r í t i c a s que l e hacen p o r c o m e r e n u n i ó n d e p u b l í canos y pescadores ( s i n duda, la puerta estaba de p a r en par, y los que c r i t i c a b a n se encontraban fuera): « N o tienen necesidad de m é d i c o s los sanos, sino los e n f e r m o s . » T r a s v e r d a d tan profunda, le vemos c a m i n a r entre las mieses «en d í a de s á b a d o » . C o m o se ve, la n a r r a c i ó n sigue siempre descosida. Y es que, evidentemente, se trata de trozos de t r a d i c i ó n o r a l , empalmados sin verdadera i l a c i ó n y d e c u a l q u i e r m a n e r a . E l ú n i c o trazo d e u n i ó n e s referirse a J e s ú s . Sigamos, pues, s i n preocuparnos demasiado, ya que d e pensar u n p o c o n o s e c o n t i n ú a leyendo. L a n a r r a c i ó n , a d e m á s , a menos de « c r e e r » , carece de i n t e r é s . C l a r o que los que creen t a m p o c o leen; se contentan c o n e l l o , c o n creer.
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Porque, ¿ q u i é n lee h o y los Evangelios? Si se p u d i e r a saber, s e r í a curioso tener u n a idea de los cientos de m i l l o n e s de cristianos que ha habido en veinte siglos que j a m á s pasar o n sus ojos p o r estos l i b r i t o s tan alabados. Sigamos. E s t á b a m o s cruzando un c a m p o de trigo ya granado. Y c o m o los que i b a n tras J e s ú s cogiesen unas espigas, comiesen algunos granos y los fariseos les criticasen a causa de ser s á b a d o , d í a d e ayuno, J e s ú s les r e p l i c ó : «El s á b a d o h a sido hecho p a r a el hombre, y no el h o m b r e p a r a el s á b a d o . Y d u e ñ o del s á b a d o es el H i j o del h o m b r e . » Y tras tan importante a f i r m a c i ó n salen del t r i g a l . M á s tarde, l a Iglesia, prudentemente, sabiendo que la r a z a de los fariseos es difícil de desarraigar, p a r a evitar disputas i d e ó cosa tan amable c o m o autorizar a comer los d í a s de ayuno con s ó l o conseguir, p o r poco dinero, u n a b u l a , u n a b u l i t a . En cuanto a J e s ú s , entra de nuevo en la sinagoga, donde, ( s i n d u d a h a c í a m á s fresco que e n pleno d í a entre trigales), encuentra a un h o m b r e c o n u n a m a n o seca, al que inmediatamente c u r a . Pero c o m o sigue siendo s á b a d o , los fariseos, h o m b r e s de d u r í s i m o c o r a z ó n y a quienes, p o r lo visto, los milagros, cosa i n c r e í b l e , en vez de convencer y edificar, e n f u r e c í a n , se concitan c o n los esbirros de Herodes p a r a prenderle. C o m o se comprende, esto es t a n s ó l o un pretexto p a r a atacar, cosa m u y justa, a l f a r i s e í s m o . Pero l o que conviene observar es el m o d o inocente (e irreal) de hacerlo. Pues ¿ c ó m o a d m i t i r que ante milagros tan absolutamente prodigiosos, de haberse realizado, h u b i e r a h a b i d o fariseos que, testigos de ellos, hubiesen dudado a ú n ? Se advierte de nuevo en esto que el redactor de este Evangelio se l i m i t ó a coser, m a l cosidas, simples leyendas o tradiciones orales anteriores que r e f e r í a n bobaditas parecidas. Pero sigamos el relato. Y de la sinagoga al :nar o t r a vez, donde de nuevo hace t a l c a n t i d a d de curas milagrosas, que a causa de la a d m i r a c i ó n que suscita es de t a l m o d o empujado, estrujado, atropellado p o r los que pretenden acercarse a E l , la cosa no era p a r a menos, que tiene que meterse en u n a b a r c a p a r a n o s a l i r m a l p a r a d o . D e l coro a l c a ñ o , dice e l juego de palabras: a q u í , del m a r al monte.
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Porque, en efecto, u n a vez en el monte, designa a los doce que en adelante le a c o m p a ñ a r á n (doce, a causa de ser doce las tribus de Israel), y a los que va a enviar a p r e d i c a r « c o n poder de expulsar a los d e m o n i o s » . Pero q u é c a n t i d a d de demonios, en Palestina, al menos, p o r entonces. Y q u é gusto especial p o r los cuerpos de los j u d í o s . S i , al menos, hubiese sido p o r las j u d í a s . Y o c o n o c í una, cajera e n u n a casa de b a ñ o s que frecuentaba en P a r í s siendo joven... Pero vuelvo a los Evangelios. H o y me tengo que contentar, y en no gran c a n t i d a d a causa de m i s muchos a ñ o s , con las que me sirven estofadas. En todo caso, esta abundancia de demonios denuncia u n a cosa, lo m i s m o que la no menos p r o l i j a abundancia de m i l a g r o s : l a , é s t a sí, abundancia y superabundancia de i g n o r a n c i a y de bajo n i v e l e s p i r i t u a l del m e d i o e n que era p r e d i c a d a l a nueva d o c t r i n a . E n lo que a los c o m p a ñ e r o s de J e s ú s afecta, c o n o z c á m o s l o s , al menos, de n o m b r e , pues, salvo tres o cuatro, de los d e m á s ni en los Evangelios m i s m o s se vuelve a h a b l a r de ellos: S i m ó n (el que t a m b i é n fue llamado Pedro, i n t e r p o l a c i ó n evidente p a r a dar lugar al quid pro quo entre P e d r o y pied r a , base de la m e n t i r a ya mencionada, en v i r t u d de la c u a l se hizo creer que J e s ú s h a b í a institutido la Iglesia); Santiago; J u a n (a é s t e y a su h e r m a n o vemos a J e s ú s l l a marles Boanerges, es decir, hijos d e l trueno, ¿ p o r q u é ? ; no sé que nadie lo haya explicado; c l a r o que lo m i s m o da); A n d r é s ; Felipe; B a r t o l o m é ; Mateo; T o m á s ; Jacobo, hijo d e A l f e o ; S i m ó n el cananita, y Judas Iscariote. E s t e , el pobrecito destinado a la triste m i s i ó n de vender a J e s ú s , que refiere su leyenda: c o d i c i a de dinero, un beso p é r f i d o , treinta monedas de p l a t a y u n a cuerda que le h i z o perder la v i d a por h a b é r s e l a c e ñ i d o demasiado por ese sitio en que la l l a m a d a nuez de A d á n avanza en el cuello de los h o m bres. P o r supuesto, Y a h v é , si en vez de m a l o , c o m o d e c í a M a r c i ó n , era justo y providente, c o m o dicen sus a d m i r a dores, r e c o m p e n s a r í a seguramente a Judas p a r a resarcirle d e l d u r o papel a que h a b í a sido destinado, y q u i é n sabe si h o y no t e n d r á un trono m e j o r que el de los otros. Y ya tenemos a J e s ú s armado caballero, p o r decirlo a s í .
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O sea, c o m o m á s tarde el r e y A r t u r o , con su corte de doce d i s c í p u l o s y en condiciones de que alguien pudiese referir sus andanzas. Sigamos, pues, a M a r c o s , que ahora viene u n a cosa c u r i o s a . N o s va a l l e v a r a Nazaret, supuesta p a t r i a c h i c a de J e s ú s , donde sus vecinos, que cuanto, s i n duda, c o n o c í a n d e E l era que s a b í a manejar l a garlopa, ahora, a l verle m e t i d o a predicar, piensan que ha p e r d i d o el j u i c i o , y hasta su m a d r e y sus hermanos vienen en su busca, no opinando de d i s t i n t a manera, decididos a l l e v á r s e l e a su casa. L o s escribas, p o r s u parte, c o m o venios a q u í m i s m o , en I I I , 22, al verle hacer m i l a g r o tras m i l a g r o , en vez de sumarse a sus iradores, d e c í a n : « E s t á p o s e í d o p o r B e l c e b ú , y p o r v i r t u d del p r í n c i p e de los demonios echa a los d e m o n i o s . » P e r o oigamos al p r o p i o M a r c o s : « L l e g a d o s a casa, se v o l v i ó a j u n t a r la m u c h e d u m b r e , tanta que no pod í a n i c o m e r . » E s t o s e comprende m e j o r que l a i n c r e d u l i d a d de fariseos y escribas, no obstante los prodigios de que eran testigos. En todo caso, de allí en adelante, donde c a í a n p a r a yantar, h a b í a que aplacar el h a m b r e y la sed de trece barbianes, de los cuales tan s ó l o uno trabajaba, e n s e ñ a n d o y haciendo m i l a g r o s . M a r c o s a ñ a d e : « O y e n d o esto (lo que r e p l i c a b a a los fariseos) sus deudos salieron p a r a l l e v á r s e l e , pues d e c í a n : E s t á fuera de sí, y desde fuera su m a d r e y sus hermanos l e m a n d a r o n l l a m a r . E s t a b a l a m u c h e d u m b r e sentada en torno a El y le d i j e r o n : Ahí fuera e s t á n tu m a d r e y tus hermanos, que t e buscan. E l r e s p o n d i ó : ¿ Q u i é n e s m i m a d r e y m i s hermanos? Y echando u n a m i r a d a sobre los que estaban sentados a su alrededor d i j o : He a q u í a mi madre y a m i s hermanos. Q u i e n hiciere la v o l u n t a d de D i o s , é s t e e s m i hermano, m i h e r m a n a y m i m a d r e . » De cuanto hemos v i s t o hasta ahora, lo ú n i c o que, de hab e r existido J e s ú s , h u b i e r a tenido posibilidades de ser verdad, es decir, reflejar hechos c r e í b l e s , son estos detalles: Creer los escribas y fariseos, al v e r los m i l a g r o s (que, p o r supuesto, de haber o c u r r i d o h u b i e r a n tenido que l i m i t a r s e a lo posible: a que la influencia de un h o m b r e se manifestase, p o r s u g e s t i ó n , sobre determinadas personas sensibles a esta clase de f e n ó m e n o s , n e u r ó t i c o s y n e u r ó t i c a s , no otros,
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que i n c l u s o c a e r í a n en estado de trance, en el que la trem e n d a i g n o r a n c i a general v e r í a los famosos estados demon í a c o s , en suma, trastornos nerviosos de este o a q u e l orden), al ver los m i l a g r o s — d e c í a — , que si los realizaba era a causa d e estar E l m i s m o p o s e í d o p o r e l D e m o n i o , e n e l que c r e e r í a n c o n l a m i s m a seguridad con que c r e í a n e n Y a h v é . Y , p o r o t r a parte, n o reconocer J e s ú s , c o m o todo e l afectado en grado s u m o p o r u n a idea redentora, n a d a como i m p o r t a n t e fuera de la m i s i ó n a que se c r e í a destinado. Y, p o r consiguiente, no escuchar, fuesen quienes fuesen, a aquellos que trataban de apartarle de ella. Recordemos el caso d e l B u d a , que d e j ó todo: p o s i c i ó n , mujer, h i j o , padre, p o r c o r r e r tras su i l u s i ó n . Lo p r i m e r o , lo de los d e s c r e í d o s , era n a t u r a l dada la i g n o r a n c i a t o t a l de aquellos f a n á t i c o s respecto a ciertos f e n ó m e n o s de orden p s í q u i c o , hoy perfectamente naturales y explicables, pero que entonces, fatalmente, t e n í a n que caer, de producirse, en el c a m p o de lo dem o n í a c o o de lo milagroso, s e g ú n fuesen interpretados, pues ambas cosas no eran sino el resultado de considerar los m i s m o s hechos desde á n g u l o s diferentes. A d e m á s , c o m o p a r a ellos el esperado M e s í a s no p o d í a llegar sino espada en mano, J e s ú s no h u b i e r a p o d i d o ser considerado p o r los que n o s e i n c l i n a b a n ante E l sino c o m o u n p o s e í d o d e S a t a n á s . Y tanto m á s p o s e í d o cuantos m á s hechos extraordinarios realizase. En cuanto a los que le c o n o c í a n a causa d e haber c o n v i v i d o con E l durante muchos a ñ o s , ¿ q u é hub i e r a n p o d i d o pensar v i é n d o l e abandonar f a m i l i a y trabajo p a r a dedicarse s ú b i t a m e n t e a profeta ambulante, sino que se h a b í a perturbado? En lo que a los suyos, a su f a m i l i a , afecta, tiene t a m b i é n cierto aspecto de r e a l i d a d . Es decir, constituir, entre los diversos trozos c o n que ha sido formado este Evangelio, algo que en un personaje de v e r d a d h u b i e r a p o d i d o ser posible. Pues nada m á s l ó g i c o que v e n i r a buscarle p a r a c o n d u c i r l e de nuevo al hogar, seguros de que h a b í a acabado de perturbarse. T a n t o m á s cuanto que, en un caso real, forzosamente h u b i e r a n tenido que observar e n E l , desde m u cho antes, actitudes y ensimismamientos m u y alejados de lo
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n o r m a l . E n cuanto a E l , n a t u r a l e r a que dado s u inevitable d e s v a r í o m e n t a l (pues nadie es v í c t i m a d e l m i s t i c i s m o en grado s u m o que ha a r r a s t r a d o a todos los fundadores de religiones, s i n h a b e r sido sacado d e l estado de n o r m a l i d a d p a t o l ó g i c a p o r u n a idea f i j a superior, en su v o l u n t a d , a toda otra), n a d a t u v i e r a p a r a E l v a l o r e i m p o r t a n c i a fuera d e l c u m p l i m i e n t o d e l o que c r e í a s u m i s i ó n . E l B u d a , y a l o h e recordado, ¿ n o l o a b a n d o n ó todo, empezando p o r los afectos m á s grandes y naturales, empujado p o r e l s u b l i m e e x t r a v í o que le llevaba a hacerse mendigo? En cuanto a M a h o m a , ¿ o l v i d a r e m o s t a m b i é n aquellas huidas d e s u casa p a r a i r a reconcentrarse solitario en la cueva, no lejos de La M e c a , donde, p o r i m p o s i b l e que sea, salvo p a r a é l , el á n g e l acabar í a p o r h a b l a r l e y ordenarle, en n o m b r e de Alá, lo que t e n í a que hacer? ¿ N o fue e l suyo u n caso m á s d e l o c u r a m e s i á nica? P o r f o r t u n a p a r a él, K h a d i d j a , s u mujer, p r i m e r a persona a la que c o n f i ó sus e x t r a v í o s espirituales, le c r e y ó al punto, pues, enamorada de él, dispuesta estaba a aceptar cuanto de él v i n i e r a ; si no, su h i s t o r i a r e f e r i r í a , lo m i s m o que dice la de J e s ú s , que h a b í a renegado de e l l a y abandonado s u casa. A h o r a b i e n , puesto que estamos d i s c u r r i e n d o l ó g i c a y razonablemente, y a causa de ello a d m i t i e n d o que este detalle de la f a m i l i a de J e s ú s h u b i e r a sido posible, de haber sido el suyo un caso real, es decir, al r e v é s de c a s i todo cuanto de El cuentan los Evangelios, p u r o hatajo de leyendas y fábulas imposibles d e a d m i t i r , ¿ c ó m o precisamente a r m o n i z a r esta llegada angustiosa de su m a d r e y de sus hermanos c r e y é n d o l e perturbado, con e l m i t o d e s u c o n c e p c i ó n m i l a grosa y su n a c i m i e n t o lleno de prodigios? Porque, sigamos pensando con l ó g i c a : de haber estado seguros M a r í a y sus hermanos de que era H i j o de D i o s , ¿les hubiese e x t r a ñ a d o que al f i n se hubiera lanzado a p u b l i c a r l o ? Su v e r d a d e r a ' e x t r a ñ e z a , ¿ n o h u b i e r a sido antes, a l v e r que pasaban los a ñ o s s i n decidirse a hacerlo? Yo tengo cuatro h i j o s : pues b i e n , si supiera que alguno de ellos e r a de raza d i v i n a , ya p o d í a n v e n i r a decirme que le i b a n a o c u r r i r contrariedades y que incluso le c r u c i f i c a r í a n : me v e r í a n encogerme de
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h o m b r o s y l i m i t a r m e a pensar: si lo consiente es porque le conviene; si no ya veremos adonde van a p a r a r los que i n tenten poner la m a n o sobre él. Y si le conviene sufrir, al v e r l o n o s e m e o c u r r i r í a d e c i r o t r a cosa que: ¡ a l e g r í a , a l f i n ha llegado lo que tanto deseaba! L u e g o la escenita del Evangelio de J u a n , conjunto de f a n t a s í a s a ú n m á s i m p o s i b l e s , y ya es decir, que las que l l e n a n los otros, refiriendo que M a r í a estaba hecha u n m a r d e l á g r i m a s a l pie d e l a c r u z ( a l a que a s i m i s m o h a rechazado a l p r i n c i p i o d e l a n a r r a c i ó n , que nada mueve a creer que le siga en sus andanzas y que, p o r tanto, p u d i e r a estar en J e r u s a l é n en aquel m o m e n t o ) , p a r a el que igualmente sea capaz de creer estas cosas. Sigam o s , pues. S i g a m o s animosamente porque va a empezar lo m e j o r : las p a r á b o l a s . L a s p a r á b o l a s tienen el atractivo, c o m o los cuentos, los a p ó l o g o s , y en verso, las f á b u l a s , los epitalamios, los epigramas, los sonetos y d e m á s composiciones literarias amables, amenas, cortas, agudas, graciosas o chispeantes, del encanto que causa lo breve, m u y p a r t i c u l a r m e n t e si es bueno. De estas p a r á b o l a s atribuidas a J e s ú s , ¡ q u é no se ha d i c h o l A h o r a bien, ¿ a c a s o n o m á s d e l o que merecen? Yo creo que, c o m o de todo cuanto afecta a los Evangelios (pensemos en todo lo anterior), se ha hablado, a prop ó s i t o de ellas, c o n ausencia de t o d a l ó g i c a , puesto que u n a g r a n parte de su v a l o r , ¿ n o lo deben al que a t r i b u i m o s gustosos a la b o c a que creemos las p r o n u n c i ó ? Porque, ¿ a c a s o el v a l o r de palabras y hechos no depende en m u c h o , a j u i c i o de los que juzgan, de aquellos que h a b l a n o realizan? S i n c o n t a r que, ¿ h a y algo verdaderamente digno de c r é d i t o que nos garantice que las palabras atribuidas a J e s ú s son realmente d e E l , cuando empezamos p o r n o tener sobre s u persona o t r o testimonio que el de u n a leyenda que c o n pretensiones de h i s t o r i a e m p e z ó a formarse un siglo o m á s luego de su supuesto paso p o r la T i e r r a ? V a m o s a a d m i t i r (repito que dando p o r cierta previamente su existencia, s i q u i e r a sea unos instantes, c o n objeto de poder seguir escribiendo) que tuviese, c o m o u n o de los resultados de su ardiente i n s p i r a c i ó n m í s t i c a , un verbo grave
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y v i v o , y que sin esfuerzo emplease i m á g e n e s felices p a r a p l a s m a r s u pensamiento. E n u n a p a l a b r a , que s u acento insinuante y certero, sus expresiones naturalmente b r i l l a n tes y todo cuanto s a l í a de su boca no necesitase de rebuscamientos y oropeles i n ú t i l e s , a d e m á s de estar adornado de esas galas propias c o n las que toda i m a g i n a c i ó n superior acierta a revestir sus creaciones no s ó l o de intensidad en cuanto al fondo, sino de encanto y g r a c i a en la f o r m a . A d m i t a m o s t a m b i é n que a favor de todo ello consiguiese mantener pendientes de sus labios, sobre todo cuando hablaba m o v i d o p o r su g r a n i l u s i ó n , a aquellos que le escuchaban.Y tanto m á s llenos de a d m i r a c i ó n cuanto menos le comp r e n d í a n . Pues esto es lo p r o p i o de los e s p í r i t u s ingenuos y poco cultivados, c o m o aquellos a los que, a creer a los Evangelios, se d i r i g í a . A h o r a bien, p r i m e r o , c o m o parece l ó g i c o que cada p a r á b o l a no la dijese sino u n a vez, cuando se le o c u r r í a , p o r ser adecuada a aquel m o m e n t o ; segundo, que si r e p e t í a alguna, b i e n que en los Evangelios nada parece i n d i c a r que t a l ocurriese, forzoso era que lo h i c i e r a , a u n conservando el fondo, c o n distintas palabras, puesto que no l e í a , sino que i m p r o v i s a b a , y tercero, que los Doce, ú n i c o s que p u d i e r o n repetirlas d e s p u é s , empezaban p o r n o entenderle, c o m o vamos a o í r asegurar a M a r c o s al instante; en estas condiciones y puesto que n a d a nos garantiza, pues ello sí que hubiese sido m i l a g r o s o , que los A p ó s t o l e s , hombres enteramente ignorantes y vulgares, tuviesen u n a m e m o r i a g r a m ó f o n o n i que s u cabeza fuese u n m a g n e t ó f o no, es absolutamente i m p o s i b l e a d m i t i r que las p a r á b o l a s , t a l c u a l h a n llegado hasta nosotros, sean o t r a cosa que el trabajo, p u l i d o y retocado cien veces, de redactores dotados de i m a g i n a c i ó n y de ciertos instintos literarios. V e a m o s u n caso concreto. L a p r o p i a p a r á b o l a del sembrador. U n a , p o r cierto, de las m á s c o r l a s . Y hagamos que nos la lean o l e á m o s l a nosotros atentamente; luego escribamos en u n a h o j a de papel lo que recordemos, y c o m p a r é m o s l o con lo que hemos l e í d o u o í d o en Marcos, I V , de 1 a 20. Y hecho esto pensemos: Si lo que nosotros, tras u n a a u d i c i ó n o l e c t u r a atenta y meditada, hemos estampado en
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el p a p e l difiere de t a l manera, sobre todo en cuanto a f o r m a , de lo l e í d o o escuchado, pese a haberlo t r a n s c r i t o al instante, ¿ e s posible que aquellos hombres, al referir lo escuchado s i n p r o p ó s i t o de retenerlo, al cabo de m u c h o s a ñ o s o meses, cuando menos, lo hiciesen c o n las m i s m a s palabras que e m p l e ó s u Maestro? A d e m á s , c o m o d e c í a , o sea, c o m o leemos en M a r c o s , los que escuchaban a J e s ú s no le entendían, a causa de lo c u a l , a aquellos a los que p a r t i c u l a r m e n t e le interesaba que le entendiesen t e n í a que explicarles cada p a r á b o l a d e s p u é s de p r o n u n c i a d a , d e j á n d o s e de a m b i g ü e d a d e s o de sentidos dobles o figurados. Oigamos a M a r c o s , no se crea que yo exagero: « C u a n d o se q u e d ó solo, le preguntaron los que estaban en t o r n o suyo con los Doce A p ó s t o l e s acerca de las p a r á bolas, y El Ies d i j o : 'A vosotros os ha sido dado conocer el m i s t e r i o del R e i n o de Dios, pero a los otros de fuera todo se les dice en p a r á b o l a s p a r a que m i r a n d o , m i r e n y no vean, y oyendo, oigan y no entiendan, no sea que se conv i e r t a n y sean perdonados.' Y les d i j o : ' ¿ N o e n t e n d é i s esta p a r á b o l a ? ¿ P u e s c ó m o van a entender los o t r o s ? ' » ( I V , 1013). ¡Y p a r a que comprendiesen algo se la tuvo que explicar! ¿Y se pretende hacernos creer que aquellos zafios, que se quedaban in albis de lo que o í a n , eran capaces de r e p e t i r l o meses o a ñ o s d e s p u é s exactamente, c o m o si lo acabasen de escuchar? En cuanto a lo de « m i r a n d o , m i r e n y no vean, y oyendo, oigan y no entiendan, no sea que se conviertan y sean p e r d o n a d o s » , si no q u e r í a que le entendiesen y que h a c i é n d o l o fuesen perdonados, ¿ p a r a q u é predicaba? ¿ P a r a q u é haber abandonado los tablones y el serrucho? ¿A q u é quedaban reducidos sus p r o p ó s i t o s de redención? T a n sorprendente era esto, en efecto, que fue s u p r i m i d o en Mateo y en Lucas. C i e r t o que, en todo caso, sirve p a r a u n a const a t a c i ó n m á s , en lo relativo a que los Evangelios no tienen de h i s t ó r i c o s , de verdaderos, de r e p r o d u c c i ó n de hechos reales y o c u r r i d o s , sino lo que la fe les q u i e r a a t r i b u i r . Y que cada redactor fue t o m a n d o del anterior y el p r i m e r o , de M a r c i ó n y de las leyendas que c o r r í a n , lo que b i e n le
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p a r e c i ó , que luego a d o b ó a su gusto, pues de otro modo, ¿ c ó m o e x p l i c a r sus diferencias? T r a s lo anterior vienen unas palabras, las cuales empiezan p o r un «decíales», que necesitan t a m b i é n e x p l i c a c i ó n . Y entre las que e s t á el conocido: «Con la m e d i d a que m i diereis se os m e d i r á . » Si se r e f e r í a al R e i n o de su Padre, c o m o n o sabemos l o que a l l í puede o c u r r i r n i nadie h a v e n i d o a d e c í r n o s l o , pase; pero a q u í , en la T i e r r a , muchos, y no los mejores a veces, m i d e n y no son medidos. El mismo, si en v e r d a d fue crucificado, estuvo lejos de ser m e d i d o con l a m e d i d a que m e r e c í a . Luego, tras u n nuevo « d e c í a » , pues lo que va exponiendo M a r c o s carece, c o m o digo, de ilac i ó n , v unas cosas v a n c o m o puestas simplemente a contin u a c i ó n de las otras, sin que tengan en r e a l i d a d nada que ver entre sí, a no ser tratarse de episodios atribuidos a la m i s m a persona, tras u n nuevo «decía» viene o t r a p a r á b o l a , é s t a m í n i m a , exclusiva de Marcos, y que t a m b i é n suelen explicar los t e ó l o g o s , pues p o r sí m i s m a n a d a dice. Y a cont i n u a c i ó n lo del grano de mostaza que se t r a n s f o r m a y produce un á r b o l de « r a m a s tan grandes, que a su s o m b r a pueden abrigarse las aves d e l cielo». E s t o desconcierta un poco y mueve a pensar si J e s ú s , poco versado en b o t á n i c a , c o n f u n d i r í a los granos de mostaza con las bellotas. O si, p o r entrenarse e n hacer milagros, t r a n s f o r m a r í a los d é b i l e s tallos de esta planta, a l l á en el taller de su padre, en s ó l i d a s ramas, de las eme s a c a r í a hermosas vigas. En todo caso, la p a r á b o l a acaba asegurando M a r c o s que no « h a b l a b a a los aue le escuchaban sino mediante p a r á b o l a s » . C u r i o s a m a n í a , puesto que no le e n t e n d í a n . A h o r a bien, c o m o hemos visto, «a sus d i s c í p u l o s se las e x p l i c a b a » . Luego viene el m a g n í f i c o m i l a g r o de la tormenta, en el que s ó l o con decir a los embravecidos elementos (las desmontadas olas y desatados vientos del m a r de Galilea): «Calla, enmudece, se a p a c i g u ó el viento y se h i z o completa c a l m a . » ¿ N o es de todo p u n t o irable? Pasado susto y miedo y llegados «al otro extremo del m a r » , nuevo y fenomenal m i l a g r o . Sí aue un poco d e l tipo del anterior, el d e l grano de mostaza. E s t a vez a p r o p ó s i t o
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d e l h o m b r e dentro d e l c u a l m o r a b a n o y a u n demonio, sino toda u n a l e g i ó n de ellos (sin duda, se trataba, b i e n que M a r c o s nada diga, o de un h o m b r e gigantesco o de unos demonios enanitos), que, c o m o es n a t u r a l , tanto le molestab a n que h a b í a p e r d i d o la cabeza, a causa de lo cual v i v í a entre los sepulcros, «y ni con cadenas p o d í a n sujetarle, pues muchas veces le h a b í a n puesto grillos y cadenas y las h a b í a r o t o » . A l llegar junto a J e s ú s , é s t e n o sólo o r d e n ó a los demonios que saliesen de su escondrijo humano, sino que se metiesen en los cuerpos « d e u n a gran p i a r a de puerc o s » que p a c í a allí p o r e l monte. Dos m i l eran nada menos. L o asegura M a r c o s con toda f o r m a l i d a d . P a r a u n a r e g i ó n donde, c o m o en toda Palestina, la carne de estos animales era a b o r r e c i d a y no se c o n s u m í a resultaba un buen n ú m e r o . C l a r o que p o d r í a decirse que s i h a b í a tantos era precisamente p o r q u e a nadie le estaba p e r m i t i d o comer salchichas y chuletas adobadas. T a m b i é n asegura M a r c o s que de p r o n t o los pobres animales, al sentirse, no embellotados, c o m o hubiesen querido, sino endemoniados, « s e prec i p i t a r o n todos p o r un acantilado en el mar, y en él se a h o g a r o n » . E l hecho fue t e r r i b i l í s i m o , pero ejemplar. Y , s i n duda, a causa de él, que desde entonces se prefiera allí c r i a r camellos, caballos o gallinas, que puercos. Que, c o m o es n a t u r a l , parece que no se ha vuelto a ver ninguno. C l a r o que t a m b i é n hay quienes o p i n a n que tampoco se los v e í a antes. Sea c o m o sea, este interesante y nada v u l g a r m i lagro tuvo u n a tercera parte: Que los porqueros, en vez de a c a r i c i a r con sus varas las costillas de los Trece, huyesen y empezaran a d i f u n d i r «la n o t i c i a p o r la c i u d a d y p o r los c a m p o s » . Sí, ya digo que fue milagroso t a m b i é n . Tras la d e s c o c h i n i z a c i ó n del lugar, J e s ú s y los Doce vuelven a la lancha y regresan a donde h a b í a n partido. Y allí, entre la m u c h e d u m b r e que les aguardaba estaba J a i r o , el jefe de la sinagoga, que se e c h ó a los pies de J e s ú s y emp e z ó a suplicarle que fuese a i m p o n e r sus manos a su h i j i t a y la salvase, pues se m o r í a . F u e r o n h a c i a la casa y de cam i n o , u n a m u j e r « q u e p a d e c í a flujo d e sangre desde h a c í a doce a ñ o s y h a b í a sufrido grandemente de muchos m é d i c o s ,
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gastando toda su hacienda s i n provecho a l g u n o » (traducc i ó n f i d e l í s i m a : si parece que el verdadero sufrimiento se l o h a b í a n p r o d u c i d o los m é d i c o s c o m i é n d o s e l e los cuartos sin llegar a a l i v i a r l a , que ello no sorprenda demasiado, pues esta clase de m i l a g r o s son t a m b i é n hoy, p o r desgracia, frecuentes cuando h a y que ponerse en manos de expertos en determinadas profesiones l l a m a d a s liberales), a c e r c á n d o s e p o r d e t r á s a J e s ú s , le t o c ó y al punto q u e d ó curada. Tras ello, « l l e g a r o n a casa del jefe de la sinagoga diciendo: Tu h i j a h a muerto, ¿ p o r q u é m o l e s t a r á s y a a l M a e s t r o ? » . M a r cos cuenta que, no obstante, fueron a la casa, que J e s ú s t o c ó las manos de la n i ñ a y que le d i j o : «Talitha qumi, que quiere d e c i n N i ñ a , a ti te lo digo, l e v á n t a t e . Y que al instante la n i ñ a , que t e n í a doce a ñ o s , se l e v a n t ó y e c h ó a and a r . » N a d a m á s . Todos los muertos resucitados p o r J e s ú s r e c o b r a n n o tan s ó l o l a v i d a , sino u n irresistible deseo d e c a m i n a r . L á z a r o , redondeando el m i l a g r o , lo hace no obstante tener « l i g a d o s c o n fajas pies y manos y el rostro envuelto en un s u d a r i o » . J u a n , «el a p ó s t o l q u e r i d o » , lo asegura en XI 44. Y, s i n duda, se fue m u y lejos, pues no se vuelve a h a b l a r de él. De a l l í va a Nazaret, « s u p a t r i a , seguido de sus d i s c í p u los». Y entrando en la sinagoga e m p e z ó a e n s e ñ a r . Y sus antiguos vecinos d e c í a n : « ¿ N o es acaso el carpintero h i j o de M a r í a , y h e r m a n o de Santiago, de J o s é , de Judas y de S i m ó n ? ¿ Y sus hermanas, n o v i v e n a q u í entre nosotros? Y se escandalizaban de El.» ¿ P o r q u é escandalizarse en vez de a d m i r a r s e y felicitarse? P e r o no nos metamos en buscar lógica a l l í donde todo e s t á al margen de ella. L i m i t é m o n o s a constatar que J e s ú s « n o pudo hacer allí n i n g ú n m i l a g r o , fuera de que a algunos enfermos les i m p u s o las manos y les c u r ó » . E s t a ú l t i m a parte e s u n a evidente i n t e r p o l a c i ó n . T a n evidente c o m o torpe, pues deshace el i n t e r é s del relato, que estaba en d e m o s t r a r « q u e nadie es profeta en su p a t r i a » (382). E n e l trocito anterior hay, a d e m á s d e l a i n t e r p o l a c i ó n , u n a evidente s u p r e s i ó n . Indudablemente, l a p r i m e r a r e d a c c i ó n d e b í a decir: « ¿ N o es acaso el carpintero hijo de José y de María, etc.?» Pero, claro, decidido lo del n a c i m i e n t o celes-
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t i a l , J o s é q u e d ó a r r i n c o n a d o . C o m o a s i m i s m o , aunque varias veces h a b l a n los Evangelios claramente de los hermanos y hermanas de J e s ú s , c o m o acabamos de ver, cuando se d e c i d i ó que M a r í a era i n m a c u l a d a y eternamente virgen, estos hermanos fueron transformados en primos. S i n comentario. L o s dos c a p i t u l i l l o s que vienen inmediatamente, el primero relativo al poder que concede J e s ú s a los Doce « s o b r e los e s p í r i t u s i m p u r o s » , es decir, p a r a que a su vez hiciesen m i l a g r o s , y el siguiente relativo a J u a n el B a u t i s t a , son dos c l a r a y evidentes interpolaciones. Este, c o n objeto de referir la muerte del precursor, c o n el b u r d o pretexto de que Herodes, al saber que J e s ú s h a c í a milagros, piensa que es e l e s p í r i t u d e l que h a b í a mandado decapitar que estaba encarnado e n E l . A q u é l , n o menos a ñ a d i d o fraudulentamente (ya hemos v i s t o que, p o r lo que d e c í a Celso, todo el que era capaz de manejar un estilete c o g í a las t a b l i l l a s y a ñ a d í a o q u i t a b a lo que b i e n le p a r e c í a ) con objeto de que no sorprendan los muchos milagros relatados posteriormente en los Hechos de los Apóstoles, novelita en la que, c o m o hemos visto, Pedro, a d e m á s d e convertir p o r m i l l a r e s a la nueva secta, hace t a m b i é n m a r a v i l l a s en cuanto a m i lagros. L a Iglesia i m p o r t a b a y a m á s que J e s ú s , y los propios consejos que é s t e da a sus d i s c í p u l o s parecen en a r m o n í a con el sistema de v i d a de las p r i m e r a s comunidades cristianas s e g ú n los Hechos, en las que, i m i t a n d o lo practicado en las comunidades esenias (como que de comunidades de esta clase se trataba seguramente), todos los bienes se pon í a n e n c o m ú n , trayendo c a d a u n a cuanto l e p e r t e n e c í a . A q u í , J e s ú s dice a los A p ó s t o l e s , s i n duda p a r a iniciarles e n s u m o d o d e v i d a p a r a l o sucesivo: « D o n d e q u i e r a que e n t r é i s en u n a casa, quedaos en ella hasta que s a l g á i s de aquel lugar, y si un lugar no os recibe ni os escucha, al s a l i r de allí s a c u d i d el p o l v o de vuestros pies en testimonio c o n t r a ellos.» E s t e J e s ú s no parece ser el que i n v i t a b a a ofrecer l a otra m e j i l l a cuando una h a b í a sido abofeteada. Antes de estas ú l t i m a s palabras, les h a b í a d i c h o : « N o tom é i s para e l c a m i n o nada m á s que u n b a s t ó n , n i pan, n i al-
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forjas, ni dinero en el c i n t u r ó n . » T a m b i é n les dice que no llevasen t a m p o c o dos t ú n i c a s . T o d o esto era esenio. L o s m i e m b r o s de esta c o m u n i d a d i b a n de u n a c i u d a d a o t r a s i n llevar n a d a con ellos. A creer al redactor de este Evangelio, los Doce, u n a vez aleccionados, salieron a ponerse a prueba c o m o maestros y hacedores de m i l a g r o s . V i a j e , s i n duda, corto, de ensayo, puesto que tras el c a p i t u l i l l o siguiente, destinado a contar, c o m o acabo de decir, b i e n que no venga a cuento, lo de J u a n el B a u t i s t a , « v o l v i e r o n los A p ó s t o l e s a reunirse con J e s ú s y le contaron cuanto h a b í a n hecho y e n s e ñ a d o » . La v e r d a d es que la m a y o r parte de estas cosas son de u n a candidez que l i n d a con lo i d i o t a . De m o d o que u n a de dos: o los que las e s c r i b í a n eran ellos t a m b i é n no de un p r i m e r esplendor en cuanto a inteligencia o, p o r el contrar i o , unos verdaderos p s i c ó l o g o s que c o n o c í a n m u y b i e n e l poder de la fe en la h u m i l d í s i m a m a s a a quienes les i b a n a ser l e í d a s y explicadas sus « h i s t o r i a s » . Y conste que no lo digo p o r lo que viene, aunque realmente es p a r a preguntarse c ó m o se pueden e s c r i b i r en serio ciertas cosas. C l a r o que e l m a l es, p o r d e c i r l o a s í , d e p r i n c i p i o . Pues si se empieza p o r aceptar que hay un ser infinitamente poderoso, entendiendo este poder en el sentido hum a n o de realizar cuanto le venga en gana, i n c l u s o detener, c a m b i a r o trastornar leyes naturales de las que previamente se le supone autor, a d m i t i d o esto ya no hay p o r q u é asombrarse de nada, aunque se trate de cosas t a n contrarias a la r a z ó n c o m o que tenga u n h i j o , h i j o que a l punto l a r a z ó n s e pregunta, ¿ p o r q u é ? , ¿ p a r a q u é ? , ¿ c o n m o t i v o d e q u é ? N a t u r a l m e n t e , a d m i t i d o y p o r aquello que de t a l palo t a l a s t i l l a , p o d r á a su vez hacer, c o m o se va viendo, cosas absolutamente milagrosas y tan irables c o m o imposibles. ¿ P o r q u e no es a d m i r a b l e t a m b i é n — c o m o dice seguidamente Marcos—que c o n cinco panes y dos peces hartase a cinco mil hombres, s i n contar, claro, el doble n ú m e r o , entre m u jeres y n i ñ o s que e s t a r í a n con ellos, pues a l l í donde hay algo sorprendente que ver, o l e r o gustar, nuestras compañ e r a s de planeta nos suelen preceder y mostrarnos el ca-
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m i n o ? E n todo caso, M a r c o s dice b i e n c l a r i t o l o d e los cinco panes y los dos peces. Y que « e r a n los que c o m i e r o n de los cinco panes cinco m i l h o m b r e s » . Y que « c o m i e r o n y se h a r t a r o n » ( V I , 42). Y en V I , 43, y c o n la m a y o r f o r m a l i d a d , que cuando y a estaban todos que n o p o d í a n m á s , a ú n «recog i e r o n doce canastos llenos de las sobras de los panes y de los p e c e s » . L á s t i m a que e l pseudo M a r c o s detuviese a q u í e l banquete. Pues lo m i s m o se le p u d o o c u r r i r que de p r o n t o llegaron doce gallinas, se c o m i e r o n los panes y los peces que h a b í a en cada canasto y luego, entre deliciosos cacareos gregorianos, empezaron a poner no huevos, s i n o tortillas de gambas, ya hechas, con las que los cinco m i l papanatas, sus s e ñ o r a s y sus n i ñ o s p u d i e r o n a ú n cenar de gorra. B i e n . Sigamos. L o m a l o e s que l a n a r r a c i ó n n o tenga n i gracia n i arte. E s a g r a c i a suave, entretenida, agradable, de un b u e n cuento de hadas. Ni t a m p o c o algo que ya que no deleitar pueda, al menos, convencer. P o r q u e inmediatamente, y para prep a r a r o t r o m i l a g r o , hacer que J e s ú s ande sobre las aguas del l l a m a d o « m a r de Galilea» c o n la m i s m a f a c i l i d a d que nosotros sobre u n a autopista, o b l i g a a que J e s ú s ordene a los Doce que suban a la b a r c a y echen hacia el otro extrem o del m a r e n c u e s t i ó n , m i e n t r a s E l despide a los cinco m i l y familias, tras lo c u a l se va a rezar un rato. V e n g a m o s a M a r c o s , pues la cosa es u n a vez m á s t a n peregrina, que f á c i l m e n t e se p o d r í a creer, si no copio lo que dice el texto, que soy y o quien, s i n e l m e n o r p u d o r h a c i a l a v e r d a d , i n vento: « D e s p u é s de haberlos despedido se fue a un m o n t e a o r a r . » Y he a q u í un hecho doblemente sorprendente. P r i mero, porque, p o r lo menos ahora, en las inmediaciones p r ó x i m a s a l lago T i b e r í a d e s , n o hay montes. Segundo, p o r el hecho de orar. O r a r , ¿a q u i é n ? ¿A su Padre? ¿ P e r o este Padre necesitaba que su h i j o le dirigiese plegarias? A d e m á s , ¿ n o hemos quedado en que «el P a d r e y yo somos u n o » , c o m o dice Juan? Y si a s í era, ¿ s e rezaba entonces a sí m i s m o ? I n c o m p r e n s i b l e y e x t r a o r d i n a r i o (aunque m e j o r c a l i f i c a r í a n cosa tan sorprendente otros adjetivos). S i n duda, se trataba de u n a p r u e b a de afecto-respeto tan perfecta y celestial, que
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escapa a nuestra corta inteligencia y a la levedad de nuestros sentimientos. De m o d o que sigamos sin preguntarnos m á s . Sigamos siempre, pues si a cada c o s a i n c o m p r e n s i b l e nos detenemos, m á s vale c e r r a r de u n a vez el l i b r o y renunc i a r a seguir leyendo. P o r q u e a q u í , lo i m p o s i b l e es la ley, y lo posible, la e x c e p c i ó n . T o t a l que, pero m e j o r s e r á que copie lo que dice M a r c o s p a r a que no se crea que soy yo q u i e n bromeo o el que miente: « L l e g a d o el anochecer, se hallaba la b a r c a en medio del mar y solo El en t i e r r a . V i é n doles fatigados de remar, porque el viento era c o n t r a r i o , h a c i a la cuarta vigilia de la noche v i n o a ellos andando sobre el m a r e h i z o a d e m á n de pasar de largo. P e r o ellos a s í que le v i e r o n andando sobre el m a r , creyendo que era un fantasma, c o m e n z a r o n a d a r gritos, porque todos le v e í a n y estaban espantados. P e r o El les h a b l ó en seguida y les dijo: ' A n i m o , soy y o ; no t e m á i s . ' S u b i ó con ellos a la barca y el viento se c a l m ó , y se quedaron en extremo estupefactos, pues no se h a b í a n dado cuenta de lo de los panes: su c o r a z ó n estaba e m b o t a d o . » T o d o lo anterior, desde el banquete de panes y peces, es referido p o r M a r c o s en V I , 38-52. Y ahora imaginemos la escena c o n objeto de m e d i r b i e n la f a n t a s í a del redactor de este trozo. Y conste que si me detengo en cosa tan fuera de toda realidad, e i n c l u s o de todo b u e n sentido, e s p a r a p r o b a r u n a vez m á s l o a b s u r d o que representa que estas cosas no ya se escribiesen, s i n o que se creyesen y se sigan creyendo. Y que, consecuentemente, se conceda c r é d i t o a quienes tienen la a u d a c i a de a f i r m a r que se trata de hechos reates y de relatos divinos y revelados. El i n s p i r a d o redactor empieza su cuento de este m o d o : « E n seguida m a n d ó a sus d i s c í p u l o s s u b i r a la barca y precederle al o t r o l a d o frente a B e t s a i d a , mientras El d e s p e d í a a la m u c h e d u m b r e . » Es decir, que fuesen a esperarle al o t r o lado de B e t s a i d a , donde se r e u n i r í a con ellos. El « m a r » del Evangelio es, c o m o se sabe, el lago T i b e r í a des o Genesareth, h o y Bahr-el-Tabarich, enorme charco de Palestina, e n G a l i l e a , d e origen v o l c á n i c o , f o r m a d o e n l a profunda d e p r e s i ó n del Ghor, c u y a anchura, precisamente entre B e t s a i d a y D a l m a n u t , era, y sigue siendo, claro, de 20 k i -
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l ó m e t r o s . E n s u parte m á s estrecha, este lago tiene, d e u n a o r i l l a a otra, 10 k i l ó m e t r o s . De modo que el cuadro es el siguiente, cuadro que p r u e b a que q u i e n e s c r i b i ó este Evangelio no c o n o c í a el lugar, es decir, Palestina, sino de referencias. Y malas. El banquete de panes y peces ha sido en la r i b e r a i n m e d i a t a a B e t s a i d a , puesto que J e s ú s dice a los A p ó s t o l e s « q u e v a y a n al o t r o lado, frente a B e t s a i d a » . Es decir, hasta D a l m a n u t . O sea, 20 k i l ó m e t r o s a remo, puesto que el viento es c o n t r a r i o y no hay m e d i o de u t i l i z a r la vela, si es que la llevaban. Luego E l , tras despedir, pues es profeta fino y b i e n educado, a los c i n c o m i l y familias, y rezarse un poco o un m u c h o a sí m i s m o , M a r c o s no dice c u á n t o , se decide a reunirse c o n sus d i s c í p u l o s , a los que ve bregando, no obstante ser plena noche, a l l á cerca de la o r i l l a opuesta, dado que «al anochecer se h a l l a b a el barco en m e d i o del m a r » , y entonces, cuando J e s ú s se decide a reunirse con ellos, era «la cuarta v i g i l i a de la n o c h e » , es decir, l a ú l t i m a parte d e l a noche, pues los romanos d i v i d í a n é s t a en cuatro vigilias. B r e v e : J e s ú s divisa a sus discípulos en plena noche, no obstante estar a 18 ó 20 k i l ó m e t r o s , c o n la m i s m a f a c i l i d a d que en pleno d í a y v a l i é n d o s e de unos buenos, m u y buenos, p r i s m á t i c o s . C l a r o que no en vano era D i o s . T r a s todo esto tan disparatado, a menos, claro, de considerarlo a t r a v é s de las antiparras de la fe, ¿ c ó m o no preguntar u n a vez m á s : p e r o p a r a q u i é n se esc r i b í a n estas cosas? S i n contar que J e s ú s echa a andar p o r el bulevar l í q u i d o y no obstante estar los de la b a r c a cerca ya de la o t r a o r i l l a , les alcanza, haciendo el b u e n p u ñ a d o de k i l ó m e t r o s a la v e l o c i d a d de u n a gaviota, antes que lleguen a D a l m a n u t . A d e m á s , volvamos a ú n p o r u n m o m e n t o a l texto y leamos de nuevo lo de: « S u b i ó con ellos a la b a r c a y el viento se c a l m ó , y se quedaron en e x t r e m o estupefactos, pues no se habían dado cuenta de lo de los panes: su coraz ó n estaba e m b o t a d o . » P r i m e r o , ¿ q u é viene a hacer a q u í , ahora, lo de los panes? A d e m á s , ¿ q u é t e n í a n embotado, el c o r a z ó n o la inteligencia y todo lo relacionado c o n ella? P o r q u e antes hemos v i s t o que las p a r á b o l a s no las entend í a n y h a b í a que e x p l i c á r s e l a s , y ahora, que « n o se h a b í a n
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dado cuenta de lo de los p a n e s » . Creo que no vale la pena ni de seguir comentando, y que lo m e j o r es continuar, siguiendo el h i l o de la n a r r a c i ó n . Adelante, pues. Apenas desembarcados, a l darse cuenta los n o c t á m b u l o s de p o r allí de q u i é n e s eran, empiezan a afluir camillas c o n enfermos, « q u e tocaban la o r l a del vestido de J e s ú s y qued a b a n c u r a d o s » . P e r o n i tanto n i t a n inusitado p r o d i g i o eran capaces de convencer a escribas y fariseos, y c o m o molestasen al Profeta c o n el pretexto de que sus d i s c í p u l o s c o m í a n s i n lavarse las manos, é s t e s e r e v o l v i ó c o n t r a ellos a c o r d á n d o s e de Isaías y l l a m á n d o l e s h i p ó c r i t a s , pues el citado h a b í a dicho: « E s t e pueblo m e h o n r a c o n los labios, pero su c o r a z ó n e s t á lejos de m í . » Y luego, l l a m a n d o de nuevo a la m u c h e d u m b r e , les d i j o : « O í d m e todos y entended: N a d a hay fuera del h o m b r e que entrando en él pueda mancharle; lo que sale d e l h o m b r e es lo que m a n c h a al h o m b r e . E l que tenga o í d o s p a r a o í r , que oiga.» N a t u r a l mente, la m u c h e d u m b r e se q u e d ó s i n entender el acertijo. ¿ C ó m o le i b a n a entender si sus p r o p i o s d i s c í p u l o s , no obstante ser ya capaces de i m a g i n a r camelos ellos t a m b i é n , y de hacer m i l a g r o s , se h a b í a n quedado en ayunas? Y al h a c é r s e l o saber a l Maestro, l a l u m i n o s a e x p l i c a c i ó n d e J e s ú s fue é s t a : « Q u e lo de fuera d e l h o m b r e , es decir, los alimentos 'declarados puros', c o m o n o h a c í a n sino entrar, i r a l vientre y s a l i r luego, no m a n c h a b a n ; en c a m b i o , los pensamientos malos, las fornicaciones, los hurtos, los h o m i c i d i o s , e t c é t e r a , que n a c í a n e n e l c o r a z ó n d e l h o m b r e , todas estas maldades ' d e l h o m b r e proceden y m a n c h a n al h o m b r e ' » . Profundo, filosófico, m a g n í f i c o . Digno de un H i j o del Y a h v é judío. Y aliviado tras tan solemne d e c l a r a c i ó n del lastre filosófico-moral que antes, s i n d u d a , le pesaba, se fue, siempre seguido de sus inteligentes d i s c í p u l o s , dando un buen paseo, « h a s t a los confines d e T i r o » . E l redactor n o dice las semanas que e m p l e ó en la c a m i n a t a . T a l vez puede que creyese, dado su conocimiento de Palestina, que era c u e s t i ó n de horas. C i e r t o que q u i e n h a b í a hecho e n b r e v í s i m o t i e m p o 18 ó 20 k i l ó m e t r o s c a m i n a n d o sobre las aguas d e l m a r de
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G a l i l e a , igual p o d í a hacer varios cientos en el plazo que le pluguiese. Y aunque q u e r í a no ser reconocido, le fue imposible. P o r lo que « u n a mujer, cuya h i j i t a t e n í a un e s p í r i t u i m p u r o » , s e l e p r e s e n t ó a l p u n t o r o g á n d o l e l a curase. J e s ú s se t i r a entonces un camelo, e l l a le responde otro, y tanto le g u s t ó lo que o í a , que le dijo: « P o r lo que has dicho, vete; e l demonio h a salido d e t u hija.» Y , e n efecto, l a m a d r e , a l llegar a su casa e n c o n t r ó a la n i ñ a desendemoniada. 0 esto era c u r a r p o r t e l e p a t í a o yo no entiendo nada. Luego vuelve a G a l i l e a , dando otro paseo m á s largo que el doble de M a d r i d a S i g ü e n z a , y nada m á s llegar c u r a a un sordo tartam u d o de un m o d o c u r i o s o : P a r a quitarle la sordera «le m e t e » (hay que suponer que un poquito) los dedos en los o í d o s » . P a r a l i b r a r l e de la tartamudez, «se e s c u p i ó en un dedo y le t o c ó la lengua al tiempo que m i r a b a al C i e l o , susp i r a n d o y diciendo efeti, lo que quiere decir á b r e t e » . Nada más. Y en seguida o t r a m u l t i p l i c a c i ó n de panes y de peces. ¡Qué b e n d i c i ó n del Cielo s e r í a u n d i v i n o proveedor como E l p a r a la I n d i a y otras regiones no m á s hartas del M u n d o act u a l ! Porque e m p e z ó a seguirle « u n a g r a n m u c h e d u m b r e que no t e n í a q u é c o m e r » . A p i a d a d o de e l l a al cabo de tres d í a s (los que hayan pasado setenta y dos horas seguidas de h a m b r e t a l vez piensen que la piedad tardaba demasiado en llegar al H i j o del hombre), p r e g u n t ó a sus d i s c í p u l o s que, c o m o se va a ver, p o d í a n aguantar p o r no carecer de provisiones: « ¿ C u á n t o s panes t e n é i s ? D i j e r o n : Siete.» Y con ellos y unos peces, no s ó l o los hambrientos c o m i e r o n cuanto les cupo, que no s e r í a poco al cabo de tres d í a s de ayuno, sino que « a ú n recogieron mendrugos p a r a llenar siete cestos. E r a n los que c o m i e r o n como cuatro m i l » . B i e n que J e s ú s tuviese ya cierta p r á c t i c a en cuestiones de p a n a d e r í a , no p o r ello el hecho es menos a d m i r a b l e . Lo ú n i c o que se lamenta es no poderlo creer. P o c o d e s p u é s , en Betsaida, devuelve la v i s t a a un ciego. Y tras ello empiezan las enseñanzas importantes. A sus disc í p u l o s comienza a hablarles «de c ó m o es preciso que el H i j o d e l h o m b r e padeciese mucho, y que fuese rechazado
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p o r los ancianos y los p r í n c i p e s de los escribas, y que fuese m u e r t o y resucitado d e s p u é s de tres d í a s » . A la m u c h e d u m bre, que los que q u i s i e r a n salvarse « q u e tomasen su c r u z (y, s i n duda, b i e n que M a r c o s l o calle, b i c a r b o n a t o p a r a cuando llegasen las panzadas de panes y de peces) y le sig u i e s e n » . T r a s lo que les a s e g u r ó , para, s i n duda, acabar de animarles, que muchos de los allí presentes « n o g u s t a r í a n la muerte s i n ver llegar el R e i n o de D i o s » . Y tras esta amable c h i r i g o t a , pues no se puede t o m a r como o t r a cosa, y menos como p r o f e c í a , algo que no se c u m p l i ó , gasta a Ped r o , a Santiago y a J u a n o t r a b r o m a (que seguramente le fue i n s p i r a d a a u n o de los que m a n g o n e ó este Evangelio p o r Epístolas y Hechos, donde estos a p ó s t o l e s ocupan un lugar preferente), b r o m a m u c h o m á s bonita, b i e n que les asustase u n poco. E s c ú c h e s e : « P a s a d o s seis d í a s t o m ó J e s ú s a Pedro, a Santiago y a J u a n y les condujo solos a un monte alto y apartado, donde se t r a n s f i g u r ó ante ellos.» S i n duda, h a b í a que ir a c o s t u m b r a n d o a lectores y auditores al g r a n m i l a g r o f i n a l . En efecto, « s u s vestidos se v o l v i e r o n resplandecientes, m u y blancos, c o m o no los pueden blanquear las lavanderas de la T i e r r a . Y se les aparecieron E l i a s y M o i s é s , que hablaban con J e s ú s ( ¿ c ó m o y en q u é c o n o c e r í a n que eran ellos?). Luego se f o r m ó u n a nube, que les c u b r i ó c o n su s o m b r a , y se d e j ó o í r desde las nubes u n a v o z : Este es m i H i j o amado, escuchadle. A l p u n t o m i r a r o n e n derredor, no viendo a nadie sino a J e s ú s s o l o » . Es evidente que destinados los Evangelios a s u m i n i s t r a r temas de lectura y de p r e d i c a c i ó n a las p r i m e r a s c o m u n i d a des cristianas, a falta de verdadera d o c t r i n a , pues se h a b r á observado que hasta ahora muchas veces se ha asegurado que J e s ú s enseñaba, pero no se dice q u é , h a b í a que entretener al a u d i t o r i o c o n lo que m á s estaba a su alcance. Es decir, con cuentecitos, con milagros y, entre c o l y c o l , c o n t a l o c u a l p a r á b o l a m á s o menos sustanciosa. Cuanto menos, mejor. Pobres, disparatados estos cuentecitos y punto menos que ininteligibles, a veces, las tales p a r á b o l a s . T o d o acorde c o n las inteligencias que escuchaban, que de haber tenido algo m á s que fe y candidez, seguramente no hubie-
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r a a aguantado m á s d e u n s e r m ó n . P o r l o m i s m o , cuando a m e d i d a que pasaba el tiempo y se i b a n haciendo viejos los p r i m e r o s troqueles h u b o necesidad de m á s f a n t a s í a , fuer o n apareciendo, c o m o veremos en Mateo y, sobre todo, en Lucas, el m á s novelero de los tres s i n ó p t i c o s , estas ya desbordadas f a n t a s í a s . C l a r o que l o que entonces b a s t ó p a r a e l f i n propuesto ( e n g a ñ a r dulcemente a aquellos incautos c o n m o t i v o de la supuesta v i d a y d o c t r i n a de J e s ú s ) , fatalmente l l e g a r í a u n t i e m p o e n que e l verdadero peligro p a r a l a Iglesia s e r í a no saber c ó m o desembarazarse de tanta tont e r í a y de tanta m e n t i r a . Es decir, de un lastre ya s i n efecto, a no ser p a r a los pasajeros de la siempre bien p o b l a d a nave de la fe. P e r o sigamos c o n Marcos, s i n meternos en h o n d u r a s que a h o r a nos a p a r t a r í a n de lo que estamos examinando. A l p u n t o nuevo m i l a g r o . Y a digo que los m i l a g r o s eran lo que, sin duda, t e n í a m á s p ú b l i c o : la c u r a c i ó n de un epil é p t i c o p o s e í d o t a m b i é n p o r un e s p í r i t u i m p u r o . A este pobre, desde s u infancia. J e s ú s dijo a l i m p o r t u n o h u é s p e d : « E s p í r i t u m u d o y sordo, yo te mando, sal de a h í y no vuelvas a entrar m á s en él.» Y el e s p í r i t u , probando que su caso no e r a un s i m p l e m i l a g r o , sino un a r c h i m i l a g r o , pues b i e n que « s o r d o » o y ó a J e s ú s , y aunque m u d o se m a n i f e s t ó c u a l si no lo fuera, « d a n d o un g r i t o y a g i t á n d o s e violentamente (paso de r u m b a , s i n duda) s a l i ó » . T a l vez a l g ú n lector, de esos que t o m a n m u y en serio las cosas divinas i n ventadas p o r los humanos, se indigne pensando que algunas veces echo a b r o m a cosas que p a r a él son serias, grandes y solemnes. Pues bien, yo le d i r é , y de paso a todos los que piensen c o m o é l , que l o hago porque m e parece m e j o r chancear que i n d i g n a r m e . Que no pudiendo encontrar, c o m o ellos, seriedad, s o l e m n i d a d ni grandeza en insanidades totales como la m a y o r parte de é s t a s que voy comentando, me parece menos m a l o echar las cosas a b r o m a que lanzarme a imprecaciones y denuestos c o n t r a los que escribieron estas cosas, c o n t r a los que aseguran que son reveladas y divinas y c o n t r a los « p o b r e s de e s p í r i t u » que las creen, p a r a los que, s i n duda, e s t á reservado el R e i n o de los Cielos, c o m o
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c o m p e n s a c i ó n de lo lejos que e s t á n de toda grandeza de e s p í r i t u en la T i e r r a . Y que los tales no traten de apuntarse tantos en su favor enumerando toda u n a r e t a h i l a de n o m b r e s ilustres creyentes c o m o ellos, pues fácil s e r í a pon e r a l l a d o d e cada n o m b r e suyo dos a ú n m á s ilustres que pensaron de o t r o m o d o . S i n contar que lo ú n i c o que pueden asegurar es c ó m o piensan ellos; p e r o respecto a los que ponen c o m o ejemplo en su favor, ú n i c a m e n t e lo que se dice acerca de c ó m o pensaban, no lo que pensaban en r e a l i d a d , pues esto s ó l o ellos, en voz t a l vez m u y baja y c o n sus manos en las manos de un verdadero amigo, h u b i e r a n sido q u i z á capaces de decirlo. Sigamos con el sencillo e inocente Marcos. Inmediatamente de lo anterior hace decir a J e s ú s a sus d i s c í p u l o s , atravesando d e nuevo G a l i l e a : « E l H i j o del h o m bre s e r á entregado en manos de los hombres y le d a r á n muerte, y m u e r t o r e s u c i t a r á al cabo de tres d í a s . » E s t a rep e t i c i ó n de lo que h a b í a que preparar, la « p a s i ó n » , era, sin duda, necesario, pues, c o m o f á c i l m e n t e se comprende, p o r m u y inferiores que fuesen, espiritualmente, los p r i m e r o s cristianos, y p o r grande que fuese su c a p a c i d a d de creer, h a r í a falta convencerles poco a poco p a r a que llegasen a no asombrarse demasiado, p r i m e r o , de c ó m o un Profeta al que el pueblo entero a c u d í a en m a s a y s e g u í a allí donde se presentaba, i b a a consentir s i n amotinarse, y precisamente en r e g i ó n cuyos naturales tan dispuestos estaban a todo alb o r o t o y algarada, que nadie atentase c o n t r a M a e s t r o tan ú t i l , tan a m a d o y tan a d m i r a d o ; segundo, que dado su i n menso poder, consintiese, pudiendo tan f á c i l m e n t e evitarlo, en ser m a r t i r i z a d o y crucificado. Porque, claro, la idea de que c o n s e n t i r í a en m o r i r p a r a r e d i m i r a los hombres es de t a l v o l u m e n en insensatez y hacen falta tales tragaderas p a r a pasarla, que, sin duda, se c o m p r e n d i ó que h a c í a falta ir ensanchando poco a poco estas tragaderas, y p o r ello i n s i s t i r u n a vez, y otra, y a ú n otra, en lo que finalmente se i b a a relatar. C o m o J u a n le dijese que a uno que h a b í a v i s t o expulsar d e m o n i o s e n s u n o m b r e s e l o h a b í a p r o h i b i d o , J e s ú s l e re-
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p l í c ó que h a b í a hecho m u y m a l , pues ninguno que hiciese u n m i l a g r o e n s u n o m b r e h a b l a r í a luego m a l d e E l : « E l que n o e s t á c o n t r a nosotros, e s t á c o n n o s o t r o s . » T r a s v e r d a d tan grande v i n i e r o n u n a serie de consejos radicales en p r o de l a v i r t u d . V é a n s e : «Si t u mano t e escandaliza, c ó r t a l a . . . S i t u pie t e escandaliza, c ó r t a l e . . . S i t u ojo t e escandaliza, s á c a t e l e . » C l a r o que hasta ahora nada hemos encontrado, n i esto, c l a r o e s t á , que valga ni se parezca a un buen precepto m o r a l . Pero que ello no nos desanime. C o m o supongo que nadie c o n s i d e r a r á m o r a l , sino todo l o contrario, l a respuesta siguiente, a t r i b u i d a a J e s ú s , a p r o p ó s i t o del d i v o r c i o , c u a n d o unos fariseos le p r e g u n t a r o n «si era l í c i t o al m a r i d o repud i a r a su m u j e r » . A lo que J e s ú s , sin preocuparse del m o t i vo que p u d i e r a i n d u c i r a ello, es decir, s i n querer saber si e l que t a l h a c í a t e n í a o n o j u s t o m o t i v o p a r a s u d e c i s i ó n , se l i m i t ó a decir: «Lo que D i o s j u n t ó , no lo separe el h o m b r e » , a f i r m a c i ó n absolutamente embustera (tan e m b u s t e r a c o m o el que se la a t r i b u y ó ) , pues si hubiese un D i o s bueno y justo, j a m á s a c e p t a r í a que se le achacase aquello, c u y o origen es, unas veces, un s i m p l e deseo c a r n a l , y a ú n m u c h a s m á s , l a conveniencia, e l p u r o i n t e r é s . Y n o s ó l o embustera, sino infame, y en n o m b r e de la c u a l la Iglesia ha condenado y sigue condenando, c o n la c o m p l i c i d a d de los poderes civiles, a un i n f i e r n o en la T i e r r a a millones y millones de criaturas, que separadas h u b i e r a n p o d i d o ser felices u n i é n dose de nuevo o permaneciendo libres, p e r o a las que se e n c a d e n ó y se sigue encadenando injusta y torpemente en n o m b r e d e u n a frase e s t ú p i d a , i m a g i n a d a p o r u n e s t ú p i d o redactor de un e s t ú p i d o trozo de Evangelio. P o r v e r d a d que sea esto que digo, ¿ n o te parece, lector, que hago m u c h o m e j o r echando las cosas a b r o m a que e n f a d á n d o m e ? V i e n e ahora u n a de tantas bobadas que se r e p i t e n c u a l si se tratase de cosas irables, tan s ó l o p o r ser atribuidas a J e s ú s . Es decir, a un personaje que de l i m i t a m o s a v e r en El no lo que se pretende que fue (un D i o s que se s a c r i f i c ó p o r nosotros: l a i n u t i l i d a d del esfuerzo demuestra l a evidencia de la m e n t i r a ) , sino lo que s e r í a , si es que l l e g ó a e x i s t i r : u n p o b r e c i t o profeta, apenas c o n s i d e r a r í a m o s e l
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d i c h o que se le atribuye, al que me refiero, sino c o m o u n a simple bobadita amable. E s c ú c h e s e u n a vez m á s : « D e j a d a los n i ñ o s que se acerquen a mí.» Luego viene algo t a m b i é n m u y conocido, puesto en boca de J e s ú s , p a r a que nadie, evidentemente, salvo q u i z á m e d i a docena de m í s t i c o s , hiciese el m e n o r caso: Lo de la conden a c i ó n de la riqueza. O i g á m o s l o : «¡Cuan d i f í c i l m e n t e entrar á n en el R e i n o de Dios los que tienen h a c i e n d a ! » Palabras é s t a s tan opuestas a las naturales i n c l i n a c i o n e s de los h o m bres, que espantaron hasta a sus p r o p i o s d i s c í p u l o s , que precisamente porque en cuanto a poseer, pobres de solemn i d a d c o m o eran, t a n s ó l o t e n í a n el deseo, seguramente hub i e r a n preferido l l e v a r el c i n t u r ó n b i e n repleto de monedas, si de o r o m e j o r que de plata. A c a b ó de dejarles aterrados — s e g ú n dice M a r c o s — l a conocida a f i r m a c i ó n : « E s m á s fác i l a un c a m e l l o pasar p o r el agujero de una aguja, que a un r i c o entrar en el R e i n o de Dios.» Si yo alguna vez llegase a d e p l o r a r que no haya t a l R e i n o s e r í a pensando en el placer que s e n t i r í a , lo confieso, al llegar a él y ver a la puerta, l a m e n t á n d o s e de su c o n d i c i ó n pasada, que les i m p e d í a entrar, a reyes, papas, p r í n c i p e s de la Iglesia y de los otros y d e m á s p á j a r o s d e l a m i s m a c a l a ñ a amontonadores d e riquezas e n l a T i e r r a . Riquezas, a d e m á s , que n o ganaron a costa de su trabajo. Y lo c u r i o s o es que nadie tiene la audacia y seguridad c o n que los mencionados aseguran ser los mantenedores de la r e l i g i ó n y de la doctrina de J e s ú s . E s t e c a p i t u l i l l o , que, a l menos, tiene u n p o c o d e m i g a , puesto que prueba que j a m á s los grandes p a r á s i t o s fueron amados p o r sus v í c t i m a s , acaba c o n u n a m a j a d e r í a . C o m o los A p ó s t o l e s preguntasen a su M a e s t r o : « E n t o n c e s , ¿ q u i é n e s pueden salvarse? F i j a n d o e n ellos J e s ú s s u m i r a d a , d i j o : A los hombres sí es i m p o s i b l e , mas no a Dios, p o r q u e a D i o s todo le es p o s i b l e . » N a t u r a l m e n t e , b i e n que cerriles, los A p ó s t o l e s , al o í r aquello, protestaron. Y « P e d r o entonces c o m e n z ó a decirle: Pues nosotros hemos dejado todas las cosas y te hemos s e g u i d o » . A lo que J e s ú s , d á n d o s e cuenta de que acababa de decirles u n a t o n t e r í a , y temiendo quedar7.
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se solo, tuvo que enmendar lo que acababa de dejar o í r y prometerles « l a v i d a eterna e n e l siglo v e n i d e r o » . Luego, y s e g ú n i b a n subiendo hacia J e r u s a l é n , «les volvió a h a b l a r (cuando se p o n í a era un alegre) de la muerte que le a g u a r d a b a » . P o r supuesto, esto de i n s i s t i r sobre el t e m a de la « p a s i ó n » no es en r e a l i d a d sino interpolaciones destinadas a c o n f i r m a r que era H i j o de Dios, c o m o ya se h a b í a d e c i d i d o que fuese, y que, naturalmente, habiendo sabido p o r su P a d r e que estaba destinado ( C o r d e r o pascual) a r e d i m i r a los hombres c o n su sangre, pues, c o m o ya sabemos, se trataba de i n s t a u r a r u n a nueva r e l i g i ó n de salvac i ó n , n a t u r a l e r a que estuviesen al corriente de e l l o . T a n n a t u r a l c o m o que de no tratarse de u n a f á b u l a , sino de u n a realidad, su futuro s a c r i f i c i o no le hubiese i m p o r t a d o un bledo y se lamentase tan s ó l o p o r hacer a la idea a sus d i s c í p u l o s . Es decir, como no le i m p o r t a r í a a un m i l l o n a r i o pasearse s i n u n c é n t i m o p o r una c i u d a d e n que todo e l m u n d o supiese perfectamente q u i é n era. De m o d o que p a r a creer que un D i o s puede s u f r i r como hombre y p o r c u l p a y o b r a de los h o m b r e s , hay que empezar p o r aceptar u n a serie de cosas c o n las que es difícil estar de acuerdo, a menos de despojarnos p r i m e r o de cuanto tenemos de seres dotados de r a z ó n : P r i m e r a , de que un Dios infinito en todo, c o m o se le supone p o r p r i n c i p i o , tenga ni necesite un h i j o . Segunda, que siendo i n f i n i t o en todo y, c o m o es n a t u r a l , en presciencia y s a b i d u r í a , fabrique u n a pareja de seres humanos s i n saber que al p u n t o van a desobedecerle. T e r c e r a , que les eche la c u l p a , en vez de culparse él m i s m o a causa de su i m p r e v i s i ó n y t o n t e r í a o, lo que a ú n s e r í a peor, de su m a l d a d , si sabiendo lo que i b a a o c u r r i r lo h a b í a preparado y previsto, consintiendo en ello, en vez de evitarlo. Y c u a r t a y t o t a l insensatez y a : que p a r a r e d i m i r a los hombres de un pecado que no h a n cometido y que, p o r consiguiente, no necesita r e d e n c i ó n , e n v í e , e x t r a ñ o y absurdo remedio, a su ú n i c o h i j o p a r a que le hagan m o r i r c r u c i f i c á n d o l e . T r a s i m a g i n a r y a f i r m a r cosas c o m o é s t a s , no debem o s ya asombrarnos de nada. A no ser de que puedan ser
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c r e í d a s . Pero sigamos c o n Marcos y su deshilvanada novelita. J e s ú s y su s é q u i t o de A p ó s t o l e s llegan a J e r i c ó , de donde al s a l i r J e s ú s devuelve la v i s t a a B a r t i m e o , mendigo ciego. Tras ello viene lo de la entrada en J e r u s a l é n caballero en u n asno « s o b r e e l que nadie h a b í a m o n t a d o a ú n » , s e g ú n h a b í a afirmado el p r o p i o J e s ú s , que a creer en la n a r r a c i ó n , n o s ó l o s a b í a d ó n d e estaba atado, sino que incluso t e n í a d u e ñ o , puesto que estaba atado, pero que decidido a entrar solemnemente en J e r u s a l é n c a b a l g á n d o l e , m a n d ó que se lo trajesen y en paz. ¡ C u á n t a s cosas, y algunas tan r i d i c u l a s como ésta, le han imputado al pobre J e s ú s ! ¡ E n t r a r en la c i u d a d santa sobre u n b u r r o robado! Detalle, a d e m á s , difíc i l de interpretar c o m o signo de h u m i l d a d , y que ni era elegante, n i bonito, n i necesario. E r a simplemente esto: ridículo. Y con ello entramos (de ser posible que hubiese un J e s ú s que p e r e g r i n ó durante breve t i e m p o p o r tierras de G a l i l e a tan modesta e inadvertidamente que nadie de los que de o t r o m o d o se hubiesen enterado, se dio cuenta) en lo ú n i c o , detalles aparte, c l a r o e s t á , que a d m i t e n d e E l los partidar i o s de la escuela h i s t ó r i c a : lo relativo a su p a s i ó n y muerte. P o r supuesto, y c o m o ya he hecho notar, la entrada en J e r u s a l é n en plena apoteosis, se opone al abandono inmediato. Pues no hay m o d o de c o m p r e n d e r que los m á s enardecidos y ardientes p a r t i d a r i o s d e l hacedor de m i l a g r o s no se opusiesen a los enconados c o n t r a E l , que a d e m á s estab a n e n m e n o r n ú m e r o . ¿ C ó m o creer que n i u n o tan s i q u i e r a de los que « e x t e n d í a n sus mantos sobre el c a m i n o » , y ramas y flores, y le p r e c e d í a n y le s e g u í a n gritando: « ¡ H o s a n n a ! B e n d i t o e l que viene e n n o m b r e d e l S e ñ o r . B e n d i t o e l reino que viene de D a v i d , nuestro padre. ¡ H o s a n n a en las altur a s ! » , no saliesen dos d í a s d e s p u é s en .su defensa? ¿ P o d í a ser su fanatismo i n f e r i o r al de los que se encarnizaban contra E l ? Porque que t a l ocurriese e n J e r u s a l é n tras todo l o que hemos visto a lo largo del relato de M a r c o s , eñ que materialmente, a creerle, t e n í a que h u i r de los que de cont i n u o le asediaban en masa, e r a lo l ó g i c o , lo n a t u r a l . Y p o r
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ello a n t i n a t u r a l e i l ó g i c o el abandono i n m e d i a t o . Si hoy m i s m o apareciese un h o m b r e dotado de tan m a r a v i l l o s o poder que bastase tocar un borde del traje c o n que se cub r i e r a p a r a sanar de toda suerte de enfermedades, ¿ h a b r í a p o l i c í a suficiente p a r a proceder c o n t r a él caso de que p o r e r r o r sus dotes fuesen m a l interpretadas? A l punto, siguiendo l a n a r r a c i ó n , viene u n detalle d e u n a insensatez t o t a l : la m a l d i c i ó n de la higuera, que no t e n í a higos porque no era el tiempo de ellos. J e s ú s y los que le siguen, d e s p u é s de entrar en el T e m p l o y de haberlo visto todo, ya tarde salen hacia B e t a n i a . A la m a ñ a n a siguiente, J e s ú s , «al salir de Betania, s i n t i ó hambre. V i e n d o de lejos u n a higuera, se fue p o r si encontraba algo en ella, y l l e g á n dose a é s t a no e n c o n t r ó sino hojas, porque no era tiempo de higos. No obstante, tomando la p a l a b r a , d i j o : ¡Que nunc a j a m á s c o m a y a nadie fruto d e t i ! L o s d i s c í p u l o s l e oyeron». Luego viene lo de la e x p u l s i ó n de los vendedores d e l T e m p l o . E s t o p u d i e r a tomarse, b i e n que no h a y a sido a s í interpretado, c o m o u n a p u l l a d i s i m u l a d a d e u n redactor m a l i cioso contra l a Iglesia, que h a c í a comercio con l o sagrado: venta de sacramentos, de bulas, de indulgencias, de cargos h o n o r í f i c o s y d e m á s , c o n objeto de tener siempre b i e n llenas las benditas arcas d e l tesoro de san P e d r o . La p a r á b o l a de los v i ñ a d o r e s , que sigue, no se sabe, en verdad, q u é quiere decir. M a r c o s no es feliz en p a r á b o l a s . E l g é n e r o empezaba c o n é l y a ú n n o h a b í a llegado a l a necesaria p r i m a v e r a . Sus brotes son t o d a v í a invernales. T r a s esto es referido lo m u y conocido de: « D a d al C é s a r lo que es del C é s a r , y a Dios lo que es de Dios.» Lo que, en todo caso, no e r a responder a lo que los fariseos y partidarios de Herodes le preguntaban. Puesto que lo que é s t o s q u e r í a n saber e r a si es « l í c i t o pagar el t r i b u t o al C é s a r » ellos, que eran j u d í o s y en m o d o alguno p a r t i d a r i o s suyos. De m o d o que esta respuesta era tan s ó l o u n a evasiva, pues ¿ q u é era lo que por ser del C é s a r h a b í a , s e g ú n J e s ú s , que darle? Precisamente esto era lo que q u e r í a n saber los que interrogaban. Es decir, si t e n í a derecho a exigir lo que p o r
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l a fuerza e x i g í a . L a m i s m a m a n e r a d e responder e i g u a l i n c e r t i d u m b r e , es decir, h a c i é n d o l o mediante inseguridades, cuando a l punto l e i n t e r r o g a r o n sobre l a r e s u r r e c c i ó n . C l a ro que, ¿ c ó m o responder de o t r o modo, puesto que los redactores de los Evangelios sobre esto, a menos de echarse a fantasear, no p o d í a n saber nada ni o p i n a r s i q u i e r a discretamente? A p r o p ó s i t o de los mandamientos, se a f i r m a al p u n t o que, c o m o dice el Antiguo Testamento, el p r i m e r o es: « A m a r á s al S e ñ o r tu D i o s c o n todo tu c o r a z ó n y toda tu a l m a , con toda tu mente y todas tus fuerzas. El segundo: A m a r á s a tu p r ó j i m o c o m o a t i m i s m o . » L o que n o son sino palabras, puras palabras. No se puede a m a r aquello que no se conoce ni lo que va c o n t r a la naturaleza de cada uno, pues é s t a raramente, p o r no decir j a m á s , nos mueve a poner a los d e m á s en la l í n e a en que, por instinto de c o n s e r v a c i ó n , por fatal e g o í s m o , nos colocamos nosotros m i s m o s . Excepcionalmente, los hijos, y a veces aquello que amamos c o n a m o r físico i r r e p r i m i b l e , puede acercarse a como nos a m a m o s a nosotros m i s m o s . Lo d e m á s , no. Y decir lo c o n t r a r i o es m e n t i r . T r a t a r de e n g a ñ a r n o s y de e n g a ñ a r . Palabras, puras palabras. N i s i q u i e r a l a l o c u r a del m í s t i c o que pasa s u v i d a s a c r i f i c á n d o s e a causa de su d e s v a r í o , contradice lo anterior, puesto que en el fondo de este d e s v a r í o late, s i n que él t a l vez se dé perfecta cuenta, el m á s feroz e insensato de los e g o í s m o s : alcanzar a costa de sus esfuerzos y sufrimientos l a u n i ó n c o n l a D i v i n i d a d . E s t e pretendido amor, pues, es simplemente la m á s total y q u i m é r i c a e x p r e s i ó n de un e g o í s m o absoluto: dar u n o esperando r e c i b i r u n m i l l ó n . Al punto d i r í a s e que se quiere h a l l a r algo que justifique la muerte de J e s ú s , haciendo que en pleno T e m p l o predique c o n t r a los escribas, a los que, p o r o t r a parte, vemos continuamente en torno a E l , a c o s á n d o l e con sus preguntas: « U n a m u c h e d u m b r e le escuchaba c o n agrado. En sus enseñ a n z a s les d e c í a : Guardaos de los escribas, que gustan de pasearse con rozagantes t ú n i c a s , de ser saludados en las plazas y de c o m p r a r los p r i m e r o s asientos en las sinagogas y los p r i m e r o s puestos en los banquetes, mientras devoran
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las casas de las viudas y s i m u l a n largas o r a c i o n e s . » Luego vuelve a la carga contra los ricos, asegurando que la pobre v i u d a que ha echado en el tesoro dos í n f i m a s monedas de cobre, ha dado m u c h o m á s que los ricos, que dejan caer muchas monedas. Todas estas imprudencias, de haber sido u n a realidad, hubieran explicado, y de ello se trata, de justificar que los pudientes, d i r i g i d o s p o r el S a n e d r í n y sus dirigentes fariseos, se levantasen contra J e s ú s . Pero no just i f i c a que la masa, que le a d m i r a b a y s e g u í a , no le defendiese, puesto que precisamente estos ataques h u b i e r a n sido el complemento d e l o m u c h o que a d m i r a b a n e n E l . En todo caso, y siguiendo la n a r r a c i ó n , enfrentado abiertamente con las clases dirigentes de aquella teocracia, d i r i gida p o r sacerdotes, fariseos y ricos comerciantes. C o n lo que b a s t a r í a indisponerle t a m b i é n c o n los romanos asegur a n d o que su i n t e n c i ó n era hacerse p r o c l a m a r rey de los j u d í o s , y completar esta a c u s a c i ó n d e c l a r á n d o l e blasfemo a causa de decirse H i j o de Dios, p a r a que nada p u d i e r a ya l i b r a r l e de la cruz. Podemos incluso i m a g i n a r a Y a h v é moviendo los hilos de esta trama, puesto que h a b í a sido E l q u i e n d e c i d i ó , llevado d e s u i n c o m p r e n s i b l e a m o r h a c i a los hombres, que é s t o s crucificasen a su hijo. Incomprensible su a m o r e incomprensibles sus decisiones, pues tras acusarles de u n a falta o pecado que no h a b í a n cometido, no v e í a otro medio de l i m p i a r l e s de él que sacrificando lo que t e n í a de m á s precioso. Todo lo cual, a poco que se piense, es no s ó l o incomprensible, sino tan absurdo y tan extraviado como los desarreglos m í s t i c o s de los tan alabados profetas, que con sus e n s u e ñ o s y perturbaciones espirituales h a b í a n conseguido que tales dislates, pasando a p r i m e r a l í n e a , sirviesen de base p a r a u n a nueva r e l i g i ó n de salvación. En lo que al texto afecta, viene al p u n t o un poco de liter a t u r a buena tan s ó l o p a r a sacar de ella pretexto y m o t i v o de p r e d i c a c i ó n , b i e n que c o n t r a r i a en r e a l i d a d a cuanto ha sido dicho hasta llegar a ella, que, como hemos visto, no es, en s í n t e s i s , o t r a cosa que asegurar que la llegada del R e i n o de Dios era tan inminente, que m u c h o s de los que
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escuchaban no m o r i r í a n s i n que acaeciese. No obstante ser ello evidente, ahora se oye asegurar a J e s ú s que « a n t e s hab r á de ser p r o c l a m a d o el Evangelio a todas las n a c i o n e s » . Y es que los redactores e c l e s i á s t i c o s , que van tejiendo la n a r r a c i ó n con trozos de leyendas, no pierden el norte: entre c o l y c o l , lechuga. E l l o s v a n a lo suyo s i n preocuparse, y t a l vez s i n darse cuenta de que lo que a f i r m a n p o r un lado, lo contradicen p o r otro. Luego, al punto, un p e q u e ñ o cuadro de apocalipsis final: los A p ó s t o l e s s e r á n entregados a los sanedrines, y v í c t i m a s de las sinagogas, s e r á n perseguidos y azotados. Y «el hermano e n t r e g a r á a la muerte al hermano, y el padre al h i j o , y se l e v a n t a r á n los hijos c o n t r a los padres y les d a r á n muerte, y s e r é i s aborrecidos todos (habla J e s ú s ) por mi n o m b r e » . P e r o n o r m a de c o n d u c t a a observar: « E l que persevere hasta el fin s e r á salvado.» Al punto, de 14 a 37 del c a p í t u l o X I I I , nuevo c u a d r o d e d e s o l a c i ó n : l a t r i b u l a c i ó n suprema, tras la cual «se o s c u r e c e r á el S o l , y la L u n a no d a r á su b r i l l o , y las estrellas se c a e r á n del Cielo, y las virtudes que e s t á n e n los Cielos s e r á n conmovidas. Entonces v e r á n a l H i j o del h o m b r e v e n i r sobre las nubes con gran poder y majestad. Y e n v i a r á a sus á n g e l e s , y j u n t a r á a sus elegidos de los cuatro vientos, del extremo de la T i e r r a hasta el extremo del Cielo». L i t e r a t u r a . L i t e r a t u r a m a l a destinada a e n g a ñ a r aterrando. El miedo ha sido siempre una de las grandes redes, en lo religioso, p a r a cazar incautos. P o r miedo i n c l u s o a los cataclismos naturales e m p e z ó esta v a r i e d a d de sentimiento. ¿ C u á n d o el t e r r i b l e d í a y la terrible hora? « N a d i e lo conoce, ni los á n g e l e s del Cielo, ni el H i j o , sino sólo el P a d r e . » C o n lo que ya e s t á todo listo p a r a la p a s i ó n y la resurrecc i ó n . L o s p r í n c i p e s de los sacerdotes y los escribas b u s c a n el m e d i o de apoderarse de J e s ú s . Porque, cosa inexplicable y curiosa, cierto que i m a g i n a d a p a r a d a r i n t e r é s a la narrac i ó n , no obstante acabar de entrar J e s ú s en J e r u s a l é n entre hosannas, v í t o r e s y aclamaciones y haber pasado varios d í a s de intensa v i d a p ú b l i c a recorriendo las sinagogas, actuando en el T e m p l o y atacando a cuantos de El viven y a su som-
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b r a m e d r a n , se finge no conocerle y tener m i e d o a no encontrarle. P o r fortuna, allí e s t á Judas, que p o r unas monedas se compromete a entregarle. Judas, que ha sido testigo de todos sus milagros y a quien J e s ú s ha dado, a d e m á s , c o m o a los d e m á s A p ó s t o l e s , la facultad de hacerlos. Pues, n o obstante, l e d e l a t a r á p o r unas monedas. E l redactor d e M a r c o s conserva este episodio, que estaba t a m b i é n en M a r c i ó n . Luego viene la ú l t i m a cena, y en ella la i n s t i t u c i ó n de l a e u c a r i s t í a . I n ú t i l hablar a q u í a p r o p ó s i t o d e ella. T a m b i é n e s t á e n M a r c i ó n , quien mediante ella funda u n r i t o nuevo p a r a s u s t i t u i r a la pascua j u d í a . En vez del cordero pascual, J e s ú s , en M a r c i ó n , da a comer a sus d i s c í p u l o s un pan, imagen de su cuerpo, que va a ser entregado p o r ellos. S ó l o que en M a r c i ó n , como el cuerpo de J e s ú s no era m a t e r i a l , su e u c a r i s t í a tiene un aspecto puramente s i m b ó l i c o , lo que no ocurre en Marcos. Así c o m o la copa de v i n o , que en la pascua j u d í a d e b í a ser apurada cuatro veces, e n M a r c i ó n es reemplazada p o r otra, de cuyo contenido no se h a b l a , pero que en su liturgia, s e g ú n E p i f a n i o (Pan., X L I I , 3), era agua, siendo su sentido representar el testamento mediante el c u a l J e s ú s legaba a sus d i s c í p u l o s lo que el Padre le hab í a legado a E l : e l R e i n o d e los Cielos. E l lector a q u i e n esta c u e s t i ó n interese (su verdadero origen, c ó m o se form ó , etc.) lea el c a p í t u l o que la dedica Joseph T u r m e l en su Historia de los dogmas. Es lo m e j o r y m á s serio que se ha hecho sobre la c u e s t i ó n . Sigue lo relativo a lo que se pretende acaecido en el m o n te de los Olivos: la l l a m a d a a g o n í a de G e t s e m a n í . Luego, la c a p t u r a de J e s ú s , su p r i s i ó n , su comparecencia ante el San e d r í n , a l punto ante P i l a t o . Seguidamente, l a condena, los malos tratos, la c r u c i f i x i ó n y la muerte. M á s lo relativo a la r e s u r r e c c i ó n , apariciones y subida al C i e l o . C o m o todo esto es referido a q u í con pocos detalles, pues la leyenda a ú n no estaba suficientemente magnificada y redondeada, y, p o r consiguiente, de m o d o distinto que en Mateo y en Lucas, cuando lleguemos a ellos, a p r o p ó s i t o de esta parte del relato, veremos, a favor de un breve examen comparativo, c ó m o algo tan esencial es diferente en los tres. Y se
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c o m p r e n d e r á lo que no h a n dejado de repetir los c r í t i c o s desde hace cerca de dos siglos: que los Evangelios no son en m o d o alguno documentos h i s t ó r i c o s y que, c o m o d e c í a R e n á n , con todo lo que de positivo se sabe sobre J e s ú s , no hay m e d i o de llenar u n a c u a r t i l l a de papel. A menos, claro, de echar a v o l a r la f a n t a s í a y aprovechando, c o m o él, la ya empleada por los redactores de estos textos, hacer u n a nov e l a completa. En resumen, que este Evangelio se nos ofrece c o m o el segundo intento (el p r i m e r o fue el de M a r c i ó n ) de f i j a r p o r escrito, del lado de la Iglesia esta vez, lo imaginado, c o n la ayuda de algunas tradiciones orales, q u i z á i n c l u s o parcialmente escritas, p o r el gran m í s t i c o de Sinope. U n a nueva v e r s i ó n , cierto que s i n gran novedad, tanto de la v i d a de J e s ú s c o m o de sus e n s e ñ a n z a s , m i l a g r o s y palabras. M u y poco a ú n de todo, pues, c o m o veremos, paulatinamente se fue elaborando y completando en las sucesivas versiones, tanto en lo que afectaba a la v i d a propiamente d i c h a c o m o en cuanto a las doctrinas y m i l a g r o s . Y todo descosido, sin u n i d a d n i c o n t i n u i d a d l ó g i c a . E s decir, c o m o algo que, bien que s i n apartarse esencialmente de la n a r r a c i ó n de M a r c i ó n , que s e r v í a c o m o modelo, tratando de ser diferente de ella. Se nota, a d e m á s , en este Evangelio un p r i m e r intento de la nueva Iglesia, no bien conseguido a ú n , de ofrecer una n a r r a c i ó n especial y coherente. Así, por ejemplo, se abre esta n a r r a c i ó n , c o m o hemos visto, hablando de J u a n y pres e n t á n d o l e como el precursor de J e s ú s . Pero habiendo quedado, en este p r i m e r ensayo, i m p r e c i s a y no bien definida la figura del Precursor, al darse cuenta un redactor poster i o r , p a r a subsanar lo que, a su j u i c i o , faltaba e n c a j ó en la n a r r a c i ó n , allí donde l e p a r e c i ó que e l parche n o h a r í a m u y m a l efecto, lo que sobre el austero y rabioso anacoreta se s a b í a por F l a v i o Josefo. Pero ni siquiera copiando fielmente a é s t e . E n c o n t r ó m e d i o de hacerlo con m o t i v o de conceder J e s ú s a sus d i s c í p u l o s ( V I , 7-13) el poder o facultad de hacer m i l a g r o s , y p a r t i r é s t o s , de dos en dos, c o n objeto de ejercitarse, a t r a v é s de Galilea. C o m o dice M a r c o s : « P a r t i d o s ,
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p r e d i c a r o n que se arrepintiesen y echaban muchos demonios, y ungiendo con ó l e o a muchos enfermos, los c u r a b a n . » C o n lo que ya no es uno tan s ó l o , sino siete: J e s ú s y seis parejas, los que realizan prodigios. C o n lo cual, la o l a de m i l a g r o s aumenta, llega a o í d o s de Herodes y sirve de pretexto p a r a volver sobre J u a n el B a u t i s t a , i m a g i n a n d o que Herodes creyese que J e s ú s e r a J u a n y que h a b í a resucitado de entre los muertos. La cosa en sí es bastante i n v e r o s í m i l e i d i o t a , pero e l redactor n o e n c o n t r ó o c a s i ó n m á s favorable y l a r g ó con tal m o t i v o lo que se p r o p o n í a . De m o d o que este Evangelio viene a ser, p o r parte de la Iglesia y en lo que a la supuesta v i d a de J e s ú s afecta, c o m o un p r i m e r e s l a b ó n , el p r i m e r esbozo, u n a especie de andamiaje de sus andanzas. M e d i a n o en cuanto a orden, no b r i llante tampoco en lo relativo a p r e c i s i ó n , pero ya c o n gran c a n t i d a d de m i l a g r o s . Es decir, lo esencial p a r a que fuese aceptado y c r e í d o . En cuanto a e n s e ñ a n z a s de J e s ú s , en real i d a d ninguna t o d a v í a . L o p r i m e r o era i n t r o d u c i r e l personaje, pues l o d e m á s v e n d r í a p o r a ñ a d i d u r a . Respecto a andanzas, vemos a J e s ú s en torno al m a r de G a l i l e a varias veces. Y en Cafarnaum, lo m i s m o . Así c o m o p o r las aldeas p r ó x i m a s a esta c i u d a d . En I, 38, se dice, sin p r e c i s a r nada: « V a m o s a o t r a parte, a las aldeas p r ó x i m a s , p a r a p r e d i c a r allí, pues p a r a esto he salido. Y se fue a pred i c a r a las sinagogas de toda Galilea.» E s t e mezclar, s i n p o r lo visto darse cuenta, hacer h a b l a r a J e s ú s e inmediatament e t o m a r e l redactor l a p a l a b r a , demuestra e l m o d o c o m o los directores de las comunidades cristianas se d i r i g í a n a sus oyentes. Se h a b l a t a m b i é n de Nazaret, de Genesaret y de sus c e r c a n í a s ; de los confines de T i r o (en el extremo norte de Galilea), desde donde J e s ú s y los suyos vuelven a los lugares conocidos atravesando los t é r m i n o s de la D e c á p o l i s (diez ciudades situadas a oriente del lago de Genesaret), a B e t s a i d a y a las aldeas de C e s á r e a de F i l i p o s . Y vuelta a C a f a r n a u m . De a q u í a los confines de Judea y de Perea, p a r a luego empezar a s u b i r hacia J e r u s a l é n pasando p o r J e r i c ó . Y es toda la g e o g r a f í a de este Evangelio. P o r o t r a parte, si en este Evangelio encontramos, a d e m á s
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de lo relativo a las mencionadas andanzas de J e s ú s , muchos milagros, en lo que afecta a su predicación y doctrina, m u y poco. N a d a , p o r decirlo a s í . Y ello no obstante empezar haciendo concebir esperanzas: « D e s p u é s que J u a n fue preso, vino J e s ú s a Galilea predicando el Evangelio de Dios y diciendo: C u m p l i d o es el tiempo, y el R e i n o de D i o s e s t á cercano; arrepentios y creed en el E v a n g e l i o . » Pero es todo. Luego, en lo sucesivo, no s e r á m á s e x p l í c i t o . Y c o m o no dice en q u é consiste este E v a n g e l i o , nos tenemos que contentar con saber que el R e i n o de Dios estaba cercano. Es decir, con una f a n t a s í a m á s . Unas l í n e a s d e s p u é s (lo anterior lo ha dicho en I, 14, 15), en I, 21, se lee: « L l e g a r o n a C a f a r n a u m , y luego, el d í a de s á b a d o , entrando en la sinagoga e n s e ñ a b a . » E s t a m e z c l a de lo que el redactor dice t o m á n d o l o de alguna leyenda o t a l vez simplemente i n v e n t á n d o l o , y lo que deja decir a J e s ú s , evidencia el m o d o como é s t e y los d e m á s Evangelios fuer o n compuestos. En cuanto a J e s ú s , s e g ú n dice M a r c o s , ens e ñ a b a e n las sinagogas, pero ¿ q u é e n s e ñ a b a ? P o r q u e a ñ a d e , sí, que «se m a r a v i l l a b a n de su d o c t r i n a » , pero no dice ni una palabra sobre esta d o c t r i n a . Lo que parece d e m o s t r a r que la Iglesia no h a b í a elaborado a ú n la d o c t r i n a que pensaba oponer a la de M a r c i ó n , y cuanto hizo c o n su p r i m e r Evangelio fue f i j a r el personaje p o r su parte, p o r decirlo a s í , en espera de poder poner en su boca lo que la c o n v e n í a que dijese. En V I , 2, vemos a J e s ú s llegar a Nazaret, donde t a m b i é n « e n s e ñ a en la sinagoga, y la m u c h e d u m b r e que le oye se m a r a v i l l a » . Pero ¿ d e q u é se m a r a v i l l a ? Porque nosotros, que no e s t á b a m o s allí, tenemos que contentarnos con esto: con saber que otros se m a r a v i l l a b a n . C l a r o que a q u í , en Marcos, casi se explica que nada se diga de lo que, s e g ú n él, e n s e ñ a b a J e s ú s , porque si ninguno de cuantos le escuchaban le e n t e n d í a n , ni los propios A p ó s t o l e s , a los que, c o m o hemos visto, t e n í a que explicarles p a r t i c u l a r m e n t e lo que h a b í a dejado o í r , ¿ p a r a q u é se i b a a t o m a r la molestia de f i n g i r repetirlo? Otras cosas, p o r ejemplo, lo que se dice en V I I , 20-23, a p r o p ó s i t o de que lo que m a n c h a al h o m b r e son las malda-
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des que salen de su c o r a z ó n , esto no es en r e a l i d a d u n a e n s e ñ a n z a , sino una s i m p l e a f i r m a c i ó n b a l a d í , digna, cuando m á s , de un predicador de tercer orden. Y ¿ s e puede considerar tampoco c o m o e n s e ñ a n z a que dijese a sus d i s c í p u l o s que era preciso que el H i j o del h o m b r e padeciese m u c h o o que p a r a salvarse « h a b í a que negarse a sí m i s m o y. seg u i r l e » ? ¿Y cortarse mano y pie y sacarse un ojo, si estos m i e m b r o s escandalizaban? Pero escandalizar, que saberlo hubiese constituido l a e n s e ñ a n z a , ¿ e n q u é , con q u é , por q u é y c ó m o ? ¿ E s acaso e n s e ñ a n z a m o s t r a r un colegio y decir a h í se aprende? Al punto y a p r o p ó s i t o del d i v o r c i o y de l a riqueza, ¿ s e puede decir que e n s e ñ a cuando s i g u i é n d o l e no se consiguen sino males, o lo c o n t r a r i o , s e g ú n lo estima cada uno? D e c i r luego, « e n s e ñ a n d o en el T e m p l o a u n a gran m u l t i t u d que le escuchaba c o n a g r a d o » , que se apartasen de los vanidosos escribas, ¿ e r a tampoco u n a e n s e ñ a n z a , en el verdadero sentido de la palabra, o m á s b i e n y tan s ó l o un s i m p l e consejo? Cuando en el S a n e d r í n , el p o n t í f i c e le pregunta si es el M e s í a s y el H i j o del B e n d i t o , J e s ú s responde, s e g ú n puede leerse: «Lo soy y v e r é i s al H i j o d e l n o m b r e sentado a la diestra del P o d e r y venir sobre las nubes d e l Cielo»; diciendo esto, ¿ e n s e ñ a b a tampoco algo, a no ser que su manera de idear no era n o r m a l ? Y es todo. Es decir, que si J e s ú s en este Evangelio no e n s e ñ a nada verdaderamente digno de t a l n o m b r e , sí, al menos, que, mediante lo que se lee en él, nada positivo y verdadero sabemos sobre su persona, a no ser que, de haber algo de v e r d a d e n l a descosida n a r r a c i ó n , este algo n o puede i r m á s a l l á de que m u r i ó acusado, c o m o se ha visto, de falso mesianismo y de blasfemia. Porque, en efecto, nada m á s blasfemat o r i o e insoportable para un j u d í o ortodoxo, es decir, rabiosamente m o n o t e í s t a , que o í r a f i r m a r que Y a h v é t e n í a u n hijo. T r i p l e , c u á d r u p l e blasfemia, si el que lo afirmaba se daba a ú n p o r t a l h i j o . Pasemos, pues, a Mateo a ver si somos m á s afortunados, ya que, s e g ú n la t r a d i c i ó n , Mateo fue c o m p a ñ e r o de J e s ú s y, p o r tanto, v e r í a con sus propios ojos y o i r í a con sus o í d o s lo que luego refiere. P o r supuesto, en Marcos le he-
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mos encontrado ya, en I I , 14, cuando J e s ú s , tras c u r a r al p a r a l í t i c o que h a b í a n hecho bajar hasta E l d e s c o l g á n d o l e a t r a v é s del agujero del tejado, «al d i r i g i r s e de nuevo a la o r i l l a del m a r seguido de gran m u c h e d u m b r e , a la que ens e ñ a b a , al pasar vio a L e v l , el h i j o de Alfeo, sentado en el banco en que recaudaba los tributos y le d i j o : S i g ú e m e . Y él, l e v a n t á n d o s e , le siguió», d e j á n d o l o todo: banco, recibos y lo ya recaudado. O J e s ú s era un gran fascinador o aquellos j u d í o s , muchos, al menos, eran de pastaflora. P o c o d e s p u é s , en I I I , 18, entre los Doce que escoge J e s ú s c o m o d i s c í p u l o s , e s t á este Leví, al que l l a m a Mateo, y que, p o r consiguiente, s e g ú n siempre l a t r a d i c i ó n , que t a l asegura, fue uno de los A p ó s t o l e s ; hecho p o r el c u a l estaba en mejores condiciones p a r a conocer su p e r e g r i n a c i ó n y sus palabras, que M a r c o s , quien, simple a u d i t o r de Pedro, s ó l o h u b i e r a podido saber p o r é s t e lo que J e s ú s h a b í a dicho y hecho. Y otro tanto se p o d r í a d e c i r de L u c a s y de J u a n , puesto que siendo é s t e t a m b i é n d i s c í p u l o y c o m p a ñ e r o de J e s ú s , estaba en mejores condiciones que L u c a s p a r a saber l o que h a b í a o c u r r i d o . N o obstante, L u c a s , s i m p l e amigo d e Pablo, es el que da m á s detalles a p r o p ó s i t o de las andanzas de J e s ú s , mientras que J u a n es, por todos conceptos, enteramente distinto. C l a r o que todo esto es h a b l a r p o r hab l a r , puesto que ya hemos dicho que estos n o m b r e s nada tienen que ver con los Evangelios que se ha hecho que patrocinen. En lo que a M a t e o afecta, lo p r i m e r o que nos g u s t a r í a saber es p o r q u é el c a m b i o de n o m b r e de L e v í en M a t e o . E incluso, p o r c u r i o s i d a d , tener alguna n o t i c i a de él. P e r o c o m o ni de M a t e o ni de los d e m á s evangelistas dicen nada los redactores de los Evangelios, forzoso nos es tener paciencia. C o n t e n t é m o n o s , en lo que a M a t e o afecta, con saber que era p u b l i c a n o . Es decir, recaudador de impuestos, e hijo de un tal A l f e o . Y que tanto en este Evangelio, que l l e v a su nombre, como en los d e m á s es u n a verdadera carpa. E n t i é n d a s e , u n a figura decorativa. E x a c t a m e n t e c o m o el resto de los A p ó s t o l e s , si se e x c e p t ú a n Pedro, Santiago, J u a n y, a ú l t i m a hora, Judas. Y dicho esto, adelante con este Evangelio.
EVANGELIO DÉ MATEO M a t e o empieza, como se sabe, con vina pintoresca geneal o g í a de J e s ú s , no menos inventada y caprichosa que la que veremos en L u c a s . Luego en ambos Evangelios, al menos p a r a empezar, lo de la i n s p i r a c i ó n y r e v e l a c i ó n d i v i n a f a l l a . Pues n o podemos a d m i t i r , s e r í a i m p í o , n i que e l E s p í r i t u Santo se equivocaba ni que era un b r o m i s t a , y a u n o le insp i r ó u n a cosa, y al otro, otra. M á s vale, pues, no hacerle i n t e r v e n i r y suponer que el redactor de cada uno de estos Evangelios c o m e n z ó a p o y á n d o s e en M a r c o s , y que c o n objeto de m e j o r a r lo escrito p o r é s t e acudieron, a d e m á s de a M a r c i ó n , a otras leyendas. Y si a la d i v i n a ayuda, tan s ó l o p a r a que hiciese fecunda su i m a g i n a c i ó n . En lo que a las g e n e a l o g í a s indicadas afecta, tanto u n a c o m o o t r a acaban, como sabemos, no en J e s ú s , sino en J o s é . De m o d o que u n a de dos, y al lector dejamos escoger: o hacemos a J e s ú s descendiente de D a v i d , como los jerosolemitas cuando su entrada en J e r u s a l é n , lo que, p o r supuesto, no s e r í a m u y honroso p a r a E l , pues a creer al Antiguo Testamento, el rey hondero era un perfecto forajido, un asesino c u m p l i d o , un no menos c u m p l i d o a d ú l t e r o (bien que esto sea menos m a l o , e incluso si lo de fuera de casa mejor que lo de dentro, bastante bueno) y todo lo que se quiera, en f i n , de no recomendable; s i n contar que de aceptar la f i l i a c i ó n d a v í d i c a hay que renunciar a l i n t e r e s a n t í s i m o m i l a g r o de la c o n c e p c i ó n i n m a c u l a d a de su m a d r e p o r o b r a de la
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d i v i n a P a l o m a , o aceptar é s t a y entonces preguntarnos p a r a q u é se m o l e s t a r o n , tanto un evangelista c o m o otro, en fantasear y calentarse los sesos p a r a ofrecer la g e n e a l o g í a de J o s é , si al p u n t o i b a n a hacernos saber que nada t e n í a que ver carnalmente con J e s ú s . N i carnalmente n i d e n i n g u n a m a n e r a , pues J o s é es u n a de tantas figuras de relleno inventadas en torno a la de J e s ú s , c o n objeto de intentar d a r visos de v e r d a d y r e a l i d a d a su h i j o putativo, pero que n i n g ú n testimonio digno de c r é d i t o garantiza, pues de él s ó l o h a b l a n los Evangelios, que de todo tienen, lo sabemos de sobra, menos precisamente de h i s t ó r i c o s . En este m o n t ó n de leyendas y entre las dos paternidades, J o s é o E s p í r i t u Santo, yo p r e f e r i r í a é s t a a causa precisamente de no tener n a d a que ver con D a v i d . C l a r o que no p o r ello a c e p t a r í a ninguna de ambas g e n e a l o g í a s , inventadas, la p r i m e r a , la de M a t e o , p o r ver de halagar a los j u d í o s , en cuyo honor, p o r d e c i r l o a s í , fue escrito este Evangelio; l a segunda, p o r e l s i m p l e deseo d e l redactor que c o m p u s o l a n a r r a c i ó n a t r i b u i d a a L u c a s de r e u n i r en e l l a lo que le parec i ó m e j o r de lo m u c h o que hasta él se h a b í a fantaseado ya acerca del G a l i l e o . E s t o d i c h o , sigamos c o n M a t e o . E m p e z a n d o p o r e l p r i m e r escollo. P o r q u e tras l a c i t a d a g e n e a l o g í a , es decir, cuando se espera que M a t e o ( e m p l e a r é este n o m b r e , c u a l si realmente el Evangelio fuese de él, p a r a abreviar) acepte la v í a n a t u r a l , o sea, hacer a J o s é padre de J e s ú s , al punto, en I, 18, leemos: «La c o n c e p c i ó n de J e s ú s fue así», y cuenta c o n la m a y o r t r a n q u i l i d a d , s i n dar ya el m e n o r v a l o r a todo lo que acaba de decir, que « M a r í a , su madre, antes que conviviese con J o s é , se h a l l ó h a b e r concebido del E s p í r i t u S a n t o » , tras l o c u a l viene l o d e l a apar i c i ó n del á n g e l a J o s é en un e n s u e ñ o , con objeto de que no la repudiase, y todo lo d e m á s , que es bien conocido. E incluso, p a r a apuntalar la v e r d a d de su relato, que, s i n duda, sospecha ya d i f í c i l m e n t e c r e í b l e , saca a r e l u c i r una p r o f e c í a de I s a í a s en la que, c o m o ya hemos visto, un e r r o r de trad u c c i ó n hizo aparecer la p a l a b r a virgen donde, en el o r i g i n a l , d e c í a simplemente mujer joven, e r r o r que d i o origen al enorme i n f u n d i o que, no obstante su total y t r e m e n d a
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i m p o s i b i l i d a d , ha tenido tanto é x i t o entre ciertas ramas del C r i s t i a n i s m o . C i e r t o que la total i m p o s i b i l i d a d desaparece si se empieza, c o m o se hace con objeto de poder m e n t i r con toda t r a n q u i l i d a d , p o r suponer l a existencia d e u n D i o s todo poderoso. N a t u r a l m e n t e , creado c o n la i m a g i n a c i ó n un ser a s í y colocada en su m a n o la v a r i t a m á g i c a d e l todo poder, ya no hay inconveniente en a f i r m a r cuanto se quiera. En efecto, d í g a s e lo que se diga, p o r i m p o s i b l e que sea y opuesto a la m á s elemental r a z ó n , p a r a la fe, p r o v i n i e n d o d e u n D i o s a d m i t i d o c o m o todo poderoso, s e r á l a cosa m á s n a t u r a l d e l M u n d o . Sobre todo, si empieza p o r a d m i t i r l a y sostenerla un h o m b r e infalible en cuestiones de fe y relig i ó n . D o b l e m o s la hoja y sigamos. Sentado, pues, que p a r a la fe no hay o b s t á c u l o s y viniendo a este Evangelio, lo p r i m e r o que h a y que a d v e r t i r en él es el buen trecho de c a m i n o que ha avanzado desde M a r c o s l a leyenda d e J e s ú s . E s decir, exactamente c o m o a l punto veremos que o c u r r e entre M a t e o y L u c a s . Evangelio é s t e que supone, a su vez, verdaderos progresos, en cuanto a detalles, adiciones y f a n t a s í a s , respecto a a q u é l . A q u í , en M a teo, entre las cosas que figuran en él que no hemos encontrado e n M a r c o s , e s t á , nada m á s empezar, a d e m á s d e l a y a mencionada g e n e a l o g í a y de la c o n c e p c i ó n de M a r í a p o r o b r a d e l E s p í r i t u Santo, todo l o relativo a l n a c i m i e n t o d e J e s ú s , a saber: su venida al M u n d o en B e l é n ; lo de la llegada de los M a g o s de Oriente guiados p o r la estrellita; lo de la t u r b a c i ó n de Herodes; lo de la h u i d a a E g i p t o , inventado p a r a que se c u m p l i e r a o t r a p r o f e c í a ; lo de la matanza de los inocentes, y, en f i n , la vuelta de J o s é , M a r í a y el N i ñ o y su i n s t a l a c i ó n en Nazaret. Y tras todo esto, que, como se sabe, falta en M a r c o s , y que el nuevo redactor considera conveniente recoger p a r a empezar m e j o r s u novela, pasa, s i n h a b l a r m á s d e l a infanc i a de J e s ú s ni de su juventud, a lo relativo a J u a n el B a u tista, a p r o p ó s i t o del cual da m á s detalles (el proceso de c o n s t i t u c i ó n de esta leyenda es lento, pero seguro), a s í c o m o sobre l a estancia d e J e s ú s e n e l desierto. E n M a r c o s , este disparatado episodio es referido b r e v í s i m a m e n t e , mientras
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que a q u í vemos a J e s ú s conversar c o n S a t a n á s c o m o Con u n c o m p i n c h e b i e n conocido. U n S a t a n á s , p o r cierto, tonto de s o l e m n i d a d (este y otros relatos dejan a d i v i n a r la calid a d de la inteligencia de aquellos p a r a los que se compon í a n ) , que c o n toda seriedad trata de convencer, p a r a que se pierda, n a d a menos que al H i j o de D i o s . P a r a pretender t a l cosa hace falta que sea tan inocente c o m o el que inventa el episodio y c o m o los que, e s c u c h á n d o l e o l e y é n d o l e , lo creen. Aquellos p r i m i t i v o s cristianos, sin duda d e l a m á s h u m i l d e c a l i d a d espiritual, d e b í a n de babear de gusto imag i n á n d o s e a S a t a n á s huyendo desesperado, tras haber temido un instante que convenciese y e n g a ñ a s e a J e s ú s . H a b l o de cristianos primitivos, pero ¿ e s que a muchos derivados del siglo xx no les ocurre a ú n lo m i s m o ? Precisamente en el d í a que escribo esto, domingo 11 de j u n i o de 1967, he escuchado unos instantes, durante la sobremesa, a un c u r a que p o r la t e l e v i s i ó n , hablando del episodio b í b l i c o relativo al a r c a de N o é , d e c í a que era preciso considerar este relato en sentido « s i m b ó l i c o » , pues ni que decir tiene que no hub i e r a sido p o s i b l e que en d i c h a arca, cuyo t a m a ñ o sabemos por el Gran Libro, cupiese u n a pareja de cada uno de los animales. Algo es algo. A m í , por ser un poco m á s sincero y decir, en el t o m o tercero de esta Historia de las religiones, que el Antiguo Testameno es u n a m o n t a ñ a de mentiras, de f á b u l a s , de leyendas y de c r í m e n e s , me i m p i d i e r o n poner a la venta este v o l u m e n . Y ahora m i s m o estoy esperando que me l l a m e n de la A u d i e n c i a de A v i l a p a r a responder del c r i m e n , pues « c r i m i n a l m e n t e » he sido procesado p o r haber escarnecido a la R e l i g i ó n C a t ó l i c a c o n m o t i v o de mi t r a d u c c i ó n , prologada y anotada, del Diccionario filosófico de V o l t a i r e . Pero vuelvo c o n M a t e o . D e c í a que, sin duda, c o m o ocurre en casos semejantes, la avidez de los creyentes e x i g í a cada vez m á s episodios pintorescos, c o m o lo demuest r a la i n f i n i d a d de Evangelios a p ó c r i f o s , sin que les importase gran cosa la p o s i b i l i d a d o i m p o s i b i l i d a d de tales episodios. Pues el fuego de la fe necesitaba no agua, pues no q u e r í a apagarse, sino yesca p a r a arder m á s . D e l desierto, en Mateo, J e s ú s va a G a l i l e a , «a m o r a r en
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C a f a r a a u m » . M a t e o a ñ a d e : « C i u d a d situada a orillas del mar, en los t é r m i n o s de Z a b u l ó n y N e f t a l í , para que se cumpliese lo que fue anunciado en el profeta Isaías» ( V I I I , 23). Y tras c i t a r la p r o f e c í a , pues repito que este Evangelio fue compuesto pensando en los j u d í o s , a causa de lo c u a l a cada paso es citado el Antiguo Testamento, J e s ú s recluta, c o m o en M a r c o s , a sus c u a t r o p r i m e r o s d i s c í p u l o s . Y tras ello empieza a predicar. P e r o en vez de hacerlo en la sinagoga de C a f a r n a u m , c o m o asegura Marcos, lo hace p o r toda Galilea, « e n s e ñ a n d o en las sinagogas, predicando el E v a n g e l i o del R e i n o y curando en el pueblo toda enfermedad y toda dolencia. E x t e n d i e n d o su fama p o r S i r i a entera, y le t r a í a n a todos los que p a d e c í a n a l g ú n m a l : a los atacados de diferentes enfermedades y dolores, y a los endemoniados, l u n á ticos y p a r a l í t i c o s , y los curaba. Grandes muchedumbres le s e g u í a n de G a l i l e a y de D a c á p o l i s , y de J e r u s a l é n y de Judea, y del otro lado del J o r d á n » . M e d i a n t e esta a m p l i a afirm a c i ó n d e l o m n í m o d o poder curativo de J e s ú s , Mateo trata, sin duda, de evitar tener que detenerse a referir curaciones particulares, c o m o Marcos, prefiriendo insistir, pues, sin duda, se le ha ordenado que lo haga, sobre algo que é s t e , c o m o hemos visto, ha descuidado: lo relativo a la d o c t r i n a del M a e s t r o . En efecto, Marcos, como hemos visto, se ocupa m u y poco de poner en boca de J e s ú s palabras de corte moral. Apenas, c o m o s e ñ a l é oportunamente, e n e l c a p í t u l o I V , tras l a p a r á b o l a del sembrador y antes de la d e l grano de mostaza (recogida p o r Lucas en X I I I , 19), dice, de 21 a 25, y luego en I X , 43, 45 y 57, algo que es repetido, aunque de distinto modo, a q u í , en Mateo. Y que bien que lo m e j o r s e r í a olvidarlo, vuelve a n o m b r a r é s t e en X V I I I , 8, 9, no obstante sonar tan m a l en b o c a de un « C o r d e r o d i v i n o » , todo dulzura y amor, c o m o nos han acostumbrado a imaginarle. H i j o , a d e m á s , d e u n Padre que a E l m i s m o l e o í m o s a f i r m a r constantemente que es m i s e r i c o r d i o s o , i n c l i n a d o al p e r d ó n , y a s i m i s m o todo a m o r y d u l z u r a . Me refiero a lo de: «Si tu m a n o te escandaliza, c ó r t a l a ; si tu pie te escandaliza, c ó r t a t e l o ; si tu ojo te escandaliza, a r r á n c a t e l o » , asegurando
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que m á s vale ser manco, cojo y tuerto en el R e i n o de D i o s , que, de otro modo, « s e r arrojado a la gehenna, donde ni el gusano muere ni el fuego se a p a g a » . Gehenna i m p l a c a b l e , que t a m b i é n se encuentra en Marcos ( I X , 43, 45, 47, 49). En todo caso, el que q u i e r a i n c l u i r consejos tan brutales, al menos de e x p r e s i ó n , y un Infierno tan e s t ú p i d o y c r u e l en u n a r e l i g i ó n que, p o r o t r a parte, tanto se esfuerzan sus defensores p o r ofrecer c o m o d o c t r i n a de p e r d ó n y de a m o r , que lo haga, Y si ello le satisface, a l l á con su conciencia. D e c i r , a f i r m a r e i n c l u s o sostener, todo se puede decir, afirm a r y sostener. A h o r a , lo que parece m á s difícil es p r o b a r que tales cosas puedan tener ni remotamente algo que v e r c o n lo moral. Puesto que m o r a l tan sólo es aquello que sirve p a r a hacernos mejores en la T i e r r a , no lisiados por a m o r a un Cielo que lo p r i m e r o que h a b r í a que hacer s e r í a demostrar su existencia. Mejores y ú t i l e s a los d e m á s . No p a r a ganar e g o í s t a m e n t e un Cielo h i p o t é t i c o a fuerza de mutilaciones. En todo caso, s i n duda, lo p s e u d o m o r a l de Marcos parec í a tan poco, que el redactor de Mateo c r e y ó conveniente dedicar tres c a p í t u l o s , e l V , e l V I y e l V I I , a poner e n b o c a de J e s ú s palabras de las que p u d i e r a n ser sacadas normas, unas de tipo s e m i m o r a l , si nos e m p e ñ a m o s en ello ( V , 3944), y otras de c a r á c t e r puramente religioso, c o m o cuando en V I , 9 a 15, e n s e ñ a el Padrenuestro (383). M a s empecemos p o r el p r i n c i p i o , es decir, p o r las siempre tan celebradas BIENAVENTURANZAS. L e y é n d o l a s serenamente, no se comprende c ó m o se las ha podido a d m i r a r tanto. Es decir, sí se comprende poniendo esta a d m i r a c i ó n j u n t o a esa o t r a producto de la falta total de j u i c i o p r o p i o y de sentido c r í t i c o , que lleva a alab a r lo que se oye alabado, o lo c o n t r a r i o , a rechazar aquello que se ve rechazado, s i n tomarse, los que tal hacen, el trabajo de e x a m i n a r por ellos m i s m o s lo que es objeto de su a p r o b a c i ó n o repulsa. E s t a s « b i e n a v e n t u r a n z a s » empiezan p o r ser u n a serie de falsedades. Y si se encuentra la p a l a b r a demasiado fuerte, p ó n g a s e ilusiones. Pues cuanto parecen proponerse es: s e m b r a r esto, ilusiones, entre los desdicha-
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dos, que, s e g ú n parece, v a n encaminadas a consolar. Que los « m a n s o s » , por ejemplo, p o s e e r á n l a T i e r r a , cuando l a h i s t o r i a demostraba y sigue demostrando que sus d u e ñ o s eran los violentos, e r a tan v e r d a d c o m o que los que l l o r a n t e n d r í a n , p o r lo general, otro consuelo que el que ellos mismos se aplicasen pensando, con c r i t e r i o de ovejas, que sus males a ú n h u b i e r a n p o d i d o ser mayores. Que los que tienen h a m b r e y sed de j u s t i c i a s e r í a n hartos, y que los m i s e r i cordiosos a l c a n z a r í a n m i s e r i c o r d i a , no pasaban de promesas no m á s verdaderas que lo que se lee a c o n t i n u a c i ó n , a saber, que los l i m p i o s de c o r a z ó n v e r í a n a D i o s . T o t a l , que estas famosas bienaventuranzas p o d í a n haber acabado con o t r a que dijese: Bienaventurados los tontos, porque p a r a ellos es todo lo anterior. M á s la esperanza de ser llamados hijos de Dos, si ello les consolaba. Y de que p a r a ellos serla el R e i n o de los Cielos, si c r e í a n en t a l Reino, y en que se lo i b a n a dar c o m o p r e m i o a su m o d e s t i a espir i t u a l . En efecto, p a r a los que c o n esperanzas bobas se contentasen, p a r a ellos sí, estas bienaventuranzas t e n í a n a l g ú n v a l o r : el v a l o r de promesas alentadoras, b i e n que s ó l o posibles, a h o r a sí que hay que decirlo, p a r a los « p o b r e s de espíritu». Porque, en definitiva, esta consecuencia alentadora v e n í a a querer decir que cuanto m á s h u m i l l a d o se fuese, m á s despreciado y m á s perseguido, m a y o r s e r í a luego en el C i e l o la recompensa. Pero, claro, sin d e m o s t r a r previamente que este C i e l o era algo m á s que u n a rosada f a n t a s í a , t a n s ó l o era alentadora p a r a los que p a r a creer s ó l o necesitaban o í r a f i r m a r . S i n contar que lo que descorazona un poco es que estos bienaventurados, «sal de la T i e r r a » y «luz del M u n d o » , c o m o los l l a m a J e s ú s (Mateo, V, 13, 14), sean sal, l u z y vent u r a tan sólo p a r a que de e l l o se beneficie el que se lo concede. Es decir, que no son sino instrumentos ciegos hechos sal, luz y bienaventurados p o r un C r e a d o r vanidoso e insaciable de g l o r i a , c o n objeto de que se la aumenten. Un C r e a d o r hecho p o r los gusanos terrestres, a i m a g e n y semejanza suya. E l p r o p i o J e s ú s asegura l o a n t e r i o r inmediatamente (Mateo, V, 16): «Así ha de l u c i r vuestra luz ante los
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hombres, p a r a que viendo vuestras buenas obras glorifiquen a vuestro Padre, que e s t á en los Cielos.» Y que los p r o p ó s i tos, tanto d e l Padre como d e l H i j o , parecen c o n s i s t i r en que cuanto bueno o m a l o les o c u r r a a los hombres no tenga o t r o objeto que aumentar su g l o r i a , se ve en m u c h a s ocasiones en los Evangelios. En Juan, I X , 1-3, se lee: « P a s a n d o , v i o a un h o m b r e ciego de nacimiento, y sus d i s c í p u l o s le preguntaron diciendo: Rabbí, ¿ q u i é n p e c ó , é s t e o sus padres, para que naciese ciego? C o n t e s t ó J e s ú s : N i p e c ó é s t e ni sus padres, sino p a r a que se manifestasen en él las obras de Dios.» Y le devolvió la vista. La pregunta de los Apóstoles corresponde a que era creencia antigua, p r o p i a en casi todas las religiones orientales, de que los males en la v i d a eran muchas veces consecuencia de faltas cometidas, o r a p o r los padres, ora p o r los m i s m o s que los p a d e c í a n , en vidas anteriores. Lo p r i m e r o r e s p o n d í a , evidentemente, a una idea m a l interpretada de la herencia. Pero volviendo a lo que sostengo ahora, aquel h o m b r e al que c u r a el J e s ú s de Juan, h a b í a nacido ciego tan s ó l o para que el S a l v a d o r le devolviese la vista, y los testigos del m i l a g r o le a d m i r a s e n tanto a El c o m o a su Padre. En el m i s m o Evangelio, c a p í tulo X I , algo semejante a p r o p ó s i t o d e L á z a r o : « L á z a r o estaba e n f e r m o » y sus hermanas e n v í a n a alguien p a r a que dijese a J e s ú s : « S e ñ o r , el que amas e s t á enfermo. Oyendo esto J e s ú s , dijo: E s t a enfermedad no es de muerte, sino para gloria de Dios, p a r a que el Hijo de Dios sea glorificado por ella.» A q u í , pues, la cosa es doblemente c l a r a . P o r q u e lo p r i m e r o que h a y que tener en cuenta es que siendo D i o s todo poderoso, nada ocurre en la T i e r r a en contra de su v o l u n t a d . Mateo lo dice b i e n claro eh X, 29: «Ni un p á j a r o cae en t i e r r a s i n la v o l u n t a d de vuestro P a d r e . » Y p a r a que no haya dudas, a ñ a d e a c o n t i n u a c i ó n : « E n cuanto a vosotros, aun los cabellos todos de vuestra cabeza e s t á n c o n t a d o s . » E s t e poder o m n í m o d o del P a d r e llega, c o m o e s n a t u r a l , a todo, y ni que decir tiene que con especial eficac i a cuanto m á s i m p o r t a n t e es aquello a que se a p l i c a . Así, cuando a l o í r decir a J e s ú s que m á s f á c i l m e n t e e n t r a r í a « u n c a m e l l o p o r el ojo de u n a aguja que un rico en el R e i n o
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de los Cielos», los d i s c í p u l o s , estupefactos, le preguntan: «¿Quién, pues, p o d r á s a l v a r s e ? » J e s ú s , m i r á n d o l e s , replica: « P a r a los hombres, i m p o s i b l e , mas p a r a D i o s todo es posible.» N a d a , pues, s i n contar con D i o s . N i , p o r supuesto, salvarse. L a t e o r í a d e l a « g r a c i a » n a c í a . C a d a vez m á s aterrados, los d i s c í p u l o s vuelven a interrogarle: « E n t o n c e s nosotros, que lo hemos dejado todo y te hemos seguido, ¿ q u é t e n d r e m o s ? » J e s ú s comprende, o y é n d o l e s , que h a i d o u n poco lejos, y r e p l i c a : « E n v e r d a d os digo que vosotros, que me h a b é i s seguido, en la r e g e n e r a c i ó n , cuando el H i j o del h o m b r e se siente en el trono de su g l o r i a , os s e n t a r é i s tamb i é n vosotros sobre doce tronos p a r a j u z g a r a las doce t r i b u s de Israel. (Poco antes les ha dicho ' n o j u z g u é i s y no s e r é i s juzgados', pero pasemos porque de detenernos en todas las contradicciones de los Evangelios s e r í a cosa de nunca acabar.) Y todo el que dejase hermanos o hermanas, o padre o madre, o hijos o campos, p o r a m o r de mi nombre, r e c i b i r á el c é n t u p l o y h e r e d a r á la v i d a e t e r n a . » Es decir, siempre que halague y acaricie su v a n i d a d , c o n d i c i ó n precis a p a r a salvarse. E n X , 33, l o h a d i c h o y a otra vez. P a r a conseguir s u p r o t e c c i ó n hay que dejarlo todo p o r E l . E s decir, peor a ú n que c o n cualquier jefe de banda de la Tier r a : « T o d o el que me negare delante de los hombres, yo le n e g a r é t a m b i é n delante de mi Padre, que e s t á en los Cielos.» De m o d o que e s t á bien c l a r o : Si no redunda en honra, provecho y g l o r i a , tanto del P a d r e como del H i j o , nada prospera. Consecuencia lógica, puesto que sin la v o l u n t a d del P a d r e nada acaece, es que todo cuanto p e r m i t a no vaya en contra suya, sino al c o n t r a r i o : « N a d i e puede venir si ello n o l e e s concedido p o r m i P a d r e . » E l m i s m o , ¿ n o muere porque tal es la v o l u n t a d de su Padre, y porque su Padre le abandona, como le o í m o s lamentarse en Mateo, X X V I I , 46? Y dada esta esclavitud total a la v o l u n t a d del Padre, ¿ p u e d e haber m é r i t o e n las virtudes n i merecer castigo los vicios y pecados, puesto que n a d a ocurre s i n que El lo disponga, p e r m i t a y ordene? Pero volvamos a L á z a r o . L á z a r o , cuyo caso es uno de los m á s t í p i c o s y curiosos d e l Evangelio a t r i b u i d o a Juan, ha empezado p o r ponerse en-
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fermo, c o m o acabamos de ver, « p a r a g l o r i a de Dios». Es decir, p a r a que curado p o r J e s ú s , esta c u r a c i ó n redunde e n g l o r i a de ambos, del P a d r e y del H i j o . P o r si hubiese a ú n alguna duda sobre esto, oigamos a J e s ú s decir en X I , 14: « L á z a r o ha muerto, y me alegro p o r vosotros de no haber estado allí p a r a que c r e á i s . » Es decir, que le anuncian que su amigo e s t á enfermo, y en vez de ir a sanarle, le deja m o r i r . M a s ¿ p a r a q u é l e deja m o r i r ? B i e n c l a r o e s t á : p a r a que r e s u c i t á n d o l e cuatro o cinco d í a s d e s p u é s , cuando entrado ya en d e s c o m p o s i c i ó n , p a r a que no hubiese duda alguna sobre su muerte, apestaba, c o m o dice el relato: « Y a hiede, pues l l e v a cuatro d í a s » ; r e s u c i t á n d o l e en estas condiciones, su g l o r i a sea m á s grande y ya no haya m e d i o de n o creer e n E l . C o m o e l p r o p i o J e s ú s dice: « P a r a que c r e á i s . » Y, en efecto, le resucita. Y hasta vendado y todo c o m o estaba, cuando J e s ú s se lo ordena, echa a a n d a r y sale d e l sepulcro e i n c l u s o , sin duda, perfumado. Pero no con perfume de c a d á v e r , sino de salud. De h o m b r e ya perfectamente sano. De m o d o que P a d r e e H i j o , que lo pueden todo, pues que nada ocurre s i n su consentimiento, tras enfermarle, le dejan m o r i r , todo simplemente p a r a manifestar mediante él su poder y su g l o r i a . E s t o sentado sigamos s i n desanimarnos y s i n que se nos o c u r r a pensar, juzgando p o r el hecho anterior, que los dioses son enteramente distintos a nosotros, pues de o c u r r i r t a l cosa, ¿ c ó m o comprender que p o r nosotros p u d i e r a n interesarse? M i e n t r a s que s i , c o m o se deduce de los Evangelios y de cuanto sabemos sobre todas las religiones, sienten y piensan c o m o nosotros, s ó l o que en m á s grande, se comprende perfectamente, p o r u n a parte, que tengan p i e d a d de nosotros al vernos d é b i l e s e inermes ante las fuerzas del U n i v e r s o p o r ellos creado; p o r otra, que gusten, como sabemos que gustaban a Zeus, H e r a y d e m á s dioses de las m i t o l o g í a s antiguas, el h u m o de los sacrificios celebrados en su honor, y que los hombres les a d m i r a s e n y reverenciasen. T o t a l , c o m o d e c í a , que tras a n i m a r a los desheredados de la fortuna a s e g u r á n d o l e s que eran «la s a l de la T i e r r a » y «la l u z del M u n d o » , el redactor del Evangelio a t r i b u i d o a M a -
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teo abre de p a r en p a r las puertas de la d o c t r i n a , que asegura de J e s ú s , d e d i c á n d o s e l a m u y especialmente a los j u d í o s , con la i n t e n c i ó n de engatusarles y que viniesen a ella. E m p e z a n d o p o r a f i r m a r , c o m o cebo n o p o d í a ser mejor, que el Salvador h a b í a dicho: « N o p e n s é i s que he venido a abrogar la L e y o los Profetas; no he venido a abrogarla, sino a c o n s o l i d a r l a . » Es decir, exactamente lo c o n t r a r i o que h a b í a dicho M a r c i d n , a quien, c o m o sabemos, todo cuanto o l í a a j u d í o le apestaba, y cuyo Evangelio v e n í a precisamente el a t r i b u i d o a M a t e o a c o m b a t i r . Inmediatamente se m u e s t r a de acuerdo con los antiguos preceptos (mandamientos), tras asegurar a los que le escuc h a n que si « s u j u s t i c i a no supera a la de los escribas y fariseos», no e n t r a r á n «en el Reino de los Cielos». A f i r m a c i ó n é s t a ú t i l , destinada no sólo a q u i t a r toda a u t o r i d a d religiosa a l o s que entonces la e j e r c í a n en Israel, sino a p r e p a r a r el c a m i n o c o n objeto de j u s t i f i c a r que el o d i o de é s t o s , que m u y particularmente al final, en J e r u s a l é n , se ven atacados, desautorizados y hasta insultados p o r J e s ú s ( « ¡ R a z a de v í b o r a s ! » , « S e p u l c r o s b l a n q u e a d o s » y otras lindezas), dé motivo a que le crucifiquen. E n cuanto a los « m a n d a m i e n t o s » , d e c l a r á n d o s e J e s ú s part i d a r i o de ellos, que va glosando: no m a t a r á s , no adulterar á s , no p e r j u r a r á s ; o p o n i é n d o s e a la pena del t a l i ó n , m u y p o r e l contrario, ordenando: « N o r e s i s t i r á s a l m a l ; y s i alguien t e abofetea e n l a m e j i l l a derecha, dale t a m b i é n l a o t r a ; y al que q u i e r a l i t i g a r contigo p a r a quitarte la t ú n i c a , d é j a l e t a m b i é n la m a n o . » Y declarando que era preciso a m a r no s ó l o a los amigos, pues en ello no h a b í a m é r i t o , sino a los enemigos. En u n a palabra, aconsejando: « S e d perfectos, c o m o perfecto es vuestro Padre c e l e s t i a l » , daba un p r i n c i p i o de d o c t r i n a , cosa que, como hemos visto, no hab í a hecho M a r c o s . E incluso i n i c i a n d o un p r i n c i p i o de v i d a m o r a l , y hasta de culto, al recomendar r e c t i t u d de intenc i ó n , q u e fuesen perdonadas las ofensas, aconsejando la conveniencia de ser caritativos, las ventajas de abandonarse en manos de D i o s , que s a b í a m e j o r que nosotros lo que nec e s i t á b a m o s , y diciendo c ó m o h a b í a que p r a c t i c a r la limos-
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na, el m o d o de o r a r y el ayuno. En f i n , insistiendo en que h a b í a que preocuparse m á s de los tesoros d e l C i e l o que de los de la T i e r r a , pues no se p o d í a servir a un tiempo a Dios y a las riquiezas. A c a b a n d o p o r decir en q u é c o n s i s t í a la verdadera s a b i d u r í a . C o n todo ello, este evangelista, m u c h o m e j o r escritor, a d e m á s , que el que r e d a c t ó el Evangelio atribuido a M a r cos (es casi seguro que é s t e , l l a m a d o de Mateo, fue o b r a de varias manos, y t a l c u a l ha llegado a nosotros, resultado de varios retoques destinados a dejarle lo m á s p u l i d o y cuidado posible), enmendaba el olvido de é s t e . O l v i d o grave, pues nada tan i m p o r t a n t e c o m o la doctrina, verdadero c i m i e n t o d e l edificio que a su costa se p r e t e n d í a levantar, y del c u a l los m i l a g r o s no eran, en resumidas cuentas, sino fuegos de artificio, oriflamas que se l l e v a r l a el viento de la r a z ó n en cuanto empezase a soplar. M a t e o t e r m i n a esta p r i m e r a v e r s i ó n del S e r m ó n d e l a M o n t a ñ a (el c a p í t u l o V empieza: « V i e n d o a la muchedumbre s u b i ó a un m o n t e . . . » ) con estas palabras: « C u a n d o acabó J e s ú s estos discursos, se m a r a v i l l a b a n las m u c h e d u m b r e s de su doctrina, porque les e n s e ñ a b a como quien tiene poder y no como sus d o c t o r e s » (en Marcos, lo m i s m o en I, 22). Que J e s ú s , aunque hubiese existido y predicado, j a m á s hubiera dicho lo anterior, al menos t a l c u a l se lee, sino que fue o b r a de muchas manos, que sucesivamente a ñ a d i r í a n y q u i t a r í a n , p u l i r í a n y t r a b a j a r í a n , hasta dejarlo c o m o e s t á , es evidente. Pretender otra cosa es querer e n g a ñ a r a sabiendas, porque, c o m o ya he dicho, ¿ q u i é n h u b i e r a tenido u n a m e m o r i a tan p r o d i g i o s a c o m o p a r a retener, caso de haberlos o í d o u n a sola vez, í n t e g r o s e i n c l u s o en el m i s m o orden, estos tres c a p í t u l o s de Mateo? Que tuvo r a z ó n D i b e l i u s , a d e m á s , diciendo que nada de cuanto c o m o d o c t r i n a se atribuye a J e s ú s tiene novedad, y que de todo se p o d r í a n c i t a r las fuentes, i n d u d a b l e es t a m b i é n . De todas maneras, lo que encierran estos c a p í t u l o s V, VI y V I I de M a t e o es lo m e j o r de los s i n ó p t i c o s sobre estas cuestiones. Y tras lo ú t i l , lo milagroso. L o s milagros. Estos son poco m á s o menos los m i s m o s que refiere M a r c o s , bien que ex-
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puestos con palabras diferentes. Y hasta a veces en momentos distintos. E s t o hace que haya entre ellos algunas variantes. A s i m i s m o , c o m o en M a r c o s , M a t e o hace a J e s ú s conceder poder a los doce, luego de n o m b r a r l o s , p a r a hacer milagros. A h o r a bien, a q u í ( X , 542) les da instrucciones que no se leen en M a r c o s . El cuadro de lo que conviene atrib u i r a J e s ú s se va completando. El trabajo de mejoramiento de un Evangelio a otro es evidente. La revelación va siendo cada vez m á s p r ó d i g a . Así, p o r ejemplo, entre estas instrucciones se lee: « E n verdad os digo que no a c a b a r é i s las ciudades de Israel (de e n s e ñ a r en ellas y asombrarlas a fuerza de milagros) antes que venga el H i j o del h o m b r e » , y « N o p e n s é i s que he venido a poner paz en la T i e r r a ; no vine a poner paz, sino e s p a d a » . Lo p r i m e r o , c l a r o , j a m á s se r e a l i z ó . Lo segundo, evidencia que este Evangelio fue, como d e c í a , o b r a de varias manos, y que el que e s c r i b i ó lo de la espada no tuvo en cuenta lo que h a b í a dicho otro: « N o r e s i s t á i s al m a l , y si alguien te abofetea, etc.» V i e n e al punto un elogio a J u a n el B a u t i s t a , que Mateo dice en la c á r c e l a ú n . Así c o m o que el p r i s i o n e r o e n v í a a J e s ú s a dos de sus d i s c í p u l o s p a r a saber si en verdad es El el enviado. I n t e r p o l a c i ó n evidente y torpe, puesto que ha empezado p o r reconocer su s u p e r i o r i d a d al bautizado. Y luego, en X I , 16-30, unas cuantas cosas s i n i m p o r t a n c i a alguna, que no e s t á n tampoco en M a r c o s . H u b i e r a n podido, s i n perjuicio p a r a e l todo, n o haber sido a ñ a d i d a s . S i p a r a algo sirven, es p a r a p r o b a r u n a vez m á s que M a t e o se s i r v i ó de M a r c o s , pero tratando de m e j o r a r lo que é s t e h a b í a hecho. C o m o , a su vez, el que e s c r i b i ó p a r a p e t á n d o s e tras el n o m b r e d e Lucas, p r o c u r ó m e j o r a r l o hecho p o r Mateo, a ñ a d i e n d o detalles a lo referido p o r é s t e . E l c a p í t u l o siguiente, e l X I I , e s t á hecho, bien que e n forma nada semejante a M a r c o s , con ideas que, al menos las fundamentales, se encuentran en é s t e . C l a r o que c o n recuerdos frecuentes al Antiguo Testamento, y perdiendo a veces J e s ú s la paciencia, c o m o en el v e r s í c u l o 34. Es decir, m o s t r á n d o s e n o cordero, sino tigre. L a ú l t i m a parte, relativa a la f a m i l i a de J e s ú s , v e r s í c u l o s 46 a 50, es i d é n t i c a .
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V e m o s , pues, a é s t e , cogido de l o c u r a m e s i á n i c a , negarse a reconocer a su m a d r e y a sus hermanos. Luego vienen p a r á b o l a s tales c o m o la del sembrador, la de la c i z a ñ a y la del grano de mostaza, que ya e s t á n en M a r c o s , pero no referidas exactamente del m i s m o m o d o . Y otras que faltan en é s t e , c o m o la del fermento, la del tesoro y la de la perla. T a m p o c o e s t á la de la red. Seguidamente tiene lugar la i d a de J e s ú s a Nazaret, « s u t i e r r a » , donde no puede hacer m i l a g r o s a causa de que, c o n o c i é n dole de siempre, no tienen fe en E l . Sobre esta circunstanc i a e s p e c i a l í s i m a de que imposibles las curaciones milagrosas s i n fe, me o c u p a r é m á s tarde. Ál « n o hay profeta s i n h o n r a sino en su t i e r r a y en su c a s a » , p u d i e r a haber a ñ a dido el redactor: « P o r q u e allí se le conoce.» M a t e o s u p r i m e a q u í l a ú l t i m a parte d e M a r c o s , a ñ a d i d o n o solamente i n ú t i l , sino p e r j u d i c i a l , de a l g ú n copista. Me refiero a lo de tras haber dicho que n o p o d í a hacer m i l a g r o s , a ñ a d i r : « F u e r a de que a algunos enfermos les i m p u s o las manos y les c u r ó . » Al punto vuelve a ocuparse de J u a n , relatando lo de Herodes. Pero ahora, copiando a M a r c o s , b i e n que abreviando la n a r r a c i ó n de é s t e . D i r í a s e que el redactor de este Evangelio, o el ú l t i m o de ellos, se dio cuenta de que lo llegado hasta él es u n a f a n t a s í a que quisiera no copiar, pero que encontrando, finalmente, que es un buen tema p a r a luego, en las reuniones de los cristianos, h a b l a r sobre ello, lo deja. T a m b i é n lo que sigue es c o m ú n hasta el c a p í t u l o X V I I I de Mateo, y I X , 38, de Marcos. Pero falta en Mateo la c u r a c i ó n del ciego, de Marcos ( V I I I , 22-26), y lo que se lee en I X , 33 a 50. En c a m b i o , falta en Marcos todo el c a p í t u l o X V I I I de Mateo. Lo que hay en el c a p í t u l o X I X de é s t e , de 10 a 12, falta e n Marcos. Y e l p r i n c i p i o del c a p í t u l o X X . L a p e t i c i ó n de los hijos del Zebedeo, en Marcos ( X , 35-45), es hecha de modo diferente en Mateo. A q u í es la madre, no ellos, la que se dirige a J e s ú s . En seguida, en Marcos, J e s ú s c u r a a un ciego, a B a r t i m e o . En Mateo son dos, a los cuales no n o m b r a . C o m o se ve, pues, hasta en las partes comunes las diferencias son sorprendentes. H a y variantes t a m b i é n e n l a e x p u l s i ó n de los mercaderes del T e m p l o y en la m a l d i c i ó n
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de la higuera, bien que el fondo sea c o m ú n . U n a vez m á s , se observa que la nueva r e d a c c i ó n , es decir, el nuevo redactor, aun lo que t o m a de M a r c o s no lo quiere copiar simplemente, sino a m a ñ a r l o y m e j o r a r l o a su m o d o . E incluso s u p r i m i r lo que le parece i n ú t i l . A ñ a d i e n d o , en cambio, aquello que juzga que puede ser conveniente. H a c e bien. C o m o hacen m a l los que tomando a los lectores p o r demasiado tontos h a b l a n a p r o p ó s i t o de cosas en r e a l i d a d tan distintas, pues las manzanas, manzanas son todas, pero no iguales de t a m a ñ o , f o r m a , c o l o r y gusto, ni nacidas en el m i s m o á r b o l ; h a b l a n d o — d e c í a — d e revelación, cuando el trabajo p o r m e j o r a r y completar lo anterior es evidente de un Evangelio a otro. Así c o m o la audacia de a f i r m a r « q u e no hay medio de s u p r i m i r ni u n a sola palabra, p o r ser todas divinas e i n s p i r a d a s » , c o m o pretenden los ortodoxos m á s f a n á t i c o s , cuando, p o r ejemplo, los dos hijos de la p a r á b o la de Mateo ( X X I , 28-32) faltan en Marcos. Así c o m o la par á b o l a de los invitados a l a b o d a ( X X I I , 1-14) y tantas otras cosas que figuran en uno, no e s t á n en otro. O en ambos de m o d o distinto. T o d o el c a p í t u l o X X I I I de Mateo falta en Marcos. C o m o falta el ó b o l o de la v i u d a , de é s t e ( X I I , 4144), e n Mateo. E l c a p í t u l o X X V d e Mateo tampoco e s t á e n Marcos, etc. Lo que sigue, relativo a la P a s i ó n , es c o m ú n , pero c o n muchas variaciones de detalle. P o r ejemplo, lo que dice Mateo en X X V I I , 51-56, falta en Marcos. Y ló m i s m o de 62 a 66. En f i n , el ú l t i m o c a p í t u l o de ambos Evangelios, relativo a las apariciones de J e s ú s tras su supuesta resurrecc i ó n , es distinto en ambos. Luego, ¿ n o es pretender que los creyentes son tontos al hablar de r e v e l a c i ó n , i n s p i r a c i ó n , i m p o s i b i l i d a d de s u p r i m i r algo y d e m á s e n g a ñ o s evidentes? ¡Y de revelación a ú n se ha hablado incluso en el ú l t i m o Concilio! En u n a palabra, se ve que M a t e o ha trabajado sobre M a r cos, es decir, t e n i é n d o l e a la vista. Pero que, aun en lo que ha tomado de él, lo ha transcrito c o m o mejor le ha parecido. A ñ a d i e n d o , a d e m á s , todo cuanto someramente h e i n d i cado. Pero a ú n , c o m o vamos a ver, encontraremos m á s variaciones en el pseudo L u c a s , que, por supuesto, p a r a curarse
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en salud, c o m o suele decirse, empieza p o r advertir a Teóf i l o , personaje desconocido, probablemente i m a g i n a r i o , a quien se dirige, p r i m e r o , que muchos h a b í a n intentado ( n ó tese la p a l a b r a « i n t e n t a r » , es decir, que, s e g ú n él, no h a b í a pasado, lo que h a b í a n hecho, de un simple « p r o p ó s i t o » ) e s c r i b i r l a h i s t o r i a d e J e s ú s ( « l o sucedido entre n o s o t r o s » , como dice textualmente); segundo, que aunque lo h i c i e r o n s i r v i é n d o s e de lo que s a b í a n « p o r los que desde un p r i n c i p i o fueron testigos oculares y m i n i s t r o s de la p a l a b r a » , a él le ha parecido oportuno, « t r a s informarse exactamente de todo desde los o r í g e n e s » , e s c r i b i r l o ordenadamente p a r a que su amigo «conozca» la firmeza de la doctrina « q u e ha recib i d o » . V a m o s a ver esta firmeza y esta doctrina. Y este informarse exactamente. En todo caso, se puede a n t i c i p a r que el E s p í r i t u Santo parece ser que s e n t í a hacia L u c a s u n a especial preferencia. O u n a s i m p a t í a s u p e r i o r a la que experimentaba h a c i a M a r c o s y Mateo, a juzgar p o r el n ú m e r o e i m p o r t a n c i a de las revelaciones que le hizo, revelaciones que n e g ó a los otros.
EVANGELIO DE LUCAS L u c a s dice, c o m o acabo de i n d i c a r , que escribe tras informarse « e x a c t a m e n t e d e t o d o » . Y , e n efecto, tanto e m p e ñ o d e b i ó poner en lo que h a c í a , que lo p r i m e r o que le p a r e c i ó necesario (sin por ello dejar de seguir a M a r c i ó n c o m o un sabueso a la pieza sin despegarse de la pista), fue, puesto que M a r c o s y M a t e o h a b í a n empezado sus relatos haciendo entrar en l i z a a J u a n el B a u t i s t a , decir él, p o r su parte, cuanto se le o c u r r i ó sobre el origen de é s t e , con objeto de justificar a ú n m á s que interviniese en la vida de J e s ú s . Atestiguar, en efecto, o intentarlo, u n a existencia dudosa invocando en su apoyo o t r a segura, no era m a l p r o c e d i m i e n t o , y Lucas r e m a c h ó sobre ello. Así, o r a que hubiese ya, con el m i s m o p r o p ó s i t o , alguna t r a d i c i ó n relativa a ambos personajes, t r a d i c i ó n que él c o m p l e t ó , o r a que a falta de e l l a inventase todo lo que cuenta (en todo caso, lo que refiere entra de lleno en la l í n e a de lo novelesco), empieza su relato, es decir, su Evangelio, con un cuentecito, en el que asegura que h a b í a en tiempos de Herodes un sacerdote l l a m a d o Z a c a r í a s , de la l í n e a de A b í a s (nombre dado p o r M a teo, en su g e n e a l o g í a de J e s ú s , a cierto nieto de S a l o m ó n ) , casado c o n Isabel, que, a su vez, d e s c e n d í a , nada menos, que de A a r ó n o A r ó n , el hermano de M o i s é s . A m b o s eran, claro, m u y virtuosos, pero desdichados p o r no haber tenido hijos ni ya esperanza, a causa de ser de edad m u y avanzada. M a s c o m o Y a h v é era especialista en esto de hacer con-
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c e b i r a las viejas (en el Antiguo Testamento tenemos varios ejemplos de ello; los m á s conocidos son Isaac—Génesis, X V I I I , 15-21—, Sansón—Jueces, X I I I , 2-24—, Samuel—7 Samuel, I, 1-23—, cuyos padres estaban ya en la segunda reserva en cuanto a facultades p a r a reproducirse, no obstante lo cual, p o r v o l u n t a d de Y a h v é tuvieron fruto en pleno i n vierno de la vida), d e c í a que como a Y a h v é no h a b í a anciana que se le resistiese en cuestiones de m a t e r n i d a d t a r d í a , e n v i ó un á n g e l a Z a c a r í a s , a anunciarle que su m u j e r conc e b i r í a y que t e n d r í a un hijo, al que p o n d r í a n por nombre J u a n , « q u e s e r í a p a r a él gozo y r e g o c i j o » , y p a r a todos aleg r í a , pues i b a a ser « g r a n d e en la presencia del S e ñ o r » . Poco d e s p u é s otro á n g e l , é s t e s e l l a m a G a b r i e l , anunciaba, esta vez no a u n a respetable anciana, sino, m u y p o r el cont r a r i o , a u n a t i e r n a v i r g e n de Nazaret, l l a m a d a M a r í a , « d e s posada con un v a r ó n de n o m b r e J o s é , de la casa de D a v i d » (ilustre t a m b i é n en cuanto a ascendencia, pero que azares de los tiempos y de la v i d a le h a b í a n hecho caer en la v i r u ta), que c o n c e b i r í a y d a r í a a luz un hijo, al que p o n d r í a p o r n o m b r e J e s ú s , que s e r í a grande « y l l a m a d o H i j o del Altísimo, y a quien d a r á el S e ñ o r Dios el trono de D a v i d , su p a d r e » . Lo que quiere d e c i r que Lucas destinaba ya a J e s ú s p a r a ser el M e s í a s esperado p o r los j u d í o s , que tras deshacer el p o d e r í o r o m a n o r e i n a r í a en la casa de Jacob. Todo lo d e m á s es b i e n sabido: A s o m b r o de M a r í a , que no obstante estar desposada c o n J o s é , é s t e , sin duda p o r razones semejantes a las que siglos d e s p u é s h i c i e r o n a Felipe II respetar durante a l g ú n t i e m p o a Isabel de V a l o i s , que h a b í a llegado a su t á l a m o siendo a ú n una n i ñ a , no se h a b í a acercado a ella. « ¿ C ó m o p o d r á ser esto, pues yo no conozco v a r ó n ? » Respuesta del á n g e l : «El E s p í r i t u Santo v e n d r á sobre t i , y la v i r t u d del A l t í s i m o te c u b r i r á con su s o m b r a . » A l g o como el caso de Zeus y Danae. T o t a l , que n a c i ó J u a n y que n a c i ó J e s ú s . P o r cierto, que é s t e no en Nazaret, sino en B e l é n , pues sus padres h a b í a n tenido que ir a l l í p a r a empadronarse. Y , a d e m á s , n o e n u n trono, sino e n u n a cuadra, puesto que Lucas, el bien informado, asegura que su madre, tras « e n v o l v e r l e en unos p a ñ a l e s , le a c o s t ó en un
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p e s e b r e » . Y que allí, avisados p o r otros á n g e l e s , ¡estos ú t i l í s i m o s á n g e l e s del S e ñ o r ! , fueron a adorarle no magos de Oriente t r a í d o s p o r u n a estrellita, sino unos pastores. C o n lo que L u c a s nos a h o r r a lo de los celos de Herodes y salva la v i d a a q u i é n sabe c u á n t o s cientos de inocentes. En cambio, enriquece la p r e c i o s a escena de este nacimiento, y a causa de ello, los « n a c i m i e n t o s » de los n i ñ o s , gracias a él y a M a t e o tienen estrella, reyes, servidores de é s t o s , camellos, á n g e l e s y pastores, ovejitas, establo y en él a un m o n í s i m o n i ñ o , que b i e n que r e c i é n nacido, parece tener y a , lo menos, tres a ñ o s , y que bendice y todo. Y de prop i n a u n a m u í a y u n buey. Y o , con doce nietos, h a b r é comprado y a , lo menos, v e i n t i d ó s bueyes y otras tantas m u í a s ; reyes, camellos y ovejas p o r docenas, y musgo, nieve y d e m á s zarandajas en cantidades casi industriales. Tras todo lo anterior, que sobre ser bastante b o n i t o hace m a r c h a r u n a p e q u e ñ a r a m a del c o m e r c i o cada N a v i d a d , Lucas cuenta c ó m o J e s ú s fue c i r c u n c i d a d o (la d i v i n a piltrafa, lejos de perderse, a ú n es venerada en varios lugares, pues, como era l ó g i c o , hasta se ha m u l t i p l i c a d o c o n m o v i d a ante la piedad) y presentado al T e m p l o . Y a q u í u n a curiosa casualidad. U n a de esas casualidades que suelen o c u r r i r en t o r n o a las grandes figuras religiosas cuando los que escriben la v i d a de u n a de ellas h a n o í d o , p o r casualidad tamb i é n , h a b l a r de las anteriores. Así, cuando n a c i ó el B u d a , l l e g ó hasta él A s i t a , m u n i s a p i e n t í s i m o , con objeto de predec i r s u futura grandeza. Pues b i e n , del m i s m o m o d o a q u í , «hab í a e n J e r u s a l é n u n h o m b r e l l a m a d o S i m ó n , j u s t o y piadoso, que esperaba la c o n s o l a c i ó n de Israel ( e n t i é n d a s e , la s o ñ a da grandeza de los tiempos de D a v i d y S a l o m ó n ) , y el E s p í ritu Santo estaba en él (esta vez sin p r o p ó s i t o s g e n é t i c o s , c o m o s e v a a ver). L e h a b í a s i d o revelado p o r e l E s p í r i t u Santo que no m o r i r í a antes de ver al C r i s t o del S e ñ o r . . . » . T o t a l , que « m o v i d o del E s p í r i t u S a n t o » t a m b i é n , h i z o con el N i ñ o J e s ú s lo que A s i t a con el n i ñ o B u d a : predecir su grandeza. Tras l o c u a l , l a profetisa A n a h i z o o t r o tanto. A n a , v i r t u o s a anciana, v i u d a de ochenta y cuatro a ñ o s (si la coge un á n g e l del S e ñ o r de c a m i n o tiene que b u s c a r o t r o esta* ?.
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b l o ) , que « n o se apartaba d e l T e m p l o , sirviendo con ayunos y oraciones noche y d í a » . Realmente todo esto, c o m o hermoso y edificante no puede serlo m á s . C o m o dicen los italianos: Se non é vero, é bene trovato. D e s p u é s , e l excelente L u c a s , m é d i c o - h i s t o r i a d o r , especie de Marañón de la a n t i g ü e d a d , refiere la infancia prodigiosa d e s u protegido, durante l a c u a l e l B u d a galileo m a r a v i l l a b a a cuantos se acercaban a E l . A l g u n o s Evangelios, llamados a p ó c r i f o s , cuentan, a p r o p ó s i t o de esta i n f a n c i a , verdaderas m a r a v i l l a s . N o las r e p e t i r é porque l a Iglesia n o quiere que se digan temiendo, sin duda, que lo que sí quiere que se diga n o resulte m á s c r e í b l e . Pero sí, pues esto n o e s t á p r o h i b i d o , ya que esta vez es L u c a s , el gran L u c a s , quien lo cuenta, que a los doce a ñ o s , pues «el N i ñ o c r e c í a y se f o r t a l e c í a l l e n o de s a b i d u r í a y la g r a c i a de D i o s estaba en E l » , en un viaje que h i c i e r o n sus padres a J e r u s a l é n , se e s c a b u l l ó , se m e t i ó en el T e m p l o , y allí, «al cabo de tres d í a s , le h a l l a r o n sentado en m e d i o de los doctores, o y é n d o l o s y p r e g u n t á n doles. Y cuantos le o í a n quedaban estupefactos de su inteligencia y de sus r e s p u e s t a s » . ¡ A d m i r a b l e ! Tres d í a s interrogando y respondiendo d í a y noche seguramente, permaneciendo El y teniendo a todos, embelesados, sin c o m e r ni d o r m i r . jRealmente a d m i r a b l e ! A ú n nos cuenta el b i e n enterado L u c a s que cuando M a r í a y J o s é le c o m u n i c a r o n su inquietud, r e s p o n d i ó : « ¿ P o r q u é m e buscabais? ¿ N o s a b í a i s que es p r e c i s o que me ocupe de las cosas de mi P a d r e ? » Realmente m a g n í f i c o . Bastante e s t ú p i d o , pero enternecedor. Al punto, el i n c o m p a r a b l e L u c a s se ocupa de Juan, el de la m i e l y las langostas aladas, m e j o r a n d o lo dicho p o r M a r cos y M a t e o . Y del b a u t i s m o de J e s ú s , a p r o p ó s i t o del cual, cosa r a r a , es m á s s o b r i o (384). P o r supuesto, no dejando de decir él tampoco lo de que el C i e l o se a b r i ó . Ni lo de que « d e s c e n d i ó e l E s p í r i t u Santo e n f o r m a c o r p o r a l sobre É l » . A s í c o m o que « s e d e j ó o í r del C i e l o u n a voz: ' T ú eres m i H i j o amado, e n t i m e c o m p l a z c o ' » . L a cosa h a b í a que recalc a r l a , puesto que se trataba de la puerta de entrada a la nueva d o c t r i n a : e l b a u t i s m o . E s decir, l o que y a s a b í a m o s p o r M a r c o s y p o r M a t e o . Que, a su vez, lo h a b í a n tomado d e l
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Salmo, I I , 7, y de Isaías, X L I I , X L I V y L . Cierto que tanto lo verdadero como lo bueno, justo es repetirlo muchas veces p a r a que se grabe bien. T r a s l o anterior viene l a g e n e a l o g í a d e J e s ú s . E s t a , l a d e L u c a s , m u c h o m á s completa, b i e n que d i s t i n t a y no menos verdadera que la de M a t e o . La g e n e a l o g í a de M a t e o t e r m i n a b a en A b r a h a m . Lucas hace llegar la suya hasta el p r o p i o padre d e los hombres, A d á n . H i z o m u y b i e n . C o m o dicen los ses: A tout seigneur tout honneur. C l a r o que p a r a los que piensan que el Génesis no es sino un p u ñ a d o de p a t r a ñ a s , esta g e n e a l o g í a a c a b a r á d e convencerles. Pero, en f i n , las opiniones particulares son ahora cosa sin i m p o r t a n c i a . Leves gotillas al lado del venturoso, a m p l i o y profundo m a r de los que, llenos de fe, s e g u i r á n creyendo que L u c a s t e n í a r a z ó n , y que el architatarabuelo r e m o t o de Jes ú s , c o m o de todos los mortales, era, en lo que afectaba a su padre putativo, A d á n . C l a r o que p o d í a haberse ahorrado el excelente L u c a s el trabajo que se t o m ó inventando esta g e n e a l o g í a , puesto que luego resulta que J e s ú s n a d a tiene que ver c o n ella, dado que J o s é , a su vez, nada tiene que ver, en cuanto a El respecta, c o n M a r í a . Pero c o m o t a m b i é n h a b r á q u i e n piense que a s i m i s m o p o d í a haberse ahorrado todo lo que dice a c o n t i n u a c i ó n e incluso lo que ha dicho antes, sigamos s i n preocuparnos de tan terribles censores. Luego cuenta la estancia de J e s ú s en el desierto y las mal é v o l a s intenciones de S a t á n respecto a E l . Estas tentaciones son a ú n en L u c a s m á s variadas que en M a t e o , q u i e n , no obstante, ya h a b í a fantaseado sobre ellas de lo l i n d o . Pero lo m á s curioso del caso es pensar c ó m o se p u d i e r o n saber tales episodios o c u r r i d o s s i n testigos. Puesto que Jes ú s no se sabe que los contase d e s p u é s . Y S a t a n á s t a m p o c o es, p o r lo visto, de los que hacen revelaciones, cosa que se queda, como b i e n se sabe, p a r a los á n g e l e s del S e ñ o r . A no ser que ocurriese c o m o c o n los viajes de i n c ó g n i t o de los personajes importantes, que se acaba p o r saber tanto o m á s de ellos que de los c ó g n i t o s . A lo mejor, en aquel desierto
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h a b í a m á s curiosos atisbando las escaramuzas j e s u s a t á n i c a s que en un desfile m i l i t a r . A l punto J e s ú s , e n Lucas, « i m p u l s a d o por e l E s p í r i t u » , l o que no h a b í a ocurrido en M a r c o s ni en Mateo, volvió a Gal i l e a , donde pronto a d q u i r i ó gran fama e n s e ñ a n d o e n las sinagogas. E s t o no sorprende tanto c o m o la absoluta mem e z de S a t á n tratando n a d a menos que de e n g a ñ a r a D i o s . ¡Y a un D i o s que ya a los doce anos h a b í a asombrado a los doctores del T e m p l o ! A l punto, J e s ú s v a a Nazaret, « d o n d e h a b í a n a c i d o » , lugar en el que le o c u r r e n cosas peregrinas, de las que tampoco t e n í a n n o t i c i a sus b i ó g r a f o s anteriores. C l a r o que, s i n duda, a causa de no haberse i n f o r m a d o « p e r fectamente de t o d o » , c o m o L u c a s , entre ellas, librarse de ser d e s p e ñ a d o , como p r e t e n d í a n hacer c o n E l sus vecinos de h a c í a poco. M a s , p o r fortuna, puede evitar ser perjudicado de a q u e l l a m a n e r a y baja a C a f a r n a u m , donde, tal vez p a r a que la gente se diese cuenta de que no era un cualquiera, empieza a hacer m i l a g r o s . Luego se le ve reclutar a sus cuatro p r i m e r o s d i s c í p u l o s . Pero de u n a m a n e r a m á s l ó g i c a . Quiero decir, m e j o r preparada que en M a r c o s y que en M a t e o , en quienes, c o m o hemos visto, a J e s ú s le b a s t ó decir a Pedro, A n d r é s , Santiago y J u a n : Seguidme, p a r a que é s t o s , d e j á n d o l o todo: barcas, redes y seguridad de c o m e r todos los d í a s , al menos lo que en el m a r de G a l i l e a se pescase, le siguiesen. Detalle que, claro, es un p o q u i t o difícil de a d m i t i r . P o r b i e n dispuestos que estemos a creer e n e l encanto p a r t i c u l a r d e l S a l v a d o r . M i e n t r a s que e n L u cas, que s a b í a mejor c ó m o las cosas h a b í a n o c u r r i d o , n o solamente hace preceder al reclutamiento u n a pesca marav i l l o s a (no h a b í a n cogido n a d a e n toda l a noche; llega J e s ú s y les dice que vuelvan a echar las redes, le escuchan y al instante se m e t i e r o n tantos peces en ellas « q u e las redes se r o m p í a n » ; pero tantos, que t u v i e r o n « q u e hacer s e ñ a s a sus c o m p a ñ e r o s de la o t r a b a r c a p a r a que v i n i e r a n a ayudarles, y tanto l l e n a r o n las dos barcas que se h u n d í a n » ) , de u n a pesca m a r a v i l l o s a — d e c í a — , sino que el m i s m o p r o d i g i o les c o n v e n c i ó de que J e s ú s no era un m i r ó n cualquiera, lo que ya parece l ó g i c o que les dispusiera favorablemente h a c i a
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E l . S i n contar que L u c a s nos hace saber algo que h a b í a n callado M a r c o s y M a t e o : que los hijos del Zebedeo (Santiago y Juan) eran socios de S i m ó n . E s t o sabido, a s í c o m o que los cuatro no c a b í a n en sí de asombro, se ite c o n menos d i f i c u l t a d que le siguiesen, bien que lo verdaderamente n a t u r a l h a b r í a sido que L u c a s h u b i e r a seguido contando que h a b í a n empezado p o r vender lo pescado y que incluso fuesen ellos los que propusiesen a J e s ú s que se a s o c í a s e con ellos. Pero, en f i n , a d m i t a m o s las cosas c o m o las refiere L u c a s , y adelante. Adelante, porque a l punto vienen m á s m i l a g r o s . Pues, s i n duda, se trataba de c o l m a r t a m b i é n las redes de la fe. Y episodios que ya conocemos, bien que igualmente engalanados p o r la f a n t a s í a - r e v e l a c i ó n de Lucas. Que, por cierto, deja de referir algunas cosas que h a n dicho M a r c o s y M a teo, sin d u d a p o r suponerlas ya bien sabidas y, en c a m b i o , es suyo enteramente todo el c a p í t u l o V I I I y el p r i n c i p i o del I X . Lo que sigue, hasta el f i n a l de este c a p í t u l o , lo conocemos y a . S í que e n v e r s i ó n m á s p á l i d a . E l c a p í t u l o I X , l o m i s m o , hasta e l v e r s í c u l o 51. D e é s t e a l f i n a l y e l c a p í t u l o X , nuevos. E l X I , l o m i s m o . D e l X I I , X I I I y X I V , algunas cosas estaban y a e n M a r c o s y e n M a t e o , pero otras no. E l X V , nuevo t a m b i é n . Y del X V I y X V I I , s i algo h a sido y a dicho p o r los redactores anteriores es tan poco y tan distinto de f o r m a , que apenas se reconoce. E n e l c a p í t u l o X V I I I son nuevas las p a r á b o l a s del juez inicuo y del fariseo y el p u b l i c a n o ; lo d e m á s , conocido. En cambio, L u c a s s u p r i m e lo de la p e t i c i ó n de los hijos del Zebedeo, y en la c u r a c i ó n del ciego de J e r i c ó no da el n o m bre d e é s t e . E l p r i n c i p i o del X I X , e s decir, l o d e Zaqueo y la p a r á b o l a de las minas, nuevo t a m b i é n . Decididamente, Lucas no h a b í a m e n t i d o : estaba m u c h o mejor enterado de lo que h a b í a pasado que M a r c o s y M a t e o . O la « r e v e l a c i ó n » h a b í a sido particularmente s o l í c i t a con él. Luego viene la entrada en J e r u s a l é n entre aclamaciones. E s t o ya lo conocemos. No a s í el l l a n t o de J e s ú s al estar cerca de la c i u d a d . C l a r o que si s a b í a lo que le esperaba, no obstante lo de la obediencia a su Padre y haber aceptado
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el sacrificio, l ó g i c o era que tuviese un instante de desfallecimiento, sobre todo si o l v i d ó un m o m e n t o que era D i o s . P o r lo menos, Lucas, c o n m a y o r sentido l i t e r a r i o que Mateo y, p o r supuesto, que M a r c o s , el m á s sencillo y n a t u r a l de los tres, tiene, c o m o he dicho, i n t e r é s especial en p r e p a r a r m e j o r las cosas c o n objeto de que sean m á s f á c i l m e n t e c r e í d a s . A h o r a , c o n vistas a la P a s i ó n , piensa que no es bastante que J e s ú s la haya anunciado tres veces, y le hace verter unas l á g r i m a s . C o m o l a cosa literariamente e s t á bien, no nos preocupemos de m á s . Y menos que de todo, pues no lo comprenderemos, de tratar de explicarnos miedos ni desfallecimientos en un D i o s . Pues lo n a t u r a l era que precisamente p o r ser Dios, le importase tanto que los hombres le crucificasen, c o m o a c u a l q u i e r a de los que lean esto que la superficie de la L u n a e s t é cubierta o no de u n a capa de polvo c ó s m i c o o v o l c á n i c o , de lo que ya empieza a hablarse. A c a m b i o del llanto anterior, que a ñ a d e , L u c a s s u p r i m e con m u y buen j u i c i o l o d e l a higuera m a l d e c i d a p o r J e s ú s , episodio lamentable que no sirve sino p a r a darnos u n a dep l o r a b l e idea m á s de las innecesarias c ó l e r a s de un D i o s que, v í c t i m a a veces de verdaderas locuras (pues parece difícil que h a y a otra m á s completa que enfurecerse porque los á r b o l e s no den fruto fuera de e s t a c i ó n ) , hace actos que n o y a e n u n D i o s , sino e n u n h o m b r e m i s m o s e r í a n difícilmente disculpables. Y al llegar a q u í no tengo m á s remedio que hacer, a m o d o de i n c i s o , un alto en este examen d e l Evangelio de L u c a s , con objeto de h a b l a r de J e s ú s como « c o r d e r o » y del J e s ú s «tigre». O sea, el de las dulzuras, p o r un lado, y el de las c ó l e r a s y las violencias ( J e s ú s menos conocido), p o r otro. En efecto, de leer los Evangelios a ojos l i m p i o s , es decir, s i n calarse las antiparras de la fe, nos exponemos muchas veces a encontrar un J e s ú s distinto de aquel al que nos tienen acostumbrados. Y a que nos digamos c o n h a r t a frecuencia: ¿ P e r o es este h o m b r e furioso, violento, insultador incluso, e l d u l c í s i m o cordero d e l que nos h a b í a n hablado? ¿ E l de: « D e j a d a los n i ñ o s , y no les i m p i d á i s venir a m í » ,
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de Marcos ( X , 13, 14) y Mateo ( X I X , 14)? (385). ¿ E l manso que aconsejaba ofrecer la m e j i l l a i z q u i e r d a al que nos hab í a abofeteado l a derecha? ¿ E l h u m i l d e que a l o í r s e l l a m a r « M a e s t r o b u e n o » , se apresura a d e c i r que nadie es bueno sino Dios? (386). E n f i n , ¿el que e n s e ñ a b a c o n palabras que a tantos p a r e c i e r o n irables y s i r v i é n d o s e de p a r á b o l a s juzgadas a s i m i s m o c o m o modelos de sencillez y de encanto? A b r a m o s los Evangelios y v e á m o s l o p o r nosotros m i s m o s s i n hacer caso, p o r unos momentos, a l a Iglesia. Y a volveremos a ella p a r a , si encontramos todo lo anterior, reconocer que en lo que hizo escribir a p r o p ó s i t o de J e s ú s hay, al menos, consecuencia y l ó g i c a . Si no, p a r a a d m i r a r n o s de la audacia de e s c r i b i r u n a cosa y e n s e ñ a r otra. Y de la candidez i n f i n i t a de los que la creen p o r su p a l a b r a . E m p e c e m o s p o r lo de la dulzura de J e s ú s , c o n objeto de ver si, en efecto, es el « C o r d e r o de Dios» a que nos tiene acostumbrados. J E S U S - C O R D E R O . — E n Marcos ( V I , 11), Mateo ( X , 14) y Lucas ( I X , 5) o í m o s decir a J e s ú s , cuando e n v í a a los A p ó s t o l e s a p r e d i c a r su E v a n g e l i o y a hacer m i l a g r o s con objeto d e que sean m á s f á c i l m e n t e c r e í d o s : « Y s i u n lugar no os recibe ni os escucha, al s a l i r de a l l í sacudid el p o l v o de vuestros pies c o m o testimonio c o n t r a ellos. De cierto os digo que más tolerable será el castigo de los de Sodoma y Gomorra el día del juicio, que el de aquella ciudad') (387). A escribas y fariseos los c a l i f i c a « d u l c e m e n t e » de h i p ó c r i t a s en muchas ocasiones. E incluso alguna vez con el suave y amable calificativo de « r a z a de v í b o r a s » , como, p o r ejemplo, en Marcos, V I I , 6. Es decir, i m i t a n d o a J u a n el B a u t i s t a . C l a r o que un terrible censor de los a ú n no arrepentidos, c o m o Juan, que « i b a vestido de pelo de camello, l l e v a b a un c i n t u r ó n de cuero a la c i n t u r a y se a l i m e n t a b a de langostas y m i e l silvestre (Mateo, I I I , 4), se comprende que la dulzura de la m i e l se le hiciese vinagre. Pero J e s ú s y sus A p ó s t o l e s , a creer siempre a los Evangelios, se daban mej o r vida, pues no solamente p o d í a n s i n esfuerzo t r a n s f o r m a r un pececíllo en un cesto de ellos, sino el agua en vino, aquel v i n i l l o que tanto les gustaba. C o m o h i z o J e s ú s en la b o d a
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de Cana. A d e m á s , que ni necesidad t e n í a n siquiera de tomarse el trabajo de hacer m i l a g r o s g a s t r o n ó m i c o s , pues a l l í estaban las « s a n t a s m u j e r e s » p a r a pagarles c o m i d a y posada. Y cuando no, p u b l í c a n o s r i c o s , como Mateo, p a r a sentarles a su mesa. O amigos, como los de la boda que acabo de mencionar, que tampoco les dejaban pasar hambre. C l a r o que, p o r o t r a parte, justo es reconocer que los escribas y los fariseos eran unos tunantes y unos impertinentes, que no h a c í a n sino echar zancadillas al m a n s í s i m o Jes ú s . Cierto que a veces, d i g á m o s l o t a m b i é n , é s t e se olvidaba de que h a b í a venido p a r a hacer de cordero y se p o n í a c o m o un lobo. Y con quien menos parece que hubiera debido perder la c a l m a . T a l vemos, al menos, en Marcos, V I I I , 33, c o n Pedro, como ya he referido. C o n Pedro, que le q u e r í a como a las n i ñ a s de sus ojos. E s t a escena de injusta violenc i a la repiten, triste es decirlo, pero a s í es, Mateo y L u c a s . En Marcos ( I X , 14) vemos a los d i s c í p u l o s rodeados de gente, disputando con los que les rodean. Y al acercarse J e s ú s , le cuentan lo que ocurre: U n o le dice que ha t r a í d o a un h i j o suyo, e p i l é p t i c o , a sus d i s c í p u l o s (exactamente: « Q u e tiene un e s p í r i t u mudo, y dondequiera se apodera de él, le d e r r i b a , le hace echar espumarajos, rechinar los dientes y quedarse r í g i d o » ) p a r a que le curen, y que é s t o s n o h a n podido. A l o í r aquello, J e s ú s entra e n una c ó l e r a terrible y exclama: «¡Oh g e n e r a c i ó n i n c r é d u l a ! ¿ H a s t a cuándo t e n d r é que soportaros? ¡ T r a é d m e l e ! » Luego, tras asegur a r al padre que « t o d o es posible al que c r e e » (incluso, como es natural, sin duda, aceptar los Evangelios c o m o cosa verdadera, milagros y todo), y decir é s t e : «¡Creo!», hace s a l i r a l e s p í r i t u i m p u r o del cuerpo del hijo. En X I , 12-14, igualmente de Marcos (el episodio es repet i d o t a m b i é n por Mateo), un nuevo caso, é s t e t í p i c o , de la i n v a r i a b l e d u l z u r a de J e s ú s : el de la higuera. Saliendo u n a m a ñ a n a de B e t a n i a , donde ha pasado la noche en u n i ó n de los d i s c í p u l o s , J e s ú s siente hambre, ve de lejos u n a higuera y va h a c i a e l l a « p o r sí encontraba algo», es decir, higos frescos para regalarse con ellos: « P e r o no e n c o n t r ó sino hojas, porque no era tiempo de higos,» P o r lo pronto, ya es
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e x t r a ñ o que h a b i é n d o s e c r i a d o entre higueras no sepa, ni c o m o h o m b r e n i c o m o Dios, c u á n d o este á r b o l d a fruto. M a r c o s y M a t e o le i n j u r i a n con s ó l o i m a g i n a r semejante cosa. Pero a ú n m á s e x t r a ñ a parece s u r e a c c i ó n a l o í r l e exc l a m a r lleno d e c ó l e r a : «¡Que n u n c a j a m á s c o m a y a n a d i e fruto de ti!» Consecuencia p l u r a l : P r i m e r o , que la higuera, por la c u l p a y c r i m e n de no poder faltar a las leyes naturales, que le ha i m p u e s t o el Padre d e l cordero-tigre h a m briento, muera. E n efecto, a l d í a siguiente, « p a s a d a l a madrugada, v i e r o n que la higuera se h a b í a secado ( ¿ q u é , y menos un pobrecito á r b o l , h u b i e r a p o d i d o resistir a la encolerizada v o l u n t a d de un Dios?) de r a í z . A c o r d á n d o s e P e d r o (pues l a v í s p e r a h a b í a sido testigo d e l a d u l c í s i m a e x p l o s i ó n de c ó l e r a de su Maestro), le d i j o : «Rabbí, m i r a : la higuera que m a l d i j i s t e se ha s e c a d o . » A lo que el suave J e s ú s resp o n d i ó , a modo de excusa, saliendo por peteneras: «Y respondiendo J e s ú s , les d i j o : T e n e d fe en Dios.» Lo que o b i e n era u n a sencilla estupidez, pues lo m i s m o h u b i e r a p o d i d o decirles: ¿ Q u é t a l me va la t ú n i c a ? , o p r u e b a de que no s a b í a por d ó n d e salir. E n t i é n d a s e , al redactor de Marcos, al que se le o c u r r i ó este episodio desdichado, y luego al de Mateo, que le c o n s e r v ó . T r a s lo c u a l , unos consejos m á s a p r o p ó s i t o de la fe, que, como era natural, archiconvencidos estaban, por lo visto, los redactores de los Evangelios de cuan necesaria i b a a ser p a r a creer sus fabulitas; otros sobre el m o d o de o r a r (cosa, evidentemente, necesaria, s i q u i e r a p a r a ver de aplacar a un Dios que tan sin r a z ó n ni fundamento se e n f u r e c í a ) , y así, conversando santa y mansamente, llegaron a J e r u s a l é n . Segunda consecuencia: Que lo o c u r r i d o mueve a pensar que el P a d r e pudo hacer, p a r a que su H i j o , en vez de quedar tan m a l , aplacase su hambre, a favor de un m i l a g r o m á s (cosa fácil p a r a E l , y a que los hombres, a l imaginarle, h a b í a n puesto u n a v a r i t a m á g i c a e n sus manos h a c i é n d o l e todo poderoso), que la pobre higuera se llenase no solamente de higos, sino de brevas. E incluso de peras y manzanas. Y si no q u e r í a esta vez v i o l a r u n a de sus leyes naturales, a b r i r de nuevo el Cielo, como cuando el b a u t i s m o y la trans-
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f i g u r a c i ó n , y que un á n g e l le hubiese bajado u n a cesta l l e n a de lo que m á s le gustase. Tercera consecuencia, y la m á s l ó g i c a : Que el á n g e l , en vez de cesta, hubiese dado un cogotazo m o r r o c o t u d o al redactor que se le o c u r r i ó , el p r i m e r o , t a n tremenda estupidez. C l a r o que de emplear cogotazos p a r a que los benditos que fueron tejiendo e l m i t o n o dijesen m a j a d e r í a s , ¿ c u á n t o s h u b i e r a h a b i d o que aplicar? En otras muchas ocasiones se ve t a m b i é n a J e s ú s perder la paciencia. P o r ejemplo, en I I I , 5, de Marcos ( X I I , 9-14, de Mateo, y X I X , 45-48, de Lucas), cuando, c o n m o t i v o de la c u r a c i ó n que realiza en s á b a d o (la del h o m b r e de la m a n o seca), no puede menos, b i e n que « e n t r i s t e c i d o p o r la dureza de su c o r a z ó n » (del c o r a z ó n de los que le reprochaban c u r a r en s á b a d o ) , no puede menos de lanzarles « u n a mirada airada». Posteriormente, en X I , 15 ( X X I , 12, 13, de Mateo, y X I X , 45-48, de Lucas), cierto que ya i b a calentito p o r lo del chasco de la higuera, u n a nueva y no floja e x p l o s i ó n de c ó l e r a : La e x p u l s i ó n de los vendedores del T e m p l o . Oigamos al Evangelio: « L l e g a r o n a J e r u s a l é n y entrando en el T e m p l o , se puso a expulsar a los que allí v e n d í a n y c o m p r a ban, y d e r r i b ó las mesas de los cambistas y los asientos de los vendedores de palomas; no p e r m i t í a que nadie transportase fardo alguno p o r el T e m p l o , y les e n s e ñ a b a (los dientes y, en todo caso, los p u ñ o s ; a d e m á s , y era lo peor, les daba c o n ellos) y d e c í a : ¿ N o e s t á escrito: M i casa s e r á casa de o r a c i ó n p a r a todas las gentes? P e r o vosotros la hab é i s convertido e n u n a casa d e l a d r o n e s ? » Y o n o s é s i esta p a l a b r a no s e r í a un poco fuerte, pero sí, y todo el m u n d o , que en los templos de la que d i r í a n luego que era su Iglesia, los cacos no h i z o falta que viniesen de fuera, pues fueron los propios que a d m i n i s t r a b a n allí los encargados de negociar con todo lo negociable, empezando p o r los sacramentos y acabando p o r las bulas y todo lo relacionado con la g r a n fuente de e x p l o t a c i ó n que fue y sigue siendo el m i e d o . Juan trata el episodio anterior en I I , 3 y siguientes. Es decir, cuando hace s u b i r a J e s ú s p o r p r i m e r a vez a Jerusa-
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l é n . Pues en este Evangelio sube, c o m o ya he indicado, no u n a vez, c o m o en los s i n ó p t i c o s , sino cuatro, a la c i u d a d santa. E i n c l u s o adorna la escena p a r a que resulte m á s b o n i t a . Donde l a v e r d a d b r i l l a p o r s u ausencia, l a f a n t a s í a es d u e ñ a de hacerlo en su lugar. L o s otros tres Evangelios no h a b l a n sino de cambistas y vendedores de palomitas, pero, s e g ú n J u a n , h a b í a t a m b i é n ( l o que y a resulta algo a n o r m a l en el atrio de un templo, a u n de un templo j u d í o , p a r a quienes entonces no h a b í a sino dos actividades: el com e r c i o y las esperanzas religioso-revolucionarias de tipo m e s i á n i c o ) , h a b í a t a m b i é n — d e c í a — v e n d e d o r e s de ovejas y hasta de bueyes. C i e r t o que los bueyes entraban con frecuencia en los templos en c a l i d a d de v í c t i m a s p a r a los sacrificios, y que hasta se los h a b í a v i s t o no ya junto a las mesas inmolatorias, sino en los propios altares. No alarmarse, que no h a b l o de los oficiantes, sino de los animales sagrados de este tipo, c o m o el buey Apis egipcio. Pero u n a cosa eran e x t r a v í o s de tipo religioso que c o n d u c í a n a ador a r hasta animales, y o t r a hacer de los templos lugares de otro t r á f i c o que el n a t u r a l en ellos: todo lo r e l a t i v o a lo espiritualmente irrazonable y a las mentiras presentadas c o m o verdades. A causa de ello no parece excesivo que Jes ú s , que consideraba e l T e m p l o c o m o «su c a s a » , aquel J e s ú s de los Evangelios, con objeto de dejar su casa como c r e í a que d e b í a estar, empezase p o r fabricarse « d e cuerdas un a z o t e » . P o r cierto, que en lo de considerar el T e m p l o c o m o su casa, en Marcos, Mateo y Lucas t a l dice, mientras que en Juan h a b l a de: « N o h a g á i s de la casa de mi Padre casa de c o n t r a t a c i ó n . » C l a r o que, en definitiva, es igual, puesto que t a m b i é n en este Evangelio le o í m o s decir con sencillez perfectamente soberbia: « E l Padre y y o somos u n o . » E n cuanto al E s p í r i t u Santo, t a l vez no le pareciese gran desacató que en el T e m p l o se vendiesen palomas; pero a q u í no se m e n c i o n a a este tercer D i o s . En Lucas, X I , 37, un fariseo i n v i t a a J e s ú s a comer, y é s t e no rechaza el ofrecimiento, s i n d u d a p o r aquello de primum vivere... M a s c o m o «el fariseo se asombrase de que no se h a b í a lavado (las manos) antes de c o m e r » , J e s ú s , bien que
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estaba e n casa ajena y , a d e m á s , i n v i t a d o , pierde u n a vez m á s la d i v i n a paciencia y pone a fariseos y doctores de la ley c o m o yo no quisiera que me pusiesen a m í . A c ú d a s e , a c ú d a se al texto de Lucas ( X I , 39-52) y se v e r á lo que es bueno. Si bueno parece, claro, que el dulce C o r d e r o se v u e l v a u n a vez m á s jaguar. 0 tigre. 0 lo que se quiera, menos cordero. En fin, por no hacer excesiva esta l i s t a de c ó l e r a s y violencias del d u l c í s i m o Cordero-leopardo d i v i n o , a c a b a r é citando u n a buena r o c i a d a de increpaciones violentas, que pueden leerse en Mateo, X X I I I , donde u n a vez m á s pone a escribas y fariseos de h i p ó c r i t a s cinco veces seguidas (en 13,15, 23, 25 y 29), que no hay por d ó n d e cogerles. De m o d o que en lo «del dulce J e s ú s » vamos a echar un velo. Y sobre c ó m o piensa verdaderamente ( e n t i é n d a s e c ó m o le hacen sentir y pensar los que inventaron su leyenda o leyendas), lo m i s m o . Porque el que q u i e r a u n a r e l a c i ó n edificante, digna no del supuesto ú l t i m o de los grandes profetas j u d í o s , sino del p r i m e r o de los usureros, lea en Lucas, X I X , 11-28 ( o e n Mateo, X X V , 14-30; pero m á s b o n i t o a ú n en Lucas), la d u l c í s i m a p a r á b o l a de las m i n a s , relativa al h o m b r e que al p a r t i r « p a r a u n a r e g i ó n lejana a r e c i b i r la d i g n i d a d de rey y v o l v e r s e » , l l a m ó a diez siervos suyos y les dio a cada uno u n a m i n a p a r a que en su ausencia negociasen con e l l a y le hiciesen a ú n m á s r i c o de lo que ya era. O sea, p a r a que no perdiesen el tiempo mientras él estaba ausente. Y que acaba castigando al que le devuelve la m i n a s i n haberla hecho p r o d u c i r , tras l o c u a l t e r m i n a l a p a r á b o la con estas justas y d u l c í s i m a s palabras: «Os digo que a todo el que tiene, se le d a r á , y al que no tiene, aun lo que tiene le s e r á q u i t a d o » (ley a d m i r a b l e , que parece haber regido siempre en lo e c o n ó m i c o , por lo que, s i n duda, la Iglesia, d e c i d i d a a seguir a J e s ú s en aquello que le conven í a , se dispuso desde el p r i m e r d í a a « t e n e r » , sin preocuparse de lo del camello y la aguja). « E n cuanto a esos de m i s enemigos—sigue J e s ú s p o r boca del flamante rey—que no q u i s i e r o n que yo reinase sobre ellos, traedlos a c á y delante de mí d e g o l l a d l o s . » T r a s lo cual, s e g ú n el Evangelio en c u e s t i ó n , el justo y d i v i n o parabolero: « S i g u i ó adelante,
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subiendo h a c i a J e r u s a l é n . » C o n higueras o sin higueras, las subidas h a c i a J e r u s a l é n no le sentaban. C l a r o que ser corderos y parecer a veces leopardos es prop i o de los naturalmente i m p u l s i v o s , p o r lo que muchos santos y grandes papas de este m o d o se h a n mostrado. L o s genuinamente nerviosos tienen con frecuencia estas insospechadas reacciones. Insospechadas, por supuesto, p a r a aquellos que s ó l o superficialmente les conocen. Y es que sienten con tanta fuerza, que s i n poderlo evitar se m a n i fiestan, bien que sean ovejitas, como tigres al verse contrariados. Y p o r ello envolverse, sin querer ni p r o p o n é r s e l o en realidad, en ropajes de v i o l e n c i a , disfrazando al hacerlo un fondo t a l vez angelical. Así, si b i e n se piensa, y aunque s ó l o se trata de u n a p u r a ficción, lo de la higuera no supon e ciertamente otra cosa: E l inventor del episodio, tratando de dar tonos de r e a l i d a d a su J e s ú s (para cada redactor es, c o m o vamos viendo, un poco suyo, un poco diferente a como ha llegado a sus manos), supone que tiene hambre, i m a g i n a que se le ocurre saciarla con lo a su j u i c i o m á s al alcance de su mano, con higos frescos, esos higos cogidos m u y de m a ñ a n a en el á r b o l m i s m o antes que los caliente el S o l , frutos que valen su peso en oro, y al no encontrarlos, atrozmente desilusionado, sin poderlo evitar ni darse cuenta de l o que h a c í a , lanza u n a m a l d i c i ó n . ¿ S i n darse cuenta t r a t á n dose de un Dios?, se d i r á . B i e n , pero esto el que va i m a g i nando l o o l v i d a mientras n o piensa e n ello. E l que inventa h i s t o r i a de dioses piensa, no puede hacerlo de otro modo, como lo que es, c o m o un h o m b r e . P o r ello, los descuidos, que le t r a i c i o n a n . P o r fortuna, los que creen tampoco reflex i o n a n profundamente y a causa de eso les creen. Pues ello les hace no darse cuenta de los imposibles que encierran con tanta frecuencia las narraciones. Así, al P a d r e de J e s ú s , que l ó g i c a m e n t e parece que d e b e r í a tener m á s experiencia, tanto por D i o s c o m o por viejo, t a m b i é n , a poco que se piense, no se puede menos de i m a g i n a r que a s i m i s m o sin darse cuenta de lo que h a c í a , le e n v i ó a m o r i r p o r los hombres con el pretexto de r e d i m i r l o s . Pues de haberse dado cuenta de que los hombres eran irredentos mientras no variase su
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naturaleza y m o d o p a r t i c u l a r de ser, en vez de a J e s ú s hubiese enviado o t r o D i l u v i o , sin N o é ni arca esta vez, y luego h u b i e r a vuelto a hacer de alfarero, pero empleando un b a r r o de m e j o r c a l i d a d . En cuanto al redactor de este episodio, si d i s c u r r e un poco, en vez de hacer m a l d e c i r a J e s ú s , le hace que bendiga a la higuera, que satisfecha y forzada a m i l a gro, se c u b r e no s ó l o de higos, sino de brevas c o m o el p u ñ o . C o n lo que el Evangelio h u b i e r a p o d i d o referir un p r o d i g i o m á s , y y a , en buena v í a , hasta nos h u b i é s e m o s ahorrado el e s p e c t á c u l o del T e m p l o si a los A p ó s t o l e s se les ocurre llen a r de brevas doce cestas, que, c o m o fruta a r c h i t e m p r a n a , se las hubiesen quitado los cambistas y d e m á s de las manos. T o d o ello sin contar que la higuera en c u e s t i ó n (alguna hubiese encontrado p o r allí la piedad), dos veces m i l e n a r i a , sería, como p í o monumento turístico, un manantial de r i queza p a r a el convento que construido en sus inmediaciones y a m p a r á n d o l a en su huerto, h u b i e r a hecho ricos, con s ó l o c u i d a r l a y e n s e ñ a r l a , a un buen p a r de docenas de orondos y barbudos varones m u y aptos p a r a toda santidad. Pero los redactores de los Evangelios no pensaron en l l e v a r su n a r r a c i ó n p o r este c a m i n o y, c l a r o , sus equivocaciones, sobre p r i v a r n o s de c o m e r higos en todo tiempo en T i e r r a Santa, nos inducen a creer que J e s ú s era menos manso de l o que seguramente d e s e a r í a m o s que hubiese sido. L a c u l p a , pues, no a E l , sino a los que de t a l m o d o le h a n pintado. « E l m a n s o y h u m i l d e J e s ú s » . . . Ya que lo de la mansed u m b r e nos ha fallado un poco, veamos de compensarlo con s u « h u m i l d a d » . P o r l o pronto, a l p r o p i o J e s ú s l e hace decir Mateo en X I , 29: « A p r e n d e d de m í , que soy manso y h u m i l d e de c o r a z ó n » , d e c l a r a c i ó n que p o r m u y sincera que sea, es todo menos un rasgo de h u m i l d a d . P e r o hay que tener en cuenta que los profetas suelen decir cosas que no deben tomarse al pie de la letra. El gran I s a í a s (no nos preocupemos ahora de que en r e a l i d a d fuesen tres los autores de lo que bajo este n o m b r e ha llegado hasta nosotros), el gran T s a í a s — d e c í a — h a b í a predicho lo de la mansedumb r e d e s u M e s í a s e n X L I , 14, del siguiente modo, que e l p r o p i o redactor de Mateo recuerda en X I I , 18: « H e a q u í
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a mi siervo, a q u i e n e l e g í (oigamos c o n respetuosa venerac i ó n , pues e l que h a b l a e s Y a h v é ) . M i amado, e n quien m i a l m a s e complace. H a r é descansar m i e s p í r i t u sobre E l y a n u n c i a r á el derecho de las gentes. No d i s p u t a r á , no gritar á , nadie o i r á s u voz e n las p l a z a s . . . » A q u í t a m b i é n , tomand o las cosas a l p i e d e l a letra, c r e e r í a m o s que I s a í a s n o pensaba en el M e s í a s que h a b í a de encarnar en la persona de J e s ú s . O que lo de que no d i s p u t a r í a , g r i t a r í a ni nadie le o i r í a en las plazas, lo d e c í a p o r despistar. De m o d o que tomemos las cosas como m a n d a la Santa M a d r e Iglesia y sigamos c o n lo de la h u m i l d a d , de la que Marcos, en X, 18; Mateo, en X I X , 16-26, y Lucas, en X V I I I , 18-27, ofrecen un ejemplo a d m i r a b l e . V é a s e : « S a l i d o de c a m i n o , c o r r i ó a E l uno, que a r r o d i l l á n d o s e , l e p r e g u n t ó : ' M a e s t r o bueno, ¿ q u é h e d e hacer p a r a alcanzar l a v i d a eterna?' J e s ú s l e d i j o : ' ¿ P o r q u é m e l l a m a s bueno? N a d i e e s bueno sino Dios.'» A d m i r a b l e . Tanto m á s cuanto que se h u b i e r a p o d i d o q u i t a r de e n c i m a a aquel que p r e t e n d í a v i v i r eternamente d i c i é n d o l e : « P a r a v i v i r eternamente cuitado, l o m e j o r e s n o m o r i r s e . » E n cambio, q u é respuesta d e ejemplar modestia. C l a r o que a l g ú n maledicente p o d r í a decir que d e h u m i l d a d aparente tan s ó l o . Aparente, pues ¿ n o le o í m o s decir c i e n veces que es el H i j o de D i o s , y en Juan, ya s i n tapujos: «El Padre y yo somos u n o » ? Pero a estos maledicentes yo les r e p l i c a r í a : ¿Y cuando en Juan ( X I I I , 4) lava los pies a todos los A p ó s t o l e s ? ¿ E s esto arrogancia o h u m i l d a d ? Porque E l l o hizo seguramente p o r h u m i l l a r s e , ¡ y era todo un Dios!, no c o m o los reyes y los papas, que lo hacen y lo h i c i e r o n siempre para l a g a l e r í a , p o r hacer escaparate. Oigamos a Juan relatar el hecho. Es conmovedor: « S e l e v a n t ó de la mesa, se q u i t ó los vestidos, y tomando u n a toalla se la c i ñ ó ; luego e c h ó agua en la jofaina y e m p e z ó a lavar los pies a sus d i s c í p u l o s y a e n j u g á r s e l o s con la t o a l l a que t e n í a ceñida.» H u m i l d e , y m á s que h u m i l d e , ¡ p r o d i g i o s o ! Sabiendo apreciar las cosas, el J e s ú s de los Evangelios es un m i l a gro v i v o . Porque si lo del lavatorio es h u m i l d a d de la m e j o r clase, lo de secarles los pies con la toalla « q u e t e n í a ceñid a » , es decir, s i n q u i t á r s e l a , supone un serpenteo y unos
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m o v i m i e n t o s que si lo hace en p ú b l i c o y Judas, el cajero de la p a n d i l l a , pasa el turbante o c u a l q u i e r o t r a cosa buena p a r a recoger, recauda dos k i l o s de cobre. S i n contar que al p r o p i o Judas Iscariote, h i j o de S i m ó n , que, c o m o se dice poco antes: « E l diablo y a h a b í a puesto e n s u c o r a z ó n e l p r o p ó s i t o de e n t r e g a r l e » , ¡y J e s ú s lo s a b í a ! , no por ello d e j ó de lavarle t a m b i é n e i n c l u s o de secarle las indignas peanas. R e p i t o que a d m i r a b l e . C l a r o que j u n t o a estos rasgos de h u m i l d a d , escasos, y que h a y que buscar m u c h o p a r a encontrarlos (las perlas y todas las gemas s ó l o a costa de m u c h o trabajo se encuentran), h á l l a n s e , e n c a m b i o , c o n demasiada frecuencia e n J e s ú s manifestaciones de un o r g u l l o s i n l í m i t e s . Y esto tanto en El m i s m o c o m o en su m i s i ó n , en su poder y, a creer a sus b i ó g r a f o s , claro e s t á , e n s u p a r a E l indudable d i v i n i dad. Así, los redactores de los Evangelios se o l v i d a n de la h u m i l d a d c o n que se p r o p o n í a n p i n t a r a su protagonista, cuando tras «la a b o m i n a c i ó n d e l a d e s o l a c i ó n » ( p r o f e c í a d e las buenas, de las que no fallan, pues la ponen en boca de J e s ú s muchos a ñ o s d e s p u é s d e o c u r r i d a l a d e s t r u c c i ó n del T e m p l o de J e r u s a l é n ) , Marcos, en X I I I , 14 y siguientes; Mateo, en X X I V , 15-31, y Lucas, en X X I , 20-27, a ñ a d e n c o m o c o l o f ó n estas palabras: « E l Cielo y la T i e r r a p a s a r á n , pero m i s palabras n o p a s a r á n . » T a m p o c o p a r e c í a dar prueb a d e h u m i l d a d cuando d e c í a : «Yo soy l a l u z del M u n d o » (Juan, V I I I , 12). C l a r o que a q u í , el redactor de este Evangelio le hace h a b l a r como t a l D i o s . Lo m i s m o que cuando aseg u r a a poco: «Si juzgo, mi j u i c i o es verdadero, p o r q u e no estoy solo, s i n o y o y e l Padre, que m e h a e n v i a d o . » Y : «Vosotros sois de abajo (vosotros son u n a vez m á s los fariseos), yo soy de a r r i b a ; vosotros de este M u n d o , yo no soy de este M u n d o . » Oyendo todo esto, ¿ c ó m o p o d r í a e x t r a ñ a r que los fariseos, m o n o t e í s t a s ciento p o r ciento, c o m o se dice a h o r a , le considerasen como el m á s terrible de los blasfemos al o í r l e decirse u n a y o t r a vez H i j o de Dios y que acabasen por c r u cificarle? H o y m i s m o , si o y é s e m o s a alguien d e c i r cosas semejantes, ¿ n o c r e e r í a m o s que se trataba de un pobrecito
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perturbado, es decir, como un Cristo de esos que aparecen a q u í o a l l á de cuando en cuando? P o r cierto, que en el momento en que esto escribo e s t á sobre el tapete, acabada la v i c t o r i a fulminante de los j u d í o s contra los á r a b e s , la espinosa c u e s t i ó n de los llamados Santos Lugares de J e r u s a l é n , que, p o r lo visto, v a n a ser internacionalizados. P e r o ¿ q u i é n i n t e r n a c i o n a l i z a r á t a m b i é n las ideas y los sentimientos? Porque á r a b e s y j u d í o s , ¿ n o s e g u i r á n considerando a los cristianos como blasfemos e incluso como embusteros o y é n d o les a f i r m a r que J e s ú s es D i o s , bien que no p a s ó p a r a unos, los j u d í o s , de un falso M e s í a s , y para los otros, á r a b e s , de un Profeta m á s ? ¿Y q u é pensar de todos y del tinglado armado, s i n v e r d a d n i fundamento, e n torno a u n m i t o m á s ? En el Evangelio de J u a n , sus redactores (ya veremos que tal c u a l ha llegado a nosotros es obra, p o r lo menos, de dos manos) se las arreglaron p a r a escamotear al h o m b r e y ofrecernos tan s ó l o al D i o s . Un Evangelio que comienza: «Al p r i n c i p i o era el V e r b o , y el V e r b o estaba en Dios, y el V e r b o era Dios», ya se comprende y adivina que m a l p o d í a este Dios, hechura de M a r c i ó n , d i s i m u l a r mucho su d i v i n i d a d al consentir en hacerse h o m b r e . De tal m o d o que a e x c e p c i ó n de los fariseos (cabeza de turco en todos los Evangelios, y sacados a escena p a r a ir preparando y justificando poco a poco e l deseado final), todos ven e n E l a l D i o s , n o a l h o m bre. E m p e z a n d o p o r sus d i s c í p u l o s . Aquí, por cierto, distintos de los que nos ofrecen los s i n ó p t i c o s . Así, uno de ellos, Nataniel, en I, 48, al preguntar a J e s ú s : «¿De q u é me conoces?» Y responderle é s t e : «Antes que Felipe te llamase cuando estabas debajo de la higuera, te vi», basta p a r a que N a taniel diga, demostrando ser un verdadero á g u i l a p a r a estas cosas: «Rabbí, tú eres el H i j o de Dios. Tú eres el R e y de I s r a e l . » A lo que si no el modesto, sí el divino Rabbí, responde: « P o r q u e te he dicho que te vi debajo de u n a higuer a , ¿ c r e e s ? Cosas mayores has de ver. Y a ñ a d i ó : En v e r d a d , en verdad os digo que v e r é i s abrirse el Cielo y a los á n g e l e s de D i o s subiendo y bajando sobre el H i j o del h o m b r e . » N a d a m á s . C i e r t o que suficientemente i d i o t a . Pero dejemos a J u a n donde, claro, J e s ú s , continuamente
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D i o s , p o r modestamente que se manifieste algunas veces, a nosotros (gusanillos de un M u n d o , p a r t í c u l a insignificante de uno de los miles de m i l l o n e s de sistemas solares de u n a de las infinitas galaxias), fatalmente, nos tiene que parecer arrogante. M a s ¿ a c a s o en los s i n ó p t i c o s no se m u e s t r a con frecuencia de m o d o semejante, es decir, l l e n o de o r g u l l o e i l i m i t a d a fe en sí m i s m o y, p o r consiguiente, lejos, m u y lejos de la h u m i l d a d h u m a n a , no obstante el i n t e r é s de los redactores de estos l i b r o s en hacer creer que fue h o m b r e y, en c a m b i o , sí, c o m o los hombres muchas veces, l l e n o de v a n i d a d y arrogancia? P o r q u e , ¿ c ó m o juzgar de o t r o m o d o cuando le o í m o s decir en Marcos ( X I I I , 31): «El Cielo y la T i e r r a p a s a r á n , mas m i s palabras n o p a s a r á n » ? ¿ C ó m o n o imaginarnos, leyendo esto, al f a n á t i c o que rayaba la cera c o n el p u n z ó n inventando tales palabras y a t r i b u y é n d o s e las a J e s ú s , es decir, al m i s m o del que ya h a b í a escrito, p a r a empezar: « P r i n c i p i o del Evangelio de Jesucristo, H i j o de Dios»? T a m p o c o se m u e s t r a m u y modesto cuando en Marcos ( X I V , 5-9), en Mateo ( X X V I , 1-5) y en Juan ( X I I , 4-8), estando c o m i e n d o «en casa de S i m ó n el leproso, v i n o u n a m u j e r trayendo un vaso de alabastro lleno de u n g ü e n t o de nardos a u t é n t i c o , de g r a n valor, y r o m p i e n d o el vaso de alabastro, s e l o d e r r a m ó sobre l a c a b e z a » . P o r q u e o c u r r i ó que cuando los que lo h a b í a n presenciado empezaron a decir que p o d í a haber vendido aquel frasco «en m á s de trescientos denarios y darlo a los p o b r e s » , J e s ú s , olvidando su papel de defensor d e é s t o s , r e p l i c ó que h a b í a hecho m u y b i e n obrando c o m o h a b í a obrado, y que « d o q u i e r a que predique el E v a n g e l i o , en todo el M u n d o , se h a b l a r á de lo que h a b í a hecho p a r a m e n c i ó n de ella». Claro que p o d r í a decirse, tal vez, que estas palabras son las propias de un pobre m e g a l ó m a n o que cree c a d a vez m á s firmemente, al menos t a l se puede j u z g a r p o r el p r o p i o Evangelio, que c o n la ayuda de Dios, al que t a m b i é n i m a g i n a que es su Padre, va a llegar de un m o m e n t o a o t r o al t r o n o de Israel, y que en el gesto de la m u j e r v e í a tan s ó l o e l ungimiento que d e b í a preceder a l t r i u n f o f i n a l . Pero, en todo caso, no d e b i ó entenderlo a s í
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Judas Iscariote, que al ver que su M a e s t r o se p r e f e r í a a los pobres, p o r los que tanto p a r e c í a interesarse en otras ocasiones, d e c i d i ó , c o m o se sabe, ir «a los p r í n c i p e s de los sacerdotes p a r a e n t r e g a r l e » . T a m p o c o b r i l l a l a h u m i l d a d e n las palabras tras las que se ocultaban los verdaderos p r o p ó s i t o s del redactor o redactores de Mateo, cuando parece e s t i m u l a r a los cristian o s de entonces a que perseveren llenos de fe en p r o de la Iglesia naciente, y a l u c h a r contra los que se o p o n í a n a ella, p a r a e s t i m u l a r a los cuales, s i n duda, p u s o en b o c a de J e s ú s lo que se lee en Mateo ( X , de 16 a 40), que acaba con estas brutales violencias y o r g u l l o s í s i m a s palabras: « N o p e n s é i s que he venido a poner paz en la T i e r r a ; no vine a poner paz, sino espada. P o r q u e he v e n i d o a separar al h o m b r e de su padre, a la h i j a de su m a d r e y a la n u e r a de su suegra, y los enemigos del h o m b r e s e r á n los de su casa. El que a m a al padre o a la m a d r e m á s que a m í , no es digno de m í , y el que no t o m a su c r u z y sigue en pos de m í , no es digno d e mí.» N a d a m á s . E s decir, sí, algo m á s . E n Lucas ( X I V , 26) a ú n es m e j o r a d o tan h u m i l d e , noble y celestial program a ; o i g á m o s l o : «Si alguno viene a mí y no aborrece a su padre, a su madre, a su mujer, a sus h i j o s , a sus hermanos, a sus hermanas y a su p r o p i a v i d a , no puede ser mi discíp u l o . » E l que e s c r i b i ó esta serie d e torpes infamias, ¿ n o c o n o c í a lo de « h o n r a r a su padre y m a d r e » ; el « p e r o yo os digo que todo el que se i r r i t a c o n t r a su h e r m a n o s e r á reo de j u i c i o , y el que le l l a m e loco, reo de la gehenna de fuego», y lo de «si vas a presentar u n a ofrenda ante el altar, ve p r i m e r o a reconciliarte c o n tu h e r m a n o y luego vuelve a presentar la o f r e n d a » , lo de « a m a d a vuestros enemigos y o r a d p o r los que os p e r s i g u e n » y d e m á s preceptos que se leen en el p r o p i o Mateo unos c a p í t u l o s antes? ¿Y a q u i é n se p o d r í a hacer creer, a menos de tener un e s p í r i t u cegado, f a n á t i c o e i r r a c i o n a l , que la m i s m a mano que e s c r i b i ó u n a cosa e s c r i b i ó a l p u n t o l a otra? N o , l a m a n o que h a escrito esto n o fue l a que e s c r i b i ó aquello. E n c a m b i o , s í l a que h a b í a escrito u n m o m e n t o antes: « E l h e r m a n o e n t r e g a r á a l h e r m a n o a la muerte, el padre al h i j o , y se l e v a n t a r á n los
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hijos c o n t r a los padres y les d a r á n m u e r t e . » Y t a m b i é n la que m u e s t r a a un J e s ú s infinitamente orgulloso y enfatuado (Mateo, V I I I , 21), replicando al d i s c í p u l o que le pide permiso p a r a ir a enterrar a su padre: « S i g ú e m e y deja a los muertos enterrar a los m u e r t o s . » Y la que cuando le d i c e n : « T u m a d r e y tus hermanos e s t á n a h í fuera y te b u s c a n » , hace r e p l i c a r a J e s ú s que p a r a El no hay o t r a f a m i l i a que los que le siguen. Y que « t o d o el que c u m p l e la v o l u n t a d de m i Padre, é s t e e s m i hermano, m i h e r m a n a y m i m a d r e » . Luego si los « m u e r t o s » eran los que no le s e g u í a n , y p a r a «vivir» y ganar el R e i n o de su P a d r e era preciso renegar de los sentimientos que este Padre p a r e c í a haber puesto en la naturaleza d e l h o m b r e p a r a diferenciarle de las bestias y de las fieras, y ni aun esto, puesto que el instinto m a t e r n a l no parece faltar sino en las especies inferiores, ¡ e x t r a ñ a m o r a l la de los que t a l m o r a l le a t r i b u í a n a J e s ú s ! Porque, ¿a q u i é n sino a los redactores y forjadores del m i t o cargar las incoherencias y contradicciones de d o c t r i n a q u e se observan en las pretendidas e n s e ñ a n z a s de J e s ú s , y las diferencias entre unas palabras y otras palabras y unos actos y otros actos? (388). S i h u b i e r a habido u n h o m b r e tan lleno d e v a n i d a d torpe, de o r g u l l o m á s a l l á de todo lo imaginable y de tan desatinada fe en sí m i s m o c o m o p a r a aconsejar que, por seguirle, se pisotease, c o m o hemos visto aconsejar a J e s ú s p o r o b r a y gracia de los que i b a n forjando tan dispar y torpemente su figura, los m á s sagrados y nobles afectos humanos, ello h u b i e r a bastado p a r a que hubiese merecido que se le volviese la espalda, e incluso p a r a que no se deplorase verle m o r i r e n u n a cruz. E s c r i t a s , c o m o fueron, p o r f a n á t i c o s ciento p o r ciento, c o n objeto de a t r i b u í r s e l a s , cuanto queda es alegrarse de no conocer s i q u i e r a su n o m b r e . S i , como parece evidente, i n t e r v i n o m á s de u n a mano en cada u n a de estas redacciones o, por lo menos, sobre la p r i m i t i v a b o r d a r o n otras c o n e l p r o p ó s i t o d e m e j o r a r l a , l a que escrib i ó todo lo anterior e r a digna de la que en Marcos ( I I I , 3135) hace renegar a J e s ú s de los suyos (hecho que repite Mateo en X I I , 46-50, y Lucas en V I I I , 19-21), y de la que en
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X, 14 (siguiendo a Marcos, V I , 11, y luego en Lucas, I X , 5), hace aconsejar a J e s ú s , a los A p ó s t o l e s , que de la c i u d a d , aldea o lugar donde se nieguen a escuchar sus consejos, entendiendo p o r tales consejos cosas c o m o las anteriores, c o n t r a r i a s a las m á s elementales leyes naturales y humanas, no quieran ni el p o l v o que hayan p o d i d o recoger sus sandalias (389). En todo caso, la Iglesia, elaborando a t r a v é s de los Evangelios la leyenda de un C r i s t o - J e s ú s de doble f i l o , de dos caras, de dos aspectos diametralmente opuestos, ha conseguido e n g a ñ a r durante diecinueve siglos a m i l l o n e s de criaturas y t r i u n f a r y seguir triunfando. Y h o y m i s m o , no obstante haber p e r d i d o un poder t e m p o r a l alcanzado encog i é n d o s e de h o m b r o s ante afirmaciones tales c o m o « m i R e i no n o es de este M u n d o » (Juan, X V I I I , 36), luego de s e ñ a l a r claramente la o p o s i c i ó n a las potencias temporales (Marcos, X, 42-45; Lucas, X X I I , 25 y sigs.), haber p r e s c r i t o el empleo de la v i o l e n c i a contra los que no q u e r í a n escucharle (Lucas, I X , 53-56), y todo porque el f i n del M u n d o y la llegada d e l R e i n o de D i o s eran inminentes (Mateo, X V I , 28; X X I V , 34, y Marcos, X I I I , 30) (que cuando es preciso escudarse tras «el dulce J e s ú s » nadie c o m o ella sabe hacerlo, y c u a n d o conviene encerrar bajo siete llaves al a p ó s t o l de la pobreza y de la h u m i l d a d , lo m i s m o ) , a ú n sigue siendo u n a de las grandes potencias del M u n d o en cuanto a poder e c o n ó m i c o y a d o m i n i o e s p i r i t u a l . P e r o v o l v a m o s unos instantes t o d a v í a con el J e s ú s h u m i l d e y con el J e s ú s orgulloso. El que aseguraba que no obstante todo lo dicho, es decir, l o que e r a preciso hacer p a r a seguirle (amarle m á s que a padres, hijos, hermanos, y abandonar todo p o r c o r r e r tras E l : Mateo, X, 37, 38): « q u e su yugo era blando, y su carga l i g e r a » (Mateo, X I , 30); que si el T e m p l o era grande, E l l o era m á s (Mateo, X I I , 6); que e l que a o estaba con E l , estaba c o n t r a E l (Mateo, X I I , 30), y e l que siempre v e r í d i c o y modesto aseguraba que cuando se sentase «en el trono de su g l o r i a » , s e n t a r í a , a su vez, a los doce A p ó s t o l e s «en" otros tantos doce tronos p a r a que juzgasen a las doce t r i bus de I s r a e l » .
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A ú n se le hace decir que todo el que dejase hermanos y hermanas, o padre y madre, o hijos, o campos, p o r a m o r a su nombre, « r e c i b i r á el c é n t u p l o y h e r e d a r á la v i d a etern a » (Mateo, X I X , 28). Y aconsejar a los A p ó s t o l e s que marchasen a p r e d i c a r sin l l e v a r nada c o n ellos, pues s ó l o anunciar que el R e i n o de D i o s estaba p r ó x i m o , b i e n v a l í a que les acogiesen y alimentasen. Y que, puesto que i b a n « c o m o ovejas en medio de l o b o s » , fuesen « p r u d e n t e s como serpientes y sencillos c o m o p a l o m a s » (Mateo; X, 7, 10, 16). Consejos irables y ciertamente nunca otros m á s seguidos, pues ¿ c u á n t o s no h a n v i v i d o y siguen viviendo practicando tan laudables n o r m a s de u n a u o t r a f o r m a ? En cuanto a modestia, creo que m a l se h a r í a en no t o m a r c o m o Maestro al J e s ú s que d e c í a : «Luz soy del M u n d o » (Juan, I X , 5). Y: «Me l l a m á i s Maestro y S e ñ o r : y d e c í s bien, porque lo soy» (Juan, X I I I , 13). Y: «Yo soy el c a m i n o , y la verdad, y l a v i d a ; nadie llega a l P a d r e sino p o r mí.» Y : « Y o soy en el Padre, y el Padre en m í » (Juan, X I V , 6, 11). Y el que, siempre ajeno a toda v a n i d a d , en Marcos, I X , 1-12; en Mateo, X V I I , 1-6, y en Lucas, I X , 28-36, se transfigura ante los A p ó s t o l e s en s u b l i m e acto de h u m i l d a d : « B r i l l ó su r o s t r o c o m o el S o l , y sus vestidos se v o l v i e r o n blancos como la luz.» Y por si ello fuese poco, a u n los m a r a v i l l a d o s disc í p u l o s v i e r o n «a M o i s é s y a E l i a s hablando c o n E l » , tras lo c u a l fueron cubiertos « p o r u n a nube resplandeciente, y s a l i ó de la nube u n a voz que d e c í a (como cuando el baut i s m o en el J o r d á n ) : E s t e es mi H i j o amado, en q u i e n tengo mi complacencia». Leyendo estas cosas no puede uno menos de preguntarse: ¿ P e r o para q u i é n se e s c r i b í a n ? L o s que tales h a c í a n , ¿ q u é concepto t e n í a n de la m e n t a l i d a d de aquellos a quienes i b a n a ser predicadas y l e í d a s ? En todo caso, el t i e m p o y lo ocur r i d o parece haber demostrado que s a b í a n m u y b i e n p a r a q u i é n e s e s c r i b í a n ; de q u é c a l i d a d era, p o r lo general, la inteligencia h u m a n a , y lo que era preciso s e r v i r l a . Es decir, que p i n t á n d o l e s u n J e s ú s dulce, h u m i l d e y resignado, u n J e s ú s - C o r d e r o , b a b e a r í a n de gozo m í s t i c o . Si se les ofrecía orgulloso, arrogante, lleno de v a n i d a d y enemigo y demole-
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dor de las leyes y sentimientos m á s humanos, nuevas babas y ¡ b e n d i t o t a m b i é n , puesto que era el H i j o de Dios y a causa de ello cuanto h a c í a seguramente lo mejor! Que la ventaja de cuanto se labre en el c a m p o s i n l í m i t e s que es la FE e s t á en que cuanto se afirme, p o r absurdo e i m p o s i b l e , disparatado y c o n t r a d i c t o r i o que sea, a d m i t i d o s e r á y c r e í d o a causa precisamente de faltar en el o t r o p l a t i l l o de la balanza l o ú n i c o que p o d r í a frenar e l enorme d e s v a r í o : e l peso d e l a r a z ó n . P o r q u e c o m o si hay algo i m p o s i b l e es u n a r e l i g i ó n s i n D i o s (cuando del B u d i s m o se quiso hacer u n a hubo que t r a n s f o r m a r al B u d a en uno m á s de ellos), los dirigentes de las p r i m e r a s comunidades cristianas no v a c i l a r o n (comb i n a n d o los elementos m á s adecuados p a r a ello, especialmente los escritos a p o c a l í p t i c o s j u d í o s , que, c o m o hemos visto, h a b í a n inventado a l H i j o d e l h o m b r e , a l que e l Jefe de los d í a s daba ya en Daniel ( V I I , 12) i m p e r i o , g l o r i a y realeza) en dar comienzo a u n a leyenda o en reforzarla si ya h a b í a n a c i d o a semejanza de otras que h a b l a b a n de dioses Salvadores, que tras m o r i r por favorecer a los hombres, resucitaban (Adonis, A t t i s , O s i r i s , Zagreus, T a m u z , etc.). M a s c o m o el t i p o « l e y e n d a » era ya d i f í c i l m e n t e a d m i s i b l e , a menos de perderse en la noche de los tiempos, c o n objeto de ofrecer c o n c a r á c t e r « h i s t ó r i c o » la nueva r e l i g i ó n de salvac i ó n que q u e r í a n i m p l a n t a r , l a presentaron, audacia m a g n í fica, a t r a v é s de un p r i m e r Evangelio, el de M a r c i ó n , que, s i n duda, h a b í a recogido todas las aspiraciones en este sentido. Y la naciente Iglesia, a favor d e l Evangelio de M a r c o s , nacido p o r o b r a del de M a r c i ó n , pero a p a r t á n d o s e de él lo suficiente p a r a que pareciese cosa o r i g i n a l y distinta. Y c o m o lo esencial era dejar b i e n sentado desde un p r i n c i p i o e l c a r á c t e r d i v i n o del protagonista, l o que tampoco h a b í a descuidado M a r c i ó n , de a q u í que el Evangelio de M a r c o s empezase asegurando, c o m o sabemos (I, 1): « P r i n c i p i o d e l E v a n g e l i o de Jesucristo, H i j o de Dios.» Y que luego esto m i s m o fuese repetido con frecuencia, p a r a g r a b a r l o bien, tanto en este Evangelio como en los d e m á s . E incluso, p a r a que no hubiese duda, p o r boca d e l D i o s P a d r e m i s m o : « T ú
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eres mi H i j o amado, en el que me c o m p l a z c o » , que o í m o s decir, c o m o sabemos, a este elevado personaje en dos ocasiones: con m o t i v o del bautismo de J e s ú s y d e s p u é s en la escena de la « t r a n s f i g u r a c i ó n » . Y luego por el p r o p i o J e s ú s en cuantas ocasiones se e s t i m a n oportunas p a r a i n s i s t i r sobre e l l o . P o r ejemplo, en Mateo ( X V I , 27) y en Lucas ( I X , 26), a p r o p ó s i t o de que « C u a n d o e s t é en la g l o r i a de su P a d r e con los santos á n g e l e s d a r á a cada uno s e g ú n sus o b r a s » , o «se a v e r g o n z a r á de los que se a v e r g ü e n c e n de El». E n Marcos ( X I V , 61), cuando a n u n c i a « q u e v e n d r á sobre las nubes con g r a n p o d e r y m a j e s t a d » . E n Mateo ( X X V I , 63, 64), cuando a s i m i s m o J e s ú s asegura al p o n t í f i c e de Jerus a l é n que es el M e s í a s , el H i j o del Bendito, y que le v e r á n sentado «a la diestra del P o d e r y v e n i r sobre las nubes del Cielo», palabras que de t a l m o d o suenan a blasfemia al mencionado p o n t í f i c e , para quien no hay otro Dios que Y a h v é , que furioso y desesperado rasga sus vestiduras. En Marcos ( X V , 39), donde o í m o s decir a l c e n t u r i ó n que e s t á frente a J e s ú s cuando é s t e muere: « V e r d a d e r a m e n t e , t ú eres e l H i j o de Dios.» En Mateo ( X V I , 16-20), en que Pedro, a su vez, le dice: « T ú eres el M e s í a s , el H i j o de Dios vivo.» Lo que le vale (esta a f i r m a c i ó n fue t r a í d a de intento p a r a sacar l a consecuencia) que e l s a t i s f e c h í s i m o J e s ú s l e n o m b r e a l p u n t o la p i e d r a angular de su Iglesia, ¡de u n a Iglesia en la que, c o m o sabemos, j a m á s h u b i e r a podido pensar, puesto que cuanto anunciaba era el i n m e d i a t o advenimiento d e l R e i n o de su Padre! En Marcos vemos o c u r r i r esto m i s m o en V I I I , 28, 29. P e r o a q u í no p r e m i a a Pedro, c o m o en Mateo. Lo que evidencia que lo de este Evangelio es u n a interpolac i ó n hecha cuando ya empezaba a convenir a los obispos de R o m a que esta c i u d a d fuese no s ó l o la p r i m e r a del I m perio, sino p o r ello t a m b i é n de la c r i s t i a n d a d naciente. A ú n se p o d r í a n r e c o r d a r las palabras de Mateo ( V I I , 21), asegurando que sólo e n t r a r á en el Cielo el que haga la v o l u n t a d de su Padre. O cuando El m i s m o dice a este P a d r e : « P a d r e , s i quieres aparta d e m í este cáliz.» E n f i n , d e tal m a n e r a hace falta que conste su origen y c a l i d a d d i v i n a , que se hace que lo asegure hasta el D e m o n i o cuando las tentaciones d e l
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desierto. E incluso los demonios menores que escapan, p o r su orden, del cuerpo de aquellos a los que p o s e í a n , c o m o Lucas asegura que h i z o uno ( I V , 41), que e s c a p ó gritando: « ¡ T ú eres el H i j o de Dios!» Y no digamos nada ya de Juan, porque en este Evangelio, desde el p r i m e r instante, J e s ú s aparece ya c o m o D i o s , se m u e s t r a c o m o D i o s y c o m o t a l D i o s o b r a a t r a v é s de todo él. Si en los s i n ó p t i c o s cuantos le o í a n «se m a r a v i l l a b a n de su d o c t r i n a porque su p a l a b r a era c o n p o t e s t a d » (Marcos, I, 22; Mateo, V I I , 29; Lucas, I V , 32), a q u í , en Juan, esta magn í f i c a h u m i l d a d del H i j o de Dios llega hasta el desprecio m á s total h a c i a quienes l e escuchan. M u y p a r t i c u l a r m e n t e hacia aquellos pobres fariseos que en vano t r a t a n varias veces de apoderarse de E l , pero de los que escapa c o m o quiere, desapareciendo milagrosamente de entre sus manos. Es decir, exactamente c o m o vemos hacer a A p o l l o n i o s de Tianes, en la v i d a de este gran taumaturgo, referida p o r Filostratos ( v é a s e mi t r a d u c c i ó n en el t o m o La novela griega). Pues si en los s i n ó p t i c o s todo es, c o m o ha p o d i d o comprobarse cien veces, inventado y caprichoso, un continuo tejer, m e j o r a r y aumentar la leyenda p r i m i t i v a , a q u í , en Juan, m u c h o m á s . Lo c a p r i c h o s o allí, es a q u í caprichoso y medio. E m p e z a n d o p o r las cuatro subidas a J e r u s a l é n (en ri, 13; V, 1; V I I , 10, y X I I , 12), c o n t r a u n a t a n sólo de los otros Evangelios. L o s d i s c í p u l o s , que son distintos (en V I , 67, aparecen de pronto doce, de cuatro que eran). Descender a C a f a r n a u m con su m a d r e y sus hermanos y permanecer allí con ellos algunos d í a s , viajecito del que nada s a b í a n Marcos, Mateo ni Lucas, y, p o r supuesto, tras haber despachado a M a r í a de no m u y buenos modos poco antes, en I I , 4. B a u t i z a r el p r o p i o J e s ú s , c o m o se a f i r m a en I I I , 22, y I V , 1, cosa que tampoco h a b í a hecho en los s i n ó p t i c o s . C i e r t o que p a r a decir l o c o n t r a r i o a l punto, e n I V , 2 . E n f i n (cuando le toque el turno a este Evangelio me o c u p a r é m á s especialmente de él, que, c o m o se sabe, a causa, s i n duda, de su enorme diferencia c o n los otros tanto t a r d ó en ser a d m i t i d o en el Canon), la e x t r a ñ a y verdaderamente antrop o f á g i c a e u c a r i s t í a de V I , 53-58, que u n i d a a lo que dice al
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punto en 65, h i z o que muchos d i s c í p u l o s se separasen de E l . C o n s e r v ó los doce de r i g o r a causa, s i n duda, de esto, de ser este n ú m e r o c l á s i c o , p o r d e c i r l o a s í , debido a las doce tribus de Israel. U n a ú l t i m a o b s e r v a c i ó n a p r o p ó s i t o de este c o n t i n u o proclamarse J e s ú s H i j o de Dios (o de proclamarle los que a s í q u e r í a n que fuese considerado, p a r a el caso es igual), que echa p o r t i e r r a cuanto se quiera decir relativo a su humildad. A d m i t a m o s p o r un m o m e n t o la existencia h i s t ó r i c a de J e s ú s , s i n preocuparnos de pensar, c o m o todos los representantes de la escuela h i s t ó r i c a , que de cuanto cuentan de El los Evangelios, lo ú n i c o posible, concediendo m u c h o , sea su muerte en la cruz (no la muerte, claro e s t á , de un D i o s , cosa i m p o s i b l e , sino de un modesto profeta de este n o m b r e ) . A d m i t i d o lo anterior c o n objeto de poder seguir argumentando, ¿ q u é p o d r í a m o s , en efecto, pensar de un h o m b r e , del ú l t i m o de los profetas de Israel, que afirmase y dejase a f i r m a r de El que era nada menos que H i j o de D i o s ? Consideremos esto « r a c i o n a l m e n t e » porque, claro, si se empieza p o r a d m i t i r que lo era e i n c l u s o su sacrificio m a g n í f i c o y enteroecedor de consentir en m o r i r p a r a redim i r a los hombres, entonces cuanto dicen los Evangelios, m i l a g r o s y todo, p o r i m p o s i b l e y disparatado que sea, parec e r á n a t u r a l y a ú n s a b r á a poco. M a s si en vez de consider a r l a c u e s t i ó n c o n e l sentimiento, s e l a considera con l a cabeza, si en vez de creer se piensa, ¿ p o d r í a m o s d e c i r o t r a cosa sino que los redactores de los Evangelios nos legaron con su J e s ú s el ejemplo t o t a l y perfecto de un desequilib r a d o m e n t a l atacado d e m e g a l o m a n í a religiosa? S i t r a t á n dose, p o r ejemplo, d e l B u d a , al que vemos dejar todo, incluso l o que m á s ama, s u h i j o r e c i é n nacido, s u padre, s u mujer, p a r a lanzarse a u n a v i d a de m i s e r i a y p r e d i c a c i ó n empujado p o r u n a idea que cree redentora, no podemos menos de pensar en u n a verdadera, p o r a d m i r a b l e que fuese en el fondo, p e r t u r b a c i ó n cerebral, ¿ c ó m o pensar de m o d o distinto de o t r o h o m b r e que, de haber existido, se l a n z ó , de p r o n t o t a m b i é n , a p r e d i c a r el i n m e d i a t o advenimiento d e l R e i n o de su Padre, asegurando, a d e m á s , y dejando que lo
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asegurasen los d e m á s , que, en efecto, era no tan s ó l o H i j o de Dios, sino, como se d e d u c í a de t a l a f i r m a c i ó n , Dios El m i s m o ? Me contento con la respuesta de los que no creen que h a y a habido j a m á s seres humano-divinos capaces de m o r i r y resucitar, se l l a m e n A t t i s , A d o n i s , O s i r i s , Zagreus o J e s ú s . Y volviendo a los Evangelios, pasemos al tercer punto. E l relativo a l J e s ú s que, s e g ú n é s t o s , e n s e ñ a b a mediante palabras que se han conservado como verdaderos modelos de verdad y de m o r a l , y mediante p a r á b o l a s llenas, c o m o suele decirse, de sencillez y de encanto. Y veamos si esto es o no tan « v e r d a d e r o » c o m o lo de la « d u l z u r a » y la «humildad». La serie de p a r á b o l a s empieza en Mateo c o n la del semb r a d o r ( X I I I , 1-9). Lo p r i m e r o que sorprende es lo siguiente, en lo que a esta c u e s t i ó n afecta. Cuando los d i s c í p u l o s preguntan a J e s ú s : « ¿ P o r q u é les has hablado en p a r á b o l a s ? » E s t e replica, como luego en Marcos, que p a r a que no le entendiesen, a ñ a d i e n d o : «A vosotros os ha sido dado conocer los misterios del R e i n o de los Cielos; pero a é s o s , no.» Y a ú n dice unas palabras e n i g m á t i c a s : « P o r q u e al que tiene, se le d a r á m á s y a b u n d a r á , y al que no tiene, a u n aquello que tiene le s e r á q u i t a d o . » Y digo « e n i g m á t i c a s » en vez de o t r a cosa menos agradable de o í r , sobre todo t r a t á n d o s e de un D i o s , p o r m i e d o a que a l g ú n sabio t e ó l o g o demuestre, c o m o dos y dos son cuatro, que no tan s ó l o son c l a r í s i m a s , sino oportunamente aplicadas, evidenciando c o n ello que verdaderamente yo h u b i e r a merecido ser a u d i t o r de J e s ú s . En Marcos ( I V , 10-12), c o m o ya dije o c u p á n d o m e de este Evangelio, se hace decir a J e s ú s algo a ú n m u c h o m á s sorprendente: «A vosotros os ha sido dado conocer el misterio del R e i n o de D i o s , p e r o a los otros de fuera todo se les dice en p a r á b o l a s p a r a que m i r a n d o , m i r e n y no vean, y oyendo, oigan y no entiendan, no sea que se conviertan y sean p e r d o n a d o s . » Y, en efecto, de t a l m o d o d e b í a estar anclado en los evangelistas este c r i t e r i o torcido y c r u e l , que la m a y o r parte de las p a r á b o l a s , tanto en M a r c o s c o m o en Mateo y L u c a s , no hay quien las entienda. A menos, claro, de pertenecer a esa clase afortunada en la que p o r dere-
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cho p r o p i o e s t á n los t e ó l o g o s , p a r a los que, p o r l o visto, n ó hay secretos en cuanto afecta a los para los d e m á s extraintrincados misterios del R e i n o de D i o s . C l a r o que, en lo que a los A p ó s t o l e s afectaba, debieron tardar bastante en alcanzar la p l e n i t u d de tan a d m i r a b l e conocimiento, puesto que, c o m o vemos, tanto en Marcos c o m o en Mateo (y luego en Lucas, que t a m b i é n da esta p r i m e r a p a r á b o l a en V I I I , 4-8, donde a s i m i s m o se hace decir a J e s ú s que h a b l a «en p a r á b o l a s a los d e m á s de manera que viendo, no vean, y oyendo, no e n t i e n d a n » ) , el M a e s t r o tiene que apresurarse a explicarles el acertijo. E inaugurada la serie de los a c e r t i j o s - p a r á b o l a s , vienen otros t a m b i é n encantadores. O que en v e r d a d lo s e r í a n de no tener el pequeño defecto de ser, casi en su totalidad, unos, insignificantes, y los otros, a ú n menos claros que el p r i m e r o . Es decir, que p o d r í a n ser s u p r i m i d o s todos s i n que por ello los Evangelios perdiesen. Lo que equivale a decir que el lector ganaría. E s t o s floripondios e v a n g é l i c o s son en Marcos, el m á s discreto de los cuatro y, p o r tanto, el mejor, la p a r á b o l a de la s e m i l l a que crece y la del grano de mostaza. En Mateo, la de la c i z a ñ a , la d e l grano de mostaza y la del fermento. Y tras ellas dos comparaciones a p r o p ó s i t o del R e i n o de los Cielos. Y luego, la d e l tesoro y la p e r l a , y la de la red. T a n cortitas y tan claras ambas (en la ú l t i m a se habla ya de que «a la c o n s u m a c i ó n de los siglos s a l d r á n los á n g e l e s y s e p a r a r á n a los malos de los justos, y los a r r o j a r á n al h o r n o de fuego, y allí h a b r á l l a n t o y c r u j i r de d i e n t e s » ) , que tras preguntar J e s ú s a sus d i s c í p u l o s si las h a n entendido y asegurar ellos que s í , cierto, s i n duda, el M a e s t r o de que poco a poco se les i b a afilando el caletre, les l a n z a otro camelo, é s t e , el siguie c r i b a i n s t r u i d o en la d o c t r i n a del R e i n o de los Cielos es c o m o el a m o de casa, que de su tesoro saca lo nuevo y lo añejo.» E n X X , 1-16, o t r a p a r á b o l a : l a d e los obreros enviados a la v i ñ a . E s t a , en vez de acabar con el tan frecuente: «El que tenga o í d o s , que oiga», t e r m i n a con las dos archicono-
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cidas frases: «Los ú l t i m o s s e r á n los primeros, y los primeros, los p o s t r e r o s » , perfecta m a j a d e r í a fuera d e l a v i ñ a e v a n g é l i c a , y: « M u c h o s son los llamados y pocos los elegid o s » , que parece evidenciar el poco talento del que l l a m a haciendo v e n i r a m u c h o s p a r a nada, en vez de elegir directamente a los pocos que le convienen. En total, p o c o recomendable t a m b i é n en cuanto a lógica e inteligencia. En los Evangelios hay una serie de bobadas, p o r no decir memeces, de las que c o n r a z ó n puede decirse lo de que «el pabel l ó n cubre la m e r c a n c í a » . Les ha dado no valor, pues n a d a puede dar v a l o r a lo que carece de é l , pero sí p o p u l a r i d a d , que no es lo m i s m o , el hecho de haber sido repetidas m i l veces. E n X X I , 28-32 (seguimos siempre c o n Mateo), l a p a r á b o l a de los dos hijos. T a m b i é n perfectamente i n c o m p r e n s i b l e . Tras ella, la de los v i ñ a d o r e s infieles. Y al punto, en X X I I , 1-14, la de los invitados a la boda, a p r o p ó s i t o de la c u a l si el redactor o redactores de este Evangelio hubiesen dado paz al estilo, c o m o si lo hubiesen hecho, en vez de estropear p a r a nada la cera de las tablillas p a r a e s c r i b i r las anteriores, nada se h u b i e r a p e r d i d o . E n X X I V , 32-35, l a í n f i m a de la higuera. Todas estas p a r á b o l a s breves tienen, a falta de o t r a cosa, la ventaja de su brevedad. Si lo bueno cuanto m á s breve mejor, ¿ q u é decir de lo m e d i a n o o de lo m a l o ? E n X X V , 1-13, l a d e las diez v í r g e n e s : cinco necias (hermanas seguramente del redactor a quien se le o c u r r i ó esta p a r á b o l a ) y c i n c o prudentes (dignas de serlo de cuantos, l e í d a esta p a r á b o l a , se apresuren a encogerse de h o m b r o s y no volver a acordarse de ella). Y seguidamente, la de los dos talentos, que m e j o r s e r í a l l a m a r l a la del a m o usurero, pues, c o m o le dice el m á s sensato de sus siervos: « E r e s h o m b r e d u r o , que quieres cosechar donde no sembraste y recoger donde no e s p a r c i s t e » , y que es excelente m u e s t r a de lo que de c o n t r a r i o a lo bueno tiene lo poco que, c o m o m o r a l , se puede cosechar, espigando m u c h o , de los tan alabados Evangelios. P o r cierto, que en ella se vuelve a leer el acertijo de «al que tiene, se le d a r á y a b u n d a r á ; pero al que no tiene, aun lo que tiene se le q u i t a r á » . A c e r t i j o que
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dos t e ó l o g o s que conozco aseguran, e x p l i c á n d o l o : « Q u e tiene p o r objeto i n c u l c a r la m i s m a idea de la v i g i l a n c i a y la a p l i c a c i ó n al buen empleo de los dones de Dios, a s í naturales c o m o sobrenaturales, pues es cierto ( s e g ú n ellos, c l a r o e s t á ) que a todos se nos ha de p e d i r c u e n t a . » Lo que, a mi modesto entender, es tratar de a c l a r a r un acertijo mediante otro. En todo caso, el siervo prudente y sincero, que dice a su amo, s i n m e n t i r ni morderse la lengua, lo que piensa de él, é s t e , el a m o avaro, ordena, porque a s í le place al i n ventor de la p a r á b o l a : «A ese siervo i n ú t i l echadle a las tinieblas exteriores; allí h a b r á llanto y c r u j i r de d i e n t e s . » Y es todo, c o m o p a r á b o l a s , en Mateo. Y creo que soy generoso creyendo que p a r a los no versados en t e o l o g í a o mecidos por el venturoso c o l u m p i o de la fe, de tres p a r á b o l a s sobran, p o r lo menos, dos. En Marcos, como sabemos, hay menos p a r á b o l a s . E n c a m b i o , e l m á s p r o l í f i c o , e n esto c o m o en todo (sin duda, los creyentes p e d í a n cada vez m á s aventuras, m á s literatura, y c o n v e n í a satisfacerles), es Lucas. L u c a s , que a d e m á s de recoger las p a r á b o l a s de Marcos y de Mateo, da c o m o p r o p i n a , p o r su cuenta, la del samaritano ( X , 30-37), la d e l amigo i m p o r t u n o ( X I , 5-13), la del dracma p e r d i d o ( X V , 8-10), y a c o n t i n u a c i n de la anterior (de 11 a 32), la del h i j o p r ó d i g o ; luego ( X V I , 1-12), la del a d m i n i s t r a d o r i n f i e l , y en este m i s m o c a p í t u l o (de 19 a 31), la d e l r i c o opulento y e l pobre L á z a r o . E n X V I I I , 1-8, l a d e l juez i n i c u o , y de 9 a 14, la del fariseo y el p u b l i c a n o . Juan tiene, al menos, de bueno que nos evita las p a r á b o las. Estas dichosas p a r á b o l a s , tan alabadas p o r los que gustan a p l a u d i r p o r referencias, s i n m i r a r si estas referencias son o no dignas de c r é d i t o . Es decir, s i n haberse tomado, en la m a y o r í a de los casos, el trabajo de leerlas. C l a r o que en esto, c o m o en todo, el gusto o la p r e d i s p o s i c i ó n del esp í r i t u hace m u c h o . Y o t e n í a u n amigo p a r a q u i e n n o h a b í a l e c t u r a comparable a la de la L e y H i p o t e c a r i a . Se estaban p u b l i c a n d o , hace muchos a ñ o s de esto, unos comentarios, p o r lo v i s t o notables, a d i c h a ley de un tal M o r e l l y T e r r y (creo no equivocarme citando estos apellidos), y recuerdo que cada vez que i b a a aparecer un tomo a r d í a de i m p a -
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c i e n c i a p o r devorarlo. C o m o seguramente muchos « p o b r e s de e s p í r i t u » en seminarios y conventos, p o r o í r a sus maestros y directores espirituales e x p l i c a r un trozo del Evangelio. S i contiene u n a o m á s p a r á b o l a s , mejor. Pero cuando estos Evangelios y tales p a r á b o l a s se leen, c o m o yo los leo, l i b r e de indigestiones de fe, p o r poco e s p í r i t u c r í t i c o que se tenga es difícil decir o t r a cosa que lo que yo digo: Que muchos son absolutamente insignificantes; otros, ininteligibles; algunos, e x t r a ñ o s (digo e x t r a ñ o s p o r no d e c i r o t r a cosa), y a causa de todo ello, la casi t o t a l i d a d punto menos que insoportables. Pasemos a las palabras, respuestas y frases atribuidas a J e s ú s . S a l v o ciertas de ellas puestas en su boca, que, c o m o he dicho, a fuerza de ser repetidas y p o r v e n i r de fuente que se considera tan estimable, m á s que p o r su gracia, i n t e r é s o profundidad, se han hecho c é l e b r e s , en lo d e m á s , ni en p a r á b o l a s ni en respuestas se le oye, sino m u y raramente, expresarse con c l a r i d a d y responder sencilla y abiertamente a lo que se le pregunta. Al c o n t r a r i o , d i r í a s e que los redactores de los Evangelios, a fuerza de devanarse los sesos p o r hacer al personaje interesante, puesto que se trataba de un Dios o, al menos, c o m o t a l se v e í a n obligados a presentarle, s i n duda lo que a c a b a r í a p o r parecerles m e j o r fue (menuda era la tarea de obligar a h a b l a r a un D i o s ) hacer que sus palabras fuesen unas veces misteriosas, otras desproporcionadas a las cuestiones que las m o t i v a b a n y, en f i n , salirse en ocasiones c o n esos latiguillos que obligan al que lee a preguntarse q u é quiere decir lo que se dice o p o r q u é ni q u é representa a l l í . Así, cuando se le interroga, unas veces no contesta, como, p o r ejemplo, cuando en Lucas ( X X I I I , 9), Herodes s e encara c o n E l («Le h i z o bastantes preguntas, pero El no c o n t e s t ó n a d a » ) . Y en Mateo, en la escena del S a n e d r í n , l o m i s m o ( « E l p o n t í f i c e l e v a n t á n d o s e le d i j o : ¿ N a d a respondes? ¿ Q u é dices a lo que é s t o s testifican contra ti?» Pero J e s ú s callaba). E n X X V I I d e Mateo, ídem que ídem. Cuando acusado ante P i l a t o p o r los p r í n c i pes de los sacerdotes y p o r los ancianos, nada responde tampoco ( « D í j o l e entonces P i l a t o : ¿ N o oyes lo que dicen
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c o n t r a ti? Pero E l n o r e s p o n d í a n a d a » ) . Otras veces d a rodeos con objeto de esquivar una respuesta franca. O deja o í r respuestas ambiguas de p i t o n i s a con el p r o p ó s i t o , s i n duda, de si luego le conviene, decir que sus palabras no t e n í a n el sentido que se les h a b í a dado. Pero ya digo que era tarea casi i m p o s i b l e de llevar a buen puerto, poner en b o c a de un D i o s palabras dignas de tal D i o s . S ó l o siendo verdaderos genios, los evangelistas h u b i e r a n p o d i d o s a l i r airosos de la tarea. Pero, a juzgar p o r lo que ha llegado hasta nosotros, estaban m u y lejos de serlo. En Marcos ( X , 2-12) y en Mateo ( X I X , 3-9), le preguntan unos fariseos si era l í c i t o que el m a r i d o repudiase a su mujer. J e s ú s les responde, c o m o el gallego del cuento, c o n o t r a pregunta: « ¿ Q u é o s h a m a n d a d o M o i s é s ? » E n Mateo, lo m i s m o : « ¿ N o h a b é i s l e í d o que al p r i n c i p i o el C r e a d o r les h i z o v a r ó n y' h e m b r a ? » Y s ó l o tras asegurar que si M o i s é s les a u t o r i z ó a r e p u d i a r a sus mujeres fue a causa de la dureza de su c o r a z ó n , a f i r m a que siendo el h o m b r e y la m u j e r « u n a sola c a r n e » ( r e f i r i é n d o s e a la fabulita de la c o s t i l l a ; c o n argumentos de semejante solidez se suelen apoyar las cosas, cuando no c o n p r o f e c í a s , que viene, en cuanto a v e r d a d y p o s i b i l i d a d , a ser igual), p o r la v o l u n t a d d e l que los c r e ó , lanza o le hacen lanzar, m e j o r dicho, la embustera y conocida frase, que tanto d a ñ o ha hecho y sigue haciendo allí donde ciertas leyes inicuas, dictadas bajo i m p e r a t i v o s c a n ó n i c o s , siguen a ú n e n v i g o r c o n t r a toda just i c i a y todo derecho: «Lo que D i o s u n i ó no lo separe el h o m b r e . » E n v i r t u d d e l a cual, a p o y á n d o s e e n tradiciones embusteras y frases donde s ó l o el tono en que suelen ser dichas hace solemnes, se esclaviza, tras el e s p í r i t u de h o m bres y mujeres, su cuerpo, su paz y su felicidad. S i n contar lo que e l l o mueve al adulterio. En Mateo ( I X , 14-17), se acercan a J e s ú s los d i s c í p u l o s de J u a n y le dicen: «¿Y c ó m o es que ayunando nosotros y los fariseos, tus d i s c í p u l o s no a y u n a n ? » Y J e s ú s les da la sibil í t i c a respuesta siguiente: « ¿ P o r ventura pueden los comp a ñ e r o s del n o v i o l l o r a r mientras este novio e s t á c o n ellos?» Y p a r a aclarar la pintoresca charada, a ñ a d e : « N a d i e echa
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u n a pieza de p a ñ o no abatanado en un vestido viejo, ni se echa v i n o nuevo en cueros viejos» (la m i s m a respuesta en Marcos, I I , 18-22, y en Lucas, V, 33-39). En X I I , 3845, de Mateo, escribas y fariseos le dicen: « M a e s t r o , q u i s i é r a m o s ver una s e ñ a l tuya. E l respondiendo les dijo: L a g e n e r a c i ó n m a l a y a d ú l t e r a b u s c a u n a s e ñ a l , pero n o l e s e r á dada m á s s e ñ a l que l a d e J o n á s e l profeta. Porque c o m o estuvo J o n á s en el vientre de la b a l l e n a tres d í a s y tres noches, a s í e s t a r á e l H i j o del h o m b r e e n e l seno d e l a T i e r r a . » N i que decir tiene que no conociendo, p o r lo que se puede juzgar, pues la conjetura siempre es tan l i b r e c o m o necesaria en los Evangelios, la h i s t o r i e t a de que r e s u c i t a r í a al tercer d í a , de haber o c u r r i d o el hecho se h u b i e r a n alejado de allí pensando que aquel M a e s t r o era i d i o t a . En X V , 1-5, nueva pregunta, a m o d o de respuesta a o t r a pregunta. Y pregunta-respuesta que n a d a tiene que ver c o n lo que q u e r í a n saber los que le interrogaban; v é a s e : Se trata ahora de otros escribas y fariseos, esta vez venidos de J e r u s a l é n , a creer al texto, que le preguntan: « ¿ P o r q u é tus d i s c í p u l o s traspasan la t r a d i c i ó n de los ancianos, puesto que no se lavan las manos cuando comen? El r e s p o n d i ó y les d i j o : ¿ P o r q u é t r a s p a s á i s vosotros e l precepto d e Dios p o r vuestras tradiciones? Pues D i o s d i j o : H o n r a a tu padre y a tu madre, y q u i e n m a l d i g a a su padre y a su m a d r e sea muerto, etc.» Respuesta no m á s acorde con lo que se le pregunta en Mateo, X V I , 14, y en X X I , 23-37. E n X X I I , 16-21, de Mateo aparece e l c o n o c i d o : «Dad a l C é s a r lo que es del C é s a r , y a Dios lo que es de Dios», evasiva mediante la c u a l se l i b r a de contestar a lo que le h a b í a n preguntado, a saber: «Si era l í c i t o pagar el t r i b u t o o no.» A c o n t i n u a c i ó n , en 23-32, nueva salida p o r los cerros de Ubeda. Y en X X V I I , 11-13, cuando P i l a t o le pregunta: « ¿ E r e s t ú e l rey d e los j u d í o s ? R e s p o n d i ó J e s ú s : T ú l o dices»; respuesta t a i m a d a y ambigua, que lo m i s m o se p o d r í a interpretar: Así es, t a l c u a l tú lo dices, que: E s o eres tú el que lo dices. Y me detengo p o r no fatigar al lector, pues del m i s m o m o d o se p o d r í a n espigar contestaciones semejantes, es de> 9.
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c i r , que en m o d o alguno r e s p o n d í a n a lo que se le preguntaba, en Lucas. Que, a d e m á s de todas las anteriores, tiene otras que no figuran en Marcos y en Mateo. C o m o , p o r ejemp l o , la que se lee en X V I I , 20-23. Y lo m i s m o en Juan ( V I , 30-33, 41-47 y 52-55; en V I I , 20-22; en V I I I , 25-27, etc.). I n ú t i l i n s i s t i r . A d e m á s , todo ello, precisamente por prestarse a i n terpretaciones caprichosas (el t r u c o t a n explotado de los dobles sentidos, de los significados ocultos, de las interpretaciones s i m b ó l i c a s y d e m á s a r t i m a ñ a s r e l i g i o s o - d i a l é c t i c a s a favor de los cuales se tiene r a z ó n siempre c o n s ó l o asegurar que donde dice blanco, dice en r e a l i d a d negro, o al r e v é s , si al r e v é s conviene) y a confusiones y errores, era l o que c o n v e n í a hacer c o m o m á s acorde n o tan s ó l o con l a falta de verdad de lo que q u e r í a n proteger c o n ello, sino c o n el modo c o m o estas narraciones h a b í a n sido formadas antes de a d q u i r i r c a r á c t e r c a n ó n i c o . Puesto que eran, aparte de lo t o m a d o de M a r c i ó n , simples trozos de tradiciones destinadas p r i m i t i v a m e n t e a la lectura explicada en los c e n á c u l o s p r i m i t i v o s . A d e m á s , vista l a t r a n q u i l i d a d con que se a f i r m a en M a r c o s que J e s ú s aseguraba a sus d i s c í p u l o s que hablaba de m o d o que nadie pudiese entenderle, con el p r o p ó s i t o de que no pudiesen salvarse, no obstante a f i r m a r constantemente que precisamente a salvar a los hombres h a b í a venido y que s ó l o p o r ello y p a r a ello c o n s e n t í a en m o r i r (lo que t a m b i é n p a r a que pasase de s i m p l e cuento h u b i e r a necesitado u n a e x p l i c a c i ó n que nadie h a dado a ú n ) , i n ú t i l i n s i s t i r sobre tan evidentes montones de mentiras y contradicciones. E s c r i b i e n d o , c o m o se e s c r i b í a , p a r a «pobres de e s p í r i t u » empapados de fe, ¿ q u é necesidad h a b í a d e c l a r i d a d , precisiones n i justificantes? M u c h a s de estas m á c u l a s dependen, p o r supuesto, ya lo he d i c h o varias veces, del m o d o c o m o los Evangelios fueron compuestos y de los fines a que estaban destinados en un p r i n c i p i o . E l l o j u s t i f i c a que se pase de unas cosas a otras bruscamente y s i n s o l u c i ó n de c o n t i n u i d a d . C o m o , p o r ejemplo, en el pasaje i n d i c a d o de Marcos (II, 20 y sigs.). Así c o m o las frecuentes incongruencias. O sea, cuando se oye decir a J e s ú s cosas que n a d a tienen que ver c o n lo que se le pregun-
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ta o c o n aquello de que se e s t á tratando. C o m o , p o r ejemplo, la escena que encontramos en Marcos ( X I , 20 y sigs.): «Pasando de m a d r u g a d a v i e r o n que la higuera ( l a que h a b í a m a l decido J e s ú s l a v í s p e r a , a l n o encontrar higos, p o r n o ser tiempo de ellos) se h a b í a secado de r a í z . A c o r d á n d o s e Pedro, le d i j o : 'Rabbí, m i r a : la higuera que m a l d i j i s t e se ha secado.' A lo que J e s ú s r e s p o n d i ó : 'Tened fe en Dios. En verdad os digo que si alguno dijere a ese monte: q u í t a t e y a r r ó j a t e al m a r , y no v a c i l a r a en su c o r a z ó n , sino que creyera se ha de hacer, se h a r á . ' » ¿ T e n í a algo que ver la higuera, la m a l d i c i ó n y la simple o b s e r v a c i ó n de P e d r o c o n el poder maravilloso que u n a vez m á s a t r i b u í a J e s ú s , por voluntad y conveniencia del redactor de este Evangelio, a la fe? Pues bien, p o r s i a ú n l a incongruencia n o hubiese quedado b i e n m a r c a d a , y c o n e l l a su p r o p ó s i t o de que los seguidores de la nueva doctrina creyesen a ojos cerrados, sin preguntarse el c ó m o ni el p o r q u é de lo que se les i m b u í a , hace decir t o d a v í a a Jes ú s : « P o r eso os digo: todo cuanto orando pidiereis, creed que lo r e c i b i r é i s y se os d a r á . » Es decir: no os v o l v á i s a ocupar de la higuera. L i m i t a r o s a creer, esto sí, firmemente, c o n fe total y absoluta, y luego o r a d y p e d i d , que ya o b t e n d r é i s . Si no lo que p e d í s , lo que os convenga. Porque, c o m o se lee en otra parte, el Padre sabe mejor que sus hijos lo que a é s tos les conviene. C o n lo que, c o m o se puede ver, lo que a p r i m e r a v i s t a p a r e c í a una sencilla estupidez, l a m a l d i c i ó n d e l a higuera y su total incongruencia, s i r v i ó , b i e n aprovechada, c o m o lazo m á s p a r a encadenar las conciencias. O t r o ejemplo de incongruencia en Marcos ( X I I , 1-9), con m o t i v o de la p a r á b o l a de los v i ñ a d o r e s , en la que un h o m b r e p l a n t a y c u i d a u n a v i ñ a e i n c l u s o la cerca, y luego la da en arriendo a unos v i ñ a d o r e s , que cuando los criados del a m o vienen de parte de é s t e a p e r c i b i r lo que le corresponde de lo que la v i ñ a ha producido, sobre no d á r s e l o , los van maltratando y apaleando a m e d i d a que llegan e i n c l u s o m a t a n a alguno. V i s t o lo cual, el amo, pensando que a su hijo, por ser su h i j o , le r e s p e t a r á n , e n v í a a é s t e , que es m u e r t o a su vez. La p a r á b o l a acaba c o n estas palabras: « ¿ Q u é h a r á e l d u e ñ o d e l a v i ñ a ? V e n d r á , h a r á perecer a los v i ñ a d o r e s y d a r á la v i ñ a a o t r o s . » Y a
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c o n t i n u a c i ó n , inmediatamente, lo siguiente, que parece, o no h a y l ó g i c a , que h u b i e r a debido tener algo que ver c o n lo anterior: «¿Y n o h a b é i s l e í d o esta escritura? ' L a p i e d r a que desecharon los edificadores, é s t a v i n o a ser cabeza de esquin a ; del S e ñ o r viene esto y es a d m i r a b l e a nuestros ojos.'» C o m o l a incongruencia parece s u b i r a q u í d e punto, p a r a que t a l no suceda ha sido explicada en el sentido de que « r e s u m e la h i s t o r i a de Israel en sus relaciones con D i o s . La dureza de cerviz, que M o i s é s echa en c a r a a los hebreos en el desierto, prosigue c o n la resistencia a los profetas y se consuma con la muerte del M e s í a s , H i j o de D i o s . En castigo, les s e r á quitado el R e i n o , o sea, el p r i v i l e g i o de pueblo de D i o s , p a r a d á r s e l o a o t r o que le sea m á s fiel». ¿ P e r o n o h a b í a m o s quedado e n que Dios t e n í a e l m a y o r i n t e r é s en r e d i m i r a los hombres, y que esta r e d e n c i ó n t e n í a que ser efectuada por su H i j o , m u r i e n d o p o r ellos? Y entonces, ¿ p o r q u é castigar a los que no h a c í a n sino ayudarle, secundando y dando efectividad a sus planes? Si eran sus aliados en cuanto al c u m p l i m i e n t o de sus designios, ¿ p o r q u é castigarles e n vez d e l o c o n t r a r i o ? E a , sigamos. Pero si se quiere s i n d é r e s i s y buen sentido, no se deje de a c u d i r a los Evangelios. Y el que a ú n no tenga bastante, acuda a sus sabios y avisados i n t é r p r e t e s , dispuestos siempre, c o n la m e j o r buena v o l u n t a d , a encontrar salidas p a r a todo. V a y a o t r o ejemplo, é s t e en Mateo, de pasar de una cosa a o t r a s i n t o n n i son. E n X I , 20-24, vemos t r o n a r a J e s ú s c o n t r a las ciudades infieles, y seguidamente, en 25, leemos: « P o r aquel tiempo t o m ó J e s ú s l a palabra y dijo ( ¿ q u e t o m ó ? ¡ P e r o s i n o l a h a dejado! S i acabamos d e o í r l e decir: 'Así, pues, os digo que el p a í s de S o d o m a s e r á tratado con menos r i g o r que t ú [ t ú e s C a f a r n a u m ] e l d í a d e l j u i c i o ' ) : ' Y o t e alabo, Padre, S e ñ o r d e l Cielo y de la T i e r r a , porque ocultaste estas cosas a los sabios y discretos y las revelaste a los p e q u e ñ u e l o s . S í , Padre, porque a s í te p l u g o . T o d o me ha sido entregado p o r mi Padre, y nadie conoce al Padre eterno sino el H i j o y aquel a quien el H i j o quiera r e v e l á r s e l o . V e n i d a mí todos los que e s t á i s fatigados y cansados, que yo os a l i v i a r é . T o m a d sobre vosotros mi yugo y aprended
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de m í , que soy manso y h u m i l d e de c o r a z ó n , y h a l l a r é i s descanso p a r a vuestras almas, pues mi yugo es blando y mi carga ligera.'» U n a vez m á s , se tiene la i m p r e s i ó n de que los encargados, p o r fe o p o r i n t e r é s , de ir dando cuerpo a la leyenda de J e s ú s , e s c r i b í a n frases que juzgaban a p r o p ó s i t o p a r a hacer grande o, cuando menos, amable y grata su figura, y que luego las i b a n colocando, al hacer una nueva c o p i a y r e d a c c i ó n , viniesen o no a cuento. C o n frecuencia, c o m o ahora, s i n que tuviesen algo que ver con lo antecedente ni c o n lo consiguiente. Y a c a b a r é estas citas, que t a m b i é n p o d r í a prolongar mucho tiempo, c o n otra, é s t a t o m a d a de Lucas ( X X I I , 36), donde vemos a J e s ú s ordenar a sus d i s c í p u l o s que c o m p r e n cada uno u n a espada (incluso le o í m o s decir que el que no tenga bolsa, es decir, dinero, « v e n d a su m a n t o y c o m p r e una e s p a d a » ) . C o m p r a r una espada, ¿ p a r a q u é ? ¿ P a r a q u é , puesto que, c o m o vemos poco d e s p u é s , cuando vienen a prenderle y le preguntan los d i s c í p u l o s , dispuestos a l u c h a r : « S e ñ o r , ¿ h e r i m o s con la e s p a d a ? » (uno de ellos incluso, s i n esperar respuesta, c o r t a la oreja derecha a un siervo del s u m o sacerdote), les dice: « B a s t a ya.» E s t a nueva equivoc a c i ó n , incongruencia, inadvertencia, c o m o se la q u i e r a l l a m a r ; este decir y ordenar s i n prever lo que puede pasar, ¿ e s p r o p i o d e l H i j o de Dios, y m á s sabiendo que tiene que m o r i r en c u m p l i m i e n t o de u n a gran m i s i ó n ? ¿O no tiene noticia de tal m i s i ó n y, como un iluso m á s de tipo mesiánico, cree a ú n que le va a ayudar aquel al que l l a m a su Padre a l i b e r a r a sus compatriotas del yugo romano? U n a vez m á s , ¿ n o se advierten dos leyendas, dos tradiciones, que m a l hermanadas p o r los redactores, no pueden o i n tentan hacer avanzar una s i n tropezar c o n la otra? T o t a l : que lo de la h u m i l d a d y d u l z u r a de J e s ú s ( « O s suplico p o r la d u l z u r a y mansedumbre de C r i s t o » . P a b l o : 2.' a los Corintios, X, 1), en cuarentena. Y lo de la c l a r i d a d de sus e n s e ñ a n z a s , l ó g i c a , orden y u n i d a d de ellas, p u r o m i t o tamb i é n . Que era lo que intentaba demostrar. La c u e s t i ó n de los padres de J e s ú s , que en Mateo c i e r r a e l c a p í t u l o X I , e n Lucas abre e l X X . L o que sigue: p a r á b o l a
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de los v i ñ a d o r e s , t r i b u t o al C é s a r y lo relativo a la resurrecc i ó n (390) y origen d e l M e s í a s , c o m o en Mateo. El p r i m e r precepto de Mateo ( X I I , 24-34), falta en Lucas. El c a p í t u l o X X I d e Lucas e s e l d e l ó b o l o d e l a v i u d a , que c i e r r a e l X I I d e Mateo. E l f i n a l del c a p í t u l o X I I I d e Mateo, l a incert i d u m b r e del f i n , falta e n Lucas. E n c a m b i o , l a v i g i l a n c i a de é s t e ( X I , 34-38) no e s t á en Mateo. En los ú l t i m o s capítulos ( X I V , X V y X V I d e Mateo, y X X I I , X X I I I y X X I V de Lucas) hay cosas comunes, p e r o la ú l t i m a parte, la relat i v a a la r e s u r r e c c i ó n , v a r í a m u c h o de un Evangelio a otro. T r a t á n d o s e de episodios, c o m o se comprende, total y absolutamente imaginarios, la t r a d i c i ó n en t o r n o a ellos d e b i ó v a r i a r m u c h o t a m b i é n desde e l p r i m e r m o m e n t o . En Marcos, M a r í a Magdalena, M a r í a la de Santiago y Sal o m é , tras encontrar el sepulcro y al á n g e l , que les dice que v a y a n a contar a los d i s c í p u l o s que el S e ñ o r ha resucitado, aterradas, no dicen n a d a a nadie (391). En Mateo, parten llenas de terror, pero al m i s m o t i e m p o de gozo, a c o m u n i c á r s e l o . Pero J e s ú s les sale al encuentro y les dice: « N o t e m á i s , y decid a m i s hermanos que vayan a G a l i l e a y allí me v e r á n . » En Lucas, les a n u n c i a n la buena nueva a los Once, pero é s t o s no lo creen. Marcos asegura ( X V I , 9-11) que J e s ú s se a p a r e c i ó , antes que a nadie, a M a r í a Magdalena, «de q u i e n h a b í a echado siete d e m o n i o s » (detalle curioso y e s p e c t á c u l o a ú n m á s : ver s a l i r siete demonios, u n o tras otro, de un cuerpo hermoso de mujer; l á s t i m a que ciertas mentiras no fuesen v e r d a d alguna vez). En Mateo ( X X V I I I , 16-20) es a los Once a quienes se m u e s t r a en p r i m e r lugar, en G a l i l e a , «en el monte que J e s ú s les h a b í a i n d i c a d o » . Y donde J e s ú s les d i j o : «Me ha sido dado todo p o d e r en el Cielo y en la T i e r r a ( o b s é r v e s e , de todas maneras, el c a n d o r de la f á b u l a y la d i f i c u l t a d de h e r m a n a r debidamente lo que pensaban los diferentes redactores: a q u í parece ser que este poder le ha sido concedido a causa precisamente de su r e s u r r e c c i ó n , y que antes no lo t e n í a , s i n duda p o r no ser t o d a v í a D i o s o no estar en t o t a l y completa a r m o n í a c o n la d i v i n i d a d ; c l a r o que lo que sigue lo exp l i c a todo: es ya la Iglesia, en funciones, la que m i r a p o r
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s u porvenir, ú n i c a cosa que l e preocupa); i d , pues; e n s e ñ a d a todas las gentes; bautizadlas en n o m b r e d e l Padre, del H i j o y d e l E s p í r i t u Santo; e n s e ñ á n d o l e s a observar todo cuanto y o o s h e mandado. Y o e s t a r é c o n vosotros siempre hasta l a c o n s u m a c i ó n d e l M u n d o . » C o m o digo, l a m a n o e c l e s i á s t i c a que a ñ a d i ó este f i n a l pro domo sua, es decir, s i n o t r o p r o p ó s i t o que trabajar en p r o de la Iglesia, olvidab a o l a t e n í a s i n cuidado, que era l o m á s probable, que e l p r i m i t i v o redactor de este Evangelio h a b í a pensado y c r e í d o t a l vez, p o r ello hacerlo constar en m ú l t i p l e s ocasiones, que cuanto J e s ú s h a b í a pretendido fue e n s e ñ a r que e l advenim i e n t o del R e i n o de su P a d r e era i n m e d i a t o y que, p o r consiguiente, e l p r o p ó s i t o d e este ú l t i m o a ñ a d i d o n o p o d í a ser m á s evidente. Pero, sin duda, ya se estaba a lo que se estaba, y todo, empezando por guardar, al menos, las apariencias, t e n í a sin cuidado. E l n ú m e r o d e « p o b r e s d e e s p í r i t u » d e b í a ser ya tan grande, que autorizaba a no preocuparse demasiado de los detalles. P e r o es i n ú t i l i n s i s t i r demasiado sobre la falta de historic i d a d de esta parte de los Evangelios, donde, salvo p a r a la fe, se e s t á a ú n m á s , si ello es posible, que en el resto de cuanto refieren estos l i b r o s , en el terreno de la p u r a y tot a l i n v e n c i ó n . Si h a b l o de ello es precisamente p a r a hacerlo notar, m a r c a n d o de paso las diferencias entre los tres s i n ó p t i c o s , los redactores de cada uno de los cuales o, al menos, los ú l t i m o s en cuyas manos cayeron, escribieron lo que m e j o r les p a r e c i ó s i n preocuparse de la seguramente angust i a d a revelación. Así, cuando Lucas cuenta lo del c a m i n o de E m a ú s , es decir, la a p a r i c i ó n del M a e s t r o «a dos de ellos»: h a y que entender a dos de los amigos y c o m p a ñ e r o s de J e s ú s y de los A p ó s t o l e s , o sea, del grupo al que las santas mujeres h a b í a n anunciado su r e s u r r e c c i ó n , pues acaba de decirnos en X X I V , 9: « E l l a s se acordaron de sus p a l a b r a s » (de las d e l á n g e l , estos deliciosos á n g e l e s , que no obstante ser « e s p í r i t u s puros, que no tienen c u e r p o » , van, vienen, h a b l a n , mueven losas sepulcrales c u a l si se tratase de alas de m a r i p o s a , en u n a p a l a b r a , hacen lo que les conviene que hagan los que se valen de ellos c o m o auxiliares preciosos
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cuando se encuentran en un apuro); d e c í a que a dos de los d i s c í p u l o s , que no obstante haber sido ya advertidos de que el M a e s t r o h a b í a resucitado, no le reconocen. Luego se aparece a los Once y les da sus ú l t i m a s instrucciones, d e s p u é s de haber tenido que c o m e r con ellos, es decir, de haber engullido en su presencia, p a r a que dejen de creer que es un fantasma, « u n trozo de pez a s a d o » , de t a l m o d o les p a r e c í a i m p o s i b l e , sin duda, que u n m u e r t o resucitase. L a r e s u r r e c c i ó n p r e p a r a t o r i a de L á z a r o , p r e p a r a t o r i a p o r dec i r l o a s í , no s a b í a de e l l a sino J u a n . Y ya sabemos que a é s t e se le puede conceder a ú n menos c r é d i t o que a M a r cos, M a t e o y L u c a s . M a s r e c o n o c i é n d o l e al fin, les r e c o r d ó lo que les d e c í a cuando poco antes estaba c o n ellos: « Q u e era preciso que se c u m p l i e r a todo lo que estaba escrito en la L e y de M o i s é s y de los Profetas, y en los S a l m o s » , a prop ó s i t o d e E l . P e r o como ellos s e g u í a n tan cerrados d e e s p í r i t u c o m o siempre o, al menos, se h a b í a e m p e ñ a d o en creerlo a s í el redactor de esta parte del E v a n g e l i o ( a ñ a d i d a , c o m o es evidente, p a r a oponerse u n a vez m á s a M a r c i ó n , que abom i n a b a c o n t r a la ley y c o n t r a todo lo j u d í o ) , a ñ a d e , detalle precioso: « E n t o n c e s les a b r i ó la inteligencia p a r a que entendiesen las E s c r i t u r a s . » D e s p u é s , y ya b i e n preparados p a r a P e n t e c o s t é s (sin duda, s i n esta p r i m e r a l a b o r de arado e s p i r i t u a l ni las famosas lenguas de fuego de los Hechos les h u b i e r a n p o d i d o i l u m i n a r debidamente), «los l l e v ó hasta cerca de B e t a n i a » , los bendijo y fue « l l e v a d o al Cielo». La t r a d i c i ó n quiere que L u c a s , a d e m á s de este Evangelio que se le ha atribuido, escribiese los Hechos de tos Apóstoles. Sobre esta « v e r d a d » ya hemos visto t a m b i é n lo que o p i n a l a c r í t i c a c i e n t í f i c a moderna. E n todo caso, l o que s í t e n í a n ambos redactores e r a la m i s m a idea respecto a la inteligencia y c u l t u r a de los Once, puesto que en los Hechos, lo p r i m e r o que se cuenta es lo de las lenguas de fuego, que, c o m o se comprende, c o m p l e t a n el desbroce, i n i c i a d o en Lucas, p o r J e s ú s , h a c i é n d o l e s peritos en lenguas y maestros en el arte de p r e d i c a r . A mí se me o c u r r e pensar, y supongo que a cuantos libres de la venda de la fe lean estas cosas, que no solamente los
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que declararon c a n ó n i c o s los libros que componen el Nuevo Testamento, sino los doctores y t e ó l o g o s posteriores que h a n formado e l b r i l l a n t e c u a d r o d e l a s a b i d u r í a e c l e s i á s t i c a , d e b í a n tener la m á s triste idea de la inteligencia de sus c o m p a ñ e r o s de planeta, es decir, de que esta inteligencia era poco m á s o menos c o m o la de los A p ó s t o l e s antes de las ayudas celestiales, cuando no solamente escribieron estas cosas, sino que a ú n , p a r a que no se dudase de ellas, t u v i e r o n la audacia de asegurar que eran producto de inspiraciones y revelaciones divinas, s i n preocuparse de que otros pueblos, p o r b o c a de los sacerdotes de sus religiones, d e c í a n otro tanto de sus textos sagrados. Y lo m á s c u r i o s o es que si se descuenta u n a m i n o r í a , no parecen haberse equivocado. C l a r o que b i e n encarada la c u e s t i ó n , no sobrepujar en inteligencia a un a p ó s t o l debe parecer n o r m a l y hasta obligado a todo buen creyente. T a n t o cuanto que é s t o s si, no obstante su falta de luces naturales y de inst r u c c i ó n merecieron t a n alta p r o t e c c i ó n , ¿ p o r q u é Ies i n q u i e t a r í a a ellos su parvedad, candor e s p i r i t u a l y la anchura de sus tragaderas p a r a los merengues t e r r á q u e o - c e l e s t i a les? A d e m á s , ¿ p a r a q u é m á s luces, s e d i r á n , puesto que e l R e i n o de los Cielos es precisamente p a r a los « p o b r e s de e s p í r i t u » ? E s m á s , b i e n m i r a d a l a c u e s t i ó n y tenido e n cuent a e l n i v e l medio intelectual, ¿ n o r e s u l t a r á que e l oscurant i s m o sembrado p o r la Iglesia durante siglos, pensando en la bienaventuranza futura de sus ovejas, fue el b i e n m a y o r que pudo hacerlas? Y vamos c o n el cuarto Evangelio.
EVANGELIO DE JUAN P a r a opinar en toda c u e s t i ó n en la que se carece de datos precisos y v e r í d i c o s , lo mejor es a c u d i r a lo posible, no a lo q u i m é r i c o . A lo l ó g i c o y razonable, no a lo f a n t á s t i c o y a lo f a n á t i c o . A lo que puede estar conforme c o n u n a , si no segura, sí, al menos, posible verdad, no a lo que s ó l o parece responder a conveniencias e intereses puramente particulares, o r a de fe, o r a de d o c t r i n a . E s t e ú l t i m o c r i t e r i o ha sido siempre el de la Iglesia, y p a r a l l e v a r l o adelante o b l i gada se v i o y se sigue viendo, a asegurar mediante afirmaciones en que la verdad tiene que ser s u p l i d a a fuerza de a u d a c i a y de falsa solemnidad. Pero, claro, u n a cosa es asegurar y o t r a probar, y toda la a u t o r i d a d que pueda conceder un solio, p o r opulento que sea, y u n a t i a r a o u n a m i tra, p a r a los que se contentan c o n doradas apariencias, n a d a son p a r a los que s ó l o mediante demostraciones ciertas e irrebatibles a d m i t e n c o m o verdaderas las afirmaciones. L a Iglesia, precisamente ante l a i m p o s i b i l i d a d d e prob a r lo que a f i r m a b a , se l i m i t ó siempre a contar c o n la fe de los que daban c r é d i t o a cuanto d e c í a , y a falta de algo mejor, l i m i t ó s e en todo tiempo a esto, a afirmaciones solemnes, c o m o las que ahora m i s m o hace de tiempo en tiempo l a C o m i s i ó n B í b l i c a V a t i c a n a , asegurando bajo l a p a l a b r a d e los que la componen, que lo que dicen los libros sagrados (como la Biblia, que invariablemente se i m p r i m e y ofrece con el t í t u l o de La sagrada Biblia) es revelado e intangible.
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y a seguir a f i r m a n d o la v e r d a d de supuestos hechos, no solamente esto, supuestos y, p o r consiguiente, falsos ya en p r i n c i p i o , sino, a d e m á s , imposibles y absurdos, p r o t e g i é n dolos c o n palabras huecas y frases rotundas creadas p a r a que hagan el efecto de a r t í c u l o s de fe entre los ignorantes o entre los incapaces de r e f l e x i ó n , ya p o r i m p e d í r s e l o la fe, ya otras circunstancias sembradas h á b i l m e n t e a m o d o de o b s t á c u l o s infranqueables p a r a ciertos e s p í r i t u s , tales, p o r ejemplo, c o m o el m i e d o a nuevas afirmaciones s i n fundamento, relativas esta vez a hechos que se pretende que o c u r r i r á n e n u n a supuesta v i d a luego d e é s t a . Estas afirmaciones caprichosas, en lo que al cuarto Evangelio afecta, empiezan p o r asegurar que es de J u a n . Es m á s , que el pretendido a p ó s t o l de J e s ú s le e s c r i b i ó en Patmos, siendo y a m u y viejo. N a t u r a l m e n t e , l a c r í t i c a moderna, s i n hacer el menor caso de t a l a f i r m a c i ó n , establecida s i n fundamento alguno y con fines puramente p r o p a g a n d í s t i c o s y u t i l i t a r i o s , ha tratado de buscar, a p o y á n d o s e en el p r o p i o Evangelio, es decir, en su texto, y a fuerza de estudiarle l ó g i c a y razonablemente, un autor que, p o r lo menos, no fuese un i m p o s i b l e , c o m o J u a n , y u n a fecha de c o m p o s i c i ó n a s i m i s m o , si no absolutamente certera, pues esto era sumamente difícil de determinar dada la carencia absoluta de datos seguros en que apoyarse, al menos, posible. Respecto a l autor, l a p r i m e r a c u e s t i ó n que s e o f r e c i ó fue é s t a : A u n itiendo l a existencia d e J e s ú s , ¿ e r a posible que u n d i s c í p u l o i n m e d i a t o suyo, u n h o m b r e que h a b í a c o n v i v i d o c o n E l , que le h a b í a seguido y que le h a b í a escuchado, escribiese una v i d a de su M a e s t r o enteramente fant á s t i c a , ya que en este Evangelio, desde el p r i n c i p i o , en plena y total i r r e a l i d a d , es decir, de un m o d o a ú n m á s evidente a n t i h i s t ó r i c o e i m p o s i b l e , puesto que empezaba por t r a n s f o r m a r a J e s ú s e n u n a a b s t r a c c i ó n ? ¿ Y p o r q u é sino p o r ser esto tan c l a r o y tan evidente, sus divergencias con los d e m á s Evangelios, y a causa de ello, que durante m u c h o tiempo se negasen gran n ú m e r o de doctores y Padres de la Iglesia a a d m i t i r l o entre los l i b r o s c a n ó n i c o s ? En efecto, el cuarto Evangelio es tan diferente de los o t r o s
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tres, que mientras fue considerado c o m o u n a o b r a homog é n e a , c o m o « u n traje s i n c o s t u r a » , s e g ú n l a e x p r e s i ó n consagrada, los c r í t i c o s encontraron en él el p r o b l e m a siguiente: ¿A q u é Evangelio volver los ojos cuando se trataba de buscar datos, c o n objeto de establecer, en la m e d i d a de lo posible, la h i s t o r i a de J e s ú s ? (392). N a t u r a l m e n t e , el prob l e m a d e j ó de e x i s t i r cuando los penetrantes estudios, ya citados, de Schweiteer y de Wellhausen (393) demostraron, ai poner de manifiesto las incoherencias y contradicciones de este Evangelio, que lejos de ser u n a o b r a h o m o g é n e a , pensada y salida de una sola m a n o , era el resultado de un largo proceso de r e d a c c i ó n mediante el c u a l u n a serie de manos, c o n objeto de asegurar su d i f u s i ó n , h a b í a n tratado de acercarlo c o m o fuese a los s i n ó p t i c o s , a fuerza de m o d i ficaciones y adiciones llevadas a cabo en la p r i m e r a redacc i ó n . C o n este f i n fueron yuxtaponiendo varios episodios, alternando los galileos c o n los relativos a J e r u s a l é n . Pero c o n tan poco arte, que s i n esfuerzo alguno se descubre lo a ñ a d i d o a s u t r a m a p r i m i t i v a . Y , a d e m á s , que h a n sido empleadas fuentes y tradiciones diversas, que cada redactor, a m e d i d a que fue pasando el tiempo u t i l i z ó s i n o t r a p r e o c u p a c i ó n que la de que sirviesen a lo que a él le conv e n í a . P e r o h a c i é n d o l o con olvidos y negligencias que ponen de manifiesto el medio empleado p a r a alterar el texto p r i m i t i v o . C o n objeto d e demostrarlo p o n d r é u n ejemplo, e l c u a l creo que baste, aunque no s e r í a difícil poner varios m á s . Al final del c a p í t u l o I, J e s ú s empieza a reunir discípulos, y entre ellos, a un t a l Natanael, del c u a l no se hace m e n c i ó n en ninguno de los s i n ó p t i c o s . E s t o ya es curioso, sospechoso o lo que se quiera decir. P e r o que, en todo caso, evidencia que al redactor de este trozo le t e n í a sin cuidado lo que h a b í a n escrito los d e m á s y que él estaba dispuesto a contar las cosas, c o m o demuestra en el resto de la narrac i ó n , a su capricho. Luego, en 45-50, se lee: « F e l i p e e n c o n t r ó a Natanael y le d i j o : ' H e m o s encontrado a aquel de quien e s c r i b i ó M o i s é s en la ley, y los profetas: a J e s ú s , el hijo de J o s é , de Nazaret.' Y d í j o l e N a t a n a e l : ' ¿ D e Nazaret puede haber algo bueno?" Felipe r e p l i c ó : ' V e n y ve.' J e s ú s v i o venir
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a N a t a n a e l y dijo de é l : ' H e a q u í un verdadero israelita, en el cual no hay e n g a ñ o . ' D í j o l e Natanael: ' ¿ D e q u é me conoces?' R e s p o n d i ó J e s ú s y d í j o l e : 'Antes que Felipe te llamar a , cuando estabas debajo de la higuera, te v i . ' R e s p o n d i ó N a t a n a e l y d i j o : 'Rabbi, tú eres el H i j o de D i o s ; tú eres el R e y de Israel." R e s p o n d i ó J e s ú s y d í j o l e : ' ¿ P o r q u e te dije que te vi debajo de la higuera crees? Cosas mayores que é s t a s v e r á s . ' » Pasemos p o r alto l a respuesta d e N a t a n a e l , de t a l m o d o a b s u r d a que al p r o p i o que se le o c u r r e y la escribe, l a s e ñ a l a , y vengamos a l o que q u e r í a i n d i c a r . E l texto no dice nada de t a l higuera ni de lo que ha o c u r r i d o bajo ella. No obstante, es preciso que h u b i e r a acaecido algo, suficiente p a r a que J e s ú s h a y a c o n o c i d o p o r ello lo que dice de N a t a n a e l : que e r a un verdadero israelita. A l g o que le h a y a sorprendido. Pues no se puede ni i m a g i n a r , de t a l m o d o s e r í a i l ó g i c o , que simplemente porque N a t a n a e l estuviese apoyado en el tronco de la higuera o tumbado en el suelo aprovechando su sombra, J e s ú s se fijase en él y conociese que era un verdadero israelita, en el cual no h a b í a e n g a ñ o . T o d o ello p r u e b a que el redactor t e n í a a la v i s t a algo donde se h a b l a b a de lo que h a b í a pasado bajo t a l á r b o l , hecho o hechos que no m e n c i o n ó p o r descuido, cosa que, de otro m o d o , h u b i e r a debido hacer. Y es que, c o m o las preocupaciones del redactor p r i m i t i v o eran de o r d e n religioso y d o c t r i n a l m á s b i e n que h i s t ó r i c a s y narrativas, pues m á s a ú n que los otros Evangelios, é s t e es un poema c u l t u a l compuesto, indudablemente, con vistas a la l i t u r g i a , c o m o m u y justamente hace observar C o u c h o u d , a él le b a s t ó c o n referirse a un J e s ú s puramente s i m b ó l i c o . S e g ú n A. G r e i f f (Das älteste Pascharituale der Kirche und das Johannesevangelium, P a d e r b o r n , 1929), este Evangelio era recitado p o r entero en las fiestas de Pascuas. N a t u r a l mente, cuando el redactor o redactores posteriores trataron de ponerlo en condiciones de poder f i g u r a r al lado de los s i n ó p t i c o s , forzoso les fue hacer retoques y adiciones que t e n í a n que ser evidentes. Es decir, que a u n a p r i m e r a redacc i ó n de fondo m í s t i c o , a una r e d a c c i ó n g n ó s t i c a , se a ñ a d i ó otra destinada, a d a r a l a primera cierto c a r á c t e r h i s t ó r i c Q ,
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Y , c l a r o , e n u n l i b r o , ante todo, religioso, a p o l o g é t i c o , polém i c o , destinado a d e m o s t r a r que la fe en C r i s t o era la ú n i c a capaz de responder a las necesidades de las almas, y dej p a s o convencer a los j u d í o s de la m e s i a n i d a d de J e s ú s , p a r a lo c u a l se insiste sobre su origen celeste ( p r o p ó sito destinado a s a l i r al paso a la a r g u m e n t a c i ó n j u d í a , s e g ú n la c u a l el M e s í a s no p o d í a v e n i r de Nazaret y que no se c o n o c e r í a su origen), en t a l l i b r o — d e c í a — t o d o s los a ñ a didos de o t r o c a r á c t e r t e n í a n que ser, como son, evidentes. Y m u c h o m á s en cuanto fueron s e ñ a l a d o s . C l a r o que n o p a r a l a C o m i s i ó n B í b l i c a Pontificia, que del m i s m o m o d o que tratando de oponerse a la c r í t i c a que i b a haciendo l u z sobre los l i b r o s c a n ó n i c o s , d e c l a r ó solemnemente que no t e n í a n r a z ó n , cierto que sin p r o b a r l o , c l a r o e s t á , que el Evangelio a t r i b u i d o a san J u a n era, s i n d u d a alguna, de él, a s í c o m o que las cuatro Epístolas de P a b l o , que u n á n i m e m e n t e declaraban a p ó c r i f a s todos los c r í t i c o s , de él eran; e igualmente el c u a r t o Evangelio no tan s ó l o era de J u a n , sino que nadie nada m á s que él h a b í a puesto en este l i b r o las manos. C l a r o que, ¿ c ó m o h u b i e r a n p o d i d o dec i r o t r a cosa tras asegurar u n a vez m á s e l c a r á c t e r d i v i n o y revelado de los l i b r o s c a n ó n i c o s ? A h o r a b i e n , lo que parece que los eminentes y sabios varones que c o m p o n e n esta C o m i s i ó n h u b i e r a n debido hacer, en vez de afirmaciones s i n v a l o r alguno, a no ser entre los dispuestos a creer cuanto se les dice que hay que creer, h u b i e r a s i d o recoger el d e s a f í o de Steudel, que h a b í a dicho bien c l a r o : « Q u e d a r í a m u y agradecido a todo t e ó l o g o que me traiga u n a sentenc i a de J e s ú s de la que no pueda demostrar que e x i s t í a ya en l a é p o c a c o n t e m p o r á n e a . » E s t o h u b i e r a sido l o eficaz. L o convincente. No l i m i t a r s e a asegurar solemnemente. Pues hoy ya, en estas cuestiones, nadie que no sea t o t a l y enteramente « p o b r e de e s p í r i t u » cree sino aquello que, u n a vez afirmado, se demuestra. P o r su parte, Goguel dice: « E l cuarto Evangelio era o r i g i nariamente u n a o b r a i m p e r s o n a l . L o s redactores que p r i meramente le d i e r o n su f o r m a actual empezaron p o r suponer, a favor de ciertos retoques y adiciones, que reposaba
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sobre u n testimonio p a r t i c u l a r m e n t e autorizado, e l d e u n d i s c í p u l o bienamado de J e s ú s , es decir, c o m o discretamente es indicado, d e l a p ó s t o l J u a n ( X I X , 35), luego que era este m i s m o d i s c í p u l o e l que l o h a b í a escrito ( X X I , 25).» Oigamos a h o r a a Guignebert (Jesús, pags. 27, 28): « E n t r e los c u a t r o Evangelios inscritos en el Canon hay que hacer, ante todo, u n a d i s t i n c i ó n . L o s tres p r i m e r o s (según Mateo, según Marcos, según Lucas) se parecen bastante p a r a que h a y a p o d i d o repartirse su contenido en colecciones paralelas dando u n a especie de sinopsis de los m i s m o s hechos. Es a causa de ello p o r lo que se les l l a m a sinópticos. El c u a r t o Evangelio (según Juan) parece, al p r i m e r golpe de v i s t a , de o t r a especie. Es bastante ya que cuente episodios e x t r a ñ o s a los otros y respecto a los cuales los esfuerzos m á s resueltos no llegan a encontrar un lugar que satisfaga e n l a t r a m a s i n ó p t i c a , pero l o que a ú n d i f i c u l t a l a c u e s t i ó n es la o r i g i n a l i d a d de su cuadro c r o n o l ó g i c o . M i e n t r a s que los s i n ó p t i c o s l i m i t a n a un a ñ o , cuando m á s , la d u r a c i ó n de la v i d a p ú b l i c a de J e s ú s , él la extiende, é l , a dos y q u i z á a tres a ñ o s . V e e l teatro p r i n c i p a l d e esta v i d a e n J e r u s a l é n y no en G a l i l e a . S e g ú n él, J e s ú s sube c i n c o veces a la c i u d a d santa ( I I , 13; V, 1; V I I , 10; X, 22; X I I , 1), m i e n t r a s que los s i n ó p t i c o s no le llevan a ella sino una tan s ó l o ; celebra tres fiestas de pascua c o n sus d i s c í p u l o s ( I I , 13; V I , 4; X I , 55) y no tan s ó l o la que precede a su d e t e n c i ó n ; muere el 14 d e l mes de Nisán y no el 15. Y, sobre todo, el J e s ú s j o á n i c o se nos m u e s t r a c o m o un personaje m u y diferente del que supone la t r a d i c i ó n s i n ó p t i c a . T o d o le distingue de e l l a : su c a r á c t e r ; sus maneras; su a c t i t u d respecto a los j u d í o s , a los que trata c o n constante dureza; el tono de sus discursos, solemnes y altaneras arengas que sus auditores no comprenden j a m á s y que mantienen, en lugar de e n s e ñ a n zas familiares sobre el Reino que llega y las v í a s que a él conducen, profundas consideraciones sobre el C r i s t o eterno. « Q u e las pretensiones h i s t ó r i c a s d e l cuarto Evangelio no sean menores que las de los tres s i n ó p t i c o s y que parezcan en t o t a l t a n l e g í t i m a s , d i c h o de o t r o m o d o , que unas no valgan gran cosa m á s que las otras, se puede conceder, pues
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es preciso escoger entre esto y aquello y renunciar a u n a a r m o n i z a c i ó n enteramente a r t i f i c i a l . N o e s i n v e r o s í m i l que el a u t o r o u n o de los revisores (numerosos c r í t i c o s creen que la r e d a c c i ó n p r i m e r a s u f r i ó u n a o varias manipulaciones posteriores) d e l relato j o á n i c o h a y a recogido de a q u í y de a l l á a l g ú n trazo h i s t ó r i c o digno de ser retenido: s ó l o un m i n u c i o s o examen sirve, en cada caso p a r t i c u l a r , p a r a decid i r sobre e l l o ; p e r o no es dudoso que, en conjunto, el Evangelio j o á n i c o parece alejarse de la v e r o s i m i l i t u d a ú n m u c h o m á s que los otros tres. S u p l a n e s t á enteramente i n s p i r a d o en consideraciones d i a l é c t i c a s ; sus preocupaciones son, de u n extremo a l otro d e s u desenvolvimiento, las d e l a m í s t i c a y la t e o l o g í a ; se organizan s e g ú n los procedimientos que las costumbres del tiempo i m p o n í a n a este g é n e r o de r e t ó r i c a . L a m a t e r i a s i n ó p t i c a y l a e n s e ñ a n z a p a u l i n a parecen haber s u m i n i s t r a d o lo p r i n c i p a l de la sustancia del l i b r o ; las intenciones particulares y las reflexiones propias d e l autor—o de los autores—no h a n hecho sino darles v a l o r . Y nos transport a n m u y lejos de la T i e r r a , de la v i d a h u m a n a y de la historia.» B r e v e : p a r a saber algo de un posible J e s ú s y de su doct r i n a , n u l o e n absoluto. N o p a s a d e u n a f a n t a s í a g n ó s t i c a d e base m a r c i o n i t a , retocada y manoseada p a r a ver de a p r o x i m a r l a a los s i n ó p t i c o s , de t a l m o d o era grande su diferencia. E n efecto, n a d a m á s evidente que u n a l e c t u r a atenta d e este Evangelio l l e v a al convencimiento de que ha sido esc r i t o e n diversos tiempos p o r diferentes manos. E s decir, que fue arreglado y m o d i f i c a d o muchas veces. P o r o t r a parte, e s t á de t a l m o d o en desacuerdo c o n los otros tres, que es i m p o s i b l e no a t r i b u i r l e no s ó l o un origen, en cuanto a lugar (Oriente en vez de Occidente), sino un p r o p ó s i t o diferente. L a Iglesia, ante l a i m p o s i b i l i d a d d e negar todo esto, u n a vez que la c r í t i c a h i s t ó r i c o - c i e n t í f i c a lo p u s o de manifiesto, se c o n t e n t ó c o n decir durante bastante t i e m p o que J u a n le hab í a compuesto a ruegos de sus amigos, c o n objeto de s u p l i r lo que faltaba en los otros Evangelios. Es decir, u n a especie de s o l i c i t u d a d m i r a b l e de la r e v e l a c i ó n d i v i n a destinada, s i n duda, a c o m p l e t a r lo relativo a J e s ú s , que q u i z á a causa de su i m p o r t a n c i a no h a b í a querido i n s p i r a r de u n a vez. O sea,
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que puesto que los s i n ó p t i c o s p a r e c í a n casi l i m i t a r s e a lo que c o n c e r n í a a la v i d a m a t e r i a l de J e s ú s o esto de preferenc i a , Juan, c o m o dice Clemente d e A l e j a n d r í a , h a b í a escrito un Evangelio espiritual. San J e r ó n i m o a ñ a d e que exigió p r i meramente u n p ú b l i c o joven, d e acuerdo c o n e l c u a l e m p e z ó su o b r a c o n estas palabras llegadas directamente del C i e l o : « E n u n p r i n c i p i o era e l V e r b o . » E n todo caso, E u s e b i o n i p a l a b r a de todo esto s a b í a . A aquellos excelentes Padres de la Iglesia n a d a les d e t e n í a cuando se trataba de a f i r m a r . Y con tanta seguridad lo h i c i e r o n y tan buen resultado les dio, pues la fe s i g u i ó i n c o n m o v i b l e , que m a r c a r o n firmemente la p a u t a que s e g u i r í a é s t a . A d m i r a b l e sistema este de a f i r m a r , que, c o m o d i r í a el m á s grande de los escritores lusitanos, « c r e a ciencias y r e l i g i o n e s » . Y que, sobre todo si el que i n terroga e s t á dispuesto a creer, evita tener que demostrar, pues saca al m o m e n t o de dudas. Así, san Ireneo, apremiado p o r los g n ó s t i c o s a p r o p ó s i t o del n ú m e r o de los Evangelios, r e s p o n d i ó , como ya he d i c h o : « Q u e aunque e x i s t í a n varios Evangelios, no se d e b í a n a d m i t i r sino cuatro, porque no h a b í a sino cuatro puntos cardinales.» A ñ a d í a que los querubines que rodeaban el t r o n o del V e r b o eran t a m b i é n de c u a t r o especies, detalle precioso que seguramente s a b í a gracias a su santidad. Si llega a existir entonces l a baraja, seguramente h u b i e r a invocado t a m b i é n sus c u a t r o palos. Y no d i j o que si se quitaban d e l arco i r i s tres colores, u n o p o r cada persona de la T r i n i d a d , quedaban los c u a t r o que m a r c a b a n el n ú m e r o de los Evangelios, porque no se le o c u r r i ó . Pero san C i p r i a n o ( ¡ a d m i r a b l e esta falange de santos m a g n í f i c o s c o n que nos edifica la Iglesia!) c o m p l e t ó tan grandes verdades asegurando, p o r su parte, no que el C i e l o estaba sostenido p o r cuatro t o r n i l l o s , lo que p u d o sentar c o n la m i s m a seguridad que el gran Ireneo lo de los querubines, sino: « Q u e h a b í a cuatro Evangelios, porque h a b í a cuatro r í o s e n e l p a r a í s o t e r r e n a l » ( C y p r i a n i : Epist. L X X I I I ) . A f i r m a c i ó n doblemente a d m i r a b l e , puesto que evidenciaba l a s u p e r i o r i d a d d e l p a r a í s o c r i s t i a n o sobre el h i n d ú , que c o m o río celestial s ó l o menciona al Ganges, al que, s e g ú n los santos de aquella gran p e n í n s u l a , S i v a , de-
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c i d i d o a sacrificarse t a m b i é n p o r los hombres, a g u a n t ó sobre su cabeza p a r a evitar que cayendo de golpe sobre la T i e r r a , la destrozase. Y s ó l o al cabo de muchos siglos, y luego de perder casi toda su fuerza al pasar d i f í c i l m e n t e entre la m a r a ñ a de los cabellos de la m a g n í f i c a testa del dios, é s t e p e r m i t i ó que bajase a fecundar las tierras de los hombres que le adoraban. D i c h o lo c u a l se c o m p r e n d e r á que a todo h a y quien gane. Es decir, que si muchos santos cristianos son dignos de haber nacido en el b a r r i o de Santa C r u z de S e v i l l a , los h i n d ú e s e n e l d e l a Macarena. E n f i n , san J e r ó n i m o comparaba, t a m b i é n l o h e dicho ya, pero l o bueno conviene repetirlo para que se grabe bien, c o m p a r a b a los cuatro Evangelios a las cuatro anillas que s e r v í a n p a r a transportar el A r c a (Prolog, in M a r c i Ecang.). En todo caso, si los Evangelios son las fuentes de la verdad, hay que reconocer que l l o v i ó tanto en sus inmediaciones, que su agua forzosamente s a l i ó bastante t u r b i a . De todas maneras, lo que conviene retener es que el cuarto Evangelio, a t r i b u i d o a Juan, el que completando el tute e v a n g é l i c o ha dado origen a las irables afirmaciones anteriores (su autor, el de la p r i m e r a r e d a c c i ó n , d e b i ó ser un j u d í o helenizante d i s c í p u l o e s p i r i t u a l de F i l ó n ) , es enteramente diferente de los s i n ó p t i c o s . No obstante, c o m o acabamos de ver, los t e ó l o g o s ortodoxos, antes que reconocer cosa tan evidente, se suelen l i m i t a r a decir que los cuatro Evangelios «se completan m u t u a m e n t e » . P e r o la v e r d a d es que en vez de completarse, se contradicen. Incluso cuando, c o m o ocurre c o n los tres s i n ó p t i c o s , parecen ir de acuerdo en algo, lo que de c o m ú n dicen, cada u n o lo hace a su modo, como hemos visto. P o r otra parte, que el J e s ú s de los s i n ó p ticos nada tiene que ver con el C r i s t o de Juan, esto es tan evidente, que ni i n s i s t i r sobre ello vale la pena. L o i s y dice con m u c h a r a z ó n no s ó l o que el redactor de este Evangelio era u n simple t e ó l o g o m í s t i c o , n o u n historiador, sino que (Quelques lettres, p á g . 30): «Si h a y u n a cosa evidente entre todas, pero en la que el m á s poderoso de los intereses t e o l ó gicos hace que o r a inconsciente, o r a voluntariamente, se vuelvan Ciegos acerca de ello, es l a i n c o m p a t i b i l i d a d profun-
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da, irreductible, entre el cuarto Evangelio y los s i n ó p t i c o s . Si J e s ú s ha hablado y obrado c o m o se le ve h a b l a r y o b r a r en los tres p r i m e r o s Evangelios, no ha hablado y obrado c o m o se le ve h a b l a r y o b r a r en el c u a r t o . » Lo ú n i c o que cabe preguntar, pues, luego de encogerse de h o m b r o s ante la descarada audacia de seguir hablando de revelación, de inspiración divina, de intangibilidad de los textos sagrados y d e m á s e n g a ñ o s , es ¿ p o r q u é estas diferencias, no ya entre J u a n y los s i n ó p t i c o s , sino entre é s t o s mism o s ? Pues sencillamente, c o m o ya i n d i q u é , porque su prop ó s i t o , m á s exactamente el p r o p ó s i t o de sus redactores, no fue e s c r i b i r p a r a la posteridad, sino p a r a que lo que h a c í a n sirviese c o m o base p a r a la p r e d i c a c i ó n en las p r i m i t i v a s c é l u l a s cristianas; c o m o simples elementos de doctrina. A causa de lo cual, lo que refieren no p r e t e n d í a n que fuese lo que pudo hacer y decir J e s ú s , aun a d m i t i e n d o que hubiese existido, sino lo que, a su j u i c i o , c o n v e n í a que fuese c r e í d o en las comunidades o grupos de fieles p a r a las que escrib í a n y p a r a los que e s c r i b í a n . Y p o r e l l o que el Evangelio de Mateo, p o r ejemplo, destinado, c o m o ya he dicho, a ver de atraer a los j u d í o s a la nueva doctrina, e s t é m u c h o m á s lleno de referencias b í b l i c a s que los otros dos s i n ó p t i c o s . Así c o m o que contradijese m u y particularmente al Evangelio d e M a r c i ó n , c u y a i n f l u e n c i a tanto i n t e r é s h a b í a e n atajar. A h o r a bien, lo que en él se dice a t r i b u y é n d o s e l o a J e s ú s , y lo m i s m o en M a r c o s y en L u c a s , y no hablemos ya de J u a n , ¿ c ó m o creer que fuese lo que, aun suponiendo que e x i s t i ó , pudo s a l i r de su boca, s i n volver la espalda no ya a t o d a c r í t i c a r a c i o n a l , s i n o a l m á s elemental b u e n sentido? ¿ Q u i é n lo h u b i e r a retenido de m e m o r i a y q u i é n , t a l c u a l fue esc r i t o , l o hubiese t r a n s m i t i d o ? E l hecho d e que cada uno, a u n cuando se trata de los m i s m o s supuestos sucesos y palabras, lo haya realizado a su manera, ¿ n o e x p l i c a suficientemente c ó m o fueron compuestos estos Evangelios? De cosas t a n importantes, a p r i m e r a vista, p o r lo menos, c o m o el Sermón de la montaña, de corresponder a lo dicho p o r J e s ú s , ¿ f a l t a r í a en M a r c o s , y M a t e o y Lucas, que lo dan, lo h a r í a n de m o d o tan diferente? E s t o s ó l o hablando de las « b i e n a v e n -
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t u r a n z a s » ; porque s i pensamos e n los c a p í t u l o s V , V I y V I I de M a t e o , ¿ p o r q u é cuanto contienen, especie de catecismo de la m o r a l cristiana, falta totalmente en M a r c o s , p r i m e r o de l o s . Evangelios, que h u b i e r a debido o m i t i r todo antes que esto? De haber seguido a M a t e o , c o m o dice la Iglesia, a ú n s e r í a menos explicable s u o m i s i ó n . Todas estas preguntas no tienen sino u n a respuesta: pues porque, c o m o es evidente (salvo, claro e s t á , p a r a los que v i y e n de decir lo c o n t r a r i o ) , tanto las palabras c o m o los hechos atribuidos a J e s ú s en los Evangelios es i m p o s i b l e que fuesen, aun a d m i t i e n d o que h u b o un modesto profeta de este n o m b r e , sino un eco remoto, falso, exagerado, de lo que p u d o decir y hacer, pasado a t r a v é s de c i e n interpretaciones y modificaciones hijas de u n a continuada a l t e r a c i ó n de lo que, a d m i t i d o el supuesto de la existencia, hubiese constituido l a p r i m e r a t r a d i c i ó n o r a l . T o d o ello s i n contar que muchas de estas palabras, que a j u z g a r p o r los propios Evangelios, J e s ú s p r o n u n c i ó s i n testigos, pero que, no obstante, aparecen en ellos (Mateo, X X V I , 39; Marcos, X I V , 35; Lucas, X I I , 41, p o r ejemplo), ¿ q u i é n h u b i e r a p o d i d o repetirlas, puesto que nadie las o y ó ? ¿ L a revelación, verdad? ¡Naturalmente! Cuando se hace observar todo esto, es decir, la ausencia en unos Evangelios de lo que figura en otros, la p r o g r e s i ó n creciente en sus narraciones, sus contradicciones, sus i m p o sibilidades, no e x t r a ñ a r á que los propios Padres de la Iglesia, a s í c o m o cuantos eran capaces de pensar, se llenasen de dudas y perplejidades. Y que (me l i m i t a r é a c i t a r uno, pero de peso) el p r o p i o san A g u s t í n dijese (en Contra la Epístola titulada «del Fundamento», ep. 5): Ego vero Evangelio nom crederem, nisi me vathilicae ecclesiae conmoveret auctontas... Ego me ad eos teneam quibus praecipientibus Evangelio credidi. ( « D e no ser p o r la a u t o r i d a d de la Iglesia, no c r e e r í a en el Evangelio.) Definitivo. P o r eso cuando aquel p a p a tan inteligente, tan s i m p á t i c o y tan tunante que fue L e ó n X I I I d e c í a en su e n c í c l i c a Providentissimus, r e f i r i é n d o s e al c a r á c t e r d i v i n o e i n s p i r a d o de los Evangelios, que quienes los h a b í a n escrito nos « t r a n s -
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m i t í a n c o n impecable f i d e l i d a d l a p a l a b r a d e D i o s y t a n s ó l o esta p a l a b r a » , ¿ q u é juzgar, dando p o r seguro, c o m o h a y que darlo, que c o n o c í a perfectamente cuanto hasta él se h a b í a escrito sobre estas cuestiones, sino que era, digamos, u n g r a n h u m o r i s t a ? ¿ Y q u é d e los tres m i l mitrados, y e l P a p a a su cabeza, que a ú n en el ú l t i m o C o n c i l i o se h a n atrevido a h a b l a r de revelación y del E s p í r i t u S a n t o ? En lo que al Evangelio a t r i b u i d o a J u a n respecta, p u d i e r a sorprender el hecho de que c o n t r a él d i r í a s e que se h a n e n s a ñ a d o los c r í t i c o s modernos. M a s no, n o hay t a l e n s a ñ a miento, sino simples deseos de ir en b u s c a de la verdad. P a r a que se comprenda, b a s t a r í a considerar la p r o p i a opos i c i ó n que e n c o n t r ó hasta ser a d m i t i d o e n e l Canon. E s m á s , que incluso u n a vez a d m i t i d o , no ha h a b i d o texto que h a y a precisado de m á s explicaciones y aclaraciones que é l . E x p l i caciones y aclaraciones encaminadas a v e r de j u s t i f i c a r lo injustificable. V o y a dar algunos botones de muestra t o m a dos del texto m i s m o . P o r supuesto, hago gracia al lector del p r i n c i p i o de este Evangelio, p r i n c i p i o empapado de gnost i c i s m o t o t a l (394). Pasado este p r i n c i p i o , que n o tiene desp e r d i c i o y que se h i z o p a r a ver de p r o b a r c ó m o de p r o n t o a Y a h v é le h a b í a nacido un H i j o , ya en I, 18, el redactor de este texto empieza a soltarse el pelo asegurando que «a D i o s nadie l e v i o j a m á s » . E s decir, desmintiendo rotundamente al Antiguo Testamento, l i b r o , no obstante, revelado t a m b i é n , e i n c l u s o que h a b í a sido el C r i s t o de J u a n «el que le ha dado a c o n o c e r » . E s t o es enteramente seguro p a r a el redactor de este Evangelio, puesto que h a sido E l q u i e n « h a v e n i d o a l M u n d o para dar testimonio de la v e r d a d » ( X V I I I , 37). «Los j u d í o s no c o n o c í a n a D i o s » ( V I I , 28). Luego son unos embusteros, puesto que aseguran conocerle ( V I I I , 55). Y algo m á s que embusteros, e s c ú c h e s e ( X , 8): « T o d o s cuantos h a n v e n i d o antes que yo eran ladrones y s a l t e a d o r e s » . C o m o , naturalmente, en este « t o d o s » entraban M o i s é s y los profetas, gran e s c á n d a l o . El p r o p i o san A g u s t í n , a fuerza de busc a r c ó m o arreglar las cosas, d i s c u r r i ó (In Jo. tr. X L V ) que los contundentes calificativos se aplicaban t a n s ó l o a los que
habían venido «fuera» de Cristo, no de acuerdo con E l , como
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los profetas. A h o r a bien, si «los j u d í o s no c o n o c í a n a Dios», todas las afirmaciones de salmistas y profetas eran falsas, puesto que antes de su llegada: « J a m á s h a b é i s escuchado su voz, j a m á s h a b é i s visto su c a r a » ( V , 36, 37). Luego todas las afirmaciones en c o n t r a r i o d e l Antiguo Testamento no p o d í a n p r o b a r sino u n a cosa: que el D i o s d e l Antiguo Testamento no era D i o s . A f i r m a c i ó n que, c o m o sabemos, se h a b í a apres u r a d o a sentar M a r c i ó n . A d e m á s , c o m o « n a d i e h a s u b i d o a l Cielo, a no ser aquel que del Cielo ha b a j a d o » , falso t a m b i é n lo que se a f i r m a b a acerca d e l profeta E l i a s en el segundo l i b r o de los Reyes. T r a s afirmaciones c o m o las anteriores, c a s i n o vale l a pena r e c o r d a r que n a d a m á s entrar en escena (II, 1-12), Jes ú s le dice a su m a d r e , en la cena de C a n a : « ¿ Q u é hay entre tú y y o , m u j e r ? » Palabras que en todo t i e m p o desconcertar o n a los creyentes, a causa de no darse cuenta d e l o r i g e n g n ó s t i c o de este Evangelio. Pues si hubiesen recordado que M a r c i ó n h a c í a bajar a J e s ú s d e l Cielo ya adulto y que, en general, p a r a todos los g n ó s t i c o s J e s ú s h a b í a pasado p o r l a T i e r r a c o n u n a s i m p l e a p a r i e n c i a de cuerpo real, en estas condiciones, ¿ c ó m o p o d í a tener m a d r e n i r e l a c i ó n alguna c o n M a r í a ? P e r o , claro, c o m o l a Iglesia h a b í a a f i r m a d o e l prodigioso m i l a g r o d e s u g e n e r a c i ó n e n é s t a p o r o b r a del E s p í r i t u Santo y e n s e ñ a b a y d e f e n d í a cosa tan i n a u d i t a , l ó g i c o era el a s o m b r o de los que c r e í a n lo anterior a ojos cerrados. S i hubiesen pensado, a l menos, c o m o R e n á n (L'Eglise Chrétienne, p á g . 58): « E l cuarto Evangelio es un escrito s i n v a l o r alguno si se trata de saber c ó m o h a b l a b a J e s ú s » , no se hubiesen escandalizado tanto. E n todo caso, e l C r i s t o d e J u a n ataca incluso a l « p r í n c i p e d e l M u n d o » , es decir, «al D i a b l o » , puesto que ha v e n i d o a la T i e r r a a revelar al ú n i c o « v e r d a d e r o Dios», desconocido hasta E l . P o r q u e «el M u n d o entero e s t á e n poder d e l M a l o » ( V , 19); p e r o el H i j o de D i o s ha v e n i d o a a r r a n c a r l e el Imp e r i o d e l M u n d o : « E l p r í n c i p e del M u n d o v a a ser echado f u e r a » ( X I I , 31), pues «Dios no ha enviado a su H i j o al M u n d o p a r a que juzgue a l M u n d o , sino p a r a salvar a l M u n -
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d o » ( I I I , 17). A f i r m a a ú n : « H e venido no a juzgar, sino a salvar a l M u n d o » ( X I I , 47). Durante l a v i d a terrestre d e C r i s t o , los hijos de Dios son un p e q u e ñ o r e b a ñ o , y son hijos d e D i o s los que h a n r e c i b i d o l a l u z v e n i d a a l M u n d o (I, 9-13). Es decir, los que h a n c r e í d o en el H i j o de D i o s , a causa de lo c u a l su v i d a s e r á eterna. M i e n t r a s que los j u d í o s son « d e l Diablo», en vez de ser « d e a r r i b a » . P e r o c o m o segundo nacimiento, pues el p r i m e r o , c o m ú n a todos, es el que se r e a l i z a en v i r t u d de la carne. N a c i m i e n t o que nos hace entrar en el M u n d o y nos introduce en la f a m i l i a h u m a n a . E l segundo l o consiguen los que creen e n e l H i j o de D i o s , a causa de lo c u a l r e c i b e n la v i d a eterna. Luego los hijos d e l D i a b l o , c o m o los j u d í o s , l o son p o r haber sido creados p o r E l . P o r consiguiente, Y a h v é , C r e a d o r del U n i v e r s o en seis d í a s , P a d r e de los h o m b r e s y D i o s de M o i s é s , es el Diablo, y s ó l o verdadero Dios, el de J e s ú s . E s t a m o s , pues, en pleno Evangelio m a r c i o n i t a . P e r o a ú n hay m á s , y es que el C r i s t o de J u a n rechaza la r e s u r r e c c i ó n de la carne, puesto que el c o n o c i m i e n t o « d e l ú n i c o D i o s verd a d e r o » es, p a r a los que poseen este conocimiento, un p r i n c i p i o d e v i d a eterna. Y , naturalmente, e l D i o s d e l a c r e a c i ó n , D i o s m a l o que somete a los h o m b r e s al d o l o r y a la muerte, seguida de c o n d e n a c i ó n y de Infierno, es rechazado. M i e n tras que el de J e s ú s es un D i o s « q u e a m a de tal m o d o al M u n d o , que le ha dado a su ú n i c o H i j o c o n objeto de que todo e l que crea e n E l n o perezca, sino que tenga l a v i d a e t e r n a » ( I I I , 16). Y en V I , 29 y siguientes: « H e a q u í p a r a aquel que cree en la v i d a eterna, el p a n que desciende d e l C i e l o c o n objeto d e que e l que l o c o m a n o m u e r a . . . E l que come este p a n v i v i r á e t e r n a m e n t e . » M á s a ú n : « Y s i alguien guarda m i palabra, j a m á s v e r á l a m u e r t e » ( V I I I , 51). Luego n a d a de r e s u r r e c c i ó n de la carne, puesto que q u i e n cree en e l verdadero D i o s « n o m u e r e » . P o r s i todo ello, a d e m á s d e p u r a p a l a b r e r í a s i n valor, fuese poco, este C r i s t o j o á n i c o es un ser p u r a m e n t e e s p i r i tual que tiene un p r i n c i p i o de v i d a a n á l o g o ( h a b í a que c o m p a r a r l e a algo y, s i n d u d a , no se e n c o n t r ó n a d a m e j o r ) al a l m a h u m a n a , l o que l e p e r m i t í a sentir, cuando a s í l e p í a -
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c í a , s i n , no obstante, estar sometido a los f e n ó m e n o s psicol ó g i c o s y fisiológicos a que nosotros lo estamos. En efecto, c o m p r o b a n d o que no estaba sometido a las leyes f í s i c a s ordinarias, vemos en el Evangelio que escapa en varias ocasiones ( V I I , 30, 44; V I I I , 59; X, 31; X I , 57; X I I , 36), s i n que se sepa c ó m o , cuando va a ser aprehendido y lapidado. L a s leyes del dolor tampoco parecen alcanzarle, puesto que clav a d o en la cruz, se le oye dar c o n la m a y o r c a l m a las postreras instrucciones a su d i s c í p u l o bienamado, que en esta n a r r a c i ó n e s t á allí, en vez de escapando c o m o u n a liebre, s e g ú n se dice en los otros Evangelios. Y si muere es porque quiere y cuando quiere. O sea, no t a m p o c o c o m o en los s i n ó p t i c o s , que haciendo dudar incluso de su c o n d i c i ó n divina, tiene un instante de p u r a d e b i l i d a d h u m a n a y pregunta a su P a d r e que p o r q u é le abandona. A q u í muere precisamente p o r obedecerle ( X I V , 31) y s ó l o tras haber comprobado que s u m i s i ó n h a sido c u m p l i d a ( X I X , 28-30). E s decir, que muere c o m o ú n i c a m e n t e p o d r í a m o r i r u n D i o s . . . S i i t i m o s la existencia de los dioses y la p o s i b i l i d a d de que, c o m o nosotros, acaban cuando les llegue su h o r a . P e r o det e n g á m o n o s a q u í . I n ú t i l profundizar. E n l o puramente quim é r i c o p a r é c e m e que imposible s e r í a llegar a l fondo p o r m u c h o que se ahondase. A s i m i s m o , las obligaciones que la necesidad de v i v i r i m pone a los d e m á s , p a r a E l , c o m o es l ó g i c o , pues se trata de u n a q u i m e r a esencialmente d i v i n a , parecen no existir. A los d i s c í p u l o s , que le i n v i t a n a que c o m a , les responde ( I V , 3234): « Y o tengo p a r a comer un a l i m e n t o que vosotros no c o n o c é i s . . . M i alimento e s hacer l a v o l u n t a d d e aquel que me ha enviado y c u m p l i r su o b r a . » T r a t á n d o s e , pues, de un ser que de h u m a n o s ó l o tiene la apariencia, a s í y s ó l o a s í se comprende que diga a M a r í a : « ¿ Q u é hay entre tú y y o , m u j e r ? » Y a los j u d í o s : « V o s o t r o s sois de abajo, yo soy de a r r i b a ; vosotros sois de este M u n d o , yo no soy de este M u n do.» Y p o r lo que el autor de este Evangelio se opone discretamente al origen d a v í d i c o del C r i s t o y a la leyenda de B e l é n ( V I I , 42), H a b i e n d o llegado directamente del C i e l o
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a G a l i l e a , el C r i s t o j o á n i c o no tiene nada que ver con D a v i d ni con M a r í a , y tampoco c o n B e l é n y c o n Nazaret. Tras todo ello, ¿ c ó m o h u b i e r a p o d i d o l a Iglesia aceptar este Evangelio y p o n e r l o j u n t o a los s i n ó p t i c o s ? A u n luego de haber pasado p o r manos de un segundo redactor, y no obstante lo que é s t e a ñ a d i ó p a r a ver de a r m o n i z a r l o c o n ellos, en la m e d i d a de lo posible, la diferencia era tal, que l a l u c h a hasta darle a l f i n c o m o c a n ó n i c o fue m u y dura, s e g ú n y a sabemos. L o que m á s d e b i ó c o n t r i b u i r a que l e aceptasen s e r í a la piadosa m e n t i r a de ser a t r i b u i d o p o r u n a de tantas leyendas al d i s c í p u l o m á s amado de J e s ú s . P e r o c o m o f á c i l m e n t e se comprende, todo lo anterior era, seg ú n digo, tan opuesto a los s i n ó p t i c o s y o l í a de t a l m o d o a m a r c i o n i s m o , que d i f í c i l m e n t e p o d í a ser a d m i t i d o c o m o texto c r i s t i a n o p o r u n a Iglesia que h a b í a declarado a M a r c i ó n hereje. P a r a b o r r a r l a idea d e que J e s ú s n o h a b í a tenido cuerpo c a r n a l , es decir, rechazar, c o m o se p r e t e n d í a en la v e r s i ó n o r i g i n a l , que h a b í a s i d o u n ser puramente e s p i r i t u a l revestido de u n a s i m p l e apariencia de cuerpo m a t e r i a l (395), y con objeto de conseguirlo, se fueron a ñ a d i e n d o detalles que c o n el pretexto de enmendar errores y a c l a r a r el texto, lo que h i c i e r o n fue alterar su sentido p r i m i t i v o y v a r i a r l o . Así, p o r ejemplo, el episodio de la lanzada ( X I X , 34) que da el soldado r o m a n o a J e s ú s u n a vez é s t e ya muerto, fue i n t r o d u c i d o t a n s ó l o p a r a demostrar que se trataba de un cuerpo real, puesto que h a b í a salido de él sangre y agua. Y que, p o r consiguiente, no p o d í a ser un s i m p l e fantasma lo que h a b í a clavado en la cruz. Y p a r a que la seguridad en lo que se p r e t e n d í a hacer creer fuese m a y o r , se a ñ a d i ó : «Aquel que lo ha visto, ha dado testimonio, y el testimonio es v e r d a d e r o . » O sea, que se trataba de c o m b a t i r no t a n s ó l o a M a r c i ó n , sino a los docetes, que, c o m o se sabe, d e c í a n que siendo l a m a t e r i a i m p u r a p o r esencia, J e s ú s n o h a b í a p o d i d o tener cuerpo m a t e r i a l . L o que p a r e c í a ser u n cuerpo humano, era tan s ó l o u n a apariencia de él. Naturalmente, la consecuencia era que C r u c i f i x i ó n , A s c e n s i ó n y Resurrecc i ó n s ó l o eran puras ilusiones. Afirmaciones todas ellas m u y
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graves p a r a los que t e n í a n i n t e r é s , lo creyesen ellos o no, en que fuese a d m i t i d o lo contrario. En V I , 48 y siguientes, J e s ú s dice: «Yo soy el padre de la v i d a . V u e s t r o s padres h a n c o m i d o e n e l desierto e l m a n á y h a n m u e r t o . P e r o a q u í e s t á e l p a n v i v o descendido d e l C i e l o p a r a que todo el que c o m a de él no m u e r a . Yo soy el p a n v i v o descendido del C i e l o . Todo e l que c o m a d e m i p a n v i v i r á e t e r n a m e n t e . » En 35 h a b í a dicho: «Yo soy el pan de v i d a . E l que viene a m í n o t e n d r á hambre, e l que cree e n m í n o t e n d r á sed.» E n 40: « P u e s e s l a v o l u n t a d d e m i Padre que todo e l que v e a l H i j o y cree e n E l tiene l a v i d a e t e r n a . » Luego en la r e d a c c i ó n p r i m e r a lo que salvaba y daba la v i d a eterna era la fe. Así lo c o m p r e n d í a san A g u s t í n cuando d e c í a (In Jo., X X V , 12): «Los dientes, el vientre, n a d a tienen que hacer a q u í . Cree y has c o m i d o . » Y en X X V I , 1: « C r e e r e n E l e s c o m e r e l pan v i v o . E l que cree, c o m e . » Pero, c l a r o , é s t e era un p u r o a l i m e n t o de fe, a l i m e n t o de un ser espirit u a l , y c o m o h a b í a i n t e r é s en que J e s ú s tuviese cuerpo, tras: « T o d o el que come de mi pan v i v i r á e t e r n a m e n t e » , fue a ñ a d i d o : « Y e l p a n que d a r é p a r a l a v i d a del M u n d o e s m i c a r n e . » Y todo lo que se lee de 52 a 57, donde se h a b l a de comer su carne y beber su sangre, que tanto escandalizaba a los j u d í o s , fue a ñ a d i d o p o r el segundo redactor. C o n lo que la a f i r m a c i ó n de V I , 63: « E s el e s p í r i t u lo que da la v i d a , l a carne n o sirve p a r a n a d a » , p o r tierra. P o r o t r a parte, d e l Verbo que abre este Evangelio y que d i r í a s e destinado a i l u m i n a r todo El y a representar un gran papel, no se vuelve a hablar. P r u e b a a ú n de las dos redacciones diferentes, destinada la segunda a ponerle en condiciones de ser a d m i t i d o en el Canon. En f i n , en el cap í t u l o X X , con m o t i v o d e las apariciones d e J e s ú s luego d e muerto, las adiciones d e l segundo redactor son t a m b i é n evidentes. En 19 y 25, estando los d i s c í p u l o s en un l u g a r cuya puerta estaba cerrada, J e s ú s se f i l t r a a t r a v é s de e l l a s i n a b r i r l a , c o m o el Comendador, en Don Juan Tenorio, a t r a v é s del m u r o . Y de este m o d o llega hasta ellos. N a t u r a l mente, esto no puede hacerlo sino un ser i n m a t e r i a l (suponiendo, c l a r o e s t á , que fuera de la l i t e r a t u r a p u d i e r a haber
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seres personales inmateriales), a menos de ponernos en trance de m i l a g r o , en cuyo a m p l i o c a m p o todo es posible. M e n o s , p o r supuesto, demostrar lo que se a f i r m a . Y p o r ello, la d u d a de T o m á s cuando le a n u n c i a n que h a n v i s t o a J e s ú s , sirve p a r a a ñ a d i r a l : «Si n o l o veo, n o l o c r e o » , p r i m i t i v o , las palabras: «Si no veo en sus manos las marcas de sus clavos, etc.», palabras que prueban u n a vez m á s l a i n t e n c i ó n d e l segundo redactor en demostrar, a su modo, que C r i s t o t e n í a cuerpo c a r n a l . A s i m i s m o en 27 hace decir a J e s ú s : «Al p u n t o dijo a T o m á s : L l e v a t u dedo a q u í y m i r a m i s manos; trae la m a n o y m é t e l a en mi costado, y no seas i n c r é d u l o , sino c r e y e n t e . » T o t a l , que, c o m o se ve, h a b í a tantos y tan justificados m o t i v o s p a r a desechar este Evangelio, tan d i s t i n t o de los s i n ó p t i c o s , que c o n objeto de d i s i m u l a r su t o t a l o p o s i c i ó n a ellos, se h i z o i n t e r v e n i r a un segundo redactor. Pero, c l a r o , aun a s í era tan evidente el arreglo, que c o s t ó m u c h o trabajo convencer a los que i b a n de buena fe. Y a causa de ello, las inacabables luchas y discusiones en t o r n o a este texto. S i n contar que a s i m i s m o era p r e c i s o hacer c a l l a r a los disidentes sobre algo no menos i m p o s i b l e de a d m i t i r : la a t r i b u c i ó n de este Evangelio a J u a n . Porque, ¿ c ó m o un d i s c í p u l o del J e s ú s de los otros Evangelios, y su d i s c í p u l o bienamado, tras haber c o n v i v i d o c o n E l durante tres a ñ o s , c o m o a q u í s e supone, i b a a haber sido el ú n i c o en darse cuenta de lo que los d e m á s no se h a b í a n dado y a dejar de la v i d a y andanzas de su Maestro, a s í c o m o de sus palabras, u n a r e l a c i ó n tan d i s t i n t a de la que en los s i n ó p t i c o s h a b í a n dejado los otros? La a t r i b u c i ó n , pues, de este Evangelio a J u a n h u b o que rechazarla d e pleno con s ó l o fijarse e n s u texto. E n cuanto a la fecha en que pudo ser escrito, c o m o era evidente que las Epístolas de Ignacio (en r e a l i d a d atribuidas a Ignacio, pues ha sido demostrado que fueron escritas p o r un falsar i o que se las c o l g ó a Ignacio, s i n duda, p a r a sacar m á s fácilmente p a r t i d o de ellas) y de P o l i c a r p o (la carta de é s t e a los filipenses se considera como a u t é n t i c a a e x c e p c i ó n de unas cuantas l í n e a s ) manifestaban influencias j o á n i c a s , m i e n tras se c r e y ó que estas Epístolas h a b í a n sido escritas h a c i a
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el a ñ o 110, se supuso, era l ó g i c o , que el Evangelio en que se h a b í a n i n s p i r a d o t e n í a que haber sido compuesto antes, es decir, a fines del siglo i o p r i n c i p i o s del n. M a s habiendo sido p r o b a d o que son posteriores al a ñ o 150 (396), y la de Clemente a s i m i s m o a mediados del siglo n , y a n o h a h a b i d o m e d i o de sostener t a l p r e t e n s i ó n . Y c o m o c o n certero j u i c i o c r í t i c o y agudo sentido, H e n r i Delafosse (La quatrième Evangile, P a r í s , 1925) ha demostrado que este Evangelio se i n s p i r ó , en su p r i m e r a r e d a c c i ó n , en el de M a r c i ó n e incluso, p a r a que fuese a d m i t i d o p o r la Iglesia, s u f r i ó manipulaciones efectuadas p o r un redactor posterior, si se tiene en cuenta, a d e m á s , la evidente a l u s i ó n a Bar-Kochebas o B a r K o k h b a de V, 43, donde se hace d e c i r a J e s ú s : «Yo, que he venido e n n o m b r e d e m i Padre, n o m e r e c i b í s . S i otro viene en su p r o p i o n o m b r e , a é s t e le r e c i b i r é i s » , no hay m á s remed i o que suponer, puesto que B a r - K o c h e b a s h a b í a aparecido en el a ñ o 135, que el Evangelio a t r i b u i d o a J u a n es poster i o r . Indudable es, p o r o t r a parte, a juzgar p o r determinadas citas de la Primera Apología de J u s t i n o y de su Diálogo, que é s t e tuvo en sus manos y u t i l i z ó la p r i m e r a r e d a c c i ó n de este cuarto Evangelio (397). E n u n a palabra, e l cuarto Evangelio n a c i ó m a r c i o n i t a . L a p r i m e r a v e r s i ó n d e b i ó ser hecha d e s p u é s del a ñ o 135, a juzgar p o r la a l u s i ó n mencionada a Bar-Kochebas, que se h a b í a levantado este a ñ o c o n t r a los romanos y a los que tuvo en jaque tres (398), p o r un d i s c í p u l o de M a r c i ó n y mientras é s t e estaba e n R o m a . E n tal caso, p o r aquella é p o c a . Y t a l c u a l fue escrito, fue a d m i t i d o p o r varias comunidades de Oriente, que lo que n e c e s i t a r í a n s e r í a textos en t o r n o a los cuales f i j a r la naciente creencia. E n t r e tanto o c u r r i ó lo de M a r c i ó n : su llegada a R o m a el a ñ o 140, su e x c o m u n i ó n en 144, su v u e l t a q u i z á a Oriente y t a l vez su muerte, o c u r r i da no se sabe c u á n d o ni d ó n d e . T o t a l , que h a c i a el a ñ o 150, la f u r i a de la Iglesia c o n t r a él estaba en todo su apogeo. E r a e l hereje n ú m e r o uno, e l m a y o r enemigo, tanto m á s cuanto que muchos, p a r t i c u l a r m e n t e en Oriente, aceptaban su Evangelio, y sus doctrinas h a c í a n g e r m i n a r otras, todas de tipo g n ó s t i c o . Y fue entonces cuando, ante la i m p o s i b i l i -
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dad de arrancar de cuajo sus ideas y su influencia, se d e b i ó considerar que era m e j o r o b r a r solapadamente, y uno o var i o s redactores ortodoxos se dedicaron a reformar la p r i m e ra v e r s i ó n de lo que luego fue l l a m a d o el cuarto Evangelio, d á n d o l e poco m á s o menos l a f o r m a actual. En v i s t a de todo lo anterior y tras atenta c o n s i d e r a c i ó n de los cuatro Evangelios, los c r í t i c o s modernos estuvieron de acuerdo no tan s ó l o en que el p r i m e r o de ellos era el de M a r c o s (399), sino en que c o n a n t e r i o r i d a d tuvo que haber o t r o u t i l i z a d o p o r é s t e , y luego p o r M a t e o y p o r L u c a s . P o r o t r a parte, los trabajos d e B . H . Steeter, autor d e u n l i b r o notable: The Four Gospels, a study on origins, y su escuela (Taylor y otros d i s c í p u l o s suyos) demostraron que Lucas, a d e m á s de a M a r c o s , h a b í a tenido a la v i s t a o t r o Evangelio, no u n a s i m p l e r e u n i ó n de hechos y palabras (Logia y Quelle) d e J e s ú s o a E l atribuidos; m a n i f e s t a c i ó n p r i m e r a escrita de i n c i e r t a t r a d i c i ó n o r a l en constante v í a de f o r m a c i ó n . Es decir, un verdadero relato y a , conteniendo los supuestos hechos y palabras de J e s ú s , Evangelio t e r m i n a d o en la Pas i ó n y R e s u r r e c c i ó n y bastante diferente de lo que se lee en Marcos. Teniendo en cuenta todo ello, Paul-Louis C o u c h o u d expuso u n a t e o r í a sumamente seductora. A saber, que este Evangelio p r i m e r o , fuente de los actuales, fue, c o m o ya he indicado repetidamente, el de M a r c i ó n . Evangelio escrito en griego, probablemente en u n a c o m u n i d a d p a u l i n a de A s i a M e n o r o de G r e c i a . Y que teniendo a la v i s t a este Evangelio, y m u y en cuenta la d e s t r u c c i ó n de J e r u s a l é n luego de haber sido aplastada la revuelta de Bar-Kochebas, su r e c o n s t r u c c i ó n p o r A d r i a n o y la abominación de la desolación p r e d i c h a p o r D a n i e l , o sea, que un altar pagano se e l e v a r í a donde siempre h a b í a estado el T e m p l o de Y a h v é (en efecto, A d r i a n o h i z o erigir en el m i s m o sitio otro templo en honor de J ú p i ter C a p i t o l i n o ) , c o m o ello p a r e c í a anunciar e l f i n del M u n do, que se h a b í a hecho predecir a J e s ú s al h a b l a r del inmediato advenimiento del R e i n o de su Padre, alguien, a p o y á n dose en el de M a r c i ó n , r e d a c t ó el Evangelio que l l e v a el n o m b r e de M a r c o s , en l a t í n , en R o m a , no conservando d e l
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modelo sino aquello que p o d í a interesar a los adictos de la gran urbe a la nueva d o c t r i n a . Es decir, los hechos (supuestas escenas de la v i d a de J e s ú s , los milagros, los relatos de la P a s i ó n y resto de cosas p l á s t i c a s , p o r d e c i r l o a s í ) y palabras ( p a r á b o l a s y d e m á s ) que j u z g ó m á s interesantes. Y , p o r supuesto, sin o l v i d a r l a « a b o m i n a c i ó n d e l a d e s o l a c i ó n » de Daniel, que r e c o g i ó en X I I I , 14 y siguientes. T o d o ello t a l vez h a c i a el a ñ o 145. Y sobre el suyo, el a t r i b u i d o a M a t e o . E s t e , a p a r t á n d o s e a ú n m á s de M a r c i ó n , puesto que i b a d i r i g i d o de intento a v e r de atraer a los j u d í o s a la nueva d o c t r i n a . A é s t e seguir í a el, p o r e l c o n t r a r í o , a r c h i m a r c i o n i t a d e J u a n , e n s u p r i m e r a r e d a c c i ó n . T a n a r c h i m a r c i o n i t a , que hubo que glosarle, c o m o acabo de decir, c o n objeto de ponerle, lo m e j o r que se pudo, de acuerdo con las e n s e ñ a n z a s que i m p o n í a la Iglesia de R o m a , es decir, a m a ñ a r l e convenientemente (400). P e r o de un m o d o tan imperfecto de todas maneras, pues la empresa era casi imposible, que no hubo m e d i o de que dejase de ser enteramente distinto de sus hermanastros. Y p o r ello las oposiciones y disputas hasta ser al f i n a d m i t i d o c o m o texto c a n ó n i c o (401). En f i n , el Evangelio l l a m a d o de Lucas, que p a r a llegar a ser u n a r e a l i d a d tuvo que beber en M a r c i ó n , M a r c o s , M a teo y J u a n , especialmente en el p r i m e r o , d e l que es, en cierto modo, un calco. Es decir, que en el Evangelio que los Padres d e c í a n n o ser sino u n L u c a s m á s corto, pero que h o y l a c r í t i c a m o d e r n a piensa l o c o n t r a r i o : que L u c a s n o es sino un M a r c i ó n m á s largo. P o r supuesto. T e r t u l i a n o y E p i f a n i o se h a b í a n apresurado a decir, no pudiendo silenc i a r p o r m á s tiempo a M a r c i ó n , que é s t e era e l que h a b í a acortado y falseado el Evangelio de L u c a s . A h o r a bien, como T e r t u l i a n o e s c r i b i ó lo que e s c r i b i ó setenta a ñ o s d e s p u é s de compuesto este Evangelio, y E p i f a n i o , doscientos cincuenta, s i n contar que eran enemigos implacables de M a r c i ó n , sus afirmaciones no pueden ser consideradas o t r a cosa sino un resultado de su ortodoxia. M i e n t r a s que la c r í t i c a moderna, c o m o digo, o p i n a que fue L u c a s , es decir, el redactor d e l Evangelio que lleva su nombre, quien a d a p t ó a sus puntos
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de v i s t a lo que le convino del Evangelio de M a r c i ó n . T o d o parece, pues, c o m p r o b a r que fue L u c a s q u i e n tratando de d a r a la nueva d o c t r i n a un Evangelio lo m á s completo posible, tanto en hechos c o m o en palabras de J e s ú s , e n t r ó a saco en el de M a r c i ó n y lo c o m p l e t ó no tan s ó l o con lo que le p a r e c i ó o p o r t u n o t o m a r a s i m i s m o de M a r c o s y de M a t e o , sino con lo que a ñ a d i ó p o r su cuenta, elaborado en su fant a s í a (402). Y ahora un breve repaso del texto a t r i b u i d o a J u a n , c o m o hemos hecho c o n los a t r i b u i d o s a M a r c o s , M a t e o y L u c a s . Sus tres p r i m e r o s v e r s í c u l o s y parte del cuarto son u n a i n t e r p o l a c i ó n del segundo redactor, destinada a tratar de convencer del absurdo de que D i o s , es decir, el Y a h v é del Antiguo Testamento, h a b í a tenido un H i j o . C o m o , naturalmente, a d e m á s d e los j u d í o s , p a r a quienes t a l a f i r m a c i ó n era la m a y o r de las blasfemias (recordemos c ó m o en Marcos, X I V , 63, y en Mateo, X X V I , 65, e l p o n t í f i c e j u d í o rasga desesperado sus vestiduras al o í r a J e s ú s a f i r m a r t a l cosa), la r a z ó n se p o d í a preguntar, y seguramente se p r e g u n t ó desde un p r i n c i p i o , p a r a q u é cosa t a n disparatada, a causa de ello a c u d i r cuanto antes a tratar que la fe saliese a su encuentro lo m á s p r o n t o posible y apagase c o n su espesa v e n d a toda luz. Y p o r lo m i s m o m u l t i p l i c a r los m i l a g r o s , que, c o m o se ha visto, crecen de un Evangelio a o t r o (403). E n efecto, ¿ c ó m o n o preguntarse que p o r q u é n i p a r a q u é p o d í a querer n i necesitar Dios u n H i j o ? Y c o m o h a b í a que d a r u n a respuesta, se a c u d i ó a la que o f r e c í a n todas las religiones de s a l v a c i ó n : que p a r a bien de los hombres. Pero esta vez c o r r e g i d a y aumentada c o n lo que ya h a b í a apuntado I s a í a s , b i e n que a ú n fuese m á s i n a d m i s i b l e racionalmente: p a r a r e d i m i r l e s . ¿ R e d i m i r l e s d e q u é ? D e u n supuesto pecado: E l cometido p o r l a p r i m e r a pareja, s e g ú n l a f á b u l a del Génesis. Pecado que si la fe a d m i t i ó , c o m o tantas otras cosas, n o a s í l a r a z ó n , s e g ú n l a c u a l era i m p o s i b l e que s i n su consentimiento y aquiescencia, aunque o t r a cosa se dijese, era i m p o s i b l e — d e c í a — q u e un Dios que todo lo s a b í a , todo lo p r e v e í a y de c u y a v o l u n t a d y todo poder d e p e n d í a cuanto a c a e c í a en el M u n d o , hubiese creado un ser sabiendo
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que le i b a a desobedecer, que u n a vez o c u r r i d o le maldijese y castigase y que, finalmente, s i n duda arrepentido y p a r a r e d i m i r a sus descendientes de falta que no h a b í a n cometido, pero que, s e g ú n sus designios, s e g u í a pesando sobre ellos, mandase a un H i j o suyo, nacido de p r o n t o p a r a ello, a que los propios h o m b r e s le diesen muerte, y que este acto, en vez de empezar a c o n s t i t u i r p a r a ellos una culpa, como p a r e c í a lo l ó g i c o , fuese el p r i n c i p i o de su r e d e n c i ó n . C o m o a d e m á s d e ser todo ello del absurdo m á s total, era evidente que no h a b í a h a b i d o t a l r e d e n c i ó n , puesto que el h o m b r e c o n t i n u ó tan torpe, tan perverso y t a n l l e n o de pasiones y vicios c o m o antes, no hubo m á s remedio que, luego de intentar ahogar la r a z ó n en un p i é l a g o de fe, inventar toda u n a chungla t e o l ó g i c a a base de un q u i m é r i c o « l i b r e a l b e d r í o » , donde l o m á s sensato e s n o entrar. E n todo caso, e l empiece actual d e l cuarto Evangelio s u s t i t u y ó a l p r i m i tivo, que d e b í a d e c i r — s e g ú n opina Delafosse—lo siguiente: «Dios es la verdad y la v i d a , y la v i d a es la l u z de los h o m b r e s » (404). E l c a p í t u l o p r i m e r o acaba hablando, e n J u a n , d e los p r i meros d i s c í p u l o s d e J e s ú s . N o e s t a r á d e m á s hacer notar, y s e r á u n a diferencia m á s de este Evangelio respecto a los s i n ó p t i c o s (405), que estos d i s c í p u l o s , que salvo ligeras variantes son los m i s m o s en estos Evangelios (406), en J u a n se reducen a A n d r é s y a o t r o cuyo n o m b r e no se cita, m á s S i m ó n Pedro, F e l i p e y Natanael. Luego, en V I , 67, se h a b l a de los Doce, que hasta entonces no h a b í a n sido mencionados (probable i n t e r p o l a c i ó n hecha p a r a v e r de subsanar falta t a n importante); en V I , 71, es n o m b r a d o Judas Iscariote, y en X I , 16, T o m á s . E n e l c a p í t u l o segundo, J e s ú s hace s u p r i m e r m i l a g r o e n este Evangelio: la c o n v e r s i ó n del agua en v i n o en las bodas de C a n a . Luego, en este m i s m o c a p í t u l o , es relatada la exp u l s i ó n de los vendedores del T e m p l o . P o r cierto, que Delafosse dice que esta escena no p e r t e n e c í a a la r e d a c c i ó n p r i m i t i v a . Y puede que tenga r a z ó n , puesto que el v e r s í c u l o 16, en el que J e s ú s dice que el T e m p l o es la casa de su Padre, e s t á e n c o n t r a d i c c i ó n c o n e l d i s c u r s o a l a samaritana ( I V , 10,
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21-23), donde vemos a J e s ú s despreciar este T e m p l o (lo que no carece de l ó g i c a si se tiene en cuenta lo que dice en Mateo, V I , 6, 7), y no acepta o t r o culto que aquel « e n e s p í r i t u y en v e r d a d » . F u e r a de este c u l t o serio y elevado, todo lo d e m á s , templos, l i t u r g i a y cuanto los h o m b r e s entienden c o m o r e l i g i ó n y les sirve p a r a creer a fuerza de m a t e r i a l i z a r y hacer ostentosa su piedad, que es precisamente lo que la Iglesia ha e s t i m u l a d o y p r a c t i c a e l l a m i s m a p o r ser lo verdaderamente explotable, e s d e s d e ñ a d o p o r J e s ú s . Pero, claro, de haber mantenido la Iglesia la r e l i g i ó n a esta altura, hub i e r a tenido que v i v i r en la pobreza y en la v i r t u d , y ambas cosas s ó l o t e ó r i c a m e n t e l a c o n v e n í a n . E l c a p í t u l o tercero, c u y a parte p r i n c i p a l e s l a v i s i t a d e N i c o d e m o , es exclusivo de este Evangelio. El cuarto, donde es relatado el encuentro con la samaritana, u n o de los pasajes m á s estimables d e l Nuevo Testamento, t a l vez el m á s h e r m o s o y m e j o r , t a m b i é n . L o s s i n ó p t i c o s nada saben tampoco de esta mujer. El quinto, p r o p i o a s i m i s m o de J u a n . Y en él, las disquisiciones sobre el H i j o y el Padre, p u r a teolog í a . T e o l o g í a , c o m o es n a t u r a l , f a n t á s t i c a , inventada, caprichosa y m a l a . E n e l texto e s t á l a m u l t i p l i c a c i ó n d e los panes y los peces, que ya conocemos p o r Marcos ( V I , 30-46), Marcos ( X I V , 13-23) y Lucas ( I X , 10-17), y m á s t e o l o g í a : Sobre que J e s ú s es p a n de v i d a p a r a los que creen en El y sobre el p a n e u c a r í s t i c o . E l s é p t i m o , p r o p i o t a m b i é n d e este Evangelio. En él se habla, entre otras cosas, del origen d i v i no d e l M e s í a s , y vemos a J e s ú s desaparecer misteriosamente. E s t a s escapadas p o r arte de m a g i a son propias t a m b i é n de este Evangelio: V a n a apoderarse de E l , y se disuelve, p o r d e c i r l o a s í , c u a l si fuese h u m o o s ó l o un fantasma de h o m b r e . L o que e s t á d e acuerdo c o n l a idea m a r c i o n i t a d e J e s ú s , que b a j ó d e l C i e l o revistiendo u n a p u r a apariencia material, es decir, s i n carne, pues j a m á s , c o m o ha sido dicho, u n D i o s h u b i e r a p o d i d o « e n c a r n a r » p o r ser l a carne i m p u r a . E l c a p í t u l o octavo contiene e l episodio d e l a m u j e r a d ú l t e r a . E s t a historieta falta e n los cuatro manuscritos griegos m á s antiguos. L o s Padres griegos no la conocieron, y tampoco e s t á e n l a m a y o r parte d e las versiones n i e n los m a n u s c r i -
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tos m á s antiguos de la Vulgata p i e j e r o n i m i a n a . Se trata, no obstante, de u n a h i s t o r i a m u y antigua, puesto que sabemos p o r E u s e b i o (Historia Eclesiástica, I I I , 39, 17) que la conoc í a Papias. E l doce, l a u n c i ó n d e B e t a n i a , l o conocemos y a p o r Marcos ( X I V , 3-9) y p o r Mateo ( X X V , 6-13). En este m i s m o c a p í t u l o e s t á l a entrada t r i u n f a l e n J e r u s a l é n , entrada que ya conocemos p o r los s i n ó p t i c o s . P o r supuesto, los detalles n o son n u n c a los m i s m o s ; tan s ó l o e l fondo. E n e l c a p í t u l o trece asistimos a l l a v a t o r i o d e pies ( J e s ú s quiere dar ejemplo de h u m i l d a d ) , al anuncio de la t r a i c i ó n y a la n e g a c i ó n de Pedro. Catorce, quince, d i e c i s é i s y diecisiete, propios t a m b i é n d e este Evangelio. E l dieciocho relata l a p r i s i ó n de J e s ú s , a s í c o m o las negaciones de Pedro, y de J e s ú s ante Pilato, m á s e l expediente relativo a B a r r a b á s . E l c a p í tulo diecinueve, nuevo, a e x c e p c i ó n de lo r e l a t i v o al c a m i n o h a c i a e l C a l v a r i o . L a lanzada, p r o p i a t a m b i é n d e J u a n . L a sepultura, c o m o los s i n ó p t i c o s . E n e l veinte h a y cosas que y a conocemos, como, p o r ejemplo, cuando l a M a g d a l e n a encuentra la p i e d r a de la sepultura r e m o v i d a y la comprobac i ó n de ello, que t a m b i é n e s t á en Lucas ( X X I V , 12). En Lucas t a m b i é n , la a p a r i c i ó n a la M a g d a l e n a , y a s i m i s m o en Lucas y en Marcos, la a los d i s c í p u l o s . La segunda apar i c i ó n no se lee sino en este Evangelio, que acaba c o n estas palabras: « M u c h a s otras cosas h i z o J e s ú s que si se escribiesen u n a por u n a creo que este M u n d o n o p o d r í a contener los l i b r o s . » En este caso, si cada u n o de los capaces, es decir, con u n a dosis suficiente de f a n t a s í a , de hacer un Evangelio, l o hubiese hecho, que h a b r í a muchos m i l e s d e ellos, l a c a s i totalidad no menos dignos de pasar p o r c a n ó n i c o s que los actuales, esto es evidente. T a n evidente c o m o que s i n fe no h a b r í a religiones, es que no hay m e d i o de hacer un guisado de ternera s i n ternera. A h o r a bien, en n i n g u n a de ellas, ya lo hemos s e ñ a l a d o , se s i n t i ó su necesidad de m o d o m á s i n m e d i a t o y urgente que en la r e l i g i ó n c r i s t i a n a . Y esto precisamente a causa d e l m o d o c o m o n a c i ó . Y p o r lo m i s m o , que tan c o n t i n u a e insistentemente se hable de e l l a en los Evangelios.
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P o r lo que hoy podemos juzgar, al n ú c l e o , p o r decirlo a s í , de esta r e l i g i ó n , a saber, la creencia en un Dios-hombre muerto en una cruz, se l l e g ó p o r dos caminos diferentes, c u y a c o m b i n a c i ó n h a dado c o m o resultado los actuales l i bros que nos h a b l a n de este Dios-hombre, entre los cuales, los Evangelios, que, c o m o es evidente, pretenden c o n s t i t u i r un a m o d o de relato de su v i d a p ú b l i c a y de su d o c t r i n a . De estos dos caminos, el p r i m e r o , en cuanto a su a p a r i c i ó n , p u d i e r a ser t a l vez ( f o r m u l é m o s l o como h i p ó t e s i s , puesto que estamos en un terreno que a causa de la falta absoluta de datos h i s t ó r i c o s s ó l o h i p ó t e s i s se pueden establecer) el de los p r i m i t i v o s j u d í o s , que p u d i é r a m o s l l a m a r , p a r a entendernos mejor, cristianos, que en v i r t u d de tradiciones combinadas y sostenidas p o r una antigua i l u s i ó n , se dice q u e . c r e í a n en un hombre « q u a s i d e o » , ú l t i m o de los Mes í a s , p o r entonces, de Israel, que, ya adulto, se l a n z ó a predicar el inmediato advenimiento del Reino de Dios, entendiendo p o r tal el reino de Israel, puesto que Israel e r a el p u e b l o d e D i o s , que E l s o ñ a b a l i b e r a r del yugo r o m a n o con la ayuda del Cielo. A n u n c i o o p r e d i c c i ó n que c o n s t i t u í a la « b u e n a n u e v a » , c u y a r e a l i z a c i ó n c o l m a r í a l a g r a n esperanza de su pueblo. A q u e l p u e b l o siempre esclavo y siempre lleno de ilusiones de llegar un d í a no t a n s ó l o a quedar l i b r e de sus opresores, sino de ser el o p r e s o r de los d e m á s . F r a c a sado e n t a n q u i m é r i c o intento, como h a b í a n fracasado p o r entonces otros varios M e s í a s que y a conocemos, p e r o . E l a ú n m á s modestamente, m á s oscuramente, puesto que s u muerte, hasta l a f o r m a c i ó n d e l a leyenda, n o t r a s c e n d i ó n i nadie h i s t ó r i c a m e n t e tuvo n o t i c i a de e l l a (407). C u a n t o quedó de El fue esto, u n a leyenda origen de este p r i m e r c a m i no. L e y e n d a que t a l vez, b i e n que no sea en modo alguno seguro, pudo tener c o m o base un p u ñ a d o de hechos constituidos p o r l a a p a r i c i ó n f u g a c í s i m a d e u n agitador m e s i á n i c o , m u e r t o tras haber sido acusado de blasfemo y de falso M e s í a s . E s decir, u n hecho e s p o r á d i c o , l o c a l , s i n otra a c c i ó n en r e a l i d a d que sobre el f a r i s e í s m o ortodoxo, pero que circunstancias particulares posteriores d i e r o n u n a i m p o r t a n c i a que no tuvo en su é p o c a (408).
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Segundo c a m i n o : el místico. A p r o x i m a d a m e n t e siglo y med i o d e s p u é s del supuesto n a c i m i e n t o d e l M e s í a s anterior, y cuando su leyenda, tuviese o no c o m o base hechos reales, i b a cristalizando a favor de las entonces tan en boga «religiones de s a l v a c i ó n » , surge un nuevo v i s i o n a r i o que c o n su p a l a b r a y sus escritos m o d i f i c ó profundamente el sentido de esta leyenda: M a r c i ó n . Empecemos por fijar bien los t é r m i n o s de la c u e s t i ó n . P o r lo que se puede p r e s u m i r , cuanto h a b í a t a l vez hasta que M a r c i ó n e n t r ó en escena era una leyenda en v í a s de formac i ó n , s e g ú n l a c u a l u n profeta, anunciado p o r las E s c r i t u ras, h a b í a r e c o r r i d o G a l i l e a durante u n p e r í o d o d e t i e m p o no m u y largo, anunciando a su vez que, con la ayuda del Cielo, iba a l i b r a r al pueblo j u d í o de la f é r u l a r o m a n a y a fundar un R e i n o a la cabeza d e l cual se p o n d r í a en c a l i d a d de Rey. Lo que e q u i v a l í a a c r i s t a l i z a r , en un hecho que se s u p o n í a o c u r r i d o , lo necesario p a r a levantar sobre t a l ficc i ó n l a eterna i l u s i ó n d e l pueblo j u d í o : l a esperanza e n u n M e s í a s redentor. E l supuesto, p o r o t r a parte, d e que t a l Redentor h a b í a venido n o c o n l a espada e n l a mano, sino sembrando ideas de a m o r y fraternidad, era lo que separaba, y cada vez lo h a r í a m á s , a los j u d í o s ortodoxos, de los helenizantes y gentiles p a r t i d a r i o s de la nueva secta. Y que t a l era, s i n duda, lo que r e f e r í a la leyenda en v í a s de formac i ó n parece p r o b a r l o , a d e m á s de todo lo ya dicho a p r o p ó sito de esto en texto y notas, que incluso, cuando ya se dec i d i ó t r a n s f o r m a r a J e s ú s en D i o s , a ú n quedasen vestigios de la p r i m i t i v a leyenda. Así, en Lucas (I, 31, 32), el á n g e l G a b r i e l , al a n u n c i a r a M a r í a que s e r á madre, la dice: «Conc e b i r á s en tu seno y d a r á s a l u z un h i j o , a quien p o n d r á s p o r n o m b r e J e s ú s . E l s e r á grande y llamado H i j o d e l Altís i m o , y le dará el Señor Dios el trono de David, su Padre» (409). Y M a r í a concibe, y el h i j o nace, y a los t r e i n t a a ñ o s , s e g ú n los s i n ó p t i c o s , o rondando los cincuenta, s e g ú n Juan ( V I I I , 57), se lanza a predicar el advenimiento inmediato d e l nuevo R e i n o (tipo c l a r o , de haber s i d o cierto, de a l u c i n a c i ó n m í s t i c a ) , no cesando en su e x t r a v í o sino a punto de expirar, cuando los Evangelios aseguran que « e x c l a m ó
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c o n voz fuerte diciendo: Eli, Eli, lama sabachtani!» (410), c o n lo que acaba su p e r e g r i n a c i ó n , haya en ella algo de verd a d o sea p u r o m i t o del p r i n c i p i o al f i n (411). Y a s í las cosas, la entrada en escena de M a r c i ó n (412). C o m o y a h e dicho, perseguido M a r c i ó n p o r l a Iglesia, p r i m e r o él y luego, y a ú n m á s implacablemente, sus obras, que era lo que h a c í a verdadero d a ñ o , p a r a saber cuanto sobre u n o y otras se puede conocer en la a c t u a l i d a d hay que acud i r a dos fuentes, a dos textos: U n o antiguo, el titulado Contra Marción (Adversus Marcionem), de T e r t u l i a n o , y otro moderno, fundamental p a r a esta c u e s t i ó n , la excelente o b r a de H a r n a c k , ya citada t a m b i é n : Marción Das Evangelium vom iremden Gott, L e i p z i g , 1924. De é l , de M a r c i ó n , se sabe m u y poco. En cuanto a su v i d a , que era griego, n a t u r a l de Sinope, c i u d a d de Paflagonia, a o r i l l a s del P o n t o - E u x i n o (hoy p r o v i n c i a t u r c a de A n a t o l i a ) , que ya h a b í a hecho c é l e b r e D i ó g e n e s el Cínico. E p i f a n i o dice (Haeresis, X L I I , 1) que su padre era obispo. H a y que entender, s i n duda, que c o m p a r t í a con otros episcopoi, en la modesta asamblea de fieles de Sinope, el cargo de v i g i l a r y d i r i g i r los actos religiosos, m i s i ó n p r i m i t i v a de los obispos. M a r c i ó n , p o r su parte, fue m a r i n o . T e r t u l i a n o le l l a m a mueleros (vaox)o¡po(;), c a p i t á n de navio, p i l o t o . P e r o pronto, m á s agitado, s i n duda, p o r los embates de su e s p í r i t u que p o r los d e l m a r , d e b i ó abandonar e l t i m ó n d e s u barco p a r a convertirse en t i m o n e l de esa nave que tantas tormentas h a c o r r i d o s a l v á n d o s e m i l veces, tras m i l veces naufragar: la que es p o r t a d o r a a t r a v é s de las olas de la r a z ó n , de las opiniones de los hombres, hasta detenerse al llegar a los tranquilos pantanos de la fe. C i e r t o que en algunos hombres c o m o él, o sea, en todos los fundadores de religiones, esta nave de sus ideas y opiniones, siempre en plena tormenta. P o r su parte, no obstante, h o m b r e de e s p í r i t u l ó g i c o y de c u r i o s i d a d siempre inquieta (Inquieta semper curiositas, que dice T e r t u l i a n o en De praeser, 30), e m p e z a r í a buscando u n fundamento a l a a ú n n o b i e n fijada leyenda c r i s t i a n a , que, s i n duda, en Sinope, c o m o en todo Oriente,
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t a l vez v i v í a d e l a l l a m a encendida p o r P a b l o , hablando n o d e J e s ú s , f i g u r a que a ú n n o h a b í a nacido probablemente, sino del C r i s t o , aquel S e ñ o r de la J u s t i c i a que él h a b í a visto a t r a v é s de sus desvarios m í s t i c o s . De otro m o d o , es decir, de haber tenido M a r c i ó n noticias, p o r vagas que fuesen, de un M e s í a s humano, ¿ h u b i e r a empezado su Evangelio h a c i é n d o l e bajar, adulto ya, del Cielo, s ó l o con apariencia de hombre, c o n objeto de c u m p l i r su m i s i ó n redentora, m i s i ó n t a n de acuerdo con las corrientes religiosas principales de entonces y en a r m o n í a c o n las cuales t a m b i é n h a b í a hablado P a b l o , s i n duda? Porque, ¿ n o es sumamente e x t r a ñ o que de haber existido realmente un M e s í a s m á s , en vez de tan s ó l o una t r a d i c i ó n en v í a s de cristalizar, en torno a la cual, a t r a í d o s a ella p o r Pablo, se congregaban los fieles de Sinope, este M e s í a s hubiese sido no s ó l o desconocido de P a b l o , sino tan profundamente ignorado de todos c o m o p a r a que M a r c i ó n , a los pocos a ñ o s de su supuesto paso p o r el M u n do, no pudiese concebirle sino c o m o un ser esencialmente divino? Cierto que si a P a b l o , c o n t e m p o r á n e o suyo, le h a b í a o c u r r i d o lo m i s m o , es decir, que no h a b í a s o ñ a d o sino en el C r i s t o celeste, con el c u a l entraba en o, c o m o dicen muchas veces las Epístolas que se le a t r i b u y e n ( « O s declaro que el E v a n g e l i o que p r e d i c o no es del h o m b r e [o de h o m b r e s ] , pues no lo r e c i b í de hombres, sino p o r revel a c i ó n » , Gálatas, I, 11), mediante sus e x t r a v í o s m í s t i c o s , m a l p o d í a M a r c i ó n , i n d u c i d o a los suyos p o r P a b l o , pensar de m o d o d i s t i n t o a c o m o pensaba. En todo caso, parece i n d u d a b l e que lo que se d e c í a en aquel c e n á c u l o religioso, e n e l que M a r c i ó n h a b í a sido introd u c i d o p o r su padre, a p r o p ó s i t o de aquel nuevo D i o s salvador, muerto p o r los h o m b r e s y resucitado, c o m o todos los d e m á s dioses salvadores, entonces tan de m o d a , era tan vago, tan impreciso, tan s i n j u s t i f i c a c i ó n , que él, e s p í r i t u l ó g i c o , buscando un fundamento a aquel p r i n c i p i o de r e l i g i ó n , c r e y ó encontrarle en el p r o b l e m a d e l m a l , p r i m e r esp e c t á c u l o que ofrece el M u n d o a todo e s p í r i t u no cegado p o r la fe, enfocado desde el p u n t o de v i s t a religioso, m u y p a r t i c u l a r m e n t e cuando las religiones llegan a ese p u n t o en
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que se empieza p o r h a b l a r de un D i o s bueno y todo poderoso. Porque, en efecto, ¿ c ó m o a d m i t i r que un D i o s bueno y todo poderoso, es decir, que puede o b r a r sin que nadie ni nada se oponga a sus designios y que es esencialmente bueno, puede ser autor de un M u n d o en el que reina el mal, el dolor y la injusticia? La cosa e r a tan evidente, p o r u n a parte, y tan absurda, p o r otra, que h a b í a habido que acudir, desde Zarathustra, p r i m e r o en a t r i b u i r el bien, c o m o cualid a d esencial al dios imaginado p o r él, al sistema dual. Es decir, a colocar j u n t o al dios bueno o t r o m a l o (el D i a b l o ) , p a r a cargar sobre é s t e todos los d a ñ o s y desafueros que tan a la vista estaban. M a r c i ó n ante este e s p e c t á c u l o , es decir, ante el p r o b l e m a que planteaba l a o p o s i c i ó n i r r e d u c t i b l e entre u n a afirmac i ó n absurda y u n a r e a l i d a d evidente, e i n i c i a d o , c o m o seguramente estaba ya a causa de sus lecturas, en la d o c t r i n a dualista, que h a b í a encendido y s e g u í a manteniendo u n a r e l i g i ó n importante, el M a z d e í s m o , pensando con ese r i g o r p r o p i o de aquellos en quienes, m í s t i c o s p o r naturaleza, lo religioso es lo p r i n c i p a l , convencido p r o n t o de que el M u n d o era esencialmente m a l o , a c a b ó p o r deducir, e r a fatal, que s u creador, e l Y a h v é j u d í o , ser perverso, que h a b í a dado a los hombres un cuerpo de carne i n c l i n a d o a todas las pasiones y todos los v i c i o s , y que a causa de ello les e m p u j a b a a pecar, m o v i d o p o r el placer infame de castigarles luego, n o p o d í a ser u n D i o s , puesto que era i m p o s i b l e i m a g i n a r l a existencia d e u n D i o s m a l o , sino u n D e m i u r g o perverso. Y anclado esto en su e s p í r i t u y en busca d e l verdadero D i o s , a c a b ó p o r t o m a r c o m o faro a san Pablo, e s t i m a n d o como verdadera la d o c t r i n a de é s t e , p a r a q u i e n el S a l v a d o r no e r a el h o m b r e que t a l vez l a t í a en el fondo de alguna t r a d i c i ó n i n s p i r a d a en los libros a p o c a l í p t i c o s j u d í o s , sino un Dios que h a b í a venido, en efecto, t o m a n d o la apariencia de h o m bre (el H i j o d e l h o m b r e ) p a r a a r r a n c a r a los mortales de las garras de S a t á n . P e r o no d e l S a t á n del Apocalipsis (el I m p e r i o r o m a n o ) n i d e l e s p í r i t u m a l o d e este n o m b r e nacido a ú l t i m a h o r a (en el Libro de Job) en el Antiguo Testamento, sino d e l D e m i u r g o creador, d e l p r o p i o Y a h v é , L a
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d o c t r i n a de Pablo, b i e n que no llegase a conclusiones tan radicales, le p a r e c i ó a M a r c i ó n aceptable y le s e r v i r í a c o m o p u n t o de p a r t i d a . T a n t o más cuanto que, c o m o t a m b i é n sabemos, P a b l o se levantaba c o n t r a la ley j u d a i c a . Y puesto que el C r i s t o que se h a b í a manifestado al tarsiota a favor de visiones í n t i m a s era enteramente distinto del M e s í a s guerrero esperado p o r los j u d í o s . E n cuanto a l Padre d e este M e s í a s p a c í f i c o y Salvador, ¿ c ó m o p o d í a tener r e l a c i ó n con el Y a h v é vengativo, envidioso y sanguinario del Antiguo Testamento? N o , este Padre, no creador, p e r o sí infinitamente m i s e r i c o r d i o s o , E l y s ó l o E l era e l verdadero D i o s . O t r o caso, se d i r á , de c r e a c i ó n de dioses. C i e r t o , m a s puesto que e r a mejorando los antiguos tipos, parece n a t u r a l que hubiese s i d o aceptado. Es decir, en r e a l i d a d lo fue, puesto que la Iglesia r e v i s t i ó , c o m o he dicho, de este c a r á c t e r a Y a h v é y d e c l a r ó hereje a M a r c i ó n luego de despojarle y apropiarse de cuanto la convino. E n cuanto a l despojado, e l p r o b l e m a d e l a D i v i n i d a d p r o n t o q u e d a r í a r e d u c i d o e n s u e s p í r i t u a l a existencia d e dos Potencias enteramente distintas. A h o r a bien, no pudiendo haber sido s i n o un solo D i o s (no o l v i d e m o s que e r a un m í s t i c o ni las necesidades espirituales de los m í s t i c o s ) , dedujo c o n l ó g i c a r i g u r o s a que el verdadero D i o s era el D i o s bueno, y se d e d i c ó a definirle, o d e d i c ó a definirle, t a l c u a l le imaginaba, su Evangelio. M i e n t r a s que el Y a h v é de los j u d í o s , inventado p o r los f a n á t i c o s sacerdotes d e é s t o s , Creador, c u a l l e h a b í a n hecho, d e u n M u n d o m a l o , n o era, n o p o d í a ser u n D i o s , sino, c o m o d i c h o queda, u n s i m p l e D e m i u r g o perverso, semejante, en cierto m o d o , al que en el Timaios de P l a t ó n , p o r c a p r i c h o y v o l u n t a d de é s t e , era encargado de fabricar el Universo. E s t o s fabricantes de dioses siempre i g u a l . C o n genio o s i n genio, ¡ q u é audacia en i m a g i n a r y q u é t r a n q u i l i d a d en m e n t i r ! E n r a i z a d a s ambas ideas en la mente de M a r c i ó n , su sistema religioso no fue sino u n a consecuencia de ellas. Sistema l ó g i c o , c o m o digo. P o r supuesto, teniendo siempre en cuenta que u n a serie de deducciones pueden ser perfectamente l ó g i c a s e n r e l a c i ó n c o n e l p r i n c i p i o d e donde parten,
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aunque este p r i n c i p i o no sea verdadero. Pues la p a l a b r a «lógica» no i n d i c a sino encadenamiento n o r m a l de u n a serie de postulados o deducciones. P o r lo que puede haber l ó g i c a partiendo de una s i m p l e f a n t a s í a , c o m o en este caso. Y en todos cuantos tienen c o m o fuente y p r i n c i p i o dioses, demonios y d e m á s seres inexistentes, p r o d u c t o , mientras no se demuestre lo contrario, pero con pruebas, no c o n afirmaciones f a n á t i c a s o interesadas, s i n r e a l i d a d alguna fuera de la i m a g i n a c i ó n y de la v o l u n t a d de sus creadores y de quienes les escuchan y creen en ellos. El caso de M a r c i ó n no fue, pues, sino un caso m á s de uno de esos i n i c i a d o s sublimes que, abrasado p o r el fuego m í s t i c o , buscan, c o m o él h i z o , un m a n a n t i a l en que apagar la sed i n t e r i o r que le devoraba. Pues no creo que haya nada m á s singular que buscar aquello que s ó l o en nosotros m i s m o s puede ser hallado. Lo p r i m e r o que dice T e r t u l i a n o a p r o p ó s i t o de lo que a f i r m a b a y s o s t e n í a M a r c i ó n (Contra Marción, I, 2) era que e l p r o b l e m a d e l m a l n o p o d í a resolverse sino a d m i t i e n d o dos dioses (como h a b í a sido el p r i m e r o en hacer Zoroastro), u n o bueno y otro m a l o (413). P o r o t r a parte, M a r c i ó n , esp í r i t u l ó g i c o , c o m o he dicho, era n a t u r a l que creyese que no h a b í a m e d i o seguro de entrar en el c a m p o de lo religioso s i n solucionar o, cuando menos, plantear debidamente este p r o b l e m a , en v i s t a a su posible s o l u c i ó n . En cuanto a la f o r m a con que se o f r e c í a a su inteligencia, era la siguiente: H a s t a él h a b í a sido u n a constante invariable, tanto en religiones c o m o en f i l o s o f í a s , que todo p r o c e d í a de un p r i n c i p i o absolutamente perfecto (el B i e n p o r excelencia, de P l a t ó n ) . I l u s i ó n que, c o m o digo, en filosofía se concretaba en la p a l a b r a Bien, y en r e l i g i ó n , en la p a l a b r a D i o s . Y siendo ambos conceptos eternos p o r esencia, ¿ c ó m o explicar la existencia d e l m a l ? (414). En todo caso, ambas ideas, presencia del m a l en la T i e r r a , pues innegable es que el mal r e i n a en el Universo, y esperanza, i l u s i ó n , de que a c a b a r á vencido p o r el bien, esperanza o q u i m e r a que mueve a suponer la existencia de un S e r bueno, s u p e r i o r al S e r m a l o , d i o o r i g e n a la o b r a religiosa de M a r c i ó n . Es decir, a su Evangelio. N a t u r a l m e n t e , frente
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a Y a h v é , frente al D e m i u r g o m a l o , creador del U n i v e r s o (415), él puso, luego de imaginarle (los levitas j u d í o s h a b í a n hecho o t r o tanto c o n Y a h v é ) , o t r o pretendido D i o s , e l suyo. Y , c o m o hemos visto, enteramente c o n t r a r i o . Es decir, bueno, y autor t a n s ó l o de los seres invisibles. D i o s , a d e m á s , que a causa de no tener n a d a que v e r c o n el m u n d o visible ni c o n los hombres, e l D e m i u r g o m a l o n o c o n o c í a . ( O b s é r v e s e , que es lo curioso, el proceso de i n v e n c i ó n . M a r c i ó n , y c o m o él todos los creadores de religiones, v a n sacando de su imag i n a c i ó n tras reflexiones m á s o menos profundas, pero s i n o t r a base que los filósofos sus t e o r í a s , su genio creador, lo que luego los d e m á s aceptan. Y de tratarse de dioses, creen, r i n d e n culto e incluso por ellos, p u r a o b r a de la f a n t a s í a , se sacrifican o sacrifican a los d e m á s . ) T a m p o c o h a b í a tenido r e l a c i ó n con los mortales hasta e l m o m e n t o en que su J e s ú s se i n t e r e s ó p o r ellos. Y c o m o a s i m i s m o ten í a que o c u r r i r a causa de su contraste c o n el D e m i u r g o c r u e l y belicoso, el D i o s bueno de M a r c i ó n e r a dulce, tierno, clemente, compasivo, incapaz de c ó l e r a y ajeno al enfado. De t a l m a n e r a clemente y bondadoso, que viendo que el D e m i u r g o creador se las h a b í a arreglado p a r a hacer desgraciado a l hombre, d e c i d i ó liberarle a r r a n c á n d o l e d e s u poder. Y dispuesto a ello, reinando el emperador T i b e r i o , J e s ú s o D i o s s a l i ó del tercer C i e l o , donde m o r a b a , c r u z ó el d e l Creador, que estaba bajo el suyo, y l l e g ó a la T i e r r a , exactamente a C a f a r n a u m , en G a l i l e a , donde al p u n t o empezó a ocuparse de lo que h a b í a decidido (416). Y ahora p i é n s e s e un m o m e n t o en que de no haber sido M a r c i ó n declarado hereje, es decir, de haber sido a d m i t i d o en las comunidades cristianas de Occidente, c o m o lo h a b í a sido en las de Oriente, h o y Dios, P a d r e de J e s ú s y, p o r tanto, de los hombres, no s e r í a el Y a h v é de los profetas, sino el s o ñ a d o por M a r c i ó n . Pues la suerte de los dioses en la T i e r r a , c o m o la de los hombres, depende simplemente de u n a serie de circunstancias que, favorables o adversas, les conceden o Ies q u i t a n el triunfo. El D i o s de M a r c i ó n , vencido no obstante ser m u y superior a su contrincante, vencido al ser declarado hereje su inventor, tras d a r t u m -
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bos de a q u í p a r a a l l á durante dos o tres siglos, a c a b ó p o r desaparecer. P o r desvanecerse c u a l p u r o h u m o e s p i r i t u a l . E s decir, c o m o l o que era. C o m o h a b í a nacido, m u r i ó . Suerte que antes que él h a b í a n c o r r i d o miles de dioses, y que s u f r i r á n , fatalmente, los que h a n v e n i d o d e s p u é s . Pues l a ú n i c a v e r d a d es que todo lo que nace, muere. Y que n a d a hay, ni puede haber, que no haya tenido nacimiento. Pero volvamos u n m o m e n t o c o n este pobre D i o s , cuando r e c i é n n a c i d o y lleno de vida, le d e j ó su forjador en G a l i l e a . Y dejemos que M a r c i ó n siga hablando de él, tras i m a g i n a r l e y conducirle a aquella t i e r r a de esclavos, siempre á v i d o s de libertad y redención. E l Dios d e M a r c i ó n , puro E s p í r i t u , E s p í r i t u , a d e m á s , salvador, t e n í a , como es n a t u r a l , no cuerpo, sino tan s ó l o p u r a apariencia d e él. L a indispensable p a r a poder c u m p l i r l a m i s i ó n que le t r a í a a la T i e r r a . Y que esto no asombre demasiado. Sobre todo a aquellos a quienes la Biblia tiene acostumbrados a l trato, p o r d e c i r l o a s í , con otros E s p í r i t u s que i n c o r p ó r e o s p o r naturaleza y esencia, c o m o se asegura, o sea, porque a s í h a n sido imaginados, a d q u i r í a n cuerpo p o r arte de m a g i a ( e n t i é n d a s e p o r v o l u n t a d de Y a h v é ) cuando a é s t e le c o n v e n í a que tal ocurriese. El lector h a b r á comp r e n d i d o que me refiero m u y particularmente a los llamados á n g e l e s , que tanto en el Antiguo c o m o en el Nuevo Testamento aparecen cuando hay necesidad de que salgan a escena. P o r consiguiente, que no sorprenda demasiado que el Dios bueno de M a r c i ó n , con objeto de realizar debidamente lo que se h a b í a propuesto, tomase la apariencia de h o m b r e , bien que en r e a l i d a d fuese p u r o e s p í r i t u . E n t r e los que lo pueden todo, las cosas o c u r r e n cuando les conviene y c o m o les conviene. E l l o sin c o n t r a que lo puramente i m a g i n a d o y e s p i r i t u a l tiene muchas veces, sin necesidad de a c u d i r a lo milagroso, m á s realidad, p o r d e c i r l o a s í , que lo positivamente real y c o r p ó r e o , ora presente, o r a pasado. Pues, ¿ q u i é n s e r í a capaz de dudar, p o r ejemplo, que D o n Quijote, H a m l e t , Fausto y otras muchas creaciones del esp í r i t u h u m a n o son m á s reales p a r a nosotros que sus autores m i s m o s , de los que s ó l o ha quedado el n o m b r e , mientras
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que ellos, cada vez que cogemos el l i b r o que relata sus aventuras, Ies o í m o s y Ies vemos moverse, e i n c l u s o s i n coger el l i b r o , c o n s ó l o pensar en ellos? De este m o d o un centenar o dos de personajes, hijos t a n s ó l o de la p r o d i g i o s a f a n t a s í a de unos hombres de e s p í r i t u privilegiado, ¿ n o siguen continuamente vivos, mientras que nada ha quedado de millones y millones de criaturas que nacieron, v i v i e r o n y m u r i e r o n s i n dejar rastro? P o r consiguiente, a d m i t a m o s s i n demasiado a s o m b r o que el D i o s bueno de M a r c i ó n , revestido de u n a p u r a apariencia h u m a n a , carnal, llegase a G a l i l e a , y adelante. N o hay r a z ó n p a r a ser m á s exigentes con esta fáb u l a que con las ciento que a d m i t i m o s s i n p e s t a ñ e a r , tanto del Viejo c o m o del Nuevo Testamento. A h o r a bien, co m o e l E s p í r i t u salvador d e M a r c i ó n h a b í a descendido ya con apariencia de h o m b r e adulto, no h u b o necesidad de á n g e l G a b r i e l , de Virgen-madre, de E s p í r i t u Santo, de concepciones milagrosas y d e m á s aventuras relativas al n a c i m i e n t o de J e s ú s , referidas p o r M a t e o y L u c a s , gracias a las cuales, m á s un « n a c i m i e n t o » o un p i n o con farolitos y ampollitas de colores y de p r o p i n a un t a m b o r y u n a z a m b o m b a , los n i ñ o s cristianos son tan felices en N a v i d a d . A d e m á s , e l Dios d e M a r c i ó n n o d e l e g ó , co m o Y a h v é , en o t r o su p r o p ó s i t o de r e d i m i r a los hombres, sino que fue E l m i s m o quien s e dispuso a hacerlo. P a r a l o cual, l o p r i mero que r e a l i z ó , con objeto de que se comprendiese b i e n que era El q u i e n ejecutaba el gran favor, y no el C r e a d o r m a l o , fue a b o l i r la L e y y los Profetas. Y ahora un poco de jaleo t e o l ó g i c o . Lo siento, pues esto es siempre engorroso, pero no tengo m á s remedio. Y conste que yo no soy el que miente. Yo me l i m i t o a referir. Jaleo t e o l ó g i c o - m a r c i o n i t a , a causa de que el C r i s t o que acabo de n o m b r a r era, c o m o t a m b i é n acabo de decir, el p r o p i o D i o s revestido de una envoltura e t é r e a que le h a c í a sensible. Ahor a b i e n , s i n duda porque Pablo, a l que M a r c i ó n a d m i r a b a , h a b í a hablado d e l H i j o y d e l Padre, é l , aprovechando t a l vez lo de la envoltura e t é r e a y lo de D i o s - e s p í r i t u , dice que el personaje celeste bajado a G a l i l e a , en tanto que H i j o h a b í a revelado al Padre, y en tanto que P a d r e h a b í a r e v é -
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lado a l H i j o . C o m o , p o r m i parte, n o entiendo b i e n esto, cierto que a mí muchas cuestiones t e o l ó g i c a s (no digo todas p o r no rebajarme demasiado) se me suelen atragantar un poco, pues no soy de esos felices mortales que cuanto menos comprenden c o n m á s renovada fueraa creen, p a r a ayudar a pasar el camelo anterior v o y a c i t a r unas palabras d e l p r o p i o M a r c i ó n , que copio de T e r t u l i a n o (Contra Morrión, I, 2, 8, 19, y I V , 25): « N a d i e conoce al H i j o si no es el Padre; nadie conoce tampoco al P a d r e si no es el H i j o o a q u e l a quien el H i j o se lo r e v e l a . » M a g n í f i c o p a r a no tener que dar explicaciones, ¿ v e r d a d ? C l a r o que t a l vez u n poquito e x t r a ñ o . Pero n o dudemos d e ello. T a n t o m á s cuanto que en J u a n encontramos p o r docenas cosas semejantes. P o r q u e cuando o í m o s decir a su J e s ú s : « E l P a d r e y yo somos u n o » , nos convencemos de la fraternidad de ambos Evangelios. De m o d o que aceptemos a M a r c i ó n p o r Juan, y a J u a n p o r M a r c i ó n , y adelante. Si ambos son dos embusteros, a l l á R o m a . Que se deshaga d e l u n o , c o m o se deshizo del otro. Y si al m i s m o t i e m p o de M a r c o s , M a t e o y L u c a s , nos l i b r a rá de golpe de cinco trapalones. E l D e m i u r g o creador (asegura siempre M a r c i ó n ) , a l ver a C r i s t o trabajar en c o n t r a suya (al C r i s t o m a r c i o n i t a , c l a r o e s t á ) d e c i d i ó perderle. Y p a r a satisfacer el odio que su r i v a l le i n s p i r a b a , se dispuso a hacerle s u f r i r el s u p l i c i o que la L e y m o s a i c a reservaba a los m a l d i t o s : el de la c r u z (417). Y he a q u í p o r q u é C r i s t o (tanto el C r i s t o de P a b l o c o m o el m a r c i o n i t a , que v e n í a n a ser lo m i s m o , y a i m i t a c i ó n suya, el de los Evangelios de la Iglesia) m u r i ó en u n a cruz, s e g ú n se a f i r m a (418). Y a h o r a v o y a dar un b r e v í s i m o resumen del Evangelio de M a r c i ó n . B r e v e , pero suficiente, con objeto de que se vea lo que de él p a s ó a L u c a s . E s t e Evangelio empieza, c o m o ya sabemos, de esta curios a m a n e r a : « E l a ñ o quince d e l r e i n a d o d e T i b e r i o C é s a r , e n tiempos d e l gobernador P o n c i o P i l a t o , J e s ú s C r i s t o , H i j o d e D i o s , d e s c e n d i ó del Cielo y a p a r e c i ó en Cafarnaum, c i u d a d de G a l i l e a . E n s e ñ a b a en la sinagoga: ¿ C r e é i s que he venido p a r a c u m p l i r l a L e y y los Profetas? H e v e n i d o p a r a abolir-
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l a , no p a r a c u m p l i r l a . » Lo esencial de este Evangelio e s t á en estas palabras. E l J e s ú s d e M a r c i ó n b a j ó y a adulto del C i e l o revistiendo u n a s i m p l e apariencia h u m a n a , porque, c o m o dice s u creador, e l p i l o t o d e S i n o p e : «Dios n o h u b i e r a p o d i d o t o m a r carne y permanecer p u r o . » Pues « u n n a c i m i e n t o es cosa v e r g o n z o s a » . Precisamente p a r a demostrar s u c o n f o r m i d a d c o n esto, las p r i m e r a s palabras d e l segundo redactor de Juan aseguran que: « E n el p r i n c i p i o e r a el V e r b o , y el V e r bo e r a con Dios, y el V e r b o era Dios.» C o n lo que mediante el m a l a b a r i s m o t e o l ó g i c o Verbo-Dios y Dios-Verbo, se trataba d e explicar que e l H i j o , n o obstante ser H i j o , n o h a b í a tenido n a c i m i e n t o , sino que, desde un p r i n c i p i o , estaba c o n e l Padre. N o nos preocupemos n i tratemos d e c o m p r e n d e r , y adelante o s e r í a el cuento de n u n c a acabar. H a g a m o s c o n estas « p l á t i c a s de f a m i l i a » c o m o el Don Juan de Z o r r i l l a c o n las suyas. E l J e s ú s - H i j o - V e r b o - D i o s h a b í a bajado, a d e m á s , p a r a abol i r la L e y y los Profetas. Es decir, a echar p o r t i e r r a el Antiguo Testamento, condenando al hacerlo, p o r falso y torpe, al J u d a i s m o . Y abriendo, de rechazo, u n a nueva era. N a t u ralmente, su Dios, el Padre de J e s ú s , t e n í a que ser todo lo c o n t r a r i o que Y a h v é , al que v e n í a a destronar. S i e n d o a q u é l bueno y verdadero D i o s , é s t e , fatalmente, quedaba relegado a la c o n d i c i ó n de s i m p l e D e m i u r g o Creador del M u n d o . De un M u n d o , c o m o sabemos, m a l o , donde los hombres, tamb i é n fatalmente, contaminados estaban p o r el m a l . A salvarlos precisamente, r e d i m i é n d o l o s , bajaba J e s ú s . Y, en efecto, al punto, c o n objeto de d e m o s t r a r su p o d e r y c ó m o p o d í a p u r i f i c a r a los hombres, empezaba p o r expulsar a un demonio del cuerpo de un j u d í o . Inmediatamente, en Nazaret, en la sinagoga, un d í a de sábbat, es expulsado de ella por los que luego, en los Evangelios c a n ó n i c o s , pas a r í a n p o r sus convecinos. Que, a d e m á s , tratan d e a p o d e r a r » s e d e E l p a r a d e s p e ñ a r l e desde u n monte. Pero J e s ú s , cuerpo i m p a l p a b l e , escapa de las manos que en vano t r a t a n de sujetarle. E s decir, c o m o d e s p u é s e n J u a n varias veces. Luego sigue p u r i f i c a n d o a cuantos j u d í o s se l l e g a n a E l , tanto a l l í
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c o m o « e n otras c i u d a d e s » , pues h a venido p a r a l i b e r a r n o t a n s ó l o a Israel, sino, M e s í a s universal, al M u n d o entero. A Pedro, Santiago y J u a n , hijos estos dos ú l t i m o s del Zebedeo, tras asombrarles haciendo que r e a l i c e n una pesca m a r a v i l l o s a , les a n u n c i a que en adelante p e s c a r á n hombres. Y ellos le siguen. Luego, c o n su m a n o s i n carne ( m á s tarde nos enteramos de algo realmente p r o d i g i o s o y digno t a n s ó l o de un Dios que todo lo puede: que no obstante carecer de carne, huesos sí t e n í a . Y dientes. T o d o m a n t e n i d o m i l a grosamente, s i n duda, en un a d m i r a b l e , a r c h i a d m i r a b l e prodigio de e q u i l i b r i o ) , con su mano s i n c a r n e — d e c í a — , y que, p o r tanto, no puede mancharse, toca a un leproso y le c u r a . A l hacerlo infringe l a ley, cosa que, c o m o e s n a t u r a l , l e tiene completamente s i n cuidado, puesto que ha venido a a b o l i r í a . Y a un p a r a l í t i c o le l i b r a a s i m i s m o de los pecados que aprisionaban sus m i e m b r o s , es decir, le sana. O r d e n á n dole, a d e m á s , que se lleve el lecho en que p o c o antes y a c í a tumbado, bien que al hacerlo i n f r i n j a el sabbat, que p r o h i b í a efectuar c u a l q u i e r clase de trabajo en semejante d í a . Y a los fariseos, que le increpan p o r haberse sentado a la mesa de un publicano, les dice: « N o son los sanos, sino los enfermos, los que tienen necesidad de m é d i c o . Yo he ven i d o a l l a m a r no a los justos, sino a los p e c a d o r e s . » T o d o esto, c o m o lo que sigue, ya lo conocemos por los s i n ó p t i c o s . Y a causa de las semejanzas, la disputa sobre la p r i o r i d a d establecida entre los sabios, eruditos y exegetas ortodoxos y heterodoxos. Allá ellos seguir discutiendo si creen que vale la pena. N o s o t r o s l i m i t é m o n o s a seguir exponiendo lo que d e c í a M a r c i ó n en su Evangelio. C l a r o que, ¿ q u i é n razonablemente e n c o n t r a r í a l ó g i c o que se hubiese presentado en R o m a trayendo u n Evangelio s i allí era y a archiconocido? E n camb i o , s í parece l ó g i c o que causase l a i m p r e s i ó n que c a u s ó trayendo no tan s ó l o unas Epístolas de P a b l o hasta entonces desconocidas, sino el Evangelio mediante el c u a l v i n c u l a b a a la T i e r r a , p a r a que fuese posible la « r e d e n c i ó n » s o ñ a da p o r P a b l o , al encargado de realizarla. Y que fuese la naciente Iglesia, hasta entonces s i n elementos sobre los que fundar sus ilusiones, la que se aprovechase de ambas cosas:
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De las Epístolas, haciendo en ellas discretas interpolaciones encaminadas a c o n f i r m a r la h i s t o r i c i d a d del J e s ú s i m a g i nado p o r M a r c i ó n . D e l Evangelio de é s t e , p a r a t o m a n d o de él lo que c r e y ó aprovechable p a r a sus p r o p ó s i t o s , hacer redactar los tres que luego fueron l l a m a d o s s i n ó p t i c o s . V o l v a mos a M a r c i ó n . P a r a d e m o s t r a r que l a nueva r e l i g i ó n , e l C r i s t i a n i s m o (rel i g i ó n de C r i s t o ) , nada t e n í a que ver c o n la que atacaba, el J u d a i s m o , M a r c i ó n , p o r boca d e s u personaje, a ñ a d e : « E l v i n o nuevo no se mete en odres viejos, pues los r o m p e r í a n y el v i n o se d e r r a m a r í a . El v i n o nuevo se mete en pellejos nuevos y a s í ambos se c o n s e r v a n . » Y u n a c o m p a r a c i ó n semejante hace a p r o p ó s i t o de un m a n t o viejo, que no se rem i e n d a c o n un trozo de p a ñ o nuevo. P a b l o , a su vez, h a b í a dicho (2. a los Corintios, V, 17): «Si se e s t á en C r i s t o , se es u n a nueva d o c t r i n a . L o v i e j o h a pasado, ¡ a h o r a todo e s nuevo!» J e s ú s abroga el sabbat v i o l á n d o l o y p e r m i t i e n d o a sus d i s c í p u l o s que hagan o t r o tanto, pues «el H i j o d e l h o m b r e es d u e ñ o t a m b i é n del sabbat». C o n lo que M a r c i ó n sigue m o s t r á n d o s e d i s c í p u l o d e Pablo, que, c o m o sabemos, h a b í a atacado duramente a los j u d í o s , al enfrentarse con la ley. Luego vienen las bienaventuranzas, dichas ante « u n a g r a n m u l t i t u d de gente de las riberas de T i r o , de S i d ó n y de otras ciudades, i n c l u s o d e l o t r o l a d o d e l m a r » . H e a q u í estas bienaventuranzas, seguidas de las malaventuranzas o m a l diciones: «¡Felices los pobres, pues p a r a ellos s e r á el R e i n o de D i o s ! ¡Felices los que tienen h a m b r e , pues ellos s e r á n hartos! ¡Felices los que l l o r a n , porque ellos se r e g o c i j a r á n ! ¡Felices s e r é i s cuando los d e m á s os odien, os i n j u r i e n y declaren vuestro n o m b r e despreciable a causa d e l H i j o d e l h o m b r e ! ¡Lo m i s m o h a c í a n sus padres c o n los Profetas! E n c a m b i o : ¡ M a l d i c i ó n a vosotros, ricos, pues ya h a b é i s recib i d o vuestro consuelo! ¡ M a l d i c i ó n a vosotros, hartos, pues t e n d r é i s h a m b r e ! ¡ M a l d i c i ó n a los que r í e n ahora, pues os t o c a r á l l o r a r ! Que es lo que t a m b i é n h a c í a n vuestros padres en u n i ó n de los falsos Profetas. H a b é i s o í d o que os ha sido d i c h o : A m a r á s al que te a m a y o d i a r á s a tu enemigo; pues a
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bien, yo os digo a vosotros, que me e s c u c h á i s : ¡ A m a d a vuestros enemigos, haced el b i e n a los que os odian, bendec i d a los que os m a l d i c e n , r o g a d p o r los que os u l t r a j a n ! H a b é i s o í d o que os ha sido d i c h o : O j o por ojo y diente p o r diente. Pues yo os digo: Si te dan u n a bofetada en una mej i l l a , o f r é c e l e t a m b i é n l a otra. S i t e quitan e l manto, dale a s i m i s m o la t ú n i c a . Da a q u i e n te p i d a . A quien t o m a tu bien, no se lo reclames. Si amas a los que te aman, ¿ q u é m é r i t o h a y e n ello? L o s pecadores hacen l o m i s m o . S i prestas a los que esperas que lo devuelvan con creces, ¿ q u é m é r i t o tienes h a c i é n d o l o ? De pecador a pecador p r é s t a n s e tamb i é n p a r a luego r e c i b i r m á s . A m a d , pues, a vuestros enemigos, haced el b i e n y prestad s i n esperar nada en recompensa. Así es c o m o s e r é i s hijos de D i o s . Pues El es bueno c o n los ingratos y los m a l o s . T e n e d p i e d a d c o n los d e m á s , c o m o vuestro Padre la tiene c o n vosotros. No j u z g u é i s y no s e r é i s juzgados. N o c o n d e n é i s y n o s e r é i s condenados. A b solved y s e r é i s absueltos. D a d y se os d a r á . B u e n a m e d i d a , c o l m a d a , desbordante, s e r á v e r t i d a en vuestro regazo. C o n l a m e d i d a c o n que m i d á i s s e r é i s m e d i d o s . » T o d o esto h a sonado durante siglos e n muchos o í d o s . L o que n o s a b í a n los que escuchaban era q u i é n l o h a b í a d i c h o e l p r i m e r o . Ni les i m p o r t a b a , p o r supuesto, ya que, en general, se hac í a n los sordos. Algunos r e c o n o c í a n que era m a g n í f i c o y lo r e p e t í a n con l a boca. M u y p a r t i c u l a r m e n t e cuando luego pod í a n alargar l a m a n o . S i p o r casualidad alguno a j u s t ó a e l l o su conducta, los d e m á s pensaron que estaba loco. De pertenecer a la Iglesia, si se s o s p e c h ó que lo h a c í a p a r a p r o b a r en q u é m o d o é s t a estaba alejada de J e s ú s , fue acusado de reprobo y de hereje y exterminado. De no ver en él sino a un infeliz, c o m o el pobrecito de Asís, entonces se le h i z o santo, y c o n el pretexto de h o n r a r l e se v o l v i ó a alargar la mano. D e l D i o s bueno s ó l o bienes llegaban. ¡Qué contraste c o n el Dios de los j u d í o s ! , que h a b í a dicho p o r boca de Isaías (los profetas eran las trompetas de Y a h v é ) : « Y o soy quien crea los m a l e s » ( X L V , 7). Y p o r la de Jeremías ( X V I I I , 24): « ¡ H e a q u í que os e n v í o los m a l e s ! » M i e n t r a s que M a r c i ó n
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d e c í a : «Un buen á r b o l no puede dar s i n o buenos frutos, i m p o s i b l e que los dé malos. P o r los frutos se conoce al árbol.» E n M a r c i ó n e s t á t a m b i é n e l caso del c e n t u r i ó n y e l d e l a v i u d a cuya hija, compadecido, r e s u c i t ó J e s ú s . Y a p r o p ó s i t o de J u a n el B a u t i s t a , lo siguiente: « Y o os digo: M á s grande que los hijos de las mujeres es el profeta J u a n . P e r o el m á s p e q u e ñ o en el R e i n o de D i o s es m á s grande que él.» Es decir, J u a n , c o m o precursor d e J e s ú s , e s m á s grande « q u e todos los hijos de las m u j e r e s » ; p e r o todo cristiano, siendo en v e r d a d h i j o de J e s ú s , que no ha n a c i d o de mujer, es, a causa de pertenecer al R e i n o de Dios, s u p e r i o r a Juan, h i j o del R e i n o de Y a h v é , e i n c l u s o al M u n d o entero creado p o r é s t e . De no interpretar de este m o d o estas palabras (que repiten Mateo, en X I , 11, y Lucas, en V I I , 28) h a b r í a que creer que M a r c i ó n y los que le s e g u í a n h a c í a n de J e s ú s un a l m a despreciable, al rebajar de t a l m o d o a quien, en c a m b i o , d e c í a de El que no era digno ni de desatar sus sandalias. La p r o s t i t u i d a que b a ñ ó con sus l á g r i m a s los pies de Jes ú s , y que a causa de su arrepentimiento y de su m u c h o a m o r fue salvada, es t a m b i é n de M a r c i ó n . Y a s i m i s m o la p a r á b o l a de la s e m i l l a a r r o j a d a en terrenos diferentes. Y no reconocer J e s ú s sino a los que escuchaban sus palabras. A d e m á s , c o m o E l n o h a b í a nacido d e mujer, p a r a E l n o hay o t r a madre, hermanos ni parientes que «los hijos de D i o s » . Es decir, que lo que en este Evangelio es n a t u r a l y l ó g i c o , trasplantado a los Evangelios c a n ó n i c o s repugna. Sobre que se a d m i t e c o n d i f i c u l t a d que p a r a el J e s ú s de las bienaventuranzas, lo de « h o n r a r padre y m a d r e » no pase luego de u n a q u i m e r a . C i e r t o que, p a r a que sorprenda menos, se dice antes que su m a d r e y sus hermanos c r e í a n que no estaba e n sus cabales. L o que, p o r supuesto, s e r í a l o p r i m e r o que h a b r í a que a d m i t i r , de creer en su existencia, si se acepta, a d e m á s de esto, que se c r e í a H i j o de Y a h v é , que esperaba que el Cielo le ayudase y d e m á s f a n t a s í a s semejantes. T a m b i é n en M a r c i ó n J e s ú s aplaca la tempestad. Y en mansedumbre llega hasta a p e r d o n a r a los demonios, consin-
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tiendo en no p r e c i p i t a r al A b i s m o a u n a l e g i ó n de ellos que ha expulsado d e l cuerpo de un pagano. Y a curar, simplemente porque le toca, a la m u j e r que p a d e c í a flujos de sangre. C o m o a s i m i s m o e n v í a a sus d i s c í p u l o s a anunciar p o r todas partes el R e i n o de D i o s y a hacer m i l a g r o s y convert i r . Cosas todas que vemos en Lucas y muchas de ellas en Mateo e incluso en Marcos. A h o r a bien, c o m o Y a h v é h a b í a d i c h o a los j u d í o s al ordenarles que saliesen de E g i p t o : « Q u e vuestros pies v a y a n calzados, en vuestras manos bastones, alforjas en vuestras espaldas: llevaos el oro, la plata y todo lo d e m á s de los egipcios», el B u e n Dios de M a r c i ó n dice a los A p ó s t o l e s , c o m o es l ó g i c o , puesto que es honrado y enteramente distinto d e l o t r o : « N i calzado en vuestros pies, n i alforja, n i b a s t ó n , n i dos t ú n i c a s , n i dinero e n vuestros c i n t u r o n e s . » U n a vez m á s , a q u í tiene esto u n a posible e x p l i c a c i ó n . En los s i n ó p t i c o s , que se l i m i t a r o n a copiar de él lo que les convino, no. El J e s ú s de M a r c i ó n m u l t i p l i c a los panes y los peces. Y cuando P e d r o le dice: « T ú eres el C r i s t o » , entendiendo c o n e l l o el M e s í a s j u d í o , le reprende y le e n s e ñ a que el H i j o del h o m b r e debe sufrir, ser aherrojado p o r las autoridades j u d í a s , ser crucificado y resucitar a l tercer d í a . L a p a s i ó n y l a cruz n o h a b í a n sido predichas p a r a e l C r i s t o j u d í o , pues el C r e a d o r j a m á s hubiese expuesto a su H i j o a un s u p l i c i o que E l m i s m o h a b í a declarado m a l d i t o . E l deber d e todo cristiano era, e n c a m b i o , l l e v a r t a m b i é n s u cruz c o n objeto de salvarse, c o m o h a b í a aconsejado P a b l o . E l J e s ú s d e M a r c i ó n , tras m o s t r a r s e a Pedro, Santiago y J u a n ( a p ó s t o l e s cuyos nombres conoce t a m b i é n p o r Pablo) en toda su g l o r i a , hace que le vean a s i m i s m o j u n t o a M o i s é s y E l i a s , e n g a ñ á n d o l e s y haciendo con ello que, no obstante lo que les ha e n s e ñ a d o , vuelvan sus ojos h a c i a el J u d a i s m o . Y es preciso que u n a voz del Cielo, la d e l Padre, les anuncie que escuchen a J e s ú s , no a M o i s é s ni a E l i a s , p a r a que sep a n al fin que J e s ú s ha venido no a a p r o b a r a estos dos personajes b í b l i c o s , sino a mostrarse c o n t r a ellos. C o m o en los s i n ó p t i c o s no se p o d í a decir esto, pues los que estaban entonces al frente de la Iglesia naciente h a b í a n decidido
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seguir concediendo a u t o r i d a d al Antiguo Testamento, la voz d e l C i e l o suena p a r a d e c i r o t r a vez l a m i s m a b o b a d i t a que e n l a escena d e l b a u t i s m o : « Q u e J e s ú s e s s u H i j o amado, en el que se c o m p l a c e . » Lo que resulta u n a r e d u n d a n c i a i n ú t i l . A d e m á s de e s t ú p i d o , que un acto de v a n i d a d de este H i j o (mostrarse en t o d a su g l o r i a , c o m o Zeus a Semele, b i e n que a q u í el c a p r i c h o fue de é s t a , i n c i t a d a perversament e p o r H e r a p a r a que muriese, c o m o o c u r r e e n l a f á b u l a que refiere el episodio) tanto complaciese al Padre. L u e g o J e s ú s escoge 70 d i s c í p u l o s (Lucas c o p i a t a m b i é n esto), a los que concede el poder de, en su nombre, someter a los demonios. Y cuando un doctor de la ley le pregunta: « ¿ Q u é debo hacer p a r a obtener la v i d a ? » , J e s ú s le hace recitar los mandamientos esenciales: « A m a r á s a Y a h v é sobre todas las cosas y al p r ó j i m o c o m o a ti m i s m o . » Y a un joven que igualmente l e pregunta: « ¿ Q u é h a r é p a r a obtener l a v i d a e t e r n a ? » , le responde: « V e n d e cuanto tienes y d á s e l o a los p o b r e s . » Luego e n s e ñ a e l Padrenuestro. J e s ú s , en M a r c i ó n , sustituye las vanas purificaciones p o r la l i m o s n a . Y demuestra que si el D i o s que amenaza con la Gehenna (el Infierno), c o m o tantas veces hace el Y a h v é del Antiguo Testamento o su H i j o en los s i n ó p t i c o s , hay que temerle, p e r o no a s í al B u e n D i o s , al que, en l u g a r de temer, es preciso amar. No hay, a d e m á s , que ocuparse ni de los vestidos ni del a l i m e n t o : « P e n s a d en el R e i n o de D i o s y todo l o d e m á s s e o s d a r á p o r a ñ a d i d u r a . » Palabras que retratan a l m í s t i c o , que o l v i d a b a que h a b í a sido p i l o t o . V i e n e luego la p a r á b o l a del intendente i n f i e l , que se hace amigos a costa d e l dinero de su amo. Y la d e l R i c o y L á z a ro. Al punto, J e s ú s p u r i f i c a a diez leprosos. La l e p r a y los demonios, es decir, la l e p r a y la epilepsia (el l l a m a d o m a l sagrado), eran, s i n duda, e n d é m i c o s en Palestina. A q u e l l o s j u d í o s , no hay que dudarlo, se b a ñ a b a n con m á s frecuencia e n e l fanatismo religioso que e n e l J o r d á n . V i e n e luego l a p a r á b o l a d e l fariseo que s o l i c i t a (de D i o s ) y obtiene. Y la del p u b l i c a n o perdonado. Y la del r a b i n o que l l a m a a J e s ú s « B u e n M a e s t r o » , a lo que responde J e s ú s : « U n o tan s ó l o es bueno, D i o s , el P a d r e . » D e s p u é s , en J e r i c ó , c u r a al ciego.
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Y al p u b l i c a n o Zaqueo, que le recibe con a l e g r í a , da la m i t a d de sus bienes a los pobres y reembolsa a los que h a n sufrido sus exacciones c o n el c u a d r u p l o de lo que les ha tomado, le p r o c l a m a c o m o ejemplo del rico que p o d r á salvarse. A l p u n t o viene l o de: « D a d a l C é s a r l o que e s d e l C é s a r , etc.» Y lo de la m u j e r que se desposa sucesivamente c o n siete hermanos. El C r i s t o de M a r c i ó n se opone a que le crean H i j o de D a v i d . Ha venido del Cielo. No es el M e s í a s que esperan los j u d í o s . Y a p r o p ó s i t o de los falsos M e s í a s dice: «¡Cuidad o n o o s e n g a ñ e n ! V a r i o s v e n d r á n e n m i n o m b r e diciendo: Y o soy e l C r i s t o . Pero n o Ies sigáis.» E l H i j o del hombre, J e s ú s , que trae la s a l v a c i ó n a todas las naciones, es opuesto al C r i s t o j u d í o . Y todo p a s a r á , hasta el C i e l o y la T i e r r a , p e r o no sus palabras. S a b i d o es que si algo n a d a ha tenido n u n c a que v e r c o n la modestia, es la m í s t i c a . S ó l o la pret e n s i ó n de tener la esperanza c i e r t a de unirse a la D i v i n i d a d es ya u n a prueba total de necia v a n i d a d . A c a b a este Evangelio c o n el relato de la P a s i ó n y de la R e s u r r e c c i ó n . Hechos ambos de m o d o m u y semejante a como se leen en L u c a s . C i e r t o que en M a r c i ó n ocurre u n a cosa e x t r a ñ a , que L u c a s n o c o p i a : E l cuerpo d e J e s ú s resucitado es el m i s m o que antes de su r e s u r r e c c i ó n . No tiene carne, pues la carne es m a l a (Pablo h a b í a dicho lo m i s m o en la Epístola a los Romanos, V I I , 18: « E n m í , es decir, en mi carne, nada h a b i t a de b u e n o » ) ; no obstante, no era un fantasma, pues t e n í a huesos en las manos y en los pies, y dientes. El a d m i r a b l e M a r c i ó n , a pesar de no poder sustraerse a sus delirios m í s t i c o s , d e b i ó decirse: B i e n que J e s ú s sea i n c o r p ó r e o , p e r o ¿ q u é hacer p a r a que n o sorprenda demasiado que camine, cure tocando c o n las manos, p a r t a el p a n en la ú l t i m a cena y pueda m o r i r sujeto eñ la cruz? Y p a r a darle u n a m á s c o m p l e t a apariencia d e hombre, l e d o t ó d e los aditamentos ó s e o s que j u z g ó indispensables, m a n t e n i é n doselos, ¿ q u é p o d í a ser i m p o s i b l e p a r a u n D i o s ? e n perfecto y m i l a g r o s o e q u i l i b r i o . A d e m á s , gracias al p r o d i g i o , cuando luego de la r e s u r r e c c i ó n , p a r a convencer a los d i s c í p u l o s , que no le reconocen, no obstante ser i g u a l a c o m o era antes
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(nuevo m i l a g r o , pero é s t e de i n c r e d u l i d a d n a t u r a l , pues nadie de los que h a b í a n p a r t i d o se s a b í a que hubiese vuelto), les dice: « ¿ T e n é i s algo de c o m e r ? » Al ofrecerle ellos « u n pedazo de pescado f r i t o » , se lo puede c o m e r gracias a tener dientes: Y J e s ú s «lo c o g i ó y lo c o m i ó ante e l l o s » . C o n lo que a l f i n l e reconocen. S i n duda, p o r q u e c o m í a c o n u n a g r a c i a especial o porque t a l vez lo que c o m í a , en cuanto s a l í a de los dientes, no encontrando conductos materiales que lo retuviesen, se c a í a al suelo. T o d o , si b i e n se m i r a , es encantador, m i s t e r i o s o y , d i g á m o s l o d e u n a vez, e s t ú p i d o en este m i t o (419). E n f i n , a ú n s e puede l l e g a r a J e s ú s p o r u n tercer c a m i n o , formado en r e a l i d a d p o r dos v í a s que d i s c u r r e n en sentido c o n t r a r i o . U n a , la que a b r i e r o n los Evangelios c a n ó n i c o s a p a r t á n d o s e de M a r c i ó n y corrigiendo el de é s t e y su C r i s t o , y la otra, aquella p o r donde d i s c u r r e n los negadores, p a r a quienes esta f i g u r a es, p a r a ciertos de ellos, un s i m p l e h é r o e solar, y p a r a otros, un nuevo tipo de Kyrios, de Soter, de dios Salvador, ú l t i m a faceta de la serie O s i r i s , Zagreus, A t t i s , Adonis, etc. O bien, el resultado de la mezcla de u n a serie de leyendas y p r o f e c í a s d e l Antiguo Testamento, amañ a d a s de acuerdo c o n esperanzas y aspiraciones nuevas. En todo caso, c u a l q u i e r cosa menos u n a r e a l i d a d h i s t ó r i c a (420).
JESUS L o s c r í t i c o s , historiadores religiosos, eruditos y t e ó l o g o s , en lo que al p r o b l e m a de J e s ú s afecta, se dividen, c o m o sabemos, en tres grupos: 1." L o s ortodoxos, p a r a los cuales no hay duda (lo piensen en realidad o lo digan simplemente porque les conviene) ni sobre que J e s ú s e x i s t i ó ni a p r o p ó sito de su o b r a , a s í c o m o tampoco que los l i b r o s que hab l a n d e E l sean n o solamente h i s t ó r i c o s , sino incluso revelados y de i n s p i r a c i ó n d i v i n a . 2," L o s exegetas pertenecientes a la l l a m a d a escuela h i s t ó r i c a , tantas veces nombrados, y a su cabeza R e n á n , L o i s y y Guignebert, que b i e n que acepten la posible existencia de J e s ú s , no, en m o d o alguno, la autenticidad e h i s t o r i c i d a d de los textos que hablan de El y, p o r supuesto, que esta figura tenga algo que ver con la r e l i g i ó n que se une a su n o m b r e ni c o n la Iglesia, que, no obstante ofrecerle c o m o su m a n a n t i a l y g u í a , tan lejos, a su j u i c i o , e s t á d e E l , y p a r a quienes, e n f i n , n o pasa d e u n modesto profeta, u n pretendido M e s í a s m á s d e aquella é p o ca, m u y i n f e r i o r a l a o b r a que, s i n q u e r e r l o n i p r o p o n é r s e l o , ha sido u n i d a a su n o m b r e . 3.ª L o s que no a d m i t i e n d o su existencia y no viendo en cuanto a El afecta sino un m i t o m á s , m a l pueden aceptar algo de cuanto c o n ella se relaciona. L o s p r i m e r o s , c o n su m o d o de pensar y actuar, sea o no verdad que piensan como dicen, m u y p a r t i c u l a r m e n t e aquel l o s que p o r su indudable talento y c u l t u r a no pueden ignorar lo m u c h o que se ha trabajado sobre esta c u e s t i ó n y u n a bue-
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n a parte, p o r l o menos, l o m á s esencial, d e cuanto s e h a escrito; c o n su m o d o de a c t u a r — d e c í a — c o n s t i t u y e n u n a a m o d o de p o d e r o s í s i m a sociedad de seguros sobre la muerte, puesto que sobre la de todos los afiliados a esta sociedad especulan, garantizando a los que les creen, mediante sus sacramentos, toda u n a inacabable serie de venturas (castigos, p o r el contrario, de no seguir sus consejos e instrucciones al pie de la letra) en o t r a v i d a , que aseguran, s i n , p o r supuesto, p o d e r l o d e m o s t r a r (cierto que ello no tenga i m p o r t a n c i a , pues es c o n d i c i ó n indispensable p a r a ser m i e m b r o de esta vasta sociedad creer s i n d i s c u s i ó n en sus estatutos espirituales y c u m p l i r sus p r á c t i c a s y ritos materiales), que existe luego de é s t a . Su t á c t i c a de combate, o si se prefiere, de reclutamiento de adeptos, consiste esencialmente en s e m b r a r y c u l t i v a r el m i e d o . El m i e d o a la o t r a v i d a . Y en t r a n q u i l i z a r d e s p u é s , asegurando, c o m o es bien sabido, que c o n su soc o r r o , es decir, suscribiendo u n a de sus p ó l i z a s de seguro de muerte, nada tienen ya que temer e i n c l u s o empezar a disfrutar, inmediatamente de o c u r r i d a é s t a , de un verdadero e inacabable c a p i t a l de venturas espirituales. U n a r e d perfectamente organizada de agentes diseminados p o r el M u n d o , a favor de cuantiosos medios, pues e c o n ó m i c a m e n t e no h a y sociedad i n d u s t r i a l alguna que pueda compararse con ella, trabajan incansablemente p o r aumentar el n ú m e r o de sus clientes. L o s planes de los segundos son, p o r el contrario, enteramente ajenos a cualquier m a t i z c o m e r c i a l . L o s dirigentes de esta escuela, historiadores y h o m b r e s de ciencia, libres de toda p r e o c u p a c i ó n d o c t r i n a l (mientras que los de la sociedad anterior, t e ó l o g o s p o r necesidad y p r i n c i p i o , tienen que proteger, ante todo y en p r i m e r lugar, su fe), s ó l o les interesa la defensa de la « v e r d a d » . Y en favor de ella y p o r estar convencidos de lo que defienden, se l i m i t a n a aceptar, como base de sus creencias, que J e s ú s p u d o nacer y tal vez n a c i ó en el seno de u n a f a m i l i a h u m i l d e ; que tuvo hermanos y hermanas; que a d u l t o y a , se l a n z ó a u n a peligrosa tarea r e l i g i o s o - m e s i á n i c a , que c o n s i s t í a en anunciar el p r ó x i m o advenimiento del R e i n o de D i o s , y que interpretada
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esta p r e d i c a c i ó n como blasfematoria y p e r j u d i c i a l a los intereses de la casta sacerdotal dominante entonces en G a lilea, é s t a c o n s i g u i ó que fuese condenado p o r el p r o c u r a d o r r o m a n o a m o r i r en u n a cruz. La l a b o r de estos hombres, de g r a n saber, a s o m b r o s a capacidad de trabajo y profundo conocimiento de la c u e s t i ó n , a d e m á s de i m p a r c i a l i d a d absoluta, es a d m i r a b l e . Y sorprendente el esfuerzo que h a n realizado p a r a ver de sacar « h i s t o r i a » de algo que empiezan p o r considerar casi entera y absolutamente legendario. Y sumamente curiosas, p o r o t r a parte, las conjeturas que establecen, encaminadas a p r o b a r el n a c i m i e n t o de esta r e l i g i ó n , el C r i s t i a n i s m o , que gracias a ellas ha p o d i d o ser dem o s t r a d o que n i s u cuna fue G a l i l e a , n i J e s ú s , a j u z g a r p o r los escasos textos que h a b l a n de E l , tuvo en absoluto n a d a que ver con ella. En cuanto a los terceros, los que niegan la existencia de J e s ú s , llegan a esta c o n s i d e r a c i ó n tras haber l e í d o lo escrito p o r los principales representantes de las dos tendencias anteriores, haber estudiado a s i m i s m o profundamente los textos que quedan y haber reflexionado m u c h o sobre la c u e s t i ó n y tenido en cuenta todas las religiones de s a l v a c i ó n c o e t á n e a s , y lo bastante que ya se sabe, gracias a los estudios de r e l i g i ó n c o m p a r a d a , sobre la f o r m a c i ó n de los m i t o s . L a s l í n e a s que v a n a c o n t i n u a c i ó n son, luego de haber pasado revista a los textos, mi modesta c o n t r i b u c i ó n a la p r o p i a figura d e J e s ú s . C o n e l l o d a r é p o r terminado este v o l u m e n , dejando p a r a el siguiente lo relativo a la m a r c h a ascendente de esta r e l i g i ó n , lo que c o n s t i t u i r á la h i s t o r i a tanto de la Iglesia como del papado. Iglesia que, evidentemente, nada tiene que ver c o n J e s ú s , aunque se aceptase que, en efecto, p a s ó p o r la T i e r r a , puesto que al transform a r l e en C r i s t o , siguiendo al hacerlo a P a b l o y a M a r c i ó n , y a esta figura nada tiene d e c o m ú n c o n u n h o m b r e que h u b i e r a p o d i d o c r u z a r fugazmente p o r el M u n d o . A menos, c l a r o e s t á , que h u n d i é n d o s e a ojos cerrados en u n a fe opuesta a toda r a z ó n , se acepte el m i t o del hombre-Dios, cosa que, evidentemente, no se puede e x i g i r de todo el que se ocupa de estas cuestiones. V o y , pues, de m o m e n t o , a ocu-
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p a r m e de esta figura, simplemente con objeto de ver s i , en efecto, parece que debamos u n i r n o s a los que integran la escuela h i s t ó r i c a o, p o r el c o n t r a r i o , nos parece que tienen m á s r a z ó n los negadores. P a r a lo que va a seguir hay que empezar p o r suponer que J e s ú s e x i s t i ó , pues de otro m o d o i n ú t i l s e r í a entrar en los textos c o n que se pretende p r o b a r esta existencia. Precisamente, el examen atento de estos textos es lo ú n i c o que puede p e r m i t i r conjeturar si en lo que dicen hay algo que p u d i e r a ser v e r d a d o b i e n todo u n a serie de puras leyendas, es decir, un m i t o o serie de ellos m á s . Y c o m o la c u e s t i ó n de si J e s ú s e x i s t i ó o no es fundamental en lo que a t a ñ e a la r e l i g i ó n que en El se apoya, b i e n que no lleve su n o m b r e , es preciso ver, c o m o c o r o n a c i ó n de cuanto ya ha sido dicho, lo que sobre esta existencia se puede conjeturar revisando i m p a r c i a l m e n t e , serenamente, es decir, c o n e s p í r i t u de historiador, no de t e ó l o g o ni de creyente, los libros b á s i c o s a p r o p ó s i t o de esta f i g u r a : los Evangelios. E s t o s l i b r o s , b i e n que, como ya hemos visto, e s t é n llenos de relatos f a n t á s t i c o s e incluso c o n t r a d i c t o r i o s unos de otros, a causa, t a l vez, de haber pasado hasta llegar a nosotros p o r muchas manos, a s í c o m o haber tenido que s e r v i r a intereses distintos, son los ú n i c o s a los que en r e a l i d a d se puede a c u d i r con objeto de ver si b i e n medido, pesado y examinado cuanto dicen, se puede extraer algo que pueda ser c r e í d o . Pero no p o r o b r a de fe ciega, de esa fe que todo lo ite, p o r i m p o s i b l e que sea, pues, c o m o el pseudo Lucas dice: « N a d a hay i m p o s i b l e p a r a el que c r e e » , sino a favor de o t r a razonable a la que puede l l e v a r el conocim i e n t o de hechos que luego de m a d u r o examen puedan ser considerados c o m o ciertos o, al menos, c o n muchas probabilidades de certeza. O si esto m i s m o es i m p o s i b l e dada la a n t i g ü e d a d y poca fijeza de los elementos sometidos a cons i d e r a c i ó n , a l menos, racionalmente a d m i s i b l e s . Es decir, que incluso p a r a empezar este examen c o n i m p a r c i a l i d a d c o n v e n d r í a olvidarse no tan s ó l o de los que sobre creer todo lo que dicen h a b l a n a ú n de r e v e l a c i ó n , c o m o a los que desde terrenos opuestos acabaron p o r declarar,
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tras concienzudo examen, que cuanto m á s se estudian los Evangelios, en m a y o r m e d i d a se saca la consecuencia de que n a d a m á s lejos que ellos de ofrecer un relato de c a r á c ter h i s t ó r i c o (421). O sea, que el p a p e l de los Evangelios fue y sigue siendo u n a especie de c ó m o d o asidero p a r a que los que c r e í a n en J e s ú s p u d i e r a n , a c o n d i c i ó n de no meterse a averiguar de si lo que dicen es p o s i b l e o no, apoyar en algo su creencia. P o r nuestra parte, trataremos de o l v i d a r todo esto c o n objeto de entrar en el examen de estos libros c o n c r i t e r i o independiente. A h o r a bien, p o r libremente dispuestos que estemos a examinarlos, lo que no podremos o l v i d a r es que estaremos en presencia de textos, s i n e x c e p c i ó n , profundamente alterados, interpolados y arreglados p o r la Iglesia, en cuyas manos estuvieron durante muchos siglos. Y que, a d e m á s , no se trata de textos originales, sino de los que la Iglesia p e r m i t i ó que circulasen luego que, tras haber sido declarada r e l i g i ó n o f i c i a l del I m p e r i o , d e t e r m i n ó firmemente c u á l era su v o l u n t a d respecto a este punto en el C o n c i l i o de N i c e a . P o r supuesto, luego de á s p e r a s disputas relativas al dogma de la d i v i n i d a d de C r i s t o , figura en que h a b í a decidido que se sumase la persona d i v i n a a la h u m a n a de J e s ú s . Es decir, que la r e d a c c i ó n actual de los Evangelios es la que q u e d ó fijada, el siglo i v , en el citado C o n c i l i o . A h o r a bien, ¿ q u é se leía en los manuscritos anteriores? ¿ N o es un poco sospechoso, en lo que a la v e r d a d p u r a y s i m p l e a t a ñ e , que se hiciesen desaparecer estas versiones anteriores, a s í c o m o se h i c i e r o n desaparecer, a d e m á s , los Evangelios llamados a p ó c r i f o s y los g n ó s t i c o s , tales c o m o el de M a r c i ó n , el de B a s í l i d e s y el de V a l e n t í n ? A d e m á s , c o m o se sabe, los Evangelios no h e r é t i c o s , los de tipo cristiano, fueron d i v i d i d o s p o r la Iglesia en dos grupos: los canónicos y los mencionados apócrifos. E s t o s fueron desechados p o r falsos, y a q u é l l o s no tan s ó l o fueron considerados verdaderos, sino revelados. Es decir, c o m o obras de procedencia d i v i n a y consecuencia i n m e d i a t a de la vol u n t a d de Dios, en v i r t u d de la c u a l los que aseguraron que los h a b í a n redactado fueron d i r e c t a e inmediatamente ins-
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pirados p o r E l , no obstante las divergencias y hasta contra^ dicciones que se observan en ellos. S i n contar lo que de i r r a c i o n a l , es decir, i m p o s i b l e , a fuer de milagroso, contienen. E s m á s , s i n preocuparse d e que d e s m e n t í a n a l m á s concienzudo, en cuanto a abundancia de relatos, de los supuestos redactores de estos l i b r o s , L u c a s , cuyas p r i m e r a s palabras al empezar a e s c r i b i r son: « Q u e ya m u c h o s h a n intentado e s c r i b i r la h i s t o r i a de lo sucedido entre nosotros, s e g ú n que nos ha sido t r a n s m i t i d o p o r los que desde el p r i n c i p i o fueron testigos oculares y m i n i s t r o s de la palab r a . » Luego b i e n claro e s t á : nada de « r e v e l a c i ó n » , sino de supuestos hechos t r a n s m i t i d o s verbalmente ( « m i n i s t r o s de la p a l a b r a » ) p o r los que, s e g ú n el pseudo L u c a s , los presenc i a r o n . Lo que él m i s m o pretende hacer de nuevo, luego de haberse i n f o r m a d o « e x a c t a m e n t e de todo desde los o r í genes». Respecto a la veracidad de los « t e s t i g o s o c u l a r e s » , si juzgamos p o r la suya, puesto que empieza refiriendo u n a serie de f á b u l a s que s i n desdoro pueden ponerse j u n t o a los cuentos de hadas que suelen referirse a los n i ñ o s ; que empieza y c o n t i n ú a , p o r supuesto, p r o n t o quedamos fijados. Y p o r ella, p o r su veracidad, a s í como p o r la de los d e m á s evangelistas c a n ó n i c o s , al punto estamos perfectamente enterados de lo que hay que entender p o r revelación. A saber: A q u e l l o que conviene asegurar p a r a que sea tragado, c o m o ciertas p i l d o r a s , c o n ayuda de un l í q u i d o que facilite la i n g e s t i ó n ; en este caso, la fe. Fe p a r a la que, naturalmente, nada hay i m p o s i b l e , por ajeno que sea al m á s elemental buen sentido, puesto que lo p r i m e r o que hace es poner en manos d e l a D i v i n i d a d l a v a r i t a m á g i c a d e l todo poder. Y , naturalmente, ¿ h a b r á algo i m p o s i b l e , p o r tremendo, abs u r d o y milagroso que sea, p a r a el que todo lo puede? En cuanto a los Evangelios c a n ó n i c o s , la Iglesia determinó que fuesen cuatro de entre los sesenta o setenta que p o r entonces fueron escritos. De todos ellos, salvo, claro e s t á , los escogidos, pocos h a n llegado hasta nosotros. De algunos, breves restos o los nombres tan s ó l o . Pues u n a vez m á s , la Iglesia, luego de d e t e r m i n a r los que le c o n v e n í a i m p o n e r ,
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se d e d i c ó a perseguir y hacer desaparecer los otros, cosa no m u y difícil entonces, puesto que las ediciones de los l i b r o s , como hechos a mano, fatalmente, eran m u y reducidas (422). Dejemos, pues, los a p ó c r i f o s , que poco pueden e n s e ñ a r n o s , y veamos de espigar en los c a n ó n i c o s , que p o r su doble c a r á c t e r de « v e r d a d e r o s » y « r e v e l a d o s » no nos e n g a ñ a r á n seguramente. Y en los que, s i n duda, vamos a encontrar lo que buscamos: datos seguros y evidentes acerca de un J e s ú s h i s t ó r i c o . De m o d o que empecemos, c o m o parece que hay que hacer, p o r l a p r o p i a p a l a b r a : J E S U S . E s t a p a l a b r a no es en r e a l i d a d un nombre, sino la trad u c c i ó n de o t r a griega, 'l-qaoüz, Iesous, que se lee en los Evangelios y en Pablo, t r a n s c r i p c i ó n , a su vez, del vocablo hebreo Jeschuáh o Jeshuá, derivado de otro m á s antiguo, Jehoshuá, que se traduce p o r J o s u é , «el que salva» o « a q u e l que s a l v a » ( « Y a h v é s a l v a » , t a m b i é n ) (423). Significando, pues, J e s ú s , « S a l v a d o r » (Soter); esta p a l a b r a no era en real i d a d u n nombre, sino u n adjetivo: «el S a l v a d o r » , tan a p l i cado d e s p u é s a l referirse a l G a l i l e o . E s decir, u n adjetivo que a s i m i l ó el Soter j u d í o a todos los d e m á s « S a l v a d o r e s » del helenismo. De acuerdo c o n esta idea vemos al á n g e l del S e ñ o r aparecer a J o s é , p o r orden de su amo, p a r a aconsejarle que no repudie a M a r í a y a ñ a d i r , tras hacerle saber que é s t a h a b í a concebido p o r obra del E s p í r i t u Santo: « D a r á a l u z u n h i j o , a quien p o n d r á s p o r n o m b r e Jesús, porque salvará a su pueblo.» El f i n a l de la frase: « d e sus p e c a d o s » , fue una interp o l a c i ó n t a r d í a hecha cuando se d e c i d i ó que el papel mes i á n i c o de J e s ú s obrase no en lo relativo a salvar a los j u d í o s de la tutela romana, papel p r o p i o de todos los M e s í a s j u d í o s , sino redimirles, de acuerdo c o n Pablo, de todo lo relacionado c o n el « p e c a d o o r i g i n a l » . Luego lo p r i m e r o que conviene tener en cuenta es que este personaje tan importante carece en r e a l i d a d de nombre, puesto que c o m o t a l tiene una palab r a que no es un n o m b r e , sino un adjetivo de c a r á c t e r mes i á n i c o , c o m ú n a varios dioses de la a n t i g ü e d a d . C i e r t o que
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si creemos a Pablo, no hay n o m b r e comparable a é s t e , puest o que J e s ú s l o h a b í a merecido p o r e l hecho d e mostrarse obediente a su padre, llegando hasta m o r i r precisamente p o r obedecrle: « P o r lo cual D i o s le e x a l t ó y le o t o r g ó un nombre sobre todo n o m b r e , p a r a que al n o m b r e de J e s ú s doble la r o d i l l a cuanto hay en el Cielo, en la T i e r r a y en los Inf i e r n o s » (Epístola a los Filipenses, I I , 9, 10). E n todo caso, e l n o m b r e n o n o m b r e , J e s ú s , l l e g ó a ser corriente entre los j u d í o s h a c i a l a é p o c a d e l a era c r i s t i a n a , pero luego se h i z o odioso a este pueblo al abrirse el a b i s m o entre las dos religiones, empezando, p o r el contrario, a ganar terreno en la c r i s t i a n a . En cuanto a Cristo (en griego, X p i o t o c , Christos), esta p a l a b r a quiere decir simplemente el ungido (otro adjetivo), de christos, aceite que sirve p a r a ungir. En Mateo (I, 16), se lee: «Y Jacob e n g e n d r ó a J o s é , el esposo de M a r í a , de la cual n a c i ó J e s ú s , l l a m a d o el Cristo.» Y en Lucas (II, 26), vemos que a S i m e ó n , el justo (el A s i t a b ú d i c o , c r i s t i a n o ) : «Le h a b í a sido revelado p o r e l E s p í r i t u S a n t o que n o v e r í a la muerte antes de ver al C r i s t o d e l S e ñ o r . » Luego en los p r o p i o s Evangelios, b i e n que l a p a l a b r a J e s ú s sea l a m á s corriente p a r a designar a l M e s í a s , l a a p e l a c i ó n e l C r i s t o e s ya c o n o c i d a a causa de ser la empleada p o r Pablo, quien, p o r su parte, no parece tener en cuenta la o t r a , de t a l m o d o que p o r interpolaciones estiman los c r í t i c o s todas las frases en que es mencionada en las Epístolas que se le atribuyen. Respecto al a ñ o en que J e s ú s pudo nacer, se han hecho t a m b i é n m u c h o s c á l c u l o s poniendo e n juego l a h i s t o r i a , l a a s t r o n o m í a e i n c l u s o las medallas antiguas. Tantos, que enumerarlos, siquiera u n a buena parte de ellos, me h a r í a llenar muchas p á g i n a s i n ú t i l m e n t e , puesto que, c o m o c o n r a z ó n dice D a u n o u (Chronologie technique, t. I, p á g . 457): « L o s argumentos d e cada autor son m u c h o m á s decisivos c o n t r a el sistema que combaten que en favor del que sostienen.» Si nos alejamos de tanto c á l c u l o caprichoso y tratamos de resolver la c u e s t i ó n s i r v i é n d o n o s tan s ó l o de los Evan-
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gelios, vemos al punto que en e l l o s las contradicciones son t a n evidentes c o m o i m p o s i b l e s d e a r m o n i z a r . E l r e d a c t o r d e Mateo, tal vez j u d í o , c o m o se d i c e de este a p ó s t o l , y que, en todo caso, trabajaba d e c i d i d a m e n t e en favor de este pueblo, conforme con l a t e o r í a d e q u e e l cetro n o d e b í a s a l i r de manos de la casa de J u d á antes de la llegada del siemp r e esperado M e s í a s , hace nacer a J e s ú s «en los d í a s del rey H e r o d e s » (II, 1). E s t a s p a l a b r a s parece que dicen algo, pero e n r e a l i d a d n o dicen nada. E n todo caso, nada preciso, pues habiendo reinado H e r o d e s desde el a ñ o —37, en que con l a ayuda d e los romanos a c a b ó d e conquistar s u reino, hasta — 4 , en que m u r i ó , en este p e r í o d o de treinta y tres a ñ o s , ¿en c u á l de ellos p u d o nacer, si n a c i ó , J e s ú s ? A d m i t a mos, p o r ver de f a c i l i t a r las cosas, que J e s ú s vino al M u n d o poco antes d e m o r i r H e r o d e s e n e l mencionado — 4 ; p o r facilitar las cosas y p o r no d e j a r l e p o r embustero desde el p r i m e r momento, puesto que fue a él a q u i e n se le o c u r r i ó el tremendo disparate de la m a t a n z a de los inocentes, que ni e s t á en M a r c o s ni L u c a s se a t r e v i ó a copiar. Pero aun a s í , ¿ q u é hacemos entonces c o n el relato de é s t e , de L u c a s , que c o n objeto de que J e s ú s viese la l u z en B e l é n , p a r a que con ello se cumpliese la p r o f e c í a de Micheo ( V , 1), p r o f e c í a que el p r o p i o Mateo recuerda en I I , 6 ( « Y t ú , B e l é n , t i e r r a d e J u d á , n o eres ciertamente ^ l a m á s p e q u e ñ a entre los p r í n c i p e s d e J u d á , porque d e t i s a l d r á u n jefe que apacent a r á a mi pueblo, I s r a e l » ) , cuenta en I I , 1 y siguientes, lo d e l e m p a d r o n a m i e n t o llevado a cabo p o r C i r i n o , p o r orden de C é s a r Augusto; empadronamiento que o b l i g ó a J o s é a sub i r de Nazaret, en G a l i l e a , a B e l é n , de J u d á , en u n i ó n de M a r í a , en cuyo viaje o c u r r i ó el p a r t o ? P o r q u e este empadronamiento l l e v a d o a cabo p o r C i r i n o , gobernador de S i r i a , sabemos p o r F l a v i o Josefo que se e f e c t u ó el a ñ o 7 ya de nuestra era, es decir, once d e s p u é s de cuando Mateo, aun en el caso m á s favorable p a r a su tesis, hace nacer a Jes ú s . S i n contar que no fue un e m p a d r o n a m i e n t o personal, sino puramente económico, de bienes, c o m o dice Josefo (Antigüedades judaicas, l i b r o X V I I , cap. X V a l final, y l i b r o X V I I I , cap. 1.°): « B e todos los bienes de los p a r t i c u 11.
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l a r e s » . ¿ E n q u é quedamos, pues? ¿ C u á l de los dos, M a t e o o Lucas, miente? A n t e t a l aprieto, l a Iglesia, p a r a escapar del apuro, h a acudido a lo ú n i c o que c a b í a hacer: D e c i r que pudo haber otro e m p a d r o n a m i e n t o anterior en tiempos de H e r o d e s . Y p a r a apoyar tan caprichosa a f i r m a c i ó n , que en m o d o alguno d e s t r u í a la de L u c a s , que rotundamente declara que fue en tiempos de C i r i n o , se ha llegado incluso a t r a d u c i r el p á r r a fo que hace a l u s i ó n a él no como lo hacen C r a m p ó n , L o i s y , Goguel, M o f f a i t y K l o s t e r m a n n , a los que se s u m a Guignebert, todos ellos de r e n o m b r e u n i v e r s a l en cuestiones r e l i giosas, helenistas consumados, profesores indiscutidos y eruditos de p r i m e r a clase, que h a n t r a d u c i d o : « E r a el p r i m e r empadronamiento, siendo C i r i n o gobernador de S i r i a » , p o r esto o t r o : « E s t e empadronamiento fue el p r i m e r o de los que t u v i e r o n lugar en tiempos de C i r i n o , durante su gob i e r n o de S i r i a » , o: « F u e el empadronamiento que se hizo antes que C i r i n o fuese gobernador de S i r i a » , o a ú n , s e g ú n u n a t r a d u c c i ó n que tengo a la v i s t a de dos notables t e ó l o gos e s p a ñ o l e s : « F u e este empadronamiento p r i m e r o que el del gobernador de S i r i a , Cirino.» A la p r i m e r a t r a d u c c i ó n se p o d r í a replicar que p o r F l a v i o Josefo sabemos, c o m o ya he dicho, que C i r i n o h i z o este emp a d r o n a m i e n t o (mejor s e r í a decir estado de bienes) c o n vistas a u n a i m p o s i c i ó n f i d u c i a r i a , pero s ó l o esto. Y que considerado p o r los j u d í o s c o m o un acto de intolerable tiran í a (pues n a d a fue siempre tan m a l r e c i b i d o como lo que amenaza al b o l s i l l o ) , o c a s i o n ó una i n s u r r e c c i ó n , capitaneada p o r Judas el Galonita y p o r un fariseo l l a m a d o Sadoc, que tras i n c r e í b l e s excesos o c a s i o n ó u n a r e p r e s i ó n c r u e l í s i m a . Lo que no i n v i t a b a ciertamente a nuevos intentos de l a m i s m a clase. C l a r o que, s e g ú n e l evangelista, e l empadronamiento, sobre ser personal, se llevó a cabo sin ocasionar la m e n o r resistencia. ¿ C ó m o creer, pues, a F l a v i o Josefo, no obstante estar tan m i n u c i o s a m e n t e enterado de todo cuanto afectaba a su p a t r i a , si un evangelista, m o v i d o p o r i n s p i r a c i ó n d i v i n a , dice exactamente todo lo contrario que é l ? A l lector, p o r tanto, conceder c r é d i t o a l que m e j o r l e
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parezca. En cuanto a los que dicen que tal empadronamiento se h i z o antes que C i r i n o fuese gobernador de S i r i a , se les puede hacer observar que s e r í a conveniente que, en apoyo de su tesis, citasen textos h i s t ó r i c o s que lo probasen, porque n i F l a v i o Josefo, n i T á c i t o , n i Suetonio, p o r quienes sabemos de los empadronamientos llevados a cabo p o r entonces, h a b l a n de t a l cosa. F l a v i o Josefo no c i t a sino el ú n i c o , llevado a cabo en tiempos de C i r i n o , y sus brutales consecuencias. T á c i t o , p o r su parte, h a b l a tan s ó l o de un l i b r o escrito p o r e l p r o p i o Augusto, que c o n t e n í a u n estado de fuerzas, de gastos y de recursos d e l I m p e r i o ( T á c i t o : Anales, l i b . I, cap. II), l i b r o que h i z o p a r a su uso p a r t i c u l a r . E n cuanto a Suetonio (que t a m b i é n c i t a e l l i b r o anterior, al que d e n o m i n a Breviarius totius imperii), dice t a n s ó l o que Augusto h i z o tres veces «el e m p a d r o n a m i e n t o de todo el p u e b l o » (Suetonio, X X V I I ) , que no era el empadronamiento de todo el I m p e r i o , y m u c h o menos de Palestina, sino simplemente del pueblo r o m a n o ; c o m o q u e r í a decir l a p a l a b r a pópulos, o sea, el pueblo p o r excelencia; como la pal a b r a urbs, tan s ó l o designaba a R o m a . A d e m á s , los tres empadronamientos mencionados p o r Suetonio correspondier o n o fueron realizados: el 1.°, el a ñ o 726 de R o m a ; el 2°, el a ñ o 740, y el 3 ° , el a ñ o 757. Es decir, veinticuatro y diez a ñ o s antes de n u e s t r a era, y diecisiete d e s p u é s , respectivamente. P o r lo d e m á s , el redactor, a q u i e n se d i o posteriormente el n o m b r e de L u c a s , era tan d i s t r a í d o como m a l i n f o r m a d o estaba. Pues a f i r m a que J e s ú s n a c i ó cuando el empadronam i e n t o de C i r i n o , o sea, en + 7, sin acordarse de que varios v e r s í c u l o s antes ha referido la encantadora escena r e l a t i v a a l a A n u n c i a c i ó n , tras l a cual G a b r i e l , e l á n g e l d e l S e ñ o r , que aquel d í a estaba de confidencias, le hace saber asimism o que Isabel, s u parienta, « t a m b i é n h a b í a concebido u n hijo en su vejez, porque n a d a hay i m p o s i b l e p a r a D i o s » (y m u c h o menos, como sabemos por el Antiguo Testamento, p a r a Y a h v é , especialista en p r e ñ a r viejas, quiero decir, en emplear parte de su m u c h o poder p a r a v i g o r i z a r a los varones carcamales y los ó v u l o s de sus respetables y encane-
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cidas consortes), y que la mujer de Z a c a r í a s estaba ya en el sexto mes de su i m p o r t a n t e embarazo. Y puesto que esto o c u r r í a , c o m o m u y pronto, en — 4, en tiempos de Herodes, si J e s ú s n a c i ó en + 7, M a r í a le llevó en su vientre v i r g i n a l once a ñ o s . C l a r o que muchos m á s p a s ó V a i n a m o i n é n e n e l seno d e s u m a d r e L u o n n o t a r , l a Virgen-madre d e l a m i t o l o g í a finlandesa, de m o d o que no nos sorprendamos demasiado. Tanto m á s cuanto que en u n a n a r r a c i ó n en la que todo va a ser milagroso, n a d a m á s n a t u r a l que se empiece p o r un m i l a g r o doble: C o n c e p c i ó n p o r o b r a de un E s p í r i t u Santo y once a ñ o s p a r a que llegase a b u e n puerto lo concebido. T o t a l , que no hay m e d i o tampoco de saber c u á n d o p u d o nacer J e s ú s , si es que n a c i ó , que muchos lo dudan, fuera de la i m a g i n a c i ó n de los redactores de los Evangelios. Y que lo que sobre esto dicen tales l i b r o s es t a n f a n t á s t i c o c o m o los c á l c u l o s y combinaciones a que se e n t r e g ó el monje r o m a n o (escita de origen) D i o n i s i o el Pequeño (Dionysius Exiguus), que a causa de ser y pasar c o m o uno de los hombres m á s sabios de su tiempo, fue encargado p o r el papa J u a n I de f i j a r l a fecha d e l n a c i m i e n t o d e J e s ú s , sobre l a que s e g u í a n las dudas, no obstante el c a r á c t e r « r e v e l a d o » de los Evangelios de M a t e o y L u c a s . No dudando en a f i r m a r el sabio frailecito, tras calcularlo bien, que e l a ñ o d e l a E n c a r n a c i ó n h a b í a sido el 754 de la f u n d a c i ó n de R o m a , y que la Encarnac i ó n m i s m a h a b í a sido efectuada el 25 de m a r z o , y el nacimiento, e l 2 5 d e d i c i e m b r e . E s decir, c o n p r e c i s i ó n m a t e m á tica, como c o r r e s p o n d í a a un Dios. ¡ S a b i d u r í a irable la de aquel cuarto de k i l o de fraile! Lo m a l o es que sabemos que el n a c i m i e n t o de J e s ú s el 25 de diciembre no e m p e z ó a celebrarse sino h a c i a el a ñ o 300. Y que en un p r i n c i p i o o c u r r í a el 6 de enero. Luego, h a c i a mediados d e l siglo i v , la fecha fue c a m b i a n d o con objeto de hacerla c o i n c i d i r con la celeb r a c i ó n de la solemnidad m i t h r í a c a d e l natale Solis Invicti. E l l o nos trae a considerar que tampoco se sabe el d í a , entre todos incomparable, en que n a c i ó J e s ú s . Pues c o m o l a Iglesia antigua n o h a b í a puesto e n c i r c u l a c i ó n u n a tradic i ó n relativa a ello, tuvo que ser fijada posteriormente,
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d e d u c i é n d o l a d e l m o d o que se c r e y ó m á s conveniente, de acuerdo con la l i t u r g i a de las fiestas. A p r o p ó s i t o de ello, las conjeturas fueron t a m b i é n m u y numerosas y las discusiones tan largas c o m o i n ú t i l e s . Unos h a c í a n nacer a J e s ú s el 11; otros, el 15 de T u b i (6 y 10 de enero); otros, el 24 ó 25 F a r m u t i (15 ó 20 de a b r i l ) ; otros, el 25 P a c h ó n (20 de mayo). Clemente de A l e j a n d r í a , uno de los Padres d e l a Iglesia m á s sabios, opinaba que J e s ú s h a b í a nacido el 25 de mayo, o p i n i ó n que fundaba, al menos, con cierta l ó g i c a c l i m a t o l ó g i c a , que ya era algo a falta de o t r a cosa, en que Lucas asegura, c o n la m i s m a f o r m a l i d a d que Mateo lo de los M a g o s , la estrellita y la m a t a n z a de los inocentes: « q u e h a b í a en la r e g i ó n unos pastores que morab a n en el campo, etc.», a los que uno de los á n g e l e s del S e ñ o r , aquellos á n g e l e s entonces tan serviciales y campechanos, a n i m ó p a r a que corriesen a a d o r a r al r e c i é n nacido. Y, claro, d o r m i r s i n otro techo que las estrellas, el l ó g i c o Clemente p e n s ó que p o d í a hacerse e n m a y o , s i n o l l o v í a , pero no a fines de diciembre. M a s en Oriente, porque fantasear se fantasea en todas partes, se c a l c u l ó el n a c i m i e n t o el 8 de enero. Y durante m u c h o tiempo panderetas, z a m b o m b a s y villancicos sonar o n el 8 de enero. Así, uno de los patriarcas de A l e j a n d r í a , que no hay m o t i v o s p a r a creer que fuese un b r o m i s t a , no obstante que su n o m b r e suene un poco a c h i r i g o t a : E u t i quio, e s c r i b í a h a c i a el a ñ o 900 que p a r a los egipcios esta fecha era la ú n i c a verdadera. Y lo m i s m o pensaban griegos y e t í o p e s , tan a la g r e ñ a muchas veces p o r cosas de m e n o r i m p o r t a n c i a . P o r s u parte, J o s é Scaligero, h i j o d e J u l i o C é s a r Scaligero, ambos g r a n d í s i m o s eruditos, o p i n a b a n (estamos ya en el siglo x v i ) que J e s ú s h a b í a n a c i d o a fines de septiembre o p r i n c i p i o s de octubre, é p o c a en que a ú n , m u y p a r t i c u l a r m e n t e si ha empezado la v e n d i m i a , se pueden pasar las noches al aire l i b r e y hacer camping s i n necesidad de tiendas. En f i n , otro gran sabio, t e ó l o g o , maestro en lenguas orientales y de p r o p i n a filósofo, Bynaeus (1654-1698), tras haber meditado sobre todas las h i p ó t e s i s anteriores a c a b ó p o r pensar, c o m o A b r a h a m Scultet, que t e r m i n ó sus arduos
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trabajos sobre esta c u e s t i ó n c o n las siguientes p r u d e n t í s i mas palabras: « P u e s t o que l a E s c r i t u r a c a l l a sobre esto, callemos t a m b i é n n o s o t r o s » ( B y n a e i : De Natali J. C, l i b . I, c a p í t u l o I V , ep. 14, p á g s . 403 a 414). E n cuanto a l a Iglesia, durante m u c h o tiempo c e l e b r ó e l 6 de enero el n a t a l i c i o de J e s ú s , y s ó l o fue a fines del siglo iv (san J u a n C r i s ó s t o m o h a b l a de ello en 375) cuando se conv e n c i ó de que h a b í a nacido el 25 de diciembre, encontrando, b i e n que le molestase un poco, que de M i t h r a se hubiese dicho l o m i s m o , pues l o m á s n a t u r a l era que e l que, s e g ú n ella, h a b í a venido p a r a i l u m i n a r las conciencias, hubiese nacido cuando cada a ñ o empieza a nacer el S o l con el solsticio de invierno. Y he a q u í p o r q u é hoy comemos t u r r ó n el 25 de d i c i e m b r e y celebramos alegremente un n a c i m i e n t o que tantos o p i n a n que no o c u r r i ó n u n c a . Y en todo caso, n i p o r c a s u a l i d a d e n este d í a . M a s como, s e g ú n vamos viendo, c o n todo cuanto la Iglesia e n s e ñ a y a f i r m a ocurre i g u a l , pues tan contentos. Tanto m á s cuanto evidente a x i o m a es que las verdades religiosas dependen de u n a sola cosa: la fe de los creyentes. Luego si 400 m i l l o n e s de creyentes creen a ojos cerrados no s ó l o que J e s ú s n a c i ó en la T i e r r a , sino que lo hizo el 25 de diciembre, i n ú t i l s e r í a tratar de demostrar l o c o n t r a r i o . En todo caso, sobre el d í a y a ñ o en que pudo nacer J e s ú s , b i e n que nos pese, nada tampoco concreto podemos decir. N a d a que no se pueda negar con la m i s m a r a z ó n c o n que se a f i r m a . Pero ¿ t e n e m o s , a l menos, alguna seguridad sobre e l lugar en que n a c i ó ? C l a r o que en r e a l i d a d nos tiene t a m b i é n s i n cuidado. Pues lo esencial es que tan « r e d i m i d o s » estamos h a y a nacido en el Cielo, como p r e t e n d í a M a r c i ó n , y con él todos los g n ó s t i c o s , o en la T i e r r a , b i e n que sea m á s prosaico, c o m o e n s e ñ a l a Santa M a d r e Iglesia. E n todo caso, justo es confesar que, por m u c h a que sea nuestra i n c l i n a c i ó n h a c i a u n o u o t r o de estos dos bandos, tampoco sabemos n a d a cierto, por triste que sea decirlo. Si en la T i e r r a pensamos, pues del C i e l o Cielo, no d e l estrellado, que s e escribe con m i n ú s c u l a , n i s i q u i e r a u n m a l m a p a tenemos, todo parece abogar porque el J e s ú s evan-
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gélico v i n o al M u n d o en Nazaret. B i e n que, c o m o hace observar Guignebert: « N i n g ú n texto antiguo, pagano o j u d í o , hace m e n c i ó n de él.» En efecto, ni el Antiguo Testamento, ni Josefo, ni el Talmud, m e n c i o n a n esta aldea o c i u d a d . A h o r a bien, como, s e g ú n Josefo (Vita, ap. 235), h a b í a en G a l i l e a 204 aldeas y 15 ciudades fortificadas, puede que entre unas u otras, pues no conocemos el n o m b r e de todas, estuviese. T a n t o m á s cuanto que J u l i o el Africano la c i t a dos siglos y medio d e s p u é s . Y aunque tuvo t i e m p o de h a b e r nacido en estos dos siglos, c o m o t a m p o c o se tiene referenc i a de ello, demos p o r bueno que e x i s t í a p a r a cuando se quiere que existiese. Sobre todo que—como d e c í a — J e s ú s es l l a m a d o el Nazareno en los Evangelios, y c o m o nazareno es enviado p o r P i l a t o a Herodes; de nazareno fue c a l i f i c a d a su sentencia de muerte, y esta c a l i f i c a c i ó n fue conservada m u cho tiempo por sus d i s c í p u l o s y a ú n se conserva. S i n contar que evidente es, si se concede c r é d i t o a los Evangelios, que se h a b í a criado en Nazaret, que en Nazaret v i v í a n sus hermanos y su m a d r e y que todos sus parientes eran de Nazaret, de C a f a r n a u m y de sus alrededores. C l a r o que c o m o se d e c i d i ó , s i n duda p a r a dar a u t o r i d a d a la leyenda, s e g ú n se i b a formando, acomodarse a las p r o f e c í a s , y s e g ú n u n a de ellas el M e s í a s d e b í a salir no s ó l o de la casa de D a v i d , sino de B e l é n (aldea que estaba y sigue estando a nueve k i l ó m e tros al sur de J e r u s a l é n ) , p a r a ponerse de acuerdo c o n esta p r o f e c í a (de Nazaret no hablaba ninguna) fueron inventadas las pintorescas y distintas g e n e a l o g í a s que pueden leerse en M a t e o y Lucas, es decir, p a r a j u s t i f i c a r que p r o c e d í a de la casa de D a v i d , y p a r a lo segundo, lo relativo a B e l é n , las dos leyendas, a s i m i s m o diferentes. Un descuido, s i n duda, de la «revelación». S e g ú n Mateo, p u d i e r a creerse que J o s é y M a r í a h a b i t a b a n en B e l é n de Judea, y que sóío a Ja vuelta de E g i p t o , m u e r t o ya Herodes, fueron a v i v i r a Nazaret. C o m o se lee en I I , 22, 23: « P a r a que se c u m p l i e r a lo dicho p o r los profetas, que s e r í a l l a m a d o n a z a r e n o . » M i e n t r a s que Lucas supone, p o r el contrario, que J o s é y M a r í a h a b i t a b a n de siempre en N a zaret y que J e s ú s n a c i ó en B e l é n p o r casualidad. Es decir,
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a causa del empadronamiento ordenado por C i r i n o , en v i r t u d del c u a l , por m u c h o que e x t r a ñ e que u n a m u j e r a punto de dar a l u z a c o m p a ñ a s e a su m a r i d o s i n necesidad (424) en un viaje, p o r lo menos, de tres d í a s , si se t o m a b a el c a m i n o m á s corto, es decir, el de S a m a r í a , a t r a v é s de un p a í s mont a ñ o s o , y , por consiguiente, m u y penoso p a r a u n a m u j e r fuera de cuenta. M a s c o m o lo que se trata era de que el S a l v a d o r del M u n d o ( i q u i é n l o d i r í a , pues h a n pasado veinte siglos de guerras, odios, e g o í s m o s y toda clase de males y en las m i s m a s circunstancias t r i s t í s i m a s seguimos, es dec i r , tan esclavos y tan necesitados de r e d e n c i ó n ! ) diese u n a p r u e b a de h u m i l d a d naciendo en un establo, se i n v e n t ó la historieta que nos hace v e r a la Santa F a m i l i a , a la errab u n d a pareja (que, a d e m á s , fatalmente, h a b í a n de pasar p o r J e r u s a l é n , donde t e n í a n f a m i l i a probablemente y amigos, c o m o asegura el p r o p i o Lucas en I I , 44, y donde parece nat u r a l que, de haber salido de su casa, se quedase M a r í a , sin seguir adelante c a m i n o de B e l é n , eso s i n contar que se trataba de un p a í s en que la h o s p i t a l i d a d era un deber sagrado); se nos hace ver a la e r r a b u n d a p a r e j a — d e c í a — y se nos cuenta que, c o n t r a toda l ó g i c a , llegan a B e l é n , donde nadie los recibe ni les ofrece h o s p i t a l i d a d , no obstante ir M a r í a como i b a , y tras a c u d i r al m e s ó n , donde tampoco hay sitio p a r a ellos, tienen que meterse en un establo, donde M a r í a da a l u z al Redentor, al R e y de los reyes, a q u i e n cuanto puede ofrecer como cuna es un pesebre. C o n m o v e d o r . De poder creer en ello, conmovedor realmente. C o n m o v e d o r , h u m i l d e , ejemplar, todo lo que se quiera, menos n a t u r a l y c r e í b l e . Pero sin este acto de supuesta modestia y s i n la subsiguiente y d o l o r o s í s i m a p a s i ó n , ¿ q u é hub i e r a sido de la o r a t o r i a sagrada, gancho i n c o m p a r a b l e p a r a las almas ignorantes y f á c i l m e n t e sentimentales e i n cluso p a r a el arte religioso cristiano, que gracias a t a n tiernas, conmovedoras y piadosas leyendas ha llenado con frecuencia de verdaderos horrores iglesias, catedrales y museos? T o t a l , que p a r a M a r c o s parece i n d u d a b l e que J e s ú s e r a de Nazaret, aldea a la que en todo su Evangelio considera como su p a t r i a chica, mientras que M a t e o y L u c a s le hacen
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nacer en B e l é n tan s ó l o porque u n a vez m á s se c u m p l a u n a p r o f e c í a . Es decir, p o r tener u n a base, que se s u p o n í a sólida, p a r a ir ajustando las piedrecitas de la gran m e n t i r a . U n o , a favor de escenas de novelita t r á g i c a (Herodes, la d e g o l l a c i ó n de los inocentes, la p r e c i p i t a d a h u i d a a E g i p t o ) , y otro, a favor de o t r a i d í l i c a ( á n g e l e s , pastorcitos, c á n t i c o s celestiales, etc., todo v e n t u r a y a l e g r í a ) , trabajan p o r l l e v a r a buen puerto nave, sin la v e l a de la fe, tan frágil e inconsistente. E n cuanto a l buen sentido, é s t e tiene que contentarse, si se decide a a d m i t i r que J e s ú s p a s ó por este M u n d o , no obstante los sesenta o setenta Evangelios que h a b l a n de E l , c o n suponer que n a c i ó e n G a l i l e a y . . . Y n a d a m á s . Pasemos a la discutida c u e s t i ó n de su c o n c e p c i ó n milagrosa. L a p r o p i a p a l a b r a Jesucristo ( J e s ú s y C r i s t o ) i n d i c a que a p r o p ó s i t o de este personaje hay dos cuestiones fundamentales: una, s e g ú n la c u a l hay que considerarle c o m o hombre, y otra, en v i r t u d de la c u a l los ganados p o r la fe ven al Dios (425). E s t a doble p e r s o n a l i d a d humano-divina forzosamente t e n í a que reflejarse en los Evangelios, hechos, en p r i m e r lugar, c o n el p r o p ó s i t o de oponerse a M a r c i ó n , que tan s ó l o c o m o D i o s l e consideraba, y , a d e m á s , p a r a plasm a r p o r escrito y dar cuerpo h a c i é n d o l o , a una leyenda que s i n saber c ó m o h a b í a nacido, leyenda que h a b l a d e u n hombre, hubiese existido o no, pues las leyendas lo m i s m o se f o r m a n partiendo de hechos reales que imaginados, de un h o m b r e — d e c í a — q u e resucitando luego de muerto, c o m o A t t i s , A d o n i s , O s i r i s y tantos otros, todos los dioses de las religiones de s a l v a c i ó n , tan en boga entonces, h a b í a probado sus inmediatos os c o n la a s i m i s m o supuesta D i v i n i d a d . A h o r a bien, como M a r c i ó n rechazaba de p l a n o al Jesus-hombre, la Iglesia, al oponerse a él, lo p r i m e r o que tuvo que hacer fue j u s t i f i c a r la a p a r i c i ó n en la T i e r r a de su hombre-Dios, es decir, su nacimiento, puesto que se negaba a a d m i t i r que h a b í a descendido del C i e l o , c o m o afirm a b a M a r c i ó n , adulto ya y c o n s ó l o a p a r i e n c i a h u m a n a . E s t e nacimiento, en todo semejante al de cualquier h o m b r e , p o r e x t r a ñ o y absurdo que parezca h o y (y siempre, p o r supuesto, a los no cegados por la fe), entonces, p o r fortuna
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p a r a la Iglesia, no era difícil hacerlo a d m i t i r , puesto que la ú l t i m a etapa d e l desarrollo religioso, p o r d e c i r l o a s í , h a b í a consistido en dos invenciones que se complementaban: las de las religiones a base de misterios y las llamadas de salv a c i ó n . C o n las p r i m e r a s se h a b í a n abierto horizontes insospechados y f r u c t í f e r o s p a r a sus inventores, a base de esperanzas a p r o p ó s i t o de u n a v i d a luego de é s t a . C o n las segundas, el M u n d o se h a b í a llenado de dioses que consint i e r o n , p o r a m o r a los hombres (la b o n d a d de la s e m i l l a no era p a r a menos), en encarnar tan s ó l o p a r a serles ú t i l e s . Dioses tales c o m o V i s h n ú e n l a I n d i a ( v é a s e m i t r a d u c c i ó n de El Ramayana), O s i r i s en E g i p t o , y en otros p a í s e s , A t t i s , A d o n i s , Zagreus, T a m u z , etc. Dioses todos o u n a g r a n parte, al menos, que h a b í a n sido t r a í d o s al M u n d o por vírgenes fecundadas p o r la D i v i n i d a d , c o n lo que la leyenda de las v í r g e n e s - m a d r e s s e h a b í a i n f i l t r a d o c o m o l a cosa m á s natur a l en las religiones de m o d a entonces (426). N a t u r a l m e n t e , esta l a b o r de hacer de un h o m b r e un Dios, o de un D i o s un hombre, t e n í a que dejar h u e l l a en los Evangelios, puesto que eran en r e a l i d a d dos ramas gemelas de un m i s m o tronco, de u n a m i s m a a s p i r a c i ó n y de una semejante f a n t a s í a , tanto m á s dadas las m ú l t i p l e s tendencias que alternaron en la f o r m a c i ó n de estos l i b r o s y las muchas manos que i n t e r v i n i e r o n en ellos. F i n a l m e n t e , estas tendencias quedaron reducidas a las dos fundamentales mencionadas: la relativa al hombre, al M e s í a s humano, que cuanto se h a b í a propuesto era l i b r a r a j s r a e l del yugo romano, tendencia é s t a p u r a m e n t e j u d í a , y l a relativa a l D i o s , a l M e s í a s d i v i n o , que indiferente a lo anterior, cuanto hizo (como t a m b i é n se puede observar en los Evangelios) fue p r e d i c a r el p r ó x i m o advenimiento del R e i n o de su P a d r e y sellar con su muerte el p l a n de r e d e n c i ó n de la H u m a n i dad. S i l a p r i m e r a era u n a tendencia puramente j u d í a , esta segunda, al r e v é s era la p r o p i a de los gentiles, p a r a quienes el p r o b l e m a j u d í o les era absolutamente indiferente, puesto que p a r a ellos R o m a no era el enemigo dado que estaban integrados e n e l I m p e r i o . E s decir, j u n t o a l H i j o d e Dios, que el p r o p i o Y a h v é reconoce y p r o c l a m a m u y satisfecho
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en la escena d e l bautismo (Marcos, I, 9-11; Mateo, I I I , 12-17; Lucas, I I I , 2-22; J u a n , I, 31-34) y en la de la t r a n s f i g u r a c i ó n (Marcos, I X , 1-12; Mateo, X V I I I , 1-5; Lucas, I X , 28-36), el H i j o de D a v i d , a f i r m a c i ó n que o í m o s p o r boca de B a r t i m e o , el ciego (Marcos, X, 47, 48), y en Mateo, cuando la c u r a c i ó n de los ciegos de J e r i c ó ( X I I , 23), a s í c o m o con m o t i v o de la e x p u l s i ó n de un demonio, cuando la mujer cananea (Marcos, X V , 22) y cuando los hosannas en el m o m e n t o de la e n t r a d a en J e r u s a l é n (Marcos, X I , 9, 10; Mateo, X X I , 8, 10; Lucas, X I X , 20-40; Juan, X I I , 12-14), etc. Pero no nos apartemos de lo que ahora nos interesa, que es la c u e s t i ó n del n a c i m i e n t o milagroso y c ó m o esta idea se fue f o r m a n d o poco a poco (427). L o s relatos a p r o p ó s i t o d e l nacimiento de J e s ú s , relatos c o n l o s que M a t e o y L u c a s i n i c i a n sus Evangelios, son tan importantes p a r a l a h i s t o r i a d e l a c r i s t o l o g í a c o m o nulos p a r a la de J e s ú s , puesto que sobre la g e n e r a c i ó n y nacimiento de los dioses la f a n t a s í a tiene siempre campo abierto, y cuanto m á s se trote por él mejor se avanza. Así, en este caso, las f a n t a s í a s de M a t e o y de L u c a s cuanto sirven, en lo que a las generaciones de J e s ú s afecta, es p a r a hacer que el que las lea, al verlas tan distintas y tan sin r e l a c i ó n alguna c o n el h i j o de M a r í a , puesto que las dos acaban en J o s é (que ambos Evangelios se esfuerzan al punto p o r hacer creer que este J o s é no es el padre de J e s ú s ) , p a r a hacer preguntarse al que l e a — d e c í a — p a r a q u é se h a b r á n tomado el trabajo de inventarlas. En cuanto a la i n t e r v e n c i ó n del E s p í r i t u Santo e n l o m á s í n t i m o d e las relaciones conyugales entre J o s é y M a r í a , p a r a que nos imaginemos, no tan s ó l o , l a idea que t e n í a n los que tal afirmaron d e l a m e n t a l i d a d de aquellos p a r a los cuales e s c r i b í a n , sino, y esto es lo i n teresante ahora, p a r a que podamos darnos u n a idea de c ó m o se fue formando esta leyenda. En efecto, gracias a estas afirmaciones de M a t e o y de L u c a s , podemos a f i r m a r nosotros: P r i m e r o , que la fabulita de la c o n c e p c i ó n i n m a c u l a d a era desconocida de P a b l o , a d e m á s de i n c o n c i l i a b l e c o n su c r i s t o l o g í a (428). Segundo, que M a r c i ó n t a m b i é n l a ignoraba. E s decir, que cuando
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fue redactado é s t e , el p r i m e r o de los Evangelios c a n ó n i c o s a ú n no se h a b í a inventado, pues de o t r o m o d o no se hubiera dejado en el tintero algo destinado a tener t a n t í s i m a i m p o r t a n c i a (429). Tercero, que fuera de estos dos Evangelios, que i n c l u s o dan hasta detalles encantadores a p r o p ó sito de cosa tan d i f í c i l m e n t e c r e í b l e (a menos de atrancar previamente los ojos de la r a z ó n ) , no hay en todos cuantos textos c o m p o n e n el Nuevo Testamento a l u s i ó n alguna a ella, fuera de las que hace el Evangelio l l a m a d o de la infancia, que, c o m o sabemos, y en esto la p r o p i a Iglesia e s t á c o n nosotros, es el m á s disparatado, f a n t á s t i c o y embustero de todos los Evangelios considerados c o m o a p ó c r i f o s . C u a r t o , que en el p r o p i o Evangelio de Lucas hay un pasaje que contradice c l a r a , abierta y netamente la i m p u t a c i ó n de la pat e r n i d a d de J e s ú s al E s p í r i t u Santo (430). Y quinto, que Juan tampoco ite lo de la e n c a r n a c i ó n por o b r a del E s p í r i t u Santo, como lo prueba el hecho de que en cuanto la o c a s i ó n se le ofrece a f i r m a que J e s ú s es «hijo de J o s é de N a z a r e t » , c o m o se ve en I, 45, y V I , 42. En V I I , 3, 5, le vemos incluso d i s c u t i r c o n sus hermanos, que, c o m o todos en G a l i l e a , « n o c r e í a n en E l » . Es decir, que s e g ú n Juan (I, 13), quien h a b í a engendrado a J e s ú s era el Logos coe t á n e o con Dios. E n c a r n a c i ó n que se h a b í a realizado cuando su b a u t i s m o p o r manos de J u a n . O sea, c o m o asegura é s t e en I, 32: «Yo he visto al E s p í r i t u descender del C i e l o c o m o p a l o m a y posarse sobre El.» Luego p a r a Juan, J e s ú s no e r a h u m a n o sino p o r p u r o accidente, p o r o b r a de la necesidad, p a r a poder c u m p l i r s u papel d e redentor. P o r l o d e m á s , c o m o leemos en I, 13: « Ñ o p o r la sangre, ni de la v o l u n t a d carnal, ni de la voluntad de v a r ó n . » Así se explica que no c r e y é n d o l e ligado a nada h u m a n o haga d e c i r a J e s ú s a su madre en I I , 4: «¿Qué tengo yo contigo, m u j e r ? » O sea, que l a e n c a r n a c i ó n del V e r b o e n J e s ú s n o supone p a r a Juan, en m o d o alguno, que el hombre Jesús haya escapado a las leyes humanas de la g e n e r a c i ó n . S e g ú n Juan, lo o c u r r i do fue lo indicado: Que el V e r b o d e s c e n d i ó y e n t r ó en El c o n m o t i v o del b a u t i s m o . P o r consiguiente, e s t á de acuerdo
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c o n M a r c i ó n que tampoco c o n o c í a l a c o n c e p c i ó n p o r o b r a del E s p í r i t u Santo, c o m o aseguran M a r c o s y L u c a s . T o d o s i n contar que tanto M a t e o c o m o L u c a s rechazan lo de la perpetua v i r g i n i d a d de M a r í a , p a r a p r o b a r la c u a l tantas cosas fue preciso inventar a p r o p ó s i t o de J o s é . P o r ejemplo, diciendo Mateo, r e f i r i é n d o s e a sus relaciones conyugales (I, 25), que: « N o la c o n o c i ó hasta que p a r i ó a su hijo p r i m o g é n i t o . » Y Lucas (II, 7): «Y p a r i ó a su h i j o p r i m o g é n i t o . » L o que prueba que tras E l v i n i e r o n los d e m á s , de los cuales incluso dan los nombres. E n f i n , e l p r i m e r documento h i s t ó r i c o e n que s e h a b l a de la v i r g i n i d a d de M a r í a es la Epístola a los Efesios de Ignacio. E s decir, pasada y a l a p r i m e r a m i t a d del siglo TI. En esta Epístola se lee (Ouvrages des saints Peres qui ont vecu au temps des apotres, p á g . 423): « E l P r í n c i p e del M u n d o ( S a t a n á s ) n o h a conocido l a v i r g i n i d a d d e M a r í a , s u parto y la muerte del S e ñ o r , tres misterios que fueron c u m p l i d o s en el silencio de la s a b i d u r í a divina.» Porque c o r r í a t a m b i é n ya la leyenda relativa a que el D i a b l o h a b í a i n d u c i d o a los j u d í o s a que crucificasen a J e s ú s , ignorando que con su muerte r e d i m í a a los hombres, pues de haberlo sabido no lo h u b i e r a hecho ( ¡ c u á n t o desocupado ha empleado sus ocios en inventar m a j a d e r í a s , y c u á n t o majadero se ha comp l a c i d o en l l e n a r de ellos su desocupado caletre!). A q u e l pobre D i a b l o ignorante y tonto, imagen v i v a , b i e n que fant á s t i c a , de los que c r e í a n en E l , pero tan tonto, si le juzgamos por los Evangelios, c o m o p a r a pretender que p o d í a tentar a l p r o p i o J e s ú s e n e l desierto. N i comentar ciertas cosas vale la pena. O se cree o se vuelve la espalda. P o r otra parte, las contradicciones de los Evangelios llenan muchas veces de dudas. Así c o m o sus afirmaciones a p r o p ó s i t o de J e s ú s dan con frecuencia la i m p r e s i ó n de ser no trazos posibles de una b i o g r a f í a , s i n o m á s bien simples brotes de fe, o resultados de é s t a p a r a la que nada, t r a t á n d o s e de su í d o l o , es bastante ni imposible, pero que, c o m o es natural, mueven a duda a los que no p a r t i c i p a n de ella. Sobre todo al advertir—como d e c í a — l a s contradicciones entre los relatos e v a n g é l i c o s a p r o p ó s i t o de las m i s m a s
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cuestiones. P o r o t r a parte, a d e m á s de la fe, que cerrando los ojos ante cuanto hay a veces de m á s razonable todo lo i t e e incluso da como e x p l i c a c i ó n el s i m p l e hecho de aceptarlos, e s t á n las preocupaciones c a t e q u é t i c a s y cultuales, de que tan llenos e s t á n los Evangelios, precisamente p o r ser libros destinados, c o m o lo fueron en un p r i n c i p i o , no a c o n s t i t u i r u n a b i o g r a f í a de J e s ú s , en el verdadero sentido de la palabra, pues p a r a e l l o c a r e c í a n de datos que, a falta de u n a t r a d i c i ó n suficiente, h u b o que ir supliendo c o n la f a n t a s í a de los redactores (el progreso de é s t a de M a r c o s a M a t e o , y de é s t e a L u c a s , lo evidencia), preocupaciones que hacen sospechar que con frecuencia, con t a l de j u s t i f i car un rito, no d u d a r o n los que e s c r i b í a n los Evangelios en inventar cuanto c r e í a n necesario. Y son precisamente las contradicciones en que i n c u r r e n lo que hace sospechar de su tan piadoso c o m o evidente fraude. U n o d e estos meditados e n g a ñ o s , ¿ n o s e r á e l inventado h a b l a n d o d e l o entre J u a n el B a u t i s t a y J e s ú s , o destinado a j u s t i f i c a r y dar valor, ya que no original i d a d , puesto que era practicado p o r otras doctrinas y sectas, v a l o r y a u t o r i d a d al sacramento mediante el c u a l se entra en la r e l i g i ó n c r i s t i a n a , el bautismo? C l a r o que desp u é s de saber que Pablo V I , el gran papa turista, se detuvo y o r ó , cuando su viaje a T i e r r a Santa, en el lugar exacto en que J e s ú s fue bautizado, parece difícil sospechar que t a l hecho j a m á s ocurriese. N o obstante, h e a q u í m i duda, l a c u a l , p o r supuesto, comparto con otros, entre ellos el que fue mi maestro y amigo, Guignebert, p a r a quien «es tan s ó l o probable que J e s ú s fuese al b a u t i s m o de J u a n » . Y ello porque no era posible, pensarlo s e r í a sacrilego, ni que J e s ú s tuviese que someterse al b a u t i s m o d e l r u d o anacoreta c o m o todos cuantos i b a n a é l , es decir, p r o b a n d o al hacerlo que se a r r e p e n t í a n de sus faltas y c o n objeto de estar b i e n preparados p a r a cuando llegase el G r a n D í a , ni pensar tampoco que ello supusiese que J e s ú s se consideraba inferior al B a u tista p o r el hecho de aceptar de sus manos una ceremonia de p u r i f i c a c i ó n que, evidentemente, no necesitaba. Y teniendo todo ello en cuenta y no p u d i é n d o l o a d m i t i r , fue
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p o r lo que p r e v a l e c i ó la idea de que si J e s ú s a c u d i ó junto a J u a n y se d e j ó b a u t i z a r p o r él, fue simplemente p o r santif i c a r e l agua y darle virtudes s a c r a m e n t á i s . E n u n a palab r a , p a r a i n s t i t u i r tan i m p o r t a n t e sacramento, gracias a l c u a l se entra en el r e d i l cristiano, c u y a p u e r t a abre la Iglesia generosamente, pues lo poco que exige c o m o remunerac i ó n no llega ni a c é n t i m o por gota de la b e n e f i c i o s í s i m a agua tres veces bendita (en n o m b r e d e l Padre, d e l H i j o y del E s p í r i t u Santo), si se considera el p r ó d i g o c h o r r o que a c a m b i o de molestar y hacer l l o r a r al n e ó f i t o , le deja l i m p i o de lo que le pueda quedar de la t e r r i b l e m a n c h a del pecado o r i g i n a l . O t r a parece i m p o s i b l e que en tan breves d í a s d e existencia puramente a n i m a l haya c o n t r a í d o . Pero he a q u í lo relativo a la mencionada d u d a sobre esta c u e s t i ó n . En Juan (I, 31) o í m o s al B a u t i s t a asegurar que no conocía a Jesús. J u a n el B a u t i s t a era « u n h o m b r e de b i e n » . Lo sabemos p o r F l a v i o Josefo, que a ñ a d e , h a b l a n d o de é l : « Q u e excitaba a los j u d í o s a p r a c t i c a r la v i r t u d , a ser justos los unos h a c i a los otros y piadosos p a r a c o n D i o s » . Que « p r e d i c a b a e l bautismo d e penitencia p a r a l a r e m i s i ó n d e los p e c a d o s » , esto lo sabemos p o r Marcos (I, 4, 5). Y asimism o « q u e a c u d í a n a é l d e toda l a r e g i ó n d e Judea, m á s todos los moradores de J e r u s a l é n , y se h a c í a n b a u t i z a r p o r él en e l r í o J o r d á n » . Les d e c í a t a m b i é n : « A r r e p e n t i o s porque e l R e i n o de D i o s e s t á c e r c a » (esto lo sabemos p o r Mateo, I I I , 2). En cuanto a Lucas, m u c h o mejor enterado, é s t e nos ens e ñ a que d e c í a , entre otras cosas, «a las m u c h e d u m b r e s que v e n í a n a ser bautizadas por él»: «¡Raza de v í b o r a s ! ¿ Q u i é n os ha e n s e ñ a d o a h u i r de la i r a que llega?» Luego cosas m á s dulces, tales c o m o : « H a c e d dignos frutos de p e n i t e n c i a . » « E l que tiene dos t ú n i c a s d é u n a a l que n o tiene.» « N o e x i j á i s nada fuera de lo que e s t á t a s a d o . » « N o h a g á i s e x t o r s i ó n a nadie ni d e n u n c i é i s falsamente, y contentaos con vuestra s o l d a d a . » Pues bien, h o m b r e tan probo y j u s t o y que, a d e m á s , sab í a , pues l o leemos asimismo, que D i o s p o d í a sacar j u d í o s de las piedras, ¿ h u b i e r a sido capaz de m e n t i r ? D i g a m o s , ¡no!, sin t e m o r a equivocarnos. Luego cuando aseguraba
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que no c o n o c í a a J e s ú s , y lo dice no solamente una, sino
dos veces (en Juan, I, 31, y en I, 33), es que n o le c o n o c í a . Que no le h a b í a v i s t o nunca. Que no t e n í a n o t i c i a de él sino p o r i n s p i r a c i ó n d i v i n a . Pues bien, si esto es a s í , y dudar de e l l o s e r í a dudar torpemente y s i n r a z ó n alguna de los dos Juanes m á s grandes de la c r i s t i a n d a d , el anacoreta y el a p ó s t o l , ¿ p o r q u é L u c a s dice todo l o contrario? ¿ P o r q u é , n o obstante asegurar a l empezar a e s c r i b i r e l Evangelio que se le a t r i b u y e « h a b e r s e i n f o r m a d o e x a c t a m e n t e » , se atreve a desmentirlos a f i r m a n d o que a d e m á s de ser el B a u t i s t a p r i m o de J e s ú s , le c o n o c í a ¡ i n c l u s o antes de nacer!? ¿ Q u e c ó m o e s posible esto? Pues mediante u n m i l a g r o m á s , c o m o d e m o s t r a r é resumiendo en pocas palabras l o que Lucas cuenta c o n prolijos y encantadores detalles en I, v e r s í c u l o s d e l 5 a l 56. Z a c a r í a s , v i r t u o s o sacerdote j u d í o , estando ofreciendo i n cienso a Y a h v é , fue visitado por el á n g e l G a b r i e l , el cual le a n u n c i ó que su mujer, Isabel, no obstante ser « e s t é r i l y c o m o él m u y avanzada en e d a d » (él es Z a c a r í a s , no el á n g e l ; é s t o s , p o r l o visto, n o tienen n i edad n i sexo), t e n d r í a un h i j o « d e cuyo n a c i m i e n t o todos se a l e g r a r í a n » . (Menos las langostas de t i e r r a y las d u l c í s i m a s abejas, pues, c o m o h a b r á c o m p r e n d i d o e l lector, este h i j o s e r í a e l m á s tarde anacoreta, g r a n devorador de saltamontes y panales de miel.) Seis meses d e s p u é s , el m i s m o á n g e l , verdadero Hermes del nuevo Cielo, anunciaba a s i m i s m o a M a r í a que p o r o b r a del E s p í r i t u Santo s e r í a m a d r e del Redentor. M a r í a inmediatamente, no obstante ser u n a n i ñ a y estar p r o m e t i d a a J o s é , s i n contar c o n nadie, al menos L u c a s parece i n d i carlo a s í , deja N a z a r e t y corre en busca de su anciana p r i m a Isabel, m u j e r de Z a c a r í a s , el c u a l , en u n a noche de inesperado vigor, h a b í a hecho c o n ella, b i e n que de un m o d o nat u r a l , l o que e l E s p í r i t u Santo c o n M a r í a , é s t e d e m o d o m i l a g r o s o : dejarla encinta. E l rejuvenecido m a t r i m o n i o v i v í a e n u n a c i u d a d que e l Evangelio n o cita, t a n s ó l o que estaba situada e n p a í s m o n t a ñ o s o , p o r l o que los comentaristas h a n pensado que E b r ó n , c i u d a d sacerdotal, situada en la parte m e r i d i o n a l de Palestina. M a r í a llega, entra, sa-
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luda, y nada m á s empezar a hacerlo « e x u l t ó el n i ñ o en su s e n o » . El n i ñ o de Isabel, el futuro bautizador. Y he a q u í i p o r q u é he dicho que é s t e h a b í a conocido a su p r i m o antes de v e n i r al M u n d o . A q u e l exulto p r i m e r o fue y a , s i n duda, todo conocimiento y e m o c i ó n . P o r o t r a parte, ¿ c ó m o siendo p r i m o s y los dos predestinados p o r el C i e l o a grandes empresas de v i r t u d , a d e m á s de v i v i r tan p r ó x i m o s , dejar í a n de verse muchas veces, s i q u i e r a coincidiendo en Jerus a l é n c o n m o t i v o de alguna de las grandes fiestas religiosas? Porque aunque en la n a r r a c i ó n de L u c a s se leen cosas m u y raras (en esto m i s m o que nos ocupa sorprende no tan s ó l o que una n i ñ a , M a r í a , emprenda sola u n viaje, sino que tras permanecer tres meses con Isabel, la abandone precisamente cuando é s t a e s t á a punto de dar a luz), p o r ejemplo, que, c o m o h e dicho, a l llegar J e s ú s a l J o r d á n p a r a que J u a n le bautice, é s t e , sobre no sorprenderle su v i s i t a , se niega a hacerlo (como leemos en Mateo, X I , 13), diciendo: «Yo soy quien debe ser por ti bautizado, ¿y tú vienes a m í ? » Y ¿ p o d r í a decir esto si no supiera perfectamente q u i é n era J e s ú s p o r haberle dicho s u M a d r e c ó m o s u p r i m o h a b í a venido al M u n d o y, en f i n , cuanto de sorprendente, grande y d i v i n o h a b í a en E l , es decir, si no le conociese perfectamente? (431). T o t a l , que s e g ú n unos Evangelios, se conocen, y s e g ú n otros, no. ¿A q u i é n dar c r é d i t o ? ¿ C ó m o no llenarse de dudas ante estas contradicciones? ¿Y c ó m o e x p l i c á r s e l a s , sobre todo t r a t á n d o s e de l i b r o s « r e v e l a d o s » ? Porque, c o m o vamos viendo, no es c u e s t i ó n de un caso ni de dos, sino de varios, de muchos, en los que ni los propios s i n ó p t i c o s e s t á n de acuerdo. Y a veces sobre cuestiones de la m a y o r i m p o r t a n c i a . E n esto m i s m o relativo a l a g e n e r a c i ó n d e J e s ú s p o r o b r a d i v i n a , ¿ c ó m o es posible que t r a t á n d o s e de algo de todo punto extraordinario ( a m é n de imposible), que de haber o c u r r i d o , M a r í a hubiese ocultado a sus d e m á s hijos q u i é n era e l p r i m e r o , sobre que, a u n s i n d e c í r s e l o , u n n i ñ o que ya, de n i ñ o , h a b í a m a r a v i l l a d o a los doctores del T e m p l o , p o d í a dejar de manifestar, a m e d i d a que crec í a , que era d i s t i n t o e infinitamente s u p e r i o r a cuanto le
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rodeaba? Y siendo a s í , ¿ c ó m o sorprenderse de que un d í a se lanzase a anunciar p ú b l i c a m e n e el advenimiento del R e i no de su P a d r e e incluso creerle perturbado p o r hacerlo? Porque, ¿ n o vemos asegurar t a l cosa a los evangelistas y leemos exactamente en Marcos ( I I I , 21) que trataron de l l e v á r s e l e de nuevo a su casa, « p u e s d e c í a n : E s t á fuera de sí». ¿ Q u é pensar a s i m i s m o del p r o p i o J e s ú s cuando le vem o s al instante renegar de los suyos? ¿ T i e n e t o d o ello lógica de no tratarse de u n a p u r a leyenda? En el p r o p i o Evangelio a t r i b u i d o a Juan, en que, como hemos visto, el B a u t i s t a asegura dos veces que no c o n o c í a a J e s ú s , ¿ c ó m o la v í s p e r a de que llegue j u n t o a él dice a dos fariseos: « E n medio de vosotros e s t á uno a quien vosotros no c o n o c é i s , que viene en pos de m í , a q u i e n no soy digno de desatar las s a n d a l i a s ? » , y al d í a siguiente n a d a m á s ver a J e s ú s exclama: « H e a q u í al cordero de Dios, que q u i t a los pecados del M u n d o . » D e s p u é s de esto y de cuanto o í m o s al terrible anacoreta o p i n a r y decir a p r o p ó s i t o de J e s ú s , s u p r i m o , s e g ú n L u c a s , ¿ q u é pensar cuando leemos en Mateo ( X I , 1 y sígs.), y en el p r o p i o Lucas, lo de la agitac i ó n de J u a n en el vientre de su madre, al entrar M a r í a en su casa?, ¿ q u é pensar cuando leemos ( V I I , 18-23) que é s t e , « h a b i e n d o o í d o en la c á r c e l las obras de C r i s t o , e n v i ó a sus d i s c í p u l o s a decirle, ¿ e r e s tú el que viene o hemos de esperar a o t r o » ? Es decir, c o m o si se tratase de alguien de q u i e n hubiera o í d o h a b l a r p o r p r i m e r a vez (432). No menos dudas que las que se presentan a p r o p ó s i t o d e l n o m b r e , lugar y fecha del n a c i m i e n t o de J e s ú s , hay en lo que afecta a los a ñ o s que pudo v i v i r ( s i es que en r e a l i d a d cuanto se dice de El es algo m á s que un p u r o m i t o ) , al momento de su v i d a en que e m p e z ó a p r e d i c a r y al tiempo que d u r ó esta p r e d i c a c i ó n . Si los evangelistas hubiesen tratado, mediante sus escritos, de hacer la h i s t o r i a de J e s ú s , n i n g u n a de estas dudas e x i s t i r í a n , pues forzosamente sobre cosas t a n esenciales, cuando menos, hubiesen estado de acuerdo. Pero como, evidentemente, cuanto se p r o p u s i e r o n los p r i m e r o s redactores de estos l i b r o s fue demostrar o intentarlo, al menos, que
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J e s ú s era no el M e s í a s que esperaban los j u d í o s , que i b a a llegar espada en mano p a r a colocarles a la cabeza de los d e m á s pueblos, sino otro superior enviado p o r Dios p a r a r e d i m i r a los hombres; consecuentes con este p r o p ó s i t o , se o c u p a r o n m u c h o menos del hombre ( J e s ú s ) que del Dios (Cristo). Que obrasen a s í se explica teniendo en cuenta: p r i m e r o , su fe, la c u a l b a s t ó no s ó l o p a r a que no dudasen de que J e s ú s h a b í a existido, sino de su segunda faceta, la d i v i n a , que era la que verdaderamente interesaba a la Iglesia que se i b a levantando a la s o m b r a del hombre-Dios. Seguridad, p o r o t r a parte, que les a y u d ó a c o m p l e t a r los escasos datos de u n a t r a d i c i ó n o r a l fragmentaria y poco precisa, con nuevas aportaciones relativas a hechos (milagros) y palabras ( p a r á b o l a s ) , que acabaron por f o r m a r los Evangelios. Hechos y palabras en lo que M a r c o s , el p r i m e r o , luego de M a r c i ó n , en dar f o r m a escrita a todo lo ideado, es m u c h o menos rico que M a t e o y L u c a s . S i n decir n a d a de Juan, t a n distinto, c o m o sabemos, tanto de fondo c o m o de f o r m a , de los s i n ó p t i c o s . H a b í a , a d e m á s , otra r a z ó n p a r a que n o obrasen c o m o historiadores, sino, en cierto modo, c o m o t e ó l o g o s . Y r a z ó n no despreciable y a la que ya me he referido en alguna otra o c a s i ó n . A saber, la ley del menor esfuerzo. C o m o en real i d a d cuanto se s a b í a sobre J e s ú s era poco m á s o menos lo siguiente, que hubo que aceptar c o m o base al oponerse a M a r c i ó n : Que n a c i ó en una h u m i l d e f a m i l i a de artesanos; que su padre se l l a m a b a J o s é y su madre M a r í a ; que tuvo cuatro hermanos y varias hermanas, y que en un m o m e n t o dado se l a n z ó a la v i d a m e s i á n i c a , con tan m a l a fortuna que consideradas sus afirmaciones blasfematorias y h e r é t i c a s por los que s o s t e n í a n la teocracia de J e r u s a l é n , p a g ó su audacia c o n la v i d a . P a r a completar tan escasos elementos y s i n perjuicio de entrar a saco en lo dicho p o r M a r c i ó n , se a c u d i ó a lo fácil: completar la vida c o n nuevos milagros, y la obra dando nueva f o r m a a lo mejor del tesoro de la m o r a l antigua, lo que se r e a l i z ó mediante las mejores p a r á bolas m á s las afirmaciones de Mateo en sus c a p í t u l o s V ,
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VI y V I I . O sea—como dice Bousset—, escribiendo u n a serie de a n é c d o t a s que fueron puestas unas a c o n t i n u a c i ó n de otras, en las cuales, las relativas a las supuestas andanzas de J e s ú s t e n í a n un i n t e r é s m í n i m o y sí mucho, p o r el cont r a r i o , las palabras que se le a t r i b u í a n , y m á s a ú n sus m i l a gros. T o d o lo c u a l fue encuadrado a p a r t i r de Mateo en dos de é s t o s fenomenales: el de su nacimiento extrahumano y el de su r e s u r r e c c i ó n ; m i l a g r o s que p o r sí solos garantizaban, si se c o n s e g u í a que fuesen c r e í d o s , lo que se q u e r í a obtener: Su c o n d i c i ó n de hombre-Dios ( J e s ú s - C r i s t o ) y su papel de Salvador. F u n d a n d o , al hacerlo, que era lo que, en definitiva, se p r e t e n d í a , u n a nueva r e l i g i ó n de s a l v a c i ó n , h e r m a n a de las que ya c o r r í a n p o r el I m p e r i o , pero super i o r a ellas p o r cuanto el D i o s encargado del papel p r i n c i p a l , lejos de tener un origen remoto y, p o r consiguiente, u n a r e a l i d a d en cierto m o d o dudosa y en todo caso imposible de probar, gran parte de estas terribles dificultades p a r e c í a n desaparecer t r a t á n d o s e de un ser que acababa de pasar por e l M u n d o . Pero, c l a r o , lo que p a r a entonces era empresa elemental, p o r decirlo a s í , a saber, hacer creer f á b u l a s y mitos, y tanto m á s f á c i l m e n t e cuanto m á s s e las rebozaba e n l a siempre, p a r a la ignorancia, agradable h a r i n a y m i e l de imposibles y milagros, con el tiempo s e r í a el g r a n m o t i v o p a r a dudas y negaciones. Es decir, que si entonces no fue difícil hacer que la figura del hombres fuese eclipsada p o r la del D i o s , y a causa de ello hacer o l v i d a r en gran parte a a q u é l , a exc e p c i ó n d e l momento c u m b r e de su pretendida pasión, hoy, p a r a l a c r í t i c a racionalista ocurre todo l o c o n t r a r i o , pues é s t a en lo ú n i c o que se interesa es p o r saber, si ello es posible, algo del hombre, si h o m b r e hubo, con objeto de estudiar, h i s t ó r i c a m e n t e t a m b i é n , el origen y desarrollo, o r a del hecho h i s t ó r i c o , s i a s i m i s m o h u b o tal hecho h i s t ó rico, o r a del m i t o . Es decir, que el p r o b l e m a o c u e s t i ó n p a r a la c r í t i c a m o d e r n a es el siguiente: Desechado el D i o s y todo lo m i l a g r o s o e incluso no encontrando en las l l a m a das e n s e ñ a n z a s de J e s ú s nada que antes no hubiese sido ya dicho (433), cuanto se ha pretendido estudiando los Evan-
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gelios, ú n i c o s textos que hablan de J e s ú s , h a sido y sigue siendo ver si mediante ellos se puede conjeturar no tan s ó l o que e x i s t i ó , sino, aceptado esto, la parte, p o r leve que fuese, que pudo t o m a r en la f o r m a c i ó n de la Iglesia, que se proc l a m a heredera de su d o c t r i n a y que, en todo caso, se sirve de El c o m o de incomparable espejuelo p a r a atraer a las alondras tras empaparlas en fe. Y en ello estamos nosotros t a m b i é n ahora p r e g u n t á n d o n o s : ¿ C u á n d o , e n q u é m o m e n t o de su v i d a se asegura que e m p e z ó J e s ú s su labor m e s i á n i c a y cuánto duró ésta? N a d a m á s vago que las indicaciones de los Evangelios a p r o p ó s i t o del tiempo que atribuyen a la v i d a p ú b l i c a de J e s ú s . Y a d e m á s de vago, diferente y difícil de a r m o n i z a r . C o m o dice G o g u e l : « E l p r o b l e m a d e l cuadro de la h i s t o r i a e v a n g é l i c a es m á s c o m p l e j o de lo que p a r e c í a antes, puesto que ahora ha quedado establecido que los planes de los cuatro Evangelios, tanto el de los s i n ó p t i c o s como el de Juan, son creaciones artificiales (434) destinadas a agrupar en conjunto coherente tradiciones que en un p r i n c i p i o ten í a n existencias i n d e p e n d i e n t e s . » Y a ñ a d e que lo m i s m o que los s i n ó p t i c o s , «el cuarto Evangelio es u n a c o l e c c i ó n de trozos, cada u n o de los cuales se basta c a s i a sí m i s m o , y que el autor ha yuxtapuesto sin preocuparse del cuadro de conjunto que de ello r e s u l t a r í a » . S e g ú n los s i n ó p t i c o s , todo lo m á s que se puede suponer que d u r ó la v i d a p ú b l i c a de J e s ú s fue un a ñ o . S e g ú n el cuarto Evangelio, en cambio, puede llegar a tres a ñ o s o tres y m e d i o . L o s Padres de la Iglesia y la m a y o r parte de los autores h e r é t i c o s (435) se u n í a n a los s i n ó p t i c o s en esto. Y a ú n es plazo m u y largo el de un a ñ o , pues un examen m i n u c i o s o de los textos induce a reducirle a la m i t a d o a menos. Así, la m a y o r parte de los c r í t i c o s modernos estiman que, en efecto, el c á l c u l o de un a ñ o es ya m u y generoso si se juzga p o r las narraciones de M a r c o s , M a t e o y L u c a s . M i e n t r a s que la Iglesia, i n c l i n á n dose del lado de J u a n p a r a evitar que parezca i m p o s i b l e , aun p a r a los que c o n m á s confianza s e b a ñ a n e n e l c ó m o d o charco de la fe, que en tan breve tiempo p u d i e r a originarse acontecimiento que se p i n t a tan grande, ha hecho que los
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escritores ortodoxos se hayan t o m a d o tan grande c o m o i n ú t i l trabajo p o r inclinarse en favor de los tres a ñ o s . En realidad, la c u e s t i ó n en sí tiene poca i m p o r t a n c i a , pues hab i e n d o tantas probabilidades de que todo cuanto afecta a tan s i m p á t i c a figura no pase de u n a completa leyenda, ¿ q u é i m p o r t a n c i a puede tener este detalle, sobre el que tampoco, c o m o se ve, hay m e d i o de poner de acuerdo a los evangelistas? Si me he detenido un instante a p r o p ó s i t o de él ha sido p o r poner de manifiesto u n a vez m á s las sorprendentes discrepancias que hay entre estos libros, no obstante ser todos revelados. En cuanto a la d u r a c i ó n de la v i d a entera de J e s ú s , tampoco hay medio de poner de acuerdo a los redactores de sus aventuras. Así c o m o a los Padres de la Iglesia, puesto que p a r a o p i n a r y escribir, aparte de su fe, no t e n í a n otros elementos que tradiciones s i n fundamento verdadero alguno. Así, en esto unos se ponen de parte de los s i n ó p t i c o s , que suponen que J e s ú s t e n í a treinta a ñ o s cuando se l a n z ó a su labor m e s i á n i c a y que, p o r consiguiente, vivió, estimando en doce meses esta labor, treinta y uno, y otros, en cambio, entre ellos y el p r i m e r o Ireneo, que a p o y á n d o s e en la t r a d i c i ó n relativa a los p r e s b í t e r o s (presbiteroi, antiguos), que s e g ú n Papias d e c í a n haber conocido a J e s ú s (436), creen que é s t e no h a b í a m u e r t o a los treinta a ñ o s o poco m á s (437), sino a los cincuenta, c o m o se lee en J u a n . ¿ P o r q u é la Iglesia, que acepta los tres a ñ o s de p r e d i c a c i ó n itidos p o r é s t e , rechaza, en cambio, su p e r í o d o de vida? S i , como vemos, no obstante acudir a las fuentes, es dec i r , a los l i b r o s dedicados a h a b l a r de J e s ú s y escritos p a r a servir de base a todo lo relacionado con E l , no hay m e d i o de saber el d í a , ni siquiera el a ñ o en que n a c i ó , d ó n d e , c u á n to d u r ó su v i d a p ú b l i c a , ni incluso su v i d a toda, es m á s , ni tan siquiera c u á l era en r e a l i d a d el objeto que se propuso con su labor m i s i o n e r a y su sacrificio, pues, sobre todo si se considera esta c u e s t i ó n en los s i n ó p t i c o s , lo m i s m o se puede opinar que tan s ó l o p r e t e n d í a r e d i m i r a su pueblo, Israel, del yugo r o m a n o (438), c o m o r e d i m i r a la H u m a n i d a d entera (439); si nada de todo esto se sabe con certeza, vea-
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mos, cuando menos, si somos m á s afortunados en lo que afecta a la fecha de su muerte, hecho que constituye p a r a los representantes de la escuela h i s t ó r i c a lo ú n i c o que i t e n c o m o posible de cuanto refieren los Evangelios. E n efecto, Guignebert, por ejemplo, cuya a u t o r i d a d e n todo lo relativo a la h i s t o r i a d e l C r i s t i a n i s m o (de la que, c o m o se sabe, era profesor en la Sorbona) no ha sido super a d a hasta ahora (su m a g i s t r a l l i b r o Jesús es un verdadero m o n u m e n t o no s ó l o de e r u d i c i ó n , sino de sensatez, de i m p a r c i a l i d a d y de buen sentido), no aceptaba c o m o posible, es decir, c o m o real, c o m o q u i z á h i s t ó r i c o , de cuanto afirm a n los Evangelios acerca de J e s ú s , sino el hecho de su muerte. El hecho en sí, desligado de todas las f a n t a s í a s acumuladas en t o r n o a El p o r la fe y en i n t e r é s , pues nada tanto c o m o esta muerte, h á b i l m e n t e dramatizada, y el d o l o r de su m a d r e ( 4 4 0 ) ha sido explotado como temas de predic a c i ó n e i n c l u s o de i n s p i r a c i ó n a r t í s t i c a . Y otro tanto hay que decir de L o i s y , gran maestro t a m b i é n , sacerdote, heb r a í s t a , un gigante en esta clase de conocimientos y de u n a honradez de pensamiento n u n c a suficientemente alabada, que a p r o p ó s i t o de esto e s c r i b í a : « N a d a en los Evangelios tiene consistencia de hecho, a no ser la c r u c i f i x i ó n de J e s ú s p o r sentencia de P o n c i o P i l a t o a causa de a g i t a c i ó n m e s i á n i c a » (La pasión de Marduk, « R e v i s t a de H i s t o r i a y de Liter a t u r a R e l i g i o s a » , p á g s . 297-8). Y en Les Evangiles synoptique ( I , p á g . 212): «Si J e s ú s no ha s i d o condenado a muerte como rey de los j u d í o s , es decir, c o m o M e s í a s , p o r confes i ó n p r o p i a , se puede sostener f o r m a l m e n t e que no ha existido.» Un a ñ o d e s p u é s , en Jésus et la tradition evangelique, a ñ a d í a : «Si este hecho p u d i e r a ser puesto en duda no h a b r í a m o t i v o p a r a a f i r m a r l a existencia d e J e s ú s . » C o m o se ve, estas afirmaciones son doblemente interesantes. P r i m e r o , porque estos hombres tan s a ü i o s en lo que nos ocupa, tan l i b r e s de intereses bastardos ( L o i s y particularmente, abate, profesor durante muchos a ñ o s en centros cat ó l i c o s y expulsado de ellos cuando e m p e z ó a e s c r i b i r honr a d a y libremente, ¡ q u é no h u b i e r a o b t e n i d o c o n s ó l o retractarse!) y t a n sensatos, s ó l o la creencia en la m u e r t e de
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J e s ú s , es decir, un pelo, c o m o se observa en las l í n e a s que acabo de c i t a r de este ú l t i m o , les separaba de los negadores. Segundo, porque a d m i t i e n d o que p u d i e r a haber habido un personaje que correspondiese a este nombre, no v e í a n e n E l sino u n exaltado m á s , que empujado p o r u n desdichado e x t r a v í o m e s i á n i c o p e n s ó que c o n la ayuda del Cielo pod í a llegar a l i b r a r a Israel del yugo r o m a n o y fundar, hac i é n d o l o , un E s t a d o grande e independiente, del que s e r í a soberano, realizando al m i s m o tiempo, al hacerlo, el adven i m i e n t o d e l R e i n o de Dios, puesto que Y a h v é era de siemp r e el Dios de los j u d í o s e Israel su pueblo. Pero ¿ e n q u é fecha, que es lo que a h o r a nos interesa, o c u r r i ó o p u d o o c u r r i r la muerte de J e s ú s ? Oigamos a o t r o maestro digno t a m b i é n d e ser escuchado, a d e m á s , c o m o y a he d i c h o varias veces, no s ó l o p a r t i d a r i o de la existencia de J e s ú s , sino de su d i v i n i d a d , M a u r i c i o Goguel: «La fecha de la muerte de J e s ú s no ha sido objeto de opiniones menos divergentes que la de su nacimiento, tanto entre los autores antiguos c o m o entre los c r í t i c o s m o d e r n o s . » E n efecto, é s tos, entre el a ñ o 21, que dedujo E i s l e r , y el 35, de K l e i m , h a n sido propuestos tras d a r c i e n vueltas a los Evangelios, a F l a v i o Josefo, a la h i s t o r i a conocida de la é p o c a y a cuanto se ha c r e í d o que p o d í a ayudar a resolver la c u e s t i ó n , el 28, el 29, el 30 y el 33. M a s ¿ c ó m o p o d r í a n e x t r a ñ a r n o s estas divergencias si en lo que al d í a afecta ni los propios Evangelios e s t á n de acuerdo, puesto que s e g ú n Juan, que t r a t a con especial cuidado y abundante f a n t a s í a esta c u e s t i ó n , fue ejecutado el viernes 14 de N i s á n , y s e g ú n los s i n ó p t i c o s , el 15, es decir, el d í a m i s m o , o de a p u r a r m u c h o la c u e s t i ó n , el siguiente, de la l u n a l l e n a de p r i m a v e r a de uno de los a ñ o s del m a n d o de P i l a t o , es decir, entre el 26 y el 36 de nuestra era? Investigaciones minuciosas hechas teniendo en cuenta estos datos h a n dado c o m o resultado el 7 de a b r i l del a ñ o 30, s e g ú n los s i n ó p t i c o s , y el 3 del m i s m o mes, seg ú n Juan. Otros muchos c á l c u l o s y deducciones h a n sido llevados a cabo p a r a ver de llegar a u n a fecha segura, pero todo ha sido i n ú t i l . Y la r a z ó n de este fracaso es o b v i a : C o m o al
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redactar los Evangelios se a t e n d i ó tan s ó l o a conveniencias cultuales (de p r e d i c a c i ó n , de i n s t r u c c i ó n , de fijación de ceremonias de culto, etc.), y s ó l o de acuerdo c o n ello se estab l e c i ó todo lo relativo a la l l a m a d a S e m a n a Santa, que c o n el tiempo, precisamente a causa de su c a r á c t e r vistoso y teat r a l , tan del gusto de los fieles, l l e g a r í a a tener s u m a i m portancia, p o r ello m i s m o , es decir, p o r haber sido estab l e c i d o sin base c i e r t a y s i n pensar que su falta de precis i ó n y fijeza p o d r í a ser u n a prueba contundente contra la v e r d a d no s ó l o de lo que a f i r m a b a , s i n o de toda la doctrina, es p o r lo que cuando se pretende encarar la c u e s t i ó n desde el punto de v i s t a h i s t ó r i c o , la diferencia entre la cron o l o g í a s i n ó p t i c a y la del pseudo J u a n . M a s cuando se empez a r o n a considerar las cosas c o n m á s cuidado, esta divergencia r e s u l t ó i n a d m i s i b l e p o r l o peligrosa; d e a q u í que engendrase ya en la Iglesia antigua la querella l l a m a d a quartodecimana. L o s cuartodecimanos a s i á t i c o s (herejes que celebraban la Pascua en la l u n a de m a r z o , aunque no cayese en domingo) colocaban la muerte de J e s ú s el 14 de N i s á n , es decir, c o m o Juan, que era su a p ó s t o l preferido; sus adversarios, el 15 d e l m i s m o mes, siguiendo a los s i n ó p ticos, elaborados y mangoneados p o r ellos. N a t u r a l m e n t e , al conseguir la p r i m a c í a la Iglesia de Oriente, esta fecha ha prevalecido. De haber estado la cabeza allí, s e r í a la o t r a . E n definitiva, q u é m á s da. H a b i e n d o c o m o hay, fuera d e la fe, c l a r o e s t á , tantas dudas sobre todo cuanto afecta a J e s ú s , ¿ p o r q u é ha de preocupar la fecha de su muerte o la de su nacimiento en u n a v i d a en que todo es incierto, empezando p o r ella m i s m a ? L i m i t é m o n o s , pues, a decir, c o m o Guignebert, a p r o p ó s i t o de la supuesta estancia de J e s ú s en J e r u s a l é n durante los ú l t i m o s d í a s de su v i d a : «La trad i c i ó n n o h a retenido casi nada, t a l vez n o h a b í a sabido j a m á s gran cosa, y d e s p u é s de todo, q u i z á t a m b i é n no h a b í a gran cosa que s a b e r . » En efecto, si en lo que respecta a la « h i s t o r i a » de J e s ú s todo c o n s i s t i ó , p o r lo que se puede conjeturar i m p a r c i a l m e n t e , en ir a ñ a d i e n d o a u n a leyenda form a d a a costa de p r o f e c í a s (441) del Antiguo Testamento y de ¡os libros a p o c a l í p t i c o s j u d í o s , milagros, p a r á b o l a s ,
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m á s cuanto i b a interesando a la Iglesia de R o m a p a r a justificar su usurpada p r i m a c í a , ¿ c ó m o e x t r a ñ a r s e de que en cuanto a b i o g r a f í a de J e s ú s tengan poco m á s o menos los Evangelios tanto c o m o de h i s t o r i a , es decir, nada o tan poco, aun p a r a los que a d m i t e n algo (los representantes de la escuela h i s t ó r i c a ) , que p r á c t i c a m e n t e equivalga a nada? A h o r a bien, como en esta « h i s t o r i a » s i n h i s t o r i a el episod i o de la muerte de J e s ú s es esencial, vale la pena detenerse un momento en los relatos e v a n g é l i c o s que h a b l a n de e l l a . Y decir unas palabras, aunque estas palabras discrepen de las que sobre esta c u e s t i ó n h a n dejado o í r siempre tanto los t e ó l o g o s como los m í s t i c o s . Difícil no reconocer, estudiando i m p a r c i a l m e n t e esta cuest i ó n , es decir, libres de fe, que la i n t e r p r e t a c i ó n c r i s t i a n a de la muerte de J e s ú s es en r e a l i d a d u n a c o p i a de la de M a r c i ó n , b i e n que adaptada a las conveniencias de la Iglesia. Y c o m o su modelo, carente de h i s t o r i c i d a d e i n c l u s o v a c í a de sentido. En cuanto a la consecuencia que se s a c ó de la muerte de J e s ú s , verdadera o simplemente supuesta, la resurrección, ¿ q u é pensar o decir si no se ite la p o s i b i l i d a d de los milagros y si nos negamos a considerar posible cuanto se a f i r m a que puede o c u r r i r fuera o c o n t r a el orden n a t u r a l de las cosas? E s c a p a n d o lo « s o b r e n a t u r a l » a toda realidad, puesto que escapa a toda d e m o s t r a c i ó n r a c i o n a l y s ó l o puede ser objeto de afirmaciones puramente h i p o t é t i c a s , interesadas y caprichosas, ¿ q u é v a l o r razonable puede tener sentar sin pruebas la existencia de un Ser superior, hacerle autor de todas las cosas y a f i r m a r luego que, puesto que las ha hecho puede deshacerlas, es decir, contradecir, anular o v a r i a r sus propias leyes, o suspenderlas m o m e n t á n e a m e n t e a favor de « m i l a g r o s » ? C o n esta variedad de « c o n o c i m i e n t o s » a base de afirmaciones gratuitas, e l h i s t o r i a d o r nada tiene que ver. E l h i s t o r i a d o r no persigue sino la verdad. Y no a d m i t e c o m o verdadero sino aquello que se puede p r o b a r o que los datos en su favor son tantos, tantas sus posibilidades, que como ciertos se pueden a d m i t i r . Pero datos apoyados en realidades posibles, no puramente l í r i c o s o resultado de consideraciones
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a n t r o p o m ó r f i c a s , en v i r t u d de las cuales los hombres fab r i c a n e i m a g i n a n dioses a su imagen y semejanza, s ó l o que infinitamente superiores en bondad, s a b i d u r í a y poder a ellos. El argumento de V o l t a i r e : T o d o reloj supone un relojero; el reloj del M u n d o , pues, ha de tener el suyo: Dios, es el que se suele emplear en s u p r e m a instancia p a r a p r o b a r la existencia de t a l D i o s . Pero es que una cosa es que el Universo tuviese su relojero, y otra que este relojero fuese ese Dios personal, enteramente a n t r o p o m ó r f i c o , creado o i m a g i n a d o p o r los t e ó l o g o s c r i s t i a n o - c a t ó l i c o s , y que piensa y o b r a c o m o a ellos les conviene. Sobre que de existir tal relojero, d e l que nada p o d r í a m o s saber j a m á s , pues nuestra inteligencia s e r í a incapaz de ello, B e r k e l e y y K a n t lo dem o s t r a r o n suficientemente, ¿ c ó m o probar, c ó m o demostrar, s i n fantasear y m e n t i r , que tuvo algo que ver c o n unos seres como nosotros, nacidos p o r p u r a e v o l u c i ó n e n u n M u n d o , a su vez, nacido de casualidad en uno de los incalculables sistemas solares, que f o r m a n parte de una de las no menos incalculables galaxias? Pero volvamos a lo f i n i t o . D e c i r que las afirmaciones e v a n g é l i c a s son v e r í d i c a s porque vienen precisamente de estos l i b r o s , los cuales son obra de Dios o de su H i j o y que, p o r consiguiente, no necesitan d e m o s t r a c i ó n , es, en definitiva, tratar de o c u l t a r mediante u n a p u e r i l i d a d cierta c o n f e s i ó n dolorosa: que no hay medio de a d m i t i r cuanto es d i c h o en ello sino por o b r a de la fe, o sea, dejando aparte toda r e f l e x i ó n , p o r elemental que é s t a sea. P o r supuesto, que todo el que se contente con creer o aquellos que no puedan dejar de hacerlo p o r tener el e s p í r i t u ú n i c a y exclusivamente dispuesto p a r a aceptar s i n previa r e f l e x i ó n la p r i m e r a creencia que llegue hasta ellos, que los tales crean l ó g i c o es y tienen perfecto derecho p a r a ello, como lo tienen a volver simplemente la espalda cuantos p a r a creer necesitan previamente un conocimiento razonado. Porque, como dice Guignebert: « E l h i s t o r i a d o r no sabe ni cree nada de antemano, a no ser que no debe creer y que nada sabe s i n averiguar p r i m e r o . Y s ó l o cuando ha examinado todos los textos determinarse a causa de ellos
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y s e g ú n ellos, y no sobre sus propias convicciones previas y en vista de ellas.» P o r otra parte, los relatos de la P a s i ó n , ¿ r e p o s a n siquiera sobre tradiciones a p o s t ó l i c a s ? S i n salir al paso, c o m o hab r í a perfecto derecho a hacerlo, diciendo que lo p r i m e r o que h a b r í a que p r o b a r s e r í a que existieron tales a p ó s t o l e s , y ello porque si no hubo M a e s t r o m a l p o d í a haber h a b i d o d i s c í p u l o s ; pero sin llegar a este extremo, ¿ a c a s o no vemos que los que a c o m p a ñ a n a J e s ú s en los s i n ó p t i c o s no son los m i s m o s que los que le s e g u í a n en J u a n y luego figuran en los Hechos, y, en f i n , que de cuantos son nombrados, tanto a q u í c o m o allí, tan s ó l o uno, Santiago, tiene el refrendo h i s t ó r i c o a causa de citarle F l a v i o Josefo, bien que no c o m o d i s c í p u l o de su pretendido Maestro? T o d o ello sin contar que son numerosos, demasiado numerosos, los pasajes a p r o p ó s i t o de los cuales nos preguntamos: ¿Y c ó m o se ha p o d i d o saber esto, puesto que nadie ha sido testigo de ello? (442). Otras veces, los relatos son de t a l modo novelescos, que su falta de r e a l i d a d se evidencia c o n s ó l o empezar a leerlos. Todo ello s i n contar las numerosas contradicciones, de las que ya hemos hablado y evidenciado. Contradicciones no ya entre J u a n y los s i n ó p t i c o s , sino entre estos m i s m o s . E s c o l l o s graves que constituyen nuevas pruebas contra la pretendida h i s t o r i c i d a d de los Evangelios. T a n t o m á s graves cuanto que saltan a cada paso, pues, c o m o c o n r a z ó n dice el tantas veces citado Guignebert (y m á s merece c o m o gran maestro que es en estas cuestiones): « S o s t e n e r que las contradicciones de los Evangelios no se dan sino en los detalles y que en lo esencial e s t á n de acuerdo, no pasa de u n a p u r a b r o m a . » P o r o t r a parte, en lo que a la P a s i ó n , en Juan, afecta, i n ú t i l s e r í a tratar de h a l l a r en ella cualquier huella de hum a n i d a d : Es la c r i s t a l i z a c i ó n t o t a l y completa de la d i v i n a m i s i ó n del H i j o a la voluntad, igualmente d i v i n a , d e l Padre, que se c u m p l e cuando ha sido previsto y como ha sido previsto. C o m o dice L o i s y (Jésus et la tradition evangelique, P a r í s , 1910): « E n el J e s ú s de J u a n se i n s t a l a C r i s t o , de un m o d o total ya, en la cruz, c o m o en un trono real, desde
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c u y a majestad lanza triunfante el todo se ha cumplido (•ceteA.eo'cai) cuanto Dios quiso, realizado ha sido; cuanto las E s c r i t u r a s h a n predicho, r e a l i z a d o » (Juan, X I X , 28). Y, en efecto, el recuerdo del Antiguo Testamento es tan fuerte, que muchos eruditos, antes ya que F a u , encontraron no s i n r a z ó n en ese continuo i n v o c a r testimonios carentes de toda realidad, u n a prueba evidente de la inconsistencia h i s t ó r i c a de los relatos e v a n g é l i c o s . En cuanto a los que pretendan a ú n sostener que el Antiguo Testamento descon o c í a el tema d e l M e s í a s sufriente, se les puede enviar a I s a í a s . A d e m á s , se les p o d r í a responder sin pensar siquiera e n I s a í a s : ¿ q u é m á s h u b i e r a dado, puesto que precisamente e l m é r i t o d e l a i n t e r p r e t a c i ó n a p o l o g é t i c a c o n s i s t i ó siempre en acomodar c o n tanta audacia como h a b i l i d a d los textos, c o n t a l de ver de conseguir lo que se q u e r í a obtener de ellos? Me voy a l i m i t a r , pues, a hacer unas cuantas consideraciones elementales a p r o p ó s i t o de la « v e r d a d » de los relatos e v a n g é l i c o s relativos a la P a s i ó n . P a r a los detalles eruditos, r e m i t o al lector a las dos magistrales obras, tantas veces citadas ya, Jesús, ambas llevan el m i s m o t í t u l o , u n a de Carlos Guignebert y la otra de M a u r i c i o Goguel. Ir m á s allá de estos dos l i b r o s extraordinarios parece difícil; contradec i r l o esencial d e s u c r í t i c a , i m p o s i b l e . Y o vuelo m u c h o m á s bajo, a causa de lo c u a l los lectores no especializados m e s e g u i r á n con m á s facilidad. Cuenta Juan ( X I , 54-56) que tras la r e s u r r e c c i ó n de L á z a r o , que ignoran los s i n ó p t i c o s , dicho sea de paso, J e s ú s y sus d i s c í p u l o s , huyendo de los que a i n s t i g a c i ó n de Caifas, pontífice sumo, h a b í a n decidido matarle, m a r c h a r o n h a c i a E f r e m , aldea i n m e d i a t a a l desierto. S i e l m i l a g r o h a b í a sido t a l m i l a g r o , quiero decir, sin haber sido preparado p a r a e n g a ñ a r a los espectadores, como ciertos relatos evangélicos de esta clase m o v e r í a n a creer, de haber tenido realidad, ¿ q u é r a z ó n h u b i e r a habido para h u i r t r a t á n d o s e d e u n hecho que muchos h a b í a n presenciado y a causa d e l cual, como leemos en el relato, gran n ú m e r o de ellos creyeron al instante en J e s ú s ? En cuanto a los que no creyeron,
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¿ c ó m o , t r a t á n d o s e d e algo t a n absolutamente prodigioso (que un m u e r t o enterrado h a c í a cuatro d í a s y que ya h a b í a entrado en d e s c o m p o s i c i ó n , pues h e d í a , volviese a la vida) d u d a r o n de no sospechar que h a b í a h a b i d o fraude? De otro modo, ¿ h u b i e r a n ido con e l cuento a l p o n t í f i c e ? E n cuanto a L á z a r o , c u y a r e s u r r e c c i ó n , prueba superior a toda otra, en los .Evangelios, de la d i v i n i d a d de J e s ú s , que tales cosas era capaz de hacer, ¿ p o r q u é en vez de unirse ya p a r a siempre a E l , desaparece sin que se le vuelva a n o m b r a r ? T r a s lo anterior, J e s ú s , el J e s ú s de los Evangelios, pues ahora se trata tan s ó l o de hacer algunas apostillas a la v e r a c i d a d de estos textos, d á n d o s e cuenta, al f i n , s i n duda, de que h a b í a llegado el m o m e n t o de c a m b i a r de t á c t i c a , es decir, de obrar en sentido m e s i á n i c o , en vez de l i m i t a r s e a hablar, se decide a hacerlo tras aceptar, en efecto, el t í t u l o de M e s í a s , b i e n que encargando mucho a sus discípulos que no lo divulguen (Mateo, X V I , 20; Lucas, I X , 21). Y, en efecto, determinado a ir a J e r u s a l é n , cinco d í a s antes de la Pascua m o n t a en un asno y seguido de n u m e r o s o cortejo, que M a t e o a f i r m a de gente galilea, mientras que J u a n dice que salidos de la c i u d a d p a r a ir a su encuentro, desacuerdo e x t r a ñ o , puesto que ambos e s t á n presentes, entra en J e r u s a l é n entre aclamaciones. Lo del asno, c o m o sabemos, porque Z a c a r í a s h a b í a d i c h o : « ¡ A l é g r a t e sobre manera, h i j a de Sión! G r i t a , e x ú l t a t e , h i j a de J e r u s a l é n . He a q u í que viene a ti tu R e y , justo y victorioso, h u m i l d e , montado en un asno, en un p o l l i n o hijo de a s n a . » Si en vez de un asno, el d i g n í s i m o profeta h a b l a de u n a g o l o n d r i n a o s i q u i e r a de un á g u i l a , h u b i é r a m o s tenido o t r o m i l a g r o n o menos fenomen a l que el de L á z a r o . De grandes h é r o e s que cabalgaron grifos sabemos por la M i t o l o g í a griega y luego p o r los L i bros de C a b a l l e r í a . P a r a comprender la conducta de los galileos y jerosolemitas e n los d í a s sucesivos (itamos, p a r a d a r l a r a z ó n a ambos a p ó s t o l e s , que h a b í a m i t a d y m i t a d , c o m o en ciertas tazas de c a f é con leche, de cerveza con gaseosa de l i m ó n o de agua c o n v i n o ) , pues de otro m o d o i m p o s i b l e aceptar lo del silencio y abandono total tras el entusiasmo de los
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p r i m e r o s momentos, hay que suponer que los lanzadores de los hosannas se a c o r d a r o n de repente d e l m o d o c o m o e l gobernador r o m a n o h a b í a s u p r i m i d o una i n s u r r e c c i ó n reciente. Y que incluso la c ó l e r a de P i l a t o h a b í a r e c a í d o m u y p a r t i c u l a r m e n t e sobre los galileos, gente i n q u i e t a y que no dejaba de i n t e r v e n i r en todos los alborotos y sublevaciones (Lucas, X I I I , 1). A esto ú n i c a m e n t e , pues, se puede, t r a s l a d á n d o s e c o n la i m a g i n a c i ó n a aquellos instantes, achac a r que tras los p r i m e r o s momentos de d e l i r i o nadie volviese ya a d a r muestras de entusiasmo al v e r a J e s ú s . Es m á s , ni de conocerle siquiera, si a d m i t i m o s la t r a d i c i ó n de Judas. Sea como sea, lo sorprendente es que al llegar la noche de la entrada t r i u n f a l , J e s ú s y los Doce se retirasen a B e t a n i a , desde donde a la m a ñ a n a siguiente bajaron a J e r u s a l é n , momento en que el M a e s t r o e x p u l s ó d e l T e m p l o a latigazo l i m p i o a los vendedores, tras haber d e r r i b a d o y desbaratado sus puestos y tenderetes. E s t e notable hecho o c u r r i ó , s e g ú n Juan, en los p r i m e r o s tiempos d e l apostolado; en los s i n ó p ticos, p o r e l contrario, a l f i n a l . E s decir, m u c h o m á s tarde si se acepta Ja tesis de la Iglesia de los tres a ñ o s de predic a c i ó n . A d m i t á m o s l o p a r a n o c o m p l i c a r l a d i s c u s i ó n , bien que duela dejar a M a r c o s , M a t e o y Lucas p o r embusteros. A h o r a bien, ¿ c ó m o j u s t i f i c a r que J e s ú s cometiese t a l atropello y, a d e m á s , c ó m o a d m i t i r l o , es decir, c ó m o creer que t a l cosa pudo o c u r r i r sin que nadie le saliese al paso y se opusiera a su violencia? Porque c o n v e n d r í a no olvidar, p r i mero, que aquellos animales que a l l í se v e n d í a n (corderos, cabritos, pichones, t ó r t o l a s , etc.), que d e b í a n ser pagados en moneda sagrada, estaban destinados a los sacrificios r i tuales; que eran los sacerdotes m i s m o s del T e m p l o quienes los v e n d í a n , a s í c o m o el aceite y la h a r i n a de flor, y que el producto de las ventas quedaba en beneficio del T e m p l o . O sea, que se trataba de un c o m e r c i o íícito, autorizado, practicado, c o m o digo, p o r los p r o p i o s servidores del T e m p l o y, p o r consiguiente, no m á s irreverente que vender velas, palmas o rosarios en los atrios de los templos actuales. C o m o a s i m i s m o h a b í a , con objeto d e c a m b i a r l a moneda corriente p o r la sagrada, cambistas que m o n t a b a n sus
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tenderetes veinte d í a s antes de la Pascua. Y siendo a s í las cosas, ¿ c ó m o hacer creer que un forastero se permitiese tratar de aquel m o d o a quienes con el p e r m i s o y b e n e p l á cito, tanto de l a a u t o r i d a d religiosa c o m o c i v i l , h a c í a n u n c o m e r c i o perfectamente l e g í t i m o ? Tras ello y s i n que milagrosamente le ocurriese nada (para c a m i n a r a t r a v é s de la no siempre apacible m a n i g u a evang é l i c a nada mejor que escudarse en lo milagroso), vemos a J e s ú s , que, s i n duda, se ha convencido ya de que lo m e j o r es dar el p r i m e r o , invectivar implacablemente a los fariseos, a los que trata de h i p ó c r i t a s , sepulcros blanqueados, serpientes, r a z a de v í b o r a s y cien insultos m á s . Y no s ó l o insultarles, sino censurar su modo de vestir (Mateo, X X I I I , 5), que se atrevan a sentarse en las c á t e d r a s p a r a e n s e ñ a r , e t c é t e r a , s i n que ellos, no obstante ser los que m a n d a b a n en muchas cosas, su n ú m e r o y su autoridad, se revuelvan cont r a El y le traten c o m o son tratados ellos o un poco peor. Todo lo anterior, ¿ p o d í a siquiera ser v e r d a d ni tener apar i e n c i a de ello aun t r a t á n d o s e de un relato p u r a ficción, o cuanto se intentaba a favor de cosas t a n i n v e r o s í m i l e s era ú n i c a m e n t e p r e p a r a r e l terreno p a r a j u s t i f i c a r l a s ú b i t a y subsiguiente P a s i ó n ? T o d o ello s i n contar los anacronismos, naturales, en cierto m o d o , en los que se refieren un siglo m á s tarde de cuando se suponen o c u r r i d o s los inventados hechos, e inventados, a su vez, p a r a ver de justificarlos. A n a c r o n i s m o s tales c o m o los de sentarse en las c á t e dras (los fariseos) p a r a explicar la ley, costumbre que no se e s t a b l e c i ó sino veinte o treinta a ñ o s m á s tarde, pues entonces los maestros e n s e ñ a b a n de pie. P o r lo d e m á s , si volvemos a Juan, el hecho de que las aclamaciones y entusiasmo hacia J e s ú s tuviese lugar al p r i n cipio de su p r e d i c a c i ó n , no al fin, como quieren los s i n ó p t i cos. Y ello porque, al f i n , todo i n d i c a que h a b í a perdido p o p u l a r i d a d (no se olvide que argumentamos sin s a l i m o s del c í r c u l o de los Evangelios, y no p o r estimar que pueda ser v e r d a d lo que dicen, sino precisamente saliendo al paso a sus i m p o s i b i l i d a d e s ) , que h a b í a p e r d i d o popularidad—decía—al manifestarse como H i j o de Dios, a t r e v i é n d o s e inclu-
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so a d e c i r (Juan, X, 30): « E l Padre y yo somos u n a sola cosa.» A q u e l d í a , como se lee a c o n t i n u a c i ó n , «los j u d í o s trajeron piedras p a r a l a p i d a r l e » , cosa n a t u r a l , puesto que decir lo transcrito e q u i v a l í a a enfrentarse c o n lo que la ley t e n í a de m á s f o r m a l , riguroso y obligatorio: Que el E t e r n o era uno (Deuteronomio, V I , 4). Y, p o r tanto, asegur a r que era con el P a d r e e igual a E l , c o n s t i t u í a la m a y o r de las blasfemias. M á s tarde, el Corán p r e s c r i b í a o t r o tanto condenando a los que se atreviesen a asegurar que algo t e n í a n que v e r directamente con Alá o que de a l g ú n m o d o estaban asociados c o n E l . E n Juan, incluso antes, a l o í r l e decirse H i j o de Dios e igual a D i o s , varios de sus d i s c í p u l o s , sin duda j u z g á n d o l e demente, l e h a b í a n abandonado: «neg á n d o s e a s e g u i r l e » , c o m o dice el texto ( V , 56). Pero sigamos con lo de la P a s i ó n . L a P a s c u a era p a r a los j u d í o s l a c o n m e m o r a c i ó n d e l a h a z a ñ a d e l á n g e l de Y a h v é , que, s i n d u d a , p a r a que H e r o d e s viese e n E l , siglos m á s tarde, los medios m á s eficaces p a r a llevar a cabo ciertos fines, h a b í a matado en E g i p t o , en tiempos de M o i s é s , a todos los hijos p r i m o g é n i t o s de los habitantes de este p a í s . ( ¿ C r e e m o s tan tremendo disparate o p o r respeto a Y a h v é y a sus á n g e l e s lo echamos al saquito de las mentiras b í b l i c a s ? ) E s t a Pascua, de tan grata m e m o r i a , era celebrada mediante ritos que s i m u l a b a n u n a p a r t i d a ( é s t a en recuerdo de la famosa del pueblo de D i o s de las riberas d e l N i l o ; p a r t i d a engalanada con otro de los grandes hechos de Y a h v é : dejar en seco, tras d i v i d i r l e en dos, un m a r p a r a que pasase el noble p u e b l o que h a b í a elegido c o m o suyo, tras ayudarle a cometer u n a f e l o n í a : r o b a r c o n e n g a ñ o a los egipcios antes de p a r t i r . Exodo, X I I , 35, 36), a s í c o m o con u n a c o m i d a e n f a m i l i a , durante l a c u a l era engullido de pie y apresuradamente un cordero, acompañ á n d o l o con p a n sin levadura. E s t a c o m i d a , que h a b í a que celebrar a m e d i a noche, se c o m p o n í a de tres manjares o b l i gatoriamente: el mencionado pan s i n levadura, hierbas amargas y cordero. T e r m i n a b a el á g a p e mediante el canto de un s a l m o apropiado a la circunstancia. La fiesta del p a n s i n levadura d u r a b a siete d í a s , p e r o la Pascua propiamente 12.
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d i c h a estaba c o m p r e n d i d a entre dos puestas de S o l : d e l 14 al 15 de la L u n a de N i s á n , p r i m e r mes d e l a ñ o sagrado. Pues bien, en parte alguna de las E s c r i t u r a s el desacuerdo es tan completo c o m o en punto, tan capital, por cierto, c o m o este de la v i d a de J e s ú s . V é a s e lo que o c u r r e en Juan. A q u í , tras la c o m i d a , J e s ú s l a v a los pies a sus d i s c í p u l o s , lo cual es hecho « a n t e s de la fiesta de P a s c u a » (Juan, X I I I , 1-5). Y esta cena es, c o m o se ve p o r lo que sigue, la ú l t i m a que J e s ú s hace c o n sus d i s c í p u l o s . Demostrando que, c o m o dice este Evangelio, no e r a la Pascua t o d a v í a , lo p r u e b a n a ú n las palabras d e l M a e s t r o diciendo a Judas ( X I I I , 29): « C o m p r a lo que necesitemos p a r a la fiesta» (Judas era el tesorero de los Trece; cargo expuesto, pues el que maneja d i n e r o suele acabar a f i c i o n á n d o s e a é l ) . T a l mandato no s ó l o e r a intempestivo a causa de ser ya tarde (en efecto, inmediatamente se lee: « E l , t e r m i n a d o el bocado, s a l i ó luego; e r a de n o c h e » ) , sino p o r cuanto empezada la fiesta era i m posible c o m p r a r algo, puesto que todo trabajo s e r v i l estaba rigurosamente p r o h i b i d o ya a q u e l d í a . L u e g o cosa es fuera de t o d a d u d a que no se estaba a ú n en la Pascua. T r a s lo anterior sigue en el Evangelio u n a larga p l á t i c a . Especie de despedida, que parece tener lugar desde la t e r m i n a c i ó n de la cena, s e g ú n v a n c a m i n a n d o hasta el huerto de los O l i v o s . P l á t i c a que ocupa en el Evangelio los c a p í t u l o s X I I I , X I V , X V , X V I y X V I I . Siendo l o curioso que a l llegar a l X V I I I leemos: « E n diciendo esto s a l i ó J e s ú s c o n sus d i s c í p u l o s a l o t r o lado del torrente d e C e d r ó n , donde h a b í a u n huerto, en el que e n t r ó con sus d i s c í p u l o s . » C l a r o que la salida pudo ser d e l sendero que c o n d u c í a hasta el torrente. Ayudemos, c o n buena v o l u n t a d , a subsanar las distracciones del redactor. E l huerto e n c u e s t i ó n era, como acabo d e decir, el de los O l i v o s , donde acto seguido prenden a J e s ú s . T o t a l , que la ú l t i m a cena, s e g ú n Juan, fue antes de la Pascua. M i e n t r a s que los s i n ó p t i c o s aseguran, sin dejar resq u i c i o alguno a la duda, que J e s ú s c e l e b r ó la P a s c u a con sus d i s c í p u l o s . A h o r a b i e n , de aceptar esta a f i r m a c i ó n , s e r í a p r e c i s o que h u b i e r a celebrado l a P a s c u a l a noche m i s m a de los A c i m o s , es decir, la v í s p e r a de la S o l e m n i d a d ; que la
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m i s m a noche hubiese sido detenido y conducido ante el g r a n sacerdote, y que al d í a siguiente, en la m a ñ a n a , hubiese sido presentado a P i l a t o , condenado y ejecutado. C o n lo que el proceso, la condena y la c r u c i f i x i ó n hubiese tenido lugar el d í a m i s m o de la Pascua, lo que era i m p o s i b l e , puesto que no estaba p e r m i t i d o juzgar durante los d í a s de fiesta. Luego lo que refieren los s i n ó p t i c o s , aunque h u b i e r a tratado de relatar un hecho cierto, no hubiese p o d i d o ocur r i r , d í g a s e lo que se diga y d í g a l o quien lo diga. M i e n t r a s que, s e g ú n el relato de J u a n , parece indudable que J e s ú s no e n t r ó en J e r u s a l é n sino en la tarde del 13 de N i s á n , que fue detenido en la noche d e l 13 al 14 y c r u c i f i c a d o el 14 d e s p u é s d e comer. Y , naturalmente, n o p u d o celebrar l a Pascua, puesto que é s t a empezaba e l m i s m o d í a que m u r i ó . Durante l a ú l t i m a cena (supongamos que h u b o t a l cena y fuera cuando fuese su acontecer, puesto que, c o m o se ve, no hay medio de saberlo c o n certeza a j u z g a r p o r lo que dicen de ellas los Evangelios, teniendo que l i m i t a r n o s a conjeturas y a i n c l i n a r n o s ante lo menos i n v e r o s í m i l entre dos afirmaciones contrarias), s e g ú n M a t e o , M a r c o s y L u c a s , J e s ú s i n s t i t u y ó solemnemente la E u c a r i s t í a . A creer a J u a n , que en aquella o c a s i ó n «se apoyaba en el seno de su Maest r o » , cuanto h i z o fuera de lo corriente en actos semejantes fue, c o m o ya ha d i c h o , lavar los pies a los A p ó s t o l e s . Pero, c o m o digo, s e g ú n los s i n ó p t i c o s , instituye el luego tan i r a d o sacramento, a f i r m a n d o c o n l a m a y o r t r a n q u i l i d a d , a creer a los redactores de estos l i b r o s , que el p a n e r a su cuerpo y el v i n o su sangre. A s i m i s m o , s e g ú n los s i n ó p t i c o s , acabado el yantar, salen los Trece c a m i n o d e l huerto de los O l i v o s , mientras que en J u a n r e c o r r e n el carnino que separa J e r u s a l é n del famoso huerto d i s t r a y é n d o s e con l a l a r g u í s i m a p l á t i c a citada. P o r cierto, que este detalle d e l paseo n o c t u r n o viene en apoyo de lo relativo a la cena, no de Pascua, puesto que los hebreos estaban obligados a no s a l i r de su casa la noche que c o m í a n el c o r d e r o pascual. Y ello a causa de que la ley p r e s c r i b í a (Exodo, X I I , 22): « N i n g u n o de vosotros pasara el u m b r a l de su casa hasta
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llegada la m a ñ a n a . » Luego si J e s ú s y los suyos salieron era que l a Pascua n o h a b í a llegado a ú n . El lugar, monte o huerto de los Olivos, que de uno u otro m o d o es l l a m a d o en los Evangelios (lugar p o r Marcos y Mateo, monte p o r Lucas y huerto p o r Juan), estaba, p o r lo visto, en un altozano que se levantaba frente a la c o l i n a en que h a b í a sido c o n s t r u i d o el T e m p l o , de la que le separ a b a un valle estrecho y profundo atravesado p o r el torrente l l a m a d o C e d r ó n . E n l a é p o c a d e las l l u v i a s s e pasaba d e u n lado al otro p o r uno de los dos puentes que h a b í a . La m a y o r parte d e l a ñ o s e p o d í a cruzar s i n mojarse los pies. L o que o c u r r i ó aquella m e m o r a b l e noche en este huerto es t a m b i é n referido de distinto m o d o en J u a n y en los s i n ó p t i c o s . S i n duda, fue de t a l i n t e r é s y de t a n e x t r a o r d i n a r i a e m o c i ó n , que l a p r o p i a r e v e l a c i ó n , r e c o r d á n d o l o , s e hizo u n p e q u e ñ o l í o . S e g ú n Juan, apenas llegados es detenido J e s ú s , y P e d r o c o r t a u n a oreja a M a l e o . E n los s i n ó p t i c o s , entre l a llegada y el prendimiento, J e s ú s es v í c t i m a de c r u e l í s i m o s desalientos y angustias. Tantas, s i n duda o l v i d a q u i é n es y a lo que se ha c o m p r o m e t i d o , que tiene que bajar un á n g e l p a r a ver de consolarle. Todo mientras los A p ó s t o l e s digieren la cena d u r m i e n d o a p i e r n a suelta. Pero tan profundamente, que J e s ú s no consigue, no obstane intentarlo dos veces, despertarles. S ó l o ocurre esto cuando los que llegan dispuestos a prenderle estaban ya e n c i m a . El e s t r é p i t o de su escandal o s a llegada, armados y violentos, c o n s i g u i ó lo que no hab í a n logrado las suplicantes llamadas del atribulado Maestro. En cuanto a lo de la espada, M a l e o no es n o m b r a d o en los s i n ó p t i c o s . C o m o t a m p o c o se dice que fuese P e d r o e l desorejador. E n cambio, sí, que p o r orden d e J e s ú s , e l que fuese pone la oreja c a í d a en su sitio, p e g á n d o s e al instante y q u e d á n d o s e el herido c o m o si t a l cosa. Y c o m o si t a l cosa a s i m i s m o cuantos presencian pegadura tan notable. ¡Qué i n s e n s i b i l i d a d la de aquellos hombres! L e e r esto desconcierta un poco. A c a b a uno p o r preguntarse si aquellos varones eran de p l o m o o L u c a s , ú n i c o que cuenta el m i l a gro, un festivo a u n en m o m e n t o en que menos h u b i e r a debido serlo. Pero que l o dice n o hay duda. E n X X I I , 51.
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i exactamente de este m o d o : « T o m a n d o la p a l a b r a J e s ú s , d i j o : ' B a s t a y a . Dejad.' Y tocando la oreja, le c u r ó . » A d e m á s , a q u í los que vienen a prenderle son los p r í n c i p e s de los sacerdotes, los oficiales del T e m p l o y los ancianos, mientras que en Marcos y Mateo es simplemente un t r o p e l de gente c o n espadas y garrotes. En Juan, c o n los alguaciles de los p o n t í f i c e s y fariseos viene nada menos que u n a cohorte: seiscientos nombres. Pongamos entre todos, m i l . O si parece mucho, ochocientos. Que, no obstante, al preguntarles J e s ú s , ya repuesto, s i n duda, de sus anteriores flaquezas, que a q u i é n buscaban (demasiado lo s a b í a , claro; pero el que relata n a t u r a l era que adornase las cosas dor a n d o los detalles), responder ellos que a J e s ú s , y r e p l i c a r J e s ú s : «Yo soy», los m i l , los novecintos o los que fuesen « r e t r o c e d i e r o n y cayeron a t i e r r a » . La cosa no era p a r a menos. Pero luego, claro, r e a c c i o n a r o n y le ataron. E n Lucas, e l p r e n d i m i e n t o resulta m u c h o m á s interesante. C i e r t o que ya sabemos que en cuanto a facundia en inventar deja a Marcos y a Mateo en p a ñ a l e s . En Lucas, dados los que llegan a prender a J e s ú s , es c o m o si hoy, p a r a h a b é r s e l a s c o n doce gitanos (pues Judas v e n í a c o n los otros) que d o r m í a n tranquilamente en el parque del Oeste, se presentase el arzobispo de M a d r i d - A l c a l á seguido de sus obispos auxiliares, m á s todos los c a n ó n i g o s , coadjutores y d i á c o n o s ; ítem más los m i e m b r o s del T r i b u n a l Supremo, m i n i s t r o s d e l G o b i e r n o y, en c a l i d a d de ancianos, los m á s bizarros entre los generales retirados. Que a todo ello c o r r e s p o n d í a los que llegaban, s e g ú n Lucas. No se olvide que Israel era u n a teocracia (443). Si del arresto de J e s ú s pasamos a su proceso, inmediatamente se observa que el desacuerdo entre los Evangelios no es menos evidente. Es decir, que en torno a un andamiaje de supuestos hechos con los cuales se h a b í a forjado ya u n a leyenda, cada evangelista fue levantando un edificio distinto a fuerza de a ñ a d i r detalles destinados a perfeccionarlo, s i n pararse a considerar si los hechos que c o n s t i t u í a n la base eran o no v e r í d i c o s o tan siquiera posibles. Al menos, no contradictorios unos de otros.
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En Marcos, Mateo y Lucas, los que p r e n d e n a J e s ú s le l l e v a n a casa del p o n t í f i c e , cuyo n o m b r e . Caifas, da s ó l o M a t e o ; M a r c o s y L u c a s se contentan c o n decir el p o n t í f i c e . M i e n t r a s que Juan, c u y a p r i m i t i v a v e r s i ó n , pues ya sabem o s que en este Evangelio i n t e r v i n i e r o n , p o r lo menos, dos manos, fue escrita probablemente antes que las de los s i n ó p ticos, hace que cohorte, t r i b u n o (el que la m a n d a ) y los alguaciles de los j u d í o s c o n d u z c a n a J e s ú s , en p r i m e r lugar, a casa de Anas. ¿ P o r q u é a casa de Anas? El p r o p i o redactor de J u a n lo dice: « P o r q u e era suegro de Caifas, p o n t í f i c e aquel año.» C o m o esto, evidentemente, no era r a z ó n suficiente, los exegetas h a n hecho t a m b i é n , a p r o p ó s i t o de esta c u e s t i ó n , u n a p o r c i ó n de conjeturas que no vale la pena repetir. M á s interesante es hacer n o t a r que, c o m o se va viendo, cada redactor t r a b a j ó del m o d o que c r e y ó m á s conveniente, incluso M a r c i ó n , sobre o t r o relato anterior, vago e incierto seguramente, fondo de leyenda que poco a poco se h a b í a i d o formando. En Marcos y Mateo, el S a n e d r í n , reunido al punto en casa d e l p o n t í f i c e , interroga a J e s ú s , mientras que en Lucas y Juan no ocurre esto. En Lucas, tras la t r i p l e n e g a c i ó n de P e d r o es cuando se r e ú n e el S a n e d r í n , ya al clarear el d í a . Y en Juan, luego de la p r i m e ra n e g a c i ó n de P e d r o y una vez ya en casa de Caifas, adonde l ó g i c a m e n t e se supone que le llevan desde la de Anas, bien que el relato no lo diga, o, en t o d o caso, c o m o se va a ver al punto, en lugar indebido. La segunda y tercera n e g a c i ó n tienen lugar d e s p u é s de interrogado J e s ú s . P o r cierto, que este interrogatorio, que en Marcos y Mateo es p o c o m á s o menos el m i s m o , es distinto del de Lucas y Juan. E i n c l u so entre estos dos ú l t i m o s , c o m p a r a d o el u n o c o n el otro. Y es al f i n a l d e l interrogatorio en casa de Caifas, en Juan, interrogatorio que l l e v a a cabo el p r o p i o p o n t í f i c e , no el S a n e d r í n en pleno, c o m o en los s i n ó p t i c o s , e i n c l u s o desp u é s que un soldado da u n a bofetada a J e s ú s encontrando que ha contestado al p o n t í f i c e de m o d o insolente: «¿Así respondes al p o n t í f i c e ? » , que dice exactamente el texto; al f i n a l del i n t e r r o g a t o r i o — d e c í a — c u a n d o leemos: «Anas le e n v i ó atado a Caifas, el p o n t í f i c e . »
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Evidentemente, se trata de u n a t r a n s p o s i c i ó n de l í n e a s . E s t a d e b i ó estar p r i m i t i v a m e n t e en su sitio. Es decir, det r á s del v e r s í c u l o 14 actual, en vez del 24. P e r o las alteraciones y variaciones de los textos que han llegado hasta nosotros son tales, a causa de haber pasado q u i é n sabe p o r c u á n t a s manos, que sobre las diferencias de detalle m á s vale no insistir. S o b r e todo cuando, c o m o é s t a , son m í n i m a s . B i e n que s i r v a n p a r a demostrar en q u é m o d o copistas dist r a í d o s fueron, sin m a l a i n t e n c i ó n , p o r supuesto, alterando la d i v i n a r e v e l a c i ó n , pero s i n que sus distracciones afecten a la « v e r d a d » de lo copiado, que con distracciones o s i n ellas hubiese s i d o la m i s m a . Y de casa de Caifas a la de P i l a t o . E s t o ocurre en M a r c o s y M a t e o tras un nuevo consej'o, que, en M a r c o s , « c e l e b r a r o n los p r í n c i p e s de los sacerdotes y los ancianos y escribas, y todo el S a n e d r í n » , en cuanto a m a n e c i ó . Y en Mateo, s ó l o «los p r í n c i p e s de los sacerdotes y los a n c i a n o s » . En L u c a s y Juan, inmediatamente tras l a ú n i c a r e u n i ó n del S a n e d r í n , en la c u a l Caifas interroga a J e s ú s . Entretanto, c o m o he dicho, las negaciones de Pedro. L a s tres seguidas, en los s i n ó p t i c o s , y partidas p o r gala en dos, en J u a n . A q u í , la p r i m e r a en casa de Anas, y la segunda y tercera en la de Caifas. En los detalles del v e r í d i c o hecho hay t a m b i é n diferencias: en M a r c o s es a la m i s m a sierva del p o n t í f i c e , que se o b s t i n a en haber visto a Pedro c o n el Nazareno, y a quien el a l u d i d o desmiente con la m a y o r serenidad dos veces; la tercera, a los que e s t á n con él cal e n t á n d o s e en el atrio de Caifas, que insisten en lo mismo. E n Mateo, las siervas son distintas, pero e l grupo que i n siste, e l m i s m o . E n L u c a s e s p r i m e r o u n a sierva, luego u n siervo y, finalmente, un tercero. D e s p u é s , en M a t e o y en L u c a s , Pedro l l o r a amargamente al recordar que su Maestro le a n u n c i ó que le n e g a r í a . En Juan, el episodio es un poquito m á s m o v i d o . En p r i m e r lugar, siguen a J e s ú s y a los que le h a n llevado preso, « S i m ó n Pedro y otro d i s c í p u l o » . Este, « c o n o c i d o d e l p o n t í f i c e , e n t r ó a l tiempo que J e s ú s e n el atrio del p o n t í f i c e , mientras que Pedro se q u e d ó fuera, a la p u e r t a » . Entonces el d i s c í p u l o h a b l ó con «la portera e
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i n t r o d u j o a P e d r o » . Y fue a esta portera a quien Pedro n e g ó conocer a J e s ú s . Luego ocurre lo del interrogatorio, y desp u é s es cuando son referidas la segunda y tercera negaciones. La segunda, a los del grupo que se calentaban con él en el a t r i o ; la tercera, a un pariente del h o m b r e al que Pedro h a b í a cortado la oreja poco antes en el huerto de los O l i v o s . E n cuanto a l gallo, e n M a r c o s canta dos veces: u n a tras l a p r i m e r a n e g a c i ó n , y o t r a tras l a ú l t i m a . E n M a t e o u n a t a n s ó l o , apenas profiere l a tercera negativa. E n L u c a s una tan s ó l o t a m b i é n , cuando Pedro hablaba a ú n , negando siempre conocer a J e s ú s , al tercero que le h a b í a interrogado. Y lo m i s m o en J u a n . Yo no soy capaz de desmentir a J e s ú s , que, como vemos, en Marcos ( X I V , 72) h a b í a dicho a P e d r o : « A n t e s que el gallo cante dos veces, tú me n e g a r á s t r e s » , y en Mateo y Lucas ( X X V I , 75, y X X I I , 61, respectivamente): «Antes que cante e l gallo m e n e g a r á s tres veces.» S i t e n í a que cantar u n a vez tan s ó l o o dos, que los t e ó l o g o s , sabios seguramente en gallos e v a n g é l i c o s , lo determinen, si creen, claro, que vale la pena. Pero lo que ocurre es que otros han sido menos respetuosos que yo y se han atrevido a d e c i r que m a l p o d í a cantar e l gallo allí donde n o los h a b í a (444); pero sí h a r é n o t a r algo bastante curioso, y es lo que se lee en Lucas ( X X I I , 61), donde le vemos volverse hacia Pedro y miraTle cuando é s t e niega p o r tercera vez tener algo que ver con E l : « V u e l t o el S e ñ o r , m i r ó a P e d r o » , que dice exactamente. A c u s a d o r a m i r a d a é s t a que falta en los otros tres Evangelios, p o r fortuna p a r a ellos, puesto que cuando Ped r o n e g ó a su M a e s t r o , la temerosa m e n t i r a era p r o n u n c i a d a en el atrio de la casa d e l p o n t í f i c e , cuando se calentaba con alguaciles y servidores, mientras J e s ú s estaba dentro compareciendo ante el S a n e d r í n . A q u í ya creo que el ú n i c o recurso que les queda a los t e ó l o g o s (son ya demasiadas contradicciones y excesivos descuidos de los redactores con la r e v e l a c i ó n ) es l l o r a r amargamente, c o m o Pedro, al t i e m p o que reniegan de los que m a n i p u l a r o n estos textos con tan poco respeto y cuidado.
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Pero sigamos levantando gazapillos. V a m o s a h o r a a casa de P i l a t o (445), donde el proceso de J e s ú s , i n i c i a d o en el S a n e d r í n , t e n d r í a , s e g ú n los Evangelios, c o n t i n u a c i ó n y desenlace (446). A h o r a b i e n , antes de e x a m i n a r lo que los textos e v a n g é l i c o s d i c e n sobre esta segunda parte del proceso acaecida ante el p r o c u r a d o r r o m a n o , si es que, claro e s t á , se acepta la p r i m e r a ante el S a n e d r í n , conviene decir unas palabras sobre la posible a u t o r i d a d respectiva en materia j u d i c i a r i a de ambos t r i b u n a l e s . A saber, el formado p o r el sumo p o n t í f i c e de la Iglesia j u d í a , los p r í n c i p e s de los sacerdotes y los ancianos de J e r u s a l é n , y el de los procuradores r o m a n o s acreditados en Judea. E s t e t e n í a el jus gladii, en v i r t u d d e l c u a l p o d í a n juzgar, condenar y hacer ejecutar a cuantos, a su j u i c i o , h a b í a n delinquido. Y ello no s ó l o s i n consultar con las autoridades j u d í a s , sino s i n preocuparse s i q u i e r a d e s u o p i n i ó n . E n cuanto a l S a n e d r í n , ¿ t e n í a derecho, p o r su parte, a d i c t a r t a m b i é n sentencias de muerte? Pensando en las palabras de Juan ( X V I I I , 29-31): « D í j o l e s P i l a t o : ' T o m a d l e vosotros y juzgadle s e g ú n vuestra ley.' Le d i j e r o n entonces los j u d í o s : ' E s que a nosotros no nos e s t á p e r m i t i d o dar muerte a n a d i e . ' » Teniendo esto en cuenta, se ha pensado que este t r i b u n a l no p o d í a condenar a la pena c a p i t a l . A h o r a b i e n , t a l cosa no se puede suponer, c o m o evidencia lo que se lee a c o n t i n u a c i ó n y que c o p i o : « P a r a que se cumpliese la p a l a b r a de J e s ú s que h a b í a dicho significando d e q u é muerte h a b í a d e m o r i r . » Luego l a a f i r m a c i ó n p r i m e r a del r e d a c t o r de esta parte del Evangelio a t r i b u i d o a J u a n era una s i m p l e m e n t i r a puesta a m o d o de excusa c o n objeto de hacer que J e s ú s m u r i e r a crucificado, s u p l i c i o esp e c í f i c a m e n t e r o m a n o , pues de haber sido ejecutado p o r los j u d í o s , le hubieran lapidado, ahorcado o quemado v i v o . L a p i d a d o , caso de haber sido condenado p o r blasfemia, como a p r i m e r a vista parece que lo h a b í a sido, puesto que en M a r c o s y M a t e o vemos al sumo sacerdote rasgarse las vestiduras y declararle t a l , es decir, blasfemo, al o í r l e d e c i r que era H i j o del Bendito, o sea, de Dios.
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C l a r o que los redactores de estos Evangelios parecen ign o r a r que desde el punto de v i s t a estrictamente j u d í o , p a r a que hubiese blasfemia era preciso que el n o m b r e inefable de Dios h u b i e r a sido p r o n u n c i a d o (como asegura la M i s c h n a , Sanh., V I I , 5), lo que entonces no h a b í a o c u r r i d o . Luego si Caifas r a s g ó sus vestiduras s e r í a aprovechando la o c a s i ó n p a r a tener pretexto de comprarse otras nuevas. P o r o t r a parte, ¿ h a b í a predicho el G a l i l e o de q u é m o d o i b a a m o r i r ? E x a m i n e m o s estas predicciones, pues, c o m o se ve, n a d a m á s fácil ni grato, s i n duda, a los pseudoevangelistas que d a r gato p o r liebre. En Juan ( X I I , 32, 33) se lee: «Y yo, si fuese levantado de la t i e r r a , a t r a e r é todos a mí.» El sentido de la frase, aunque aparentemente oscuro, es c l a r o . Quiere decir: Caso de que m u e r a todos c r e e r á n en m í . Lo que no e s t á c l a r o es de q u é muerte. Pues si cierto que a los que c r u c i f i c a b a n empezaban p o r sujetarlos a la cruz puesta é s t a en t i e r r a , o r a con cuerdas, ya mediante clavos, y que luego levantaban c r u z y crucificado («si fuese levantado de la t i e r r a » ) , t a m b i é n es evidente que p a r a ahorcar a alguien, se le cuelgue de donde se le cuelgue, lo p r i m e r o es levantarle d e l suelo. De m o d o que en J u a n no sacamos nada en l i m p i o . I n ú t i l a d v e r t i r u n a vez m á s a l lector que estamos tratando de a d i v i n a r no t o m a n d o c o m o base realidades, sino relatos s i n g a r a n t í a v e r d a d e r a alguna, puesto que lo de la revelación b i e n vemos y hemos visto que no pasa de u n a atrevida b r o m a , de leyendas puestas unas a c o n t i n u a c i ó n de otras. Y que salvo p a r a la fe, s ó l o esto representan: leyendas y m á s leyendas. D i c h o esto sigamos animosamente y veamos lo que dicen los s i n ó p t i c o s sobre lo que nos ocupa en este momento. Lucas, el m á s afín a M a r c i ó n (un Evangelio es casi copia del otro), autor probable, c o m o ya he dicho, del p r i m e r o de estos l i b r o s , h a b l a de dos predicciones de J e s ú s a p r o p ó sito de su muerte. Marcos y Mateo, m á s generosos en esto, c i t a n tres, c o m o veremos inmediatamente. E n l a p r i m e ra ( I X , 44), se lee: « E s t a d atentos a lo que voy a deciros: el H i j o del h o m b r e ha de ser entregado en poder de los h o m b r e s . » E n l a segunda ( X V I I I , 31-33): « M i r a d , subiremos
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a J e r u s a l é n y se c u m p l i r á n todas las cosas escritas p o r los profetas sobre el H i j o del h o m b r e , que s e r á entregado a los gentiles, y escarnecido e insultado, y escupido, y d e s p u é s de haberle azotado, l e q u i t a r á n l a vida.» D e l a p r i m e r a predicc i ó n i m p o s i b l e sacar consecuencia alguna; pero a juzgar p o r la segunda, parece que s e r á n los gentiles (los romanos) quienes, tras ultrajarle, escupirle y d e m á s , le q u i t a r á n la v i d a . Pero ¿ q u i é n le e n t r e g a r á a los gentiles? P a r a saber algo de esto hay que a c u d i r a Marcos y a Mateo. A c u d a m o s a M a r c o s . En él, c o m o acabo de decir, tres predicciones. E n l a p r i m e r a ( V I I I , 31) leemos: « E m p e z ó a e n s e ñ a r l e s c ó m o era preciso que e l H i j o del h o m b r e padeciese m u c h o y que fuese rechazado p o r los ancianos, los p r í n c i p e s de los sacerdotes y los escribas, que le c o n d e n a r í a n a muerte y le e n t r e g a r í a n a los gentiles, que se b u r l a r í a n de E l , le e s c u p i r í a n , le a z o t a r í a n y le d a r í a n m u e r t e . » En la segund a ( I X , 31): « E l H i j o del h o m b r e s e r á entregado e n manos de los hombres y le d a r á n m u e r t e . » En la tercera ( X , 33): « S u b i r e m o s a J e r u s a l é n ' y el H i j o del hombre s e r á entregado a los p r í n c i p e s de los sacerdotes y a los escribas, que le c o n d e n a r á n a muerte y le e n t r e g a r á n a los gentiles, quienes se b u r l a r á n de E l , le e s c u p i r á n , le a z o t a r á n y le d a r á n m u e r t e . » Luego en Marcos parece evidente que quienes le condenan a muerte s e r á n los j u d í o s , y quienes e j e c u t a r á n la sentencia, los romanos. V e a m o s q u é ocurre en Mateo. E n é s t e , otras tres predicciones. E n l a p r i m e r a ( X V I , 21): « D e s d e entonces c o m e n z ó J e s ú s a manifestar a sus discípulos que t e n í a que ir a J e r u s a l é n p a r a s u f r i r m u c h o de parte de los ancianos, de los p r í n c i p e s de los sacerdotes y de los escribas, y a ser m u e r t o . » En la segunda ( X V I I , 32): « E l H i j o del h o m b r e tiene que ser entregado en m a n o de los hombres, que le m a t a r á n . » En la tercera ( X X , 18, 19): « M i r a d , subiremos a J e r u s a l é n y el H i j o del hombre s e r á entregado a los p r í n c i p e s de los sacerdotes, a los ancianos y a los escribas, que le c o n d e n a r á n a muerte y le entregar á n a los gentiles p a r a que le escarnezcan, le azoten y le c r u c i f i q u e n . » En Mateo, pues, que c o p i a en esto a Marcos, la cosa e s t á t a m b i é n c l a r a : son los p r í n c i p e s de los sacer-
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dotes, los ancianos y los escribas, es decir, el S a n e d r í n j u d í o , los que c o n d e n a r á n a muerte a J e s ú s , e n t r e g á n d o l e luego a los gentiles p a r a que é s t o s c u m p l a n la sentencia. ¿ P o r q u é n o l a c u m p l e n ellos? ¿ Ac a s o n o p o d í a n hacerlo? S í , poder, sí p o d í a n ; pero de hacerlo h u b i e r a n tenido que lapidarle, y c o m o lo que c o n v e n í a era ofrecer a J e s ú s como ejemplo de h u m i l d a d total (447), p o r ello hacerle m o r i r en u n a cruz, s u p l i c i o infamante reservado a los esclavos y a los forajidos y que s ó l o era empleado p o r los romanos. S i n contar que h a c i é n d o l e m o r i r en u n a cruz, la Iglesia naciente, que h a b í a decidido seguir a Pablo, aceptaba el medio con que é s t e le h a b í a hecho m o r i r , m e d i o que t a m b i é n hab í a aceptado M a r c i ó n . A h o r a bien, que e l S a n e d r í n h u b i e r a p o d i d o n o s ó l o condenarle, sino ejecutarle, esto parece evidente, pues de haber tenido s ó l o los romanos derecho a juzgar y ejecutar, ¿ c ó m o p o d r í a m o s leer en Mateo ( X , 17), con m o t i v o de las instrucciones de J e s ú s a los Doce: « G u a r d a o s de los hombres, porque os e n t r e g a r á n a los Sanedrines y en sus sinagogas os a z o t a r á n » ? ¿ Y c ó m o s i n o Esteban, c o m o vemos e n los Hechos, tras un j u i c i o en f o r m a es l a p i d a d o s i n que intervenga el p r o c u r a d o r romano? Que esta l a p i d a c i ó n ocurriese o no, pues, c o m o v i m o s al tratar de esta c u e s t i ó n , no pasa de una f a n t a s í a m á s en l i b r o tan lleno de ellas, no desmiente la p o s i b i l i d a d de hacerlo. ¿Y c ó m o , a no ser p o r miedo a que fuera ejecutado t a m b i é n p o r las autoridades religiosas j u d í a s , h u b i e r a Pablo invocado su c u a l i d a d de ciudadano romano, con objeto de escapar a la venganza de a q u é llas? ¿ S e quiere a ú n otra prueba de que la blasfemia y todos los delitos contra la L e y de M o i s é s y, en u n a palabra, todos los relacionados con la r e l i g i ó n , r e l i g i ó n que, p o r supuesto, tan s i n cuidado t e n í a a los romanos, eran de la j u r i s d i c c i ó n del S a n e d r í n ? Pues escuchemos a P a b l o cuando en los Hechos ( X X I I , 4, 5) confiesa no sólo que p o r orden del sumo sacerdote y d e l colegio de los ancianos h a b í a perseguido a muerte, encarcelado y encadenado a los partidarios de l a nueva doctrina, sino que d e ellos h a b í a r e c i b i d o « c a r t a s p a r a los hermanos de Damasco, adonde f u e — s e g ú n dice
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textualmente—para traer encadenados a J e r u s a l é n a los que allí h a b í a , a f i n de c a s t i g a r l e s » . Es decir, que no s ó l o en Judea, sino, por lo que se puede colegir, en todas partes, les t e n í a s i n cuidado a los romanos que los j u d í o s fuesen perseguidos por los que entre ellos t e n í a n potestad en supuestos delitos relacionados con la r e l i g i ó n . Así, en los Hechos m i s m o s ( X V I I I , 12-15) podemos leer otro caso fehaciente p o r si alguien tuviese a ú n dudas sobre esta c u e s t i ó n : « S i e n d o G a l i ó n p r o c ó n s u l de A c a y a , se levant a r o n a u n a los j u d í o s contra P a b l o y le condujeron ante el t r i b u n a l diciendo: ' E s t e persuade a los hombres a d a r culto a D i o s de un m o d o c o n t r a r i o a la ley.' D i s p o n í a s e P a b l o a hablar, cuando G a l i ó n dijo a los j u d í o s : ' S i se t r a t a de alguna injusticia o de a l g ú n c r i m e n , ¡oh j u d í o s ! , r a z ó n s e r í a que os escuchase; pero t r a t á n d o s e de cuestiones de d o c t r i n a , de nombres y de vuestra ley, a l l á vosotros e s t i m a r l o ; yo no quiero ser juez en tales cosas.' Y los e c h ó de su t r i b u n a l . » D e s p u é s de esto, ¿ c ó m o no ver c o m o u n a falta a la verdad, es decir, como u n a a f i r m a c i ó n s i n fundamento destinada a ajusfar las cosas a lo que se p r e t e n d í a obtener, a f i r m a r , c o m o lo h i c i e r o n los redactores de los Evangelios, y luego todos los autores cristianos, haciendo de P i l a t o un h o m b r e d é b i l , irresoluto, i n c l i n a d o h a c i a la clemencia y capaz p o r miedo de condenar a muerte, s ó l o porque u n a t u r b a de j u d í o s se lo pidiesen a gritos, a J e s ú s , al que c r e í a inocente, cuando sabemos p o r Herodes A g r i p a , que le c o n o c i ó personalmente, p o r F i l ó n y p o r Josefo que era, p o r el contrario, duro, tenaz, sanguinario a sangre fría, y que t e n í a t a l odio a los j u d í o s que no buscaba sino el medio de exasperarlos con objeto de tener pretexto p a r a r e p r i m i r implacablemente las revueltas que m o t i v a b a n sus t i r a n í a s ? A causa de ello, el pueblo de J e r u s a l é n , m u y particularmente, s e n t í a h a c i a él tanto temor c o m o a v e r s i ó n . Y ¿ h u b i e r a n sido estos jerosolemitas los que c o n o c i é n d o l e y sabiendo de lo que e r a capaz hubiesen intentado hacerle c a m b i a r de o p i n i ó n respecto al Galileo? ¿A h o m b r e c o m o é l , que tras haber hecho degollar a q u i é n sabe c u á n t o s samaritanos c o m e t i ó a ú n
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tales excesos, que V i t e l i o , gobernador de S i r i a , le d e s t i t u y ó y le e n v i ó a R o m a , donde fue condenado a destierro? Naturalmente, al punto viene una pregunta a los labios: ¿ P o r q u é los Evangelios se h i c i e r o n eco de algo t a n opuesto, al referir que P i l a t o fue quien c o n d e n ó a J e s ú s a muerte, a lo que hubiese o c u r r i d o de haber sido cierto lo que se cuenta del Nazareno? Pues, c o m o tantas otras cosas, p o r p u r a conveniencia. Y si se quiere u n a respuesta m á s precisa, la d a r á el modo c o m o fueron escritos los Evangelios, y m e j o r a ú n su porqué: A saber, oponerse a aquello que no c o n v e n í a del de M a r c i ó n , que h a b í a iniciado, redactando el suyo, la m a r c h a a seguir en esta serie de escritos destinados a exponer el supuesto paso de J e s ú s p o r la T i e r r a , su d o c t r i n a y su muerte, con objeto de mostrarle c o m o un nuevo D i o s Soter, como un nuevo Salvador. S a l v a d o r j u d í o , s e g ú n Pablo, pero e n m o d o alguno j u d í o , s e g ú n M a r c i ó n , que en esto se s e p a r ó de su i n s p i r a d o r . E n efecto, c o m o sabemos, M a r c i ó n h a b í a hecho descender d e l C i e l o a J e s ú s adulto ya, pero s i n cuerpo c a r n a l y s ó l o con apariencia de hombre, « p u e s si hubiese llegado a ser verdaderamente hombre, h u b i e r a cesado de ser Dios». E s t a idea la h a b í a tomado M a r c i ó n de Pablo, en quien el autor del p r i m e r Evangelio h a b í a bebido el agua que a c t i v ó sus e x t r a v í o s m í s t i c o s , a s í como Pablo h a b í a llegado a los suyos a t r a v é s de I s a í a s (448), de ciertos S a l m o s y de los escritos a p o c a l í p t i c o s , y que, a juzgar por sus Epístolas, no a t r i b u í a a C r i s t o carne, sino un cuerpo celeste y u n a semejanza h u m a n a , p o r lo que se pueden juzgar c o m o interpolaciones posteriores ciertas cosas, tales como, p o r ejemplo, lo que h o y se lee en la Epístola a los Romanos (I, 3): « N a c i do de la descendencia de D a v i d s e g ú n la c a r n e » , o el «Nacido de m u j e r » (Epístola a los Gálatas, I V , 4). Así las cosas fue como se p l a n t e ó a la Iglesia naciente la c u e s t i ó n relativa al nuevo sistema de s a l v a c i ó n , a ú n confuso y no b i e n determinado, pero ya en m a r c h a ( p i é n s e s e en la c a r t a de P l i n i o y, sobre todo, que en cuestiones de creencia lo esencial es la fe, que tan favorable terreno encuentra siempre en la i g n o r a n c i a y sencillez de e s p í r i t u ) el grave
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p r o b l e m a de si interesaba o no rechazar al m i s m o tiempo que el Evangelio de M a r c i ó n su Apostolicen, es decir, las Epístolas de P a b l o . M a s , sin d u d a , convencidos de que esto ú l t i m o n o c o n v e n í a p o r haber e n P a b l o m u c h a s cosas u t i lizables, en p r i m e r lugar que J e s ú s muriese en la cruz rescatando c o n ello los pecados de los h o m b r e s (449), base, fuese P a b l o o q u i e n fuese el que tuvo esta idea el p r i m e r o , de la nueva creencia, precisamente p o r ser algo que no hab í a hecho ninguno de los dioses de todas las d e m á s religiones de s a l v a c i ó n , tan difundidas entonces. Y precisamente lo que p e r m i t í a , a la s o m b r a de hecho tan importante p a r a los que creyesen en é l , levantar o t r a del m i s m o tipo, pero de m á s enjundia religiosa y, sobre todo, tan apta p a r a ser explotada. ¡Ahí era n a d a el sacrificio voluntario de un D i o s por amor a los hombres! E l l o s u p o n í a poder c i m e n t a r la fe con el m e j o r de los cementos. A saber, l l a m a n d o a los sentimientos de los hombres, que, como ha seguido ocurriendo siglo tras siglo, se c o n m o v e r í a n e incluso algunos arder í a n e n amor m í s t i c o hacia e l « C o r d e r o divino», que h a b í a consentido en acabar p o r nosotros de muerte atroz en u n a cruz. El filón era tan p r o m e t e d o r y tan fácil de explotar con s ó l o dotar a J e s ú s de un cuerpo de carne, al objeto de que todo lo anterior pudiese tener la apariencia de r e a l i d a d , que no se d u d ó en declarar a M a r c i ó n hereje p o r haberse atrevido a asegurar que h a b í a bajado del C i e l o ya adulto y con s ó l o apariencia de h o m b r e ; en cuanto a Pablo, se i n t e r p o l a r o n h á b i l y prudentemente sus Epístolas (450), y adelante con la leyenda. L o s Evangelios a c a b a r í a n de redondearla dando a J e s ú s un nacimiento prodigioso y justificando su v i d a con el ú l t i m o y no menos a d m i r a b l e p r o d i g i o de su resurrección. Pero sigamos c o n la P a s i ó n . En lo que afecta a lo o c u r r i d o en casa de P i l a t o no hay m á s u n a n i m i d a d en los Evangelios que en lo relativo a la d e t e n c i ó n de J e s ú s en el huerto de ios Olivos y d e m á s hechos subsiguientes, preparatorios, p o r d e c i r l o a s í , a su cond u c c i ó n ante el p r o c u r a d o r romano. E l l o es n a t u r a l si nos tomamos la pena de considerar: p r i m e r o , que los redactores de estos l i b r o s no se p r o p u s i e r o n hacer un relato histó-
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rico, cosa que, p o r otra parte, les h u b i e r a sido i m p o s i b l e p o r falta de datos ciertos, sino dar cuerpo, al d á r s e l o al protagonista, a u n a leyenda llegada hasta ellos a t r a v é s de M a r c i ó n p r i n c i p a l m e n t e . C o m o el objeto de estas nuevas redacciones de la leyenda era, luego de m o d i f i c a d a la p r i m e r a c o m o convino, ofrecer datos c ó m o d o s p a r a s u divulgac i ó n , especialmente h a b l a d a ( p r e d i c a c i ó n y e n s e ñ a n z a o r a l directa), que convenia adaptar a los auditorios a que estaba destinada (gentes absolutamente modestas, ignaras y p o r lo m i s m o c a m p o a p r o p i a d o p a r a el desarrollo de la fe), por ello no s ó l o el c a r á c t e r f a n t á s t i c o de estos relatos (abundancia de milagros y prodigios), sino la p r o p i a falta de cont i n u i d a d que se observa en otras narraciones, que no obstante ser o b r a t a m b i é n d e l a f a n t a s í a , nacen y a c o n u n a base y c i e r t a u n i d a d , que el que las crea no tiene sino desa r r o l l a r e x p o n i é n d o l a s ordenadamente del m o d o m á s bello e interesante. H a y que tener en cuenta t a m b i é n aquel tejer y destejer de que h a b l a Celso, destinado a hacer de los relatos e v a n g é l i cos, a fuerza de retocarlos y enmendarlos, u n a r e l a c i ó n coherente. C o m o t a l c u a l i b a n siendo imaginados h a b í a entre ellos tan evidentes contradicciones, de a q u í que al quedar é s t a s en evidencia se apresurasen, o r a los propios criticados, o r a otros interesados en el m i s m o f i n , a enmendarlos u n a y o t r a vez. Y por ello que Celso dijese que los Evangelios eran continuamente reformados, y que los propios que los e s c r i b í a n , los arreglaban y m a n i p u l a b a n dos, tres y hasta cuatro veces seguidas. C o m o luego, p o r u n a parte, la necesid a d de dar a textos t a n a r b i t r a r i o s u n a a u t o r i d a d de la que estaban m u y necesitados o b l i g ó a declararlos canónicos y revelados y, p o r otra, esta d e c i s i ó n h u b o que t o m a r l a antes de ponerlos convenientemente de acuerdo p o r ver de atajar c o n ello los progresos d e l gnosticismo, de a q u í que se observe en ellos esta falta de u n a n i m i d a d en lo que relatan a prop ó s i t o del m i s m o tema, d i s p a r i d a d tan en mengua de la d i v i n a i n s p i r a c i ó n , a favor de la c u a l , a creer a la Iglesia, fueron escritos. C o m o el m a l era evidente, pero ya difícil de remediar a causa precisamente de la c a n o n i c i d a d , u n a
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vez adoptada, cuanto se pudo r e a l i z a r fue hacer desaparecer las versiones p r i m i t i v a s , que h u b i e r a n evidenciado su proceso de f o r m a c i ó n , es decir, c ó m o h a b í a sido preciso i r l o s ajustando a lo que sucesivamente se h a b í a advertido que c o n v e n í a que dijesen. En lo que ahora nos ocupa, se ve u n a vez m á s perfectamente este trabajo de e l a b o r a c i ó n y a d a p t a c i ó n , destinado a dejar los Evangelios c o m o c o n v e n í a que estuviesen. En esta o c a s i ó n hacer recaer exclusivamente la responsabilidad de la supuesta muerte de J e s ú s sobre los j u d í o s y l i b r a n d o de ella a P i l a t o . H a b i e n d o dejado el pueblo j u d í o de e x i s t i r c o m o n a c i ó n e i n c l u s o en franca h o s t i l i d a d c o n ellos al negarse a reconocer a J e s ú s c o m o M e s í a s y, en c a m b i o , interesando m u c h o no hacer la nueva d o c t r i n a odiosa a los romanos, c o n los que t e n í a n que c o n v i v i r , a causa de ello el i n t e r é s en que P i l a t o «se lavase las m a n o s » y en no cargar sobre él la muerte del Nazareno. Y a s í n a c i ó el calificativo de « d e i c i d a s » , que tanto dolor, tanto d a ñ o y tanta sangre ha costado durante siglos al pueblo israelita, y tanta infam i a y tanto c r i m e n ha a c u m u l a d o sobre los cristianos. Es m á s , c o n objeto d e r e m a c h a r b i e n a c u s a c i ó n t a n s i n fundamento en r e a l i d a d , los cuatro Evangelios, s i n e x c e p c i ó n , aceptan el novelesco episodio de B a r r a b á s , inventado p o r M a r c i ó n . Pero vamos p o r partes. En Marcos y Mateo, la comparecencia de J e s ú s ante el p r o c u r a d o r r o m a n o es la m á s semejante. En Marcos leemos ( X V , 1-20) que «en cuanto a m a n e c i ó celebraron consejo los p r í n c i p e s de los sacerdotes con los ancianos y los escrib a s » . Conviene tener en cuenta estos detalles porque a u n d á n d o l o s c o m o ciertos, que ya es dar, resulta absolutamente i m p o s i b l e , c o m o se va a ver, que J e s ú s muriese cuando se asegura que m u r i ó . Y u n a vez de acuerdo los del consejo, « a t a n d o a J e s ú s , le llevaron y entregaron a P i l a t o » . En Mateo poco m á s o menos i g u a l : « L l e g a d a l a m a ñ a n a , todos los p r í n c i p e s de los sacerdotes y los ancianos del pueblo tuv i e r o n consejo c o n t r a J e s ú s p a r a quitarle la v i d a , y atado l e llevaron a l p r o c u r a d o r Pilato.» E l p r o p ó s i t o d e que los que quiten la v i d a a J e s ú s sean los j u d í o s , se va precisando.
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Este detalle de M a t e o de « p a r a quitarle la v i d a » , se le h a b í a o l v i d a d o a M a r c o s . O a ú n no estaba b i e n d e c i d i d a esta c u e s t i ó n cuando el p r i m e r Evangelio fue redactado. Adem á s , como y a h e i n d i c a d o , e n M a t e o , m i e n t r a s J e s ú s e s cond u c i d o b i e n atado a P i l a t o , es referido algo de lo que, s i n duda, M a r c o s tampoco estaba enterado: el f i n desastroso de Judas ( X X V I I , 3-10). P o r supuesto, es detalle de poca i m p o r t a n c i a . M e n o s p a r a el pobre Judas, claro e s t á , y p a r a la i n t e g r i d a d de la revelación, que c a m b i a continuamente, c o m o se ve, de un Evangelio a o t r o . De m o d o que sigamos. Y u n a vez J e s ú s en presencia de P i l a t o (esto ya es un poco m á s sospechoso), é s t e le pregunta a b o c a de j a r r o , tanto en Marcos c o m o en Mateo: « ¿ E r e s tú el rey de los j u d í o s ? » Lo l ó g i c o parece que hubiese u n a p r i m e r a escena en que p r í n c i p e s y ancianos expusiesen a P i l a t o de lo que se tratab a . Es decir, lo que les t r a í a . Es m á s , que le explicasen p o r q u é t r a í a n atado a aquel h o m b r e . Pues d e otro m o d o , ¿ c ó m o se j u s t i f i c a aquella pregunta a q u e m a r o p a del p r o c u r a d o r r o m a n o ? P e r o i n ú t i l buscar l ó g i c a en los relatos e v a n g é l i cos, p o r q u e d e o t r o m o d o a q u í m i s m o h a b r í a que preguntarse si los procuradores r o m a n o s se levantaban al a l b a . S o b r e todo los d í a s que a causa de ser festivos estaban seguros de no tener que despachar asuntos ni a d m i n i s t r a tivos ni judiciales. Y si al ser despertado p o r el e s c á n d a l o que hay que suponer, i m a g i n a n d o la escena posible, que a r m a r í a n los f r e n é t i c o s que c o n d u c í a n a J e s ú s , no hubiese ordenado que los echasen de a l l í . En u n a p a l a b r a y p o n i é n donos e n l a posible r e a l i d a d : S i entre enterarse d e l o que o c u r r í a , renegar, d e c i d i r levantarse y hacerlo, no s e r í a n ya las diez de la m a ñ a n a cuando apareciese. Y m e d i a h o r a m á s tarde, cuando tras escuchar c o n m a l talante (no olvidemos el c a r á c t e r de P i l a t o y su s i m p a t í a h a c i a los j u d í o s ) a p r í n c i p e s y ancianos, no d i r i g i r í a a J e s ú s la pregunta anterior. Pero n o fantaseemos nosotros t a m b i é n . C o n t e n t é m o nos c o n v e r c ó m o lo hacen los evangelistas. De m o d o que sigamos s u n a r r a c i ó n . J e s ú s responde a P i l a t o : « T ú lo dices» (au AÉ-fets) L a respuesta e s a m b i g u a . L o m i s m o s e puede i n t e r p r e t a r
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en el sentido a f i r m a t i v o de «Así es», que en el negativo de « E s o eres tú el que lo d i c e s » . A juzgar p o r lo que sigue, pues tanto en M a r c o s c o m o en M a t e o vemos que sacerdotes y ancianos empiezan a acusar a J e s ú s , d i r í a s e que P i l a t o la interpreta en este ú l t i m o sentido. S i n contar, o no hay lógica, que J e s ú s , que siempre h a b í a p r o h i b i d o a sus d i s c í p u l o s que dijesen que era e l M e s í a s , i b a a asegurarlo E l e n aquel m o m e n t o . M a s como, p o r o t r a parte, s u m i s i ó n e r a m o r i r p o r nosotros, tal vez, a c o r d á n d o s e de ello, se dijese de p r o n to que lo mejor era acabar cuanto antes. Sobre todo si repuesto ya del m i e d o que le h a b í a sobrecogido en el huerto de los Olivos (todo esto carece en r e a l i d a d de sentido, pero no teniendo otros documentos que los Evangelios, fuerza es seguirlos, p r i n c i p a l m e n t e p a r a evidenciar esto: su falta de l ó g i c a y de sentido tantas veces), estaba dispuesto a todo. De m o d o que supongamos que h a b í a decidido decirle a P i lato lo que horas antes a Caifas, a saber: no tan s ó l o que era el rey de los j u d í o s , sino H i j o de Dios, y hasta lo de las nubes, caballero en las cuales pensaba volver. En todo caso, se l i m i t a r í a a pensarlo, pues cuanto sabemos es que al acab a r ancianos y p r í n c i p e s de vociferar c o n t r a E l , P i l a t o le p r e g u n t ó , en Marcos ( X V , 4): « ¿ N o respondes n a d a ? » Y en Mateo ( X X V I I , 12): « ¿ N o oyes lo que dicen c o n t r a ti?» Y al ver que J e s ú s n o a b r í a l a boca, « s e m a r a v i l l a b a sobremaner a » . No parece que fuese p a r a tanto, mas puesto que los Evangelios lo dicen, a c e p t é m o s l o . E inmediatamente lo de Barrabás. E n Marcos leemos ( X V , 6): « P o r las fiestas s o l í a s o l t á r seles u n preso, e l que p e d í a n . » E n Mateo ( X X V I I , 15): « E r a costumbre que el p r o c u r a d o r , c o n o c a s i ó n de la fiesta, diese a la m u c h e d u m b r e la l i b e r t a d de un preso, el que p i d i e r a n . » E s t e episodio, intercalado, evidentemente, p a r a alejar a ú n m á s de. P i l a t o la responsabilidad de la muerte de J e s ú s y puesto (probablemente inventado) p o r el p r o p i o M a r c i ó n , que o d i a b a profundamente todo l o j u d í o , a s í c o m o a d m i t i d o p o r los evangelistas cristianos, es tan sospechoso, que no hay medio de dejarle pasar sin hacer algunas observaciones. La p r i m e r a , que de esta costumbre (de la que t a m b i é n
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h a b l a Lucas [ X X I I I , 17], que dice, p o r su parte: « T e n í a que soltarles un preso p a r a la f i e s t a » , y Juan, que hace dec i r esto a l p r o p i o P i l a t o [ X V I I I , 39]: « H a y entre vosotros costumbre de que os suelte a uno en la P a s c u a » ) , que de esta c o s t u m b r e — d e c í a — n o hay l a menor m e n c i ó n entre los escritores j u d í o s . Ni en Josefo, tan enterado y m i n u c i o s o en todo lo relativo a su p a í s , ni entre los que e s c r i b i e r o n el Talmud y el Midrasch, no obstante ser, a p r o p ó s i t o de esta fiesta, enorme la l i t e r a t u r a a c u m u l a d a (451). S i n contar que, ¿ c ó m o a d m i t i r que un p r o c u r a d o r romano, y del temple de P i l a t o , tras no considerar a J e s ú s culpable y luego de decir, c o m o se lee en L u c a s , que tan de cerca sigue a M a r c i ó n , que s e r í a puesto en l i b e r t a d u n a vez castigado, aceptase tan s ó l o porque u n a p a r t i d a d e j u d í o s f r e n é t i c o s vociferasen, condenarle a muerte, es decir, tras u n a d e c i s i ó n absol u t o r i a dar otra opuesta? ¿ C ó m o creer que P i l a t o , que allí lo p o d í a todo, se i n t i m i d a s e de t a l m o d o ante los gritos de un p u ñ a d o de j u d í o s viejos, a los que odiaba tanto y tanto despreciaba, hasta el punto de volverse a t r á s tras haber dado u n a sentencia que consideraba justa? Tanto m á s cuanto que p o d í a haberles c o m p l a c i d o l i b e r t a n d o a B a r r a b á s , s i n p o r ello condenar a muerte a J e s ú s . T o t a l , que es evidente que se trata de un episodio imaginado, t r a í d o a escena p a r a d e m o s t r a r que no h a b í a sido P i l a t o el causante de la muerte de J e s ú s . A h o r a bien, el n o m b r e Barrabás, en realidad B a r - A b b a , que significa « H i j o del P a d r e » , ¿ n o parece enfocar la fabulita hacia otra c u e s t i ó n ? En efecto, si se tiene en cuenta que J e s ú s era por esencia el H i j o d e l Padre y que incluso uno de los Evangelios, el cuarto, se e s c r i b i ó tan s ó l o p a r a tratar de demostrarlo, es m á s , que no sólo era el H i j o de Dios, sino el m i s m o Dios, a causa de ser, c o m o a d m i t i ó y se i m p u s o a favor de un C o n c i l i o , consustancial con el Padre. H i j o ú n i c o de Dios y tan igual a E l , que tratar de d i s t i n g u i r l e d e l Padre en cuanto a esencia y sustancia l l e g ó a ser considerado c o m o h e r e j í a . El que e s c r i b i ó lo que luego achacaron a Juan, lo s e n t ó de un modo c a t e g ó r i c o ( X , 30): «Yo y el P a d r e somos u n a sola cosa.» «Yo estoy en el Padre, y el P a d r e en m í »
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( X I V , 11). «El que me ha visto, ha visto a mi P a d r e » ( X I V , 9). Si se tiene en cuenta todo esto nos e n c o n t r a m o s — d e c í a — de p r o n t o frente a dos ideas, c o n dos concepciones enteramente distintas, opuestas incluso, encarnadas en un par de personajes que aparecen s ú b i t a m e n t e relacionados en un momento p a r t i c u l a r m e n t e i m p o r t a n t e . U n o , J e s ú s , l l a m a d o el M e s í a s , y otro, J e s ú s , llamado H i j o de D i o s . Evidentemente, siendo esta idea de que D i o s tenga o pudiera tener u n H i j o e x t r a ñ a a l J u d a i s m o e incluso l a m á s t e r r i b l e de las blasfemias (luego en el I s l a m i s m o , c o m o se sabe, o c u r r i r í a lo m i s m o ) , s ó l o enunciarla, c o m o vemos en Marcos y en Mateo, saca de t a l m o d o de q u i c i o al sumo sacerdote, que desesperado rasga sus vestiduras (Marcos, X I V , 62; Mateo, X X V I , 64). E n Lucas no h a y desgarro de vestiduras, pero s í l a m i s m a a f i r m a c i ó n p o r parte d e J e s ú s de que es H i j o de D i o s ( X X I I , 70). Así las cosas surgen e s p o n t á n e a m e n t e dos dudas: ¿ P o r q u é los enfurecidos j u d í o s se encuentran de p r o n t o en s i t u a c i ó n de tener que d e c i d i r acerca de Ja v i d a de dos personajes, uno de los cuales se presenta c o m o H i j o de D i o s p o r creencia y afirm a c i ó n p r o p i a , y el otro, a causa de su n o m b r e , B a r - A b b a , H i j o del Padre? ¿Y p o r q u é , puestos a elegir, con objeto de salvar a uno de ellos y condenar al otro, entre un J e s ú s M e s í a s y un J e s ú s « H i j o del P a d r e » , a f i r m a c i ó n que les era tan odiosa, condenan al p r i m e r o , que parece que h u b i e r a n debido salvar, y l i b e r a n al segundo, no obstante u n a afirm a c i ó n u n i d a a su n o m b r e que tanto les repugnaba, a d e m á s de ser un revoltoso, un b a n d i d o y un asesino? (452). C i e r t o que en Marcos y en Mateo son atribuidas a J e s ú s ambas cosas: d á r s e l a s de M e s í a s y decirse H i j o de D i o s ; mas lo p r i m e r o , evidentemente, era p a r a tener un pretexto de presentarle c o m o sedicioso ante P i l a t o , puesto que ofrecerle como M e s í a s e q u i v a l í a a hacerlo c o m o presunto libertador de los j u d í o s del yugo romano. C o m o parece p r o b a r l o la p r i m e r a pregunta de P i l a t o : « ¿ E r e s tú el rey de los jud í o s ? » Porque de haberle presentado tan s ó l o c o m o presunto H i j o de D i o s , P i l a t o se h u b i e r a encogido de hombros, le h u b i e r a tomado p o r un loco y le h u b i e r a dicho, c o m o le
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o í m o s decir en Juan ( X V I I I , 31): « T o m a d l e vosotros y juzgadle s e g ú n vuestra ley.» De m o d o que nos encontramos ante un verdadero lío, que los c r í t i c o s se h a n esforzado p o r aclarar, unos imaginando las m á s variadas y curiosas h i p ó t e s i s y otros l i m i t á n d o s e a n o dar i m p o r t a n c i a a l episodio d e B a r r a b á s , c o n s i d e r á n d o le, c o m o hace L o i s y (Les livres du Nouveau Testament, Par í s , 1922, p á g . 275), una «ficción i n v e r o s í m i l » . A h o r a b i e n , entre aquellas h i p ó t e s i s hay u n a m u y curiosa de P.-L. Couc h o u d y R. S t a h l , que h a n expuesto en Jésus Barabbas (Premiers écrits du Christianisme, P a r í s , Rieder, 1930), la cual voy a r e s u m i r brevemente. La idea de J e s ú s H i j o del Padre, y la de J e s ú s M e s í a s de Israel—dicen—, e s t á n hoy tan bien amalgamadas, que nos es difícil reconocer no tan s ó l o que no tienen el m i s m o origen, sino que incluso p u d i e r a n llegar a ser a n t a g ó n i c a s . J e s ú s H i j o del Padre es una c o n c e p c i ó n c a r a c t e r í s i c a del cuarto Evangelio. S e g ú n ella, J e s ú s no es el H i j o de Dios en el sentido que la E s c r i t u r a lo dice de Israel o d e l M e s í a s de Israel, sino en un sentido que p a r a los j u d í o s era blasfem a t o r i o , puesto que i m p l i c a b a s u i d e n t i d a d c o n D i o s . E s decir, que s e g ú n esto, el cuarto Evangelio en su f o r m a p r i m i t i v a , es decir, antes de ser m a n i p u l a d o c o n objeto de ponerle a tono, en lo posible, con los s i n ó p t i c o s p a r a poder declararle c a n ó n i c o , era de tendencia francamente marcionita, o sea, opuesto clara y enteramente al J u d a i s m o y al Antiguo Testamento. P o r ello, en vez de confundir al H i j o con el M e s í a s de Israel, declaraba, c o m o a ú n puede leerse, no tener nada que v e r con E l : «Dios no ha enviado a su H i j o al M u n d o p a r a que juzgue al M u n d o » ( I I I , 17), tarea p r o p i a d e l M e s í a s . E s m á s , niega e l J u i c i o f i n a l esperado p o r los Apocalipsis: « E l que cree en el H i j o no es juzgado, el que no cree ya e s t á j u z g a d o » ( I I I , 19). Y si el Hijo n a d a t e n í a de c o m ú n c o n el M e s í a s de Israel, el Padre tampoco con el D i o s de Israel, s e g ú n a f i r m a b a M a r c i ó n , que, c o m o sabemos, consideraba a Y a h v é c o m o u n s i m p l e demiurgo. Y , por a ñ a d i d u r a , malo. C o m o su M u n d o . P o r ello, que en Juan se diga a los j u d í o s ( V I I , 28): « V o s o t r o s nó c o n o c é i s
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al que me ha e n v i a d o . » A é s t e , al verdadero D i o s : « N a d i e le v i o j a m á s » (I, 18). C o n lo que todas las t e o f a n í a s d e l Antiguo Testamento falsas, i n ú t i l e s , p o r tierra. Y lo m i s m o las pintorescas y supuestas ascensiones al Cielo de personajes terrestres: E l i a s y d e m á s . Pues como se dice a s i m i s m o en este Evangelio: « N a d i e sube al C i e l o , sino el que b a j ó d e l Cielo.» Es m á s , los profetas de Israel pierden en J u a n todo su valor, puesto que leemos ( X , 8): « T o d o s cuantos h a n venido (antes que yo, d e c í a J e s ú s ) eran ladrones y salteadores.» E s t e c a r á c t e r violentamente antijudaico ( m a r c i o n i t a puro) d e l cuarto Evangelio fue d i s i m u l a d o un poco luego gracias a las glosas e interpolaciones de la segunda v e r s i ó n . Glosas e interpolaciones tan evidentes que, c o m o ya he dicho, fuer o n expuestas de m o d o que no daba lugar a o p o s i c i ó n razonable p o r parte de S c h w a r t z , Wellhaussen, L o i s y y Delafosse p r i n c i p a l m e n t e . E s t o dicho s e comprende l a f o r m a c i ó n , e n un p r i n c i p i o , de dos p a r t i d o s : el de los que c r e í a n y esperaban siempre la llegada del M e s í a s de Israel, que libertar í a al pueblo j u d í o de la f é r u l a r o m a n a , y el de los que, en cambio, esperaban l a llegada d e l J e s ú s considerado c o m o H i j o de Dios, cuya m i s i ó n era salvar no a los j u d í o s , sino a todos los nombres, r e d i m i é n d o l o s c o n su muerte. Y fue, s e g ú n C o u c h o u d y Stahl, por odio hacia é s t o s por lo que a q u é l l o s r i d i c u l i z a r o n hasta s u n o m b r e e n l a f o r m a aramea inventando lo de B a r - A b b a , es decir, a aquel H i j o del Padre que trataba a los profetas d e l Antiguo Testamento de bandoleros, haciendo que él fuese, a su vez, un b a n d i d o y un c r i m i n a l . Luego la c u e s t i ó n se l i m i t ó a ver a q u i é n h a b í a que crucificar, si al M e s í a s de Israel, al que h a b í a n anunciado los profetas, o al H i j o d e l Padre. L o s s i n ó p t i c o s se a p l i c a r o n a demostrar que el c r u c i f i c a d o fue el M e s í a s de Israel, el que h a b í a aspirado a rey de los j u d í o s , c o m o le dice Pilato. M i e n t r a s que J e s ú s Bar-Abba, el J e s ú s « H i j o del P a d r e » , h a b í a sido libertado de acuerdo con ciertas afirmaciones g n ó s t i c a s ( B a s í l i d e s y otros), que s o s t e n í a n que en vez d e J e s ú s quien h a b í a perecido e n l a cruz era S i m ó n d e K i r e n e . M á s tarde, c o m o acabo de decir, J e s ú s M e s í a s y Je-
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sus H i j o del Padre se fundieron en uno solo. Pero la f á b u l a d e B a r r a b á s q u e d ó como u n copo f a n t á s t i c o m á s , a ñ a d i d o a la abundante b o l a que d í a tras d í a i b a creciendo (453). A c l a r a d o lo de B a r r a b á s , volvamos a los Evangelios. T o t a l , que en Marcos, a causa de los gritos de «¡Crucifícale!» lanzados p o r los j u d í o s , pidiendo a P i l a t o que libertase a B a r r a b á s y diese muerte a J e s ú s , el pretor entrega é s t e a sus soldados p a r a que le azoten y sacrifiquen. Y refiere c ó m o é s t o s «le vistieron una p ú r p u r a y le c i ñ e r o n una corona tejida de espinas, y comenzaron a saludarle: Salve, rey de los j u d í o s » , y a escupirle, a burlarse de El y a darle en la cabeza c o n u n a c a ñ a , que en Mateo le colocan entre las manos a guisa de cetro. En u n a palabra, a mofarse de J e s ú s uniendo a los malos tratos el sarcasmo. Y en Mateo poco m á s o menos lo m i s m o e i n c l u s o algunos detalles suplementarios de la cosecha de este redactor, entre ellos el famoso l a v a t o r i o de manos de P i l a t o « d e l a n t e de la m u c h e d u m b r e , diciendo: Yo soy inocente de esta s a n g r e » . S i ciertamente e l pseudo-Mateo n o s e p r o p o n í a inventando esta p a n t o m i m a sino i n s i s t i r sobre que P i l a t o era inocente de la muerte de J e s ú s y cargar la responsabilidad sobre los j u d í o s (lo que hace pensar que el detalle no apar e c e r í a en la p r i m e r a v e r s i ó n de este Evangelio, sino en alguna posterior y que luego p e r d u r ó ) , no menos cierto que tal vez j a m á s una a f i r m a c i ó n sin fundamento fue m á s infame y perniciosa, pues le h i z o culpable, c o m o instigador, de gran parte de los c r í m e n e s y atropellos que durante siglos se c o m e t e r í a n contra el pueblo j u d í o , ya que las embusteras palabras que puso en b o c a de la m u l t i t u d de j u d í o s allí presentes: «¡Caiga su sangre sobre nosotros y sobre nuestros h i j o s ! » , s i r v i e r o n de pretexto durante m u c h o t i e m p o p a r a que a q u í , a l l á y en todas partes bandas de cristianos, é s t a s sí, m o v i d a s no tan s ó l o p o r fanatismo c r i m i n a l , sino p o r las m á s inexcusables codicias, cayesen a sangre y fuego sobre los j u d í o s , sin otro pretexto en r e a l i d a d que robarles. Si J e s ú s , su l o c u r a m e s i á n i c a y su desastroso f i n , fue algo m á s , lo que es enteramente i m p r o b a b l e , que u n a leyenda, ¿ s e r í a c r e í b l e que unos soldados que no le c o n o c í a n y p a r a
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quienes, p o r consiguiente, no hubiese sido o t r a cosa que un pobre h o m b r e , no s ó l o indiferente, sino digno de c o m p a s i ó n tras haber visto a su jefe, P i l a t o , mostrarse repetidamente favorable a su inocencia, ellos, yendo m á s a l l á de lo que se les e x i g í a , se burlasen despiadadamente de un desdichado a quien s i n c u l p a aguardaba tan terrible castigo? (454). C r e a esto el que q u i e r a y p r e d í q u e l o q u i e n tenga i n t e r é s en apiadar y mover a c a r i d a d p a r a luego tender la mano. Pero cualquier h o m b r e i m p a r c i a l n o p o d r í a creer o t r a cosa, de haber tenido r e a l i d a d el caso, sino que antes de entregarle a los que le reclamaban p a r a que le crucificasen, los soldados del p r e t o r i o se l i m i t a r í a n a azotarle, o b l i g a c i ó n inexcusable a la c r u c i f i x i ó n , c o m o se lee tanto en Marcos como en Mateo: « D e s p u é s de haberle hecho a z o t a r . » Y esto, c o m o digo, porque el suplicio de la cruz i m p l i c a b a la p r e v i a f l a g e l a c i ó n , que era a p l i c a d a al reo ora mientras i b a c a m i n o del s u p l i c i o , b i e n cuando estaba a ú n e n l a p r i s i ó n . E n este caso, entre los romanos, se le ataba a un s o s t é n , c o l u m n a , pared, á r b o l o lo que fuese. E n t r e los j u d í o s , se le tumbaba c o n la cara contra el suelo (Deuteronomio, X X V , 2) y a s í eran aplicados los azotes, fueran o no seguidos de c r u c i f i x i ó n . E l n ú m e r o d e latigazos variaba. L o s j u d í o s s o l í a n a d m i n i s t r a r 39, c o m o el propio P a b l o atestigua en la 2. Epístola a los Corintios ( X I , 24): « C i n c o veces r e c i b í de los j u d í o s cuarenta azotes menos u n o . » Los romanos aplicaban cuantos q u e r í a n , s i n contar, a capricho del verdugo o del que p r e s i d í a el castigo. a
En cuanto al detalle de lavarse las manos, a t r i b u i d o a P i lato, la falsedad de él es a ú n m á s evidente, puesto que se le hace lavarse las manos c o m o p r u e b a de su p r o p ó s i t o de e x i m i r s e de responsabilidad a causa de la muerte de J e s ú s , cuando la v e r d a d es que los jueces s o l í a n lavarse las manos tras las condenas m á s justas p a r a significar c o n ello que n o h a b í a n vertido sangre inocente. P o r l o d e m á s , u n h o m b r e d e l c a r á c t e r de P i l a t o y tan seguro c o m o estaba de su fuerza, j a m á s se h u b i e r a dejado i m p o n e r u n a condena. Y menos injusta. Que a juzgar p o r lo que sabemos de él no p a r e c í a detenerle la i n i q u i d a d en los castigos puede tenerse
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p o r seguro; p e r o que j a m á s hubiese confesado p ú b l i c a m e n t e una i n i q u i d a d haciendo alarde p ú b l i c o d e ella, t a m b i é n . T o d o ello sin contar que u n a vez m á s , y ahora en t o r n o a esta c u e s t i ó n , cuanto se h i z o fue inventar un cuento i n s p i r á n d o s e en un relato del Antiguo Testamento. E s t a vez, cuando se hace decir a D a v i d (2 Samuel, I I I , 28): « I n o c e n t e soy yo p a r a siempre, yo y mi reino, delante de Y a h v é , de la sangre de A b n e r , h i j o de N e r . C a i g a su sangre sobre la cabeza de Joab y sobre toda la casa de su p a d r e . » P e r o estoy tomando demasiado en serio relatos c u y a p r o p i a d i v e r s i d a d es la m e j o r p r u e b a de que la falta de v e r d a d en su base h i z o que é s t a fuese sustituida p o r la f a n t a s í a de cada redactor. V e á m o s l o a ú n en Lucas y en Juan. En Lucas, lo o c u r r i d o u n a vez J e s ú s en casa de P i l a t o , no empieza, c o m o en Marcos se supone o c u r r i d o y en Mateo, c o n el escopetazo de P i l a t o preguntando a J e s ú s s i n m á s ni m á s si es el rey de los j u d í o s . S i n o que comprendiendo, sin duda, que esto no e r a l ó g i c o hace que los que le conducen empiecen a d e c i r al p r o c ó n s u l u n a serie de mentiras, c o m o v a m o s a ver, p e r o que, al menos, sirven p a r a prepar a r m e j o r l a escena: « H e m o s encontrado a é s t e p e r v i r t i e n do a nuestro pueblo ( p r i m e r a falsedad, pues le h a b í a n encontrado en el huerto de los O l i v o s turbado p o r la angust i a y el m i e d o ) ; p r o h i b e pagar t r i b u t o al C é s a r (falso tamb i é n : r e c u é r d e s e l a respuesta d e J e s ú s e n X X , 25: « D a d a l C é s a r lo que es del C é s a r , y a Dios lo que es de Dios»), y dice ser el M e s í a s rey (lo que t a m p o c o ha a f i r m a d o en este Evangelio al ser interrogado p o r Caifas). Tras estas verdades viene o t r a : enviar P i l a t o a Herodes a J e s ú s , acto que nada i n v i t a a creer. P r i m e r o , porque, ¿ q u é h u b i e r a justificado la presencia del tetrarca de G a l i l e a en J e r u s a l é n en aquel m o m e n t o ? ¿ L a supuesta afluencia de gente con mot i v o de la fiesta de P a s c u a y, consecuentemente, el t e m o r a posibles d e s ó r d e n e s y disturbios? Si a s í se estima, y es lo ú n i c o que parece i n v i t a r a hacerlo, a poco que se reflexione, se c o m p r e n d e r á que sobre no ser él el encargado de r e p r i m i r l o s , sino P i l a t o y sus cohortes, si t a l idea hubiese pasado p o r la cabeza de Herodes, la hubiese desechado al
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punto; es m á s , hubiese sido la que le h u b i e r a m o v i d o a no aparecer p o r a l l í c o n objeto de l i b r a r s e de molestias y preocupaciones que o t r o e r a el encargado de resolver. En cuanto a P i l a t o , ¿ c ó m o a d m i t i r , p o r su parte, que enviando J e s ú s a Herodes diese al pueblo de J e r u s a l é n ejemplo de un abandono de funciones semejante, abandono que hubiese significado s i n necesidad u n a evidente i n f e r i o r i d a d j u r i s d i c c i o n a l , i n f e r i o r i d a d tanto m á s i n a d m i s i b l e cuanto que el j u e z competente en todo delito era aquel bajo cuya j u r i s d i c c i ó n é s t e h a b í a sido cometido, y allí, en J e r u s a l é n , como e n t o d a G a l i l e a , n o h a b í a otro p r o c u r a d o r que é l n i autorid a d superior a la suya? D i s m i n u i r s e , pues, P i l a t o de su autor i d a d de juez hubiese sido no s ó l o ilegal, sino peligroso p a r a s u prestigio. E n u n a palabra, absurdo, c o m o l o e s e l episod i o todo. Es m á s , en lo que a H e r o d e s afecta, ¿ h u b i e s e juzgado el caso, de haber o c u r r i d o , de buenas a p r i m e r a s , s i n estar en antecedentes y en u n a c i u d a d en la que no t e n í a j u r i s d i c c i ó n ? No vale, pues, la pena tener en cuenta este episodio. Es uno de los muchos c o n que la f a n t a s í a del pseudo-Lucas se complace en b o r d a r a su c a p r i c h o el manto, en un p r i n c i p i o modesto, empleado p o r M a r c o s c o n objeto de dar relieve a la figura que M a r c i ó n h a b í a sacado, a su vez, de entre las b r u m a s de u n a t r a d i c i ó n apenas naciente. Este episodio, pues, tiene el m i s m o v a l o r en cuanto a su p o s i b l e c r e d i b i l i d a d (no digo ya h i s t o r i c i d i d a d porque en cuanto a esto, c o m o sabemos, la e x é g e s i s c i e n t í f i c a ha probado que los relatos e v a n g é l i c o s nada tienen que ver c o n ella y sí tan s ó l o c a r á c t e r a p o l o g é t i c o y agiológico, que no es lo m i s m o ) que la f a n t a s í a , é s t a de Mateo, r e l a t i v a a hacer aparecer ( X X V I I , 19) a la mujer de P i l a t o . R e c o r d a r é el texto p a r a que lo c o m p r e n d a m o s m e j o r : « M i e n t r a s estaba sentado en el t r i b u n a l ( P i l a t o preguntando a los j u d í o s : '¿A q u i é n q u e r é i s que suelte: A B a r r a b á s o a J e s ú s , el l l a m a d o C r i s t o ? ' ) e n v i ó su m u j e r a decirle: ' N o te metas c o n ese justo, pues he p a d e c i d o m u c h o en s u e ñ o s p o r causa de El.'» A p r o p ó s i t o de este cuentecito, bueno t a n s ó l o p a r a hacer creer que P i l a t o no d o r m í a c o n su mujer, pues de otro modo> c o n m o v i d o y despertado p o r su t e r r i b l e pesadi-
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l i a , h u b i e r a tratado, digo yo, de t r a n q u i l i z a r l a ; a p r o p ó s i t o de este c u e n t e c i t o — d e c í a — h a b r í a que empezar p o r preguntarse: ¿ T e n í a s i q u i e r a P i l a t o m u j e r ? Y la respuesta l ó g i c a s e r í a : N a d a m á s i m p r o b a b l e , puesto que Josefo, que tantas veces se o c u p a de él, no hubiese dejado de encontrar u n a o c a s i ó n p a r a c i t a r l a . M u y especialmente s i era, c o m o sabemos p o r los a p ó c r i f o s , p r o s é l i t a j u d í a (6£OO£6T¡Q íouBaií^ouaa) A q u e l l o s a p ó c r i f o s que á v i d o s p o r referir lo que fuese, pues todo era poco p a r a la piadosa c u r i o s i d a d de los p r i m e r o s pobres d e e s p í r i t u , cayeron a l p u n t o sobre e l l a . A d e m á s , ¿ h u b i e r a tolerado u n h o m b r e d e s u c a r á c t e r que s u mujer, ni aun estando r e c i é n casados, en pleno ejercicio de u n a f u n c i ó n hiciese llegar hasta é l u n a m a j a d e r í a semejante? Se trata, pues, de u n a f a b u l i t a m á s . M a t e o , ú n i c o en refer i r l a , n o dice e n q u é c o n s i s t i ó e l e n s u e ñ o . Pero e l detalle era suficiente n o s ó l o p a r a poner e n a c t i v i d a d l a f a n t a s í a de los redactores de los Evangelios a p ó c r i f o s , f e c u n d í s i m a s ventosas p a r a cuanto p u d i e r a relacionarse m á s o menos directamente con J e s ú s , de quien tan poco les h a b í a n contado y tanto q u e r í a n ellos contar (de ellos fue, en efecto, hasta d a r n o m b r e a la de la t e r r i b l e p e s a d i l l a : C l a u d i a P r ó c u l a ) , sino a los Padres de la Iglesia y a los comentaristas cristianos ( a l l í se estaba, s i n duda, a q u i é n m e n t í a m á s ) , que se l a n z a r o n a disertar abundantemente t a m b i é n sobre tan peregrino e n s u e ñ o . Algunos de la talla de O r í g e n e s , san A m b r o s i o y san A g u s t í n , a quienes el pretendido desarreglo nervioso de u n a noche de la m u j e r de P i l a t o ( c a s é m o s l e p o r las buenas p a r a n o c o m p l i c a r m á s l a c u e s t i ó n ) puso d e t a l m o d o en m o v i m i e n t o , que incluso hasta Iglesias tales c o m o la griega y la e t í o p e acabaron p o r t r a n s f o r m a r a C l a u d i a P r ó c u l a , no obstante no haber existido probablemente jam á s , e n santa P r ó c u l a (455), haciendo c o n ello, u n a vez m á s , u n inapreciable don a l C i e l o . C i e r t o que si unos a t r i b u y e r o n el e n s u e ñ o de P r ó c u l a a Dios lo que les m o v i ó a concederle la santidad, otros se lo i m p u t a r o n al D i a b l o , asegurando é s t o s , p o r su parte, que e l p r o p ó s i t o del M a l o e n v i á n d o l e l a pesadilla, e r a i m p e d i r ,
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v a l i é n d o s e d e l a c o s t i l l a d e l p r o c u r a d o r r o m a n o , que J e s ú s m u r i e r a y que c o n ello la r e d e n c i ó n del g é n e r o h u m a n o no p u d i e r a c u m p l i r s e . P o r fortuna, tal p i c a r d í a no l l e g ó a hecho, gracias a lo c u a l , b i e n que no nos demos cuenta exacta, fuimos r e d i m i d o s . Y vamos c o n J u a n . E n é s t e , e l j u i c i o ante Pilato difiere t a m b i é n bastante d e c o m o es referido en los s i n ó p t i c o s . S ó l o es c o m ú n , como en é s t o s y c o n é s t o s , el p l a n general. Pero en J u a n , la insistenc i a de P i l a t o en salvar a J e s ú s es m u c h o m á s repetida, y ciertas respuestas del G a l i l e o son desconocidas de M a r c o s , M a t e o y L u c a s . O si las c o n o c í a n , pues, c o m o ya he i n d i cado, este Evangelio, en su p r i m i t i v a r e d a c c i ó n , de corte m a r c i o n i t a , seguramente fue anterior a los s i n ó p t i c o s , no les p a r e c i ó b i e n repetirlas. En lo que afecta a todas estas frases y detalles, y p a r a no alargar demasiado mi n a r r a c i ó n , r e m i t o al lector a los Evangelios m i s m o s . Me l i m i t a r é tan s ó l o a m a r c a r u n a de las afirmaciones d e l pseudo-Juan, a causa de estar en franca c o n t r a d i c c i ó n con los s i n ó p t i c o s . Y es la que sienta en X I X , 13 y siguientes, cuando refiere c ó m o P i l a t o a c a b ó por sentarse e n s u t r i b u n a l « a l r e d e d o r de la h o r a s e x t a » , c o n objeto de, al f i n , entregar a J e s ú s a los j u d í o s p a r a que le crucificasen. Es decir, que en J u a n , a la hora sexta, J e s ú s no ha sido condenado t o d a v í a y e s t á en poder de P i l a t o , mientras que en los s i n ó p t i c o s , ¿ q u é o c u r r í a a esta hora? ¡ P u e s que J e s ú s ya h a b í a entrado en la agonía! Comprobémoslo. Leemos en Marcos: « L l e g a d a la h o r a sexta ( J e s ú s e s t á en la cruz, s e g ú n este evangelista, desde la h o r a tercera) h u b o u n a g r a n o s c u r i d a d e n l a T i e r r a hasta l a h o r a d e n o n a . » E n Mateo ( X X V I I , 45), i g u a l : « D e s d e la h o r a sexta se extendier o n las tinieblas sobre la T i e r r a hasta la h o r a de n o n a . » Y en Lucas ( X X I I I , 44) o t r o tanto: « E r a ya c o m o la h o r a de sexta, y las tinieblas c u b r i e r o n toda la. T i e r r a hasta la h o r a de n o n a » (456). Pero vamos a t o m a r esta c u e s t i ó n de la muerte donde la hemos dejado. A saber, cuando P i l a t o consintiendo en libertar a B a r r a b á s , e n t r e g ó a J e s ú s p a r a que le crucificasen (457). En Marcos ( X V , 15) y en Mateo ( X X V I I , 26) vemos que P i -
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lato luego de complacer a los j u d í o s soltando a B a r r a b á s , hace que azoten a J e s ú s (458), tras lo cual le entrega p a r a que le c r u c i f i q u e n . L u c a s y Juan, en cambio, nada dicen de que fuese azotado. Al lector, pues, escoger lo que m á s le plazca p a r a imaginarse a su gusto c ó m o pudo ser lo que cuenta la leyenda. Y tras los azotes, y a s i m i s m o tan s ó l o en M a r c o s y en Mateo, vestirle de p ú r p u r a , ponerle en la cabeza u n a c o r o n a de espinas de m i l a g r o s a p r o l i f i c i d a d a juzgar p o r el n ú m e r o de é s t a s que h a n aparecido luego (en Mateo, de p r o p i n a , u n a c a ñ a en las manos a m o d o de cetro) y b u r l a r s e de E l . En Marcos ( X I V , 65) y en Mateo ( X X V I , 67, 68) ha h a b i d o ya o t r a escena de bofetadas, p u ñ e t a z o s en la cara, escarnio y b u r l a en el S a n e d r í n ; malos tratos ignorados t a m b i é n p o r Lucas y Juan. En c a m b i o , en Lucas, ú n i c o que, c o m o sabemos, hace c o n d u c i r a J e s ú s a casa de Herodes A n t i p a s , é s t e p o r m o f a le endosa « u n a vestidura b l a n c a » . Y albo y triste se lo devuelve a P i l a t o . No hagamos m u c h o caso de todas estas discrepancias y adelante. Donde la « v e r d a d » del relato i b a a depender de la fe de los que escuchasen o leyesen, l ó g i c o era que cada redactor o p r e d i c a d o r ofreciese e l pastel d e l m o d o que juzgase m á s apetitoso. P o r cierto, que en el S a n e d r í n a d e m á s de pegarle, le escupieron, y en Isaías (L, 6) leemos: « H e dado m i s espaldas a los que me h e r í a n , y m i s m e j i l l a s a los que me arrancaban la b a r b a . Y no e s c o n d í mi rostro ante las i n j u r i a s y los e s p u t o s . » En L I I I , 3, siempre en este m a g n í f i c o profeta: « D e s p r e c i a d o y abandonado de los hombres, v a r ó n de dolores y f a m i l i a r i z a do con el s u f r i m i e n t o . » Y en L I I I , 7, 8, 9: « M a l t r a t a d o , mas E l s e s o m e t i ó , etc.» Palabras y a citadas que encierran u n a s í n t e s i s completa de la P a s i ó n . C i e r t o que siendo esto tan evidente, se ha salido del paso asegurando que J e s ú s y cuanto le a c o n t e c i ó h a b í a sido p r e d i c h o p o r los profetas. P e r o t a m b i é n es cierto que muchos h a n pensado de un m o d o que p u d i e r a ser m á s razonable: que todo lo relativo a J e s ú s fue compuesto y a m a ñ a d o c o n los datos suministrados p o r esa abundante cantera que es el Antiguo Testamento. De m o d o que dejemos los azotes, las b u r l a s y los escarnios, acerca
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de los cuales no hay medio de poner de acuerdo a los evangelistas, y pasemos al desenlace. Y a estamos c a m i n o del C a l v a r i o , e n que c o n u n poco d e i m a g i n a c i ó n podemos ver a J e s ú s cargado no con esa pesada cruz, o b r a perfecta de e b a n i s t e r í a , c o n que pintores y escultores le h a n representado, sino c o n u n a simplemente de madera, cuyos ejemplares verdaderos t a l vez no fuesen tampoco m u y l i v i a n o s . Y al punto el episodio en Marcos, Mateo y Lucas de S i m ó n de Cirene o de K i r e n e , personajes que M a r c o s y L u c a s s a b í a n incluso que v e n í a del campo, y el p r i m e r o hasta que era padre de A l e j a n d r o y R u f o . ¿ C ó m o l l e g a r í a n a averiguar, t r a t á n d o s e de un personaje hasta entonces desconocido y que al punto se pierde, tan curiosos detalles? N u n c a lo sabremos. Pero, en f i n , que ello no nos preocupe demasiado. M á s interesante es ver de h a l l a r el origen de este personaje, desconocido de Juan, s i n duda a causa de que siendo su relato de la P a s i ó n anterior a los s i n ó p t i c o s , S i m ó n , el excelente e infortunado S i m ó n , no h a b í a sido a ú n inventado. D i g o infortunado, porque contra toda l ó g i c a y toda verosim i l i t u d tuvo que cargar con la cruz, que J e s ú s no p o d í a llevar. O, por lo menos (459), ayudarle a hacerlo. Y digo a s i m i s m o contra toda l ó g i c a y toda v e r o s i m i l i t u d , porque lo n a t u r a l parece que los soldados, en vez de echar m a n o de S i m ó n (que todo ello no sea sino u n a f á b u l a , no hace menos patente lo que en ella va c o n t r a el buen sentido), hubiesen m a n d a d o que ayudasen a J e s ú s a cualquiera de los verdugos a sueldo, encargados en estos casos de sujetar a los condenados en la cruz. M i e n t r a s que resulta i n e x p l i cable que obligasen a uno de los espectadores a apoyar el h o m b r o . M a s c o m o a cada paso se encuentran cosas inexplicables en los Evangelios, sigamos sin o l v i d a r que se trata de libros revelados. Sigamos, sí, mas tratemos de averiguar p o r q u é S i m ó n aparece de pronto, yendo a la fuente en que pudo nacer. Su presencia al paso de la caravana que i b a c a m i n o d e l C a l v a r i o , ¿ n o r e s p o n d e r á q u i z á , c o m o tantas otras cosas e n los Evangelios, a la « n e c e s i d a d » de que se cumpliese alguna
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de aquellas irables p r o f e c í a s p a r a aplicar las cuales hemos visto aparecer los 30 denarios de Judas, al joven que e s c a p ó en la escena del p r e n d i m i e n t o de J e s ú s dejando la s á b a n a que le c u b r í a en manos de los que intentaron sujetarle, el silencio de J e s ú s ante sus jueces, los dos ladrones, la d i s t r i b u c i ó n de los vestidos del Nazareno, las b u r l a s de que fue objeto, sus ú l t i m a s palabras, las tinieblas subsiguientes a su muerte y tantas otras cosas irables p a r a encam i n a r rectamente la fe y la d e v o c i ó n , a d m i r a b l e y prodigiosamente predichas? N o , esta vez el episodio no pertenece a la c a t e g o r í a de las p r o f e c í a s c u m p l i d a s (o de las p r o f e c í a s facilitadoras de datos p a r a u r d i r el m i t o ) , sino a una segunda m u y i m p o r tante t a m b i é n , s e ñ a l a d a c o n t o d a agudeza p o r L o i s y , cuyos relatos c o n t r i b u y e r o n tanto, p o r lo menos, c o m o los anteriores a a y u d a r a los redactores de los Evangelios a componer la P a s i ó n . M á s a ú n si se tiene en cuenta que esta segund a c a t e g o r í a d e pretendidos hechos n o t e n í a u n f i n simplemente justificativo, sino práctico. Y, p o r consiguiente, útil inmediatamente a la doctrina, que, c o m o se ve, a fuerza de p r é s t a m o s del Antiguo Testamento y f a n t a s í a s forjadas p o r los que de toda buena fe, esto por supuesto ( « N a d a hay i m p o s i b l e p a r a el que c r e e » y, c o m o es n a t u r a l , aplicar su fe p a r a engrandecer el p a n o r a m a de su creencia), i b a n formando el Nuevo (460). Así, este episodio que ahora nos ocupa pertenece, como, p o r ejemplo, la guarda de la t u m b a (imaginada para ver de probar de un modo material la r e s u r r e c c i ó n ) y todo lo que hemos v i s t o destinado a cargar sobre los j u d í o s el deicidio, a todo aquello que i b a encaminado a conseguir algo p r á c t i c o mediante u n a f i c c i ó n apolog é t i c a . Y ahora veamos el episodio m i s m o . ¿A q u é f i n p r á c tico responde lo relativo a S i m ó n de Cirene? ¿ P o r q u é los s i n ó p t i c o s l e hacen aparecer cuando J e s ú s v a c o n l a cruz a cuestas c a m i n o del C a l v a r i o ? Pues sencillamente p a r a oponerse y desmentir a B a s í l i d e s y a otros g n ó s t i c o s , que, c o m o y a sabemos, aseguraban que J e s ú s n o h a b í a m u e r t o en la cruz, y que en su lugar lo h a b í a hecho precisamente S i m ó n . C o m o esta a f i r m a c i ó n , r e p e t i d a p o r otros g n ó s t i c o s ,
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se h a b í a extendido p o r todas partes, y c o m o en su favor h a b í a u n a l ó g i c a i r r e b a t i b l e de acuerdo c o n los nuevos modos de enfocar el concepto D i v i n i d a d : a saber, la i m p o s i b i l i d a d p a r a un Dios de m o r i r , c o n objeto de oponerse a cosa tan grave, que amenazaba destruir por su base el m i t o de la e n c a r n a c i ó n de J e s ú s y de su muerte c o n el f i n de redim i r a los hombres, se p r e f i r i ó a d m i t i r la existencia de este personaje, pero s a c á n d o l e a escena t a n s ó l o p a r a que ayudase a J e s ú s a llevar la cruz, ya que é s t e no p o d í a hacerlo, agotado c o m o estaba a causa de los malos tratos de que h a b í a sido v í c t i m a . M a l o s tratos sobre los que L u c a s y J u a n no insisten, pero sí M a r c o s y M a t e o , p a r a que el papel de S i m ó n estuviese plenamente justificado. P o r Ireneo sabemos (Adv. Haer., I, 24, 4) que B a s í l i d e s , que v i v i ó e n A l e j a n d r í a e n l a p r i m e r a m i t a d del siglo n , es decir, cuando fueron redactados los Evangelios, empezando p o r el de M a r c i ó n , precisamente p a r a oponerse a é s t e y fijar la figura h u m a n a de C r i s t o , t a n t r a í d a y llevada p o r las leyendas en que i b a c r i s t a l i z a n d o poco a poco, pero tan i m p r e c i s a que n i cuerpo t e n í a a ú n ; que B a s í l i d e s , que vivió en A l e j a n d r í a — d e c í a — h a b í a escrito un Evangelio en que aseguraba: « J e s ú s n o h a sufrido p o r q u e u n t a l S i m ó n d e Cirene fue obligado a llevar p o r E l l a c r u z . Siendo é s t e e l que p o r ignorancia y e r r o r fue crucificado, luego de ser transfigurado p o r J e s ú s con objeto de que le tomasen p o r E l . E n cuanto a J e s ú s , t o m ó a s u vez l a f o r m a d e S i m ó n y a l l í de pie se b u r l ó de él.» Y, c o m o digo, p a r a c o m b a t i r esta idea, que de t r i u n f a r h u b i e r a echado p o r t i e r r a lo esenc i a l de lo a t r i b u i d o a Pablo, sostenido t a m b i é n p o r M a r c i ó n y luego p o r los Evangelios c a n ó n i c o s , es decir, p o r la Iglesia, a saber, la t e o r í a de la redención, gracias precisamente al sacrificio de J e s ú s , fue a d m i t i d o , c o m o acabo de decir, e incluso sacado a escena, el t a l S i m ó n de Cirene, c r e a c i ó n de la f a n t a s í a de B a s í l i d e s , en los s i n ó p t i c o s , con objeto, c o m o a s i m i s m o acabo de s e ñ a l a r , de que permaneciese intangible l a gran o b r a a t r i b u i d a a l R e d e n t o r h a c i é n d o l e m o r i r en la c r u z (461). Lo poco que sabemos de B a s í l i d e s ( ¿ h a r á falta decir que 13.
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su Evangelio, c o m o cuanto escribieron los d e m á s g n ó s t i c o s , fue cuidadosa e implacablemente perseguido con objeto de hacerlo desaparecer?) j u s t i f i c a que afirmase lo que afirmaba, puesto que u n a de sus ideas capitales era que todo sufrimiento, s i n e x c e p c i ó n , s u p o n í a un pecado anterior (Adv. Haer., I, 24, 4). Y, naturalmente, imaginando c o m o él imaginaba un J e s ú s sin pecado, forzoso era que le evitase los tormentos de la cruz y la cruz m i s m a . Pero, claro, s i n cruz no h a b í a r e d e n c i ó n , gran invento de P a b l o o de quien fuese. Y sin r e d e n c i ó n , novedad p a r t i c u l a r del C r i s t i a n i s m o , ú l t i m a de las religiones de s a l v a c i ó n , esta r e l i g i ó n , ¿ e n q u é se hub i e r a diferenciado esencialmente de las d e m á s d e l m i s m o t i p o tan en boga entonces? C o m o se puede suponer, dado el ambiente de a g i t a c i ó n religioso-espiritual que embargaba las desorientadas conciencias, la creencia de B a s í l i d e s no d e j ó de tener partidar i o s , y muchos, a s í c o m o de extenderse considerablemente, a causa de lo c u a l su d u r a c i ó n fue m u y larga. A fines del siglo iv esta creencia s e g u í a v i v a , como lo atestiguan los Hechos de Juan (462). Sea c o m o sea, con objeto de combatir esta creencia y ver de demostrar que cuanto S i m ó n h a b í a hecho fue ayudar a J e s ú s a l l e v a r la c r u z hasta el C a l v a r i o , p e r o que quien m u r i ó h a b í a sido é s t e , fue i n t r o d u c i d a s u figura en los Evangelios. Tras lo de S i m ó n de Cirene, que, c o m o he dicho, luego de su breve a p a r i c i ó n en los s i n ó p t i c o s pasa al reino de las sombras, de donde h a b í a salido, leemos en Marcos ( X V , 22, 23): «Le l l e v a r o n al l u g a r del G ó l g o t a (463), que quiere decir lugar de la calavera, y le dieron v i n o y m i r r a , pero no lo t o m ó . » Y en Mateo ( X X V I I , 23, 24): « L l e g a d o al sitio l l a m a d o G ó l g o t a , que quiere decir lugar de la calavera, diéronle a beber v i n o mezclado con hiél, mas en cuanto lo g u s t ó n o quiso b e b e r l o . » He a q u í una vez m á s u n a de esas famosas diferencias « d e detalle tan sólo», que dicen los ortodoxos, de los Evangelios. Detalle, en todo caso, que demuestra a ú n que los evangelistas no trataban de referir mediante sus relatos algo o c u r r i d o , sino una leyenda, que cada redactor, al darle
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f o r m a escrita, interpolaba y ajustaba c o m o mejor le parec í a . M i e n t r a s Marcos, a c e r c á n d o s e a lo m á s posible, pues era costumbre antigua dar a los que i b a n a m o r i r , m u y especialmente si la muerte, sobre tardar en llegar, lo h a r í a entre dolores y sufrimientos atroces, u n a b e b i d a fuertemente s o p o r í f e r a , p o r ejemplo, c o m o a q u í , una mezcla de vino y m i r r a , u o t r a sustancia a r o m á t i c o - n a r c ó t i c a , el pseudo M a r c o s , no ignorando este detalle, le a ñ a d e a su c r u c i f i x i ó n c o n objeto de hacer m á s real la escena. Pero Mateo, peor enterado t a l vez o q u i z á m á s preocupado de conmover haciendo apurar a su h é r o e hasta la hez el c á l i z de la amargura, sustituye la m i r r a por h i é l . E incluso hace que el Nazareno pruebe el brebaje. N a t u r a l m e n t e , é s t e lo rechaza. ¿ P o d í a esperarse o t r a cosa? S i n contar, p o r supuesto, que tanto un redactor c o m o o t r o fueron a buscar el tema al Antiguo Testamento. Y hallando cada uno u n a referencia distinta, inventaron el detalle. La fuente de i n s p i r a c i ó n fue esta vez, p a r a Marcos, el Proverbio X X X I , 6: « D a d licores fuertes al que p e r e c e . » En cuanto a Mateo, é s t e e c h ó m a n o del Salmo L X I X , 22, y s i n m i r a r m á s y seguro de hacerlo m u y bien, e s c r i b i ó l o que e s c r i b i ó tras haber l e í d o e n é s t e : « M e han dado c o m o alimento h i é l , y p a r a mi sed me dieron a beber v i n a g r e . » No tardaremos tampoco en v e r aparecer este vinagre. En lo que a Lucas y Juan afecta, en ellos no figura este episodio. H a n o l v i d a d o el « d e t a l l e » . O c r e y e r o n que no t e n í a i n t e r é s . O tal vez que era exagerado. En cambio, en Lucas, p a r t i c u l a r i d a d suya ignorada p o r los otros tres, i n mediatamente de lo de S i m ó n de C i r e n e refiere un episodio tan inocente c o m o i n v e r o s í m i l , contando que j u n t o a la j u d e r í a enfurecida, aquella j u d e r í a que h a b í a preferido, p a r a que muriese, J e s ú s a B a r r a b á s y que a ú n veremos ofender al Nazareno u n a vez c r u c i f i c a d o (demasiado sabemos de lo que es capaz el populacho ignorante y e n g a ñ a d o , pero es que esta vez el populacho era el de las aclamaciones, las palmas y los hosannas de c i n c o d í a s antes); que c o n la juder í a e n f u r e c i d a — d e c í a — s e g u í a a l Nazareno « u n a gran m u c h e d u m b r e del pueblo y mujeres que se h e r í a n y lamentaban
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p o r El.» (¿Y no se pegaban los furiosos y los clementes?) Y de propina, J e s ú s , o l v i d á n d o s e de sus sufrimientos y m i serias, les echa un d i s c u r s i t o y todo. ¡Ay, Lucas, L u c a s ! S i n contar ( ¡ e s t a s distracciones e v a n g é l i c a s ! ) que las palabras que L u c a s pone en b o c a de J e s ú s (Lucas, X X I I I , 28-31), guardadas y recordadas c o n f i d e l i d a d prodigiosa, s i n duda, p o r uno de los apenados que s e g u í a n al Redentor, e s t á n en cont r a d i c c i ó n c o n la idea de que sean los j u d í o s los responsables de la muerte del H i j o de Dios, pues a q u í los inculpados de e l l a son los romanos. F i e l ahora a este p r o p ó s i t o , L u c a s i g n o r a los ú l t i m o s ultrajes dirigidos a J e s ú s una vez crucificado. ¿ E n q u é quedamos? Pues quedamos, no hay otro remedio, en que este r e l a t a r al gusto de cada uno un hecho puramente legendario y conocido p o r referencias imprecisas y ya cien veces alteradas a causa d e l p r o p i o proceso de form a c i ó n , esto, el capricho y m o d o de contar de cada uno de los que lo h i c i e r o n , fue la verdadera n o r m a de estos relatos. M o d i f i c a r l o s una, dos, tres y m á s veces, c o m o d e c í a Celso. Inmediatamente nos dicen que fue crucificado, y con El « d o s bandidos, que c o l o c a r o n uno a su derecha y o t r o a su i z q u i e r d a » . Que los que le h a b í a n puesto en la c r u z «se r e p a r t i e r o n sus vestidos echando a suertes sobre ellos p a r a ver lo que se llevaba cada u n o » . Que « s o b r e su cabeza pusier o n escrita su causa, y que los que pasaban empezaron a esc a r n e c e r l e » . Y que, finalmente, m u r i ó . E l detalle d e los bandidos c o m p a ñ e r o s d e J e s ú s e n tan doloroso trance trae a la m e m o r i a , en p r i m e r lugar, lo que se lee en el Génesis (40) cuando J o s é , p r e f i g u r a c i ó n de J e s ú s en el Antiguo Testamento, es encerrado con el repostero y el copero del F a r a ó n , a causa de haber sido t a m b i é n cal u m n i a d o . J o s é , a causa de su castidad. Y t a m b i é n hace pensar en Isaías ( L I I I , 12), donde se lee: « P o r haberse entregado a la muerte y haber sido contado entre los malhec h o r e s . » Sobre los malhechores, M a r c o s , M a t e o y J u a n no d a n m á s detalles, pero Lucas sí. P o r é s t e n o s ó l o sabemos que J e s ú s , sobre no ofenderse p o r aquel nuevo i n s u l t o de igualarle a dos ladrones, E l , que cuanto h a b í a hecho en de-
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t r i m e n t o de lo ajeno fue requisar el b u r r o sobre el c u a l e n t r ó en J e r u s a l é n , a ú n s u p l i c ó a su P a d r e que no lo tuviese en cuenta: « P a d r e , p e r d ó n a l e s porque no saben lo que se h a c e n » ( X X I I , 34) (464). Y al punto nos hace saber o t r o detalle conmovedor: Que si b i e n los dos eran igualmente robadores, bandidos y ladrones, uno de ellos, m á s avisado en cuanto a santidad ajena y que b i e n que incapaz hasta entonces de v i r t u d , sí de reconocerla, se d i o cuenta al punto de lo que era J e s ú s . Y mientras uno, m á s protervo, insulta al Redentor y le dice: « ¿ N o eres tú el M e s í a s ? S á l v a t e , pues, a ti m i s m o y a n o s o t r o s » , el otro, tomando la palabra, le r e p r e n d í a diciendo: «¿Ni t ú , que e s t á s sufriendo el m i s m o suplicio, temes a Dios?» Y a ñ a d i ó , reconociendo noblemente sus faltas: « E n nosotros se c u m p l e la j u s t i c i a , pues recib i m o s el digno castigo de nuestras obras; pero é s t e nada malo ha hecho.» A d m i r a b l e y p r o d i g i o s a i n t u i c i ó n la de aquel Candelas j u d í o , que seguramente encarcelado h a c í a m u c h o tiempo y , p o r consiguiente, s i n haber visto n i o í d o hablar j a m á s de J e s ú s , de t a l m o d o c o n o c i ó de pronto ¡ h a s t a su d i v i n i dad! Y seguidamente, adivinando incluso a favor de sublim e i n s p i r a c i ó n e l n o m b r e del Redentor, a ñ a d i ó : « J e s ú s , a c u é r d a t e de mí cuando e s t é s en tu R e i n o » (465). A lo que J e s ú s , seguramente enternecido, r e s p o n d i ó : « E n verdad te digo, que hoy s e r á s conmigo en el p a r a í s o . » Todo esto puede, claro, no ser verdad, pues cuesta trabajo a d m i t i r que en medio de los atroces sufrimientos de la c r u c i f i x i ó n tuviesen á n i m o s p a r a decirse cosas tan interesantes e i n c l u s o difíciles de realizar, si consideramos que J e s ú s promete a l buen l a d r ó n que aquel m i s m o d í a s e r í a con E l e n e l p a r a í s o , sabiendo como s a b í a que s e p a s a r í a tres d í a s p a s e á n d o s e p o r el Infierno; pero de todas maneras es encantador, s i t u a c i ó n dolorosa aparte. A d e m á s , leyendo estas cosas en Lucas ( X X I I I , 39 a 43), no se sabe q u é a d m i r a r m á s , s i l a m e m o r i a del c e n t u r i ó n que estaba allí, pues no h a y duda que él oyó lo anterior, lo retuvo s i n olv i d a r palabra y luego se lo r e f i r i ó al que, a su vez, se lo c o n t ó a Lucas, c e n t u r i ó n , excelente persona t a m b i é n , a quien
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al m o m e n t o le o í m o s decir ( v e r s í c u l o 47), al ver expirar a J e s ú s : « V e r d a d e r a m e n t e , este h o m b r e era j u s t o » ; no se sabe q u é a d m i r a r m á s — d e c í a — , si su feliz m e m o r i a o la p r o d i g i o s a i n s e n s i b i l i d a d de los cacos, que indiferentes a sus atroces dolores, a los calambres, a los terribles espasmos de sus m i e m b r o s atarazados y a todos sus sufrimientos y alteraciones, tanto musculares c o m o c i r c u l a t o r i a s y resp i r a t o r i a s , olvidasen todo, incluso la incomparable angustia de u n a inevitable muerte p r ó x i m a , p a r a echar de c r u z a cruz un p a r r a f i t o c o n J e s ú s . Demos, pues, gracias a Lucas p o r detalles tan v e r o s í m i l e s e interesantes. En cuanto al reparto de los vestidos del crucificado sub l i m e , realizado p o r sus verdugos (ya sabemos que los condenados al h o r r i b l e s u p l i c i o eran, con p e r d ó n de S a n t a B r í gida, clavados o atados desnudos a la cruz), é s t o s no hicier o n sino poner en p r á c t i c a algo que se s o l í a efectuar en tales circunstancias, y que i n c l u s o l l e g ó a a d q u i r i r c a r á c t e r legal, p o r decirlo a s í , a p a r t i r del tiempo de A d r i a n o (Digesto, I I I , 20, 6). P e r o a Marcos, a quien c o p i a r o n Mateo y Lucas, pues dicen poco m á s o menos lo m i s m o que él, le b a s t ó con t o m a r el detalle de Juan, b i e n que m á s sobriamente, ya que é s t e dice a p r o p ó s i t o de ello lo siguiente ( X I X , 23): «Los soldados, una vez que h u b i e r o n crucificado a J e s ú s , tomar o n sus vestidos haciendo cuatro partes, u n a p a r a cada soldado, y la t ú n i c a . » La t ú n i c a era sin costura, tejida toda desde a r r i b a . D i j é r o n s e , pues, unos a otros: « N o la rasguemos, sino echemos suertes sobre e l l a p a r a ver a q u i é n le t o c a » , a f i n de que se cumpliese la E s c r i t u r a : « D i v i d i é r o n s e m i s vestidos y sobre mi t ú n i c a echaron s u e r t e s . » E s t o se lee, b i e n que J u a n no lo diga, en e l Salmo X X I I , 15 (466). En lo que se refiere al escrito que fue puesto sobre la cabeza de J e s ú s con objeto de que se supiese p o r q u é h a b í a sido crucificado, como, a creer a los evangelistas, no se trataba sino de acusarle burlescamente de haber s o ñ a d o con llegar a ser rey de los j u d í o s , los cuatro c a n ó n i c o s c o i n c i d e n c o n leves diferencias. Marcos dice ( X V , 26): « E l t í t u l o de su causa estaba escrito: El rey de los judíos.-» Mateo ( X X V I I , 37): « S o b r e su cabeza p u s i e r o n escrita su
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causa: Este es Jesús, el rey de los judíos.» Lucas ( X X I I I , 35): « H a b í a t a m b i é n una i n s c r i p c i ó n sobre E l : Este es el rey de los judíos.» J u a n es m á s p r o l i j o en este p u n t o ; en X I X , 19 a 22, se lee lo siguiente: « E s c r i b i ó Pilato un t í t u l o y lo puso sobre la c r u z ; estaba escrito en é l : Jesús Nazareno, Rey de los judíos. M u c h o s de é s t o s leyeron este t í t u l o porque estaba cerca de la c i u d a d el sitio donde fue c r u c i ficado J e s ú s , y estaba escrito en hebreo, en l a t í n y en griego. D i j e r o n a P i l a t o los p r í n c i p e s de los sacerdotes de los j u d í o s : ' N o escribas rey d e los j u d í o s , sino l o que E l h a dicho: Soy rey de los j u d í o s . ' R e s p o n d i ó P i l a t o : ' L o escrito, escrito está.'» Y vamos con los insultos u n a vez ya en la cruz. A p r o p ó s i t o de esto Marcos dice en X V , 29-32, y Mateo en X X V I I , 3942, s i g u i é n d o l e , poco m á s o menos l o m i s m o : Que los que pasaban le i n j u r i a b a n m o v i e n d o la cabeza «y d i c i é n d o l e que puesto que se d e c í a H i j o de D i o s , que se salvase, y o t r o tanto los p r í n c i p e s de los sacerdotes, los ancianos, los escribas y hasta los dos ladrones crucificados a su lado.» La i n v e r o s i m i l i t u d de esto es tal, sobre todo en lo que afecta a las dignidades de la Iglesia j u d í a y a los ladrones, que no vale la pena ni i n s i s t i r sobre ello. C o m o se trataba de dar cuerpo a u n a leyenda inventada en gran parte p o r M a r c i ó n , todos los detalles que fueron juzgados buenos p a r a ello se p u s i e r o n . S i n contar que en lo que a esto se refiere, la idea fue tomada del Salmo X X I I , 8, 9, donde se lee: « B ú r l a n s e de mí cuantos me ven, a b r e n los brazos y mueven la cabeza.» Y: «Se e n c o m e n d ó a Y a h v é —dicen—; l í b r e l e , sálvele E l , pues dicen que le es g r a t o . » Lucas a ñ a d e a los insultos del pueblo y de los p r í n c i p e s de los sacerdotes, los de «los soldados, que se acercaron a E l o f r e c i é n d o l e v i n a g r e » . E s t o procede t a m b i é n del vers í c u l o 16 del Salmo X X I I : «Seco e s t á como u n t e j ó n m i paladar, mi lengua e s t á pegada a las fauces.» Y en el L X I X , 22: « D i é r o n m e a c o m e r veneno y en m i sed me dier o n a beber v i n a g r e . » En Marcos y en Mateo q u i e n le ofrece vinagre es uno de los presentes acercando a su boca, mediante u n a c a ñ a , una
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esponja empapada en é l , al t i e m p o que dice: « V e a m o s si viene E l i a s a b a j a r l e » , es decir, en son de b u r l a t a m b i é n . P o r su parte, Juan nada dice de los insultos, pero sí h a b l a t a m b i é n del vinagre, y, u n a vez m á s , « p a r a que se cumpliera la E s c r i t u r a » , hace decir a J e s ú s : « T e n g o sed.» Y es entonces cuando «de un botijo lleno de vinagre que h a b í a allí empaparon u n a esponja, la f i j a r o n en un venablo y se la acercaron a la b o c a » . E s t e detalle d e l vinagre, a s í c o m o los insultos, fueron imaginados con objeto de hacer m á s totales las afrentas, y a causa de ellas, el sufrimiento de J e s ú s . Pues de lo que se trataba era de recargar con detalles angustiosos t o r m e n t o de por sí tan terrible, con objeto de conmover y c o n ello i n d u c i r m á s f á c i l m e n t e a piedad y a fe. Pero, como he dicho, s i n darse cuenta que c o n lo d e l vinagre, por ejemplo, i n c u r r í a n en u n a nueva contradicc i ó n , puesto que nada m á s falso que buscar en este detalle un refinamiento de crueldad. La m e z c l a de agua con vinagre, a causa de sus propiedades desalterantes en lo que a la sed a t a ñ e , era u n a de las bebidas o r d i n a r i a s de los soldados romanos. J e s ú s dice que tiene sed, y en Juan los soldados romanos le dan de su p r o p i a bebida, c o m o en Lucas, pero n o por b u r l a , sino por c a r i d a d . H i z o falta u n fanatismo y a incontenible en los p r i m e r o s cristianos, y u n a verdadera m e g a l o m a n í a en i n s i s t i r en la d e s c r i p c i ó n de los tormentos y dolores de J e s ú s en los comentaristas, p a r a tras inventar este detalle perder todo b u e n sentido escribiendo c o m o esc r i b i e r o n v o l ú m e n e s absolutamente idiotas sobre cosa en r e a l i d a d que aunque hubiese sido verdadera, no h u b i e r a p o d i d o j a m á s tener i m p o r t a n c i a (467). Destinado t a m b i é n a apiadar a lectores o auditores es, el no m á s v e r o s í m i l detalle, é s t e de Juan ( X I X , 25-27) relativo a la presencia de M a r í a , p o r mejor decir, de las tres M a r í a s ( M a r í a madre, M a r í a de Cleofás y M a r í a Magdalena) al pie de la cruz. ¿ C ó m o se le p u d o o c u r r i r al redactor que a m a ñ ó este Evangelio, tan s ó l o p o r v e r de conmover y apiadar a costa de un detalle absolutamente absurdo, que u n a madre pudiese presenciar la muerte de su h i j o y, sobre todo, u n a muerte c o m o a q u é l l a ? ¿O es que pensaba que
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segura de que su h i j o era Dios, a s i s t í a fingiendo dolor a su apariencia de sufrimientos, segura de que se trataba de u n a p u r a comedia? E n este caso, ¿ s e r í a tan peregrina idea n o del a m a ñ a d o r cristiano, sino d e l p r i m e r redactor, que g n ó s t i c o ciento p o r ciento, t a l vez pensaba, como M a r c i ó n , que cuanto h a b í a e n l a c r u z era u n a s i m p l e apariencia d e h o m b r e ? Tanto m á s cuanto que quien e s c r i b i ó esto, fuese c u a l fuese de los dos redactores, no dice que M a r í a m a d r e estuviese afectada, angustiada, deshecha, sino simplemente a l l í presente. Es decir, que se l i m i t ó a esto, demostrando c o n ello que l a m a n o que e s c r i b í a e r a seguramente l a del interpolador encargado de ello por la Iglesia naciente, que t e n í a i n t e r é s en el detalle, c o n objeto de que se creyese que el Evangelio era indudablemente de J u a n . C o m o lo prueba t a m b i é n otro detallito t i p o merengue que se lee a continuac i ó n y que copio: « J e s ú s , viendo a su M a d r e (el candoroso redactor parece haber o l v i d a d o ya lo de: ' M u j e r , ¿ q u é hay entre tú y yo?', de I I , 4) y al d i s c í p u l o a q u i e n a m a b a (Juan, a q u i e n se trata de hacer pasar p o r autor del Evangelio a costa de a f i r m a c i ó n tan incauta), que estaba allí, dijo a la M a d r e : 'Mujer, he a q u í a tu hijo.' Luego d i j o al d i s c í p u l o : ' H e a q u í a tu m a d r e . ' » Realmente conmovedor. A c o n t i n u a c i ó n de algo tan c r e í b l e y tierno (las palabras son puestas en la boca de un h o m b r e que agoniza, s e g ú n se quiere t a m b i é n hacer creer, entre h o r r i b l e s tormentos) viene lo del vinagre, c o n lo que el r e c i é n confirmado J u a n t e r m i n a : « C u a n d o hubo gustado e l vinagre dijo J e s ú s : ' T o d o e s t á acabado', e inclinando la cabeza e n t r e g ó el e s p í r i t u . » Nada más. E n Marcos h a b í a t a m b i é n tres mujeres, pero n o las mismas. S e g ú n él, M a r í a Magdalena, l a desendemoniada p o r J e s ú s ; M a r í a , la madre de Santiago el Mayor y de J o s é , y S a l o m é . A d e m á s , no estaban al pie de la cruz, sino « q u e de lejos le m i r a b a n » , Y a q u í muere J e s ú s « d a n d o u n a voz f u e r t e » , luego de haber proferido el famoso, inexplicable e i n e x p l i c a d o : «Eli Eli lema sabachtanih, v e r s í c u l o 2° del Salmo X X I I : «¡Dios m í o , Dios m í o ! ¿ P o r q u é m e has a b a n d o n a d o ? » (468), que d i r í a s e t r a í d o a q u í tan s ó l o p a r a
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poner en grave aprieto a la o r t o d o x i a c r i s t i a n a desmintiendo su atrevida a f i r m a c i ó n de hacer de J e s ú s el Cristo, es decir, de un h o m b r e un Dios, p r o p ó s i t o desatinado que estas palabras de un pobre iluso, h o m b r e y s ó l o hombre, que hasta aquel m o m e n t o h a b í a esperado u n a ayuda quim é r i c a e i m p o s i b l e del Cielo, veía frustradas sus candidas esperanzas. Porque de haber existido un pobre profeta tan desequilibrado, a j u z g a r p o r los Evangelios, c o m o p a r a creerse destinado a l i b e r a r al pueblo j u d í o de la tutela r o m a n a c o n l a ayuda del C i e l o , esta e x c l a m a c i ó n h u b i e r a estado justificada; pero en un Dios, H i j o de Dios, que h a b í a consentido en m o r i r p a r a r e d i m i r a los hombres y que de toda eternidad s a b í a que esto o c u r r i r í a , pues p a r a eso era D i o s e i d é n t i c o a Dios, como en J u a n es dicho veinte veces, ¿ q u é sentido tiene esta e x c l a m a c i ó n ? C l a r o que todo el que se tome el trabajo de reflexionar, pero reflexionar, no creer p o r creer sin hacerlo, de reflexionar unos instantes sobre esta disparatada a f i r m a c i ó n de a t r i b u i r de p r o n t o un H i j o a Y a h v é , ¿ c ó m o no ver la m á s a b s u r d a de las audacias en u n a a f i r m a c i ó n semejante y el m a y o r d e s v a r í o , de Pablo o de quien fuese, a f i r m a n d o la existencia de este H i j o , su v o l u n t a d , de acuerdo con el Padre, de m o r i r con objeto de redimir a los hombres, y en el m o m e n t o de efectuarlo reconocer al f i n , vuelto a la r a z ó n en el ú l t i m o instante, c o m o D o n Quijote, que no era Dios, sino un s i m p l e m o r t a l , y quejarse: «¡Dios m í o , Dios m í o ! » , de haber sido abandonado? Pero sigamos con los Evangelios y dejemos a cada uno juzgar el hecho, o r a a t r a v é s del m á s elemental b u e n sentido, o r a a t r a v é s de la fe, que todo lo j u s t i f i c a . En Mateo, la m i s m a e x c l a m a c i ó n , b i e n que t r a n s c r i t a de m o d o diferente. E s t o no debe e x t r a ñ a r n o s t r a t á n d o s e de u n a lengua extranjera, que probablemente ninguno de los redactores a quienes se hizo pasar por M a r c o s y M a t e o con o c í a . El pseudo-Lucas, en vez de lo anterior, escribe: «Padre, en tus manos entrego mi e s p í r i t u » , palabras del Salmo X X X I , 6. Y ya no queda sino, en Marcos, Mateo y Lucas, lo de las tinieblas, y en Juan, lo d e l lanzazo. T i n i e b l a s y rasgarse el
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velo del T e m p l o en dos partes, en M a r c o s y Lucas. En M a teo, a d e m á s de lo anterior, la T i e r r a t i e m b l a , las rocas se hienden, las tumbas se abren, cuerpos de santos resucitados se pasean p o r J e r u s a l é n y, c o m o es n a t u r a l , se m u e s t r a n a muchos. Y cosa a ú n si se quiere m á s prodigiosa: nadie, a e x c e p c i ó n de los que cuentan hechos tan extraordinarios, desusados y maravillosos, se entera de ellos. J u a n tiene el buen sentido de no referir estas insensateces, que sus colegas h a n ido a buscar, p a r a no perder la costumbre, al Antiguo Testamento. Se ha recordado, a prop ó s i t o del t e m b l o r de t i e r r a a Joel (III, 16): « R u g e Y a h v é ' desde S i ó n y hace o í r su voz desde J e r u s a l é n ; los Cielos y la T i e r r a se c o n m u e v e n . » Sobre lo de las tinieblas, s i n duda pensaron en Amos ( V I I I , 9): « A q u e l d í a dice el S e ñ o r , Y a h v é , h a r é que se ponga el S o l a m e d i o d í a y en pleno d í a t e n d e r é tinieblas sobre la T i e r r a . » Y en Jeremías ( X V , 9): « P ú s o s e sobre ella el S o l cuando a ú n era de día.» Si este detalle de la o s c u r i d a d no aparece en el pseudo J u a n es porque siendo p a r a él la muerte de J e s ú s u n a glor i f i c a c i ó n , las tinieblas, c o m o era natural, nada t e n í a n que hacer allí donde todo era g l o r i a y l u z . En los Evangelios todo se hizo, esto lo demuestra u n a vez m á s , a gusto del c o n s u m i d o r . C o m o se trataba de dar tono de r e a l i d a d a la vaga e i m p r e c i s a figura central, al nuevo D i o s salvador nacido a favor de u n a leyenda t a m b i é n i m p r e c i s a y vaga, p o r ver de conseguirlo cada redactor e c h ó mano de lo que p u d o del Antiguo Testamento, sin p o r ello dejar d o r m i d a s u i m a g i n a c i ó n . E n f i n , simplemente como detalle y para que se vea que la labor de inventar, i m a g i n a r y ajustar cont i n u ó durante m u c h o tiempo, r e c o r d a r é que en el Evangelio de los Hebreos, s e g ú n san J e r ó n i m o , lo que se p a r t í a en dos no era el velo del T e m p l o , sino el dintel. E s t o , sin duda, porque Isaías h a b í a d i c h o : «A estas voces t e m b l a r o n las puertas en sus q u i c i o s » (469). Y vamos con lo de la lanzada y las piernas rotas. El ú n i c o que cuenta lo de que los j u d í o s r o g a r o n a P i l a t o que hiciese r o m p e r las piernas de los dos ladrones con objeto de que m u r i e r a n y poderlos enterrar, y que a J e s ú s no se
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lo h i c i e r o n p o r estar ya muerto, pero que, en c a m b i o , le dier o n u n a lanzada en un costado, es el pseudo J u a n . En este Evangelio se refiere a ú n que al atravesarle la lanza las carnes « s a l i ó al instante sangre y a g u a » . Insiste, a d e m á s , en que todo lo que dice es verdadero, lo que i n v i t a a creer que el p r o p i o que e s c r i b i ó sospechaba que nadie i b a a dar p o r cierto lo que d e c í a ; p o r ello m i s m o i n s i s t i r sobre que no se dudase de él. En f i n , insiste t a m b i é n sobre que todo s u c e d i ó « p a r a que se cumpliese la E s c r i t u r a , que h a b í a dicho: No r o m p e r é i s ni u n o de los h u e s o s » . Y la otra que dice: « M i r a r á n al que t r a s p a s a r o n . » M a s lo que sobre todo parece interesar al que cuenta es que J e s ú s muriese « e n t r e dos l u c e s » , c o m o Cordero pascual que era de la nueva alianza. Es decir, p a r a que a s i m i s m o se cumpliese lo que mandaba el Exodo ( X I I , 6), que h a b í a i n s t i t u i d o la fiesta de la Pascua y de los A c i m o s . A d e m á s , como el v e r s í c u l o 46 del m i s m o c a p í t u l o d e c í a : «Ni q u e b r a n t a r é i s ninguno de sus h u e s o s » , p o r ello no hacer los soldados con J e s ú s lo que h a b í a n hecho con los ladrones. C l a r o que lo que el Evangelio omite es que el agua y la sangre que salieron del costado d e l Cordero d i v i n o a l a b r i r l e l a lanza eran u n p u r o s í m b o l o . Y que lo que se q u e r í a significar c o n este trozo de la novelita j o á n i c a de la P a s i ó n , era el agua del B a u t i s m o y la sangre de la E u c a r i s t í a , invenciones ambas de los s i n ó p t i c o s . Y que, por consiguiente, lo que f l u y ó del cuerpo del d i v i n o C o r d e r o fue el m a n a n t i a l de v i d a eterna. En f i n , en Lucas, el e s p e c t á c u l o acaba acudiendo una vez m á s , c o m o era obligado, a la E s c r i t u r a . E s t a vez a Z a c a r í a s . En efecto, Lucas asegura que: « T o d a la m u c h e d u m b r e que h a b í a asistido a aquel e s p e c t á c u l o , viendo lo sucedido, se v o l v í a h i r i é n d o s e el p e c h o » , y ello porque Zacarías h a b í a asegurado ( X I I , 10): «Y l a n z a r á n sus ojos h a c i a m í . Y aquel a q u i e n traspasaron le l l o r a r á n c o m o se l l o r a al u n i g é n i t o , y se l a m e n t a r á n por El como se lamenta p o r el p r i m o g é n i t o » (470). Y creo que ya sea m á s que suficiente p a r a que cuantos lean con los ojos de la r a z ó n , se hayan dado cuenta del car á c t e r legendario y compuesto de la famosa P a s i ó n . P o r
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supuesto, c o m o todo lo que la precede y la prepara, pero acudiendo a ú n c o n m á s insistencia a la verdadera fuente a la que acudieron los redactores de los Evangelios c o n objeto de encontrar c o n q u é b o r d a r y d a r realce a la inconsistente t r a m a : El Antiguo Testamento. Guignebert dice, p o r su parte, c o n m u c h a r a z ó n , no obstante pertenecer a la escuela h i s t ó r i c a y opinar que lo ú n i c o c r e í b l e de los Evangelios, detalles aparte, es lo relativo a la P a s i ó n , lo siguiente: « A p e n a s he insistido sobre la a f a b u l a c i ó n d e l s u p l i c i o de J e s ú s , a causa de estar sus detalles en todas las m e m o r i a s , y porque el h á b i t o que se tiene de repetirlos hace evidentemente i n ú t i l , t a l me parece, al menos, la prec a u c i ó n de c r i t i c a r l o s . » O sea, que b i e n que p a r a la fe n a d a ' de todo ello, p o r i n v e r o s í m i l que sea, pueda ponerse en duda, aunque, como a ñ a d e el p r o p i o Guignebert: « N o obstante, incapaces se m u e s t r a n todos (los detalles) de resistir a un examen atento; todos caen, finalmente, fuera de la h i s t o r i a ; todos son sospechosos, p o r lo menos, de no depender sino de referencias e s c r i t u r a r i a s » , ni siquiera las evidentes diferencias en cuanto a estos detalles de los Evangelios, de detalles unas veces y de fondo otras, la realidad, p a r a los no cegados p o r la fe, es que en los cuatro casos se trata de narraciones tejidas a gusto del que cuenta, teniendo, en p r i m e r lugar, c o m o base a M a r c i ó n , y luego m o d i f i cando y completando, en su caso, a é s t e , que dio el c a ñ a mazo, a costa de p r o f e c í a s , salmos y proverbios a ñ a d i d o s c o m o g a r a n t í a de verdad, a falta de o t r a mejor. Y ya nos queda por examinar, si q u i s i é r a m o s hacerlo de nuevo, pero no creo que valga la pena, pues c o n lo dicho me parece suficiente, l a parte m á s d i f í c i l m e n t e c r e í b l e para los ajenos a la fe: la relativa a la resurrección. De no tener oue m e n c i o n a r l a c o m o broche que cierra lo oue se cuenta acerca de J e s ú s , aseguro que no la c i t a r í a . Pues no sov de los que creen que el origen del C r i s t i a n i s m o dependiese de la t r a n s f o r m a c i ó n de una i l u s i ó n : la i l u s i ó n de haber c r e í d o ver a J e s ú s de nuevo luego de m u e r t o . P a r a a d m i t i r t a l i l u s i ó n hace falta creer p r i m e r o que v i v i ó , como hacen los representantes de la escuela h i s t ó r i c a , a muchos de los
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cuales, c o m o he demostrado c i t á n d o l o s , a d m i r o profundamente. Pero a mí esto me es i m p o s i b l e . Ocuparme, pues, ahora de esta parte (que prefiero dejar p a r a m á s adelante, p a r a u n p r ó x i m o volumen) s e r í a p a r a s e ñ a l a r u n a vez m á s el desacuerdo que ofrecen los Evangelios en lo que afecta a supuesta v i d a postuma, terrenal, de su h é r o e . Es decir, p a r a poner en evidencia u n a vez m á s c ó m o y p a r a q u é fuer o n compuestos, y p a r a s u m i n i s t r a r a ú n u n a prueba de su falta total de c a r á c t e r h i s t ó r i c o . C i e r t o que, p o r o t r a parte, c o m o se entra en ellos a favor de un m i l a g r o fenomenal, l a f e c u n d a c i ó n d e una mujer p o r o b r a del E s p í r i t u divino, n a t u r a l era que se saliese refiriendo otro t o d a v í a m a y o r si ello era posible: la r e s u r r e c c i ó n del producto de la fecund a c i ó n anterior luego de hacerle m o r i r en u n a cruz. C l a r o que p u d i e r a decirse: Pero es que no era la p r i m e r a vez que ciertos dioses t e n í a n relaciones semejantes con mujeres mortales, pues el hecho es cosa corriente en las mitol o g í a s antiguas, y el resultado u n a p o r c i ó n de dioses o de h é r o e s . A h o r a bien, en todos estos casos puramente m í t i cos (lo que no excluye que la FE religiosa, esa a d m i r a b l e y candida f l o r de todas las latitudes y todos los tiempos, hiciese que estos m i t o s fuesen c r e í d o s durante muchos siglos con la m i s m a seguridad y certeza que hoy creen los que creen en el m i t o cristiano); en estos casos puramente m í t i c o s — d e c í a — , el acto generador p o d í a itirse, con buena d i s p o s i c i ó n p a r a ello ( e d u c a c i ó n adecuada, ambiente e s p i r i t u a l favorable, c r e d u l i d a d irreflexiva, gusto f a n á t i c o por todo lo m i l a g r o s o y a n o r m a l , etc., es decir, cuantos factores coadyuvan siempre a hacer creer lo imposible), teniendo en cuenta que los dioses que se juntaban con mujeres normales se s u p o n í a que t e n í a n un cuerpo carnal. M i e n tras que en el caso de J e s ú s , su g e n e r a c i ó n e r a efectuada p o r o b r a de p u r a magia d i v i n a , c o m o luego su r e s u r r e c c i ó n , lo que es no menos absurdo. A menos, c l a r o e s t á , que se empiece p o r a d m i t i r , como los n i ñ o s iten el todo poder de las hadas gracias a su v a r i t a m á g i c a , en estos casos, el todo poder de un D i o s de cuya existencia, puramente hipot é t i c a en realidad, se empieza ya p o r no dudar y, consecuen-
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temente, de los atributos y excelencias con que se le dota, todo lo c u a l se le atribuye de antemano a favor de puras consideraciones a n t r o p o m ó r f i c a s . Pruébese, pero no con l i r i s m o s ni a fuerza de afirmaciones d o g m á t i c a s pronunciadas de un m o d o e n f á t i c o y solemne, pero tan falso y falto de r a c i o n a l i d a d y v e r d a d en cuanto a su fondo, c o m o ampuloso de f o r m a ; p r u é b e s e — d e c í a — q u e el ú l t i m o de los dioses inventados, el Y a h v é b í b l i c o , o r a en esta f o r m a , ora en la de Padre o en la de Alá, es algo m á s que una p u r a c r e a c i ó n de la f a n t a s í a , o sea, exactamente c o m o los cientos o miles de dioses en que creyeron los hombres durante siglos; p r u é b e s e , sí, que existe y que, a d e m á s , a este Dios, del que c o n tanta f a c i l i d a d y ligereza se a f i r m a que es el creador de las galaxias, le i m p o r t a algo de nuestra T i e r r a , á t o m o menos que í n f i m o en la inmensidad del Universo, y de nosotros, seres nacidos en ella p o r casualidad, y empleo la p a l a b r a casualidad p a r a expresar c o n ella el resultado de combinaciones puramente evolutivas, fatales, dadas las c a r a c t e r í s t i c a s f í s i c a s de nuestro astro, y entonces se p o d r á empezar a creer y a d i s c u t i r . E n t r e otras cosas, c ó m o p u d o o c u r r i r que a un ser semejante le apareciese de pronto un H i j o . Si me he ocupado de este H i j o y, como no t e n í a m á s remedio que hacer, del a s i m i s m o supuesto Padre, ha sido porque la r e l i g i ó n que h a b l a de ellos era la ú l t i m a que me quedaba p o r tratar en la tarea que h a b í a emprendido de e s c r i b i r u n a Historia de las religiones. Pero sin que personalmente pueda conceder m á s c r é d i t o a este Y a h v é en cualquiera de sus expresiones, que a todos los d e m á s dioses que han i d o surgiendo a t r a v é s del enorme calidoscopio religioso que es en r e a l i d a d la h i s t o r i a de las creencias de este tipo de la H u m a n i d a d , o b r a todos ellos de la f a n t a s í a de los hombres.
PALABRAS FINALES « H a s t a el oasis de las grandes religiones, y si he de ser sincero, empezando p o r serlo conmigo m i s m o , hasta la llegada d e l C r i s t i a n i s m o , en el que c o n la a d m i r a b l e figura de J e s ú s a p a r e c i ó e l mejor d e los profetas, anunciando l a mejor de las doctrinas, es decir, hablando p o r p r i m e r a vez de fraternidad entre los hombres, de amor, de j u s t i c i a , de hum i l d a d y de esperanza y confianza en D i o s ; hasta E l , el esp e c t á c u l o religioso que h a b í a ofrecido el M u n d o , con sus p o l i t e í s m o s desenfrenados, n o p o d í a ser m á s desconsolador. T a n desconsolador, tan insensato, tan disparatado, tan est ú p i d o m u c h a s veces y tan perverso y c r u e l a ú n muchas m á s , que cuando se piensa que algo tan m a l o , tan i n f e r i o r y tan fuera d e l m á s elemental buen sentido era o b r a de los nombres, se siente v e r g ü e n z a de pertenecer a la raza humana.» C o n tales palabras e m p e c é esta Historia de las religiones, y acabada la o b r a , luego de haber examinado el C r i s t i a n i s m o , que muchos consideran c o m o la m e j o r de ellas, cuanto se me o c u r r e decir p a r a t e r m i n a r es lo siguiente: En p r i m e r lugar, que el lector me perdone p o r no haber escrito exactamente lo que pensaba al redactar las p r i m e r a s l í n e a s d e l p á r r a f o anterior. S i p o r u n a vez d e j é d e ser sincero, e l l o fue debido a que s i n este i n t r o i t o e n g a ñ a d o r j a m á s h u b i e r a v i s t o la luz esta o b r a . O, en todo caso, m u t i l a d a y « c a s t i g a d a » a ú n m á s c u m p l i d a m e n t e que todas cuantas salidas de
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m i s manos hace treinta a ñ o s , o r a originales, b i e n traducciones comentadas y anotadas, que s ó l o han llegado a las de los lectores luego de pasar p o r las de los encargados de la Censura. Porque en el M i n i s t e r i o de I n f o r m a c i ó n y Tur i s m o hay u n negociado l l a m a d o « S e c c i ó n d e I n f o r m a c i ó n B i b l i o g r á f i c a » , adonde es preciso l l e v a r todo aquello que se pretende dar a conocer p o r medio de la i m p r e n t a , y donde, c o m o acabo de decir, todos m i s l i b r o s , en el p e r í o d o de t i e m p o citado, h a n sido, m á s o menos abundantemente, cercenados (471). C o m o ahora no tengo yo r a z ó n p a r a no ser sincero, d i r é que en este M i n i s t e r i o , como en toda E s p a ñ a , hay dos corrientes opuestas: una, l i b e r a l , tolerante, moderna, que se da cuenta de que el M u n d o avanza y que estamos ya a m u c h a distancia de los dichosos Reyes C a t ó l i c o s (ella, una mujer de buen j u i c i o ; él, un b r i b ó n redomado, tanto c o m o para que M a q u i a v e l o le considerase c o m o modelo de los p r í n c i p e s de entonces), por fortuna, y otra, todo lo c o n t r a r i o (472). Desdichadamente, ligada l a E s p a ñ a o f i c i a l a la Iglesia de R o m a por un Concordato, lo que obliga a toda ella, e incluso mediante ciertos a r t í c u l o s del C ó d i g o Penal, que sancionan los l l a m a d o s «Delitos contra la r e l i g i ó n » , damos el e s p e c t á c u l o , ú n i c o en E u r o p a , sin que haya medio de i m p e d i r l o a causa de estar aherrojado, fatalmente, todo intento de l i b e r t a d de conciencia en cuestiones religiosas p o r la mencionada Censura, de un p a í s de mascaradas de este tipo y de hisopos a todo trapo. En efecto, i m p o s i b l e a b r i r un p e r i ó d i c o , escuchar la radio o poner en m a r c h a la t e l e v i s i ó n sin que oigamos o veamos fiestas religiosas, procesiones, entronizaciones de i m á g e n e s , homenajes a alguna de las centenares de reproducciones en yeso, madera o pied r a de V í r g e n e s o C r i s t o s (pues cada c i u d a d y pueblo de E s p a ñ a tiene, p o r lo menos, una exclusiva y p a r t i c u l a r ) , y de p r o p i n a , p a r a h o n r a r a estas i m á g e n e s debidamente, obispos con m i t r a s de tres palmos sobre la inteligente cabeza e hisopo en mano, bendiciendo cuanto hay que bendec i r , pues a q u í se bendice todo: edificios, oficinas, talleres, f a c t o r í a s , barcos, campos, animales, ¡ q u é s é y o ! L o que sea, cuando sea y donde sea. Y en este venturoso ambiente
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de carnaval, de m e n t i r a y de e n g a ñ o , ¿ q u é p o d r í a n hacer, aunque quisieran, sin exponerse a caer, c o m o yo ú l t i m a m e n te, en las garras de la ley, los hombres de e s p í r i t u l i b e r a l y tolerante, c o m o estoy seguro que hay en el p r o p i o M i n i s terio de I n f o r m a c i ó n y T u r i s m o ? C o m o t a m p o c o puede sino m o v e r a r i s a , y ni siquiera esto, las ridiculas apariciones de los que tienen la audacia de decirse sus representantes a q u í en la T i e r r a , con sus bonetes puntiagudos, sus b á c u l o s , sus cruces, sus estandartes, sus hisopos y cuantos elementos emplean para dar visual i d a d y aparato a manifestaciones religiosas en verdad puramente grotescas. A q u e l l a p r o c e s i ó n de tres m i l p r í n c i p e s de la Iglesia en t o r n o a la gran plaza p ó r t i c o de la m a y o r de ellas, la m a ñ a n a que fue inaugurado el ú l t i m o C o n c i l i o con sus m i t r a s , sus hopalandas, las manos juntas, el aire contrito, la actitud piadosa... Fue algo i n o l v i d a b l e . T a n i n o l v i d a ble como i n c o m p a r a b l e en cuanto mascarada pretendidamente solemne. Pero vuelvo a lo que i b a diciendo. S i , efectivamente, entre el C r i s t i a n i s m o y otras creencias hay, comparativamente, un evidente progreso en el inacabable fantasear de los hombres en torno a lo desconocido, es decir, en la tarea de inventar dioses, ello no quiere decir que siendo esta faceta de la a c t i v i d a d h u m a n a s i m p l e producto de la i m a g i n a c i ó n , el hecho de que u n a r e l i g i ó n sea m á s h u m a n a o menos disparatada que otras no significa que pueda ser considerada, razonablemente, c o m o verdadera y digna de que nos encadenemos a ella, sino simplemente que del m i s m o modo que lo mejor es enemigo de lo bueno, lo mediano superior a lo m a l o y lo m a l o preferible a lo peor, a s í u n a r e l i g i ó n puede ser superior a otras s i n que p o r ello merezca que sea seguida. Y esto es lo que verdaderamente pienso a p r o p ó s i t o de esta c u e s t i ó n . ¿ M e j o r la r e l i g i ó n c r i s t i a n a que otras? Si se quiere y en determinado sentido. Pero inferior a todas, pues si ante dioses-animales, c o m o los egipcios y las m i l divinidades de los antiguos p o l i t e í s m o s , tan semejantes a los hombres en vicios y pasiones, no queda sino encogerse
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de h o m b r o s y considerar en q u é m o d o fue inferior durante m u c h o s siglos (salvo excepciones consoladoras) el n i v e l gen e r a l de la inteligencia h u m a n a , ¿ q u é hacer con u n a r e l i g i ó n que pretende se crea que un D i o s esencialmente bueno, j u s t o y todo poderoso es el autor y protector de un M u n d o en el que siempre ha i m p e r a d o y sigue imperando el m a l , la i n j u s t i c i a y el dolor? En pleno siglo de la descomposic i ó n de la m a t e r i a y del comienzo de las exploraciones siderales, ¿ q u é pensar de la « i n t e l i g e n c i a » de los que creen en dioses todo poderosos s ó l o p o r q u e a s í les han dicho que son los que siguiendo a los que los inventaron viven de ello; que estos dioses, tras crear el U n i v e r s o de las galaxias de la « n a d a » y con s ó l o la m a g i a de su palabra, pueden alterar las leyes naturales mediante los « m i l a g r o s » ; que j u n t o a estos dioses, que son buenos, hay otros malos entretenidos en hacerles la c o n t r a y oponerse a sus designios, ¡no obstante ser todo poderosos! Y que luego de esta v i d a hay o t r a de la que h a b l a n c u a l si hubiesen estado en ella y vuelto p a r a contarlo? ¿Y de los que e n s e ñ a n estas verdades, las defienden y v i v e n y m e d r a n e n g a ñ a n d o c o n ellas a los d e m á s ? Y a s í las cosas y puesto que el C r i s t i a n i s m o es la gran cantera de semejantes trapisondas y mentiras, m á s otras m u chas gracias a las cuales la Iglesia es hoy u n a de las grandes potencias e c o n ó m i c a s del M u n d o (473), ¿ q u é pensar de esta r e l i g i ó n , a menos de estar cegado p o r u n a fe de carbonero o tener i n t e r é s especial, e c o n ó m i c o , en defenderla? P o r consiguiente, mi verdadero m o d o de considerar cuanto se relaciona, no ya con ella, sino con todo lo religioso, expresado q u e d ó en las l í n e a s que e s c r i b í a c o n t i n u a c i ó n de las palabras puestas p a r a empezar, a saber: que el panor a m a que ofrece toda r e l i g i ó n es: « E l e s p e c t á c u l o d e u n m a r proceloso agitado por los m á s absurdos y contrarios vendavales del e s p í r i t u , en el que de tarde en tarde aparecen faros c u y a l u z pronto es envuelta p o r las olas de la m e n t i r a y del fanatismo, del i n t e r é s y de la i g n o r a n c i a . » E j e m p l o c l a r o d e ello, por c i t a r uno, e l B u d i s m o . E n efecto, ¿ q u é hay de c o m ú n entre el actual y el que, c o m o sabemos, p r e d i c ó aquel i l u m i n a d o sublime? S i a l C r i s t i a n i s m o veni-
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mos, ¿ q u é tiene que ver la Iglesia con la d o c t r i n a que audazmente atribuye a J e s ú s ? En cuanto a é s t e , suponiendo que hubiese existido un modesto profeta, ¿ t e n d r í a algo que ver c o n el absurdo m i t o que asegura no s ó l o que D i o s tuvo un H i j o , sino que permit i ó que bajase a la T i e r r a p a r a que los nombres le c r u c i f i casen? (474). Lo que los textos que han llegado a nosotros p e r m i t e n suponer a p r o p ó s i t o de la f o r m a c i ó n de este m i t o , ya lo hemos visto. Que su valor, en conjunto, c o m o algo verdadero, es poco m á s o menos el m i s m o que el de las cuatro o cinco religiones consideradas c o m o superiores t a m b i é n . P a r a c e r r a r el c i c l o s ó l o falta, pues, en lo que a mí afecta, exponer lo que pienso a p r o p ó s i t o de la h i s t o r i a de la Iglesia a t r a v é s de su papado, sus cismas, las h e r e j í a s , las luchas religiosas, Cruzadas, Inquisiciones y d e m á s que h a n formado la t r a m a durante veinte siglos de la mencionada h i s t o r i a . T o d o ello s e r á objeto de un p r ó x i m o v o l u m e n . E s t e le term i n a r é c o n las breves consideraciones siguientes. I r siempre d e l a m a n o con l a V E R D A D l e c o s t ó a S o k r a tes beber cicuta. Ser h u m i l l a d o y m o r i r p r i s i o n e r o y abandonado a Galileo. Si a C o p é r n i c o no le o c u r r i ó igual fue p o r haber m u e r t o poco antes de que se supiese lo que p o r rep e t i r l o G a l i l e o le c o s t ó tanto dolor y tanta a m a r g u r a : Que era la T i e r r a la que se movía girando en torno al S o l , y no é s t e alrededor de ella c o m o a f i r m a b a la Iglesia. D e c i r asim i s m o verdades a los que s ó l o estaban acostumbrados a mentiras, les c o s t ó t a m b i é n la v i d a a J u a n H u s s , a E t i e n n e Dolet, a G i o r d a n o B r u n o , a M i g u e l Servet, a S a v o n a r o l a y a cuantos durante muchos siglos se atrevieron a decir que era b l a n c o lo que R o m a , o los que de un m o d o u o t r o la s e g u í a n , q u e r í a y aseguraba que era negro. S i n la ayuda de los p r í n c i p e s alemanes, L u t e r o no h u b i e r a m u e r t o en su cama. T o d o ello s i n contar los que cayeron tildados de herejes, de relapsos, de brujos, o de endemoniados a causa de ser v í c t i m a s de simples trastornos f í s i c o s o mentales (ataques de histeria o de epilepsia), lo que les valió, p o r obra y gracia de la S a n t a I n q u i s i c i ó n , p r i m e r o , tormento, y luego
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ser « p u r i f i c a d o s » mediante hogueras en los famosos autos de fe que un pueblo c r i s t i a n o presidido p o r reyes no menos cristianos, contemplaban llenos de gozo pensando en la j u s t i c i a y e j e m p l a r i d a d del castigo. H o y los amigos de la verdad, o de verdades opuestas a las que a ú n sigue sosteniendo la Iglesia, no son quemados v i v o s . Pero sí t o d a v í a , en ciertos p a í s e s y E s t a d o s en que la confesionalidad es u n a triste r e a l i d a d , son d e s p o s e í d o s de derechos tan sagrados c o m o el de l i b e r t a d de conciencia, p o r o b r a de censuras e c l e s i á s t i c a s sostenidas y costeadas p o r los poderes p ú b l i c o s , o sometidos a procesos e incluso estar expuestos a penas pecuniarias y arrestos corporales si se estima que h a n « u l t r a j a d o » a la r e l i g i ó n oficial o a sus dogmas, por evidentemente falsos, absurdos, i m p o s i b l e s y antinaturales que sean tales dogmas y la p r o p i a r e l i g i ó n . Incluso hasta n o hace m u c h o , e n u n p a í s como F r a n c i a , u n h o m b r e por sabio e ilustre que fuese ( c o m o les o c u r r i ó , p o r ejemplo, a R e n á n y a L o i s y ) , estaba expuesto a perder lo que legítimamente h a b í a obtenido a costa de su saber y su trabajo, de osar enfrentarse o desagradar a la Iglesia; y c o m o males menores se h a c í a y se sigue haciendo t o d a v í a en muchos sitios en torno a ellos, es decir a los capaces de pensar libremente, la c o n s p i r a c i ó n del silencio p r o c u r a n d o sitiarnos e c o n ó m i c a m e n t e . Así, los editores no quieren nada con ellos; la prensa, c a t ó l i c a y l e í d a p o r c a t ó l i c o s , aunque s ó l o sea de nombre, les c i e r r a sus puertas e incluso Ies « i g n o r a » ; de m o d o que si no tienen recursos propios p a r a p u b l i c a r p o r su cuenta lo que escriben, j a m á s sus hijos espirituales ven la luz. Y si consiguen al fin p u b l i c a r l o s , condenados p o r leyes de prensa de las que no pueden evadirse, c o n s t r e ñ i d o s se ven a someterse a las censuras mencionadas, que, en los casos m á s favorables n o a u t o r i z a r á n s u i m p r e s i ó n sino luego de s u p r i m i r aquello que a su j u i c i o va c o n t r a lo que conviene a su santa r e l i g i ó n ; de estar ya i m p r e s o el l i b r o es, o era, denunciado y perseguido « l e g a l m e n t e » (la legalidad nada tiene que ver muchas veces con la justicia), y sometido l i b r o y autor a un proceso enojoso, largo y de resultado no siempre favorable.
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T a l ha estado ocurriendo en E s p a ñ a durante los treinta largos a ñ o s d e d i c t a d u r a que t o d a v í a algunos alaban. Y o puedo decirlo. N i n g u n o de los muchos l i b r o s que p u b l i q u é desde mi regreso el a ñ o 1960 tras v e i n t i t r é s a ñ o s de destierro, l l e g ó a manos de los lectores t a l c u a l h a b í a salido de las m í a s . E l proceso que incluso m e v a l i ó uno d e ellos m e perm i t e decir lo que acabo de a f i r m a r : Que en n o m b r e de la j u s t i c i a y c u m p l i é n d o l a , se pueden cometer p o r o b r a de leyes torpes ante las que tienen que plegarse jueces í n t e g r o s (si algo hay hoy en E s p a ñ a bueno, es el poder j u d i c i a l ) , verdaderos desafueros. M a s al f i n parece que llega un r a y o de l u z amparado p o r esa gran i l u s i ó n l l a m a d a « d e m o c r a c i a » . Gracias a él parece que los derechos fundamentales y naturalmente el p r i m e r o y m á s sagrado de ellos, el de l i b e r t a d de conciencia, entendiendo p o r ello el poder exponer de p a l a b r a o p o r medio de la i m p r e n t a lo que honradamente se crea y se piense, va a ser al f i n un hecho. Lleno de a l e g r í a v o t é u n a L e y P o l í t i c a sometida p a r a m a y o r g a r a n t í a a r e f e r é n d u m , que t a l d e c í a en su p r i m e r a r t í c u l o . Y seguro de que no era un e n g a ñ o m á s , he hecho i m p r i m i r este l i b r o . E s p e r o , pues, que oficialmente al menos, nadie se o p o n d r á a su d i f u s i ó n . Así c o m o que nadie se a t r e v e r á a ver y considerar c o m o « e s c a r n i o » la s i m p l e y franca s i n c e r i d a d c o n que declaro no creer, por n o p e r m i t í r m e l o n i m i r a z ó n , n i m i s estudios, n i l o m u c h o que he reflexionado sobre ello, en afirmaciones y « d o g m a s » que p a r a otros son inconmovibles a r t í c u l o s de fe. Así c o m o aseguro u n a vez m á s , d e c i d i d o a acabar este t o m o c o m o lo e m p e c é , d e c l a r á n d o m e p a r t i d a r i o total de algo tan conveniente y tan hermoso c o m o la T O L E R A N C I A , que de depender de mí y estar en m i s manos, j a m á s me o p o n d r í a a que los que no piensan como yo expusiesen sus ideas, p o r equivocadas y falsas que me pareciesen. Y decidido a ser totalmente sincero, v o y a acabar c o m o creo que debo hacerlo: mediante u n a breve sinopsis, es dec i r , exponiendo en cuatro palabras mi horizonte religioso de m o d o sencillo; o sea, lejos de todo aparato c r í t i c o o erudito, y encarando la c u e s t i ó n desde el p u n t o de vista del s i m p l e
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sentido c o m ú n , b i e n que, desdichadamente, sea, c o n frecuenc i a , el menos c o m ú n de los sentidos. D e c i d i d o a ello, empez a r é p o r confesar que creo que se comete u n a verdadera redundancia, y en todo caso u n a evidente i m p r o p i e d a d (de la que p o r cierto empiezo p o r acusarme yo m i s m o ) , no solamente hablando de « r e l i g i o n e s » sino escribiendo incluso, c o m o yo he hecho, u n a h i s t o r i a de ellas, en vez de denomin a r l a , c o m o h u b i e r a debido hacer: « H i s t o r i a de las m i t o l o g í a s » . O en todo caso: « H i s t o r i a de las c r e e n c i a s » . P o r q u e b i e n considerada la c u e s t i ó n y puesto que es evidente de t o d a evidencia que el 99 p o r 100 de lo que se hace entrar en el c a m p o de lo religioso, es puramente m í t i c o , legendario, fabuloso y s i n o t r a r e a l i d a d que la FE de los que creyeron y siguen hoy creyendo en ello, ¿ q u i é n que escribe u n a hist o r i a de las religiones hace, en r e a l i d a d o t r a cosa que u n a h i s t o r i a de las creencias y m á s exactamente u n a H i s t o r i a de los M i t o s ? P o r q u e si queremos no faltar a la verdad no h a b r á m á s remedio que reconocer, c o m o digo, que d e los m i l e s de religiones que ha h a b i d o y de los cientos que c o m o tales son t o d a v í a hoy consideradas, si se e x c e p t ú a m e d i a docena, todas las d e m á s n i eran n i son « r e l i g i o n e s » s i n o puras mitologías, fenomenales conjuntos de « m i t o s » (475) c o n u n a ligera, m u y l i g e r a s o m b r a de r e l i g i ó n , si p o r é s t a se entiende c o m o parece que d e b e r í a hacerse, t o d a tendencia a base de m o r a l y conceptos supuestos posibles, que sirviesen de punto de p a r t i d a a un grupo de hombres, p a r a establecer una d o c t r i n a que s i n verdadero fundamento real, asp i r a s e n a algo p o r e n c i m a de lo puramente m a t e r i a l . P o r supuesto, la p a l a b r a religión empieza p o r ofrecer, ante todo, la d i f i c u l t a d de definirla. Lo que no o c u r r e con mitología que, c o m o su n o m b r e i n d i c a , se puede calificar sin temor a decir una i m p r o p i e d a d , de « t r a t a d o de los m i t o s » ; b i e n que corrientemente, en los diccionarios, se encuentren definiciones tales que: « H i s t o r i a de los fabulosos dioses y h é r o e s de la g e n t i l i d a d » . Y la p r u e b a de la d i f i c u l t a d que ofrece definir c o n p r e c i s i ó n lo que a la p a l a b r a «relig i ó n » afecta, es la g r a n c a n t i d a d de ellas que se h a n propuesto. Y o , a l p r i n c i p i o d e esta H i s t o r i a , reproduje las que
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me parecieron m á s importantes entre las muchas conocidas, y hasta p r o m e t í dar u n a m í a al acabar la o b r a . Y c o m o el m o m e n t o h a llegado (pues aunque t o d a v í a d a r é u n quinto t o m o o c u p á n d o m e de la Iglesia y d e l papado, cuyo t í t u l o s e r á Jeschuá, en realidad con este cuarto tomo dedicado al C r i s t i a n i s m o t e r m i n a l a tarea que m e h a b í a impuesto), voy a c u m p l i r mi p r o m e s a : R e l i g i ó n es, a mi j u i c i o , la creencia o serie de creencias de carácter mítico, por lo general, a las que concede realidad la «fe» de los que las iten y creen en ellas. Definición que, c o m o se ve, evidencia l o que acabo de decir: Que salvo m e d i a docena de ellas, todas las l l a m a das religiones fueron, y siguen siendo las que t o d a v í a qued a n , puras mitologías. Y que a ú n esta m e d i a docena tienen tanto o m á s de m i t o l o g í a que de r e l i g i ó n , considerada é s t a en su m á s aceptable sentido y elevada e x p r e s i ó n . Y voy a tratar de d e m o s t r a r l o b r e v í s i m a m e n t e exponiendo c o n palabras claras y sencillas, el horizonte religioso, mi horizonte religioso, del que hablaba. I n ú t i l repetir que este p a n o r a m a religioso es el que yo veo. L i b r e s otros, con el m i s m o derecho que yo, a i m a g i n a r o t r o distinto. O a aceptar lo i m a g i n a d o p o r otros. P e r o el m í o es el siguiente: P r i m e r a c é l u l a de lo f a n t á s t i c o - r e l i g i o s o o m í t i c o - r e l i g i o s o , el culto a los muertos. Segunda, i m a g i n a r á n i m o , v i d a , e s p í r i t u p a r t i c u l a r ( a n i m i s m o ) , e n los elementos de la N a t u r a l e z a . T e r c e r a , p e r s o n i f i c a c i ó n de estos elementos, lo que dio origen a u n a gran v a r i e d a d de m i t o l o g í a s - r e l i g i o n e s : las propiamente dichas a base de dioses personales, m á s las z o o l a t r í a s , f i l o l a t r í a s y toda suerte de totemismos, fetichismos e i d o l a t r í a s menores, de toda clase. C u a r t a , la a p a r i c i ó n de ciertos elementos p s i c o l ó g i c o - m o r a les que tuvieron la v i r t u d de v a r i a r el c a r á c t e r de determinadas creencias, m u y p a r t i c u l a r m e n t e en lo e s c a t o l ó g i c o : el orfismo introduciendo la idea de premios y castigos en otra v i d a , y las llamadas religiones a base de misterios, que exigiendo p e r í o d o s de «purificación» a los que se iniciaban en ellas, s u p o n í a n p o s i t i v a i n c l i n a c i ó n a un m e j o r a m i e n t o m o r a l , ajeno a t o d a idea m i t o l ó g i c a considerado en sí. Q u i n ta, la a p a r i c i ó n , inmediatamente, de las religiones a base de
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dioses salvadores, es decir que m o r í a n y resucitaban en beneficio de sus adoradores; religiones, en realidad, de tipo m i t o l ó g i c o t a m b i é n . Y sexta, r e l i g i o n e s - m i t o l o g í a s imaginadas no p o r los hombres a fuerza de tiempo, sino p o r grandes inciados tales que Z a r a t h u s t r a , M a r c i ó n y M a h o m e t ( M a homa). C i t o s ó l o los p r i n c i p a l e s , dejando de m e n c i o n a r a Confucio (Kong-fu-tsé), al B u d a y a B a h a u ' l a h , fundador del B a h a i s m o , porque e l Confucismo y e l B u d i s m o son m á s b i e n que religiones, reglas de v i d a (aunque sus partidarios convirtiesen i n c l u s o en dioses a ambos personajes); en cuanto a l B a h a i s m o m á s que r e l i g i ó n propiamente d i c h a e s u n a t e o r í a filosófica de fondo religioso m o r a l . T a m p o c o me ocup a r é del M a z d e í s m o (476) ni del I s l a m i s m o (477). S ó l o del C r i s t i a n i s m o y de su t r a m p o l í n , el J u d a i s m o , a p r o p ó s i t o de los cuales voy a exponer sin o t r a ayuda que la r a z ó n y el recto pensar, p o r q u é me es i m p o s i b l e creer ni en u n a ni en o t r a de ambas doctrinas; doctrinas contenidas en esa mont a ñ a de mitos que es en r e a l i d a d la Biblia, no obstante ser (para el que lo crea), L i b r o divino y revelado. En lo que al Antiguo Testamento afecta, todo, absolutamente todo cuanto se suele conocer de él es un p u r o mont ó n de mitos, empezando p o r el G é n e s i s y la C r e a c i ó n que en él se puede leer (478). Y otro tanto, puras f á b u l a s , cuanto se refiere a N o é , su arca, el D i l u v i o y la T o r r e de B a b e l (479). Y lo m i s m o , puras leyendas, cuanto afecta a M o i s é s , que probablemente fue un personaje inventado p o r aquellos levitas del t i e m p o del rey Josias, que sin preocuparles o t r a cosa que i m p o n e r en Israel su teocracia, echaron a v o l a r su f a n t a s í a con tan buenos resultados, haciendo creer lo de las plagas, l a h u i d a d e E g i p t o , l a p a r t i c i ó n del m a r R o j o p a r a que pudiesen escapar los fugitivos, y las m a r a v i l l a s de la v a r a de su c a u d i l l o que lo m i s m o se c o n v e r t í a en serpiente p a r a tragarse las serpientes-varas de los magos del F a r a ó n , que h a c í a b r o t a r agua de las rocas del desierto p a r a aplacar la sed que p r o d u c í a a los caminantes tanto el S o l c o m o el d i v i n o « m a n á » . Y lo m i s m o que todo esto, puras mentiras t a m b i é n , f á b u l a s , m i t o s todo lo d e m á s o cuando menos la m a y o r parte de cuanto refiere el l i b r o a p r o p ó s i t o de S a ú l ,
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D a v i d , S a l o m ó n y los profetas; empezando p o r E l i a s y su famoso c a r r o de fuego; y cien cosas m á s de o b r a tan ir a d a como p o c o l e í d a , que p a r a a d m i t i r l a s hacen falta unas tragaderas m á s amplias que las de la b a l l e n a que e n g u l l ó a Jonás. Pues bien, aunque las f á b u l a s me gustan m u c h o , u n a cosa es que me gusten y o t r a que las crea. Y p o r eso, ni a d m i t o las del Antiguo Testamento, ni las del Nuevo, c o m o ha podido ver el lector; a s í c o m o las razones que tengo p a r a ello. De m o d o que a p a r t i r de la C r e a c i ó n (480) del Génesis, cruz y raya. Pues esta C r e a c i ó n ni siquiera tiene el m é r i t o de la o r i g i n a l i d a d ; ya que un m i t o tibetano m u y antiguo, entre otros varios del m i s m o tipo, m u y extendido p o r e l P r ó x i m o Oriente, cuenta que l o , el Ser supremo tras crear el Todo, s e p a r ó sus elementos con sólo el poder de su pensamiento; es decir, exactamente c o m o hizo el Y a h v é j u d í o con la m a g i a d e s u palabra. E n cuanto a l D i l u v i o , c o m o y a h e indicado, es leyenda c o m ú n a muchas m i t o l o g í a s antiguas; y actualmente a ú n , los indios de A l a s k a , tienen u n a parecida y en ella su N o é l l a m a d o S i t k a (481). T a m p o c o la p r i m e r a pareja del Génesis tiene o r i g i n a l i d a d alguna (482). T o t a l , que ante la i m p o s i b i l i d a d de creer tanta f á b u l a , me l i m i t o a encogerme de h o m b r o s cuando h a b l a n del Antiguo Testamento y a s o n r e í r cuando dicen que es l i b r o divino y revelado. Y lo m i s m o me pasa c o n el Nuevo cuyo origen, c o m p o s i c i ó n y vicisitudes hasta llegar a nosotros, ya he dicho c u á l e s h a n sido; y c u y a f i g u r a c e n t r a l me es i m p o s i b l e a d m i t i r , ni sus andanzas, en cuanto a ser hechos reales (483). Si a esto a ñ a d i m o s , en lo que afecta a su doctrina, la falta a s i m i s m o de o r i g i n a l i d a d tanto en lo m o r a l c o m o en lo sacramental, pues lo p r i n c i p a l de esto (bautismo, c o m u n i ó n , c o n f e s i ó n , etc.) era ya practicado antes de llegar a e l l a ; a s í c o m o la i m p o s i b i l i d a d de a d m i t i r sus dogmas fundamentales (el tema, p o r ejemplo, de las v í r g e n e s - m a d r e es p r o p i o de muchas m i t o l o g í a s tanto indo-europeas c o m o americanas), se c o m p r e n d e r á que sin necesidad de someter a exégesis alguna todo lo considerado como sagrado, y s ó l o c o n en-
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focarlo con las luces de lo conocido y de la r a z ó n m á s elemental, i m p o s i b l e creer. A h o r a b i e n , que a mí y a otros nos sea i m p o s i b l e « c r e e r » , no i m p i d e que c o m p r e n d a o comprendamos, que a muchos les o c u r r a lo c o n t r a r i o o r a a causa de su m o d o p a r t i c u l a r de ser (484), o r a de su conveniencia e c o n ó m i c a . Y que tanto u n a cosa c o m o o t r a i n v i t e n u n a vez m á s a « t o l e r a n c i a » . Tol e r a n c i a que yo he p r o c u r a d o no o l v i d a r nunca, p o r m u c h o que discrepase, en cuanto a ideas, de aquellos que me rodeaban. M i c r i t e r i o e n esto h a sido siempre invariable. P a r a u n i r m e a u n a persona me ha bastado saberla buena, inteligente y honrada. El que no pensase c o m o yo en ciertas cuestiones, no t e n í a p a r a m í , en realidad, i m p o r t a n c i a . Y la p r u e b a de esto que digo es, que varios de los no muchos verdaderos amigos que he tenido eran tan honradamente creyentes, c o m o y o d e s c r e í d o . L o que n o i m p i d i ó que nuest r o afecto y a m i s t a d fuesen tan s ó l i d o s , que a ú n deplore que hayan p a r t i d o y que los recuerde siempre c o n tristeza y cariño. Y voy a hacer punto f i n a l tras unas ú l t i m a s consideraciones a p r o p ó s i t o del C r i s t i a n i s m o . Si de acuerdo con una c r í t i c a serena e i m p a r c i a l empezamos a despojar una a u n a a esta f l o r religiosa de sus hojas, ¿ q u é queda? De querer ser sinceros no hay m á s remedio que decir que un m o n t ó n de leyendas, de f á b u l a s , de m i t o s . En cuanto a v e r o s i m i l i t u d , verdad e h i s t o r i c i d a d de su figura c e n t r a l : cero. Todo p a r a los que creen en ella con fe no menos respetable que la que m o v i ó a creer en los infinitos dioses desaparecidos y en los a ú n en candelero, de las muchas creencias t o d a v í a vivas (485), nada p a r a los carentes de ella. N a d a puesto que, c o m o se ha visto, su personalidad no e s t á c o m p r o b a d a p o r documentos h i s t ó r i c o s de autenticidad indudable, y n i m bada, p o r el c o n t r a r i o de prodigios (milagros) en los que, racionalmente, es i m p o s i b l e creer, y de otras afirmaciones puramente caprichosas puesto que indemostrables. En cuanto a moral, p u n t o m u y importante que cuando menos p o d r í a hacerla sobresalir, de ser verdaderamente o r i g i n a l , sobre las d e m á s religiones consideradas como supe-
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riores, n a d a tampoco. R e c u é r d e s e el d e s a f í o de Steudel (nota 433) no recogido p o r n i n g ú n t e ó l o g o . En lo que afecta a sus dogmas, i m p o s i b l e tampoco a d m i t i r l o s sino a fuerza de «fe» (486). Sus sacramentos adolecen de l a m i s m a falta de origin a l i d a d . De los principales, c o m o p o r ejemplo la c o n f e s i ó n y la c o m u n i ó n hay numerosos antecedentes en otras doctrinas. Si a su r e a l y p o s i t i v a i m p o r t a n c i a venimos, juzgando é s t a en el sentido de grandeza o r a p o r su h i s t o r i a , bien a causa de sus doctores, c u e s t i ó n es que, serenamente considerada, en cuanto a su h i s t o r i a ( m é t o d o s p a r a imponerse el papado, luchas religiosas, r e p r e s i ó n de h e r e j í a s , intolerancias de todas clases, I n q u i s i c i ó n , empresas descabelladas, c o m o p o r ejemplo las Cruzadas, p r o m o v i d a s y patrocinadas p o r l a Iglesia, etc., etc.), resulta m á s b i e n negativa. E n l o que afecta a sus « l u m b r e r a s » , q u i e r o decir a sus grandes doctores, si he de ser a s i m i s m o sincero (por supuesto se trata de u n a o p i n i ó n p a r t i c u l a r m í a ) , creo que cuantos esc r i b i e r o n en p r o de lo que c r e í a n ( T r i n i d a d , gracia d i v i n a y d e m á s f a n t a s í a s doctrinales o d o g m á t i c a s ) , n o h i c i e r o n sino esto: fantasear sobre cosas fuera de toda r e a l i d a d ; pero a d e m á s s i n el encanto que sirve de d i s c u l p a a los que lo hacen bien, p a r a solaz y entretenimiento de quienes les leen; mientras que las obras de todos los Padres y apologistas cristianos, s i n e x c e p c i ó n , de la que no sé si salvar algo de S a n A g u s t í n , duerme en las bibliotecas s i n que mano alguna se p e r m i t a t u r b a r su bien ganado reposo, t a l es su insignificancia d o c t r i n a l y su total a b u r r i m i e n t o . Y si alguno se prec i a de t o m i s t a o de agustiniano, con su p a n se lo c o m a . Yo de no tener necesidad de a c u d i r a ellos p a r a u n a cita, los dejo d o r m i r , lo m i s m o que a Bossuet y d e m á s filósofos cristianos. T o t a l , que en v e r d a d de verdades la Iglesia vive esencialmente de la c a n d i d a fe ignorante de los que creen en su d o c t r i n a s i n conocerla; del cada vez m á s apagado fulgor de u n a h i s t o r i a que m á s vale t a m b i é n no conocer; de su situac i ó n especial c o m o E s t a d o independiente tras el acuerdo de L a t r á n c o n M u s s o l i n i , y sobre todo y m u y particularmente de su enorme fortuna que la permite, m o n t a d a c o m o u n a
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verdadera empresa c o m e r c i a l c o n delegados por todas partes y agentes reclutadores (los misioneros) cazar nuevos adeptos, cada uno de los cuales a ñ a d i r á a c a m b i o de consuelos y sacramentos, su granito al bien repleto granero de S a n Pedro. N a d a m á s justo que el que quiera oficios y beneficios de este tipo, los pague, c o m o hay que pagar en diversiones, cines, teatros y d e m á s . Lo que ya no me parece tan justo es que el presupuesto de culto y c l e r o pese sobre todos los ciudadanos, parte de los cuales no quiere ni necesita los mencionados oficios y beneficios e c l e s i á s t i c o s . Esperemos que la s e p a r a c i ó n de la Iglesia d e l E s t a d o , que ya se rumorea c o n insistencia, satisfaga a todos. De este modo, los que quieran r e l i g i ó n , que la paguen, los que no, no tienen p o r q u é hacerlo. Y todos tan contentos a base de paz, l i b e r t a d y tolerancia, excelencias que aunque pocas veces se vieron, si se v i e r o n alguna, en la h i s t o r i a d e l C r i s t i a n i s m o , yo, y creo que a cuantos no nos i m p o r t a declarar que nos tiene tan s i n cuidado esta d o c t r i n a como todas las d e m á s de t i p o m í tico-religioso, tan vivamente deseamos. Y c o n este deseo me despido de m i s lectores hasta el p r ó x i m o quinto y ú l t i m o tomo de esta H i s t o r i a de los mitos, p e r d ó n , de las religiones, cuyo t í t u l o s e r á , como he dicho: JESCHUA.
NOTAS (307) Lo que demuestra que p a r a P a b l o el Antiguo Testamento era s i n duda alguna un l i b r o « r e v e l a d o » . L a s citas que hace de él demuestran esto. (308) I n t e r p o l a c i ó n evidente, pues habiendo sido M a r c i ó n quien trajo las Epístolas a R o m a , a u n suponiendo que no fuesen obra suya, l ó g i c o , puesto que las t r a í a p a r a confirmar y dar valor a su Evangelio, que j a m á s h u b i e r a dejado en ellas algo que contradijese lo que d e c í a en él. Y en é s t e lo p r i m e r o que contaba era la bajada de J e s ú s a C a f a r n a ú m , ya adulto y s ó l o teniendo de h o m b r e la apariencia. (309) En las anteriores afirmaciones la p r o p i a Iglesia, de las que evidentemente proceden, se hace ya un poco de lío. Porque si el H i j o de Dios d e s c e n d í a por «la c a r n e » de D a v i d , no era H i j o de Dios. Y si era H i j o de Dios como engendrado p o r m e d i a c i ó n del E s p í r i t u Santo, entonces n i D a v i d ni J o s é t e n í a n nada que ver c o n él, y p o r tanto las g e n e a l o g í a s de M a t e o y L u c a s sobraban. (310) E s t a m a n e r a de afirmar achacando lo afirmado a la D i v i n i d a d , s e r í a en \o sucesivo la n o r m a de la Iglesia, que t o d a v í a no duda en hacer, en n o m b r e de la D i v i n i d a d , cuanto la place o la conviene, empezando por los grandes nombramientos. E l Papa actual n o d u d ó a l iniciar e l p r i mer consistorio secreto de su pontificado, en el que insti-
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tuyo cardenales a unos cuantos obispos, en afirmar: «Por mandato de Dios todo poderoso, de los santos apóstoles Pedro y Pablo y por Nos, os creo y proclamo cardenales de la Santa Iglesia Católica.» Nada más. Claro que si en vez de hablar mintiendo lo hiciesen en nombre de la «verdad», ¿cómo podrían hablar de milagros, revelaciones y dogmas? (311) Como se ve, siguen las afirmaciones gratuitas y el hablar de lo que piensa, quiere y hace Dios, exactamente como si acabase de haber tenido una conversación con él. Claro que para poder salir al paso al buen sentido se inventó lo de las «revelaciones» y lo de la «inspiración divina». (312) Véase sobre este último personaje lo que acerca de él dice Guignebert en Le Christ, pág. 290 y sigs. (313) La frase pudiera inducir, como ya se ha supuesto, que Pablo se apartó de la comunidad esenia, a la que pertenecía, empujado por sus visiones particulares. (314) Según Lucas, el «médico amado», los príncipes de este Mundo fueron los que intervinieron en la muerte de Jesús, es decir, los grandes sacerdotes judíos, los escribas, los fariseos, Pilato y Herodes. En la gnosis, los «príncipes» (arcontes) eran las divinidades inferiores que dirigían la marcha de los planetas. Para Pablo, como consideraba malos a los arcontes, éstos eran para él los príncipes de las tinieblas, los demonios. Luego si el Cristo había sido crucificado por los arcontes, no había sido crucificado por los hombres, sino por los espíritus maléficos, y, por tanto, crucifixión puramente simbólica. Es decir, que junto a la tradición cristiana estaba la gnóstica, que atribuía la muerte de Jesús a las potencias infernales que le habían matado sin saber quién era, desesperándose luego de haberlo hecho, contribuyendo con ello a que redimiese a los hombres. Véase en la Ascensión de Isaías el pasmo de éste en plena corte del rey Ezechías, durante el cual ve cómo el Príncipe de este Mundo, Satán, y los suyos matan sin haberle reconocido, a causa de haber tomado el aspecto de un hijo de hombre, al Elegido enviado por Dios para destruir a los dioses de este Mundo.
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(315) ¿Se pueden escribir cosas como éstas sin tener el espíritu total y enteramente extraviado? (316) A los que, por lo que se lee, Ies había escrito otras cartas que se han perdido. No lo lamentemos mucho si eran como ésta. (317) Una vez más afirmaciones de inexcusable audacia. Porque una de dos: o cuando hablaba de este modo en nombre de la Divinidad mentía descaradamente, o hacía lo que hacía de buena fe, en cuyo caso un tremendo extravío mental le empujaba a asegurar que Dios y Jesucristo se comunicaban especialmente con él. Y ¿cuál de las dos cosas era peor? (318) De donde el falso, funesto y embustero: «Lo que Dios une que el hombre no lo separe», que ha hecho desgraciados a tantos hombres y mujeres y sigue haciéndolos en los países en que ciertas leyes civiles, hechas estúpidamente al dictado de conveniencias eclesiásticas, están aún en vigor. (Precisamente corrigiendo estas pruebas leo que ayer mismo—7 de mayo de 1977—la Comisión Episcopal para la Doctrina de la Fe se ha pronunciado sin vacilación por la estabilidad del matrimonio diciendo entre otras verdades: «Fiel a la enseñanza de Jesús, la Iglesia afirma que cuando un hombre y una mujer contraen matrimonio se deben fidelidad para siempre.» Claro que como la «fidelidad» puede seguir siendo cada vez más firme si se separan, fidelidad en este caso en el propósito de haber hecho lo mejor y de no volver a unirse, todos tan contentos: Jesús, la Iglesia y los que han cobrado lo a su juicio suficiente para consentir en que sean al fin felices los capaces de comprar la felicidad.) (319) Que los pretendidos dioses del Cielo eran obra de la fantasía humana, evidente era tanto entonces como ahora. Que los de la Tierra (emperadores u otros hombres deificados) eran, por su parte, resultado del servilismo, también. El propio Pablo, ¿no lo reconoce afirmando que tan sólo porque así eran llamados había muchos dioses? Claro 14.
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que, por otra parte, ¿no daba paso con su distinción entre Dios y Señor a los que m á s tarde darían lugar a enconadas herejías distinguiendo entre el Padre, único Dios a causa de no haber tenido principio, y el Hijo, que lo había tenido en él? (320) ¿Era posible? ¿Pero dónde y cuándo había ordenado aquel Señor, al que Pablo acudía cada vez que le convenía, Señor que para él era Jesucristo semejante cosa? Porque no obstante ser tal afirmación recogida y puesta largamente en práctica por la Iglesia, los sinópticos no se atrevieron a hablar de ella, y en el cuarto Evangelio se aboga incluso por una religión «en espíritu y en verdad» en la que sobraban los templos, las ceremonias exteriores y, como es natural, los que vivirían dándoselas de ministros de un Señor que, a juzgar por los Evangelios, ni pensó j a m á s en fundar una Iglesia, ni, como es natural, en los que vivirían al socaire de ella. (321) Y aún: «Un nacimiento de Dios es cosa vergonzosa» (Crisóstomo, Homilías, X X I I I , 6, in Ephesios; Tertuliano, Adversus Marcionem, III, 11, turpissium dei nativitas). (322) Véase, es muy interesante, la palabra transustanciación en el Diccionario filosófico de Voltaire, publicado en esta misma colección «Tesoro Literario». (323) En lo religioso, la fe rara vez suele ser garantía de verdad. De otro modo no hubieran muerto centenares de religiones y millares de dioses en lo que con «fe» semejante a con la que creen hoy a los dioses que adoran creyeron los que a ellos les adoraron entonces. Precisamente por no tener las religiones otra base que la fe de sus prosélitos en fantasías tejidas sin otro fundamento que ella, el que duren lo que la fe que las sostiene. (324) Bautismo que aún se practica. Como dura lo esencial de lo atribuido al tarsiota. Por lo que no sin razón se ha dicho que el Cristianismo fue obra suya. En efecto, aun itiendo que todo lo relativo a Jesús fuese algo más que un mito, ni la creencia en su resurrección y en la idea de la
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fraternidad humana, ambas cosas hubieran podido servir para justificar el nacimiento de una religión. Cuanto hubiera quedado de Jesús hubiera sido una teoría moral que no hubiese tardado en ser olvidada. Mientras que Pablo, partiendo de la idea de que Cristo era el Salvador, anunciado por las Escrituras, y que el Hijo de Yahvé había sido designado por éste para que muriese rescatando, al hacerlo, a los hombres, daba sin darse cuenta, a sus palabras, el carácter de teoría religiosa. (325) Como dice él, de una «llamada de gracia». Así habla de la primera de las revelaciones que menciona. Un psiquiatra las llamaría alucinaciones visuales o auditivas. (326) Van Eisinga, uno de los radicales holandeses, ha sostenido {Litterature chretienne, París, pág. 113 y sigs.) que la Epístola a los romanos no puede ser anterior al año 125, época en que, según él, fue compuesta en Roma. Y como la 1.ª a los Corintios supone que ya había sido escrita, ésta sería posterior a ella. Un razonamiento semejante, que subordina ésta a la 2. a los Corintios, la elimina a su vez. En cuanto a la Epístola a los gálatas, al ser posterior a las anteriores, fuera también en cuanto a autenticidad. Y si estas cuatro epístolas, que son las fundamentales, no fueron escritas por Pablo, ¿qué pensar de las demás? (327) La crítica moderna ha estudiado mucho y discutido más, ora en contra, ora en pro de estas Epístolas, que, como se va viendo, todo menos irables son en realidad. Por lo que cuando se las lee desapasionadamente, es decir, libres de fe o de interés, no se puede menos de pensar si valía la pena de tomarse tanto trabajo y si no hubiera sido mejor exclamar: Concedédselas, concedédselas y cese la discusión, pues ni merecen el trabajo que os tomáis ni a él, atribuyéndoselas, le hacéis favor alguno. Pues aun dando por cierto que la base, el fondo de estas epístolas, fuese de un sublime iniciado que un día, de pronto, en pleno desvarío cerebral, cogido de total embargo místico concretó en la figura de Cristo anteriores ilusiones de Isaías, de a
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Daniel y de Enoc, y que gracias a su desvarío espiritual nació el Cristianismo, ¿no habría al punto que preguntarse, conociendo la historia de esta doctrina, si valía la pena que hubiera llegado a formarse? (328) El «mi hermano en Cristo», mi «amigo en Cristo», mi «padre en Cristo» y demás latiguillos semejantes empleados aún en el género epistolar por los de la Iglesia de ambos sexos vienen, como puede verse, de Pablo. Lo mismo que muchas otras cosas, como se va advirtiendo. No es extraño, pues, que la Iglesia le ire tanto, puesto que tanto le debe. Además, ¿dónde mejor que en estas epístolas pudieron beber nuestros místicos y los de todos los países cristianos, que, salvo contadas excepciones y en breves momentos, son ejemplos perfectos de los más completos y eficaces soporíferos? (329) «Esto» es, que se predique al Cristo sea como sea. O como él dice: «con buena intención» unos, y otros «por espíritu de envidia y de competencia». (330) Supongamos que esto hubiera sido dicho por un pagano refiriéndose a cualquiera de aquellos dioses tan en candelero entonces, que morían y resucitaban en provecho de los hombres, ¿qué hubiéramos pensado de su estado mental y de la verdad y valor de lo que afirmasen? ¿Luego qué importancia puede tener todo esto sino la que caprichosamente se la atribuye por obra de la fe? (331) Su caso era el mismo que luego se repetiría muchas veces en espíritus embargados por un amor verdadero, por quimérico que fuese, en busca del ser amado. Algo semejante era lo de Teresa de Avila, que, como se sabe, suspiraba en inspiradísimos versos que moría porque no podía morir. Incluso sin ser místicos, muchos han muerto de amor. En los tres grandes géneros literarios, épica, lírica y dramática, el amor representa siempre el papel principal. Con los dedos se podrían contar las obras de las que esté ausente. Como en la vida. Por lo mismo no es de extrañar que sea con frecuencia manantial de muerte.
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(332) Diríase estar oyendo a cualquiera de nuestros místicos del siglo x v i . Mas si, como parece, tanto contribuyó Pablo al misticismo cristiano, no hay más remedio que culparle de haber sido causa, o cuando menos contribuido, a que muchos perdiesen la vida haciéndola navegar a través de una existencia inútil, difícil y amarga, sin provecho ni para ellos ni para los demás. (333) Aquí mismo lo dice en III, 5-6: «Circuncidado al octavo día, de la raza de Israel, de la tribu de los Benjamín, hebreo hijo de hebreos, y según la Ley, fariseo; según la justicia de la Ley, irreprensible.» Y en la 2.ª a los Corintios ( X I , 22): «¿Son hebreos? También yo. ¿Son israelitas? También yo. ¿Son descendientes de Abraham? También yo.» (334) Sandán, divinidad principal de Tarso, patria de Pablo, era un dios semejante al babilonio Tammuz, al asido Adonis, al frigio Attis y al egipcio Osiris, dioses de la vegetación, que todos los años morían y subían al Cielo para resucitar luego. Mientras que Yahvé, que no era dios de misterios, carecía de muerte y de resurrección y a causa de ello no ofrecía a sus adoradores el beneficio tan codiciado de acercarse a la «divinidad», como ofrecían los otros cultos con sólo seguir a su Dios. Mas he aquí que lo que precisamente había venido a ofrecer el Hijo del hombre con su «escándalo de la cruz» y el prodigio de su resurrección era esto mismo. Lo que, además, había sido ya predicho en las Escrituras por Isaías, Daniel y Henoc. Tal fue la verdadera revelación (mejor sería decir «descubrimiento») de Pablo: que Cristo se le apareciese para confirmárselo sólo fue una consecuencia natural de su tendencia innata al misticismo, resultado de su tremendo desequilibrio mental. Sin contar que Jesús había hecho más aún que los otros dioses Salvadores, puesto que si había muerto, había sido para «redimir» a los hombres del «pecado original». Que no hubiese habido tal pecado, que se tratase de una de tantas fábulas del Antiguo Testamento: esto ya no tenía importancia. Sobre todo, que las cosas son mientras se cree en ellas.
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Pues esto, que se crea en ellos, es el secreto de la vida de dioses y cuanto con ellos se relaciona. (335) Más aún que creador del Cristianismo o tanto, por lo menos, Pablo fue el creador de la Iglesia, cuerpo de Cristo, como afirmaba con la misma seguridad que decía que era su apóstol: «Pablo, apóstol de Cristo Jesús por la voluntad de Dios», y «ministro suyo (de la Iglesia) soy yo en virtud de la disposición divina a mí confiada», que se lee en la Epístola a los Colosenses. Naturalmente, creyéndose tal y por tal autoridad nombrado, que hubiese otros que aspirasen a quitarle el puesto le sacaba de sus casillas. Y por ello esta carta, al saber por Epifrates que en Colosos habían aparecido otros doctores que no solamente rebajaban la autoridad del Cristo, sino que trataban de imponer la circuncisión y otras prácticas judías, que Pablo se esforzaba por desterrar de todas partes por donde pasaba. (336) Esto lo vio seguramente cuando fue arrebatado y elevado hasta el tercer Cielo. En el capítulo dedicado al Islamismo (tomo 3.° de esta Historia de las religiones) se puede aprender también cómo Mahoma, que asimismo subió al Cielo en vida, vio en él cosas absolutamente maravillosas. (337) Cada grupo, por pequeño que fuese, constituía una modesta iglesia particular. La palabra ekklesia significaba tanto asamblea de fieles como el lugar en que se reunían. (338) En esta Epístola son nombrados varios: Timoteo, Tíquico («el hermano amado, fiel ministro y consiervo en el Señor»), Onésimo («el hermano fiel y querido»), Aristarco («mi compañero de cautiverio»), etc. (339) Aquí mismo asegura Pablo a los colosenses que no cesa de dar gracias a Dios «sabiendo la caridad que tenéis hacia todos los santos» (I, 34). (340) Mientras la Iglesia pudo impuso su doctrina por la violencia. Recuérdese su modo de reprimir las herejías, sus luchas con el Imperio y con cuanto se la oponía,
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sus excomuniones, sus anatemas, la Inquisición y demás. Hoy, perdido aquel poder, ha cambiado de táctica y vive y medra sembrando ideas de bondad, de paz, de fraternidad, lamentando desgracias y enjugando con palabras dolores sociales y calamidades públicas. Políticamente, apuntando siempre su brújula al polo que la es más favorable. Además, el Jesús evangélico lo permite todo, puesto que lo mismo truena y manda comprar espadas que es todo cáliz de amargura. (341) La obra de un fanático, dominado por una creencia, embargado por ella y ayudado por las circunstancias, puede ser inmensa. Piénsese en lo que pudo hacer Pablo, si se ite su existencia, o en lo realizado simplemente al amparo de la proyección de su sombra; o el propio Marción, iniciado también, que lindaba con lo genial en su clase; o en lo llevado a cabo por otros hombres de corte, en cierto modo, semejante, tales como Lutero, en lo religioso, o un Hitler, en lo político. (342) Una de las tres fiestas nacionales impuestas por la Ley (Exodo, X X X I I I , 16). Se celebraba siete semanas después de la Pascua. (343) Por cierto, que hoy mismo, 6 de octubre de 1965, veo en un periódico una fotografía que representa al papa Pablo VI todo sonriente, sencillo, fraterno, indudablemente «comunista» también, sólo que blanco, como su traje, dando la mano a Andrei Gromyko, ministro de Asuntos Exteriores de la U.R.S.S., al serle presentado éste por el jefe del protocolo de la O.N.U., con motivo del viaje político de este papa turista a los Estados Unidos. Y pienso que tal vez no tarde mucho (lo que tarde en convenir a Roma) en declarar, apoyándose en los textos que voy citando y otros muchos que se podrán traer a colación (véase mi estudio preliminar a La República, de Platón), que habiendo nacido el comunismo en tiempos de Yahvé y por voluntad suya, pues no cae la hoja de un árbol sin que lo consienta la divina Providencia, los comunistas son sus hijos predilectos y muy amados,
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(344) Hace ya mucho tiempo que. la crítica científica moderna ha denunciado como un relato novelesco más de los Hechos éste, concerniente al supuesto primer mártir cristiano. El hecho de que muriese pronunciando las mismas palabras que el pseudo Lucas pone en boca de Jesús al expirar éste resulta ya más que sospechoso. Loisy dice, a propósito de ello, en Les Actes des Apotres: «Que no puede ser obra de casualidad.» En cuanto al pretexto para matarle que exponen los Hechos, es absolutamente inaceptable. Y no más isible, por inocente, el discurso de Esteban (¿retenido milagrosamente por quién con tal exactitud?), contando a los judíos que le escuchaban lo que seguramente sabían tan bien como él: trozos del Antiguo Testamento. Cuanto se pretendió con esta nueva fabulita fue lanzar una requisitoria contra los judíos. Y de paso, claro, aprovechar la ocasión para iniciar la «gloriosa carrera» de los santos mártires cristianos, que abundantemente aumentada se explotó durante mucho tiempo. (345) Sobre los redactores que intervinieron en los Hechos de los Apóstoles, véase Les Actes des Apotres, de Alfred Loisy, y el tratadito de P.-L. Couchoud y R. Sthal inserto en Les premiers écrits du Christianisme. (346) Sembrad entre los hombres una idea en la que les sea fácil creer a causa de estar en relación directa con sus esperanzas o sus ambiciones, y la veréis crecer sin que nada sea capaz de detenerla. La de que el hombre era explotado por el hombre y que lo que se lleva el capital es robado al trabajo ha encendido el comunismo moderno, y testigos somos de cómo se va extendiendo por el Mundo. Que sea o no verdad, esto ni pensarlo se les ocurre a los ya convencidos, por convenirles, de aquello por lo que luchan. Entonces, nacida la idea de que había un Dios, Padre de amor y compasión, y de que había enviado a su Hijo único para que redimiese a los que sufrían, fue más que suficiente para que muchos, sobre todo las víctimas de las injusticias sociales, se abrazasen a ella. Y no hizo falta más por falso e imposible que todo ello fuese, si se
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exceptúa el calamitoso estado social. La chispa prendió al punto una hoguera levantada con esperanzas mesiánicas y leños proféticos y apocalípticos. Tal chispa, ¿fue Pablo? ¿Fue Marción? ¿La obra combinada de ambos atizada luego con nuevos leños por la Iglesia? Sea como sea, el caso fue que animada por el soplo de una fe ciega y de esperanzas desatinadas arde todavía. (347) Harnack: Lukas, der Artz, der Verfasser des dritten Evangeliums und der Apostelgeschichte, 1906. Die Apostelgechichte, 1908. Neue Untersuchungen zur Apostelgeschichte, 1911. Eduardo Meyer, en una maciza obra en tres tomos: Ursprung und Anfange des Christentums, opina como Harnack. (348) Los dos apóstoles empiezan la serie de sus milagros (curas maravillosas) haciendo andar a los tullidos (III, 2; X I V , 8). Pedro realiza prodigios incluso con su sombra (V, 15). Pablo, simplemente con que los enfermos toquen algo que él haya tocado ( X I X , 12). Los demonios temen tanto el nombre de Pedro (V, 16; V I I I , 7) como el de Pablo ( X V I , 18; X I X , 11; X X V I I I , 9). Pedro confunde al mago Simón (VIII, 18) y Pablo hace otro tanto con E l i mas ( X V , 6) y con los exorcistas efesios ( X I X , 13). Ambos realizan milagros que tienen el carácter de castigos (V, 1). Uno y otro resucitan muertos (IX, 36; X X , 9). Eutichus corresponde a Tabitha y Eneas al padre de Publius (IX, 33; X X V I I I , 8). Si Cornelio cae en adoración a los pies de Pedro (X, 25), Pablo, tanto en Listra ( X I V , 11) como en Malta es venerado cual si fuese un dios. Y a ello se oponen uno y otro mediante palabras idénticas. (349) El milagro de Pablo resucitando a Tabitha en Joppe (IX, 36 y sigs.) es la transposición a los Hechos del «Talitha qumi» de Marcos, V, 41. (350) Una de las mayores infamias colectivas llevadas a cabo por los hombres durante casi veinte siglos ha sido que una sola palabra, la palabra antisemitismo, haya bastado para designar el movimiento de hostilidad contra la raza judía. Y uno de los grandes reproches que se podrá
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hacer siempre a la Iglesia de Roma es acusarla no solamente de haberle originado, sino de ser la que más trabajó para mantener vivo el fuego que ha hecho arder esta infamia. Su historia es larga. Empezó cuando la Iglesia, entonces naciente, no encontrando explotable el Jesús de Marción, declaró a éste hereje, se puso de parte de Yahvé, y haciéndolo se metió en un callejón de difícil salida al aceptar a un tiempo el Pablo marcionita, que renegaba de la Ley, y al Pedro judío ortodoxo, que la defendía. Ello la obligó, como era natural, a una serie de componendas absurdas, entre ellas, la supuesta reconciliación de ambos apóstoles, para justificar la cual se vio obligada a inventar la fábula que hacía que ambos se reuniesen en Roma con objeto de hacerlos morir juntos. Nacida la bola, no quedaba sino ponerla en movimiento para que fuese creciendo con sólo rodar como las de nieve. Los hechos ayudaron a esta tarea. La revuelta del último Mesías, Bar-Cochebas, acabó con los judíos como nación y produjo la gran «diáspora». Bajó el Judaismo al tiempo que la Iglesia, nutrida con su sustancia, subía. Pero como entre los gentiles que se iban sumando a la nueva doctrina había muchos que se inclinaban al Judaismo, la Iglesia, para evitar estas fugas, empezó a pensar cómo resolver el problema. Renegar del Antiguo Testamento, imposible. Hubiera equivalido a volver a Marción. Imposible tampoco negar que Jesús era judío, puesto que en Belén le habían hecho nacer. Y judíos los Apóstoles y Pablo, el gran modelo. En tal apuro, ¿qué hacer? No encontraron solución mejor que echar sobre ellos la acusación de «deicidas», que equivalía, como ocurrió, a hacerlos odiosos, a excitar contra ellos el fanatismo de los nuevos creyentes. Y así empezó a agrandarse, sembrada la cizaña, la zanja abierta con motivo de Marción. Lo demás sería cuestión de tiempo y de circunstancias, éstas cada vez más favorables para la Iglesia, si no de Jesús, por lo menos, del Cristo. La primera, el paso de Constantino declarando el Cristianismo religión del Estado, lo que permitió a la Iglesia
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iniciar toda clase de medidas ventajosas para su causa, y sus persecuciones. Años m á s tarde, Teodosio II, bien aconsejado, suprimió el patriarcado judío, empezando el proselitismo por parte de esta religión a ser considerado como crimen de lesa majestad. El año 439 una ley veda a los judíos puestos y honores militares. Hay que evitar a toda costa que puedan ser poderosos. Entonces ellos, adivinando que en realidad la soberanía se encuentra siempre donde está el dinero, a fuerza de trabajo, tesón e inteligencia empezaron a hacerse los banqueros del Mundo. Pero el arma era de dos filos, pues su bienestar económico serviría cien veces de pretexto para, recordando el crimen que tan sin razón se había echado sobre sus espaldas, desposeerlos de cuanto tenían, no dudando incluso, si hacía falta, en quitarles, además de sus bienes, la vida. Los Concilios de Vannes (465), Agde (del mismo año), Epona (517), Orleans (533) y Clermont (535) prohiben a los cristianos comer con los judíos, practicar matrimonios mixtos, mezclarse con ellos. Los gettos nacen. Luego fueron las leyes de Nuremberg relativas a Jos esclavos. A propósito de ellos también, el Concilio de Toledo del año 681 decreta: «Está absolutamente prohibido a los judíos tener siervos o esclavos cristianos.» El de Meaux del año 808 cambia la liturgia de los rezos del Viernes Santo referente a los judíos: se suprime el arrodillar, en lo que a ellos afecta, y se introduce el «pérfido judío», con lo que sigue creciendo el odio. Hombres a quienes la Iglesia ha canonizado y santificado, no dudan en escribir cosas tremendas contra ellos. Me voy a limitar a citar dos, como botones de muestra: Tomás de Aquino: «Sería lícito mantener a los judíos, a causa de su crimen, en servidumbre perpetua, y entonces los príncipes podrían considerar los bienes de los judíos como pertenecientes al Estado. Los judíos son los esclavos de los príncipes.» Crisóstomos: «La sinagoga, lejos de ser un lugar en el que Dios es adorado, es un lugar de idolatría. Es una casa de libertinaje, una casa de ladrones, una guarida de bestias salvajes e im-
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puras. No olvidéis que la sinagoga es la mansión del demonio, la ciudadela del diablo, el lugar de toda perdición, y no tan sólo la sinagoga, sino el alma misma de los judíos.» A este Crisóstomos, la Iglesia, sin duda para recompensar su b á r b a r o fanatismo, le hizo santo. Si recordamos que «crisóstomos» quiere decir boca de oro, o sea, que fue llamado así a causa de su gran elocuencia, sin duda hay que creer que la elocuencia, para la Iglesia, consistía esencialmente en mentir. Cerca de un milenario predicando tales cosas tenía que producir sus efectos. Empezó a circular el rumor de que a instigación de los judíos, el sepulcro del Señor había sido profanado. Consecuencia inmediata: matanzas de judíos. Hacia el año 1095, el papa Urbano II llevó a cabo la primera Cruzada. Con aquel motivo hubo una explosión de crueldades atroces. Renato de Grousser, en su Historia de las Cruzadas, nos dice que cuando la toma de Jerusalén en 1099, los cristianos vencedores prendieron la sinagoga tras haber encerrado en ella a los judíos. En 1146, con ocasión de la segunda Cruzada, aún fue peor. En 1141 estalló en Norwitch (Inglaterra) el primer caso infamante ritual. La venganza fue terrible. Luego ocurrió en Würzburg en 1147, en Colonia en 1150, en Blois en 1171 y en Bray-sur-Seine en 1191. En 1215, el Concilio de Latrán decidió que los judíos llevasen como distintivo de su raza una ruedecilla prendida en parte bien visible de sus vestidos. Felipe el Hermoso hizo de ello una fuente de ingresos. La caza de los judíos sin ella, sin ruedecilla, resultó sumamente lucrativa. Y por entonces también empezaron a dejar de ser libres, pues se determinó que: «El judío no puede tener nada propio. Todo cuanto adquiere es de la propiedad del rey, no de la suya. Los judíos no viven para ellos, sino para los otros.» Cuanto se hacía para robarles era legítimo. Desde Felipe Augusto son una fuente continua de beneficios fiscales. En 1180 detienen a todos los judíos y no se les pone en libertad sino mediante rescate de 15.000 marcos de plata. En 1182 se ordena la expulsión de
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todos los judíos de Francia. En otros países ocurre en distintas épocas otro tanto. Los de España, expulsados en tiempos de los Reyes Católicos, se fueron adonde pudieron. Los que lo hicieron pasando a Portugal tuvieron a poco que emigrar también de este país. La familia del gran filósofo Spinoza (Espinosa antes) tuvo que refugiarse en Holanda. Y voy a terminar. Seguir enumerando injusticias e infamias no es agradable. Me limitaré a mencionar que en 1902 aparecieron Los Protocolos de los Sabios de Sión, que no obstante ser un libro apócrifo fabricado por la policía zarista, sirvió para que traducido a todos los idiomas fomentase aún contra los judíos el odio de todos los antisemitas del Mundo. Luego, y para completar, fue Hitler, y su persecución aún más feroz que cuanto se había visto hasta entonces. Pero esto es ya bien conocido. Y de quién la verdadera culpa de tanto crimen, también. (351) Tengamos en cuenta que Marción, tras cuatro años de permanecer en Roma, fue rechazado y declarado hereje, no obstante anunciar en su Evangelio un Dios Salvador y lleno de misericordia hacia los hombres. Pero, claro, hacía bajar a su Jesús del Cielo, porque no podía imaginar siquiera que un hombre pudiera ser transformado en Dios, ni que un Dios consintiese en morir, cosa imposible para él ni aun proponiéndoselo, como no fuese de un modo simulado, es decir, como los dioses de todas las religiones de salvación anteriores. Le faltó darse cuenta perfecta del gusto y tragaderas de los hombres para lo absurdo, lo anormal, lo imposible y lo maravilloso, y ello le costó perder. Que fue, por el contrario, lo que comprendieron muy bien y explotaron los paladines de la nueva doctrina, creando mitos en los que los milagros ocupaban un lugar esencial concediendo con ello a la fe toda la importancia que negaban a la razón. (352) R. Bultmann, el más categórico de los representantes de la formgeschichliche Schule, decía: «No podemos conocer el carácter de Jesús, su vida ni su personalidad. Ni hay medio de demostrar la autenticidad de ninguna de
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cuantas palabras se le atribuyen. Estimo que cuanto podemos saber sobre la vida y sobre la persona de Jesús y nada todo es uno.» Y otro de los paladines de esta escuela, Bertram: «Que la figura de Jesús no es directamente accesible a la historia. Tratar de integrarla en un desenvolvimiento histórico es enteramente vano; lo que se le enseña al creyente es tan sólo no lo que fue, sino lo que es en la actualidad. El historiador tiene que limitarse a hacer esta constatación.» Por su parte, Alberto Schweitzer declaraba noblemente: «Que había fallado en el sentido de haber pretendido dar cuerpo a un Jesús históricamente inaprehensible, pues todo esfuerzo para reconstiutir su vida en el terreno histórico conducía necesariamente a una serie de antinomias insolubles.» Lo mismo opinaban, poco más o menos, Renán, Loisy, Guignebert, Turmel y todos los grandes maestros de la Escuela histórica. La síntesis de lo que todos ellos pensaban sobre esta cuestión coincidía en lo siguiente: 1.º Que los Evangelios no eran documentos históricos, sino simples textos religiosos que exponen lo que Jesús era para la fe y para la piedad de los medios en los cuales fueron compuestos. 2° Que el cuadro de los relatos evangélicos es artificial, que carecen de encadenamiento orgánico y que no hacen sino enmascarar que la narración evangélica estaba originariamente formada por una multitud de elementos aislados unos de otros. 3.° Que las diversas formas que presentan los materiales evangélicos demuestran que han sido elaborados atendiendo especialmente a las diversas funciones de la vida de la Iglesia. Nada demuestra mejor la razón que les asistía pensando todo lo anterior, que el hecho de que los dos teólogos católicos más eminentes, el Padre L. de Gransdmaison y el Padre M.-J. Lagrange, autor el primero, entre otras obras, de una inmediatamente relacionada con lo que nos ocupa: Jésus-Christ, sa personne, son message, ses preuves, y el segundo, de L'Evangile de Jésu-Christ, tuviesen que renunciar a dar un verdadero bosquejo tan siquiera de la vida de Jesús. En la obra del primero en vano se buscaría, en efecto, una Vida de Jesús. Lo suyo es sim-
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plemente una obra dogmática, que de histórica no tiene nada. En cuanto al segundo, tuvo que acabar por declarar: «He renunciado a proponer al público una Vida de Jesús según la fórmula clásica, con objeto de dejar hablar m á s a los Evangelios.» Que era como decir: Fuera de los Evangelios inútil buscar algo que nos hable ni nos acerque a Jesús. (353) Harnack dice con sobrada razón que cuanto se sabe sobre Jesús fuera de lo que dicen los Evangelios podría escribirse en menos de una página. Lo mismo había hecho ya observar Renán. Y aun lo que cuentan los Evangelios, de tal modo es distinto lo que se lee en los sinópticos a lo que refieren los redactores del Evangelio atribuido a Juan, que si se pretende tomar como histórico lo de aquéllos habría que considerar como pura fábula lo de éstos, y al revés. Diferencias no menos radicales y sorprendentes se observan entre la figura de Jesús, según los Evangelios, y la de la Iglesia, que nació y se levantó en torno a él. Véase en breve síntesis: Primero, los Evangelios pintan a un Jesús apóstol y prototipo de la pobreza; la Iglesia es la tercera potencia económica del Mundo. Segundo, Jesús era asimismo el prototipo de la sencillez y de la humildad: caminaba quizá con los pies desnudos y vivía de caridad; piénsese cómo visten y en qué se le parecen, en cuanto a indumentaria y vida, cualquiera de los llamados Príncipes de su Iglesia. Tercero, los Evangelios pintan un Jesús indiferente en absoluto al poder temporal y le hacen decir repetidamente: «Mi Reino no es de este Mundo»; para la Iglesia nada hubo más amargo que la contrariedad de verse desposeída del poder temporal, del que se apoderó a favor del engaño de las falsas «decretales» y que empuñó y mantuvo mientras pudo. Cuarto, Jesús, cierto, no era partidario de la vida ascética, pero sus representantes en esto le han superado mucho: nada más alejado de la ascética que sus vestiduras, su anillo y cruz de pedrerías, sus moradas-palacios y el esplendor del Vaticano; no obstante, la Iglesia la aplaude y ofrece a los que a ella se entregan como modelos a imitar, que, por supuesto, los que tal dicen no imitan.
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Como tampoco Jesús era enemigo del matrimonio ni le rechazaba, ni gustaba de ayunos y abstinencias, de todo lo cual está lejos, teóricamente, al menos, lo practicado y recomendado por los representantes de su Iglesia. Quinto, Jesús, a creer a los Evangelios, sentía la mayor indiferencia hacia las falsas y pretendidas manifestaciones de piedad y aconsejaba orar en el mayor recogimiento de acuerdo con una religión únicamente buena si era «en espíritu y en verdad»; la Iglesia bordó cuanto pudo su rica clámide de templos y catedrales, cuanto más grandes y suntuosos, mejor. Sexto, Jesús, creyendo y predicando que «el Reino de su Padre estaba próximo», tan próximo que muchos de los que le escuchaban, como también decía, le verían llegar, j a m á s , pues, hubiera pensado en tener una Iglesia, ¿por qué ni para qué? No obstante, viva está una Iglesia que, como se ve, nada tiene que ver con él. Pero si la Iglesia está aquí, él, ¿dónde está? (354) En todo caso, hay que empezar por reconocer que de los cuatro Evangelios considerados como canónicos es preciso separar al punto el atribuido a Juan, dado que su tono, así como sus propósitos, son enteramente distintos a los de los llamados sinópticos. Como dice Guignebert: «En Juan, el plan está enteramente inspirado en consideraciones de dialéctica; sus preocupaciones son, de un extremo al otro de su desarrollo, las de la mística y la teología, y se organizan según los procedimientos que las costumbres del tiempo imponían a esta clase de retórica.» En efecto, todo en este Evangelio parece llevarnos fuera de la Tierra, de la vida humana y de lo real y posible. Ello sin contar que refiere hechos ajenos enteramente a lo que cuentan los otros Evangelios, distintos de él en su período cronológico, en lo que afecta a aquello que a la predicación de Jesús atañe; al lugar de la acción, que en los sinópticos se desarrolla esencialmente en Galilea, y en el atribuido a Juan, en Jerusalén, adonde Jesús sube cinco veces, mientras que en aquéllos tan sólo una. En Juan, Jesús celebra con sus discípulos tres fiestas de Pascua; en éstos, una, el día que precede a su muerte. En fin, hasta la fecha de
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esta muerte es distinta en unos y en otros. En cuanto al protagonista, Jesús, en Juan, es enteramente otro que en Marcos, Mateo y Lucas. En Juan es duro con los judíos, como corresponde a un Evangelio de inspiración marcionita; solemne y altanero es en sus discursos y arengas, y jamás comprendido por los que le escuchan. Menos aún que en los sinópticos. Pues en vez de hablar del Reino que va a venir, se pierde en consideraciones sobre el Cristo eterno. En una palabra, que de querer saber lo que pudo ser el hombre, el profeta que deambuló por Galilea, si tal cosa se ite, hay que huir de este Evangelio. Dicho esto se comprenden las dudas y vacilaciones, hasta disputas, que, por lo visto, hubo antes de itirle como canónico. Porque en verdad, el más elemental buen sentido indicaba que s¿ se pretendía hacer a los otros Evangelios «verdaderos», éste no lo podía ser. Y al revés. (355) Véase sobre esto el excelente libro de E. Jacquier: Le Nouveau Testament dans l'Eglise Chretiénne, París, 1911-1912. (356) Véase A. Loisy: Les Evangiles Synoptiques, París, 1907-1908. (357) «Cuando se piensa que los libros entrados sucesivamente en el Canon, antes de quedar fijados en él circularon mucho tiempo por las Iglesias en una época en que sabemos que el respeto a los textos no era una de las virtudes cardinales, no hay medio de defenderse de una turbadora inquietud. Y es para preguntarse qué puede valer hoy la letra de estos escritos; qué contiene aún del pensamiento auténtico de sus verdaderos autores tras tantos azares como han corrido, entre las controversias y las querellas, durante el tiempo en que laboriosamente fue engendrado el dogma y la ortodoxia. A decir verdad, las primeras constataciones de la crítica no parecen tranquilizadoras. «No existen huellas de los autógrafos de nuestros libros neotestamentarios. Confiados a una materia frágil, el papiro, debieron perecer muy pronto, y ello sencillamente porque, en un principio, no se les concedió esta cualidad de
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libros sagrados que les hubieran protegido. Naturalmente, en la antigüedad e incluso en los tiempos modernos, se ha creído varias veces reconocer o encontrar estos venerables originales: ilusiones piadosas o supercherías censurables, según los casos y no otra cosa. Es, por ejemplo, posible e incluso probable que ciertas Iglesias apostólicas hayan todavía pretendido, ciento cincuenta o doscientos años luego del tiempo en que se decía que habían producido o recibido un depósito de libros apostólicos, poseer el manuscrito auténtico. Pero no es una razón para que se les dé crédito, como parece hacerlo Tertuliano (De praescrip. haeretic, 36, 1). Luego se ha hablado de haber descubierto el original de Mateo en Venecia; se ha pretendido hacernos aceptar diversos pedazos de papiros por los restos de la edición «princeps» de Mateo, de Santiago y de Judas, todo ello sin la menor verosimilitud. «No disponemos, pues, sino de copias de copias, separadas de los arquetipos por considerable n ú m e r o de grados. Y, desgraciadamente, la exactitud de las primeras copias, las que, en definitiva, han engendrado las otras, todas, por familias más o menos numerosas, no es en modo alguno segura para nosotros. Es un trabajo difícil copiar exactamente un manuscrito de alguna longitud, y lo era aún más en una época en que la costumbre de escribir sin separar las palabras en la línea ayudaba a la inexperiencia y a la inatención a caer en trampas innumerables. Es más, es casi seguro que los primeros copistas cristianos no eran profesionales de la edición, lo que ya les exponía de antemano a cometer cantidad de pequeños o grandes errores en sus transcripciones. Hoy, un texto mal impreso tiene, al menos, la ventaja de su fijeza; no varía de un ejemplar a otro. En la antigüedad, un texto mal copiado estaba muy expuesto a llegar a ser cada vez peor a cada nueva reproducción que se hacía de él. Sin contar que los escribas no sentían el menor escrúpulo en corregir según su fantasía, más o menos iluminada, los pasajes que no entendían bien. Dionisio de Corinto, obligado a constatar que sus cartas circulaban falsificadas, se consolaba pen-
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sando que no eran mejor tratadas las Escrituras (Eusebio: Historia eclesiástica, IV, 23, 12). »Es preciso no olvidar tampoco las alteraciones hechas intencionadamente, los mejoramientos tendenciosos, destinados a poner el texto antiguo de acuerdo con las convicciones doctrinales de los copistas o con sus conocimientos. Desde muy pronto, las quejas se levantaron en la Iglesia contra estas alteraciones, accidentales o voluntarias, de los libros más venerados. Ireneo, hacia fines del segundo siglo, abjura ya a los copistas, 'en el nombre de nuestro Señor Jesucristo y de su gloriosa vuelta, a que pongan atención a lo que escriben (Eusebio: Historia eclesiástica, V, 20, 2). Y se queja de aquellos que, respecto a la tradición del texto, se creen más hábiles que los Apóstoles (periftores Apostolis), es decir, que no temían corregirles (Ireneo: Adv. omnes haer., IV, 11, 1). Clemente de Alejandría (Stromata, IV, 6), en el siglo III, y el comentarista conocido con el nombre de El Ambrosiaster (Comment, in Gal., II, 1), en el siglo IV, hacen eco al antiguo obispo de Lyon. El mal parece incurable y en verdad hasta los tiempos de la fijación, del Canon, por lo menos, nuestros desgraciados textos estuvieron expuestos a cuádruple peligro: la malicia de los heréticos, el celo ortodoxo de los sucesivos escribas, su exégesis indiscreta y su falta de cuidado y atención. Es mucho, y empezamos a comprender que nuestros manuscritos del Nuevo Testamento tienen, por todas estas causas, tal número de variantes.» (Traducido de Guignebert: Le Christ, 1943, págs. 32 y sigs. Véanse también G. Milligan: The N. T. Documents. Their Origin and Early History, Londres, 1913, y F. G. Kenyon: Handbook to the Textual Criticism of the N. T., Londres, 1912.) (358) Celso, Porfirio, Juliano, Hierokleí, poco amigos los cuatro de la nueva religión, contra lo que parece ser que en realidad iban era contra las interpretaciones de las profecías por la Iglesia, interpretaciones hechas a su gusto y conveniencia, y asimismo contra las tradiciones de esta Iglesia, mediante las que trataba de justificar a toda costa cuestiones tan difíciles de creer cuan imposibles de probar,
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como la relativa a la divinidad del Cristo. Así como lo que afirmaba a propósito de los orígenes del Cristianismo, sobre lo que ya entonces no había medio de saber nada. Porque en realidad hasta que Marción no dio forma a la confusa personalidad del nuevo Dios Salvador en su Evangelio, no empezó a haber Cristianismo. De tal modo se carecía de elementos, que cuando el propio Eusebio trató en su Historia, eclesiástica de hablar de los primeros tiempos, no encontrando con qué hacerlo (de lo que vivamente se lamenta), tuvo que echar mano, para salir de apuros, de leyendas tales como las supuestas cartas entre el rey Abgaro y Jesús (que el lector al que le interese conocerlas encont r a r á en nuestra edición de Los Evangelios apócrifos, publicados en la «Biblioteca de Bolsillo»), la novelita de Pablo y Tecla o simplemente echar a volar su fantasía y completar por su cuenta lo que estas historietas le proporcionaban, entre ello la relación de los primeros papas, que probablemente, con los nombres que los da, no existieron nunca. Hoy mismo, cuando se pretende saber algo de aquellos remotos tiempos, es preciso acudir a la Didaché, a la Epístola atribuida a Clemente Romano y a la asimismo atribuida a Bernabé. En total nada, sabiendo (véase la nota anterior) cómo fueron manipulados los textos que han llegado hasta nosotros. De modo que, repitámoslo, hasta llegar al Apostolicón y al Evangelio de Marción, y luego a los Evangelios hechos a imitación suya, nada o poco más que nada, sobre todo en lo que afecta a la formación del Cristianismo, pues estos últimos textos a lo que se refieren es a la leyenda de Jesús. (359) Véase sobre esta cuestión una obra sumamente interesante: B. H. Steete: The four Golpels. A Study of Origins, Londres, 1926. (360) Véase Miguel Nicolás: Estudios antiguos sobre la Biblia. Y M. Eduardo Reuss: Historia del Canon de las Escrituras santas de la Iglesia cristiana. (361) Una afirmación que nadie se atreverá a negar es que el Cristianismo es hijo del Judaismo. Algo espurio, pero hijo, no obstante. Entre otros testimonios, la propia
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palabra «Cristo» lo demuestra. Esta palabra viene del griego Christos, que quiere decir «ungido». El Antiguo Testamento dice que entre los hebreos, los ungidos eran los reyes, cuya consagración se realizaba precisamente mediante la unción. Por este libro sabemos también que al ser anulada la realeza nació la esperanza de que un Mesías (Messiah, en hebreo), un Cristo, un Ungido ideal, vendría en nombre de Yahvé a poner a su pueblo a la cabeza de todas las naciones. Con lo que ya tenemos la primera esperanza. Esperanza en un Mesías glorioso, que espada en mano haría triunfar a Israel, librándole para siempre de toda esclavitud y de toda dependencia. Ahora bien, si la palabra Cristo (el Ungido) no era en realidad un nombre, sino un adjetivo, tampoco la palabra Jesús lo era, puesto que si se tiene en cuenta que Isaías había dicho ( L I X , 20) que el salvador de Sión vendría como redentor, se comprende que Jesús, nuevo Josué, sería el gran Redentor o Salvador que llegaría en nombre de Dios. Con lo que, bien que sin verdadero nombre, Jesús sería un Dios m á s . E incluso el último entre los dioses salvadores conocidos ya por el helenismo. Por lo demás, ello estaba perfectamente de acuerdo con el libro de Henoc, en que el Mesías tampoco era nombrado y en donde tan sólo era llamado el «Elegido» ( X X X I X , 6) o el Hijo del hombre ( X L V I , 34). ¿Carecía, pues, de nombre el Elegido? No. Henoc le había oído pronunciar cuando su visión celeste, pero no tenía el derecho de revelarlo. El terrible nombre le había sido dado a su poseedor desde el principio del Mundo: «Momento en que el Hijo del hombre fue nombrado junto al Señor de los e s p í r i t u s . y cuyo nombre (fue pronunciado) ante la Cabeza de los días» (Dios). ¿Necesitaré advertir que estamos en pleno extravío místico? Pero ya tenemos al Mesías-Salvador-Jesús en primer plano. Sin nombre, puesto que es nombrado mediante un nombre que no es nombre, y acercándonos a Juan, que sabía muy bien: «Que al principio era el Verbo, y el Verbo estaba en Dios» (Juan, I, 1). Con lo cual tenemos ya hasta a la Trinidad en marcha. Adelante, pues. Vamos por buen
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camino. Un camino sembrado de demencias, pero camino al fin. En efecto, unos pasos m á s y sabremos por san Pablo, otro gran iniciado (Epístola a los Filipenses, V, 12): «Que Cristo Jesús, bien que existente en la forma de Dios, no reputó codiciable tesoro mantenerse igual a Dios, antes se anonadó tomando la forma de siervo y haciéndose semejante a los hombres. Y en la condición de hombre se humilló, hecho obediente hasta la muerte, y muerto en cruz, por lo cual Dios le exaltó y le otorgó un nombre sobre todos los nombres, para que al nombre de Jesús doble la rodilla cuanto hay en el Cielo, en la Tierra y en los abismos, y toda lengua confiese que Jesucristo es Señor para gloria de Dios Padre.» Todo lo transcrito es insensato, quimérico, falso, producto de una inteligencia disparatada, víctima de demencia mística. Pero no nos detengamos en detalles. Sigamos, empezando por anotar que el héroe de la novela evangélica empieza por no tener nombre verdadero. Cierto que, en cambio, es designado por una porción de adjetivos, que al pronunciarlos hay que suponer que producirán el más agradable tintineo en los oídos de los que en él crean y esperan: el Salvador, el Redentor, el Mesías, el Galileo, etcétera. Sigamos, pues. Quedábamos en que era esperanza general en Israel allá hacia la época en que luego se situó el comienzo de la religión cristiana, la llegada de un Mesías, de un Cristo, de un Ungido, que en nombre de Dios (Yahvé) y con su ayuda, luego de triunfar de los enemigos de este pueblo y hacerle superior a los demás, reinaría, imponiendo al mismo tiempo la Ley mosaica y la justicia. En cuanto a esta última palabra, «justicia», busquemos un poco y nos convenceremos de que ella sola basta para justificar, por decirlo así, el porqué de tan quimérica esperanza. En efecto, la no menos quimérica figura de Jesús, ¿dónde nació sino en el ensueño del desconocido autor del llamado Libro de Daniel atribuido al profeta de este nombre? Como ya sabemos, en este ensueño se supone que el tal profeta vio salir del mar, generador de monstruos enemigos de
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Dios, a cuatro de éstos: el León alado (Babilonia), el Oso (Media y Persia), la Pantera de cuatro cabezas y cuatro alas (tantas como Imperios nacieron a la muerte de Alexandros el Grande) y aún otra bestia espantosa: la Bestia de los diez cuernos (diez reyes) más otro pequeño (Antíoco Epifanes), es decir, Siria. Según el fantástico judío visionario, el profeta en lugar del cual se pone y habla: «Miraba las visiones nocturnas, cuando he aquí que llegó, con las nubes del cielo, como un Hijo de hombre.» Con las nubes del cielo, surco del carro de Yahvé, o sea, no a través del mar, como las Bestias anteriores. Y en vez de una más de éstas, un Hombre, al que «el Jefe de los días dio imperio, gloria y realeza para que le adorasen todos los pueblos, naciones y lenguas» (Daniel, V I I , 13-14). Pues bien, este Hijo del hombre, es decir, este Hombre, puro emblema aun en el Libro de Daniel, sería la silueta vaga, imprecisa, como nacida en un ensueño, que con el tiempo cristalizaría en el Salvador, en la del Redentor, en Jesús. Cuando Henoc pregunta a un ángel que va con él que quién es aquel ser «lleno de gracia que está con el Jefe de los días, y que por qué está con él», el ángel le responde: «Es el Hijo del hombre, al que pertenece la justicia, con quien la justicia habita.» Es decir: el encargado de hacer justicia, la justicia esperada por los soñadores de Israel. Y todavía añade: «Que ante el Señor de los Espíritus prevalece su justicia para siempre.» Este Señor de la Justicia, según el Libro de Enoc: «Será el bastón en que la justicia se apoyará sin caer, será la luz de las naciones, la esperanza de los que tienen el corazón roto.» ¿Que todo ello era pura fantasía disparatada? Por supuesto. Pero ¿acaso se puede decir otra cosa de todas las creencias religiosas que durante muchos siglos fueron la luz de cientos de millones de hombres y de centenares de pueblos? ¿Por qué, pues, tenía que ser más sensata la transformación de todas estas fantasías en la figura de Jesús, de ellas, como se va viendo, nacida? De ellas y aun de otras semejantes, pues en el antiguo oráculo que for-
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maba parte de la bendición de Jacob a sus hijos, se lee: «El cetro no será arrebatado a Judá, ni el bastón de mando de entre sus pies, hasta que venga Shilo, a quien los pueblos obedecerán.» Shilo, palabra oscura. A falta de saber quién era fue interpretado por Shiloam, que se tradujo por Enviado. Como se ve, nos vamos acercando. Jesús sería en su día el enviado por su Padre con objeto de que se sacrificase por los hombres. La planta, pues, estaba allí, en el Antiguo Testamento y en los libros «apócrifos» judíos. Y con un magnífico capullo, que bastaría que se abriese para transformarse en rosa. ¿Fue Pablo el jardinero que produjo tal apoteosis? En todo caso, en la Epístola a los Corintios se lee: «Yo he sido el primero en transmitiros que Cristo ha muerto por nuestros pecados.» A esta abundante cantidad de elementos judíos hay que sumar el tiempo, la ocasión, la oportunidad, pues el momento no podía ser m á s propicio a causa de haberse puesto de moda los dioses «Salvadores», dioses que morían y resucitaban en beneficio de los hombres. Nada nace de no encontrar terreno apropiado para la vida. Pero tampoco deja de nacer si el momento y las circunstancias son favorables. La vida, tanto en lo físico como en lo espiritual, es un resultado del medio. La nueva religión de salvación, además, pedía poco y ofrecía mucho: por un poco de fe, por creer, toda una vida póstuma de inacabables venturas. Sólo cuando la Iglesia pudo al fin imponer sus mandamientos, si bien siguió ofreciendo mucho, pues no la costaba sino seguir mintiendo, sus peticiones empezaron a superar a lo ofrecido. Y a hacer que fuesen satisfechas de grado o por fuerza. En fin, hasta la fecha en que llegaría el esperado Mesías estaba prevista. Cierto que el Mesías que se empezó a creer que había llegado no era el esperado Mesías batallador aguardado por los judíos, sino el que les convino a los dirigentes del nuevo movimiento; pero ello no impidió que fuese imaginada su aparición cuando poco más o menos había indicado una profecía. Esta profecía estaba contenida en el oráculo que acabo de mencionar, puesto que
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en el Antiguo Testamento se pone en boca de Jacob (Génesis, X L I X , 10): «El cetro no será arrebatado a Judá, etc.» El cetro fue arrebatado a Judá en —40, cuando Herodes el Grande se hizo reconocer con el apoyo de los romanos, usurpando el trono al heredero legítimo. De todas maneras, durante su reinado hubo una apariencia de «cetro». Ahora bien, incluso esta apariencia desapareció en + 6, al instalarse un procurador romano en Judea. Si se hace, pues, caso omiso del reinado de Herodes, durante el cual nada de particular ocurrió respecto a lo que nos ocupa, el Mesías tenía que aparecer cuando la desaparición efectiva del cetro de manos de Judá, ora a la muerte de Herodes (— 4), ora en + 6, cuando, como acabo de decir, se instaló definitivamente al frente de Israel un procurador romano. Y he aquí por qué calculando de este modo, Mateo hizo nacer a Jesús en el último año del reinado de Herodes (— 4), y Lucas cuando el empadronamiento (+ 7). Con lo que un Mesías hijo de una serie de ensueños y profecías, favorecido por circunstancias especiales, nació cuando tenía que nacer, o sea, más o menos, en el momento predicho por otra profecía. Es increíble (conviene repetirlo una vez más y las religiones son la mejor prueba de ello) la capacidad y gusto de los hombres para creer fábulas, mitos y leyendas e incluso para aceptarlas, así como los milagros, dogmas y misterios más imposibles, como verdades ciertas y positivas. El mito de Jesús no podía escapar a esta regla. Y menos cuando con tanta facilidad se podía echar mano de textos considerados «revelados», en apoyo de lo que se quería hacer creer: todos los textos bíblicos que acabo de mencionar. Lo que, además, explica de un modo claro lo ocurrido con Marción. Cuando éste llegó a Roma hacia el año 140 alboreaba apenas la creencia en el último de los dioses Salvadores. Todo era aún impreciso y únicamente sólida la inclinación a creer en el nuevo tipo de Divinidad que las últimas corrientes religiosas imponían. En estas circunstancias se presenta Marción con su Evangelio ofreciendo un Dios Redentor y Salvador bajado directamente
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del Cielo para bien de los hombres. Es decir, ofreciendo el último eslabón que faltaba en la cadena que conducía al esperado Mesías-Salvador, con lo que el dilema que se les ofreció a los pastores del naciente rebaño romano fue el siguiente: ¿Qué convenía más aceptar: el Dios de Marción, enemigo del Yahvé bíblico, o el que señalaban los textos judíos, que parecían ofrecer una garantía superior al que presentaba Marción? Ventajas de aquél para la «fe», muchas. Inconvenientes: la necesidad de procurarle un nacimiento humano que le dotase de un cuerpo también humano en vez de la sola apariencia que ofrecía Marción, lo que, en cambio, tendría la ventaja de poder pulsar con más fuerza las variadas gamas de las diversas cuerdas de los sentimientos. Y como en cuanto a creer, por una parte, el todo poder de Dios invitaba a afirmar sin miedo cuanto conviniese afirmar y, por otra, la menor dificultad en hacer itir lo que se quisiese cuanto más se acercase a lo extranatural y milagroso, tras bien meditado y calculado todo, decidieron enfrentarse a Marción, declararle hereje, y tras un ensayo discreto (el Evangelio atribuido a Marcos) lanzaron el de Mateo, con Virgen, Espíritu Santo y de propina toda una genealogía del nuevo Dios-hombre para demostrar que se le mirase del lado que se le mirase venía de buena familia. Y con ello, el gran infundio en marcha. (362) Las semejanzas entre el mito de Jesús y otros de ciertas religiones de salvación son evidentes. Adonis, por ejemplo, había nacido, como Jesús, de una virgen, había muerto también por redimir a los hombres y, como asimismo Jesús, resucitaba en el equinoccio de primavera. Estas y otras analogías ya mencionadas, como las relativas a la leyenda de Tammuz, eran tan evidentes que no escaparon a los Padres de la Iglesia, que ante la imposibilidad de negarlas tomaron el partido de afirmar que eran los mitos paganos los que se habían formado parodiando la historia de Jesús, bien que existiesen como religiones mucho antes que en algunas mentes judías naciese la primera chispa, cuya consecuencia sería otra religión de salvación a base de elementos proféticos y apocalípticos (véase la
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nota anterior) judíos. En apoyo de esto que digo, Alfaric cita en A l'école de la raison, pág. 126, el siguiente pasaje de Justino: «Cuando leemos que el Verbo, el Primogénito de Jesús, Jesucristo nuestro dueño, ha sido engendrado sin operación carnal, que ha sido crucificado, que ha muerto y que luego de haber resucitado ha subido al Cielo, no itimos algo más extraño que la historia de esos seres que vosotros llamáis los hijos de Zeus. Nosotros contamos que nació de una virgen: lo que tiene de común con vuestro Perseus. Que curaba a los cojos, a los paralíticos, a los tullidos de nacimiento, y que resucitaba a los muertos: lo que parece una semejanza con los prodigios que vosotros contáis de Asklepios. No hacemos, pues, sino lo que hacen los griegos.» Asimismo, todos los dioses del helenismo eran llamados, como lo fue Jesús, «Kyrios» (Señor). Guignebert dice a propósito de esto (Le Christ, pág. 198): «La adopción por los cristianos de Antioquía del título de Kirios para designar al Cristo Jesús es en realidad una infiltración en su fe de una noción esencial llegada del medio sirio-salutista.» Guignebert, en efecto, estaba tan convencido de las influencias orientales en el Cristianismo, que no dudó en escribir (Le christianisme antique, pág. 256): «Es una religión que ha sido edificada sobre un fondo judío con materiales bastante diferentes, pero todos igualmente orientales; griegos, sin duda, en gran parte, pero también, por otra, asiáticos, sirios, mesopotámicos y egipcios.» La influencia en el Cristianismo de las religiones a base de misterios no es menos evidente. Su diferencia esencial con los cultos oficiales, hijos aún de las antiguas mitologías, consistía en tener aquellos elementos místicos desconocidos de éstos. En cuanto al Cristianismo, una de las causas de su triunfo estuvo en haber reunido en su doctrina lo esencial de las dos grandes ramas religiosas que entonces se repartían las conciencias: las a base de misterios y las a base de un dios salvador. Pero lo que no podía el hombre era salvarse por sí mismo. Por ello que en las religiones a base de misterios se necesitase, primero.
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una iniciación que solía realizarse a favor de un rito, pof lo general el bautismo (rito que fue adoptado por el Cristianismo), y tras la iniciación, el cumplimiento de prácticas dietético-morales encaminadas a adquirir una mayor pureza de costumbres. En el otro grupo religioso, la misma imposibilidad para el hombre de salvarse por sí mismo, fatalmente tenía que dar nacimiento al dios «Soter», al Salvador, cuya ayuda era indispensable. Y este Dios realizaba tan importante misión sacrificándose por los hombres en todas las religiones de esta clase. Todos los dioses de las religiones de salvación resucitaban. Pero de estos dioses, el culto de algunos, muy particularmente Adonis, estaba de tal modo extendido en las inmediaciones de Galilea e incluso, según san Jerónimo, en Jerusalén, que Loisy pudo escribir: «No es en virtud de una casualidad por lo que la resurrección de Cristo al tercer día después de su muerte está de acuerdo con el ritual de las fiestas de Adonis.» En efecto, la muerte de este dios era conmemorada cada año con llanto, y luego con alegría su resurrección al tercer día, hacia el 25 de marzo, equinoccio de primavera. Marduk, el Salvador babilónico, creído y celebrado no lejos tampoco de Galilea, también era detenido, interrogado, escarnecido y condenado a muerte. Atravesado por una lanza, pasaba tres días en el sepulcro, bajaba a los Infiernos, y al cabo de este plazo resucitaba. Serapis, por su parte, recibía el apodo de Chrestus, y durante bastante tiempo fue confundido con Cristo. En cuanto a Mithra, ya sabemos las muchas semejanzas que había entre su culto y el que luego dieron los cristianos a Jesús. Por consiguiente, cuando vemos que el Cristo de Pablo muere por rescatar a los hombres, resucita al tercer día y que se puede participar en el gran sacrificio que hace por los hombres mediante un rito de iniciación, ¿cómo no sospechar que conocía todo lo anterior y que trataba de fundar una religión de salvación apoyándose en las que ya existían, bien que sirviéndose de elementos judíos, que, como hemos visto, le suministraron profecías, salmos y l i bros apocalípticos? ¿Acaso no lo confiesa él mismo en la
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1° a tos Corintios (VIII, 5-6) cuando dice: «Pues aunque hay dioses, ora del Cielo, ora de la Tierra (pues hay también muchos dioses y muchos señores), para nosotros, sin embargo, no hay sino un solo Dios... y un solo Señor (Kyrios) Jesucristo.» Asimismo, las religiones de misterio le habían ayudado también a imaginar y dar cuerpo a la suya, como se ve en varias Epístolas (1. a los Corintios, II, 7; Romanos, X V I , 25; Colosenses, I, 25; Efesios, III, 4-9), donde la palabra «misterio» es citada repetidamente. Además, no olvidemos esta confesión del Apóstol de que el Cristianismo es «un mito revelado». Y precisamente porque el Cristianismo, última de las religiones de misterio y salvación, había aprovechado todo lo aprovechable de las que le habían precedido, Guignebert pudo escribir dándose cuenta de ello: «El Cristianismo llegó a ser una verdadera religión y la más completa de todas, a causa de haber tomado de todas ellas lo que tenían de mejor» (Le Chrístianisme antigue, pág. 150). (363) A propósito de esta incesante labor de adaptación a que fueron sometidos los Evangelios, dice Goguel: «La comparación de unos Evangelios con otros muestra que poco a poco se realizó una adaptación cada vez más perfecta con las ideas dogmáticas y eclesiásticas de la antigua Iglesia, a sus prácticas cultuales y a sus necesidades apologéticas.» Consecuencia: que como todo fue amañado teniendo únicamente en cuenta la conveniencia del culto, de verdad, en cuanto a fondo de doctrina, cero. Y ello sencillamente porque el Cristianismo primitivo no tuvo el sentimiento, como también hace observar Goguel, de estar unido por un lazo inmediato y directo a Jesús, sino al Cristo. Y, claro, de ser a éste al que estaba vinculado, forzoso era que olvidase a aquél. Fue luego, una vez que la Iglesia hubo impuesto al Dios que la convenía, para que no decayese si disminuía la «fe», cuando pensó en el «hombre», en Jesús, y empezó a cultivar la figura, pasión, sufrimientos y sacrificio de éste. Pues siempre ha sido norma impuesta por el antropomorfismo acercar lo más posible los dioses a los hombres, así como hacerlos cuanto más a
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semejantes a ellos mejor: única manera de que los «vean», los comprendan y los amen. En la India cuando se habla de Dios, nadie piensa en Prajapati, personificación en los Brahmanes del Creador del Universo, ni en Brahma, pura abstracción, sino en Vishnú, y más especialmente en Rama, la más popular de sus encarnaciones. Como aquí cuando se pronuncia la palabra Dios, si es, como suele hacerse, por rutina, no se piensa en nada; de otro modo, en Jesús. Pues a un «Espíritu puro», como la teología actual dice que es Dios, hágase lo que se haga, no hay medio de imaginarle, y mucho menos comprenderle ni, como es lógico, amarle. Pues no hay medio de amar aquello que no se conoce. Y el que diga lo contrario, miente. (364) Conviene, en todo caso, hacer notar que las principales diferencias entre Marcos y Mateo están precisamente en aquello en lo que menos debieron diferir a causa de referirse a dogmas fundamentales: lo relativo a la encarnación milagrosa de Jesús y luego a los milagros que marcaron su resurrección. Que Marcos nada diga de la encarnación por obra del Espíritu Santo y, en cambio, hable de los hermanos y hermanas del Galileo e incluso dé el nombre de aquéllos (VI, 3), prueba que lo de la virginidad de María no se había inventado aún; ni tampoco fijado de un modo definitivo lo relativo a la resurrección, que incluso puede ser en Marcos una interpolación posterior. En todo caso, estas discrepancias no deben sorprender demasiado, dado que entre Mateo y Lucas hay todavía más contradicciones que entre Marcos y Mateo. Y entre los sinópticos y Juan, un abismo. (365) Sobre el atribuido posteriormente a Juan hubo, como ya he señalado, innumerables discusiones, oposiciones y disputas antes de itirle entre los libros canónicos. Fue preciso para conseguirlo inventar una supuesta tradición, en virtud de la cual el tenido por el más joven de los discípulos de Jesús aseguraba haberle escrito, ya muy viejo, en Efesos. Así como el Apocalipsis, que con no más razón se le ha atribuido.
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(366) De los muchos centenares de religiones inventadas por los hombres, sólo unas cuantas, muy pocas, fueron obra de un hombre superior, de un iniciado, de un iluso sublime, o si se prefiere, de un desequilibrado genial. Las demás nacieron sin que se pueda decir exactamente cómo, bien que se pueda suponer sin miedo a equivocarse mucho, que, en general, por evolución de un fondo religioso surgido en un terreno de ignorancia abonado por el miedo y la fantasía. De estas religiones sin padre conocido, algunas, no muchas, llevaron el nombre de su divinidad principal, como el Brahmanismo, el Mithraísmo y el Mazdeísmo. Otras fueron englobadas en apelaciones genéricas: fetichismo, idolatrías, politeísmos, palabras que designaban su carácter y la pluralidad de sus dioses. Algunas, por ejemplo, el Islamismo, Hinduismo y Judaismo, unieron su nombre al país en que nacieron. Otras, tales como el Lamaísmo y el Chamanismo, al de sus sacerdotes. En fin, las fundadas por hombres excepcionales en el campo de lo religioso, fueron vinculadas a los nombres de estos hombres. Confucismo, Budismo, Jainismo, Zoroastrismo, Mahometismo, Bahaísmo. El Cristianismo viene a constituir una excepción al derivar su nombre no de Jesús, sino del Cristo, una de sus variantes. (367) Estas Epístolas, ¿eran en verdad de Pablo? ¿Eran de Marción y éste, para darles autoridad, se las atribuyó a Pablo, judío disidente de las facciones oficiales y célebre tal vez por ello? ¿Creó a esta figura al mismo tiempo que sus Epístolas? Si en verdad existió Pablo e incluso escribió Epístolas, ¿se limitó Marción a ajustarías a lo que él pensaba, mediante adiciones y supresiones? Imposible asegurar nada con precisión. En cuestiones como éstas, en que se carece de datos fijos y concluyentes, cuanto se puede hacer es proceder mediante conjeturas. En todo caso, lo que sí sabemos, como ya lo he hecho notar oportunamente, es que Pablo no es mencionado ni en los Evangelios ni en las Epístolas atribuidas a Santiago, Juan y Judas, ni por Papias. Y que pudiera ser una invención de Marción inclina a creerlo lo que de gnosticismo hay en las Epísto-
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las, no obstante las modificaciones que seguramente hizo en ellas la Iglesia. En todo caso, Marción conoció, según afirma san Juan Crisóstomo (Ad. Phil., II, 7), un texto que se decía de Pablo, que naturalmente se hizo desaparecer, en el que se leía: «Si realmente hubiera llegado a ser hombre, hubiera cesado de ser Dios.» Y como esto mismo decía Marción, de aquí la duda de si éste atribuía a Pablo lo que le convenía que dijese y si a causa de ello hizo hasta las Epístolas que pasan por ser del Apóstol de los Gentiles. (368) Como ya he dicho, la atribución de los Evangelios canónicos a Marcos, Mateo, Lucas y Juan es puramente caprichosa. Además, su propia lectura hace, empuja, obliga a pensar que los redactores de estos libros conocían Palestina tan sólo de oídas. Pues de otro modo se comprende muy mal que tanto Marcos (IV, 7 y sigs.) como Mateo ( X V , 29) hablasen del «mar de Galilea» refiriéndose al lago de Genesareth. Así como que asegurasen, tan sólo para tener ocasión de referir un milagro, que en él se levantó una tempestad tremenda. Es decir, para contar que al ser requerido Jesús por los aterrados Apóstoles, cuando el Maestro «dormía en la popa apoyado sobre un cabezal», bastó que dijese a los enfurecidos elementos, particularmente, sin duda, al líquido, si no al viento por levantar las aguas: «Calla, enmudece», para que viento y olas se calmasen al punto y para que a la tormenta siguiese «gran bonanza». Pues, ¿y cuando hablan de grandes piaras de puercos, unas 2.000 cabezas (Marcos, V, 13; Mateo, VIII, 30; Lucas, VIII, 23 y sigs.), en un país donde no se los criaba a causa de considerar su carne como inmunda? El conocimiento de la geografía de Palestina por los evangelistas era tan perfecto como para citar el nombre de pueblos que no se sabe que existiesen. Mateo, sobre todo, conocía su tierra tan a maravilla, que sabía existían en ella plantas que jamás había visto nadie a no ser él. Y campos donde, por lo visto, se sembraba un grano de mostaza que, «no obstante ser la m á s pequeña de todas las simientes, una vez crecida llegaba a ser la mayor de
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las hortalizas, y se hace árbol, donde viven las aves del cielo y hacen nidos en sus ramas» (Mateo, X I I I , 32). Todo ello y otros «lapsus» que se podrían enumerar parecen probar dos cosas: Una, que los autores de los Evangelios jamás habían estado en Palestina (el detalle de los cerdos, que ni siquiera eran judíos) y que cuanto sabían o creían saber de esta región les venía de sus lecturas del Antiguo Testamento. Otra, que como de lo que se trataba era precisamente de que la vida de Jesús confirmase lo que habían anunciado ciertos profetas (mal citados también a veces), a causa de ello las abundantes citas de éstos y el adaptar a ellas las narraciones que iban hilvanando para que estuviesen de acuerdo con lo ya predicho. Y, en fin, que no sería inoportuno citar las siguientes palabras de Diderot: «Había en los primeros siglos sesenta Evangelios casi igualmente creídos. De ellos fueron rechazados cincuenta y seis por razones de puerilidad y de inepcia. ¿No queda nada de ello en los conservados?» (369) El Diatesarión representaba una tendencia a la unificación de los Evangelios. Seguramente la gran libertad para enmendar e interpolar que durante mucho tiempo fue la norma con estos libros hubiera acabado, o bien por acatar como definitivo a uno de ellos, o m á s probablemente tal vez por formar, combinando los cuatro estimados como principales un texto que hubiese sido finalmente aceptado. Pero sin duda la necesidad de fijar cuanto antes la nueva doctrina con objeto de salir al paso tanto a las «herejías» que la asediaban por todas partes como a las burlas de que era objeto el modo como eran retocados y enmendados incesantemente los textos, obligó a canonizar los que fueron considerados mejores. Y entonces fue cuando, para dar mayor prestigio a los elegidos, se sancionaría también definitivamente los nombres que llevan hoy textos que tuvieron que nacer anónimos. (370) Gnosis, conocimiento de lo divino. Etimológicamente, el Conocimiento. Esencialmente, el conocimiento en sí, el saber absoluto y total que llegaba a todo y permitía resolver todos los problemas relativos a la Divinidad, tanto 15.
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religiosos como filosóficos, y consecuentemente al Universo y al hombre. Este conocimiento era puramente intuitivo e iluminaba a aquel en quien se daba súbitamente y de un modo total y definitivo. Esto ya indica que se trataba de un conocimiento esotérico, propio y exclusivo de determinados iniciados, y al que por consiguiente los profanos eran incapaces de llegar. itido lo anterior, abierto quedaba el camino para llegar, fantaseando, a las m á s increíbles y irables consecuencias; porque no se trataba de un «saber» puramente especulativo como tantos otros, sino de un conocimiento privilegiado que empezaba por llevar consigo y por sí la salvación, puesto que el favorecido con tan irable y prodigiosa iluminación se daba cuenta sin esfuerzo: 1.º De que su suerte en este Mundo (como la de todos sus compañeros de planeta, era lamentable, sólo que él se daba cuenta y los demás no), no resultaba envidiable. 2° De la posibilidad (verdadera necesidad en cuanto se daba cuenta de su desgracia) que tenía de salvarse. Salvación que el gnóstico estaba seguro de poder llevar a cabo mediante su ciencia, no mediante la fe o las obras. E l l o daba a la gnosis un carácter subjetivo esencial y particular. Breve: que se trataba de una manía o locura sabia, o si se quiere, de la más sabia de las manías. Por supuesto, ello no implicaba que toda doctrina de tipo «oculto» o «teosófico» fuese forzosamente gnóstica. No, para ello era necesario: a) que la doctrina estuviese segura de traer la salvación al alma humana, es decir, ser redentora para aquel que la poseía; b) que la noción de «tiempo» tuviese en ella un papel especial, mejor aún, esencial, dado que Creación, Caída y Redención eran verdaderos fenómenos cósmicos determinantes de la marcha de lo real. El hecho de que los gnósticos se inclinasen irreprimiblemente hacia la doctrina de la emanación (según la cual todo cuanto existe ha salido de la Realidad única, suprema y absoluta) enfrentó ya, aun a los gnósticos cristianos, con la Iglesia, que sostenía, por su parte, la concepción opuesta, es decir, la de la «creación» a partir de la nada (ex nihilo), itida por el Antiguo Testamento, Sin contar
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que para ellos la materia era esencialmente mala, a causa de haber sido creada, como decía Marción, por un Demiurgo malo (Yahvé), o por un Eon, como aseguraba Valentín, que designaba, y con él los que le seguían, mediante esta palabra (en griego Aeon, «el que es siempre», «eternidad», «edad»), las manifestaciones, los atributos particulares de la Deidad (Deitas, fondo insondable del Ser, esencia abstracta de la Divinidad) insondable. La reunión de eones constituía el Pleromo o plenitud de la Divinidad. En Valentín, que llevó este tipo de locuras a su grado m á s elevado, los Eones eran masculinos y femeninos, y la unión de dos de ellos constituía una sizygia o pareja superior. Nada m á s . También era fundamental entre los gnósticos el dualismo: espíritu y materia, o alma y cuerpo, si se prefiere. Siendo el cuerpo malo o, por lo menos, sin valor e importancia. Lo que llevó a ciertos gnósticos cristianos, por ejemplo, los docetes, a negar el dogma de la resurrección de la carne y el de la encarnación de Jesús, pues como para ellos la materia era impura por esencia, Cristo no había podido tomar carne humana. A causa de ello, para Marción, Basílides y otros gnósticos, el cuerpo de Jesús hubiese sido no un cuerpo real, sino una simple apariencia de cuerpo, y simple apariencia también la Crucifixión predicada por la Iglesia, así como la Resurrección y la Ascensión. El progreso de la ciencia de las religiones, el desarrollo del comparatismo y la aplicación del método fenómenológico han permitido generalizar el concepto de Gnosis y hacer ver que no se puede hablar de un gnosticismo, sino de muchos gnosticismos, algunos de los cuales formaron, como el Maniquelsmo, verdaderas religiones, cuyas ramificaciones constituyeron el Priscilianismo, el Bogomilismo, el Paulicianismo y el Catarismo. Gnósticos cristianos todos ellos, pero formadores no de religiones propiamente dichas, sino simplemente de escuelas, tales como Marción, Basílides, Valentín, Simón el Mago, Menandro, Satornil, Carpocrates, Bardesano, etc., o de sectas, como los ofites,
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los barbelognósticos, los perates, los arcónticos, los nicolaítas, los cainitas y otros. Hubo también una gnosis ortodoxa, de la que fueron principales representantes Clemente de Alejandría y Orígenes. Como hubo un gnosticismo judío (doctrina de Filón, de los esenios, Kabbala). Y una gnosis islámica (doctrinas teosóficas de los ismaelitas, de los drusos y ciertas formas de sufismo). Algunos autores han creído encontrar también huellas de esta doctrina en el Budismo y en el Hinduismo. Y en doctrinas ocultas modernas, tales como la alquimia, el rosacrucismo, el iluminismo e incluso la francmasonería, la teosofía y el surrealismo. En fin, como la Iglesia se apresuró, en cuanto fue fuerte, a hacer desaparecer todo rastro de gnosticismo (si hubiese hablado tanto de sus persecuciones como de aquellas de las que fue objeto—hoy mismo, ¿no se habla de la Iglesia perseguida?—, puede que hoy fuesen raros los que no le volviesen la espalda), hasta hace poco para saber algo de este importante movimiento, tan extendido en su día, había que acudir a los escritores cristianos que le combatían. Pero luego a las noticias de los heresiólogos han venido a sumarse ciertas obras originales descubiertas no hace mucho, redactadas la mayoría en lengua copta (Pistis Sofía, Libro de Iseu, Evangelio de María, Apócrifos de Juan, etc.), y aun más modernamente, el descubrimiento de toda una biblioteca gnóstica en el Alto Egipto, en la aldea de Nag Hammadi, el año 1946, compuesta de Apocalipsis, Evangelios, Hechos, Epístolas y tratados cosmológicos y escatológicos (Libro sagrado del Gran Espíritu invisible, Hipóstasis de los Arcontes, etc.), más tres versiones del Apócrifo de Juan. (371) Que el verdadero Dios no era el creador del Mundo, cuya imperfección era evidente a juzgar por los cataclismos, que tanto dolor y sangre causaban, sin contar la lucha por la vida, a la que había sometido a todos los seres, sino que todo ello era obra de Yahvé, según demostraba el propio Antiguo Testamento e incluso el propio Demonio. Y que el Mundo y el hombre podían ser salvados gracias a la intervención del Logos o Cristo, ser puramente
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celestial que j a m á s había tomado cuerpo humano, cuerpo carnal, ni, por consiguiente, había podido sufrir, morir, etcétera. (372) Ni que decir tiene que cuando la Iglesia fue declarada religión oficial del Imperio, la persecución contra los gnósticos fue tal, que cuanto quedó de ellos, como he indicado en la nota 371, fueron las menciones condenatorias de los escritores ortodoxos. Esta penuria de conocimientos fue remediada por una abundante colección de documentos descubierta, como también he dicho, en 1946, en las inmediaciones de donde en tiempos estuvo Chenoboskión, antigua ciudad egipcia situada a unos 50 kilómetros al norte de Luksor. Para toda clase de detalles, véase I. Frantsev: En las fuentes de la religión y del ateísmo, 1959, edición rusa. (373) Las cartas atribuidas a Bernabé, personaje que los Hechos de los Apóstoles dan como compañero de Pablo, son un apócrifo fabricado en Egipto. De Clemente, obispo de Roma, hay dos cartas, ambas de distinta mano. La primera, a los corintios, fue tal vez escrita por un judío helenizante liberto del cónsul Flavius Clemens. La segunda es una homilía escrita por otra mano. A Ignacio de Antioquía le fueron atribuidas siete cartas. Este Ignacio, obispo de la mencionada ciudad, murió, por lo visto, mártir en tiempos de Trajano. Sobre estas cartas, así como sobre la de Clemente a los corintios, véanse los trabajos de Henri Delafosse. Hay también una carta de Policarpo, obispo de Esmirna, a los filipenses; unos fragmentos de cierta obra titulada Predicación o Doctrina de Pedro, falso grecoromano de fines del siglo i, y las pseudo-clementinas, colección de 28 homilías atribuidas sin razón al mencionado Clemente, obispo de Roma; más una novela titulada Los Reconocimientos que puede que algún día, traducida convenientemente, obliguen en las clínicas psiquiátricas de la URSS a leer a modo de lavado cerebral y para, en unión de las inyecciones de azufre y otros procedimientos curativos, acabar de convencerles de cuan imprudente es ejercitar allí la libertad de conciencia. En la mencionada
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novelita lo único que merece ser notado es que no nombra a Pablo ni una sola vez. Mucho más importantes son el Pastor de Hermas y la Didaché. Clemente de Alejandría y Orígenes consideraban al Pastor como obra «inspirada», lo cual ya garantiza su aburrimiento. Debió ser escrita, a juzgar por el Fragmento de Muratori, hacia la segunda mitad del siglo II. En cuanto a la Didaché, ésta debió ser redactada en Siria también hacia el año 150. Arreglo, sin duda, de un viejo catecismo, es un verdadero manual de vida cristiana, tanto individual como social. Lo curioso de este libro es que en él no se encuentra alusión alguna al advenimiento de Cristo a la Tierra, hecho, a creer a los Evangelios que ya circulaban, que había acaecido. Esta obra es importante para el estudio de la estructura interior de las comunidades cristianas primitivas, así como para los ritos y ceremonias de la religión que nacía. (374) Como ya he dicho, los representantes de la escuela histórica no iten como posiblemente acaecido de cuanto dicen los Evangelios, sino algunos detalles relativos a la Pasión y el hecho de la muerte de Jesús, ordenada por Pilato a instancias del Sanedrín. Pues bien, el historiador inglés John M. Robertson ha hecho a propósito de esta pasión, una observación muy curiosa, a saber: que tal pasión parece ser la simple aplicación al caso de Jesús de un drama ritual, única cosa que, a su juicio, y parece juicio muy acertado, puede explicar lo que cuentan los Evangelios que sucedió, y que de otro modo estaría lleno de inverosimilitudes imposible de explicar. Véase: en Marcos, por ejemplo ( X I V , 32 y sigs.), vemos a Jesús acercándose tres veces a Pedro, Santiago y Juan, que duermen, con objeto de despertarlos. Esto, si se trata de una escena de un misterio religioso, se puede itir; de otro modo, imposible. Porque si Jesús está solo con ellos, que duermen, ¿quién sino Jesús, único despierto en la escena, hubiera podido referir el hecho? Y lo mismo sus angustias, sus sudores, la llegada del ángel que baja a reconfortarle y demás.
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Otro detalle inexplicable es, a menos de tratarse de una acción representada, el de Judas besándole para venderle. Como detalle teatral, pase; de otro modo, ¿a quién hacer creer que conociéndole todo el mundo en una ciudad pequeña como Jerusalén, en la que ha entrado pocos días antes en plena apoteosis de entusiasmo popular, donde no ha hecho sino disputar con escribas y fariseos, echar a los vendedores del Templo y una serie de actos todos motivo de publicidad y hasta de escándalo, cuando se trata de prenderle nadie le conozca y tenga Judas que darle un beso como diciendo: éste es? Para qué seguir. O se abren los Evangelios con fe o no. En el primer caso, adelante. En el segundo, por tolerancia y buena disposición que se tenga, al ver a Jesús resucitar muertos, devolver la vista a los ciegos, el oído a los sordos, la agilidad a los tullidos, calmar los desencadenados elementos, caminar por el agua como por terreno firme, dar de comer con media docena de panes y de peces a miles de personas y demás maravillosas bobaditas que en ellos se leen, pronto, sonriendo, se dejará de hacerlo. ¿Que era Dios? Entonces, ¿por qué las angustias en el Huerto de los Olivos y el «¡Señor, Señor!, ¿por qué me has abandonado?», en la cruz, palabras que ni los propios teólogos han podido explicarse jamás? (375) Según los críticos, el primero de los Evangelios, cronológicamente, es, en contra de lo que opina la Iglesia, el atribuido a Marcos. La opinión de estos críticos, de acuerdo con lo que sobre esto escribe Goguel, es la siguiente: 1." Que de los tres sinópticos fue el de Marcos en el que bebieron Mateo y Lucas. 2° Que hubo una segunda fuente, las Logia (palabras atribuidas por la tradición anónima a Jesús). 3° Que los Evangelios de Mateo y de Lucas son combinaciones del de Marcos con las Logia, más otras tradiciones, ora escritas, ora orales. En cuanto al cuarto Evangelio, en éste se ve el resultado de un largo proceso de redacción, en virtud del cual una serie de manos diferentes le dieron la forma necesaria para ver de acercarle, si ello era posible, a los sinópticos. Pero, claro, no lo fue, pues la disparidad entre ellos es total. Tan
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total que constituye una de las pruebas m á s demostrativas de la falta de historicidad de los cuatro. En todo caso, imposible hacer un juicio mejor sobre este último Evangelio que el de Alfredo Loisy diciendo (Le quatrième Evangile, París, 1923): «El autor no ha conocido j a m á s sino un Cristo litúrgico, objeto del culto cristiano... De estos fragmentos de biografía divina no se desprende la menor impresión de realidad.» (376) Cuando Marción empezó a tejer su fábula relativa a Jesús, una de las cosas que fatalmente tendría que preocuparle sería el momento más conveniente para hacerle aparecer en Galilea, y para ello, bien que opuesto al modo corriente de considerar cuanto decía el Antiguo Testamento, forzoso le sería acudir a este gran almacén de noticias, en el que sabiendo buscar y, sobre todo, interpretar, es decir, valiéndose ora del sentido literal, ora del alegórico, no es difícil incluso hallar más de lo que se necesita. Por supuesto, entre los propios judíos, la esperanza en un Mesías guerrero, que vendría a poner a Israel a la cabeza de los pueblos, era cada vez más viva. Tanto que Josefo pudo escribir: «Lo que excitó a los judíos a la guerra fue un oráculo equívoco de las Escrituras anunciando que un hombre salido del país llegaría a ser entonces el amo del Mundo» (Guerra de los judíos, V I , 5). Así las cosas, cuando la ilusión tomó cuerpo, primero en Marción y luego en los redactores de los Evangelios que en su día serían canónicos, lo primero que seguramente fue preciso hacer sería reunir todos los datos relativos al personaje dado ya como aparecido, y antes que otro alguno el relativo a su nacimiento, empezando por acudir a lo que dice el Génesis en X L I X , 10, que ya he expuesto en la nota 362. Luego al Salmo X C V : «Cuarenta años tuve que soportar a aquel pueblo.» Aunque este Salmo nada tenía que ver con el Mesías, puesto que es evidente que el salmista hablaba de los cuarenta años pasados por los israelitas en el desierto a su salida de Egipto, de él echaron mano los que a toda costa necesitaban justificar lo
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que se proponían con la misma tranquilidad que a otro del Libro de Daniel, como vamos a ver al punto. En cuanto a éste, la inaplicabilidad era aún mayor si cabe, pues hubo que olvidar que escrito en tiempos de Antíoco Epifanos, imposible era que hubiese sido obra de Daniel. Sin contar que tampoco tenía nada que ver con aquello en favor de lo cual se le traía a colación. Mas así hacían historia aquellos claros varones. Pero veamos el tal oráculo de Daniel (IX, 24): «Setenta semanas están prefijadas sobre tu pueblo y sobre tu ciudad santa, para poner fin a la persecución y cancelar el pecado, para expiar la iniquidad y traer la justicia eterna, para sellar la visión y la profecía y ungir al santo de los santos. Sabe, pues, y entiende que desde la salida del oráculo sobre el retorno y edificación de Jerusalén hasta el ungido h a b r á siete semanas, y en setenta y dos semanas se reedificarán plaza y foso en la angustia de los tiempos. Después de las setenta y dos semanas será muerto un ungido sin que tenga culpa.» Aún hay que citar, a este efecto, lo que se lee en el libro titulado La ascensión de Moisés: «Sucederá un rey libertino que no será de la raza de los sacerdotes (Herodes). Reinará treinta y cuatro años. Dará origen a hijos que sucediéndole reinarán durante menos tiempo que él. Vendrán cohortes y un poderoso rey de Occidente (Augusto) que se llevarán prisioneros, a los que crucificarán en torno a la ciudad.» (Las crucifixiones ordenadas por Varus.) Pero no nos iremos, estas profecías fueron hechas del único modo que pueden hacerse para que resulten ciertas: luego de ocurridos los hechos. En fin, puede aún citarse lo del Apocalipsis ( X I , 2) donde se habla de los cuarenta y dos meses durante los cuales las naciones hollaron la ciudad santa. Veamos ahora los oráculos. Lo relativo al del Génesis ya fue explicado en la nota mencionada. La profecía de Daniel hablaba, como hemos visto, de siete semanas seguidas de sesenta y dos más, a las cuales había que añadir una durante la cual la ciudad y el Templo serían destruidos por el pueblo invasor, cuyo castigo no t a r d a r í a en
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llegar. En total, setenta semanas. Naturalmente, no hubo medio de calcular estas semanas en su verdadero valor de siete días cada una, pues ello daba cuatrocientos noventa días, y de hacerlo así el esperado Mesías hubiera tenido que aparecer varios siglos antes. Entonces discurrieron que cada semana era de siete años, en lugar de siete días, con lo que se llegó a cuatrocientos noventa años. Con todo, no se alcanzaba la fecha en que los judíos habían perdido su independencia, como bien se dieron cuenta los primeros apologistas cristianos. Pero se salió del paso asegurando que el Mesías llegó cuando debía venir y en paz. En Galatas, IV, 4, Pablo dice: «Dios envió a su Hijo... cuando el tiempo se hubo cumplido.» El pseudo Mateo pone como primera palabra en boca de Jesús: «El tiempo se ha cumplido» (I, 15). En cuanto al Salmo X C V , el cálculo fue: Como desde el año 70, fecha en que Jerusalén fue tomada y destruida por Tito, los judíos ya no «soportaban» a «aquel pueblo» (el romano), si de 70 se quitan 40, se llegaba al año 30 (o al 29/30 teniendo en cuenta el desplazamiento del calendario) como venida del Mesías celestial. Y como este año correspondía al 15 del reinado de Tiberio, he aquí por qué Marción hizo bajar del Cielo a Jesús precisamente en este año, como se lee al principio de su Evangelio. Y por qué asimismo el pseudo Lucas, que le copió, señaló esta fecha como principio de la predicación del Galileo. Tras cálculos tan seguros, parece temerario atreverse a pensar cómo había podido ocurrir que nadie se enterase de la llegada del Mesías tan bien anunciado, y cuya primera estampa o biografía había sido hecha también por Isaías, en cuyo capítulo LIII todo el que quiera puede leer: «El servidor de Yahvé es conocido, humillado, despreciado, perseguido y castigado, aunque era inocente.» Biografía que Marción y luego los redactores de los Evangelios no harían sino ampliar y adobarla con parábolas y milagros. Sin contar que estaba siempre viva, e incluso m á s que nunca a partir del año 70, la esperanza de que el Mesías iba a volver. En cuanto a los no judíos, o de
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serlo, muy helenizados ya, la esperanza en un nuevo reino semejante al de David no significaba nada. En éstos, su inclinación hacia la nueva doctrina nació tomando como punto de partida las religiones a base de misterio y de salvación que ya habían deshancado a las antiguas mitologías, de las que los gnósticos se habían apoderado, a su modo, fabricando para ello una tradición. Esta tradición enseñaba que el alma humana venía de Dios, que el pecado original había hecho que se apartase de él y que cayese. Que retenida lejos de su fuente por los lazos de la carne era incapaz de levantarse por sus propios medios. Pero que el Hijo de Dios, tomando forma humana, había venido a ayudarla a salir de su cautiverio y llevarla hasta donde sería feliz ya para siempre. Los cristianos se apropiaron estas ideas completando el atavío de la religión que defendían con nuevas esperanzas destinadas a hacerla más atractiva. Entre ellas, que Jesús no había venido sólo como Redentor y Salvador, sino como amigo de los pobres y de los humildes, de los esclavos y de todos los perseguidos a favor de una doctrina de amor y de esperanza y sólo enemiga del orgullo, del fasto y de la riqueza: «Un camello pasaría más fácilmente por el ojo de una aguja que un rico por las puertas del Cielo.» La Iglesia nacida de esta religión, cuyo fundador aseguraba que «su Reino no era de este Mundo», parece, qué se le ha de hacer, que olvidó alguno de estos excelentes preceptos. (377) A las profecías ya citadas podrían añadirse las siguientes relativas a la Pasión: 1.ª A Jesús se le hace ir al monte de los Olivos porque Zacarías había escrito: «Y sus pies se detendrán aquel día en el monte de los Olivos» ( X I V , 4). 2. Sus discípulos le abandonan al ser detenido porque asimismo Zacarías había escrito: «Espada, levántate contra mi pastor... Hiere a! pastor y que las ovejas sean dispersadas (XIII, 7). 3. Pilato lavándose las manos recuerda la frase del Antiguo Testamento que dice: «Yo soy inocente ante el Señor de la sangre de Abner.» 4.* Pilato condena a Jesús como Isaías había previsto: «El castigo que nos vale la paz ha caído sobre él... Ha sido a
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llevado mediante la detención y para ser juzgado... Ha caído a causa de la maldad de su pueblo» (LIII, 5-9). 5.ª El cuerpo de Jesús fue molido a golpes porque Micheo había dicho: «Azotan con las varas las mejillas del juez de Israel» (IV, 14). 6.ª Fue escupido porque Isaías había escrito: «No he librado mi cara a ultrajes ni a que fuese escupida» (I, 6). 7.ª Soportó todo sin quejarse porque Isaías había previsto: «He presentado mi espalda a los que me golpeaban» (L, 6), y «Maltratado, no abre la boca, como cordero que llevan al matadero» (LIII, 7). 8." Muere entre dos ladrones para que, como el propio Marcos dice ( X V , 28), se cumplan las palabras de la Escritura: «Ha sido muerto entre los malos.» 9.' Detalles de la agonía: «Han agujereado mis manos y mis pies» (Salmo X X I I ) . Jesús tiene sed porque el mismo Salmo dice: «Mi paladar está seco como un tiesto, y mi lengua está pegada al paladar» (16). Le dan vinagre y hiél (rarísima mezcla) porque el Salmo L X I X lo había dicho: «Me han dado hiél como alimento, y vinagre para aplacar mi sed» (22). 10." Al morir, Jesús cita el Salmo X X I I , 1: «¡Dios mío, Dios mío! ¿Por qué me has abandonado? (según Marcos, X V , 34). Lucas, por su parte, le hace citar el Salmo X X X I , 6: «Padre, en tus manos encomiendo mi espíritu.» En fin, cuando se ve en Mateo a los soldados apoderarse de las vestiduras de Jesús, que echan a suertes, es porque, según el propio Mateo confiesa ( X X V I I , 35), hay que estar de acuerdo con el Salmo X X I I , que había dicho: «Se distribuyen mis vestidos, echan a suerte mis vestidos.» (378) Como ya he dicho, entre los Evangelios canónicos y los considerados como apócrifos, no hay, vistos desde el punto de la verdad histórica, otra diferencia sino que los primeros fueron aceptados y los segundos no. Parece lógico, por otra parte, que la separación entre verdaderos y falsos se hubiese hecho partiendo de una regla o base determinada, pero ¿dónde está esta regla? Y cuando al fin se decidió hacer la separación para evitar mayores males, pues las discrepancias alcanzaban a veces el tono de verdaderas herejías, ¿qué precauciones serias fueron
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tomadas gracias a las cuales se pudiera creer que la elección había sido hecha si no de modo científico, casi? Ninguna. No menos evidente es asimismo que ante los Evangelios nos encontramos con textos anónimos, destinados cuando fueron redactados a fines mucho más modestos que el que se les concedió después; textos mil veces amañados, retocados, interpolados, cortados, añadidos y recompuestos. Y a causa de todo ello carentes de valor histórico y de credibilidad racional. Pues la necesidad, cuando fueron compuestos, de que fuesen creídos y aceptados, y precisamente por ello y para ello, al dotar a Jesús de poderes sobrenaturales. Lo que hizo que fuesen sembrados de milagros, enmarcados por dos que la razón más elemental no puede itir: el de su nacimiento antinatural y el de su no menos antinatural resurrección. ¿Que era un Dios? Pues haberle hecho, como Marción, manifestarse como tal, en vez de como hombre-mago, según le ofrecen los Evangelios. En todo caso, lo que no conviene olvidar es que cuando se pronuncia la palabra Evangelios, bajo este nombre deben ser comprendidos todos los escritos relativos a la supuesta vida de Jesús, que luego la Iglesia ha dividido en canónicos y apócrifos, puesto que leyendo desapasionadamente unos y otros, la verdadera diferencia entre ellos está no en el mayor valor histórico de los primeros, sino tan sólo en su mayor interés y esmero literario. Los apócrifos seguramente, en cambio, han llegado a nosotros tal cual fueron escritos, es decir, sin otro propósito que el beneficio que producía su venta, mientras que los otros, a causa de ofrecer como una sinopsis o resumen de varios meses de andanzas y predicaciones de Jesús, fueron cuidados y retocados desde un principio, a consecuencia de estar destinados a ser manuales de lectura en común y textos de instrucción y hasta de edificación. Pero hoy y tal cual han llegado a nosotros, no representando ya nada aquellos primitivos fines, cuanto nos ofrecen es una relación descosida y sin verdadera ilación, salpicada de parábolas y de
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milagros, éstos, sobre todo, destinados, o pretenderlo, al menos, a convencer de la naturaleza extraterrena de Jesús, personaje al que las Epístolas atribuidas a Pablo y Marción habían ofrecido ya como Dios. (379) Dámaso I, papa desde el año 360 al 384. Su papado coincidió con una de las mejores épocas de la Iglesia. En efecto, san Basilio perfeccionaba la vida monástica. San Ambrosio, obispo de Milán, llenaba todo con su verbo elocuente haciendo vacilar los últimos restos del paganismo y ganándose la confianza de los emperadores, a los que aconsejaba. La pluma de san Agustín estaba en todo su esplendor. En fin, el propio papa era algo poeta y amaba a Virgilio (380) Hasta la palabra testamento, precedida del adjetivo nuevo, que juntas cobijan el conjunto de los escritos canónicos, no pasa de una mala traducción del vocablo «alianza». Y no digamos nada de la audaz afirmación que asegura con toda tranquilidad que se trata de la alianza que hizo Dios con los hombres. Ciertas afirmaciones ni comentario merecen. (381) De Juan Bautista se sabe muy poco. Por fortuna para los curiosos, lo que falta de historia fue suplido por lo que sobra de leyenda. Marcos se limita a decir, tras asegurar que la gente de J u d á y de Jerusalén acudían a él en masa para hacerse bautizar, cómo vestía (un sayo de piel de camello y un cinturón de cuero) y lo que comía (saltamontes y miel), m á s que aseguraba que tras él y m á s fuerte que él vendría uno «ante quien no soy digno de postrarme para desatar la correa de sus sandalias». En Mateo, la leyenda ha crecido. En él se lee (III, 17): «Que a muchos saduceos y fariseos que venían a bautizarse, Juan les increpaba frenético: «¡Raza de víboras! ¿Quién os enseñó a huir de la ira que os amenaza? Haced frutos dignos de penitencia y no os forjéis ilusiones diciéndoos: Tenemos a Abraham por padre. Porque yo os digo que Dios no puede hacer de estas piedras hijos de Abraham. Y ya está puesta el hacha a la raíz de los árboles, y todo árbol que no dé fruto será cortado y echado al fuego.»
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En Lucas, la muchedumbre le pregunta qué debe hacer porque lo de «fuego inextinguible» les aterraba («Tiene ya el bieldo en su mano y limpiará su era y recogerá su trigo en el granero, pero quemará la paja en fuego inextinguible», que le hacía decir también Mateo), y a todos contesta convenientemente Juan por boca del evangelista, tras lo cual repite lo de las sandalias de Jesús, que Juan no es digno ni de «desatar». Lo que Flavio Josefo cuenta del asceta del J o r d á n ya lo he dicho en la nota n ú m e r o 41. Sea como sea, entre historia y leyenda el personaje creció tanto que muchos pintores célebres (Granach, Guirlandajo, Luini, Véneto, Rubens, Guerchin, Regnauld, Moreau, etc.) han dejado cuadros muy interesantes tomándole como figura principal, algunos tan hermosos como el de Ticiano de nuestro Museo del Prado, en el que la recién cortada cabeza de Juan es mostrada en una bandeja. También vale la pena citar la aún más irable cabeza de Brillabrille, de Valladolid. La literatura también se apoderó de su figura. Oscar Wilde escribió en francés y publicó en París en 1893 una deliciosa Salomé. En fin, en los Evangelios es referida la escena del bautismo de Jesús, que de tal modo complació a Dios (Yahvé cuando estaba de buenas se complacía, sin duda, con poco), que rasgando las nubes se dejó ver y oír, así como la santa Paloma. Luego viene lo de la permanencia del Hijo amado en el desierto y lo de las tentaciones de Satanás, que Marcos cuenta en cuatro líneas, que en Mateo son veinte, que Lucas aún borda y se recrea haciéndolo. Y ya, bien preparada la tierra, que era, sin duda, lo que se quería, se siguen plantando en ella semillas de milagros, que abonados por la fe florecen a maravilla. (382) Un proverbio inglés dice que no hay hombre grande para su ayuda de cámara. En efecto, la costumbre y familiaridad de la vida en común tiene como consecuencia, primero, ofrecer pocas ocasiones para que se manifieste la grandeza del personaje; segundo, haciendo que el hábito acabe por quitar importancia a todo, tanto a lo
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bueno como a lo malo. Exactamente como el que se casa con una mujer muy guapa, que al cabo de no mucho tiempo ya no se da cuenta de su hermosura, lo que asimismo le ocurre al que se casa con una fea. Por lo que éste gana y aquél pierde. Y en todo igual: aquello que más se apetece, conseguido acaba por resultar indiferente. Esta ley contribuye a que nadie sea profeta en su patria, y muy particularmente en su casa, entre los suyos, lo que hace que éstos olviden fácilmente sus excelencias. Con los defectos, por escocer, ya es otra cosa. Consecuencia: que para conocer a un hombre hace falta convivir con él. Y aun así, basta una circunstancia imprevista para que se manifiesten en él facetas imprevistas también. Cada criatura es un pedernal que dará chispas o permanecerá inerte según el eslabón con que sea golpeado. Claro que Jesús no era un hombre, sino un Dios, a causa de lo cual sorprende más el incidente. (383) Evidentemente, estos tres capítulos, que además de recoger lo poco del mismo tipo que Marcos había dicho en IV y I X , y que luego Lucas repitió, bien que no íntegramente ni con las mismas palabras, en su capítulo V I , contienen lo principal que como enseñanzas de tipo moral hay en los sinópticos, producto de un largo trabajo de elaboración, pues inútil insistir que sería el mayor de los milagros evangélicos que tras haber oído una sola vez las bienaventuranzas, por ejemplo (como las parábolas y tantas otras cosas), aquellos apóstoles, que ni capaces eran de entender a su Maestro, lo hubieran sido de repetir como loritos lo que decía. Olvidando, pues, esto y ya que de moral se trata, veamos un poco este concepto para que una vez fijado podamos enrocar debidamente la de los Evangelios. Moral (de moralis, de mores, costumbres, que concierne a las costumbres) es, y ello constituye una de sus definiciones, la ciencia que trata del bien en general y de las acciones humanas, cuando este bien y estas acciones tienden a lo bueno y a lo útil; pero no aplicado a lo particular, sino considerado de un modo altruista, pues, como dice
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Guyau (Morate sans oblig., pág. 31): «Todas las teorías morales, incluso las m á s escépticas, constatan que el individuo no puede vivir exclusivamente para él mismo.» Moral es también la parte de la filosofía que trata de las costumbres. En el sentido de realidad moral, el conjunto de costumbres y de juicios sobre las costumbres y, por consiguiente: «Tratado relativo a las costumbres. Conjunto de reglas de conducta itidas en una época o por un grupo de hombres. Cada pueblo tiene su moral, moral determinada por las condiciones en las cuales vive. No se le puede, pues, inculcar otra, por elevada que sea, sin desorganizarle» (Durkheim: División du travail social, II, capítulo I, pág. 266). En una palabra, la moral es algo que se refiere siempre exclusivamente a las costumbres, normas y modos de vida de los hombres en relación con lo establecido por ellos mismos para poder vivir mejor. Pero sin intervención directa alguna de lo religioso, y menos aún de lo llamado divino. Por consiguiente, una cosa es la moral y lo moral, y otra distinta, la religión y lo religioso. Además, la moral no necesita de la religión, mientras que ésta, para tener valor, tiene que tender hacia lo moral, pues si no difícilmente pasa de pura mitología. En lo que afecta, pues, a la moral, los Evangelios, aun itiendo que en ellos haya por momentos algo con apariencia de moral, sólo olvidando en qué consiste lo verdaderamente moral puede ser concedido a muchos de sus preceptos este carácter. Sin contar que lo que en ellos hay de moral carece de originalidad. Pues bien que adulterada esta moral por inclinada hacia Dios, en vez de hacia los hombres, procede de la moral estoica. Además, en general, lo que se suele considerar como «moral cristiana» es una moral de esclavos. De perseguidos. De hombres que, como ocurría cuando nació el Cristianismo, incapaces de obtener justicia se echaban, en busca de clemencia, en brazos de lo desconocido. Sin contar que la primitiva moral cristiana, moral que había tomado prestada, duró mientras la Iglesia fue perseguida. Después quedó para la predicación y para seguir manteniendo sumisas las
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conciencias, ora por obra del temor (Infiernos), ya de la esperanza (Paraísos). Lo que condujo a esa moral de sacristía, que consiste en realidad en proferir palabras vanas. Pues no es otra cosa aconsejar, por ejemplo, devolver bien por mal o que amemos a nuestros enemigos. Porque vano será siempre cuanto hipócritamente vaya contra los sentimientos naturales. Pues por triste que sea reconocerlo, la naturaleza humana es por esencia y condición, egoísta. Por supuesto, como cada cosa tiene su contraria, oposición necesaria para el equilibrio universal (la acción y la reacción en lo físico), frente al egoísmo nació el amor. «Sólo los que aman saben decir: tú.» Pero en este mismo sentimiento, si se profundiza en él, ¿qué se encuentra? La propia entrega en que consiste el amor, ¿qué es en el fondo sino egoísmo disimulado, puesto que si nos damos en favor de aquello que amamos es precisamente por ser para nosotros más que nosotros mismos? Luego si la entrega es para nosotros motivo de bien y de satisfacción, ¿dejará de ser egoísta? En todo caso, creo que la primera manifestación de tipo altruista que pasó de lo social a lo religioso fue: «Lo que no quieras para ti (o que te hagan a ti), no quieras para otro (que se lo hagan a otro)», dicho ya por Confucio (Lun-yu, 8, 15, 23). Como de la misma fuente oriental es también lo de: «Imita al sándalo, que perfuma el hacha que le hiere», forma poética de «devuelve bien por mal», que el mencionado sabio chino enmendaba acertadamente diciendo: «Corresponde al bien con el bien, al mal con la justicia.» Pero volvamos a las «bienaventuranzas», la primera de las cuales dice: «Bienaventurados los pobres de espíritu porque de ellos será el Reino de los Cielos», donde, por lo pronto, se nota una evidente interpolación, las dos palabras «de espíritu», destinadas a paliar, en cuanto empezaron a llegar «ricos» a la Iglesia y a serlo ella misma, el verdadero odio que Jesús, a creer a sus evangelistas (Marcos, X, 17-27; Mateo, X I X , 16 y sigs.; Lucas, X V I I I , 18-27), sentía hacia los ricos. Y si, según Jesús, imposible les sería
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a los ricos entrar en el Cielo, ¿dónde están todos los papas, reyes y potentados de la Tierra? Si de la pobreza pasamos al «amor», otra de las características de la nueva religión, a cuya cabeza había un Dios de amor, para el que los hombres eran como hijos por los que velaba y a los que exigía que, a su vez, «le amasen sobre todas las cosas», primer precepto del Decálogo, ¿esta Divinidad paternal, clemente, más misericordiosa que ninguna otra, si se mirase hacia los Veda, hacia el Avesta, hacia el Bhagavad-Gitá, o tan siquiera hacia el Corán, o se pensase en Lao-Tsé, en Jiña o en el Buda, tendría y tiene más consistencia, más posibilidades de ser, si no una realidad, por lo menos, una posibilidad, como digo, que los preceptos morales, que parecen sus mejores hallazgos, tales como «amar al prójimo como a sí mismo», ya desechados por antinaturales? Empecemos por ver a este Dios de amor a través de los propios Evangelios, que son los que como tal le describen: Jesús dice a sus discípulos (Juan, X I I I , 34) como recomendación suprema antes de separarse de ellos en los momentos que preceden a la Pasión: «Un nuevo precepto os doy: que os améis los unos a los otros como yo os he amado.» irable consejo. Sobre todo dado así paternalmente. Porque cuando es dado como orden refiriéndose a lo que prescribe la Ley, como en Mateo, X X I I , 39: «Amarás al prójimo como a ti mismo», ocurre que la imposibilidad de someterse a tal mandamiento por ir contra la Naturaleza, ordenar tal cosa es simplemente señalar algo que no se puede cumplir. Sin contar que el «prójimo» no es en los Evangelios ese «cualquier hombre respecto a otros», que es lo que expresa esta palabra, sino algo mucho más restringido, según vemos en Mateo (X, 5-6). Pues Jesús no parecía considerar como prójimos suyos «sino a las ovejas perdidas de la casa de Israel», que son a las que envía a predicar a sus discípulos «que el Reino de Dios se acerca». A ellos tan sólo, no a los demás mortales, ni siquiera a los samaritanos, puesto que expresamente se lo prohibe: «No vayáis a los gentiles ni entréis en ciu-
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dades samaritanas.» Incluso le vemos no considerar prójimos suyos a los escribas y a los fariseos, a los que maldice no una, sino muchas veces y de los que reniega repetidamente ( X X I I I , 13-38), tachándoles de «serpientes» y de «raza de víboras». Pero ¿qué digo? ¿Consideraba siquiera como prójimos suyos a sus hermanos y a su propia madre, de los que le vemos renegar en Mateo, X I I , 46-50? ¿Cómo explicar estas diferencias? ¿Por qué se mostraba unas veces como cordero (Mateo, V, 43-44; Lucas, V I , 27; Mateo, V, 39-42) y otras como tigre? En una palabra, ¿por qué unas veces piensa y habla como Hijo de Dios para desdecirse al punto y hacerlo como hijo de hombre? Todo ello sin contar que el mérito de las máximas de tipo cordero está más que en su originalidad, en el efecto que hacen a causa de haberlas puesto juntas. Porque en cuanto a originalidad, hasta la propia «regla de oro» había sido anunciada ya en la Ley judía, y fuera de Palestina, por Pittakus, por Confucio y por otros. Para convencerse de la falta de originalidad en esto, de los Evangelios, hojéese, pues resulta tan interesante como sorprendente, el libro de Emory S. Wets y de Robert Blatchford titulado Los Evangelios no han inventado nada, donde estos autores han tenido la curiosa paciencia de ir anotando cuándo y dónde habían aparecido ya, lo que tanto avalora, muchas palabras de Jesús. En cambio, muy propio es de él, como acabo de indicar, decir negro tras haber dicho blanco. O reaccionar de modo tan inesperado como brutal, como en Mateo, X V I , 21, cuando anuncia por primera vez a sus discípulos que en Jerusalén, tras sufrir mucho por parte de los ancianos, de los escribas y de los fariseos, será muerto. Entonces, al oírle, el pobrecito Pedro, todo dolorido y desesperado, exclama: «No quiera Dios, Señor, que esto suceda.» Y Jesús, en vez de abrazarle conmovido, le replica furioso: «¡Retírate de mí. Satán, que no me sirves sino para escándalo, pues no ves las cosas de Dios, sino las de los hombres!» Esta rabotada injusta y brutal no tiene sino una explicación: que los diversos anuncios puestos en boca de Je-
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sus a propósito de su muerte no son sino otras tantas interpolaciones introducidas en las primitivas redacciones de los Evangelios. Interpolaciones hechas cuando se decidió que el objeto de las predicaciones de Jesús fuese no mesiánico, sino místico. Es decir, cuando elevada su figura a la categoría de Dios, se empezó a enseñar que su misión en la Tierra no había sido la de un iluso m á s entre los que habían pretendido librar al pueblo de Israel del yugo romano, sino el tremendo disparate Paulo-Marcianista consistente en ver en Jesús un Dios descendido a la Tierra para redimir a la Humanidad de un pecado hipotético, imposible y absurdo. En cuanto al amor y promesas de este amor, todo se reduce a palabras, puesto que, como acabamos de ver, al Jesús de los Evangelios no le importa maldecir. Y maldecir no es amar precisamente. Y él maldecía en cuanto no le seguían ciegamente o le parecía que se oponían a lo que pensaba. Es más, no vacilaba en asegurar que «enviaría a sus ángeles», los cuales «separarán a los malos de los justos y los arrojarán a los hornos de fuego, donde h a b r á llanto y crujir de dientes» (Mateo, X I I I , 49-50). En cuanto a todas las frases y abnegaciones aparentemente sublimes, tales como lo de amar hasta a los enemigos, ofrecer la otra mejilla si se ha sido golpeado en una, dar al que pida la clámide el manto de propina, etc., todo ello no es en modo alguno desinteresado y obra de conmovedora generosidad y grandeza de alma, sino, por el contrario, colocar, a lo judío, el dinero a interés usurario; medios para obtener por uno, ¡mil! Sirva como botón de muestra las palabras de Jesús al joven rico (Mateo, X I X , 21): «Vende todo cuanto tengas, dáselo a los pobres y tendrás un tesoro en los Cielos.» O sea, que pobreza, generosidad, humildad, amor y sacrificios, al parecer infinitamente irables, todo ello no es sino colocar unas cuantas privaciones terrestres a interés archicompuesto con objeto de obtener luego mil, cien m i l , un millón, muchos millones de ventajas, puesto que el premio será eterno, en el Cielo.
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Si ahora tenemos en cuenta que ideas tales como la de amor hacia el prójimo y las de no violencia son búdicas (véase Alfaric: La vie chrétienne du Boudha) y que, en fin, no hay idea moral alguna en los Evangelios de cuya originalidad puedan alabarse los redactores de estos libros, o sea, que si lo que tienen de moral no es suyo, y lo que parece suyo es imposible de practicar por antinatural, ¿vale la pena hablar de la moral evangélica? (384) La formación de la leyenda en torno a la figura de Jesús es clara. Nacida, como hemos visto, en Isaías y en los libros apocalípticos judíos (Daniel y Enoc principalmente), afianzada tal vez por Pablo y con sólido cuerpo ya en Marción, se va luego, si bien alterando, también completando, mejorando y redondeando en los Evangelios. En éstos, la progresión es evidente. Lucas, tras «haberse informado exactamente», como dice al empezar su narración, trata de añadir a ésta cuanto falta, a su juicio, en las de Marcos y Mateo. A causa de ello y por mejorarlas, además de suprimir la atrocidad atribuida a Herodes (matanza de los inocentes), que ofende al m á s elemental buen sentido, y la majadería de los Magos y la estrellita, no duda, con objeto de justificar ciertos detalles que no quiere suprimir, en añadir algo gracias a lo cual puedan ser itidos. Me limitaré a uno entre los varios que se podrían señalar. Mateo, en VIII, 18-22, dice: «Viendo Jesús grandes muchedumbres en torno suyo dispuso partir a la otra ribera. Le salió al encuentro un escriba, que le dijo: 'Maestro, te seguiré adondequiera que vayas.' Díjole Jesús: 'Las raposas tienen cuevas y las aves del cielo nidos, pero el Hijo del hombre no tiene donde reclinar la cabeza.» Esto, sin duda, encontró Lucas que no convenía suprimir, pero que, claro, en Mateo no venía a cuento, puesto que hasta entonces no se había tratado sino de curaciones milagrosas. Y con objeto de que Jesús tuviese razón diciendo que el Hijo del hombre era menos afortunado que raposas y aves, añadió lo de la mala acogida que habían tenido sus emisarios cuando los envió a una aldea de Samaría, según iban de paso hacia Jerusalén, en busca de albergue
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(Lucas, I X , 51-56), donde los samaritanos se negaron a recibirles. Con lo que la respuesta al que quería seguirle (que en Mateo es un escriba, y Lucas, encontrando excesivo el detalle, deja en un cualquiera) quedaba justificada. (385) Que, por cierto, nadie trataba de impedir que fuesen a él, sino que, por el contrario, «le fueron presentados para que pusiese las manos sobre ellos», como se lee en el versículo anterior. Claro que con facilidad faltamos a la verdad sin darnos cuenta, cuando de cosas de las que no hemos sido testigos hablamos. Así como con facilidad creemos o juzgamos torcidamente a propósito de aquello que sólo de oídas conocemos. (386) «Y saliendo él para ir a su camino, vino uno corriendo, e hincando la rodilla delante de él, le dijo: 'Maestro bueno, ¿qué haré para poseer la vida eterna?' Y Jesús le dijo: '¿Por qué me dices bueno? Ninguno es bueno, sino sólo Dios.'» ¿El no lo era? Otras veces, ¿no le oímos asegurarlo sin el menor rebozo? A causa de haber intervenido tantas manos en los Evangelios, se acaba por no saber si Jesús era considerado como Dios o no. Si como Mesías o como no Mesías. Si como hombre descendiente de David o como ser celestial. Si había venido a librar a los judíos del yugo romano o pretenderlo, al menos, o para redimir a los hombres muriendo por ellos. Breve: que la única seguridad que se acaba por tener (si la fe no lo impide) es que se trata de un mito m á s hecho al alimón por quién sabe entre cuántos. (387) Lo que va en cursiva, que dan todos los Evangelios protestantes (véase, por ejemplo, la traducción de Casiodoro de Reina (1569), revisada por Cipriano de Valera en 1602), suele ser suprimido en las versiones católicas del Nuevo Testamento, no obstante estar en los textos griegos más dignos de crédito. Como se sabe, durante mucho tiempo estuvo prohibido hacer traducciones de la Biblia y que este libro o trozos de él llegasen a conocimiento de los creyentes a no ser en las versiones que daba la Iglesia, que sólo quería que se leyese e interpretase lo leído como a ella la convenía. Recuérdese que a Fray Luis de León le
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costó cinco años de cárcel haber hecho para un amigo una traducción en verso de El Cantar de los Cantares. (388) Ya he citado varias de estas incoherencias y algunas de las numerosas contradicciones. Pero conviene insistir, puesto que los representantes de la Iglesia insisten, a su vez, sobre el carácter divino y revelado de las Escrituras. Claro que, en definitiva, puede que tengan razón cuando afirman que no se puede quitar ni una sola palabra cuando se trata de libros, como se trata aquí a propósito de la Biblia, «escrito por Dios». De modo que, en efecto, ¿para q u é quitar «una sola palabra» cuando lo que convendría sería suprimir miles de ellas? Pero vamos con las contradicciones. Unas veces oímos a Jesús decir a sus discípulos: «No vayáis a los gentiles ni entréis en la ciudad de los samaritanos» (Mateo, X, 5). «No he sido enviado sino a las ovejas perdidas de la casa de Israel» (Mateo, X V , 24). Otras veces, en cambio, le hacen decir todo lo contrario, véase: «Id y enseñad a todas las gentes.» «Id por el Mundo y predicad el Evangelio a toda criatura» (Marcos, X V I , 15). Otra contradicción. Tan pronto le hacen decir: «Mi Reino no es de este Mundo..., m i Reino no es de aquí» (Juan, X V I I I , 36), como al instante no negar que es el rey de los judíos cuando Pilato se lo pregunta. En Juan también (XII, 47): «Yo no le juzgo (al que no escucha sus palabras), porque no he venido a juzgar al Mundo, sino a salvarle», y seguidamente lo contrario: «El que me rechaza y no recibe mis palabras tiene ya quien le juzgue: la palabra que yo he hablado; ella le juzgará el último día.» Y no quiero insistir sobre que Jesús, tal cual le describen los Evangelios, era un revolucionario. En Lucas ( X V I , 15) dice, oponiéndose con sus palabras al orden social: «Lo que es para los hombres estimable, es abominable para Dios.» De los ricos y poderosos ya sabemos cómo pensaba: sin distinción, el Infierno sería con ellos. Luego anticapitalista ciento por ciento. Comunista perfecto. Además, ¿era animar a ser buenos, a ser justos, a enmendarse, decir: «Habrá más alegría en el Cielo porque un solo peca-
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dor se arrepienta, que por noventa y nueve justos»? Unamos esto a que, según la Iglesia, basta un instante de contrición para quedar absueltos de todos los pecados y todas las faltas, y casi lamentaremos los que no somos capaces de matar, robar, secuestrar y demás delicadezas, no haber nacido con tan felices disposiciones, pues con un poco de suerte podramos pasar la vida en grande, como tanto bandido, y sin necesidad de trabajar, con sólo darnos en el momento oportuno unos golpes de pecho. Que todos los fundadores de religiones fueron revolucionarios es indudable. No hubieran podido ser de otro modo, puesto que vinieron a echar por la borda todo lo creído en cuestiones de dioses y diosas hasta ellos. ¿Y h a b r á siempre en un Mundo como el nuestro revolución comparable a poner en lugar de la mentira la verdad? Ahora bien, ¿vale la pena hacer una revolución para sustituir unas mentiras por otras? ¿Vale la pena, tras todos los ensayos hasta llegar al monoteísmo y estimar esta forma la cúspide, en cuanto a perfección, en los sistemas religiosos, para dar marcha atrás y volver no sólo a las Trinidades, sino a la m á s desenfrenada idolatría llevando a los altares a docenas de Cristos, Vírgenes y santos? (389) Lo malo ha sido que durante muchos siglos incontables hombres y mujeres abandonaron a sus padres, a sus madres y a sus hermanos, engañados por la figura quimérica de este «cordero divino», quiméricamente también muerto en la cruz por obra de un mito más. Mito que ha hecho y sigue haciendo que se pierdan muchas vidas en inútil contemplación orante sin beneficio social alguno. Y otros, lo que aún fue peor, no deteniéndose ante ninguna tropelía ni ante crimen alguno y vueltos sólo hacia el Cristo que había venido a traer «no paz, sino espada», fueron dejando a su paso (represión de las herejías, Cruzadas, luchas religiosas, Inquisiciones...) un rastro de sangre, de dolor, de lágrimas, de injusticias y de violencias, seguros además, en su atroz demencia, de servir y agradar con todo ello a un Dios que decían todo amor, dulzura, fraternidad y mansedumbre.
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(390) La fe concedida a la fábula de la Resurrección la ha hecho adquirir tal importancia, que se asegura que si el Cristianismo pudo nacer fue a causa de la fe de los Apóstoles en que su Maestro había resucitado. Contando con ello, los redactores de los Hechos de los Apóstoles, no dudando haber encontrado una base firme sobre la que poder levantar toda clase de afirmaciones, compusieron la primera parte de esta obra, no vacilando en poner a Pedro en primer plano y atribuirle milagros no menos absurdos que los atribuidos por los Evangelios a Jesús, m á s conversiones a millares, sino, en la segunda, dejar correr la fantasía, esta vez en torno a la figura de Pablo, único que, a falta de otros testimonios, se pensó que podría garantizar con sus Epístolas la existencia de Jesús. Naturalmente, el resultado ha sido una bibliografía inmensa probando cuanto de falso y embustero había en tales pretensiones. (391) En Marcos, las tres mujeres, María Magdalena, María la de Santiago y Salomé, el domingo, «muy de madrugada» y bien provistas de aromas con los cuales pensaban ungir a Jesús, se disponen a realizar su propósito. Pero al llegar junto al sepulcro se asustan mucho al ver, cosa que no esperaban, a un ángel «sentado precisamente a la derecha» del sepulcro. Angel que luego de tranquilizarlas, les anuncia que el Señor ha resucitado y les encarga que vayan a decir a sus discípulos y a Pedro que le verán en Galilea, adonde les precederá. Esto, como acabo de decir, en Marcos. En Mateo, sólo las dos Marías son las que acuden, y al llegar un ángel «de aspecto de relámpago» sobreviene entre «un gran terremoto». Esto que no extrañe demasiado. La tierra debía estar aún resentida de lo ocurrido poco antes cuando la muerte de Jesús. El fulmíneo personaje celeste, no obstante ser un espíritu puro, como todos los de su clase, «llevaba una vestidura blanca como la nieve» y, además, «removió la piedra del sepulcro y se sentó sobre ella». Naturalmente, los guardias que habían puesto los judíos por poco se mueren de miedo. No era para menos. Pero él, sin hacerles caso, se dirigió a las también
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aterradas mujeres, les dice que Jesús había resucitado y les encarga que se lo digan a los discípulos para que éstos vayan a encontrarle a Galilea. Cuando iban diligentes a cumplir la orden, el propio Jesús las sale al encuentro (¡qué día de emociones y sobresaltos!) y les dice amablemente: «Dios os salve.» Ellas, acercándose, «le agarraron los pies y se postraron ante él. Dijoles entonces Jesús: No temáis, id y decid a mis hermanos (¡oh modestia sublime!) que vayan a Galilea y que allí me verán». Pasemos a Lucas. En éste, también con la fresca, tempranito, las dos Marías más Juana y un grupo de santas mujeres llegan, encuentran removida la piedra, entran y se encuentran a «dos hombres vestidos con vestiduras deslumbrantes» (el lector, bien que le pese si es muy taurófilo—más que sentir pesar, creo que debe alegrarse—, justo será que se vaya acostumbrando a la idea de que los trajes de luces son muy anteriores a Pedro Romero y a Cuchares), que, no obstante estar todas aterrorizadas como se habían quedado, les hacen saber lo de la resurrección y Ies encargan vayan a anunciar la fausta nueva a los apóstoles. Así lo hacen, «pero a éstos les parecen desatinados tales relatos y no los creyeron». Sin duda, y no obstante haber vivido en compañía de Jesús, haber sido testigos de sus milagros y haberle oído hablar continuamente de su Padre, no estaban todavía muy seguros de que fuese Dios. Pedro, deseando sin duda saber qué había en ello de verdad, corre al sepulcro y lo comprueba al ver en él tan sólo «los lienzos», y vuelve «a casa irado de lo que ocurría». Y él y los demás quedan convencidos de que, en efecto, había resucitado. En fin, en Juan, y muy de madrugada también, es María Magdalena, sola, la que va al huerto (no extrañen estas diferencias; la cosa es tan prodigiosa que las confusiones son fáciles), y al ver la piedra removida (nada aquí de jóvenes con trajes de luces, entiéndase con túnicas deslumbrantes) corre a decírselo a Pedro «y a otro discípulo al que Jesús amaba», los cuales fueron como galgos y comprobaron que «las fajas y el sudario» estaban, pero Jesús no; tras lo cual se volvieron a su casa. De modo que, como se ve, los relatos del extraordinario hecho difie-
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ren de un Evangelio a otro. Y lo mismo ocurre en lo relativo a las apariciones del Maestro que siguieron. La revelación que flaquea una vez más. Claro que, en definitiva, ¿qué m á s da? Para los que creen son detalles sin importancia. Y para los que no creen, más todavía. En todo caso, según Marcos, Jesús fue enterrado por José de Arimatea en el hueco practicado en una peña, luego de envuelto en una sábana. El famoso «sudario», que luego la piedad milagrosa multiplicó transformándole en varios que, como ya he dicho, fueron adorados en diferentes sitios. Hoy, al fin, parece que ya no queda sino el «verdadero», que se conserva en Turín, y que asimismo es objeto de veneración. El fetichismo con pretexto de las supuestas reliquias de Jesús, así como la desbordada idolatría con motivo de las innumerables imágenes de Cristos, Vírgenes y santos, es una de las características de la mejor de las religiones monoteístas o así, según aseguran sus partidarios, no obstante los tres Dioses que ponen a la cabeza de su panteón. Mateo añade algunos detalles a lo dicho por Marcos sobre esta cuestión. Por ejemplo, que la sábana en que envolvieron el cuerpo de Jesús estaba «limpia» y que el sepulcro era el del propio Arimatea. O sea el que, hombre prevenido y cuidadoso, había mandado hacer para cuando le llegase a él su hora. También sabemos por Mateo que «sentadas frente al sepulcro estaban María Magdalena y la otra María». Sin duda cuando él las vio, o los que se lo contaron, se habían acercado luego de marcharse Salomé y las otras mujeres que, en Marcos, miraban desde lejos cómo José de Arimatea envolvía a Jesús en la sábana limpia. Lucas, por su parte, cuenta cómo supo, gracias a su buena información sin duda, «que las mujeres que habían venido con él de Galilea (con José de Arimatea) le siguieron y vieron el monumento y cómo fue depositado su cuerpo». Juan, por su parte, no habla, como ya he dicho, de mujeres. En cambio hace figurar en el relato a Nicodemo, a quien ya nos había presentado en el capítulo III de su Evangelio. En cuanto a Mateo, éste nos hace conocer algo que los dem á s evangelistas ignoraban, a saber: que los judíos, con
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permiso de Pilato, sellaron la piedra del sepulcro y pusieron guardias en él. Tanta precaución a causa de que temían a los discípulos de Jesús, que aseguraban que éste resucitaría al cabo de los tres días. Es decir, temiendo que arrebatasen su cuerpo con objeto de fingir tal resurrección. Luego nos dice también que cuando hubo resucitado pagaron a los guardias para que extendiesen la noticia del rapto. Y que a causa de ello los judíos creyeron siempre que los discípulos de Jesús se habían llevado su cuerpo para simular lo que habían profetizado: la resurrección. Total: que en vez de una fábula tenemos una serie de ellas. Lo que es mejor por aquello de que «lo que abunda no daña», o de que «por mucho trigo nunca es mal año». Además, como sin duda todo ello parecía poco, pues los nuevos creyentes no se cansaban de saber, cuanto más mejor, sobre su ídolo, los Evangelios llamados apócrifos se encargaron, a porfía, de añadir cuanto se podía desear. Y la cuestión del sepulcro no se descuidó. En efecto, como parecía extraño que no se supiese dónde estaba algo tan importante, acabó por ser encontrado. No hubiera faltado más. Hecho irable y sumamente notable que ocurrió el año 326, en tiempos de Constantino (véase Loisy, Le Quatrième Evangile, París, 1921). Es decir, cuando ya era posible mentir con toda garantía, puesto que oficial ya la nueva religión, la boca de aquel que dijese lo contrario que ella, seguro que tenía que ofrecerse al punto a un dentista. Oigase cómo se dice que fue encontrado, que es lo esencial. El testimonio es de uno de los más solemnes embusteros de entonces: Eusebio de Cesárea. Este gran historiador cristiano dice en su Vida de Constantino (III, 26): «Por inspiración del Salvador y como consecuencia de advertencias y sugestiones de Dios.» Nada más. (392) Esto, por supuesto, empezando por itir la existencia de Jesús, cosa que, como se sabe, no aceptan todos los críticos. En efecto, a propósito de esta cuestión se podría emplear una expresión gráfica y decir que en torno a la figura de Jesús hay, en primer lugar, un camino para acercarse a él, el que siguen aquellos que le consideran Hijo
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de Dios y Redentor del Mundo. Otro, opuesto, que es el que siguen los que piensan que no pasó por la Tierra. Que no fue sino un dios Salvador más entre los muchos que aparecieron entonces. Y entre estos dos polos opuestos, dos plataformas desde las que contemplan el problema; por un aparte, aquellos que consideran a Jesús desde un punto de vista puramente escatológico y ven en él un místico dominado por la ilusión de que volvería pronto para instituir su reino en la Tierra (opinión de Schweitzer, Kirsopp, Lake y otros), y otra desde la que se le ve como un hombre que desviado de toda razón, no pasó de ser un modesto reformador social y religioso, predicador de una ética superior a la de su tiempo. Militan en este grupo Strauss, Matthew, Arnojd, sir J. R. Seeñey, Renán, Harnac y otros. (393) A Schweitzer, Aporien im vierten Evangelium, Nachr. d. kg 1. Ges. d. Wiss. z., Goettingen. Phil. his. K L , I, 1907, págs. 342-372; II, 1908, págs. 115-148; III, 1908, páginas 149-187; IV, 1908, págs. 497-560. Wellhaus, en Erweiterungen und Aenderungen im vierten Evangelium, Berlín, 1907. Das Evangelium Johannis, Berlín, 1909. (394) Gnosticismo viene, como ya he dicho (véase nota 370), de gnosis, que etimológicamente quiere decir conocimiento. Pero esta palabra se emplea sobre todo para designar un tipo de filosofía religiosa a la que la Iglesia atribuyó carácter de herejía. Filosóficamente era una doctrina, o la doctrina del conocimiento en sí, del saber absoluto y total que abrazaba todas las cosas y permitía resolver todos los problemas relativos a la Divinidad, al hombre y al Universo, pretencioso desvarío acerca del cual el siguiente pasaje de Valentín, uno de los maestros del gnosticismo en su tiempo, puede dar una idea: «El primer lugar es ocupado por una pareja, de la cual uno de los componentes es lo Inexpresado y el otro el Silencio. Esta pareja engendra a otra, formada, según él (és Ireneo quien nos da la referencia), por el Padre y por la Verdad; pareja que a su vez hacen nacer a la Palabra y a la Vida, al Hombre y a la Iglesia. Todo lo anterior es la primera octava. La Palabra y la Vida habían hecho surgir a diez Potencias (hago gracia
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al lector de su enumeración), más al Hombre y la Iglesia, doce. Establece dos límites: uno, entre el Abismo y el Pieromo (plenitud divina), separa los eones, creación del Padre increado; el otro separa la Madre, no de los eones del Pieromo, sino de la Madre fuera de él. En calidad de ser masculino, el Cristo se desembaraza de la Sombra para ir hacia el Pleromo. En cuanto a la Madre, permanecida con su sombra privada de sustancia espiritual, dio el día a otro hijo. Este es el Demiurgo, al que Valentín llamaba Amo del Universo.» Esta extraña variedad de extravío religioso-filosófico, que pronto empezó a tener numerosos adeptos (las enfermedades intelectuales no son menos contagiosas que las físicas), había apuntado ya antes del Cristianismo, y el propio Filón no fue extraño a ella. En cuanto a los gnósticos posteriores a Filón, éstos se esforzaron por adoptar a su modo los dogmas de la nueva religión. Naturalmente, la Iglesia, al ver lo que hacían con ellos, los persiguió implacablemente. No obstante se tienen noticias de las obras desaparecidas gracias a las referencias que quedan de ellas en los apologistas cristianos; referencias a veces bastante largas y mediante las cuales se han podido reconstruir pasajes suficientes para mediante ellos conocer el tono general de lo destruido. Así, por ejemplo, en el Diálogo entre Justino y el judío Tifón, éste le dice a su adversario: «Siguiendo un vagó rumor forjáis a vuestro Cristo. Que aun suponiendo que hubiese nacido y estado en alguna parte, nadie tiene noticias de él.» Curioso testimonio que demuestra que apenas un siglo después de su supuesto paso por el Mundo, muchos se negaban a itir lo que se aseguraba de él. Asimismo, Celso, en la obra de Orígenes titulada Contra Celso, éste dice a su contrincante: «No hacéis sino contar fábulas, pera no sois capaces ni de hacerlas verosímiles. Como borrachos que llevan sus manos contra ellos mismos, algunos de vosotros ha manipulado tres, cuatro o más veces los textos evangélicos con objeto de negar las objeciones que se os hacen» {Contra Celso, II, 26-27). Detalles sumamente instructivos todos que prueban, primero, que no obs-
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tante el celo de la Iglesia en hacer desaparecer cuanto evidenciaba la falta de verdad de lo que afirmaba, a través precisamente de los comentarios de los que estaban de su parte, se ha podido saber lo que pensaban los no dispuestos a dejarse embaucar. Segundo, el modo como fueron fabricados los textos, que aún la Iglesia sigue haciendo pasar como intangibles, revelados y demás (395) Las epístolas atribuidas a Juan se levantaban violentamente contra los que negaban a Jesús un cuerpo material y les trataban de anticristos: «Muchos redactores han venido al Mundo que no confiesan que Jesucristo ha venido en carne. El que tal hace es el seductor y el anticristo» (II, 7). «Todo espíritu que confiesa que Jesucristo ha existido en carne es de Dios, todo espíritu que no confiesa que Jesucristo ha venido en carne no es de Dios; es el anticristo, del que habéis oído decir que viene y que ya está ahora en el Mundo» (1.ª, IV, 2-3). «Es él, Jesucristo, el que vino por el agua y por la sangre; no tan sólo por el agua, sino en el agua y la sangre» (1.ª, V, 6). Por agua se designaba el bautismo; por sangre la muerte de Jesús. (396) Como ya he dicho, el primero en citar los Evangelios fue Justino, algo después del año 150, en su Primera Apología. En cuanto a las Epístolas de Clemente y a las cartas falsamente atribuidas a Ignacio de Antioquía, en las cuales se encuentran también alusiones a los Evangelios, no son tampoco anteriores al año 150. Véase Henri Delafosse (J. Tourmel), Les lettres d'Ignace d'Antioche, París, 1927. Y «La Lettre de Clement Romain aux Cotinthiens», Revue de l'histoire des religions, 1928, págs. 53-83. (397) Justino en su Primera Apología cita como emanando de Cristo, bien que sin decir que las tomase del Evangelio de que hablamos, las siguientes palabras: «Si no renacéis, no entraréis en el reino de los Cielos.» También Papias e Ireneo conocieron este Evangelio. (398) Como ya he dicho, Adriano tuvo que hacer venir de Bretaña a su mejor general, Julio Severo, para poder vencer a Bar-Kochebas. El rebelde había llegado a tener tal influencia y prestigio, que incluso hizo acuñar monedas
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con su efigie. Y tantas esperanzas despertó haciéndose pasar por el verdadero Mesías, que fue reconocido como tal hasta por el Rabi Akiba, primera autoridad religiosa judía (véase E. Schürer, Geschichte des jüdischen Volkes in Zeitálter Jesu Christi). (399) Me limitaré a citar los más notables: A. Loisy, L'Evangile selon Marc, 1913, y Les livres du Nouveau Testament, París, 1922; F. Nicolardot, Les procedes de redaction des trois premiers évangelistes, París, 1908; M. Goguel, L'Evangile de Marc et ses rapports avec ceux de Matthieu et de Luc, París, 1907; W. Haupt, Woríe Jesu und Gemein deüberlieferung, 13; W. Bacon, The Golpet of Mark; todos los cuales opinan y prueban que el primero de los evangelistas llamados canónicos fue el que escribió el Evangelio atribuido a Marcos, no el atribuido a Mateo, como dice la Iglesia. Con razón se dice que «no hay mejor sordo que el que no quiere oír». La Iglesia, ante los trompetazos de la crítica histórico-científica, que desde hace cerca ya de dos siglos está echando por tierra lo esencial de sus afirmaciones y dogmas, ha tomado el mejor partido que podía tomar: encogerse de hombros y no oír, segura de que como los que la siguen son ceros absolutos en cuestiones de exégesis religiosa, mientras sigan amodorrados por el narcótico de la «fe» podrá seguir tranquila su camino. Lo malo es que como en ciertos países, sobre todo a los que dirigen el tinglado político, les ocurre lo mismo, su ignorancia repercute injustamente en todo lo relativo a la libertad de conciencia. (400) Mientras el redactor del Evangelio, que luego sería atribuido a Mateo, preparaba una edición corregida de Marcos, y el del que luego sería atribuido a Lucas leía con toda atención el Evangelio de Marción para redactar el suyo, destinado a completar lo dicho por Mateo con nuevas leyendas, más parábolas y más milagros, en Efesos se elaboraba otro Evangelio completamente distinto: el que sería atribuido a Juan. Pero tan distinto y tan impregnado de marcionismo, que pronto alguien partidario de la Iglesia que había declarado a Marción hereje en aquella ciudad se dispondría a ver de armonizar la «luz» que en él veía y 16. RELIGIONES. II
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creyó que convenía conservar, con lo que patrocinaba la Iglesia de la que él era partidario. El nuevo redactor creería obrar bien y cumplir a conciencia lo que se proponía, sustituyendo el «amor» del nuevo texto nacido en Marción («Sabemos... porque amamos»), amor que alcanzaba a todos, incluso a los enemigos, por un amor místico limitado al círculo de personas, tanto divinas como humanas, de la misma confesión. Tampoco renegó de las Escrituras como había hecho Marción, en el cual la Ley quedaba anulada en una cofradía ferviente, en la que el precepto «amar» remplazaba a todos los demás mandamientos. Pero sí hizo en el texto, que a su juicio tan necesario era modificar, las alteraciones convenientes para que el Jesús que en él aparecía no fuese un ser total y absolutamente celestial, es decir, incorporal, puramente espiritual, como nacido de la fantasía de un gnóstico, sino con parte en lo terrestre, como «venido de la carne», a causa de haber nacido en el vientre de una virgen como había dicho Mateo, bien que él no itiese tal cosa; como tampoco, como había afirmado Basílides, que no había sido crucificado. Ni como Cerinto, que siguiendo en esto a los ebionitas de Efesos aseguraba que el Espíritu había entrado en Jesús al ser bautizado para abandonarle antes de su Pasión. Es decir, que en vez de seguir sosteniendo como éstos y el primer redactor que el Cristo se había manifestado en el agua (bautismo), no en la sangre (pasión y muerte), el segundo redactor, siguiendo a la Iglesia de Efesos, creía en la manifestación doble: agua y sangre. En cuanto a los tres sinópticos, la diferencia con el cuarto Evangelio era total. Y ello no tan sólo en lo que afectaba al relato, sino a las ideas. La aparición del Cristo entre nubes esperada por éstos sinópticos, en el Evangelio atribuido a Juan se habla efectuado ya con sólo su llegada. Del mismo modo que la vida eterna y la resurrección empezaban en el Mundo con sólo creer en Jesús. Con lo que el gran acontecimiento: la llegada del Reino de Dios, quedaba ya cumplido. Jesús no tenía necesidad de volver. Tan sólo tenía que hacer esto su espíritu, el Paracleto («Delegado», «Es-
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píritu de Verdad», «Espíritu Santo» incluso, mencionado cuatro veces: X I V , 16; X I V , 25; X V , 26, y X V I , 7), llamado para defender y reconfortar a los fieles de la Iglesia. Por lo demás, y en lo que a la vida terrestre afectaba, por decir algo de ella se tomó un poco de Marcos, de lo qué éste mencionaba de Jesús, y otro poco del Evangelio de Marción (la fe del centurión, la pesca milagrosa y algún personaje: Lázaro, Marta y María, aquí en el nuevo texto unidas por lazos de parentesco); y de Mateo una sola cosa tal vez, la investidura de Pedro ( X X I , 15-17). (401) Aquellos dos dioses de Marción: el verdadero Dios y el Demiurgo creador; éste el Yahvé del Antiguo Testamento. Aquellos dos Cielos: el superior, morada del verdadero Dios; el inferior, donde moraba el Demiurgo. Aquél, Padre de Jesús, eterno y extraño al Mundo, Mundo del que había sido autor el Demiurgo del Antiguo Testamento; Dios falso, remunerador y vengador, frente al otro, todo bondad y clemencia. Todo ello era demasiado diferente para ser hermanado con facilidad. Por mejor decir, imposible hacerlo. Y aunque la segunda redacción en vez de hacer bajar a Jesús del Cielo, como Marción, fue a buscarle al Cielo, dónde estaba, a creerle, desde un principio, cerca de Dios, y siendo Dios él mismo (lo que era volver al politeísmo), y no solamente Dios, sino la Razón de las cosas y el Verbo (aquel Logos que Filón había casi popularizado); y aunque asimismo, y por seguir oponiéndose a Marción, le hizo, además de Vida y Luz, carne y venir a un Mundo no extraño a él como quería el místico de Sinope, pese a todo quedaban aún tantas diferencias entre este Evangelio y los sinópticos, que se explica perfectamente las oposiciones y luchas entabladas hasta conseguir que fuese considerado como canónico. (402) Véanse en Jésus, le Dieu fait homme, de Couchoud, las pruebas de que estos dos Evangelios, que tantas cosas tienen comunes, fue Lucas el que tomó del otro cuánto le convino. Así como en la traducción del Evangelio atribuido a Juan, hecha por Henri Delafosse, lo que el redactor dé la segunda versión añadió a la primera con objeto de ponerla
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de acuerdo con lo que pensaba, quería y le convenía a la Iglesia. Añadidos que en esta excelente traducción están en letra bastardilla para mayor claridad. (403) Vayan unos cuantos ejemplos que prueban, como digo, el interés de poner la «fe» en primer plano, pues sabían que sólo contando con ella, multiplicándola y ensalzándola, al tiempo que minimizaban la «razón», podían ser creídas tantas cosas que a ésta repugnaban. Toda la historia de la Iglesia no ha sido esencialmente sino esto: la lucha entre la F E , que lo cegaba todo, y la RAZON, que hacía desesperados esfuerzos por despertar a través de cuanto se hizo por esclavizarla durante diecinueve siglos. En Marcos (I, 40): «Viene un leproso a Jesús que suplicando y de rodillas le dice: Si quieres puedes limpiarme.» Jesús, viendo su fe, le dice: «Quiero, sé limpio.» En II, 5: «Viendo Jesús la fe de ellos (de los que habían hecho un agujero en el techo de la casa para bajar hasta él al paralítico), dijo' a éste: Hijo, tus pecados te son perdonados.» En IV, 40, Jesús dice a los Apóstoles, llenos de miedo a causa de que el viento, desencadenado, amenaza hacer naufragar la lancha en que van: «¿Por qué sois tan tímidos? ¿Aún no tenéis fe?» La «fe», como se ve, es indispensable, según los evangelistas, tanto para sanar como para salvarse. Así en V I , 1-6, Jesús no puede hacer milagros en Nazaret porque sus convecinos, que le conocían de siempre, no tenían fe en él. Podría seguir enumerando ejemplos. El lector puede seguir viéndolo, si gusta, en V, 28, 34 y 38. En V I , 56. En V I I , 28. En X I , 22. En X I V , 16-18, y en varios sitios más. Y conste que he elegido, para no hacer demasiado larga la enumeración, al más corto de los Evangelios. Sí, la FE en ésta como en todas las religiones es algo absolutamente indispensable. Sin fe no habría religiones. Sin ella todas serían puros montones de leyendas y fantasías. La FE es el salvoconducto gracias al cual se pueden cruzar sin obstáculo las fronteras de la mentira. Leyendas, mitos, milagros y demás bosques llenos de fantasmas; maniguas del engaño, abismos de ilusiones y falsedades, son salvados sin dificultad gracias a ella. Así como en una chungla no
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hay medio de avanzar sin un buen yatagán, en las religiones imposible dar tampoco un paso sin el yatagán de la F E . (404) El escalón del libre albedrío es el tercero que hay que subir para poder entrar en la religión cristiana. Los otros dos, el itir la existencia de un Dios personal y la del alma; a saber, que en la criatura humana hay dos partes distintas: una material, el «cuerpo», y otra espiritual, el «alma». Y que ésta no sólo no tiene su origen en aquélla, como creen los materialistas, que aseguran que es una simple función del cerebro, sino que, por el contrario, es de origen divino y, por consiguiente, «inmortal». Empecemos con el libre albedrío. Se suele definir el libre albedrío como la «facultad del alma mediante la cual ésta se determina en virtud de su propio movimiento y no a causa de una influencia exterior». Bossuet, en un libro llamado precisamente Traite du Libre Arbitre (Tratado del Libre Albedrío), le define como «Poder para escoger un acto». Es decir, tal cual se hace «la prueba en las cosas en las cuales no hay razón alguna para que nos inclinemos a un lado de preferencia a otro». Como se ve, pues, el libre albedrío supone: Primero, libertad de acción con objeto de poder elegir en virtud de un movimiento propio. Segundo, que no haya nada, en aquello por lo que nos vamos a decidir, que nos mueva a hacerlo por él o en contra de él: cosas ambas, al menos a primera vista, que parecen imposibles. Y ello porque la libertad, en lo que a los hombres atañe, no ha pasado jamás de una aspiración eternamente insatisfecha. Sin contar, por supuesto, como muchas veces ocurre, con la falta de apetencia y con la carencia de incitaciones a obrar. Todo parece oponerse, en efecto, a que el hombre sea libre, empezando por su propia naturaleza. El primer enemigo de la libertad de la criatura humana es ella misma. Empezamos por ser esclavos de nuestros gustos, de nuestros caprichos, de nuestras pasiones, y, a causa de éstas, de nuestros vicios. O al contrario, de nuestras excelencias y virtudes, que, como nuestros vicios, dependen casi enteramente de nuestra manera de ser, de nuestra idiosincrasia,
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de la herencia. Es decir, que tanto los virtuosos como los viciosos encadenados están, a su manera de ser, primero por la herencia, que nos marca con un cuño del cual no podemos apartarnos; de tal modo fuerte que sólo pensando en ella tendríamos de sobra para encogernos de hombros y considerar como una quimera m á s el libre albedrío, y luego por el medio (social, político y religioso) en el que vivimos, y que asimismo influye poderosamente en nosotros. En vista de lo anterior, ¿es o puede ser siquiera el hombre realmente libre? Entre dos acciones posibles, ¿puede, impulsado tan sólo por su voluntad, decidirse por una u otra espontáneamente, es decir, sin verse empujado hacia alguna de ellas por determinada necesidad o conveniencia interna, o por alguna presión externa a él? Piense cada uno serenamente sobre ello y luego responda. Yo por mi parte digo: No. Pues si algo nos empuja siempre a hacer o a no hacer las cosas, y este «algo» depende de nuestro modo de ser, de los hábitos adquiridos, de la conveniencia que empuja ciegamente o de las circunstancias, que o bien favorecen o bien perjudican, sin que nosotros seamos otra cosa que agentes pasivos, ¿dónde está la libertad de obrar? ¿Dónde el libre albedrío? Frente a la quimera de libertad se alza, además, el determinismo o poder para obrar sin otra causa que la existencia misma de este poder. Sistema filosófico según el cual todas las acciones humanas, así como las decisiones, están regidas por leyes rigurosas como las que rigen los fenómenos naturales, y, como consecuencia, con el mismo carácter de necesidad. Por consiguiente, inútil hablar de libertad de acción ni de libertad de obrar. O sea, que este sistema filosófico aplica a las acciones humanas el mismo principio científico según el cual todos los hechos tienen una causa, y, por otra parte, las mismas causas producen los mismos efectos o los mismos hechos. De donde resulta que los fenómenos están regidos por leyes necesarias y universales, con lo que tanto en la Naturaleza, como en la vida lo con-
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tingente no tiene lugar, y de ocurrir lo mismo con ío voluntario, el libre albedrío carecería de realidad. Aún m á s radical que el «determinismo» es el fatalismo, doctrina según la cual la voluntad y la inteligencia humana son impotentes para dirigir el curso de los acontecimientos. De tal modo que el destino de cada uno está fijado de antemano, sin que pueda variarlo haga lo que haga. Este fatalismo llenaba el teatro griego antiguo (cuya escena era, en síntesis, imagen de las creencias y de la vida), puesto que ni Zeus podía nada contra el Destino. Los musulmanes son también fatalistas. Y el romanticismo estaba empapado de él. De esa «fatalidad» que parece originar una serie de Coincidencias inexplicables que diríase manifiestan una finalidad superior y desconocida que se muestra sobre todo en la persistencia de las desgracias. Esa «mala suerte» (o «buena suerte», para el caso es igual) que persigue a muchas personas tan obstinadamente que parece la ley de su vida. El fatum (el destino invencible, «lo que está escrito»). Según Kant, lo que sucederá én virtud de una necesidad ciega, a causa de la cual ciertos acontecimientos estarían fijados en ellos mismos, incluso independientemente de las causas que los producen. Luego, según el fatalismo, todos los acontecimientos están irrevocablemente fijados de antemano por una causa única natural o sobrenatural, lo que se quiera. Visto el escalón del libre albedrío, pasemos a otro de los tres anunciados al principio de esta nota: el relativo al alma. En la serie de los «contrarios»: vida y muerte, luz y oscuridad, fuerte y débil, grande y pequeño, etc., alma y cuerpo, uno de ellos surge al punto, y con ellos estas preguntas: ¿son en realidad verdaderos contrarios, es decir, cosas distintas? Y si lo son, ¿cuál de ellas es superior a la otra? Y en sus manifestaciones, al parecer inseparables, ¿cuál manda y cuál obedece? En todo caso, parece indudable que para llegar al concepto «alma» hay que partir de la materia, de ésta elevarse o pensar en la sensación material, en la sensación qué sé experimenta al tocar algo, sensación que empieza en un acto
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material completado por su percepción, digamos, si se quiere, espiritual, y de ello pasar a la pura función espiritual, a la que llamo pura por parecer que en ella interviene el pensamiento, el espíritu, pero que en realidad no puede realizarse sin la materia (cerebro) e incluso sin un estado especial de él, puesto que no en todas las condiciones se puede pensar, ni hacerlo con la misma eficacia o del mismo modo. Y puesto que para exteriorizar lo pensado hay que valerse de la materia, boca (labios, lengua), si se habla; pluma, máquina, imprenta, si se escribe. En la primera relación pasa igual: hay tres escalones para llegar al conocimiento. Primero, la materia, que siendo una realidad indudable, aparte, distinta, ajena a la función espiritual que nos da cuenta de ella, se ha pretendido incluso negar (Berkeley), apoyándose en la imposibilidad en que estamos para concebirla directamente mediante ella sola. Es decir, que si nos damos cuenta de que existe es tan sólo a favor de lo que se llama el espíritu. Pero si el hecho de que para cada uno de nosotros la idea de materia sea en cierto modo negativa, puesto que no puede ser concebida sino mediante el espíritu, e incluso como algo opuesto a él, ¿podría conducir a negar su existencia, siendo así que todo tanto fuera de nosotros como en nosotros mismos, si se exceptúa ese resultado o función de ella misma que da origen al espíritu, lo es, es decir, es materia? ¿Es que antes que cada uno de nosotros se dé cuenta de la existencia del Universo, pura y enteramente material, no existía éste? ¿No seguirá existiendo cuando ya se haya extinguido la armonía de los elementos que constituyen nuestro yo? ¿Se puede negar racionalmente que existe la materia, o sea una realidad independiente de nuestro espíritu que cuanto hace es facilitarnos el que nos demos cuenta de ella, pero en modo alguno intervenir en su existencia ni determinarla? De no existir la materia, ¿tendría el espíritu que esforzarse con objeto de comprenderla? Y si es de toda evidencia que la materia, es decir, el Universo, existe sin necesidad del espíritu, y aunque el espíritu la hubiese organizado como han pretendido y siguen pretendiendo los espiritualistas desde
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Anaxágoras, y no el espíritu sin la materia, de la que es función y resultado, ¿cómo pretender negar su existencia, ni siquiera su superioridad absoluta? Lo que pasa es que desde el principio se empezó a juzgar a favor de ilusiones, de apariencias engañosas. La propia idea, falsa, de que el cuerpo moría pero el alma (espíritu) continuaba viva, idea concebida a favor de los ensueños, que fue la que dio origen al culto de los muertos y seguidamente al animismo, ha sido o fue la causa de la separación total de ambos conceptos; de que se los considerase como enteramente opuestos, como «contrarios», e incluso como enemigos cuando filósofos idealistas, como Platón, tras imaginarla divina, y a causa de ello inmortal, aseguraron, como hace Sócrates en el Faidón, que el cuerpo era su prisión, su tumba, de la que no salía definitivamente sino gracias a la muerte. En marcha siempre tan dorado error, tan alada mentira, el «alma» ha recorrido o sufrido diversa suerte según las manos en que ha caído. Cuando fue en las de un espiritualista, como por ejemplo Descartes, entonces el alma fue radicalmente distinta del cuerpo; su existencia nos la revelaría la propia conciencia, y puesto que enteramente opuesta a la materia, su inmortalidad fácil de itir. Claro que lo que no se comprendía era que siendo tan distinta y opuesta al cuerpo, pudiesen obrar, del modo como lo hacen, el uno sobre la otra y la otra sobre el uno. Para resolver cuestión tan innegable y tan grave, como la fantasía es inagotable, Malebranche acudió a las causas ocasionales. El alma, aseguró, es la causa ocasional de lo que ocurre en el cuerpo, y éste de lo que ocurre en el alma. Leibniz, más radical, negaba la sustancialidad de los cuerpos. Berkeley, como ya he dicho, negaba la materia en pleno. En la antigüedad, Zenón el Eleático negaba a su vez el movimiento. Con palabras e ingenio todo se puede sostener. Claro que Diógenes, oyéndole, en vez de meterse en discusiones, a modo de respuesta echó a andar. Si a Berkeley alguien le hubiese hinchado un carrillo de un puñetazo, puede que sintiendo su «materia» dolorida hubiese sido más cauto afirmando. Leibniz asimismo reducía el
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Universo a una pluralidad de almas cuyo acuerdo se explicaba en virtud de una armonía. ¿Dónde vería la «armonía» en un Mundo entonces no menos en luchas y enemistades constantes que el actual? Un mal matrimonio le hubiera hecho tal vez cambiar de opinión. Como un cólico a Berkeley. Pero ya sabemos que el gran filósofo alemán, sin duda a fuer de solterón empedernido, era de un optimismo desbordante. De tal modo que no dudaba en afirmar que la armonía anterior había sido preestablecida por Dios. Para Spinoza, las almas individuales eran modos del pensamiento, no sustancias. Como los cuerpos, modos de la extensión. Y ambas cosas, pensamiento y extensión, atributos de una sustancia única: Dios. Pero no el Dios de los filósofos contemporáneos suyos, sino otro m á s innegable y evidente: el Dios-Naturaleza. Así las cosas, llegaron los materialistas de los siglos XVII y.XVIII: Gassendi, Hobbes, Helvetius, D'Holbach, Diderot, y como observasen que no había medio de que existiesen ideas sin sensaciones (como hacía muchos siglos había observado también Aristóteles) y sensaciones sin órganos de los sentidos, y asimismo como vieron que las lesiones mentales, cerebrales m á s exactamente, provocaban la pérdida de la memoria a veces y toda clase de perturbaciones relacionadas con lo que era llamado espíritu, en las que el alma salía muy mal parada, y lo mismo la mayor parte de las enfermedades, cuyo influjo sobre el cerebro era evidente, dedujeron y sostuvieron la total dependencia de lo psíquico de lo material. Y en pie sigue lo cuestión. No obstante haber criticado hábilmente Hume y Kant, sobre todo este último, el «alma sustancia» de Descartes, y haber probado que el yo de que habla éste es un concepto puramente formal que expresando como expresa la unidad sintética del pensamiento en modo alguno podría ser considerado como una realidad sustancial, aún hay quienes no han olvidada el «alma» del gran pensador francés. No obstante, y como es natural, el concepto alma se borra para la filosofía y queda sólo en pie el concepto espíritu; y el problema, por tanto, limitado a
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fijar la relación del espíritu con el Todo. Es decir, el lugar del espíritu en la Naturaleza. Por consiguiente, frente a frente otra vez el espíritu y la, materia, constituyendo entre ambos la síntesis, la complicada síntesis que es la vida: Dualidad, por otra parte, que ya observaron los antiguos ai darse cuenta perfecta de que los objetos del Mundo son diversos en tanto que la materia, que es el espacio que ocupan, los separa y los individualiza. Que nosotros mismos nos; sentimos separados de los demás hombres, y distintos cada uno de los otros. Ahora bien, dentro de esta indudable distinción, ¡cuántas semejanzas en lo material! ¡Qué identidad de órganos y de funciones! Y asimismo en lo espiritual, ¡qué más profundas diferencias, no obstante estar todos dotados de espíritu! Parece, pues, que el problema del alma, encarado desde el punto de vista filosófico, conduce a la negación de este concepto y a su reducción al concepto espíritu. Y que este concepto, si bien enteramente opuesto al que entraña la palabra materia, parece, no obstante, ser una consecuencia de ésta. Algo como el perfume respecto a la flor. O como el sonido respecto a la cuerda que vibrando le produce. Nada m á s aparentemente inmaterial que perfumes y sonidos, y, sin embargo, sabemos que los primeros son causados por corpúsculos o partículas muy tenues, pero materiales, que se desprenden de los cuerpos olorosos (que cuando se agotan dejan de serlo). Y los segundos, por ondas, también materiales, y que a través dé la materia se propagan. Pues, ¿y la luz? ¿Puede darse algo m á s aparentemente inmaterial? Nó obstante, por la materia es generada, y materia por lo visto es, bien que simple vibración, puesto que parece ser que incluso pesa. Así, ef espíritu, que todo parece demostrar que es un producto de la materia nacido al producirse en determinadas circunstancias la armonía que constituye la vida, tal vez no tarden mucho los sabios en demostrarnos que es a su vez una simple vibración de las células cerebrales, y que no obstante su oposición, hoy indudable, a la materia, materia es, puesto que a su vez pesa. En cuanto al
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«alma», su naturaleza divina y su inmortalidad, volvamos la hoja. En fin, en lo que afecta al primer escalón, el relativo al concepto Dios, además de todo lo apuntado ya, remito al lector a la página 478 (capítulo El Judaismo) del tomo III de esta misma Historia de las religiones. (405) Estas variantes son tales y tan evidentes, que los propios exegetas ortodoxos se han visto obligados a reconocerlas. Copio lo siguiente del prologuülo que encabeza el Evangelio de San Juan, como ellos dicen, en una excelente edición y traducción de la Sagrada Biblia (expresión también suya), hecha por dos sacerdotes cuyos nombres son Eloíno Nácar y Alberto Colunga: «Lo primero que advertimos en el cuarto evangelio es su diferencia de los sinópticos en cuanto a su contenido. Sólo tiene de común con ellos la expulsión de los vendedores del templo (II, 13 y sigs.), la primera multiplicación de los panes (VI, 12 y sigs.) y, finalmente, la pasión y la resurrección. Pero aun en estos puntos no existe entre Juan y los sinópticos ninguna dependencia literaria. Convienen en el fondo de los sucesos, mas no en la redacción. »E1 teatro de la historia, que en los sinópticos es Galilea, en San Juan es principalmente la Judea. Jesús va y viene de Galilea a Jerusalén y de Jerusalén a Galilea, y sus conversaciones y disputas no son con el pueblo, sino con los doctores. Por eso los temas son más altos, y en vez de las parábolas más o menos alegorizadas de los sinópticos, encontramos en San Juan verdaderas alegorías, como la de la vida ( X V , 1 y sigs.) y la del pastor y el redil ( X , 1 y sigs.). Por eso los Padres llaman a este evangelio el evangelio espiritual. El número de los milagros referidos se reduce a siete, sin ninguno de aquellos cuadros generales sobre la actividad taumatúrgica del Salvador que abundan en los sinópticos, fuera de las palabras que se leen en X X , 30, sobre la infinitud de las señales obradas por El y las alusiones a sus obras, señales y milagros que a cada paso leemos en sus disputas con los judíos. La mayor parte del evangelio la forman discursos, que a veces se apoyan en los milagros
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mismos, de los cuales vienen a ser como la explicaciónv. gr., a la multiplicación del pan sigue el discurso sobre eí pan de la vida (6); la curación del ciego de nacimiento sirve de base a la declaración de ser El la luz del mundo; a la resurrección de Lázaro va unida la afirmación de ser El la resurrección de la vida (11).» Pero, y ahora hablo yo: en todo ello, como en los sinópticos tan llenos de milagros, ¿hay algo que sepa, que huela al menos, que tenga siquiera la apariencia de ser verdadero? (406) Los doce generalmente conocidos, por mejor decir, desconocidos, puesto que salvo Pedro, Santiago y Juan, de los otros, a excepción de Mateo, no se vuelve a tener noticias. Lucas se limita a decir en X, 1, que Jesús escogió otros setenta y dos discípulos. (407) En la Historia de los judíos de Flavio Josefo hay un pasaje que creo haber mencionado ya, en el cual habla de la flagelación de un tal Jesús, hijo de Ananus, que, habiendo ido a Jerusalén con motivo de las fiestas de los tabernáculos, empezó a recorrer las calles gritando: «¡Ay de ti, Jerusalén!», imprecación idéntica a la que lanza contra esta ciudad el Jesús de los Evangelios. Pues bien, detenido y azotado públicamente y de un modo bárbaro, soportó la paliza sin pedir gracia ni maldecir a los que le golpeaban. Hasta que el gobernador, comprendiendo que se trataba de un pobre perturbado, mandó que le pusieran en libertad. Leyendo esto no podemos menos de preguntarnos lo siguiente: ¿Cómo Josefo, tan bien enterado hasta de detalles mínimos como éste, de cuanto había ocurrido en su pueblo, del Jesús de los Evangelios, no tuvo ni la menor noticia, no obstante su predicación, sus milagros, incluso los más que prodigiosos reunidos con motivo de su muerte? ¿Y cómo pudo ocurrirle lo mismo al otro historiador judío de la época, Justo de Tiberiades? Hasta ahora nadie ha podido dar una respuesta satisfactoria. A no ser, claro, los que dicen: Porque no existió. (408) Esta faceta de modesto visionario que se creyó llamado por el Cielo para restaurar en Israel los soñados esplendores del reino de David puede ser sostenida con ayu-
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da de determinados pasajes de los Evangelios. El primero de ellos puede ser el de Marcos (I, 14-15), donde se lee: «Después que- Juan fue preso, vino Jesús a Galilea predicando el Evangelio de Dios y diciendo: "Cumplido es el tiempo y el reino de Dios está cercano: Arrepentios y creed en el Evangelio".» Estas palabras puestas en boca de Jesús tienen un cierto tono enigmático. Mas si tenemos en cuenta, primero, que a veces es llamado Hijo de David (como en Marcos, X, .48), y segundo, las genealogías de Mateo y de Lucas, destinadas a demostrar que José, padre de Jesús (olvidando lo del Espíritu Santo y María), descendía de David, y tercero, ciertas palabras que los Evangelios ponen en su boca, por ejemplo cuando Lucas le hace decir ( X X I I , 28T29): «Vosotros sois los que habéis permanecido conmigo en mis pruebas, y yo dispongo del reino en favor vuestro, como mi Padre ha dispuesto de él en favor mío, para que comáis y bebáis a mi mesa en mi reino, y os sentéis sobre los tronos como jueces de las doce tribus de Israel», no hay más remedio que reconocer que de haber habido un Jesús que tales cosas decía, hubiera tenido que ser un pobre iluso atacado de megalomanía religiosa, que se creía llamado por el Cielo no sólo a restaurar el antiguo reino de Israel, sino a ponerse en él a su cabeza. (409) Estas palabras bastan para demostrar que la idea de que Jesús hubiese sido concebido por obra del Espíritu Santo era tan absurda y antinatural que debió pasar mucho tiempo antes de acostumbrarse a ella. En todo caso, el redactor de este trozo está aún tan mal convencido del imposible milagro, que hace decir a Gabriel: «Que el Señor Dios dará a Jesús el trono de David.» En estos primeros momentos en que se pasaba de una leyenda a otra, de Jesús al Cristo, parece evidente que la idea de «redención» Pablomarcionita no había cuajado todavía. . . .. (410) En Marcos (XV, 34): «Elí, Elí, lama sabachtani.» En Lucas (XIII, 46): «Padre, en tus manos encomiendo mi espíritu.» En Juan ( X I X , 30): «Todo está acabado.» (411) Si no obstante todo lo dicho relativo a la falta de testimonios históricos relativos a Jesús, alguien, o muchos,
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para el caso es igual, quisieran sumarse a los partidarios de la escuela histórica, es decir, itir que pudo haber un modesto profeta que tras predicar unos meses fue muerto por orden de Poncio Pilato a instigación del sanedrín judío, racionalmente no podría aceptar de toda la enorme leyenda tejida en torno a su figura sino lo siguiente: Que fue un pobre perturbado de tipo mesiánico, que obsesionado por la idea de que con la ayuda de Yahvé iba a poder librar a Israel del yugo romano, se lanzó a predicar el inmediato advenimiento del reino a cuya cabeza no dudaba que la Divinidad iba a ponerle. Y que acabó por perder la vida en empresa tan falta de buen sentido. Considerando todo cuanto en torno en cosa tan simple se ha levantado, habría para decir, y nunca con m á s razón: ¡Cuánto ruido para tan pocas nueces! (412) Para poder avanzar sin extraviarse por el bosque de irrealidades que son los Evangelios, conviene no perder de vista que en ellos las cuestiones fundamentales son las dos siguientes: El H O M B R E , cuyo propósito, según estos libros, es devolver a Israel el soñado esplendor de los tiempos de David, y el DIOS, en que por influjo de corrientes gnósticas, a la cabeza de las cuales Marción, quedó transformada la figura que había empezado a formarse imprecisamente en Oriente al influjo de la moda de los. dioses Salvadores. En tomo a esta figura de tal modo cambiada se formó todo el tinglado posterior. Haciendo el camino en sentido inverso, o nos detenemos en Marción, si se piensa en el Dios, o en los Libros Apocalípticos judíos, Henoc e Isaías si se piensa en el Hijo del hombre, cuyo brillante porvenir aquéllos serían los primeros en anunciar. Pero como este Elegido fatalmente tenía que acabar en Dios, de pensar en un hombre, en un modesto profeta m á s , hay que tirar todo por la borda de querer sumarse a los partidarios de la escuela histórica. (413) Cosa en realidad imposible. Pues no podía ocurrir sino una de estas tres cosas: o que los dos fuesen absolutos en todo, poder y demás; que uno de ellos lo fuera y el otro no; o que ninguno de los dos lo fuera. En el primer caso,
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la imposibilidad de dos Dioses, es decir, de dos Seres de absoluto poder, pero opuestos, era o es total, pues siendo poderosos en grado sumo y opuestos se anularían inmediatamente. En el segundo sólo sería Dios uno de ellos, luego superfluo, por inútil, hablar de dos. Y lo mismo en el tercer caso, puesto que no siendo dioses ninguno de ellos, el caso quedaría reducido a la lucha de dos seres poderosos, uno bueno y otro malo, como en el Mazdeísmo, donde acaba por triunfar el bueno, pero necesitando para ello toda clase de ayudas, hasta la de los hombres, como en esta religión se supone que ocurre (véase mi traducción de El avesta). (414) La filosofía griega, que seguramente conocía Marción, no había tardado en llegar, gracias a sus grandes pensadores, a la cabeza de los cuales hay que poner a Pitágoras y a Herakleitos, a la idea de que el Universo dependía de una «inteligencia» que hacía reinar por todas partes el orden y la armonía. Anaxágoras, afirmando a su vez: «Que todas las cosas habían sido ordenadas por la Inteligencia» (NOUÇ) sentó la doctrina, que Platón con su teoría de las Ideas aseguraría definitivamente, afirmando que el Mundo había sido hecho para el orden y la justicia. Es decir, para que estas excelencias reinasen en él gracias a la Inteligencia y al Bien. Sobre todo a éste que ponía sobre aquélla. Que esta afirmación no pasase de una de sus muchas ilusiones no impide que Platón crease como creó la filosofía del espíritu. Pasando del campo de la filosofía al de la religión, diríase que la doctrina que proponiéndoselo se puede hallar en los Evangelios, suspiraba también por el Bien cuando hablaba del dios Padre que amaba a los hombres y se interesaba particularmente por ellos. El Padre celestial que hasta se ocupaba de los lirios, de los campos y de las avecillas del cielo. Claro que viendo el mal, el dolor, la injusticia, las enfermedades, los odios, los egoísmos y la guerra por todas partes, había para pensar que se ocupaba de sus hijos de un modo un poco extraño. Sin duda inmenso en todo, lo era asimismo en cuanto a distraído y olvidadizo. Como de nosotros, que gemirían los lirios que murieron por
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falta de agua y sobra de Sol. Y de nosotras, que gemirían las avecillas al ver caer sobre ellas a gavilanes y a cazadores. Que había un Dios, Padre amantísimo de sus hijos, fue la «buena nueva», si que puramente lírica, de los Evangelios, que bien que no pasase de una ilusión más, de un puro idealismo, no impidió que lo mismo que los ensueños filosóficos de Platón, que valieron a éste el cetro de la filosofía, ellos forjasen con parábolas y milagros un sólido trono a la nueva religión. Pero, ¿qué milagro comparable al de las inteligencias que durante veinte siglos siguieron creyendo y llamando Padre amantísimo al que pudiendo evitar, pues nada hay imposible para él, que sus hijos pequen, sobre no hacerlo, aún les condena por ello a penas «eternas»? (415) Es decir, el Dios cruel, vengativo, belicoso y en ocasiones verdugo del Antiguo Testamento. El de «Pasad a todos los machos por el filo de la espada y a sus ganados. Y quemarás completamente la ciudad para que sea siempre un montón de ruinas y no vuelva a ser edificada.» Al de: «Y si tu hermano hijo de tu madre, o tu hijo o tu hija, o la mujer que descansa en tu regazo, o tu amigo aunque le quieras como a tu propia alma, te incitare en secreto a servir a otros dioses, denuncíale irremisiblemente y sea tu mano la primera que se alce contra él para matarle» (Deuteronomio, X I I I ) . Todo el capítulo es del mismo tono. Cuando Marción le tildaba de Demiurgo cruel y perverso, ¿tenía o no tenía razón? ¿Y qué decir de los que siguen llamando a la Sagrada Biblia («sagrado» en todo caso, como se dice e imprime constantemente), libro lleno de «flores» como las que acabo de citar, cuando no de mentiras, leyendas y mitos, el «Libro de los libros», y son capaces de creerle «divino» y «revelado»? ¿Y qué, si no creyéndolo, lo dicen y aconsejan? (416) El lector que encuentre todo esto demasiado novelesco, incluso demasiado idiota, y que le asombre la audacia de afirmar sin otro fundamento, una vez más, si es que fundamento es el extravío de una mente anegada de fanatismos místicos, hágame el favor de tener un
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poco de paciencia recordando que el procedimiento para ver de dar «realidad» a estos disparates es el mismo que el empleado en los Evangelios llamados canónicos, que, además, tuvieron como punto de partida este de Marción, mejorándole al quedarse con el Yahvé del Antiguo Testamento, al que, sin duda, para que aún quedase más perfecto, añadieron un Hijo y una Paloma divina. (417) Tertuliano hace notar que la muerte del Cristo de Marción no fue sino aparente, puesto que su cuerpo no era sino fantasmal. Es decir, como el Cristo del Evangelio atribuido a Juan, que, como se sabe, escapa varias veces misteriosamente de manos de los que pretenden apoderarse de él cual si, en efecto, fuese impalpable. Tertuliano, convencido de ello, reprueba incluso a Marción (en III, 19) que éste se obstinase en que su Cristo hubiese muerto con muerte normal. Por supuesto, los marcionitas, siguiendo a su jefe (en todos los rebaños ocurre igual: las ovejas siguen al pastor conducidas, sin desmandarse, por los perros, a quienes. el amo alimenta, con palabras en los rebaños humanos, con mendrugos en los otros), continuaron hablando de la muerte de Cristo como un hecho cumplido. Todo ello tal vez por no apartarse del Pablo marcionita que. tal decía; cierto que sin insistir gran cosa, como se sabe.(y ello seguramente por obra de interpolaciones posteriores), a propósito del Cristo-Jesús. (418) Como se sabe, fue Marción el primero en dar a conocer las Epístolas de Pablo. Diez de las catorce que quiere la Iglesia que sean suyas. Y que, por cierto, debían estar muy lejos de las que conocemos hoy, puesto que Éusebio, el gran historiador cristiano, atención que es detalle importante, habla de ellas diciendo: «algunas cartas breves». Luego si aquellas cartas breves que trajo Marción se han convertido en las que hoy quiere la Iglesia que iremos y creamos, hace mal en oponerse a la «evolución» dado que la de estas Epístolas en sus manos ha sido tan notable. Pero veamos un poco estas Epístolas por si ellas nos ayudan a comprender algo de cosa tan incomprensible.
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Según las Epístolas, Pablo estaba convencido de.que el verdadero Dios de este Mundo era el Diablo (2.ª a los Corintios, IV, 4), y que a causa de ello el Mundo era esencialmente malo. Hasta aquí todo parece probar que quien había escrito era Marción y atribuirlo a Pablo hecho tan sólo para dar prestigio y autoridad a lo imaginado por él. Pero sigamos. A causa de lo anterior—decía-—, las.criaturas pecadoras, pues la voluntad humana sometida, estaba a la ley del pecado, como la de la Naturaleza a la corrupción (Romanos, VIII, 12 y sigs.). Y con fuerza irresistible el pecado obligaba al hombre a hacer lo que repugnaba a su razón, cual si habitando en él fuese su dueño absoluto (Romanos, V I I , 14 y sigs.). Si así era, ¿cómo dejar de culpar a Dios autor de todo lo creado? No—respondía Pablo—, pues éste puede hacer con sus criaturas lo que le plazca, como el alfarero con las vasijas obra de sus manos: de quien quiere, se apiada; al que quiere, endurece. Con lo que muestra al hombre su poder y su gloria (Romanos, III, 10 y sigs.; I X , 17 y sigs.). Consecuencia: el hombre era incapaz por sus propios medios de librarse del pecado, que tras sumirle en la imperfección le acarreaba la muerte (Romanos, V I , 23). ¿Nacía, pues, el hombre destinado ya a pecar? No, puesto que el primero, Adán, no obstante su naturaleza carnal, podía pecar o no hacerlo. Cuando vemos a Pablo, y a tantos otros (todos los teólogos católicos sin excepción), apoyar en fábulas los castillos de sus doctrinas, dan ganas de no seguir leyendo. Mas como de hacer esto h a b r í a que abstenerse de acercarse a cuanto afecta a lo religioso, es preciso armarse de paciencia y continuar. Y siguiendo, vemos que Pablo continúa asegurando que fue sólo desde su desobediencia a Dios cuando el pecado, que hasta entonces no existía en el Mundo sino en estado virtual, llegó a ser efectivo. Según ello, mientras la Ley no fue proclamada, los "hombres, bien que sometidos a la muerte y al pecado, no tuvieron conciencia neta de éste. Lo que le hizo manifestarse y tomar el carácter de una transgresión del orden divino
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fue precisamente la Ley de Moisés (Romanos, I V , 15; V I I , 7). Cierto que la Ley, según Pablo-Marción o Marción-Pablo, aumentó el pecado, que sin ella carecía de vida, vida que ella le infundió, y al hacerlo a los hombres, la muerte. Con lo que en vez de una bendición para el Mundo, fue una maldición. En vez de debilitar el pecado, le dio fuerza nueva (Gátatas, III, 10), haciendo al hombre su esclavo (1." a los Corintios, X V , 56). ¿No hay, por consiguiente, medio de librarse del pecado? ¿Será preciso entregarse a la desesperación y gritar: ¡Desgraciado de mí, quién me l i b r a r á de la muerte!?» (Romanos, V I , 15-17). ¿Quién? (Marción al parche); ¡Dios! Que no es tan sólo el Dios justo que juzga a los hombres de acuerdo con la Ley, sino el Dios de clemencia y misericordia. Error, pues, como creían los judíos, que por el hecho de poseer la Ley se estaba en posesión del conocimiento perfecto de Dios (Gálatas, III, 21). La Ley sólo conducía a un Dios justo, pero no al Dios de amor. Y el Padre misericordioso era superior al Dios justo (Romanos, II, 17 y sigs.). Dios misericordioso que para traer a los hombres a la salvación, les había enviado a su Hijo, dejándole en manos de las Potencias enemigas del hombre, Potencias que desconociéndole le habían dado muerte, cosa que, de otro modo, no hubieran hecho, puesto que la salvación de los hombres representaba para ello el fin de su dominación (Romanos, VIII, 3; X V , 39). A causa de ello, en adelante, los hombres sabían que eran «hijos de Dios» y muy amados por él, le llamaban Padre (Romanos, VIII, 15; Gálatas, IV, 6) y el amor llenaba su corazón. (¿Pero se pueden concebir, creer, afirmar y sostener demencias semejantes? Pero como se trata tan sólo de exponer, sigamos aún unos instantes.) Necesariamente, el Hijo de Dios, para sacrificarse por los hombres había tenido que tomar una naturaleza semejante a la de éstos. O sea, venir en carne igual a la del pecado (Romanos, V I I I , 3). Pero la forma humana del Salvador era puramente temporal, transitoria. Luego volvería a su propia naturaleza una vez que hubiese acabado de sufrir tras su resurrección de entre los muertos (Roma-
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nos, V I I I , 11). Y entonces sería reconocido como amo y señor; como Mesías místico, no como Mesías guerrero vencedor de naciones, esperanza de los rabiosos esclavos judíos. Y el título de Cristo sería su verdadero nombre. Es decir, que el Cristo de Marción, como el de Pablo, antes de bajar a la Tierra estaba en el Cielo. En Pablo, con Dios, su Padre, según se lee en Romanos, X, 6, y en Gálatas, IV, 4. Obsérvese la audacia en afirmar, digna de la tontería e irreflexión en el creer. Cristo había participado también, como el Logos de Filón, en la creación del Mundo, puesto que el género humano, sobre todo los varones, fueron creados a su imagen (1. a los Corintios, V I I I , 6; X I , 3; X V , 45-49). Sólo que en vez de bajar adulto ya, como en el Evangelio de Marción, en Pablo, por obra de una interpolación destinada a transformar la afirmación de éste a conveniencia de la Iglesia (pues nada más evidente que habiendo sido Marción el que trajo las Epístolas atribuidas a Pablo, j a m á s éstas hubieran dicho algo contrarío a lo que afirmaba su Evangelio), había nacido, como en Mateo y en Lucas, de mujer. En Marcos aún no se había decidido que así fuese. Total, que despojadas las Epístolas de las interpolaciones introducidas en ellas con objeto de hacer de Cristo un personaje carnal, queda el verdadero Cristo, tanto de Pablo como de Marción, ser puramente imaginario e irreal, ajeno a todo lo terrestre, sin parientes, sin discípulos, sin doctrina, sin patria y sin haber realizado milagros, si se quita, cierto que vale por una docena, el de su resurrección. Y el de que fantasías semejantes se hayan creído y se sigan creyendo. Porque seguramente h a b r á todavía muchos capaces de ello. En todo caso hay algo que parece evidente e innegable: Que las Epístolas que tenemos, atribuidas a Pablo de Tarso, de ningún modo pueden ser las «algunas cartas breves», que, por lo visto, como de él eran conocidas en tiempos de Eusebio de Cesárea. Nada m á s . La consecuencia que cada uno la saque según su leal saber y entender. (419) Los grandes iniciados, extraviados a causa de sus ilusiones místicas, ¡qué cosas soñaron y qué cosas escribiea
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ron cuando escríbieron! Y los ganados por los desvarios de tan grandes maestros, ¡ q u é c o s a s han creído y qué piélago de demencias han cruzado a bordo de la adormecedora balsa de la fe! Como, la dé todos los fundadores de religiones, la labor de Marción fué .doble:, mística, y revolucionaria. Porqué, ¿se puede dar algo más místico, que imaginar a un Dios. descendiéndo a la Tierra con apariéncia de hombre para librar a éstos de las garras de otro dios, éste torpe, cruel y malo? Si el adjetivo místico parece insuficiente para calificar el temple de su espíritu, póngase otro en su lugar. Todo aquel que dé idea de algo no razonable le irá perfectamente. En cuanto a la faceta revolucionaria, ¿cómo juzgar de otro modo, sobre todo entonces, la pretensión de suplan? tar a un Dios tal como el Yahvé de los judíos por otro mejor que él? No menos revolucionario era asimismo sustituir la figura, que tal vez se iba aceptando ya, de un Mesías, mezcla del continuamente esperado por los judíos y del creado por una tradición nacida a favor de profecías, apocalípticas o no, pero un simple Mesías, por un Cristo celeste. Cierto que esta última pretensión había sido ya,.sin duda, sostenida por otro visionario al que la Iglesia santificaría, si se ite que Pablo de Tarso no fue también otra fantasía de Marción. Porque la inexistencia de éste ha sido sostenida por toda una escuela de exegetas. En todo caso, lo que no hay medio de negar es que Pablo no es mencionado ni una sola vez en los Evangelios ni en las epístolas atribuidas a Juan, Santiago y Tudas. Justino, por su parte, tampoco le conoce e incluso atribuye a los Doce la conversión de los gentiles (Apología, I, 39-45). Papias, por la misma época (hacia el año 150), no parece tener tampoco noticias de él. En cuanto a Jas Epístolas que sé le atribuyen, nadie, como sabemos, las conocía antes que Marción las trajese a Roma el año 140. Si a los Hechos de los Apóstoles venimos,, obra^ muy tardía, novelesca, manoseada y fantaseada, lá circunstancia, como todo parece demostrar, de que fuese hecha precisamente para referir las andanzas de Pablo y justificar, haciéndolo, su realidad,
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cuanto hace en verdad es añadir nuevos puntos de apoyo a la tesis contraria. En todo caso, si hubo un Pablo que escribió las cart as breves de que habla Eusebio, razón tendría G. Ory (Interpolations du Nouveau Testament) asegurando que: «Las interpolaciones católicas en las cartas de san Pablo son ciertas y evidentes, y estas interpolaciones disfrazan de una manera extravagante el aspecto del paulinismo.» Todo sin contar que por ellas nada se sabe de Jesús, personaje que si existió, a su vez, Pablo no vio nunca, como él mismo declara y confiesa (Calatas, I, 11): «Os lo declaro, el evangelio que yo predico no es de hombre, pues no lo he recibido del hombre, sino en virtud de una revelación.» Otro que enseña, pues, lo que ha soñado. Por consiguiente, tiene razón Guignebert cuando dice lo que ya he copiado antes: «Aunque todas las cartas de Pablo se hubiesen perdido, no por ello sabríamos menos que lo poco que sabemos sobre Jesús» (Jesús, pág* 25). Y Renán: «Para Pablo, Jesús no es un hombre que ha vivido y enseñado, sino un ser enteramente divino» (San Pablo, cap. X ) . Es decir, exactamente como pensaba Marción. Aún se podría añadir que este camino místico, que conduce a un Cristo enteramente celestial, es decir, sin nada humano, había sido recorrido ya, entre Pablo y Marción, por el autor del Apocalipsis, libro que demuestra que el que le escribió a fines del siglo i, cuanto conocía era el Mesías esperado por los judíos. Aquel Mesías que espada en mano, les pondría a la cabeza de todas las naciones; pero no al Jesús-hombre, Mesías que bajaría del Cielo al son de trompetas, montado en un caballo blanco. Tras lo cual, desencadenada la cólera divina (Yahvé seguía siendo el del Sinaí), h a b r í a asesinatos y cataclismos. «Y la gran prostituida (Roma, bien que el texto, por prudencia, diga Babilonia), que se ha asentado sobre numerosas aguas, con la cual se han prostituido los reyes de la Tierra, será destruida y condenada al fuego» ( X V I I , 1-2, y X V I I I , 8). Entonces empezaría la gran carnicería del Victorioso del caballo blanco, carnicería descrita por el Apocalipsis con
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toda ferocidad. Si—como dice la Iglesia—el autor de algo tan iracundo, vengativo, violento, feroz y bestial fue el m á s amado de los discípulos de Jesús, sería preciso convenir que él o los redactores de los sinópticos mentían cuando trataban de ofrecer un Jesús mensajero de un Padre misericordioso que cuanto quería era amar y ser amado. (420) Acostumbrados como estamos a considerar todo lo relativo a Jesús a través de una lupa potentísima que saca su figura de toda posible realidad, lupa continuamente agrandada y pulimentada por una fabulosa propaganda, a la que al interés y al sentimiento se han sumado los enormes recursos del arte y de las letras, cuesta trabajo itir que tanto aparato grandioso se haya levantado en torno a un mito, es decir, a algo irreal sin otra base y fundamento que la fe de los que en él creen. No obstante, frente a este muro, al parecer inexpugnable y contra él, se levantan unas cuantas «verdades», que como arietes le van demoliendo poco a poco. La primera, que durante el primer siglo y buena parte del segundo, Jesús fue enteramente desconocido por los moralistas, los literatos, los filósofos y, lo que es más grave, los historiadores de entonces. Y la prueba es que cuanto queda no ya de él, pues de él ni una mención, sino de la secta y doctrina que se supone de él emanada, en Plinio el Joven, Tácito y Suetonio (en los historiadores judíos nada), son media docena de fragmentos sin garantía alguna y en los que su nombre ni siquiera aparece. Plinio el Joven, por lo que podemos juzgar, estando de gobernador en Bitinia al año 112, en una carta a Trajano (Epístola, X, 96) le preguntaba qué conducta debía seguir con los cristianos, secta, según él, supersticiosa, «que se reunía un día determinado y cantaba un himno de Cristo como en honor de casi un Dios» (carmen Christo quasi deo dicere). Dice también la carta que con objeto de saber quiénes de los allí reunidos eran cristianos y cuáles no, se empleaba un medio: obligar a los sospechosos a renegar de Cristo y adorar al Emperador. Añadiendo: «Imposible obligar a los verdaderos cristianos a que hicieran una u
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otra cosa.» Trajano, en su respuesta a Plinio, le decía: «No hay que buscar a los cristianos, pero si son denunciados y se prueba la verdad de la denuncia es preciso castigarles. No obstante, si alguno niega ser cristiano y lo prueba suplicando por nuestros dioses, que obtenga perdón.» El simple tono de la carta de Plinio, es decir, el celo por demostrar que los verdaderos cristianos por nada del mundo hubieran consentido en renegar de Cristo, haría pensar en una posible interpolación; pero ni siquiera hace falta pensar en ello, puesto que la carta entera es falsa de punta a cabo. El que la hizo tuvo ante los ojos, al redactarla, el discurso de Festus al rey Agripa (Hechos, X X V , 14 y sigs.), y la falsificación fue hecha a principios del siglo x v i por Giocondo di Verona. Además, mal podía haberla escrito Plinio el Joven, pues j a m á s fue gobernador de Bitinia. Véanse, en efecto, sobre la inautenticidad de esta carta, Aube (Histoire des persécutions de l'Eglise, 1871, págs. 215 y sigs.). Habet (Le christianisme et ses origines, 1884, IC, c. 8). Bruno Bauer (Christus und die Caesaren, 1897, páginas 268 y sigs.). Y la obra Antiqua mater, 1887, de Edwin Johnson. En cuanto a Plinio el Antiguo, tío del anterior, gran escritor, como se sabe, y que estuvo en Palestina antes del año 70, tampoco supo una palabra sobre Jesús, de sus milagros, de su predicación, de su muerte y de los prodigios que ésta ocasionó, según los evangelistas. De otro modo, ¿hubiera dejado de referir algo acerca de todo ello? El testimonio de Tácito (Anales, X V , 44) es a propósito de Nerón y dice lo siguiente: «Para destruir el rumor (que le acusaba del incendio de Roma) supuso culpables e infligió tormentos refinados a aquellos a los que sus abominaciones hacían detestar y a los que la masa llamaba cristianos. Este nombre les viene de Cristo, que bajo el principado de Tiberio, el procurador Poncio Pilato entregó al suplicio. Reprimida por el momento esta detestable superstición, se abrió paso de nuevo, no tan sólo en Judea, donde el mal había nacido, sino aun en Roma, donde cuanto hay de espantoso y de vergonzoso en el Mundo afluye y encuentra numerosa clientela.» La autenticidad de estas
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líneas tan astutas, pero burdamente escritas en favor de lo que se trataba de probar con ellas, fue negada por Hochard (Etudes au sujet de la persecution des Chretiens sous Nerón, París, 1885; Nouvelles considerations au sujet des Armales et des Histoires de Tacite, Bordeaux, 1894) y Drews (Die Christus myte, Carlsruhe, 1924). En todo caso, lo que acabo de citar es conocido por un solo manuscrito del siglo x i , descubierto en 1429, y adquirido por los Médicis para su biblioteca en 1444. Fuera de este manuscrito, nadie había oído hablar jamás, ni los primeros apologistas cristianos ni luego durante la Edad Media, ni del incendio de Roma por Nerón ni de los «tormentos refinados» que m a n d ó aplicar a los cristianos. ¿Qué, pues, pudo mover al redactor de tal manuscrito para añadir a los Anales semejante infundio? Pues sencillamente hacer que muriesen «mártires», en Roma, Pedro y Pablo (que no se tiene noticia cierta alguna, histórica, que estuviesen jamás en ella), pero que convenía que hubiesen estado, sobre todo el primero, con objeto de hacer de él el primer papa y vincular en esta ciudad el papado, cabeza de la Iglesia. En cuanto a hacerles mártires, ¿quién mejor que Nerón, famoso por sus crueldades, podía haberlo realizado? Y con tales propósitos nació el infundio. Pasando a Suetonio, he aquí lo que de él queda, a propósito de lo que nos ocupa, en su Vida de los doce Césares: Que Claudio, Judaeos impulsore Chresto assidue tumuluantes Roma expulsit («Echó de Roma a los judíos, que impulsados por Chrestos no cesaban de agitarse.») Palabras que no pueden tener otra interpretación que la que ellas mismas dicen con toda claridad: Que un tal Chresto excitaba a los siempre desconcertantes judíos, y que éstos, más agitados que de costumbre, oyéndole, obligaron a las autoridades a echarles de Roma. Si ahora tenemos en cuenta que el nombre «Chrestos» era muy corriente entonces (Linck, en De antiquissimus, da una lista de más de 80 inscripciones en que aparece), se comprenderá que nada tiene que ver este episodio no ya con Jesús, sino ni siquiera con Cristo. Total, que Jesús fue absolutamente des-
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conocido para cuantos en su época hubieran podido dejar un testimonio sobre él, que, a su vez, hubiera podido hacer creer que su personalidad es algo más que una pura leyenda nacida a favor de circunstancias favorables, a base de una moda religiosa (religiones con dioses Salvadores), tradiciones del Antiguo Testamento que permitían pensar en un Mesías judío; los ensueños de un místico genial, Marción, y el florecimiento de todo ello en los Evangelios. (421) Como, por ejemplo, dice Loisy (Le problème des origines chrétiennes, 1931; apéndice a la obra Le mandéisme et les origines chrétiennes, 1931): «La leyenda de Jesús, en su conjunto, no es una selección de recuerdos históricos, sino una reducción del mito cristiano elaborado con los textos del Antiguo Testamento para satisfacción de la fe en Jesús.» G. Ory dice asimismo (Cahiers du Cercle Ernest Renan, 4." trim. 1960): «Cuanto m á s se avanza en la búsqueda de los orígenes del Cristianismo, m á s nos damos cuenta de que reposa sobre un inmenso engaño.» En fin, pues el n ú m e r o de citas de los eruditos modernos a propósito de la falta de historicidad de los Evangelios sería interminable, oigamos a Couchoud (Le dieu Jésus, 1951, página 180): «La novedad radical de los Evangelios ya a consistir en considerar la muerte-resurrección de Jesús como un acontecimiento humano, que termina en suplicio y en gloria a propósito del paso del Hijo de Dios por la Tierra. Esta concepción que los Evangelios nos han impuesto con tanta fuerza, ningún poeta o didascalia anterior a ellos la ha tenido. No es una tradición histórica.» (422) Habiendo citado varias veces a los Evangelios llamados «apócrifos», creo que vale la pena, para que se tenga una idea, por breve que sea, de lo que son, decir unas palabras sobre tres o cuatro de los principales: el Protoevangelio, el llamado Del nacimiento de María, el de Nicodemo y el relativo a la Infancia de Jesús. (Para detalles y más información, véase nuestra edición de estos Evangelios publicada en la «Biblioteca de Bolsillo».) El primero, atribuido a Santiago, fue compuesto probablemente a fines del siglo n por uno o varios discrepan-
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tes de lo que defendía la Iglesia naciente; discrepantes que influidos por las ideas de Marción, negaban la humanidad de Jesús y condenaban el matrimonio. San Epifanio, en Adv. Haer., X X X , 23, atribuye equivocadamente este Evangelio a los ebionitas. Equivocadamente, porque éstos no dudaban que Jesús era hijo de José y María, mientras que los que le escribieron pensaban que no había tenido cuerpo material y que gracias a ello había podido venir al Mundo sin afectar a la virginidad de su madre. Véase lo que se lee en sus capítulos X I X y X X : La comadrona llamada para asistir a la Virgen llegó tarde. No obstante, al examinarla exclamó dirigiéndose a Salomé (hermana de la madre de María y madre de Santiago y de Juan, según los Evangelios): «Tengo cosas maravillosas que contarte: una virgen ha engendrado sin dejar por ello de ser virgen. ¡El Señor sea bendito! Pero si no me aseguro por mí misma no lo hubiera creído.» Entonces la comadrona vuelve a entrar en la caverna (según se traduzca la palabra puede tratarse de una caverna o de un pesebre), y dice a María: «Acuéstate, que te está reservado un gran combate.» Entonces Salomé llega, toca a María y sale exclamando: «¡Desgraciada de mí, pérfida e impía, que he tocado a Dios vivo! ¡Mi mano, abrasada por un fuego devorador, se separa de mi brazo!» Y cae de rodillas; a invitación de un ángel coge al niño, que acaba de salir en aquel momento, y exclama: «¡Te adoraré como a rey poderoso que acaba de nacer en Israel!» El resto de la narración (publicada por primera vez en 1552 por Guillermo Postel, no desmerece en estupidez a lo citado). La atribución de tan copioso manojo de majaderías a Santiago nació de la edición de J. Ch. Thilo (Codez apocryphum Novi Testamenti, Leipzig, 1832), que empieza: «Yo, Santiago, he escrito esta historia en Jerusalén.» Con el nombre de Evangelio del nacimiento de María hay varios textos atribuidos, uno a san Mateo; otro a Santiago, hijo de José, etc. Todos ellos son un montón de tonterías a propósito de la familia de María, el nacimiento de ésta, su educación en el templo, su voto de virginidad,
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su matrimonio con José luego de prometer éste que será el guardián de su castidad, y por este orden cuantas memeces se puedan imaginar. Naturalmente, habiéndose decidido que no concebiría por obra de varón, era preciso creer que jamás había tenido o carnal con su marido, y para ello se pusieron en circulación, tras inventarlas, toda una serie de hipótesis a cuál más absurdas. Así, por ejemplo, para salir al paso no sólo a Mateo, que en X I I I , 55, no tan sólo habla de los hermanos de Jesús, sino que incluso da sus nombres, y a Pablo y a los Hechos, en que igualmente se lee este detalle, el Protoevangelio, en el capítulo I X , más varios Padres de la Iglesia y otros comentadores pretendieron que estos hermanos eran hijos que había tenido José en un matrimonio anterior. Citar a cuantos pensaban poco más o menos lo mismo sería tan largo como fastidioso e inútil. En cambio, san Jerónimo, gran defensor del celibato, sostuvo (Advers. Helvid, cap. VIII, y en In Matth., XIII, 16) que san José conservó él también su virginidad. Naturalmente, a partir de san Jerónimo, la Iglesia de Occidente empezó a sostener que José había pasado su vida en la continencia. Resultado de todo ello fue poner en movimiento la fantasía de los primeros Doctores de la Iglesia, que empezando por Tertuliano explican la concepción virginal transformando al Espíritu Santo en De Carne Christ (cap. X X I I I ) , en un rayo de luz que desciende hasta María y en ella se hace carne, o sea, exactamente como en la mitología egipcia le ocurría a la vaca madre de Apis, que era fecundada por un rayo luminoso caído del cielo (Herodotos), hasta las aún más tremendas extravagancias, que apoyándose en Dan Efrem, san Agustín y Gaudentius, empezaron en el siglo iv a hablar de la concepción por la oreja, que también, según Plutarco, era itida entre los egipcios, que hablaban de la concepción de los gatos por la oreja y la salida de lo concebido por la boca. El resultado de tanta insensatez fue dar nacimiento a toda clase de burlas por parte de judíos y paganos, burlas que acabaron por transformar a María en una mujer adúl-
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tera e incluso a hacer de ella una verdadera prostituida (quaestuaria): Hic est ille fabri sunt quaestuariae füius. Tertuliano, De Spectaculis, 30, En la Crónica samaritana, publicada por Neubauer, Periódico asiático, II, 439, 1869, sé lee: «En tiempos de Jonatán fue condenado a muerte Jesús, hijo de Miriam, hijo de José el carpintero, ben Hanafáth, en Jerusalén, reinando Tiberio, por Pilato el arconté.» Clermont-Ganeau, en su Recueil d'archéologie oriéntale, V I I , 387, interpreta este ben Hanafáth por el hijo de la cortesana. En fin, conocida es también la acusación del Talmud de Jerusalén, recogida por Celso (Orígenes, Contra Celso, I, 28, 32, 69), según la cual Jesús era hijo de María y de un centurión romano llamado Panther o Pandera. En todo caso, estos evangelios del nacimiento de María fueron el primer paso para sacar a la madre de Jesús de la indiferencia con que la habían tratado los Evangelios canónicos, poniéndola en el camino, luego glorioso, que la esperaba. El Evangelio dé Nicodemo trata de la pasión, de la muerte y de la resurrección de Jesús. En realidad tiene dos partes: la primera, dedicada a la vida y milagros de Jesús hecha a base de los Evangelios canónicos y de ciertos apócrifos; la segunda, donde se cuenta su bajada a los Infiernos, relato que hacen dos justos, Lentius y Carinus, a quienes saca del antro de los Suplicios el arcángel Miguel, para que puedan contra lo que allí pasó al bajar el Galileo. Dicho esto inútil seguir, pero en fin, diré como episodio principal del disparatado relato, la disputa entre Satán y el Príncipe del Tártaro, muy unidos hasta entonces, pero que de pronto, no menos enfurecidos, empiezan a increparse a propósito de Jesús. El Príncipe, al ver súbitamente sus antros radiantes de luz, pregunta qué ocurre, enterándose de la llegada del Resucitado, a quien Satán ha hecho que los judíos crucifiquen. Y empieza la disputa, en el curso de la cual tiene Jesús que intervenir, acabando por decir al Príncipe infernal, que está furiosísimo: «Príncipe, Satán quedará ya eternamente bajo tus leyes en lugar de Adán y sus hijos, que son mis justos.» Nada más. Nada
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más, pero sí suficiente para darse cuenta de a qué grado de insensatez llegan estos evangelios, de los cuales el m á s interesante, bien que no menos disparatado, es el llamado de la Infancia. Véanse algunos detalles: Jesús niño se entretiene en cierta ocasión en formar con barro figurillas representando pájaros, tras lo cual les insufla su aliento, lo que basta para que los pedacitos de barro adquieran vida y echen a volar. Otra vez, esto ya no es tan bonito, transforma a otros niños que se burlan de él, en cabritillos para enseñarles a ser en lo sucesivo más prudentes. En otra ocasión, se le ve ayudado por su padre, José, que ha fabricado para el rey de Jerusalén un trono demasiado estrecho, ponerle de las dimensiones convenientes con sólo tirar padre e hijo del trono cada uno por un lado. Pues, ¿y cuándo se le ve, muy niño aún, domando dragones (serpientes) o seguido de leones y leopardos, mansos gracias a su presencia? ¿Y cuándo, sin duda, para adiestrarse y hacerlo luego con las personas, resucita a un pez seco? Sí, pero ¿y cuándo, en cambio, hace morir a otro niño, que le ha pegado, con sólo fulminarle con la mirada? ¿Y cuándo plantando tres pedazos de palo, secos, se transforman al punto en tres árboles llenos de hojas y de frutos? Este milagro vaya por el que refieren Marcos en X I , 14-21, y Mateo en X X I , 19, cuando secó con sólo una maldición a una higuera que no tenía higos a causa de no ser aún tiempo de ellos. Creo que todo ello basta para que el lector tenga una idea de lo que eran los Evangelios apócrifos. Pero sí diré aún que también fueron escritos por entonces una porción de libros que la primitiva Iglesia y muchos Padres y Doctores tuvieron en gran estima y veneración, tales como El .Libro de Enoc, hacia el cual los Padres de la Iglesia, especialmente san Clemente de Alejandría y san Ireneo, sentían el m á s profundo respeto y una gran iración, y al que san Jerónimo creía libro inspirado y salvado del diluvio, y en el cual otros Padres fortificaron sus ideas relativas a la unión de los ángeles con las hijas de los hombres, de la cual salieron los gigantes bíblicos, verdad
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que ya había sentado el Génesis. Otro, el famoso Pastor, de Hermas, que en tiempos de Eusebio era leído públicamente en las iglesias y m á s escuchado que los propios Evangelios, al que asimismo todos los Padres, excepto san Jerónimo y san Próspero, tenían en gran estima, y que fue sumamente leído y irado hasta que el Concilio de Roma del año 496 le incluyó entre los libros apócrifos. Citaré también las cartas del rey Abgaro a Jesús y la respuesta de éste, cartas de las que habla Eusébio, el insigne trapalón, en el capítulo X I I I del libro primero de su Historia eclesiástica; cartas tenidas durante mucho tiempo por auténticas, no obstante las afirmaciones de Orígenes (Contra Celso) y de san Agustín (Armonía evangélica), afirmando que Jesús no había dejado nada escrito. No conviene olvidar tampoco la Historia de José, el carpintero, referida por el propio Jesús a los Apóstoles, a creer, claro está, al falsario que la escribió ¡en el mismísimo huerto de los Olivos! El primero en publicar tan veracísima leyenda fue Thilo, en 1772. En fin, Los hechos de Pablo y Tecla, novelita relativa a estos dos personajes, de la que ya me he ocupado, y en la cual la casta virgen de este nombre, que seguramente no existió más que Dulcinea del Toboso o que el rey Abgaro, llegó primero a santa y luego a Patrona de Tarragona, como hoy es considerada. Pero qué más da. Si nos decidiésemos a examinar un poco la Leyenda dorada, la mitad de sus santos no tendrían m á s realidad. Y los que la tuvieron, si muchos de ellos merecieron el honor de la santidad por lo que hicieron, no nos enfade mucho no merecerla nosotros. (423) En la Biblia griega, las tres primeras palabras: Jeshuá (Exodo, X X I I , 10), Jehoschuá (Zacarías, III, 1) y Jeschuá (Nehemías, VII, 7; VIII, 7, y VIII, 17) son traducidas por «Iesous», palabra que por primera vez fue aplicada a Josué, hijo de Nun, el cual, al morir Moisés le sustituyó en el mando de los que iban en busca de la «tierra prometida», a causa de «estar lleno de sabiduría por haber puesto Moisés sus manos sobre él» (Deuteronomio, X X X I V , 9). Sabiduría, en todo caso, bárbaro-militar si se juzga por
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la serie de horrendos crímenes, que relata el Antiguo Testamento, que precedieron a la conquista de la tierra que Yahvé había jurado a Abraham, Isaac y Jacob que daría a sus descendientes. (424) El pseudo Lucas dice que cada uno iba a hacerse inscribir en su ciudad natal. Lo que indica un empadronamiento a la manera hebraica. Es decir, por familias y por tribus. Pero en la época de que se trata, la distinción de familias y tribus no existía ya hacía mucho tiempo. Incluso antes del destierro, las tribus de Judá y de Benjamín se habían fundido en una ya. Y luego, cuando Nabucodònosor deshizo Judea, los que no fueron degollados o llevados cautivos, no hallando en el devastado país medios de existencia, tuvieron que refugiarse en Egipto. Por consiguiente, pretender que los judíos iban a hacerse inscribir en tal o cual ciudad o aldea a causa de pertenecer a esta familia o aquella tribu, es una afirmación opuesta a la historia o a lo histórico. Si a esto se añade que el empadronamiento ordenado por Cirino, que, como todos, en general, no tenía otro objeto que la recaudación de impuestos y, por consiguiente, lo que interesaba era tan sólo conocer el número de los que podían ser sometidos a contribuir sin importar a qué familia o tribu pertenecían, bastaba y era de regla en casos semejantes que cada uno se inscribiese allí donde vivía. En Italia misma algunas veces, pero excepcionalmente, fueron obligados los ciudadanos a ir a empadronarse a Roma, como vemos en Tito Livio, X X X V I I I , 36. Pero de ordinario las inscripciones se hacían donde se habitaba. (425) Para la Iglesia, considerar al que sin razón alguna se esfuerza por hacer creer que fue su fundador tan sólo en uno de estos dos aspectos equivale a renegar de la fe cristiana. El Catecismo del Concilio deTrento (Pars prima, X V ) indicaba ya, por mejor decir, imponía, que a Cristo había que considerarle «no sólo como Dios, sino como verdadero hombre participando en ambas naturalezas» (non solus ut Deis, veruni ut homo nostrae naturae particeps). Lutero decía también en su Pequeño Catecismo: 17. RELIGIONES. II
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«Verdadero Dios nacido del Padre desde la eternidad, verdadero hombre nacido de la Virgen María.» (426) En la cosmogonía china Lui-tzu había quedado encinta por obra de una estrella, y el fruto de coito tan luminoso fue Chao-Hao. El mismo efecto produjo una nube milagrosa en Fu-Pao, y el resultado fue Hoang-ti. En Hu-su, denominada la hija del Señor, fue un arco iris el que la envolvió e hizo madre cuando se paseaba al borde de un río. Al cabo de una gestación de doce años trajo al Mundo a Fo-Hi. En el Mahabarata, una leyenda semejante a la que Lucas cuenta a propósito de Zacarías y de su mujer, hace a Avaspati, rey de Madras, muy anciano también, padre de Savitri. En la mitología griega se ve a Zeus hacer madre de Perseus a Danae, cayendo en su seno en forma de lluvia de oro. En el Mundo también no hay elemento como el oro para «seducir» mujeres y hasta hombres. En fin, de tal modo se había generalizado que hombres fuera de lo corriente naciesen de madres vírgenes o de madres dejadas encinta por obra divina, que tan asombrosos métodos y privilegiados nacimientos fueron aplicados a Platón, a Augusto y a Pitágoras. De éste lo garantizan dos formales embusteros, tales como Iamblichos (Jámblico), en Vita Pythg., II, 2, y Eliano, II, 26. Lo de Platón lo recoge Diógenes Laertios, Vita Plato, III, 1-9. Y Asklepios, por su parte, en Sobre las cosas divinas, cuenta que Atia, madre de Augusto, habiendo ido de noche al templo de Apolo, éste se unió con ella tras tomar, curioso capricho, forma de serpiente. Al cabo de diez meses nació el afortunado e insignificante emperador. Suetonio enriquece la leyenda asegurando (Augusto, X C I V ) que desde aquella noche el cuerpo de Atia mantuvo indeleble la huella que había dejado en él el divino ofidio enroscándosele amorosísimamente. Estos hechos irables habían sido imaginados por todas partes. En mi Mitología Universal pueden verse prodigios semejantes engarzados en leyendas no menos encantadoramente tontas. Asimismo cuando el descubrimiento de América, asombró mucho, al ver allí tanta virgen-madre, a los primeros misioneros, que una vez más
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atribuyeron lo que aprendían al pobrecito Diablo, que tan útil ha sido siempre para echar sobre él culpas que no tenía. Se comprende, pues, que una afirmación semejante a propósito de María no sorprendiese a nadie. Y tanto más cuanto que el propio Antiguo Testamento, donde las mentiras abundan de tal modo que es difícil encontrar alguna que no haya tenido en él precedente, habla una sobre esto. En Isaías (VII, 14-16), anunciando a Achaz, rey de Judea, con objeto de darle ánimos, pues su reino había sido invadido por Rehín, rey de Siria, y por Pakach, soberano de Samaría: «Una virgen concebirá y traerá al Mundo un hijo, al que llamará Emmanuel, y antes que este niño sepa huir del mal y escoger el bien, los dos reinos que causan tu inquietud quedarán privados de sus reyes»; hecho que fue recordado por Mateo en I, 22-23. Total: que habiendo decidido la Iglesia naciente que Jesús se pasease por la Tierra, en vez de sólo con apariencia de hombre, como decía Marción, con un verdadero cuerpo carnal, se echó mano de un procedimiento ya tan conocido, y aprovechando que en la familia divina había una Paloma, se le encargó fuese para María lo que el cisne para Leda. (427) «El Cristianismo primitivo no tuvo el sentimiento de estar unido mediante un lazo directo e inmediato a la vida terrestre de Jesús, sino a Cristo. A causa de ello, los primeros cristianos fueron bastante indiferentes en cuanto a los hechos de la vida de Jesús. Así, aunque no participaron del soberano apartamiento respecto a esta cuestión del apóstol Pablo, no se preocuparon de 'conocer al Cristo según la carne' (2. a los Corintios, V, 16). Les bastaba conocer al Cristo según el espíritu y, sobre todo, con esperar al Señor, que debía venir en su gloria. La fe de la Iglesia primitiva no reposaba en la vida de Jesús, en la cual la mesianidad no aparecía sino con tal discreción que se imaginaban la había ocultado de intento; reposaba sobre la resurrección, mediante la cual la mesianidad de Jesús había sido manifestada en espera de que fuese invenciblemente proclamada e impuesta por la parusía. A causa a
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de ello, las miradas de los fieles se volvían no hacia atrás en dirección a una figura del pasado, sino hacia adelante, hacia el Señor, del que esperaban la manifestación gloriosa. Ello explica por qué durante largo tiempo una generación, por lo menos, pudo contentarse con conservar recuerdos fragmentarios sobre Jesús. La necesidad de un relato coherente no apareció hasta el momento en que la espera de la vuelta del Señor, debilitándose, empezó a conceder más importancia que a la manifestación de mesianismo a la vida de Jesús. La aparición del Evangelio de Marcos fue determinada por esta transformación del Cristianismo. Entonces se sintió la necesidad de reunir las tradiciones relativas a la vida de Jesús en un cuadro homogéneo y darles, a la vez, la coherencia de un relato seguido y el carácter de una explicación sistemática de la mesianidad de Jesús y por ello, indirectamente, del Cristianismo. Pero habiendo desaparecido los testigos de la historia evangélica unos tras otros, dejaron de conocerse los hechos que contenían el fundamento de la fe por medio de la tradición. Y fue entonces cuando se sintió la necesidad de dar a esta tradición más autoridad organizándola y fijándola por escrito» (Mauricio Goguel, Jesús). En pocas palabras: Mientras estuvo viva la esperanza de que Jesús iba a volver, nadie se preocupó, según este comentarista, de lo que Jesús podía haber hecho o dicho durante sus pretendidas andanzas por Galilea (de las cuales Goguel no duda). Pero cuando se convencieron de que la ansiada ilusión no pasaba de esto, de una ilusión sin fundamento alguno, para que todo no se desplomase como un castillo de naipes, la naciente Iglesia se apresuró a fijar, por medio de los Evangelios, la incierta tradición oral, que cuanto hacía era cambiar constantemente y desfigurar lo que, sin duda, constituyó el impreciso núcleo primitivo. (428) Oigamos sobre esto a Guignebert: «No he querido separar el cuarto Evangelio de los otros tres; pero, entre él y la tradición palestiniana que Mateo, Marcos y Lucas se supone que representan fundamentalmente, se interponen las Epístolas de Pablo, escritas en plena generación
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apostólica, en o con los hombres que habiendo conocido a Jesús y a los suyos podían dar testimonio, al menos, de lo que se decía en torno a su maestro, a propósito de lo que afectaba a su nacimiento. Ahora bien, en las cartas del Apóstol no hay ni una sola alusión a la concepción virginal. Lo que se encuentra en ellas es una doctrina de la encarnación del espíritu... En la Epístola a los Gálatas, IV, 4, escribe: 'Cuando los tiempos fueron cumplidos Dios ha enviado a su Hijo nacido de una mujer.' Si nos tomamos el trabajo de leer esta frase sin torturarla, se la entenderá como un testimonio en favor del nacimiento normal de un niño judío. Demasiado claro es que si el Apóstol hubiese creído en la concepción virginal de este niño hubiera escrito: 'Dios ha enviado a su Hijo nacido de una virgen...' Igualmente, la historia evangélica, considerada en los sinópticos mismos, ignora la concepción virginal... Si Jesús puede decir hablando de María: '¿Quién es mi madre?' Si su madre y sus propios hermanos tratan de hacerle renunciar a su misión es porque tanto él como ella y ellos ignoran todo cuanto afecta a su concepción por obra del Espíritu Santo... Luego tanto el examen de los textos como el de los hechos lleva a la conclusión que la lógica de la evolución de la cristología primitiva nos imponía ya, a saber, que el tema de la concepción virginal representaba un añadido secundario en la fe en Jesucristo.» (429) No obstante, los esfuerzos de los teólogos ortodoxos para ver de probar lo contrario han sido tan tenaces como infructuosos. Como era más que sorprendente que Marcos, al que se decía compañero de Jesús, no supiese nada sobre el particular, insistieron mucho en que las palabras con que comienza el Evangelio («Principio del Evangelio de Jesús-Cristo, Hijo de Dios»), y luego lo que se lee en V I , 3-(«¿Es que no es el carpintero, el hijo de María?»), lo probaban, puesto que al nombrar a su madre y no a su padre demostraba que éste, José, no era considerado como tal. Pero lo malo es que lo de «Hijo de Dios» tiene todo el aspecto de ser una interpolación tardía. Pues aunque todos los textos que tenemos la conservan, estos textos, como
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sabemos, no son anteriores al siglo iv. Mientras que el Syrus sinaiticus, cuya autoridad es grande, y la tradición patrística antigua, representada por Ireneo y por Orígenes y seguida también por Basílides y Jerónimo, no mencionan este «Hijo de Dios». Pero como cuando se empezaron a escribir los Evangelios había pasado ya más de un siglo desde la supuesta existencia y predicación de Jesús y no habiendo quedado nada que garantizase sin lugar a dudas ambas cosas, pues el Cristo de Pablo, sobre todo en los textos traídos por Marción, nada tenía que ver con el Jesús que empezaron a presentar los Evangelios, los redactores de éstos, más atentos a su conveniencia que a la verdad, pudieron empezar a escribir, sin preocuparse mucho de ésta, cuanto les vino en gana. (430) En efecto, en IV.22, se lee, a propósito del asombro de los convecinos de Jesús al oírle decir en la sinagoga lo que dice relativo a lo que asegura ser y a la misión que le ha sido encomendada: «¿Pero no es éste acaso el carpintero hijo de José?» En el texto correspondiente de Mateo se lee ya: «¿No es acaso el carpintero hijo de María y hermano de Santiago, de José, de Judas y de Simón?», es decir, sin nombrar ya a José. Ahora bien, en la antigua versión latina (g'a.b.e.i.), los manuscritos del grupo Ferrer (13, 69, etc.) dan también, con leves variantes, la forma «el hijo del carpintero». Es decir, que parece evidente que se fue haciendo desaparecer intencionadamente de los textos la idea primitiva, sustituyendo el nacimiento natural por el que se decidió adoptar más tarde (véase sobre esta cuestión en Goguel, El Evangelio de San Marcos, pág. 120, nota 1.ª). Y la prueba es que el más antiguo de los manuscritos que han llegado a nuestras manos, el papiro llamado de Chester-Beatty, que es del siglo II, dice también «el hijo del carpintero». (431) En el cuarto Evangelio, bien que lleno también de inverosimilitudes en lo que afecta a las relaciones de Juan el Bautista con Jesús, estas relaciones parecen más naturales. En primer lugar, el redactor de este Evangelio excluye entre ellos todo parentesco e incluso, a primera
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vista, toda relación anterior. Pero la diferencia entre él y los sinópticos no para aquí, sino que al punto, mientras éstos afirman que Jesús se fue al desierto, donde pasó cuarenta días (ya sabemos que el 40 y el 7 son los números bíblicos por excelencia), Juan asegura, por su parte (I, 43), que adonde se m a r c h ó fue a Galilea. Asimismo, este viaje tuvo lugar en el cuarto Evangelio antes de la Pascua, mientras el Bautista seguía predicando y bautizando en Ennón, cerca de Salim, porque había mucha agua, pues Juan practicaba el bautismo haciendo que los que acudían a él se zambullesen completamente en el río, sin duda para que, al menos, los cuerpos quedasen limpios. Es decir, que Herodes todavía no había hecho detener al anacoreta (Juan, II,. 13). Esto, el redactor de este Evangelio lo afirma categóricamente: «Pues por entonces Juan no había sido encarcelado.» Mientras que Mateo y Marcos afirman lo contrario. ¿A quién creer? ¡Bah! Tratándose de relatos novelescos, lo mismo da. (432) Ante tan evidentes e innegables contradicciones, en vez de retorcer las cosas por ver de explicarlas, ¿no sería lo más lógico declarar que se trataba de puras leyendas formadas de cualquier modo con objeto de poder dar forma a otras aún más imprecisas? Porque si de todo ello se quita la fe, ¿qué queda a no ser una fábula que va tomando cuerpo a fuerza de milagros a medida que el tiempo transcurre; fábula destinada a procurar temas de predicación a una religión en realidad carente de fundamentos ciertos e históricos? ¿Qué es todo ello—como dice Gauguel—, sino una serie de explicaciones cristológicas destinadas a justificar no a Jesús, al que no había medio de justificar, sino al Cristo, que le había sustituido? (433) Recordemos las palabras de Steudel: «Quedaría agradecido a todo teólogo que me trajese una sentencia de Jesús de la que no pudiera demostrar que existía ya en la época contemporánea.» Si se prefieren las palabras de otro erudito eminente que no dudaba no sólo de la existencia de Jesús, sino ni tan siquiera de su divinidad, vayan éstas de Goguel tomadas de su obra Jesús, pág. 55: «Hay en los
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Evangelios preceptos de los que j a m á s se podría decir con certeza si fueron formulados por Jesús o si son tan sólo aplicaciones de sus enseñanzas hechas por sus discípulos.» Es decir, la misma total incertidumbre en cuanto a sus palabras que en cuanto a su vida. (434) Téngase en cuenta, como decía en la nota anterior, que esto lo dice un hombre, Goguel, que cree no solamente que Jesús existió, sino en su divinidad, pero a quien la fe no taponaba, como suele ocurrir, todos los conductos de la inteligencia, por lo que era capaz de pensar y opinar de un modo tan racional como permite una creencia inteligente y erudita. (435) Para detalles, véase W. Bauer, Das leben Jesu, Tübingen, 1909. (436) La mención viene de un hombre tan digno de no ser creído como Eusebio. (437) La Iglesia, aceptando el plazo de tres años de predicación, fija la vida de Jesús en treinta y tres. (438) Propósito descabellado contando tan sólo, como él parecía contar, con la ayuda del Cielo. Es decir, de haber sido verdad propio de un desequilibrado de tipo religioso. Otros judíos no menos ilusos y exaltados lo habían intentado y aún lo intentarían después con las armas en la mano. (439) En primer lugar, de un pecado ilusorio, el nacido en la fabulita del Génesis. Luego de todos los pecados de aquellos que se uniesen a él. Ensueño aún más pintoresco, si cabe, atribuido a Pablo y aceptado por la Iglesia al decidir la transformación del hombre en Dios. Todo parece indicar que a un propósito mesiánico fue añadido otro. A l , de acuerdo con las esperanzas cada vez m á s vivas, de los judíos desde su vuelta de Babilonia, en la llegada de un Mesías que restablecería la potencia política, militar y religiosa de Israel, con el nuevo, patrocinado por Pablo y aceptado, como digo, por la Iglesia, de que había que entender el mesianismo de Jesús, no en relación tan sólo con Israel, sino con la Humanidad entera. Los propósitos, excelentes. Los resultados, toda la historia de la Iglesia,
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(440) El m á s elemental buen sentido evidencia el absurdo que representa, primero, el hecho de que la madre y los hermanos de Jesús se sorprendiesen y creyeran que había perdido el juicio al oírle predicar en la sinagoga, como se lee en los sinópticos. La madre sobre todo, que sabe lo que del Espíritu Santo hay en él, y que a los doce años le encontró en el templo maravillando a los doctores, a los treinta se le quiere llevar a casa creyendo que no está en sus cabales al oírle hablar en la sinagoga: idiota de punta a cabo. Luego su dolor extremadísimo al pie de la cruz. ¿Dolor sabiendo que era Dios—claro que sólo el decir o pensar cosa semejante ya subleve el ánimo—, y que, por consiguiente, si lo soportaba, así como los ultrajes, era porque quería? Pensar otra cosa, ¿no es, después de itir lo imposible, hacer más imposible aún lo ya imposible? (441) De un excelente libro de Guy Fau titulado La Fable de Jésus-Christ, París, 1964, copio lo siguiente, que no tiene desperdicio: «Voy a demostrar que el relato de la Pasión está compuesto, no de hechos reales, sino de una yuxtaposición de profecías, sacadas del Antiguo Testamento, relativas al Mesías. Todo se presenta exactamente como si se hubiese copiado simplemente una colección de profecías, colección cuya existencia antes de la redacción de los Evangelios estaba perfectamente asegurada. ¿Es verosímil que fuera de esta colección, nada, ni hecho ni detalle, haya sobrevivido? Esto no preocupa en modo alguno a nuestros autores, que a lo que se aplicaron fue a demostrar que todo cuanto había sido predicho sucedió. Y así, exclusivamente a fuerza de citas, fue compuesto el relato de la Pasión. He aquí los principales ejemplos: — Jesús empieza por expulsar a los mercaderes del templo, porque en la visión de Zacarías, el día triunfal del Mesías (montado sobre un asno), Dios rompe su alianza con los «mercaderes de ovejas» (XI, 10-11). — Jesús se retira al monte de los Olivos, porque está escrito también en Zacarías: «Y sus pies se detuvieron aquel día en el monte de los Olivos» ( X I V , 4). Y por la mis-
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ma razón es por lo que nos cuenta Josefo que en tiempos de Nerón un pretendido Mesías llamado el Egipcio, y calificado de charlatán, reunió una multitud de 30.000 personas en el monte de los Olivos. — Jesús es detenido por hombres armados y sus discípulos le abandonan, porque Zacarías lo había anunciado: «Espada, levántate contra el pastor... Hiere al pastor y que las ovejas sean dispersadas» (XIII, 7). — El propio Poncio Pilato cita la Biblia haciendo una alusión muy clara a la frase: «Inocente soy ante el Señor de la sangre de Abner»; y el pueblo, que conoce sus clásicos, acaba al punto la cita: «Que caiga sobre la cabeza de Jacob y sobre toda la casa de su padre.» — Jesús es condenado por Pilato como Isaías lo había previsto: «El castigo que nos vale la paz ha caído sobre él... Ha sido cogido por la detención y el juicio... Ha sido golpeado a causa del gran crimen de su pueblo» (LIII, 5-9). — Ha sido golpeado con varas pues ha sido escrito: «Golpean con las varas la mejilla del juez de Israel» (Micheo, IV, 14). Le escupen, pues Isaías había escrito: «Yo no he retirado mi cara a los ultrajes y a ser escupida» (L, 6). — Soporta todo sin lamentarse, como Isaías lo ha previsto: «He presentado mi espalda a los que me golpeaban» (L, 6), y aún: «Maltratado, no abre la boca, como cordero arrastrado para ser inmolado» (LIII, 7). — Muere entre dos ladrones (¡singular ejecución durante la Pascua!), con objeto, dice el propio pseudo Marcos ( X V , 28), «de que quedasen cumplidas estas palabras de la Escritura: "He sido puesto en la fila de los malos"» (cita muy próxima a la de Isaías (LIII, 9), cuyo sentido es, por lo demás, incierto. El pseudo Lucas arregla todo a su modo de otra manera, esta historia de los dos ladrones que ha encontrado en Marcos, ¡y suprime la referencia! — Los que pasan conocen también el Salmo X X I I (8-9), y como está escrito, le ultrajan o se burlan de él moviendo la cabeza (Mateo, X X V I I , 3940; Marcos, X V , 29-30; Lucas, X X I I I , 35).
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— La agonía es descrita con anticipación en el Salmo X X I I : «Han atravesado mis manos y mis pies, cuentan todos mis huesos» (17-18). Jesús tiene sed porque el mismo Salmo precisa: «Mi paladar está seco como un tiesto y mi lengua pegada a mi garganta» (16). Le dan vinagre y hiél (extraño brebaje) porque el Salmo L X I X había previsto esta mezcla: «Me han dado hiél como alimento y han apagado mi sed con vinagre» (22). — Al morir cita Jesús el Salmo X X I I : «¡Dios mío, Dios mío!, ¿por qué me has abandonado?» Esto si creemos al pseudo Marcos ( X V , 34). Pero el pseudo Lucas ( X X I I I , 46) le hace citar el Salmo X X X I , 6: «Padre, en tus manos encomiendo mi espíritu.» Lo que dijo poco importa con tal que estuviese escrito de antemano. Tan sólo el pseudo Juan, consciente de lo absurdo de tales citas en momento tan trágico, le hace decir: «Todo ha terminado» ( X I X , 30); frase evidentemente ignorada de los tres primeros autores. — En fin, no falta un solo detalle profético, como lo confiesa ingenuamente el pseudo Mateo ( X X V I I , 35); los soldados se reparten sus vestidos echándolos a suertes, pues no pueden desmentir al Salmo X X I I : «Se distribuyen mis vestidos y echan a suerte lo que me cubría» (19). Sobre todo, no creáis que se trata de analogías fortuitas: el pseudo Marcos y el pseudo Mateo tienen buen cuidado de precisar que todo ello ha sucedido precisamente para que se cumplan las profecías, y citan sus referencias bíblicas. ¿Qué crédito se puede conceder a relatos compuestos de este modo exclusivamente de textos preexistentes?» . Esta manera de opinar de Fau es común a todos los exegetas desapasionados. Guignebert dice también hablando de la Pasión: «Que la llamada a los recuerdos del Antiguo Testamento es demasiado frecuente y ocupa demasiado lugar en los episodios más importantes» (Jesús, pág. 503). (442) Como en el episodio de Getsemaní del que ya he hablado, que hizo suponer a Robertson que había tenido que ser tomado de un drama místico hecho a propósito de la Pasión.
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(443) Por no hacer las citas excesivamente largas he pasado por alto otras diferencias relativas asimismo a la «veracidad» de los relatos evangélicos y al procedimiento mediante el cual fueron compuestos: el pseudo Marcos inspirándose en Marción; el pseudo Mateo, por su parte, sin perder de vista a Marcos, hace un trabajo destinado a servirse de citas bíblicas con objeto de acercarse a lo judío, de lo que tanto discrepaba Marción. El pseudo Lucas, adem á s de copiar a éste, tomando muchas cosas de Marco y de Mateo, completando todo con nuevas fantasías de su cosecha. A causa de ello la diversidad de relatos en momentos como estos últimos, en que de haber habido una base cierta y verdadera, la unanimidad hubiera debido ser total porque, ¿era posible que los capaces de retener parábolas enteras y enseñanzas como las que empiezan en las bienaventuranzas, que duran tres largos capítulos, fuesen luego incapaces de recordar tres o cuatro frases y media docena de detalles que, lógicamente, de haberse producido, hubieran debido permanecer imborrables en su memoria? Pero no. Salvo el hecho de la detención, todo lo demás ocurre al capricho del que cuenta. Y sin otro propósito, cierto que muy digno de alabanza, de mejorar cada uno lo dicho por el que le ha precedido. Lo único que hay que lamentar son ciertos olvidos. Por ejemplo: decir cómo se supo lo de las angustias de Jesús, puesto que nadie pudo ser testigo de ellas y él no tuvo tiempo de referirlas. Y digo que nadie pudo ser testigo de ellas, porque los once discípulos dormían como troncos. Claro que pudo referirlas el misterioso joven que les seguía desnudo, envuelto tan sólo en una sábana. O el propio ángel descendido del Cielo para animarle. Pero que todo ello no extrañe demasiado; ¿acaso nuevas fantasías no siguieron probando cómo se hacían los libros «revelados»? Porque el pseudo Mateo dice a propósito de un famoso campo que fue comprado por los sacerdotes, ¿verdad? Pues llegan los Hechos y mejoran su información (I, 18), asegurando que el que lo compró fue el propio Judas. Y que si fue llamado «Haceldama», esto ocurrió a causa de que habiéndose caído en él su dueño, murió a
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causa del golpe, luego de derramar por el suelo sus entrañas y su sangre. Exactamente: «Pues adquirió un campo con el precio de su iniquidad; pero, precipitándose, reventó y todas sus entrañas se derramaron.» Luego dos cosas tan sorprendentes como magníficas: el tropezón y el volumen y tirantez de la panza de Judas. Y aun una tercera: que el traspiés había sido previsto y anunciado: «Escrito en el libro de los Salmos», como aseguran también los Hechos en I, 20. Además, en vez de morir antes que Jesús, como dice el pseudo Mateo, decidido sin duda a ser implacable con el traidor, este último y verídico libro asegura que le sobrevivió varios días. Así las cosas, interviene Papias en la cuestión, y encontrando que lo del reventón a causa de la caída, cual si hubiese tenido la panza de cristal, era demasiado, dijo por su parte que Judas había tratado de ahorcarse, pero que habiendo llegado gente se lo impidieron. Y que entonces siguió viviendo durante varios años. Y que incluso, olvidando lo pasado, engordó tanto que apenas podía moverse. Y fue cuando un día yendo por la calle un carro le atropello y le reventó. Pero como no convenía que pareciese que Mateo y Pedro mentían diciendo lo que habían dicho, pues evidentemente al afirmar cosas distintas uno de los dos tenía que hacerlo, varios comentaristas tuvieron la felicísima idea de imaginar que había sido el Diablo, tan útil siempre para sacar de apuros, el que había dado muerte a Judas, cogiéndole, elevándole por los aires, estrangulándole y luego dejándole caer. Comportamiento casi tan malo como el del propio Judas, pues finalmente éste era su amigo, puesto que tanto había contribuido a que acabasen con Jesús. Y así, como suele decirse, «se escribe la historia», a fuerza de fantasías y mentiras. Esta vez la historia eclesiástica. (444) «Non nutriunt in ea pavones aut gallos, multo minus porcos... bon nutriunt gallos propter sacra... Israelitis prohibitur est gallos alere Hierosolimis propter sacra» (Lichtfoot, Centur. chorogr., cap, X X I ) . A no ser, claro, que se tratase de un milagro más de Jesús, puesto que si había hecho aparecer una enorme piara de puercos («multo minus
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porcos») para meter en ellos a los diablos que sacó del cuerpo del endemoniado de Gerasa, con mucha más facilidad sacaría un gallo de donde fuese sólo por poner en un aprieto al excelente Pedro, gallina él tres veces, y arrancarle luego unas lágrimas. (445) Flavio Josefo dice en la Guerra de los judíos (II, 14, 8) que cuando los procuradores romanos iban a Jerusalén se alojaban en el palacio de Herodes, edificio construido en cierta parte elevada. Lo que mueve a considerar que era una verdadera fortaleza situada al norte de la colina occidental. Se ha dicho también que durante la fiesta de la Pascua el procurador se trasladaba a la fortaleza Antonia, situada al norte del templo desde donde era fácil vigilar lo que ocurría en la explanada que se extendía delante del segundo recinto. (446) Para los críticos que han creído en la existencia de Jesús, la cuestión relativa a su proceso, a su condena y a su ejecución era de tal modo capital, que sobre ella se extendieron largamente, manejando su erudición con gran habilidad, tratando de dar aspecto de verdad a algo en lo que todo son afirmaciones caprichosas sin base cierta y comprobada. Como guía para el lector a quienes estas cuestiones interesan, voy a citar un par de obras de lo mejor que se ha escrito a propósito de esto entre la enorme bibliografía que hay sobre ello. Véase: Edmundo Satpfer, La mort et la résurrection de Jesus-Christ, y la de Alberto Reville, Jesús de Nazareth, Etudes critiques sur les antecederás de l'histoire evangelique de la vie de Jésus, aparecidas las dos en París el año 1897. La lectura de estas obras, verdaderos monumentos de erudición, imparcialidad y buen sentido, lleva a la conclusión de que en lo que a la figura de Jesús atañe, imposible es adscribirla a proceso histórico alguno ni prestarle otra realidad que la que quiera concederla la fe. (447) Otros muchos detalles procedentes de los Evangelios tratan de marcar bien este propósito. Tales, por ejemplo, la entrada de Jesús en Jerusalén montado en un pollino y, luego, el lavar los pies a sus discípulos cuando la
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última cena. Pablo había inaugurado esta faceta de la hu^ mildad de Jesús en II, 5-8, de su Epístola a los filipenses. Lo malo es que al lado de tanta humildad, en los propios Evangelios se presente otras veces al Galileo bajo el prisma del orgullo y de la egolatría. (448) En la Ascensión de Isaías, apocalipsis cristiana del siglo II, un ángel expone a éste la crucifixión de Jesús del modo siguiente: «Al final de los días descenderá al Mundo el Señor, que será llamado Cristo luego que haya bajado y se haya vuelto semejante en cuanto a forma, a la humana, de tal modo que se creerá que es de carne y hombre. Y el dios de este mundo (Satán) extenderá su mano contra el Hijo (de Dios) y le crucificará en un árbol (madero), y le m a t a r á n no sabiendo quién es» (The Ascensión of Isaiah, I X , 12-13. Edición E. H. Charles, Londres, 1913). (449) «La mayor aportación de San Pablo al cristianismo es la cruz de Jesús. Los cristianos estaban de acuerdo respecto a leer en la profecía de Isaías que el Cristo Jesús " h a b í a muerto por nuestros pecados". La concepción común, que se podría decir ortodoxa, era sugerida por la palabra cordero del texto de Isaías. En el fondo, Pablo guarda esta concepción. A la llegada de la Pascua recuerda a los corintios: "Nuestro cordero pascual, Cristo, ha sido inmolado" (1ª a los corintios, V, 7). El Salmo X X I I , que describe el suplicio atroz de un justo, podía ser como la pareja y el complemento de las estancias de Isaías a propósito de la muerte expiatoria del Servidor. E inmediatamente (en el Salmo X X I V ) entraba en plena gloria un Rey desconocido. Y en él los Príncipes misteriosos se preguntaban: "¿Quién es el Rey de la Gloria?" En el misterio de Jesús tal cual Pablo le propone, la crucifixión demoniaca es una precisión que venía a sumarse a las humillaciones, a los sufrimientos y a la muerte del Señor, revelado todo por Isaías. Pablo no puede separar crucifixión y sacrificio. Supone que la sangre del Cristo ha sido abundantemente vertida y mantiene su valor sacrificial. Jesús, llegando a ser objeto de maldición, nos había rescatado de la que caía sobre nosotros relacionada con el cumplimiento de la Ley. Nos había librado de
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una carga maldita. Había destruido con su muerte una deuda implacable. Había clavado en la cruz la letra a la orden, el efecto imposible de pagar librado contra nosotros, tal había sido su obra» (P.-L. Couchoud, Jésus, pág. 83 y siguientes). (450) Por ejemplo, «tes sarkos» (de su carne), después de «somati» (el cuerpo), en la Epístola a los colosenses (I, 22). En la A los romanos (I, 3), donde se lee: «Nacido de la descendencia de David según la carne.» En la A los gálatas (IV, 4): «Nacido de mujer.» Y, en fin, en todo cuanto hay en estas epístolas de común con el Jesús evangélico, como por ejemplo que tenía hermanos (1. a los corintios, I X , 5); que a su muerte se manifestó a Pedro, a los Apóstoles, luego a quinientos más y al propio Pablo (1. a los corintios, X I , 23-26); que Santiago, que gozaba en la comunidad de Jerusalén de consideración particular, era su hermano (1. a los corintios, X V , 7, y II, 9, en la A los gálatas); que vivía como buen judío, bajo la ley (Gálatas, I, 4); que permaneció sin pecado (Romanos, V I I I , 3); que escogió doce apóstoles (Gálatas, I, 7); que resucitó al tercer día (1. a los corintios, X V , 4); que esperando su vuelta estaba sentado a la diestra de Dios (Romanos, V I I I , 34), y alguna otra afirmación del mismo tipo que ahora no recuerde. La demostración erudita, filológica, irrebatible, de que todo esto fue añadido a las Epístolas que constituían el Apostolicen traído por Marción a Roma en el año 140 se encontrará en La premiere édition de Saint Paul de Couchoud (París, 1930). Por mi parte me limitaré a hacer considerar algo que no tiene vuelta de hoja: que lo anterior y todo cuanto hay en las Epístolas actuales opuesto al Jesús inmaterial de Marción son interpolaciones posteriores, puesto que habiendo sido él quien trajo el primero las epístolas atribuidas a Pablo (que hay muchas probabilidades incluso de que fuesen suyas también), ¿iba a ser tan estúpido, trayéndolas como las traía para que garantizasen lo que afirmaba en su Evangelion, como para haber dejado detalles que le contradecían? Luego si no estaban, y que no estaban tales detalles se puede comprobar en lo que de ellas queda en Tertuliano a
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(Adversas Marcionem), en los Diálogos de Adamantinas y en el Panarión, ¿habrá que insistir en que quien añadió todo lo indicado, así como las cuatro epístolas que hoy figuran también como de Pablo, pues son catorce las que carga a su cuenta la Iglesia en lugar de las diez de Marción, fue esta Iglesia con objeto de hacer que las Epístolas se acomodasen a lo que la convenía hacer creer? (451) H.-L. Strack y Pablo Billerbeck, que espigaron Talmud y Midrasch sin hallar ni una sola alusión a esta costumbre, son la mejor prueba de que no pasa, como todo el episodio, de una de tantas fantasías como llenan los Evangelios, destinadas a bordar todo en torno a la figura de Jesús. Seguro de ello pudo escribir Guignebert: «¿Un malhechor incluso muy peligroso debe ser puesto en libertad si el pueblo lo reclama y ningún escritor judío nos habla de este extraordinario privilegio?» Los Evangelios dicen de Barrabás, Marcos, que había sido «encarcelado con unos sediciosos que en una sedición habían cometido un homicidio». Mateo le cita como «un preso famoso». Lucas dice que «había sido encarcelado por un motín y por homicidio». Juan, que «Barrabás era un bandolero». A propósito de este torpe añadido, Loisy escribió por su parte: «Que el pueblo, al ver a Jesús cautivo, haya pasado súbitamente de la iración al odio, y que no contento con preferirle a Barrabás haya pedido rabiosamente que Pilato le crucifique; que Pilato se haya prestado al punto a este furioso capricho, son otros tantos rasgos m á s propios de la ficción legendaria que de la historia, y que más se parecen a un efecto teatral en un melodrama o en una pieza infantil que a la verdad.» Una vez más, por una parte, la fe ciega, torpe e interesadamente guiada, oponiéndose al más elemental buen sentido. Por otra el propósito de despertarla en provecho de intereses codiciosos. (452) Hoy sólo en nueve manuscritos (seis griegos, dos versiones sirias y una aramea, más en algunos escolios) se lee Jesús delante de Barrabás. Pero en la antigüedad eran muy pocos, por el contrario, los ejemplares en que el nombre de Jesús faltaba antes de Barrabás. Y la prueba es que
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Orígenes aplaudía que así se hiciese, pues como decía en su Comentario sobre Mateo (121): «El nombre de Jesús no conviene a un impío.» A causa de ello se fue suprimiendo poco a poco este nombre, dejando sólo Barrabás. Razón por la cual hoy sólo se lee esta palabra muy raramente en los Evangelios, mientras que en sus primeras versiones era muy corriente. (453) Debió de haber una primera versión antirromana, es decir, formada en los medios judíos de la diáspora (en Alejandría), del tono del Apocalipsis, con un Jesús tipo Mesías de nuevo cuño Pablo-marcionita. Y una segunda, nacida ésta en medios puramente romanos, donde el Mesías judío les tenía sin cuidado, más amplia y con un Jesús Hijo ya de Dios. Acabarían por aproximarse, pero la necesidad de dar carácter canónico a los Evangelios para ello escogidos con demasiada urgencia, impidió que se sincronizasen debidamente, y a causa de ello la extraña diversidad que se advierte, y que tanto una como otra tendencia aparezcan en ellos a cada paso, marcando las diferencias y contradicciones que se observan. (454) «La crucifixión es, indudablemente, de los m á s abominables suplicios que el genio tan fecundo de la tortura haya imaginado. Tal vez ocupe el primer lugar. «Crudelissimum teterrimumque suplicium», el más cruel y el m á s horroroso de los suplicios, dice Cicerón (in Verrem, V, 64). Reúne, en efecto, cuanto el arte de los tormentos se propone producir: sufrimientos físicos atroces, duración del tormento, ignominia, efecto sobre la multitud testigo de la larga agonía del crucificado. Nada tan espantoso como la vista del cuerpo vivo aún del crucificado, respirando, viviendo, dándose cuenta, sensible todavía, y no obstante reducido al estado de cadáver a causa de una inmovilidad forzada y una impotencia absoluta. Ni siquiera puede decirse que el crucificado se retuerza de dolor, pues imposible le es retorcerse. Despojado de todos sus vestidos, incapaz incluso de espantarse las moscas que se encarnizan contra su lacerada piel a causa de la fustigación previa, imposibilitado incluso de contener las excreciones más repugnantes, víctima de
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las injurias, del griterío de esos hombres que en todo tiempo han buscado en la contemplación de los suplicios no sé qué goce reflejo, la cruz exhibía a la miserable criatura humana reducida al último grado de la impotencia, del sufrimiento y del envilecimiento. La tortura, la argolla de suplicio, la degradación, la muerte cierta pero dilatada, gota a gota, la crucifixión reunía cuanto se puede desear. E r a un suplicio ideal» (Alberto Reville, Jesús de Nazareth, II, página 45 y sigs.). Aun en lo malo hay siempre algo bueno. En los castigos justos, su ejemplaridad. En los injustos, el evidenciar la infamia de acusadores, jueces y verdugos y mover a no imitarles. La creencia de que Jesús había muerto en una cruz y que por consiguiente nadie era digno de morir como él hizo que los inquisidores y otros verdugos no menos celosos inventasen otros procedimientos de tortura y de muerte que, por muy crueles que fuesen, sin duda no tan atroces como la crucifixión. Y el haber desconocido los artistas qué clase de muerte era en realidad, toda esa innumerable serie de Cristos crucificados, como el de Velazquez, cuya hermosura, los que la tienen, tan lejos está de toda realidad. (455) Véase E. Klostermann, Das Matthaussevangelium, Tubingen. 1927; M.-J. Lagrange, L'Evangiíe selon saint Matthieu, París, 1927; A. Loisy, Les Evangiles synopliques, París, 1907-1908. (456) Ahora bien, si nos tomásemos el trabajo de hacer por nuestra cuenta el cómputo del tiempo en que se supone ocurrido todo lo relacionado con la Pasión, puede que el plazo fuese superior al que marcan los Evangelios. Claro que como una vez m á s entre los sinópticos y Juan hay tremendas diferencias, sería fácil cometer errores. Además, lo primero que nos haría falta saber sería a qué hora se sentaron a cenar por última vez Jesús y los Apóstoles, y cuanto sabemos por Marcos, Mateo y Lucas es que acabada la cena «y dichos los himnos», salieron hacia el huerto de los Olivos, y de camino hablaron muy poco. Por mejor decir, nada. Mientras que en Juan la cena dura mucho más, pues tras el lavatorio de pies hay una larguísima sobremesa que ocu-
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pa cuatro capítulos en este Evangelio ( X I V , X V , X V I y X V I I ) , durante los cuales Jesús habla sin descanso, para decir cosas tan interesantes que son olvidadas antes que leídas. En todo caso, en los cuatro Evangelios hay que llegar al huerto de los Olivos tras la cena, dar tiempo para que en él ocurra lo que relata a propósito del sueño de los Apóstoles mientras Jesús se angustia como lo hace; luego su prendimiento y huida de los Apóstoles; la conducción a casa de Caifas, que llevaría su tiempo. Una vez allí, la primera entrevista con éste, durante la cual Caifas, oyéndole desgarra todo indignado sus vestiduras. Después su decisión de llamar a los ancianos que con él componían el sanedrín para juzgarle entre todos; lo que también, entre avisarlos, pues no serían pocos y estarían ya todos durmiendo, y ellos venir, pasaría un buen período de tiempo. Al fin, llegados, el nuevo interrogatorio, y convencidos de que era un impostor y un blasfemo, el conducir al prisionero ante Pilato, a cuya casa llegaron, como dice Juan (XVIII), «muy de mañana». Una vez allí sería el entregarle a la guardia, y luego el convencer al centurión que la mandaba para que fuese a despertar a Pilato. Lo que no sería fácil por ser día de fiesta y no tener que celebrar juicios ni presidir actos públicos. Al fin el centurión entraría, despertaría a su jefe, y éste, cuando al fin le acomodase, saldría, hablaría con los sacerdotes y al fin interrogaría a Jesús, todo lo cual llevaría tiempo asimismo. Tras lo cual vino la conducción de Jesús al palacio de Herodes Agripa, y allí nuevo interrogatorio; el endosar a Jesús una túnica blanca; el volver al pretorio abriéndose camino por entre la ya apiñada y curiosa muchedumbre; total, que si estaban de vuelta ya vencido el mediodía me parece que habían aprovechado bien el tiempo. Y de nuevo los interrogatorios, pues Pilato no se convencía de la culpabilidad de Jesús. Pero decidido al fin a quitarse aquello de encima, tras lavarse las manos el entregarle a los guardias y éstos el azotarle y demás, como se solía hacer antes de las crucifixiones. Ahora bien, ¿no dicen los Evangelios que fue crucificado a las nueve de la mañana? Marcos asegura ( X V , 25): «Era
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la hora de tercia cuando le crucificaron.» Y tanto él como Mateo y Lucas afirman que su agonía duró de la hora sexta a la nona, es decir, de las doce a las tres. Lo que exige que Pilato pronunciase la sentencia antes de las nueve de la mañana y que todo lo descrito ocurría mucho más de prisa que la celeridad con que se movían los personajes de las películas cuando el cine comenzaba. Claro que de no hacer morir a Jesús a las tres, ¿cómo hubiera podido ocurrir aquel fenomenal eclipse de Sol que duró varias horas llenando de tinieblas la Tierra sin que nadie fuera de allí se diese cuenta? ¡Inspirados evangelistas! ¿No hubiera sido mejor un poquito menos de inspiración y un poquito más de formalidad? ¡Iglesia Santa y Madre! ¡Hasta cuándo seguir hablando de revelaciones y de favores del Espíritu Santo? En cuanto a ti, ¡santa y bendita «fe», para quien todo, por imposible que sea, es posible! En tu rosado y espeso cielo blindado a todo embate de la razón, ¿no te vendría bien siquiera un agujerito por donde pudiera entrar al menos un pequeño rayo de luz y de buen sentido? (457) «El relato evangélico del arresto, proceso y condena de Jesús está lleno de imposibilidades y de inverosimilitudes e incoherencias. Considerado desde el punto de vista jurídico, es ininteligible. No se sale del apuro proclamando que todas las formas de derecho y de. justicia fueron violadas. Que Jesús no fue juzgado, sino asesinado. Que Pilato le envió a morir embargado por una aberración monstruosa y sobrecogido por un instante de miedo. Todo esto no justifica nada. Sería preciso primero explicar por qué ocurrió tal cosa. Y esto ni se ha hecho ni se puede hacer. El error de todas las hipótesis partidarias de la veracidad de nuestros textos consiste en suponer, con perjuicio para lo relatado de antemano, esta veracidad y creer en ella. En tratar como cuestión histórica lo que no es sino una ilustración agiográfica al servicio de una tesis apologética. Y nada más evidente que semejante alteración de la verdad no ha podido ser cometida sino en un tiempo en que Caifas, Pilato y
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los Apóstoles habían desaparecido» (Guignebert, Jesús, página 576). Naturalmente, lo mismo que Guignebert, todos los críticos independientes se han encogido de hombros ante todo lo dogmático y ante la tonta solemnidad de afirmaciones tales que: «Lo que tenía que suceder sucedió.» «Lo que tenía que ser dicho fue dicho.» 0 «tal cosa ocurrió para que se cumpliese esta o aquella profecía». Porque decir palabras vanas, como traer a colación profecías y testimonios de l i bros apocalípticos o del Antiguo Testamento puede tener valor en muchos sentidos menos en dos: en sentido probatorio y en sentido histórico. Sin contar que tras haber echado mano de todos los recursos que ofrecían los libros anteriores, y aun a Pablo, incluso modificando las Epístolas que se le atribuyen como se creyó conveniente, muchas cosas de los Evangelios, especialmente en lo que afecta a la Pasión, hubo que ir en busca de detalles a otra parte, detalles que indudablemente fueron, como dice Loisy: «Facilitados o sugeridos de uno u otro modo por las mitologías cercanas.» (458) Los romanos practicaban el tormento de azotes de dos maneras: la fustigación (virga) y la flagelación (flegellum). La primera, menos dura, era aplicada a los hombres libres. La segunda, a los esclavos. Cuando se quería que el castigo fuese particularmente cruel, las flagra, en vez de correas, eran cadenillas de hierro terminadas en bolitas del mismo metal; o trenzas de cuerda o tiras de cuero terminadas en tabas. La palabra empleada en el cuarto Evangelio, emastigose, parece indicar que Jesús fue flagelado de un modo despiadado. Pero, sobre que esto no era lógico estando Pilato casi seguro de su inocencia, no hay que olvidar que los evangelistas trataron de pintar la Pasión con los colores más sombríos con objeto de impresionar y de que, subsiguientemente, la «fe» despertase más fácilmente llevándola por el camino más cómodo de recorrer, sobre todo para las mujeres: el sentimiento. Recuérdese el soneto a «Jesús crucificado», obra muy probablemente de santa Teresa, en el que ésta asegura que le quiere,
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no por el Cielo que espera (que le tiene prometido, como dice exactamente), ni por escapar al temido Infierno, sino por lo que el amado (Jesús) sufrió en la cruz. (459) Aquí surgieron también dos opiniones diferentes. Como asimismo se ha discutido mucho sobre si Jesús, al ser ayudado por Simón, llevaba la parte más pesada de la cruz, es decir, a la que iba clavada la viga transversal, y Simón el otro extremo, o al revés. Así como cuál de ellos iba delante y cuál detrás. Cosas una y otra importantísimas y que prueban cómo empleaban sus santos ocios los Padres y Doctores de la Iglesia, que cuanto por lo visto tenían que hacer, además de la digestión, eran tareas doctrinales de tanta importancia como éstas. (460) ¿Harán falta más ejemplos de esta fantasía creadora? ¿No bastarán los Evangelios, los Hechos de los Apóstoles y los extravíos místico-epistolares atribuidos a Pablo? Por curiosidad y mayor abundamiento voy a citar otro caso. Este a cargo de tres grandes doctores de la Iglesia: Justino, Tertuliano y Bernabé. En el Levítico ( X V I , 7 y sigs.) se cuenta el rito judío de los dos machos cabríos, rito que se practicaba cada año el día llamado de la Expiación. Consistía en escoger dos machos cabríos exactamente iguales, tras lo cual se echaba a suertes con objeto de ver cuál de ellos correspondía a Yahvé y cuál a Azael, personaje éste que en el Libro de Enoch era uno de los jefes de los demonios. Es decir, caudillo infernal no menos real para aquellos beduinos que Yahvé. El que había correspondino a éste era sacrificado en su honor. Luego el gran sacerdote, farsante sublime, ponía sus manos sobre la cabeza del otro al tiempo que hacía recaer sobre él todas las culpas e iniquidades de los hijos de Israel, «y las echaba sobre la cabeza del macho cabrío», como reza el texto. Y así, cargado con todos los pecados del pueblo, el pobre animal era llevado al desierto y abandonado allí para que muriese de hambre y de sed. Pues bien, los tres barbianes mencionados afirmaban: que el cabrón cargado con los pecados del pueblo judío era la imagen (y aquí la fantasía) de Jesús cubierto de oprobios,
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vejado y escupido. Oigámosles: «Daos cuenta—dice el pseudo Bernabé—de cómo Jesús es manifestado aquí en figura: Escupid todos sobre él, atravesadle a pinchazos, cubrid su cabeza con lana escarlata, y que en este estado ¡que sea expulsado al desiertol (Epístola de Bernabé, trad. Oger, París, 1907). Justino dice poco m á s o menos lo mismo en su Diálogo ( X I , 4). En cuanto a Tertuliano, podemos leer en Adv. Jud., X I V , y en Adv. Marc, III, 7: «Uno de los machos cabríos ataviado ridiculamente de escarlata, maldito, cubierto de escupitinajos, herido por el pueblo, era echado fuera del poblado y enviado a la muerte, llevando de este modo los caracteres manifestados en la Pasión del Señor, que, luego de haber sido enmascarado con un manto escarlata, cubierto de escupiduras y abrumado a fuerza de ultrajes, fue crucificado fuera de la ciudad.» ¡Bienaventurados Justino, Tertuliano y Bernabé! Oigamos aún a Tertuliano (Adv. Jud., X I V ) , maestro en interpretaciones caprichosas; pero no importa; de estos Doctores de la Iglesia se aprende siempre (como del abate Cotin): «El segundo cabrón no manchado por los pecados y dado como alimento únicamente a los sacerdotes del templo, marcaba los rasgos de la segunda manifestación, cuando purificado de todos sus pecados, los sacerdotes del templo espiritual que es la Iglesia, gozarán del favor del Señor como de una carne, mientras que los otros ayunarán lejos de la salvación.» Nada m á s . Realmente, algo de muy particular debe tener el edificio de la Iglesia cuando se ha sostenido durante siglos con sólo las estupideces que como cemento pusieron sus Doctores para sujetar sus celestiales piedras. Este «algo particular», ¿no será la ignorancia y candidez de los creyentes? (461) En Pablo, la cruz era el centro del drama de la redención. Por el hecho de morir Jesús en la cruz los hombres habían sido redimidos. En la 1.ª a los corintios ( X V , 3), Pablo recuerda a éstos, como cosa sabida, lo que les había transmitido tal cual él lo había recibido por inspiración divina: «Que Cristo murió por nuestros pecados, según las Escrituras, y que fue enterrado.» Su idea capital era la exal-
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tación de la cruz con el pretexto del escándalo de ta crucifixión, que parecía preocuparle m á s que toda otra cosa. En la 1.' a los corintios puede leerse también: «Mientras que nosotros predicamos a Cristo crucificado, escándalo para los judíos, locura para los cristianos» (I, 23). ¿De dónde pudo sacar Pablo la crucifixión, género de muerte particular romana entonces? Este suplicio era de origen oriental; lo empezaron a practicar los persas, de quienes le tomaron los griegos, así como los fenicios y los cartagineses; y de estos últimos los romanos, que a partir de las guerras púnicas empezaron a emplearle para castigar a los esclavos. Sólo para los esclavos, pues, según Cicerón (In Ver, V, 66), se consideraba impiedad aplicarle a un ciudadano romano. E r a el suplicio servil por excelencia, servite supplicium. A causa de ello no había razón alguna para aplicársele a Jesús. De haber ejecutado la sentencia Caifás, hubiera sido lapidado. De ejecutarla Pilato, al no ser esclavo ni su crimen infamante, decapitado. Si se le hizo morir en cruz fue para que la ignominia fuese mayor y mayor la responsabilidad contraída por los judíos, principales causantes de esta muerte, según Pablo y, por supuesto, según Marción. Adem á s , para que esta muerte, terrible entre todas, moviese a piedad, avivando al hacerlo la fe. Precisamente a causa de ser un castigo terribilísimo, el que los romanos lo empleasen mucho como escarmiento, muy particularmente entre los sediciosos que se rebelaban contra su poder. Y por lo mismo, el que, como Josefo cuenta, fuese muy empleado contra los rebeldes de Palestina. Tras el sitio de Jerusalén, Tito, el «amor y delicia del género humano», como era llamado por el servilismo palatino, hizo crucificar a tantos judíos que según Josefo (Guerra de los judíos, V, 11-12): «Faltaba espacio para las cruces y cruces para los condenados.» Cuenta también en II, 7, que Vero, gobernador de Siria, hizo crucificar a 2.000 judíos que se habían sublevado tras hacerles despedazar a latigazos. De todas maneras, el primero que aplicó la crucifixión en Palestina fue Alejandro Janeo, rey descendiente de los Macabeos, que hizo crucificar a 800 rebeldes luego de hacerles
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presenciar cómo eran degolladas sus mujeres y sus hijos (Josefo, Antigüedades judaicas, X I I I , 22). La forma de las cruces variaba. Unas veces era una simple estaca o tronco de árbol al que la víctima era atada por las manos. Otras estaba formada por una viga transversal (patibulum) colocada encima de otra vertical (cruz commisa o capitata). Las había también formadas por dos maderos ajustados en forma de equis. Estas eran menos corrientes. El condenado, despojado de cuanto le cubría, era sujeto al patibulum, bien mediante cuerdas, que era lo general, ya mediante clavos. El que Jesús fuese clavado de pies y manos suena a simple generosidad de los cinco relatos que hablan de algo puramente imaginado (Marción y los cuatro evangelistas). Ni que decir tiene que las cruces patibularios se hacían con leños sin desbastar. Esas cruces perfectamente labradas a que nos tiene acostumbrados el arte, son no menos producto de la fantasía que las escenas pintadas o esculpidas que sus autores imaginan asimismo caprichosamente. En tales cruces fue suprimida la clavija que pasando por entre las piernas de los crucificados impedía, cuando las manos habían sido clavadas, que fuesen desgarradas por efecto del peso del cuerpo; o los brazos dislocados, si atados. En cambio pusieron a veces un soporte bajo los pies, como Velázquez a su primoroso Cristo. Asimismo se ha solido representar a Jesús con las partes sexuales cubiertas por un lienzo o un velo. Esto a partir de santa Brígida, que en sus revelaciones así le veía. Ni que decir tiene que tal velo ha aparecido. Los habitantes de Aix-la-Chapelle lo tenían. Seguramente le tienen aún. Y si se ha perdido, ya aparecerá otro. Como ha habido varios sudarios. Y como se conserva el divino prepucio que le cortaron al circuncidarle. En cuanto a espinas de la corona y trozos de madera de la cruz, para qué hablar. En todo caso, la altura de las cruces era lo suficiente para que los pies de los crucificados no llegasen al suelo. El suplicio mediante la cruz, de ser el crucificado robusto, podía durar dos y hasta tres días. No se sabe con precisión en virtud de qué
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trastornos orgánicos llegaba la muerte. Sin duda producía a un tiempo trastornos circulatorios y perturbaciones respiratorias: fenómenos de síncope y de congestión. Y también, al tiempo que terribles calambres, accidentes cardiacos que finalmente acababan con la vida del crucificado. (462) Los Hechos de Juan parecen ser los primeros de una serie de cinco apócrifos atribuidos, uno a él, otro a Pedro, otro a Pablo, otro a Andrés y otro a Tomás. Pero ahora veamos un poco el hecho para celebrar a Juan, en el cual se cuentan cosas como las siguientes: Durante la persecución de Domiciano, este emperador oye hablar de las predicaciones del apóstol en Efesos, y deseoso de conocerle, le hace detener y conducir a Roma. De camino, Juan asombra a los soldados que le traen a causa de no comer sino un día a la semana, los domingos. El emperador, al comprobarlo, maravillado, le abraza. Pero no convencido aún de su muchísima santidad, Domiciano era un duro, le hace beber una copa llena de un líquido envenenado. Juan la apura, y como si le hubiesen dado agua clara sin cloro, como la buena de ahora, ni nada. Domiciano hace beber un poco del mismo mejunge a un condenado a muerte, y éste, nada más probarle, cae sin puntilla. Pero Juan le resucita, y lo mismo a una muchacha, a la que un demonio impuro había privado de la vida. Pese a todo ello, Domiciano le vuelve a desterrar. Ya digo que Domiciano era una especie de Stalin de entonces; las purgas de éste comparadas con las de aquél, simples refrescos. Por si todo esto no bastase, Tertuliano (de Praescriptione Haereticorum, X X X V I , 3) y ciertas narraciones latinas atribuidas a Abdias y a un tal Prochore, diácono (véase Migne, Dictionnaire des Apocryphes), cuentan por su parte, por si lo de la copa con veneno fuese poco, que el insaciable Domiciano metió a Juan en una caldera de aceite hirviendo (otros atribuyen acto tan humanitario al procónsul de Efesos; como iban a quien mintiese más, no nos preocupe el detalle), y Juan, que no era un churro, sino un gran apóstol, tan campante. Como si le hubieran metido en agua de rosas. Salió más fuerte y joven que había entrado. Y como para majaderías ya está bien,
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paso a copiar algo realmente conmovedor que refieren en el capítulo X C V I I los mencionados Hechos de Juan; lo siguiente: «De este modo, amados míos, después de haber bromeado con nosotros (Jesús con los apóstoles), el Señor se fue. Y nosotros como perdidos, y abrumados además por el sueño, nos dispersamos por todos lados. Por mi parte, cuando le vi sufrir no permanecí insensible ante su sufrimiento. Escapé al monte de los Olivos, vertiendo lágrimas a causa de lo que había ocurrido. Y cuando el viernes fue crucificado, a la hora sexta las tinieblas cubrieron toda la Tierra. Y mi Señor, de pie en medio de la caverna que su presencia iluminaba, dijo: "Juan, para todo el mundo allá abajo en Jerusalén, he sido crucificado, atravesado por la lanza, y mediante la caña, desalterada mi sed con niel y vinagre; pero a ti hablo ahora, escucha lo que te digo: Te he sugerido venir a este monte para que aquí oyeses lo que un discípulo debe aprender de su maestro y un hombre de su Dios".» Esto se escribió a fines del siglo iv. Tres más tarde, Mohamed (Mahoma), haciéndose eco de la tradición que enseñaba que Jesús no había sido crucificado, la fijó en su Corán (sura IV, versículo 156). En fin, aun dos siglos después, en la novena centuria, se invitaba amablemente poniendo una espada en la garganta, a retractarse, a los maniqueos, haciéndoles pronunciar la fórmula de abjuración siguiente: «Anatematizo a aquellos que dicen que nuestro Señor Jesucristo ha sufrido en apariencia, y que había un hombre en la cruz y otro allí de pie un poco m á s lejos riendo, mientras el de la cruz sufría en lugar de hacerlo él.» (463) Sobre el Calvario, en arameo Gólgota, eminencia desnuda que ofrecía a cuantos se empeñaban en contemplarla el aspecto de un cráneo pelado, ¡cuántas leyendas no se han forjado! Empezando por la que aseguraba que allí había sido enterrado el cráneo de Adán. En verdad que cuando se considera la importancia que ha tenido siempre en el mundo lo irreal, lo fantástico, lo imposible, lo puramente fruto de la imaginación (religiones, creaciones literarias, casi todo cuanto pasa por histórico, etc., etc.), no se
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puede menos de pensar en qué modo estaban equivocados los idealistas como Platón, que de buena fe hablaban del Bien absoluto, de la Verdad absoluta y demás ensueños; y de que sólo conocían apariencias vanas los que no eran capaces de elevarse a planos tan sublimes. Pero, ¿acaso elevándose hasta ellos hacía algo el maestro de Aristóteles, a no ser perderse a su vez en un nuevo laberinto de fantasías? ¿Salir de la «caverna» de su República para meterse en otra mucho más engañosa todavía? (464) Este «Padre, perdónales que no saben lo que se hacen», del pseudo Lucas, tal vez salió del «rogad por los que os persiguen» del Sermón de la Montaña. O del pasaje de Isaías (LIII, 12); «Ha intercedido por los culpables.» Y como en ciertos textos falta, los que añadieron estas palabras tal vez lo hicieron recordando lo que se lee en los Hechos de los Apóstoles (VII, 60) a propósito de Esteban: «Señor, no les imputes este pecado.» Entre el proceso y muerte de éste, considerado como el primer mártir, y el de Jesús hay tales analogías, que bien se ve que uno fue la fuente del otro. Y tan verdad seguramente una muerte como otra. (465) «A ver si te acuerdas de mí cuando te vaya bien» (Génesis, X L , 14). (466) Los soldados, como vemos, tomaron los vestidos de Jesús e hicieron cuatro partes, una para cada uno, quedando de non, sobrante, la túnica. Ello induce a pensar y a decirse, ¿cómo iría vestido el Galileo? La respuesta es difícil. De haber vivido hubiera tenido que deambular por Galilea como iban vestidos hasta no hace mucho todos los hombres de su condición. La cabeza, a lo beduino, cubierta con un cuffieh (tela ligera sujeta por la parte de la frente y cayendo por la espalda). El cuerpo protegido por una túnica de tela de lino, por lo general con mangas, que llegaba hasta los pies. Y por sobre ella un manto con franjas o borlas, como mandaba el Deuteronomio ( X X I I , 12): «Te harás borlas en las cuatro puntas del vestido con que te cubras.» Al talle un cinturón de tela, o de cuero, destinado a mantener subida la túnica de modo que quedasen libres
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las piernas. O sea, cuffieh, manto, cinturón y sandalias (si las llevaba), más la túnica que echaron finalmente a suertes. Si con todo no hicieron igual, debió de haber algo más que palabras y tirones, pues ¿cómo no suponer que todos echarían mano, lo primero, al manto? Y no sospechemos que no llevaba sandalias para no complicar m á s las cosas y para no dejar por embustero a Juan Bautista. (467) Sin importancia. Por supuesto, para los convencidos de que todo esto es una pura ficción. Para los que no, cada detalle la adquiere, al revés, enorme. Sobre esto del vinagre, un glosador del siglo xiv, Nicolás de Lyre, escribió, resucitando la cuestión, lo siguiente: «Los soldados traían un vaso con vinagre para dárselo a beber a los crucificados con objeto de que muriesen más de prisa y con ello quedar libres más pronto de tener que estar de guardia junto a la cruz. El hecho de beber vinagre en tal situación apresuraba la muerte, según decían algunos.» Cuando seis siglos más tarde el éxito de la Vida de Jesús de Renán puso en primer plano todo lo relativo al Galileo, uno de sus lectores le escribió (1863) diciéndole que en Oriente había la creencia de que tanto los crucificados como los empalados morían rápidamente si se les daba de beber. Y en apoyo de lo que afirmaba citaba lo que en tiempos de Napoleón había ocurrido con cierto Solimán, asesino del general Kleber: empalado y como viviese aún al cabo de cuatro horas, parece ser que suplicaba para que le diesen de beber, a lo que se negaban sus verdugos, precisamente para que siguiera sufriendo, pues decían que de darle de beber moría al punto. Retirados al fin, un centinela francés puso en el extremo de su fusil un vaso de agua y se lo dio. Solimán no hizo sino beber lo que le ofrecía, y expiró. Si se trata de algo cierto o no, cualquiera lo sabe. Pero lo que creo que se puede asegurar es que si el hecho fue cierto, no menos que el soldado que le pasó el vaso de agua en la punta del fusil, seguro que había dejado el circo por alistarse. (468) Leyendo a Marcos, Mateo y Lucas, viendo lo que cuentan a propósito de los últimos momentos de Jesús y
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muy particularmente esta exclamación final al sentirse abandonado, que todos los teólogos de la Iglesia durante veinte siglos no han sido capaces de comprender y explicar, no se puede menos de pensar que de ser todo ello algo más que una fábula, parecía probar que el que la había lanzado había conservado hasta el último momento la esperanza de que una intervención superior vendría no sólo a redimirle de sus dolores y sufrimientos, sino incluso a darle la gloria y poder que esperaba. Y como intervención superior, quizá la falange de ángeles de la que hablaba cuando su prendimiento. Pero si así hubiera podido ser, ¿qué hacemos con el sacrificio voluntario, de acuerdo con su Padre, en pro de la salvación de los hombres? ¿No parece lo m á s razonable considerar todo esto como una aportación más al tesoro de leyendas religiosas que corrían por todas partes, muchas de las cuales, incluso, pasaron sin dificultad al Cristianismo con el beneplácito de los Padres de la Iglesia? Por si alguien lo duda voy a citar un par de ellas. La primera, cierta fantasía de Ploutarchos (Plutarco), referida por este entretenido escritor en uno de sus trataditos titulado De la cesación de los artículos. Lamentándose en el mencionado tratadito de la cesación de ellos y como para animar a que se volviese a creer en los oráculos, refirió lo siguiente: Thamus, piloto egipcio, navegaba camino de Italia cuando, estando entre Cefalonia y Corfú, oyó una gran voz que le llamaba por su nombre ordenándole que al llegar a cierto punto, no lejos de donde se encontraba en aquel instante, gritase anunciando que el Gran Pan había muerto. Así lo hizo, y al instante un confuso ruido de gemidos respondió a su voz. Habiendo llegado esto a oídos de Tiberio, tras escuchar lo ocurrido de boca del propio Thamus, consultó a los expertos en oráculos, los cuales, tras pensarlo mucho, declararon que el Gran Pan era hijo de Mercurio y Penélope, la mujer de Ulises. Pues bien, como la fecha del imaginado suceso coincidía, poco más o menos, con la de la supuesta muerte de Jesús, varios Padres pretendieron que el Gran Pan era el propio Jesús, que muriendo había
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destraido nada menos que el Imperio del Demonio. Es decir, que tan piadosos varones, empujados por una fe irracional, en vez de darse cuenta de que los oráculos
desaparecían porque la gente empezaba a no creer en ellos, atribuyeron hecho tan lógico y natural a la acción de Jesús. Voy con la segunda fábula. De ésta, poco m á s o menos tan verídica como la anterior, dan fe Cedrenio y Suidas, que cuentan que Augusto, siendo ya viejo, hizo un viaje a Grecia para preguntar al Oráculo de Delfos algo que lo lógico era, si tenía dudas, que se lo hubiera preguntado a él mismo: quién sería su sucesor. Pues bien, el Oráculo respondió, según aseguran los que cuentan, lo siguiente, que sabemos por un hombre del que haríamos muy mal en dudar: Nicéforo, el escritor bizantino (Historia eclesiástica, lib. I, cap. X V I I ) : «Un niño hebreo a quien los dioses obedecen, y que es Dios él mismo, me obliga a irme de aquí y a desterrarme tristemente en los Infiernos. De modo, César, que retírate en silencio de mis altares.» De vuelta a Roma, Augusto, el augusto sodomita (sigue afirmando el ilustre Nicéforo, digno a causa de su fecunda fantasía de ser evangelista), hizo levantar en el Capitolio un altar magnífico con esta inscripción: Ara primigeniti Dei (Altar del Hijo primogénito de Dios). Por si fuese poco, se decía aún que el altarcito fue erigido en el sitio exacto en que Augusto, advertido por la Sibila, había visto en el aire (como posteriormente les ocurriría a varias niñas histéricas) una figura resplandeciente: la de la Madre de Dios llevando en toda su gloria a su hijo en los brazos. Ni que decir tiene que todo ello fue creído al punto con la misma buena fe y seguridad con que se creía en los prodigios ocurridos a la muerte de Jesús, y el sitio de la indudable aparición empezó a ser objeto de una veneración hasta oficial. Es más, ante la insistencia de la fe, fe tan bien cimentada, y para honrarla, sostenerla y aumentarla, el año 1130 el papa Anacleto hizo marcar solemnemente el lugar de la verídica aparición con cuatro columnas. Y en 1603 un obispo llamado Girolano Cistelli
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mandó construir una magnífica cúpula con objeto de que conmemorase perpetuamente la fábula del Niño hebreo. Según el libro Roma moderna (Roma, 1689, pág. 424), esta capilla estaba en la iglesia de Ara Coeli, en el monte Capitalino, cerca del altar mayor. Un voluminosísimo libro se podría escribir con las historias de hechos semejantes, todos absolutamente verídicos, en torno a los cuales la fe ha vertido y sigue vertiendo las hermosas y delicadas flores de su devoción. Lo malo, ¡ay!, es que haya todavía países que presumen de cultos, liberales e incluso aspiran a ser demócratas, donde hay leyes que castigan a los que se niegan a itir cosas tan verdaderas. (469) Como simple curiosidad también, aunque ya creo haber llamado la atención sobre ello, recordaré el caso de otro Jesús, éste campesino y de humilde condición, del que habla Josefo en su Guerra de los judíos (VI, e, 3), que durante la fiesta de los tabernáculos del año 62 se puso de pronto a gritar en el Templo: «¡Voz de Oriente y voz de Occidente! ¡Voz de los cuatro vientos! ¡Voz contra Jerusalén y contra el Templo! ¡Voz contra los nuevos esposos y las nuevas esposas!», y que luego, día y noche empezó a recorrer las calles de la ciudad dejando oír sus profecías siniestras, no obstante los golpes que recibía. Denunciado al gobernador romano por las autoridades judías, aquél le hizo azotar cumplidamente sin conseguir que callase. Hasta que convencido de que se trataba de un pobre perturbado, le hizo poner en libertad. El desdichado o afortunado, quién sabe, siguió con su manía hasta que sitiada la ciudad por Tito, una piedra lanzada por una máquina de guerra le alcanzó y le hizo callar para siempre. El episodio invita a una reflexión, ésta: Cómo sería de distraído Flavio Josefo que citando, como cita, con todo detalle hechos como el anterior, olvidaría mencionar al otro Jesús, indudablemente bastante más importante. (470) ¿Hará falta insistir sobre que en el relato de la Pasión las inverosimilitudes menudean? Vaya una. En Juan ( X I X , 31) vemos a los judíos ir a decir a Pilato, con objeto de que los crucificados muriesen y pudieran ser enterráis. RELIGIONES. II
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dos antes de la puesta del Sol, que ordenase les fueran rotas las piernas, lo que aceleraría su muerte, y ello sin exceptuar a Jesús, de cuya muerte no se habían dado cuenta. ¿Cómo esto? Pues porque en Juan, el crucificado divino en vez de dar una gran voz en el momento de expirar, como en los sinópticos, se había limitado a decir entre un suspiro: «¡Todo está acabado!» Naturalmente, cuando la gran voz, el centurión y los que con él guardaban a Jesús, que viendo el terremoto y cuanto había sucedido temieron sobremanera y se decían: «Verdaderamente, éste era Hijo de Dios», diéronse cuenta de su muerte. Mientras que en Juan, como ni hay alarido ni ocurre nada anormal, pueden los judíos ir con su comisión a Pilato. Creo que no vale la pena seguir señalando anomalías y diferencias. El que quiera m á s acuda a los propios Evangelios, donde leyendo lo que dicen, no lo que se quiere que digan, las encontrarán a cada paso. (471) Algún día publique tal vez un librito, cuyo título podría ser Mis castigos, en el que saldrá a la luz todo lo que fue suprimido de mis obras por el lápiz rojo de la providente Censura. Por más que, ¿para qué? El día que pueda hacer tal cosa, ¿quién se acordará ya de los próvidos varones que ganaban su vida de tal manera? (472) Y lo voy a probar del mejor modo que se pueden probar las cosas, con ejemplos. Como decía, ninguno de mis libros publicados hace veinte años ha llegado a manos de los lectores tal cual salió de las mías (sin contar los que se quedaron en ruta). Pero en tres ocasiones el castigo fue tan duro: oposición total a que fuesen publicados, que no sólo por parecerme la decisión estúpidamente injusta, sino por el perjuicio económico que ello me causaba (perder el coste de composición y ajuste de los textos, es decir, muchos miles de pesetas), me decidí a acudir al jefe del servicio exponiéndole el caso y rogándole los hiciese leer nuevamente por otro censor que tal vez menos sabio y santo fuese m á s tolerante. Los tres libros eran: Mi Mitología Universal y mis dos traducciones, prologadas y anotadas, una de Las Leyes, de Platón, y la otra de El Ramayana, de
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Valmiki. El señor Sánchez Marín, jefe a la sazón del Servicio de Información Bibliográfica, accedió a mi petición y el resultado, con leves arañazos, fue favorable. Juzgúese. Citaré un caso y ello bastará: el de El Ramayana. Según el honorable cleripopótamo que hizo de primer censor, tenía que suprimir del extenso estudio preliminar y las numerosas notas más de 350 páginas. El segundo censor, de mentalidad más abierta, más clara, más comprensiva, distinta, fue de opinión que para que lo escrito por mí dejase de ser terriblemente peligroso bastaría con quitar no llegó a media docena. Y sin esta media docena salió el libro, y ya he hecho varias ediciones, sin que ello haya contribuido, al menos tal pienso, a la repugnancia que sentía el Mundo entero hacia la dictadura fascista, bajo cuya venturosa paz hemos vivido treinta largos años sin libertad de conciencia. (473) «El 29 de diciembre de 1962, el Parlamento italiano decidió imponer una tasa del 15 por 100 a los dividendos de las acciones cotizables en Bolsa. En 1963 una circular gubernamental ordenaba a los Bancos que cesasen toda clase de retenciones sobre los títulos del Vaticano. »E1 ministro de Hacienda declaraba en la cámara que 'las acciones italianas' en poder del Vaticano le habían producido en 1962: 3.518.475.998 liras. Calculando una base media de un 5 por 100, se puede deducir que las inversiones de la Santa Sede se aproximaban a 70.360 millones de liras. Los impuestos no pagados ascendían, pues, cada año a unos 525 millones. »E1 cardenal Cicognani, considerando a su 'gobierno' como soberano, se negó a rendir cuentas al gobierno italiano. Y amenazó con vender sus títulos a extranjeros, lo que, como es natural, hubiese creado serias dificultades al tesoro italiano. »En 1923 y en 1926, Pío IX contrajo empréstitos con los Estados Unidos, lo que le solidarizó, en cierto modo, con los católicos americanos. »En 1929 tuvieron lugar los acuerdos de Latrán, que concedían la soberanía a la ciudad del Vaticano (445.000 m. , 2
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1.025 habitantes). El Vaticano recuperaba una parte de sus bienes y cobraba una indemnización de 750 millones al contado más unos 1.000 millones en obligaciones al 5 por 100 (150.000 millones de liras actuales). »Pío XI creó la 'istración especial de la Santa Sede', y Pío X I I , en 1942, el 'Instituto para las obras de religión' (verdadera Banca con depósitos, cuentas corrientes, transferencias, etc.). Es actualmente una de las primeras potencias financieras mundiales. »En 1952, el hebdomadario Oggi hablaba de una reserva de oro de 11.000,5 millones de dólares, la segunda del Mundo luego del tesoro americano (o sea, 7.000 millares de millones de liras, contra 400 del gobierno italiano). »Los fondos, según parece, son istrados principalmente por tres grandes Bancas: la G. P. Morgan Bank, de Nueva York, que se encarga de las operaciones relativas a las dos Américas; la Hambro's Bank, de Londres, que cubre la Commonwealth, y el Crédito Suizo, para lo que afecta a Europa. Mediante estos organismos bancarios istra otros muchos bienes que posee, entre ellos, el 35 por 100 de los transportes urbanos en Madrid; el 35 por 100 de las dos grandes fábricas de pescados de Portugal; 7.000 millones en Francia, en los textiles, la lana y el papel, y en Suiza más de 400 millones de francos suizos en inversiones. »Pero es la Banca Morgan la que ocupa el primer lugar. El oro del Vaticano, en efecto, almacenado en las cuevas de la Federal Reserve Bank, le es cedido en condiciones particularmente ventajosas. En virtud de un acuerdo especial entre los Estados Unidos y la Santa Sede, el Tesoro Americano la vende los lingotes a 34 dólares la onza, en vez de a 35, curso oficial. De este modo son mejoradas aún las operaciones llamadas de arbitraje entre el oro en monedas y el oro en lingotes, a las cuales se entrega la 'istración especial' en las grandes plazas financieras del Mundo. »En virtud de los acuerdos de Latrán y de las convenciones que han seguido, los bienes inmobiliarios de la Iglesia
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están exentos de impuestos en toda Italia. Todas las obras con destino cultural están asimismo exentas de derechos de sucesión, de inscripción, de derechos hipotecarios, etc. «Las retribuciones de todas clases concedidas por la Santa Sede y organismos que de ella dependen, incluso a los laicos, así como el personal no fijo, están dispensadas de los impuestos del Estado. »La Iglesia posee en propiedad particular la Banca di Roma, feudo tradicional de la familia de los Pacelli. Esta Banca controla y dispone, en unión de la Banca di Santo Spirito, de participaciones importantes en la Sociedad General Inmobiliaria, una de las mayores de Roma. Controla igualmente y posee una cantidad considerable de acciones de la casi totalidad de empresas gestionarías de servicios públicos, tales como agua, gas, electricidad, teléfonos, caminos de hierro, etc. »E1 segundo sector, de creación m á s reciente, asocia la Santa Sede a la gran industria italiana. La Central, poderosa holding milanesa (holding = poseedora de acciones, títulos) de electricidad y de teléfonos, es uno de sus feudos. Los seguros, otro, con los Riunione Adriatica di Sicuritá y las Assicurazione Generali di Venezia. Así como no hay trust italiano de importancia en el que la Santa Sede deje de estar presente: Fiat, para los automóviles; Pirelli, para los neumáticos; Italcementi, el reino del cemento; la Montecatini; la Compañía Italiana de Turismo (C.I.T.); la Compañía Italiana de Grandes Hoteles (C.I.G.A.), que controla también el Casino de San Remo, etc. »En tiempos de Pío X I I , esta enorme potencia estaba prácticamente concentrada en las manos de su familiar Enrico Galeazzi y de sus tres sobrinos: Cario, Giuglio y Marcantonio Pacelli, nombrados príncipes de la Iglesia. Los dos primeros istraban el sector romano, asistidos por el marqués Sachetti y por el conde Paolo Blummenatilh. Noguera y el banquero Massimo Spada se encargaban de las grandes sociedades del Norte. El cardenal Nicolás Canali, una de las eminencias grises de la Santa Sede, vigilaba muy de cerca todo.
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»Juan X X I I I , y luego Pablo V I , han trastornado todo lo anterior, limitando el papel de los Galeazzi y de los sobrinos Pacelli, y confiando la responsabilidad financiera al cardenal Di Jorio y al secretario de Estado, cardenal Cicognani. Pero fuera de los hombres es difícil apreciar exactamente las diferencias que haya podido ocasionar el cambio de directores en la política financiera del Vaticano. Este, de todas maneras, cuenta con el tiempo, y el tiempo trabaja para él. «Así razona, por ejemplo, el 'Instituto para las obras de religión', Banca del Vaticano, que permite a sus clientes transformar libremente todos sus fondos en no importa qué divisas del Mundo. Ahora bien, todo particular que abre en ella una cuenta (tras una cuidadosa selección), se compromete a abonar al 'Instituto' en el momento de su muerte un porcentaje convenido sobre los valores depositados e incluso una suma fija de antemano: compromiso que obliga a los herederos y que no es modificable por testamento... Como es repetido con mucho gusto en Roma: 'La fuerza de la Iglesia está en sobrevivir' (M. Malefoy, artículo 'Riquezas del Vaticano', L'Idée Libre, diciembre 1966). Véase la nota n ú m e r o 44. »'No alleguéis tesoros en la Tierra, donde la polilla y el orín los corroen y los ladrones horadan y roban' (Mateo, V I , 19). 'Mirad de guardaros de la avaricia, porque aunque se tenga mucho, no está la vida en la hacienda' (Lucas, X I I , 15). 'Nadie puede servir a dos señores, pues o bien aborreciendo al uno, amará al otro, o bien adhiriéndose al uno, menospreciará al otro. No podéis servir a Dios y a las riquezas' (Mateo, V I , 24). ' S i quieres ser perfecto, ve, vende cuanto tengas y dáselo a los pobres, y tendrás tesoros en los Cielos' (Mateo, X I X , 21). ' E n verdad os digo: ¡qué difícilmente entra un rico en el Reino de los Cielos! De nuevo os digo: es más fácil que un camello entre por el ojo de una aguja, que entre un rico en el Reino de los Cielos' (Mateo, X I X , 23-24). ¿A quién se dirigirían escribiendo todo esto los que redactaron los Evangelios?»
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(474) Él desquite que hoy toma la ciencia contra la religión, acorralándola poco a poco al demostrar la falsedad de las leyendas que como verdades reveladas e inmutables impuso durante siglos, proviene de una antigua deuda que tenía con ella: la deuda ineludible de hacer brillar la verdad. Pero este desquite no tiene en modo alguno el carácter de venganza. El hecho de que durante muchos siglos las religiones no encontrasen medio mejor para desembarazarse de los que se oponían a sus mentiras que eliminarles, nada tiene de común con los procedimientos de la ciencia, que sigue serenamente su camino sin otro norte que este de la verdad, y sin otro propósito que redimir poco a poco al hombre en los dominios de la inteligencia, librándole de errores, fanatismo, supersticiones y mentiras de todas clases. Durante mucho tiempo, mientras la ciencia estuvo en pañales, todo lo incomprensible y cuanto no se podía explicar fue cargado en la cuenta del Cielo, lo que tuvo como consecuencia ir aumentando año tras año y siglo tras siglo el n ú m e r o de fantasías e infundios acumulados en torno a los hipotéticos dioses. A causa de ello, durante muchas centurias, los sabios de los pueblos antiguos (y como tales fueron considerados, en primer lugar, los sacerdotes de los diversos cultos, algunos de los cuales, peritos ya en los secretos del Cielo, empezaron a meterse con los de la Tierra) no dudaron en afirmar, con objeto de explicar con una seguridad de la que en realidad carecían, lo que decían saber mejor que los demás, a causa de que el hecho de estar en relación con los dioses, como tenían la audacia de afirmar, les permitía ser los únicos capaces de explicar lo que, como era natural, ellos mismos eran los primeros en no comprender. Como no tenía, pues, más remedio que ocurrir, fuerza les fue echar mano de la fantasía, tan próxima siempre al engaño, con objeto de salir de apuros, razón por la cual sus explicaciones solían consistir en mitos. Y de este modo, es decir, a favor de un proceso ininterrumpido de mentiras, se fueron formando las fábulas, que in-
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variablemente constituyeron el fondo de las innumerables religiones. «La crítica—dijo Littré—ha dado el nombre de mitos a esas creencias maravillosas. Retenidos en la memoria, recogidos en los templos, inscritos en los libros llamados sagrados, han llegado a ser el patrimonio de inmensas sociedades que encontraron en ello un alimento ya enteramente preparado. A despecho de su pretensión de ser revelaciones de la divinidad, la huella del lugar y de la época en que nacieron está impresa en ellos de un modo indeleble. Y es precisamente esta huella la que en la elaboración interior es causa del conflicto en que entran con el saber más completo, con la razón más desarrollada.» Gran verdad que explica, además, la duración de las religiones, pues el «saber más completo», distinto de las fantasías religiosas, y la «razón más desarrollada» y superior a todos los mitos, serán aún durante muchos siglos patrimonio de la masa, pues como decía Renán: «Inútil impacientarse: el sentimiento religioso del miedo y de la ignorancia, nacido en los albores del pensamiento, y por la ignorancia y el miedo sostenido desde entonces, ha llegado a formar un muro tan sólido, que sólo a fuerza de bombardearle con proyectiles de 'saber' y 'desinterés' se le irá desmoronando poco a poco.» Y Nietzsche: «Si quieres llevar una luz a los campos de la mentira empieza por protegerla dentro de un farol muy fuerte, y aun así procura sujetar bien a éste para que no te lo arranquen los vendavales del fanatismo y de] interés.» Spinoza había dicho también: «Afirmaciones engañosas han sido durante muchos siglos la brújula de los gobernantes y el alimento de los gobernados. Sólo educando a las masas de donde mañana saldrán los que gobiernen se podrá ir haciendo esa tan necesaria luz en las conciencias. Pero despacio. Poco a poco para no producir empachos peligrosos.» Cuando se habla de los conflictos sólo ya posibles entre la religión y la ciencia (sólo ya, pues antes aquélla los cortaba de raíz), hay que entender por religión la cristiana en todas sus variedades, en particular el catolicismo, pues al
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tiempo que éste y siempre en pugna peligrosa con él, se fue desarrollando lentamente y como pudo la ciencia, que pese a obstáculos y persecuciones ha alcanzado en muchas de sus ramas el desarrollo actual. Porque es un hecho de tal modo demostrado, que sin ultrajar a la verdad nadie se atrevería a negar que mientras el Cristianismo fue perseguido se quejó amargamente de la intolerancia de que era victima y ensalzó y glorificó, multiplicándolos por ciento, el número de sus. mártires. Mas apenas consiguió, gracias al emperador Constantino, ser la religión del Estado, olvidando sus anteriores clamores, con m i l veces más pasión y violencia reclamó la proscripción de los cultos que llamaba paganos, sin que para conseguirlo se detuviese ante cuanto se oponía a su conveniencia. O sea, que apenas reconocida religión del Imperio entró en campaña contra sus «enemigos», considerando como tales no tan sólo a los que creían en otros dioses, sino a cuantos se permitían opinar de un modo racional acerca de sus dogmas y sacramentos. En lo que afecta al conflicto entre el Cristianismo (sin positivos rivales hasta la Reforma) y la ciencia, fatalmente tenía que estallar de un modo ya franco y abierto en cuanto ésta, pese a la Iglesia, empezó a tomar cuerpo y bríos. Hasta entonces, en lo que a la cosmología afectaba, mientras fue artículo de fe que el Universo era obra del Dios que había declarado suyo, la palabra la tuvo el Génesis bíblico, Pero en cuanto empezaron a despertar las conciencias, todas las grandes mentiras (creación del Universo en siete días de la nada, con sólo la magia de la palabra de su creador; creación del hombre con un pedazo de arcilla y a la mujer con una costilla de éste; que la Tierra ocupaba el centro del Universo y en torno a ella giraban el Sol, la Luna y las estrellas; pecado original, etc.) comenzaron a caer como lo que eran, como un castillo de naipes. Entonces fue el cambiar de táctica y para seguir teniendo triunfos en la nueva partida hacer lo mejor que, en efecto, parecía que convenía hacer: apoderarse de la enseñanza, lo que equivalía a apoderarse de las conciencias. Porque pocos
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hay, en efecto, capaces, unos por estar suficientemente embargados por la lucha por la vida para pensar seriamente en otra cosa, y otros por débiles de espíritu e incapaces de enfrentarse con lo que les embutieron de niños de, a favor de unos instantes de serena reflexión, darse cuenta de la falsedad de ciertas enseñanzas. Sin embargo, parece incontestable, y es lo que conviene retener a propósito de la pugna entre la ciencia y las religiones, que todas las a base de revelaciones, dogmas y milagros, fatalmente, a causa de apoyarse sobre afirmaciones indemostrables, fantasías y mentiras, tienen que ser enemigas implacables de lo científico. En lo que a las revelaciones afecta, recordemos las palabras de Rostand: «Siempre que nos digan que algo ha sido conocido en virtud de revelaciones pongámonos en guardia, seguros de que el que tal diga no habla en nombre de la verdad y de que será incapaz de demostrar lo que afirme.» Sobre los dogmas oigamos a Voltaire: «Siempre que suene la palabra 'dogma' estemos prevenidos. Esta palabra, por definición, muestra ya de qué modo es peligrosa. Si dogma es toda proposición que se sienta como tan firme y cierta, como principio innegable de algo y que, por consiguiente, sobre todo en ciertos campos, no necesita prueba a causa de haber sido establecida por Dios, estemos seguros de que decir dogma y decir engaño son una y la misma cosa.» Sobre milagros oigamos a Renán: «¿Habrá necesidad de decir que incluso desde el punto de vista católico el milagro es absurdo e imposible? Porque ¿quién, en efecto, podría realizar milagros? Según los teólogos mismos dicen, Dios o el Diablo. El primero para iluminarnos, el segundo para perdernos. Mas ¿cómo y en qué distinguiríamos unos de otros? ¿En su naturaleza? Imposible, puesto que todos sus milagros, siendo esencialmente milagros, es decir, hechos sobrenaturales, serían idénticos por naturaleza. ¿Por sus efectos acaso? Imposible, puesto que su único objeto es glorificar la virtud o dar testimonio de la verdad de una creencia; virtud y creencia que son proclamadas tales por el hecho del propio milagro. En efecto, si un milagro no
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prueba sino la santidad de un acto, la verdad de una opinión, y a causa de su naturaleza debemos juzgar si su origen es diabólico o celestial, evidente es que el milagro no pudiendo probar nada por él mismo es no solamente inútil, sino, además, funesto, puesto que puede constituir una solicitación sobrenatural del hombre hacia el mal. ¿Y se puede concebir que Dios permitiese al Diablo arrastrar al hombre hacia el mal mediante prodigios irresistibles a causa de ello mismo, sin blasfemar de una manera impía? «En cuanto a la profecía, si se la considera como una predicción cierta de acontecimientos futuros que no pueden ser conocidos sino por Dios, es evidente que la inteligencia humana los ignora completamente, al ser tan sólo el instrumento de la divinidad, que sustituye directamente sus luces a las del hombre, en su propio entendimiento. Luego en este caso perdemos los estribos, es decir, salimos del orden de los hechos naturales para entrar de lleno en el dominio del milagro, que, como acabamos de ver, sobre ser imposibles, es contrario incluso al poder, a la sabiduría y a la providencia divina. Además, la razón humana rechaza aun la profecía por dos motivos, uno de los cuales ya por sí solo es mortal para ella. A saber, que es absolutamente imposible al ser finito concebir la naturaleza del ser infinito y, consecuentemente, su modo de conocer, de obrar, de manifestarse. El hombre no puede constatar sino leyes, relaciones, combinaciones; imposible le sería conocer la naturaleza de algo; para él, lo impenetrable, lo insondable, el misterio y lo desconocido comienza más allá del fenómeno. En segundo lugar, aunque el hombre consiguiese conocer la naturaleza divina, se encontraría aún ante un formidable dilema: si el hombre es realmente libre, la profecía de actos que pueden acaecer o no acaecer en lo porvenir es de una imposibilidad metafísica absoluta, necesariamente tan grande como la de hacer un bastón sin extremos, una montaña sin valles; si, por el contrario, el hombre no es libre, no es responsable de sus actos y no puede, por consiguiente, ni merecer ni desmerecer, por lo mismo, la revelación es para él inútil.
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»Si a estas consideraciones añadimos que toda revelación tiende, fatalmente, a ahogar la razón, a degradar el alma, a matar la libertad y el progreso, se comprenderá la repulsión profunda que las pretendidas revelaciones inspiran a cuantos en la Humanidad son capaces de pensar.» ¡Y no olvidemos que la Iglesia sigue asegurando que las Escrituras son libros revelados! ¡Y que, como hemos visto, los Evangelios fueron compuestos a base de profecías, es decir, de fenómenos que la razón demuestra que, como los milagros, son imposibles! ¡Y que la Iglesia es la primera en afirmar que la llegada de Jesús había sido predicha por los profetas! Breve, que esta Santa y poderosa, poderosísima (económicamente) Madre, se mueve y se ha movido constantemente en un total y completo ambiente de mentiras, que la razón y el buen sentido combatieron siempre y continuarán combatiendo. (475) Mito es cuanto se opone a la realidad. Mito viene de ¡t 5 G o Q (mitos), que en Homero significaba simplemente palabra, discurso, pero que luego adquirió el sentido de leyenda, por oposición a logos; (logos), relato confirmado medíante testimonio. O sea, que mito acabó por ser y sigue siendo sinónimo de narración fabulosa, apólogo, relato legendario, fábula carente de verdad y de historicidad. No obstante, durante muchos siglos, en todas partes lo mismo que en Grecia, fueron tomados como cosas ciertas e indudables montañas de relatos puramente mitológicos. Sólo algunos espíritus sobresalientes dejaron de hacerlo al darse cuenta de lo que verdaderamente eran, no obstante estar amparados por afirmaciones de tipo religioso, a su vez total y enteramente falsas, y que sólo la fe, secuela de la ignorancia, que se las concedía, hacía que pasasen por verdaderas. Por ejemplo, Xenófanes (siglos vi-v antes de nuestra era), que protestaba de cuanto se afirmaba de los dioses, especialmente de que pudieran trasladarse de un punto a otro, como se creía que hacían, y, por supuesto, de sus uniones carnales con mujeres de la Tierra, como había pretendido Homero. De él, con-
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firmando su acertado modo de pensar y oponiéndose al desenfrenado antropomorfismo que animaba todo lo religioso, son las conocidas palabras: «Si los animales, los caballos y los leones tuviesen manos y pudieran dibujar con ellas, sus dioses tendrían cuerpo como el suyo y serían a su imagen.» Pero el hecho de que los capaces de pensar a través de la razón, en lugar de hacerlo valiéndose de la fantasía, buscasen, como los estoicos en Grecia, el sentido alegórico de los mitos de Homero considerando sus relatos a propósito de los dioses como fábulas que tal vez significasen algo pensando en un remoto fondo histórico (como había supuesto Evemeros en sus Escritos sagrados, viendo en dioses y héroes la imagen religiosa de antiguos caudillos y reyes), no impidió que la masa, el pueblo, los no o poco cultivados, siguiesen creyendo en aquellas divinidades hijas de la fantasía, modeladas por el antropomorfismo y sostenidas por ese cemento que siempre y en todas partes ha sido la fe, hija, a su vez, por lo general, de sentimientos irreflexivos opuestos a toda razón. Y sólo a fuerza de tiempo, el tiempo que hace envejecer todo, hasta lo imaginado eterno, cuando los poetas cómicos empezaron a burlarse abierta y descaradamente de las hasta entonces reverenciadas divinidades, estas divinidades, que lo habían sido todo, fueron pasando insensiblemente de reales a míticas y dejando el puesto a otros mitos nacidos en torno a otros dioses que vinieron a sustituirles. ¿Más verdaderos que los arrinconados? No. Pero surgidos, como los muertos, a favor de una nueva variedad de «fe», empezarían a vivir y seguirían haciéndolo mientras ésta les sostuviese, dando lugar con ello a nuevas religiones-mitologías con todas sus consecuencias. En todo caso, cuando a principios del siglo xix, apenas iniciada la exégesis religiosa de una manera científica, se empezó a comprender la importancia de ios mitos y a advertir que constituían no sólo la casi totalidad de las religiones antiguas, sino gran parte, grandísima, de las modernas, se inicio de un modo serio su estudio. Kart Otfried Müller, en sus Prolegomena zu einer Wissenschaftleichen
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Mythologie (Prolegómenos a una mitología científica), abrió el camino. En la segunda mitad de este siglo, varias obras de Friedric Müller contribuyeron a aumentar la inclinación al estudio de los mitos, y el resultado de este movimiento fue que numerosos antropólogos interesados por la cuestión, como E. B. Taylor, autor de Primitive Cultura (La cultura primitiva), aparecida en 1871, empezasen a interesarse por las tribus primitivas de su tiempo, en plena edad del mito todavía. Andrew Lang dedicó m á s de veinte años al estudio de los mitos, llegando a conclusiones tan justas como importantes, tales como la distinción radical entre «mito» y «religión». Y en contra de él, que hacía del animismo la primera etapa de ésta al suponer que la idea de Dios brotó del culto a los antepasados y de la creencia en los espíritus de la Naturaleza. Lang, al no encontrar entre los indígenas de las islas Adaman ni entre los australianos, ni culto a los antepasados ni animismo y sí, en cambio, la creencia en una divinidad remota superior a los hombres, lanzó la idea, a todas luces poco defendible, de un «monoteísmo primitivo», del que se pasó a la concepción mítica, según él verdadera degeneración religiosa. Todo, evidentemente, se puede sostener, como todo se puede creer y todo se acaba por olvidar. Y él de buena fe, pleno convencimiento y no sin brillantez sostuvo lo que creía. Tras él y siguiéndole, Wilhel Schmidt, en su monumental obra en doce volúmenes Der Ursprung del Gottesidee (El origen de la idea de Dios, 1912-1955), sostuvo ideas semejantes. Posteriormente, a principios también de este siglo, la llamada escuela de «la mitología austral», fundada por E. Siecke, según la cual los mitos deben ser comprendidos no de un modo simbólico, sino literal, cambió de rumbo la cuestión. En cambio, el gran orientalista y teólogo W. Robertson Smith vería en los mitos la explicación de un rito y, por consiguiente, algo de importancia secundaria, tesis que se esforzó por demostrar en su obra Lectures in the religión of the Semites (Nociones sobre la religión de los semitas, 1888). Tras los anteriores habría que citar a un buen número de humanistas, antropólogos
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y especialistas del Antiguo Testamento, todos ellos partidarios, como Robertson Smith, de que los mitos eran simples interpretaciones de ritos. En fin, aún sería preciso mencionar a Freud, para quien el mito era la repetición fantasmática de un hecho real, según él, el parricidio primordial, idea sostenida en Tótem y Tabú, donde había insistido, además, sobre que «la comida totémica, quizá primera fiesta de la Humanidad, sería la reproducción y como la ceremonia conmemorativa de este acto memorable y criminal que sirvió, de punto de partida a tantas cosas: organizaciones sociales y restricciones morales y religiosas». Tras él, Yung, en Introducción a la esencia de la mitología, trataría de explicar el mito en relación con la teoría del inconsciente colectivo. En fin, desde hace una treintena de años, filósofos, antropólogos y folkloristas notables se han interesado cada vez m á s por los mitos. Me limitaré a citar, aunque una buena docena de ellos podrían ser nombrados, a Levi-Strauss, autor de El pensamiento salvaje. Total, que, como digo, imposible empezar una historia de las religiones sin tener en cuenta los innumerables mitos que formaron no tan sólo en todas las muertas, sino que siguen formando en las actuales, sin exceptuar la considerada como principal de ellas.' (476) Véase mi traducción de El Avesta. (477) Véase El Islamismo en el tomo II de esta Historia de las religiones, así como mi traducción anotada y comentada de El Corán. (478) La Ciencia, cuando vuelve los ojos hacia el posible origen del Universo, piensa en una concentración primitiva de materia en estado tan inestable que descomponiéndose de pronto extendió sus elementos por los espacios inmensos, dando lugar a que se formasen las estrellas y los sistemas solares que forman el incalculable número de las galaxias. Pero antes, los primeros hombres capaces de pensar imaginaron a propósito de estas cosas, guiados, como fatalmente tenía que ocurrir, por el antropomorfismo, en un «huevo originali nacido en el océano primitivo del Caos, huevo que constituyó, como se ve en la mayor
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parte de los mitos antiguos, el verdadero principio de la formación del Mundo. En el grandioso cuadro de Rajasthán (India) este huevo, nacido mediante creación espontánea, servía como punto de partida en los ejercicios tántricos de meditación. Y en otras muchas cosmogonías míticas, la base y origen de todo estaba en este Cosmos ovoide, en el cual la luz—«Pues la luz es el principio del principio y fue ella la que puso en movimiento todo lo demás», como decía Plotino—procedía o nacía a su vez de una imprecisa forma de oro. El resto de la materia primordial (el agua y algo como una fuerza o virtud esencial que daba a todo forma) procedía asimismo de él. Cuando con el tiempo aparecieron los dioses, en muchas cosmogonías fueron ellos los encargados de ordenar los desordenados elementos. Y dueña ya la fantasía de los senderos del conocimiento, empezaron a nacer mitos y más mitos, muchos de los cuales consideraban al Sol como promotor de luz, y a la Luna (era lógico que la irada atención de los nombres fuese atraída, ante todo, por los astros que parecían presidirlo todo), como dispensadora de cuanto la noche encierra. Y, consiguientemente, a Luna, Sol y astros, como fuentes de la vida, es decir, de la concepción y de la fecundación. En dibujos ejecutados por los primeros aborígenes australianos se ve a la Diosa-Madre fecundada por la luz de la estrella de la mañana. Demostrando una vez más la importancia del antropomorfismo, es decir, la tendencia natural de los inventores de lo divino a imaginar a los dioses, si bien superiores en t a m a ñ o y poderes mágicos a los hombres, semejantes a ellos, vemos aparecer por todas partes como manifestación de lo «femenino» (no se olvide que el «matriarcado» constituyó seguramente la primera forma de organización social), que procrea, crea, conserva y vuelve a la nada, a la Madre original como creadora de vida, generadora de seres y, por consiguiente, de personajes incluso divinos, es decir, madre de Dioses. Piénsese en la Gaía griega; en el bronce de las tribus Konde, de la India, que las representan llenas de solicitud hacia sus hijos, o en la Coatlicue, imagen divina de su ambivalencia.
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Por todas partes, ora materna], ora aterradora, vestida con una piel de serpiente, dominadora y con toda clase de formas y nombres (Jaeschi, Devi, Rahda, Maya, K a l i , Durga), representada de las más diversas formas, han llegado hasta nosotros sus imágenes en piedra, mármol, bronce o arcilla, y sus numerosos mitos... Pero sigamos. En Egipto, cuando la barca del Sol ponía la proa hacia la montaña de Occidente, lo hacía por el sendero de la noche, que va hacia Oriente en busca de la luz del día. En Grecia, Helios, el dios solar, montado en su carro tirado por caballos alados, hacía desaparecer a las estrellas en las olas del mar cuando traía la luz. Para los aztecas de México, el autor de la Creación fue un dios hermafrodita, Ometécutli, que gracias a su potencia macho-hembra dio origen a cuanto bullía en el Mundo. La idea de que la Creación procedía de un dios bisexual, idea que con el tiempo pasó a la Kabbala judía, estuvo bastante extendida. Un mito hindú atribuye la Creación y la vida en la Tierra a Purusha, divinidad de esta clase, es decir, bisexual, que empezó por dividirse en dos partes (macho y hembra), que al instante, como la pareja bíblica, Adán y Eva, se abrazaron. De su unión nacieron los primeros seres vivos, entre ellos los hombres. Añade ,que la parte hembra de Purusha, víctima del sufrimiento y de la vergüenza, trató de desaparecer. Pero cuanto consiguió fue transformarse en vaca. E inmediatamente, la parte macho en toro, que cubriendo a la vaca dieron origen al ganado. Y en nuevas uniones a todos los demás animales. En la India, gran cantera de filosofías y de religiones, es decir, de mitos, los cuatro que hablan de la Creación del Mundo aseguran que en el Caos sombrío del agua primordial apareció (como primer elemento del cual, al dividirse en varias partes, empezaría la verdadera Creación) el huevo, asimismo primordial, de Brahma. Jorge Smith descubrió en Babilonia, en la primera biblioteca de que se tiene noticia (la del rey asirio Asurbanipal, cuyos libros eran una serie de tabletas de arcilla escritas en caracteres cuneiformes), el mito de la Creación en este país, mito que
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refiere lo siguiente: que fue obra o resultado de un fenomenal combate acaecido entre dos divinidades poderosas: Tiamat, especie de dragón hembra terribilísimo, y Marduk, dios solar, divinidad macho, demiurgo poderoso, batallador infatigable y esencialmente dinámico. Marduk, incapaz de itir competencias, se dispuso a acabar con Tiamat y fue contra ella. Esta, al verle llegar refulgente y espantoso aguantó sin miedo. No así sus once ayudantes, que escaparon aterrados. Tras un combátete terrible, Marduk consiguió envolver a su enemiga en su malla de rayos luminosos y luego la atravesó a flechazos. Al punto la partió en dos como si fuese una platija y con su moteada espalda hizo el Cielo, y con su vientre la Tierra, con sus mares y océanos. Luego creó a la Humanidad. En las tabletas se lee que dijo a las demás divinidades mientras actuaba: «Con la sangre produciré los huesos y formaré a los hombres para que habiten la Tierra y sean nuestros esclavos.» Otros fragmentos encontrados en Sumer cuentan, encerrando un atisbo de pensamiento filosófico, que puesto que somos esclavos de los dioses, por qué no nos han dotado, con objeto de aprovecharnos mejor, de m á s salud, vigor y mayor longevidad. El notable sumeriólogo Noah Kramer ha conseguido reconstituir un rito sumerio que justifica, por decirlo así, lo anterior, al comprobar que al principio hasta los propios dioses estaban obligados a cultivar la tierra y ganar el pan con el sudor de su frente. Naturalmente, Marduk les sacó de apuros creando a los hombres para que lo hicieran en su lugar. Lo malo fue que estos esclavos aprendieron tan bien la lección, que parte de ellos, los más avisados, diciéndose representantes en la Tierra de Marduk y demás dioses, consiguieron hacérselo creer a los demás y que fuesen los incautos los que trabajasen mientras ellos vivían sin realizar otra cosa que hacer subir hasta las divinidades el humo de los sacrificios que les ofrecían con lo exigido a los que bregaban, mientras ellos se regalaban con la carne bien asada. Otra leyenda refiere que Enkí, dios de las aguas frescas, al oír a su madre Nammú, diosa de las aguas profun-
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das, lamentarse de la penosa labor impuesta a los dioses al tener que ganar el pan que se llevaban a la boca, propuso a los demás dioses crear una raza de peleles para que les librasen de tan rudo esfuerzo. Y, en efecto, con barro procedente de la región intermedia entre la tierra y las aguas profundas fabricaron a la raza humana. Luego, para celebrarlo, se reunieron en un banquete, durante el cual abusaron de tal modo de la cerveza, que acabaron por no saber lo que hacían. Niumah, mujer de Enki, más ebria que ninguno, aseguró que jugando engendraría a cuantos humanos se la antojasen. E n k i le respondió que si era capaz de ello él acogería a cuantos formase. Entonces Niumah hizo a un eunuco, a una mujer estéril y a otras cuantas criaturas tullidas, baldadas y enfermas. Enki, tras emplearlas como pudo, propuso a su mujer empezar el juego al revés: él crearía y ella emplearía a lo creado por él. Niumah aceptó y Enki produjo un viejo tan viejo que incapaz fue, a causa de no tener dientes, de comerse un pedazo de pan que le ofreció Niumah. Al no saber qué hacer con él, la Creación acabó en medio de un tremendo escándalo. Lo que prueba que ni aun contando con la fantasía era siempre fácil resolver el problema de la Creación. Lo que, claro, no impidió que cada civilización inventase una. Así, los fenicios también tuvieron su relato de la Creación. El que la imaginó o, por lo menos, la completó y dio forma se llamaba Sanchoniatón, que vivió m i l años antes de nuestra era. Ha llegado a nosotros gracias a Filón de Biblos. He aquí este relato: En un principio era el Caos hundido en las tinieblas y batido por los vientos. Estos, envolviéndole sin orden ni concierto, acabaron por formar una especie de nido de amor. Una armonía muy poco armonía, cuyo lazo m á s poderoso era el Deseo. Hasta que al fin quedó materializado en un limo fluido al aparecer la palabra Moth, con que fue denominado. Pues era creencia muy antigua que las palabras eran antes que los seres. Es decir, que poseían una existencia ideal y que eran ellas las que creaban a los seres al aplicarse a ellos con objeto de denominarles nombrándoles. Con lo que les daban vida. Nacido
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Moth, en su seno y nutriéndole con limo apareció la vida en forma de criaturas simples desprovistas todavía de conciencia. Estas engendraron, a su vez, a otras más complejas (atisbo sorprendente de evolución): los contempladores de los cielos, los cuales «vieron» ya (con los ojos de la fantasía) a Moth en forma de un huevo brillante en donde refulgían el Sol, la Luna, las estrellas y los planetas. El Popol-Vuh, descubierto el año 1830, nos ha permitido saber cómo imaginaban la Creación los mayas. En un principio, Hurakán, cuyo nombre quiere decir «Corazón del Cielo», franqueó el mundo de las aguas hundido, a la sazón, en las tinieblas. Hizo aparecer a la Tierra llamándola por su nombre. Tras ello, Hurakán y los otros dioses decidieron crear a los animales. Y creados, hicieron lo mismo con los hombres, a los que moldearon con madera, a la cual dieron seguidamente vida. Pero como se mostrasen irreverentes con sus creadores y crueles con los animales, Hurakán decidió destruirles, lo que realizó mediante una terrible marejada seguida de un diluvio. Hizo, además, que el pájaro Xecotcovach les arrancase los ojos; que su cabeza fuese arrebatada por otro pájaro, por Camulatz, y sus huesos y músculos por un tercero, llamado Tucumbalam. Luego procedió a un nuevo ensayo. Formó una pasta con maíz rojo y blanco y valiéndose de ella modeló cuatro hombres, a los que llamó: IgiBalam o Tigre de la Luna, Mahacutah o Nombre Distinguido, Balam-Agab o Tigre de la Noche y Balam-Quitza o Tigre-sonriendo-con-dulzura. Luego sopló una nube sobre sus ojos con objeto de privarles de una parte de su clarividencia para que no se pareciesen demasiado a los dioses. Finalmente, los durmió y mientras lo hacían creó a sus mujeres respectivas: Cakisa o AguaBrillante, Tezuniha o Casa-del Agua, Choina o Agua-Hermosa y Caha-Pahema o Agua-Cayente. De estas ocho criaturas nacieron los quiches o mayas. Leo Frobenius y Douglas Fox, en su libro African Genesis, han dado el relato que un hechicero de tribu llamado Wahungwe Makoni les hizo de la Creación. Según él, Dios creó al hombre y le llamó Mwuehi, que quiere decir «La
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Luna». Le dio un cuerno mágico lleno de aceite de ngona y luego le instaló en el fondo de un lago. Al cabo de cierto tiempo, Mwuehi dijo a Dios que quería subir a la Tierra para habitar en ella. Dios le dijo que la empresa era peligrosa, pero Mwuehi insistió y Dios le complació. Pero como en la Tierra no había aún ni vegetación, Mwuehi tras vagar mucho tiempo le dijo a Dios que ya estaba harto, que le sacase de allí. Pero Dios le dijo: «Has partido para un viaje al cabo del cual la muerte te espera. Mas para aliviarte el camino te voy a dar una compañera de tu especie.» Y al instante apareció una mujer joven, Masasi, «La Estrella de la Mañana». Naturalmente, Masasi no tardó en dar frutos. Los primeros, las zarzas y los árboles. Alimentándose con lo que éstos producían fueron felices durante dos años. Pero un día, Dios escondió a Masasi en el fondo del lago y Mwuehi al verse solo le imploró. Entonces Dios puso junto a él a Morongo, «La Estrella de la Tarde». Al siguiente día, la nueva esposa trajo al Mundo pollos, ovejas y cabras. Al segundo, antílopes y caza. Al tercero, muchachos y muchachas. Al llegar la cuarta noche, Dios mediante truenos y relámpagos les manifestó que no siguieran procreando. Pero Morongo dijo a Mwuehi que cerrase la entrada de la caverna, que era su alcoba, con una piedra grande para que nadie viese lo que hacían. A la mañana siguiente parió leones, leopardos, escorpiones y serpientes. Tras esto, ya el desorden: Mwuehi se unió con sus hijas y Morongo con la serpiente, último animal que había parido. Mwuehi, rey ya de toda la tropa, deseando siempre a Morongo, se metió en el antro en que ésta se acostaba con la gran serpiente, que le mordió con fuerza en una cadera. Mwuehi no murió, pero sí enfermó gravemente. Y como a causa de ello dejase de llover y los males aumentasen, los perjudicados consultaron con Dios, que les dijo: «Mwuehi, vuestro rey enfermo, no tiene cura. Echadle al lago.» Entonces le estrangularon y eligieron otro. Los indios primitivos del sur de California estaban convencidos de que descendían de ciertos animales. Uno de sus jefes decía a un misionero: «Los primeros de nuestra
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raza eran en realidad coyotes/ Cuando morían, de su cuerpo salían toda clase de espíritus, la mayor parte de los cuales se tornaban conejos, antílopes y cuantos animales servían de presa a los coyotes. Pero algunos escapaban volando hacia la Luna. Para evitarlo, los coyotes empezaron a enterrar a sus muertos. Lo que engendró entre ellos extrañas costumbres: empezaron por sentarse sobre sus patas traseras, sus hermosas colas se les fueron estropeando poco a poco y, finalmente, acabaron por andar de pie. Tras ello sus patas delanteras acabaron por tornarse manos y sus hocicos puntiagudos se fueron aplastando hasta acabar por hacerse humanos.» Los cortadores de cabezas de Borneo aseguran que la Humanidad ha brotado de una roca nacida en medio del mar. La roca dio un bostezo enorme y el primer hombre y la primera mujer salieron de la mano. La mujer se llamaba Nunsumnundok. Su marido, Kinharingán. «¿Cómo andar?—preguntó éste—. No hay tierra.» Ella dijo que tal vez pudieran caminar sobre el agua, y para ensayar se dejaron caer deslizándose por la roca. Al darse cuenta de que el agua soportaba su peso volvieron a subir a la roca y se pusieron a reflexionar. Tras hacerlo durante mucho tiempo preguntándose qué dirección tomar, al fin partieron llevándoles sus pasos a la morada de Bisajit, divinidad asociada a la enfermedad y a la muerte, que les ofreció un p u ñ a d o de polvo. De vuelta a la Roca-Madre echaron el polvo sobre un pedazo de ésta y de su mezcla resultó la Tierra. Kinharingán y Nunsumnundok tuvieron un hijo y una hija. Mataron a ésta y la enterraron. De los huesos y de los brazos de la muerta salió la caña de azúcar, y de sus dedos, bananas. El primer cocotero enraizó en sus ojos y en las ventanas de su nariz. Además, toda clase de seres vivientes surgieron de aquel primer sacrificio humano. En un mito azteca se hace remontar la creación del Mundo a los amores del dios Citlaltonac y de la diosa Citlalticua. Esta parió un cuchillo de sílex, que se apresuró a tirar tan lejos como pudo. Pero siguió pariendo hijos de sílex luminosos como chispas, que descendieron a los in-
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fiemos y sustrajeron un hueso al dios de las tinieblas. Luego le untaron con sangre suya y le metieron en una copa de luz azulada. De esta copa salieron un muchacho y una muchacha, así como dos divinidades, que se inflamaron espontáneamente convirtiéndose en el Sol y en la Luna. El primitivo mito griego de la Creación empieza diciendo que lo primero fue el Caos. De él nació Gaia, la Tierra-Madre, que, a su vez, produjo a Ouranos, el Cielo-Padre. Este, al ver bajo él a su madre, enternecido, la envió, además de los beneficiosos rayos solares, agua a favor de lluvias no menos benéficas, y con ello nacieron las plantas más los animales de todas clases. Llegando su potencia creadora a todas partes, hizo que en las cavernas nacieran los gigantescos Titanes y los Cíclopes, a los que Ouranos, temiéndoles y a causa de ello odiándoles, encerró en el Tártaro. Gaia, madre al fin, les incitó a sublevarse contra su padre. Cronos, el más joven de los titanes, castró a Ouranos valiéndose de una hoz de sílex. De la sangre que empezó a fluir salieron las implacables Erinias. Al lanzar Cronos los testículos de su padre al mar, de la espuma que produjeron al chocar con el agua nació Afrodite, la diosa del Amor. Ouranos se retiró a los confines del Universo. Sus ojos son las estrellas. Y desde allí predijo a Cronos que él sería, a su vez, destronado por uno de sus hijos. Para evitarlo, Cronos empezó a tragárselos a medida que nacían. Tal les ocurrió a Hestia, Demeter, Hera, Haides y Poseidón. Hasta que Rhea, su mujer, al ir a parir a Zeus, ofreció a su marido una peña envuelta en unos pañales ensangrentados. Luego crió en secreto a Zeus, que una vez adulto obligó a Cronos a vomitar a sus hermanos, le destronó y tras vencer y fulminar a los Titanes con el rayo y repartir la Tierra con Haides y Poseidón, siguió triunfando como primero de los dioses. Pero todo esto es bien conocido por ser la tradición corriente de la mitología griega. Para detalles, así como de las demás mitologías principales, véase mi Mitología Universal. Pero digo más corriente porque otro mito de la Creación, más abstracto y filosófico, cuenta que de la Noche
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de negras olas surgió el Caos, que empezando a danzar por encima de las agitadas profundidades produjo una bruma con forma de serpiente; serpiente que la Noche enlazó y calentó con sus manos. El Viento, animado a su vez, se levantó en torno a ella y se puso igualmente a danzar. Entonces la Noche, tomando la forma de una paloma, se anidó sobre las olas y puso un huevo de plata: el Huevo del Mundo, en torno al cual se enrolló la serpiente Ofión al punto. Cumplido el plazo, el huevo se partió en dos: la parte inferior constituyó la Tierra con cuanto hay en ella, la superior el Cielo con cuanto en él luce. Este mito fue el aceptado por el Orfismo panteísta a finales de la época clásica. Según los órficos, que, por supuesto, arreglaron el mito que aceptaba, a su modo, la primera criatura salida del Huevo del Mundo fue Eros o Fanés, el Dios del Amor, ser andrógino dotado de alas de oro que contenía en él «el germen de todas las cosas». Un comentario hostil describía a Fanés como una serpiente con cabeza de toro y de león flanqueando a otra de hombre. Otros le atribuyen una testa de carnero. El dios rugiendo, mugiendo, balando, silbando y cantando dio nacimiento a las criaturas. Más exactamente: Produjo la Naturaleza toda mediante simples vibraciones sonoras. Y ahora volvamos al Antiguo Testamento. He dicho todo lo anterior, quizá me he extendido demasiado, pero tenía interés en demostrar, por breve que sea en realidad lo enumerado, que de cien partes del enorme tinglado religioso universal, noventa y nueve muy largas son pura mitología. Pues bien, vamos a ver que lo mismo ocurre o casi en cuanto contiene la Biblia. La famosa Biblia, cuya lectura tanto se aconseja. Empecemos por el Antiguo Testamento, plagado de mitos, no obstante su carácter divino y revelado. Y de tales atrocidades, que en vez de aconsejar su lectura, lo lógico parece que fuese prohibida. Vamos, como muestra, con la propia figura de Yahvé, que en Exodo, X X X I V , los levitas, autores de la aventura (el tremendo mito de la nueva subida de Moisés al Sinaí, llamado por su Dios para que haga otras Tablas de la Ley), le hi-
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cieron proclamarse a sí mismo envidioso. Esta palabra se suele traducir por celoso; pero sobre que en español celo y envidia son sinónimos muchas veces, el texto demuestra que Yahvé, envidioso de los otros dioses, dice a Moisés: «Derribad sus altares, romped sus cipos y destrozad sus aseras. No adores otro Dios que a mí, porque Yahvé se llama (entiéndase es) envidioso, es un Dios envidioso.» Y, además, avaricioso, como demuestra al punto diciendo: «Todo primogénito es mío. Y todo primogénito macho de los bueyes y de las ovejas, mío es... Y no te presentarás ante mí (nunca) con las manos vacías... Y llevarás a la casa de Yahvé, tu Dios, las primicias de los frutos de tu suelo.» Y ahora una gran verdad: «Estuvo Moisés allí (en la cumbre del Sinaí) cuarenta días y cuarenta noches sin comer ni beber, y escribió Yahvé en las tablas los diez Mandamientos de la Ley.» Nada m á s . Pero veamos a este Dios tan amigo de los buenos ayunadores, a este «Yahvé de los ejércitos», como después le llamarían los profetas, no paseándose a la sombra de los árboles del Paraíso terrenal, como nos enseña el Génesis en III, 8: «Yahvé Dios se paseaba por el jardin al fresco del día» o haciendo que algún patriarca le llenase la divina panza. Es decir, al contrario que él, que hacía ayunar a sus invitados. Cuando, a su vez, se invitaba no era para hacer lo mismo: En Génesis, X V I I I , le vemos engullir en unión de Abraham pan recién hecho, carnero «muy tierno y muy gordo», más leche cuajada, es decir, queso, sin contar otra recién ordeñada. Pasemos estas familiaridades, aunque nos llena de orgullo conocer ciertas intimidades celestiales, y vengamos al Dios guerrero y con sentimientos de Atila. Es decir, bárbaro, cruel, implacable, empezando por Deuteronomio, III, 22, donde se lee: «...Pues el Eterno, vuestro Dios, combatirá él mismo con vosotros.» Y luego en V I I , 16: «Devorarás todos los pueblos que el Eterno, tu Dios, te entregará; no llevarás hacia ellos ni una mirada de piedad.» Y en X X , 13-17: «Y luego que el Eterno, tu Dios, la haya puesto entre tus manos (la ciudad sitiada) harás pasar a todos los machos al filo de la espada. Pero tomarás para ti las mujeres, los
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niños y el ganado; todo cuanto haya en la ciudad, todo su botín, y te comerás los despojos de tus enemigos, que el Eterno, tu Dios, te h a b r á entregado. Y del mismo modo obrarás en todas las ciudades que están muy alejadas de ti y que no forman parte de las ciudades de estas naciones de aquí. Pero en las ciudades de estos pueblos de las cuales tu Dios te ha dado el país como herencia, no dejarás con vida a nada de cuanto respira, pues sacrificarás a estos pueblos...» Y en Números, X X X I , 15-18: «¿Por qué habéis dejado la vida a las mujeres?... Matad de los niños a todo varón, y de las mujeres a todas cuantas hayan conocido lecho de varón; las que no han conocido lecho de varón, reserváoslas.» En Josué, V I , 20-27, tras el cuentecito del hundimiento de las murallas de Jericó al solo son de las trompetas: «Se apoderaron de la ciudad y pasaron al filo de la espada a todos cuantos estaban en ella, hombres y mujeres, niños y viejos, hasta los bueyes, las ovejas y los asnos... Quemaron la ciudad y todo cuanto en ella había, poniendo tan sólo de ella a salvo, para el tesoro de la casa del Eterno, la plata, el oro y todos los objetos de bronce y de hierro. Y el Eterno fue con Josué, cuya fama se extendió por todo el país.» Y en Josué, X I , 6, 9, y 14, 15, asimismo: «Cortarás los corvejones a sus caballos. Josué los t r a t ó como el Eterno le había ordenado: cortó los corvejones a sus caballos... Se golpeó con el filo de la espada y se sacrificó mediante interdicto a todos cuantos allí se encontraban, y no quedó nada de cuanto respiraba, y Hatsor fue incendiada... Los hijos de Israel guardaron para ellos el botín de estas ciudades y el ganado; pero pasaron por el filo de la espada a todos los hombres hasta que hubieron destruido sin dejar nada de cuanto respiraba. Josué ejecutó las órdenes que el Eterno había dado a Moisés, su servidor, y Moisés a Josué, y no descuidó nada de cuanto el Eterno había ordenado a Moisés.» A Yahvé nada le agradaba tanto como el olor de los sacrificios. La expresión: «Olor agradable al Eterno» se repite m á s de treinta veces en el Antiguo Testamento. Y a causa de ello, como es natural, que sus favoritos
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(Moisés, Josué, David, Salomón y los profetas) diesen pruebas, como puede leerse en el Libro de los libros, de una ferocidad increíble, ora por agradar a su Dios, ora obrando por orden suya y con objeto de merecer sus favores. Así, por ejemplo, vemos a Moisés transformar los altares de los lugares santos en mataderos: «Es en el lugar donde se degüella el holocausto, donde será degollada delante del Eterno la víctima destinada al sacrificio expiatorio: Cosa, por cierto, muy santa» (Levítico, V I , 18). Además, el incomparable Yahvé era aficionado a cierta clase de botín. Por ejemplo, las joyas. Josué lo sabía y a causa de ello ordenaba antes de empezar una batalla: «Toda la plata, todo el oro y todos los objetos de bronce y de hierro serán consagrados al Eterno» (Josué, V I , 19). Por supuesto, el «Yahvé de los ejércitos» vigilaba él mismo muy de cerca el botín que le correspondía. Un día se dio cuenta de que un soldado llamado Acán o Achán escondía una parte de lo ganado como botín, y al punto reveló a Josué quién era el culpable. Josué le hizo lapidar y luego quemar su cadáver, en unión de sus hijos, sus hijas, su ganado y todo cuanto le pertenecía. Tras lo cual, «el Eterno volvió de la cólera a la calma». Tras esto, ¿extrañará que otros bienamados de Yahvé realicen las vergonzosas y criminales acciones que realizan? ¿O que Josué llevase a cabo todas las bestialidades que se mencionan a propósito de él, además de las citadas, tales como matar a todos los reyes prisioneros, y a su ejemplo, luego Saúl hacer pedazos al rey Agag (prisionero asimismo y sin defensa) ante el Eterno? ¿Puede sorprender que tras él, David dé pruebas igualmente de una crueldad y una bestialidad sin límites cuando por hacer méritos y merecer ser yerno del rey anterior (Saúl) matase a doscientos filisteos, cortase a todos el prepucio y se los ofreciese a aquel de quien esperaba, que, por cierto, se contentaba con ciento? Asimismo, cortaba los corvejones a todos los caballos de los pueblos que conquistaba. En fin, citaré para acabar la enumeración de tanta bestialidad, la que se lee en // Samuel, X I I , 29, 31: «David reunió al pueblo y marchó contra Raba, la atacó
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y se apoderó de ella. Quitó la corona de Milcom de sobre su cabeza, que pesaba un talento de oro. Tenía una piedra preciosa y fue puesta en la cabeza de David, que tomó de la ciudad muy gran botín. A los habitantes los sacó de la ciudad y los puso sobre sierras, sobre rastrillos de hierro, sobre hachas, o los metió en molinos y en hornos para cocer ladrillos. Y lo mismo hizo en todas las ciudades de los hijos de Ammón.» No obstante sus crueldades y sus crímenes, el Dios de Israel le amaba tanto que le prometió: «Tu casa y tu reino serán asegurados para siempre, tu trono para siempre afianzado» (II Samuel, V I I , 16). Tras todo lo anterior, y mucho más se podría citar, ¿extrañará que Marción considerase al Dios del Antiguo Testamento como un demiurgo infinitamente malvado? Más, sin duda, que los jefes espirituales del naciente Cristianismo le declarasen hereje y aceptasen como el mejor de los libros, por cuanto divino y revelado, el Antiguo Testamento. Mucho más (todo el que tenga unos átomos de buen sentido) que aún se siga aconsejando su lectura. Y que de rodillas, como se hacía hasta ahora, o de pie, como ha empezado a hacerse, todo hombre que inicia su dedicación a un cargo que se estima importante jure con la diestra puesta sobre la Biblia (y ante un crucifijo) cuanto hay que jurar. (479) Entre los mitos relativos al fin del Mundo, el del Diluvio es de los más frecuentes en muchas mitologías. Hay unos ochenta conocidos. Otras veces, el fin buscado se produce mediante un terremoto, un incendio, la caída de montañas, una gran epidemia o cualquier catástrofe que se juzgó apropiada para tal fin. En realidad no se trataba de destruir el Mundo, es decir, a los que le habitaban, pues de ser así todo hubiese acabado y entonces, ¿cómo seguir fantaseando?, sino de una raza o de un período de la historia seguido de la aparición de otro. La destrucción del Mundo (pralaya) era ya contada en los Veda, y la de un incendio universal (Ragnarok o Götterdämmerung) seguida de una creación nueva, en la mitología germana, entre otras. Budismo y Jainismo conocían también los mitos de
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creación y destrucción. Según ellos, el Cielo acabaría mediante una disolución, una pralaya. Según el Mahabarata y los Puranas, el horizonte se ensombrecería y siete o doce soles aparecerían en el cielo y secarían los mares y abrasarían la tierra. El Samvartaka o incendio cósmico destruiría el Universo. Luego caerían lluvias torrenciales durante doce i año sumergiendo la Tierra y destruyendo a la Humanidad (Parana de Vishnú, 24, 25). Sentado sobre la serpiente cósmica, en la superficie del Océano, sobre la enorme y poderosa Shaesha, Vishnú se hundía en el sueño yógico (Parana de Vishnú, V I , 4). Luego todo empezaba de nuevo. Y así ad infinitum. En Grecia, las mismas ideas, sólo que expresadas de modo diferente en Los trabajos y los días, de Hesiodos, y en el Timaios, de Platón. Una obra perdida de Aristóteles, la Protreptica, hablaba, por lo visto, de dos catástrofes que ocurrían en los dos solsticios: incendios en verano y diluvios en invierno. Estas imágenes apocalípticas se hallan también en la escatología judeo-cristiana, sólo que en ellas el fin no ocurrirá sino una sola vez, tras un juicio luego de la conocida «resurrección de la carne». Y tras ella, «la vida perdurable» con que terminaba el Credo del Catecismo del Padre Ripalda que nos hacían aprender cuando yo era niño. La vida eterna, en el Cielo, para los buenos, y en el Infierno, para los malos. Amén. En cuanto a la leyenda de la Torre de Babel (Génesis, X I , 1-9), lo primero que hay que decir es que este mito fue uno de los motivos favoritos del arte cristiano durante mucho tiempo (recuérdese el cuadro de Breugel el Antiguo). Según la tradición bíblica, la construcción de esta Torre representaba la pretensión de los hombres de escalar el Cielo, desafiando al hacerlo el poder de sus moradores, allí Yahvé y sus ángeles fieles. Algo semejante (la imaginación, por alas que tenga, acaba en todas partes por discurrir por las mismas vías) a la lucha de Titanes y Cíclopes contra los dioses, Zeus y su cuadrilla de hermanos, en Grecia. Asimismo en la Biblia, en este verídico libro, como no podía menos de ocurrir, aparecieron los «gigantes», fruto de la unión de los hijos del Cielo con las hijas
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de la Tierra. Pero la fantasía de los levitas fue aquí parca. No siguió adelante. En todo caso, tampoco la Torre de Babel es una novedad, pues la historia de la civilización de numerosos pueblos nos habla de construcción de torres, pirámides y monumentos sagrados, cuya rnás antigua inspiración hay que buscarla en los montes sagrados inventados para fijar en ellos las moradas de los dioses o que sean objeto de acontecimientos mitológicos importantísimos, como, por ejemplo, el batimiento del mar de leche efectuado gracias al monte Merú, en la India. (Véase mi Mitología Universal.) Otros montes que se hicieron famosos fueron el Olimpo griego; el Sinaí, donde Yahvé si estaba de buenas recibía a Moisés, y si de malas se desahogaba tronando y lanzando rayos y centellas, y el Hermón o Sión, por no citar sino los más conocidos. Sobre todos ellos hay leyendas, por lo general, sumamente pintorescas. Repito que las llamadas «religiones» no son, como se va viendo, sino pura mitología. Una colección de fábulas y leyendas. No hay que olvidar tampoco, en la misma línea de ideas, las pirámides egipcias, montañas sagradas destinadas a servir de enterramiento a dioses, puesto que los faraones como tales eran considerados, y los templos escalonados mexicanos, variedad de pirámides con escalones, especies de torres de Babel de aquel continente. Muy extendidas, por cierto, como demuestran sus restos, entre los mayas y los mencionados aztecas. El templo escalonado de K u kulkán (nombre maya de Quetzalcoshi), en Chichen Itza, pasaba por el centro geográfico del Mundo, como Delfos en Grecia. Obsérvese, una vez más, la semejanza de leyendas por todas partes. Todos estos templos-babeles tenían un doble fin: ser a modo de centros sagrados del Mundo y al mismo tiempo plataformas santas destinadas a las grandes teofanías. Posteriormente, en Asia Menor y en Asia Septentrional, grandes construcciones, pero éstas reales, no como la Babel del Génesis, que no pasa de una leyenda, fueron hechas en diversos lugares con fines astrológicos. Algo semejante se podría decir del Jardín o Paraíso, que el Yahvé bíblico hizo no sólo para pasearse y tomar el
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fresco en él, sino para colocar a la primera pareja. Al macho de la cual, por cierto, fabricó en un momento que se le antojó dedicarse a la alfarería, cosa que también hicieron otros muchos dioses no menos «reales» que él, en otras muchas mitologías. Antes y después del Jardín o Paraíso bíblico hubo otros asimismo destinados a que en ellos fuesen felices los hombres. En aquellos tiempos afortunados, en que aún el sufrimiento y el dolor no habían hecho todavía su aparición. El tiempo de las edades de oro en Grecia y la India, de los «Emperadores amarillos» de China, de los Edenes de Irán y Babilonia, la Walhalla nórdica, el Iarú egipcio y los paraísos azteca y mahometano. Sin olvidar la Jerusalén celeste del Apocalipsis y el Súkhavati o «Paraíso Occidental» búdico en que el Buda Amida deja transcurrir el tiempo en la magnificencia inmóvil absoluta de su vida eterna. En oposición a los Paraísos, la imaginación dispuesta en todas partes a crear mitos y más mitos, ideó los abismos infernales destinados a contrabalancear y enturbiar la soñada primitiva felicidad. Siendo en ello, por supuesto, esta imaginación muchísimo más fecunda aún. (Véase la nota 455 de mi Mitología Universal.) (480) En un principio, cosmogonías y teogonias no se diferenciaban en realidad o, por lo menos, no bien. Cierto que algunas cosmogonías empiezan suponiendo un Caos primordial, que luego los dioses ordenaron, o un huevo cósmico cuya división resultó una verdadera creación. Pero como inmediatamente los dioses entraban en acción, positivamente no hay diferencia, como digo, entre ambos conceptos, en los tiempos remotos. De todas maneras, como el n ú m e r o de mitos a propósito de la Creación es tan grande, para poder estudiarlos mejor se los ha dividido en cuatro grupos, los siguientes: 1.° Creación ex nihilo, o sea, empezando por imaginar un Dios capaz de producir el Universo porque tal le place, para lo cual se empieza atribuyéndolo el todo poder, y cuanto ha habido, hay y habrá nace por obra de su voluntad con sólo él quererlo. Los ejemplos m á s conocidos de tal Creador y de tal Crea-
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ción son el dios egipcio Ptah, el Yahvé bíblico, el polinesio lo y el Creador de la Tierra de los indios winebago. 2." Creación partiendo de un poco de tierra sacada de las aguas por animales acuáticos o anfibios o por un dios mismo buceando; tierra de la que nace el Mundo entero. Este mito es muy popular en ciertas partes de Asia y América del Norte, en Rusia y en el folklore del Este de Europa. 3." Creación por división de una unidad primordial, de la que hay tres versiones o variedades: a) separación del Cielo y de la Tierra: ejemplo, la Creación polinesia, que empieza con un abrazo amoroso, que duró m á s de un millón de años, entre Rangi, el Cielo-Padre, y Papa, la Tierra-Madre; abrazo del que salieron, o por mejor decir, salió todo, hasta las divinidades. Este mito cuenta que tras el nacimiento de éstas, como todavía no había sido creada la luz, se produjo un tumulto espantoso, siendo los campeones en gritar y alborotar Tumatenanga, padre de los seres humanos; TanaMahuta, padre de los bosques; Rongo-Matane, padre de los alimentos cultivados; Tangaroa, padre de los peces y de los reptiles, y Haumia-Tikitiki, padre de los alimentos salvajes. Y sólo cuando Tana-Mahuta, dejando de discutir, se le ocurrió separar a la pareja primitiva, al hacerlo surgió la luz y con ella la calma. Este mito de la «separación», que todavía se conserva en Polinesia, en la antigüedad estaba muy extendido en Egipto, Mesopotamia, Grecia y Asia Oriental, b) En las cosmogonías japonesas y órficas, en la forma de separación de una masa amorfa original: el Caos, icj La partición de un huevo cósmico en dos, tema de la India, Indonesia, Irán, Fenicia, Finlandia y América Central y del Sur. 4." Creación por desmembramiento o despedazamiento de un Ser primitivo o primordial que se sacrificaba voluntariamente, como el Y m i r de la mitología nórdica, Purusha en los Veda y Pan-ku en China. El mito nórdico ha sobrevivido en un poema islandés: el Volupsa o Profecía de la Sibila, que habla de un abismo, Ginnungagap, cuyas espumeantes olas se agitaban entre dos torbellinos gemelos de hielo y de fuego, por encima de los que se levantaba la bruma, que acabó por cristalizar
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en una vaca cósmica, Audhumia, que al lamer el acantilado de hielo con su cálida lengua liberó a tres dioses que, por lo visto, había allí congelados: Odín y otros dos no bien identificados. Entretanto, un gigante enorme, Ymir, surgiendo de la bruma empezó a beber leche de la vaca y con ello a crecer y crecer m á s aún. Naturalmente, los tres dioses juzgaron que convenía desembarazarse de él, y decidido, Odín le hundió su lanza en el corazón. La sangre empezó a salir con tal fuerza, que arrastró a los demás gigantes y los precipitó en una especie de lago oscuro, el Johinheim, donde se ahogaron todos menos dos. Los huesos de Y m i r constituyeron el asiento rocoso de los continentes. Su carne, la tierra. Sus cabellos, la vegetación. Su sangre formó los ríos y los mares. Para iluminar todo los tres hermanos divinos encendieron una hoguera, cuyas chispas fueron las estrellas; de sus llamas amarillas nació el Sol, y de las blancas, la Luna. Pero dos gigantes que habían sobrevivido a la matanza que acabó con los demás, Belgermir y su mujer, lanzaron contra el Sol y la Luna dos rapidísimos lobos, que, sobre todo a ésta, les arrancaban pedazos. Pero luego les volvían a nacer. Nosotros, los humanos, somos juguetes creados al principio por una raza de trasgos o duendecillos surgidos de las articulaciones de Y m i r . Una vez modelados, los dioses nos insuflaron la vida, el alma y la palabra. De Purusha ya me he ocupado hablando de los dioses hermafroditas. Pero los Veda ofrecen varios relatos de la Creación. Según ellos, el Espíritu o el Dios original es el príncipe del Mundo, mientras que sus diversas emanaciones son las edades védicas. El creador más ilustre, no obstante, es Brahma, símbolo del Cosmos, representado siempre con cuatro caras (como se ve, por ejemplo, en una escultura khamer de Camboya), y que además posee la ubicuidad. Sus miradas penetran y ordenan al hacerlo los cuatro puntos cardinales. En cuanto a Pan-ku, este dios aparece en el arte chino apenas vestido con unas hojas o con una piel de oso. Tiene, como Moisés, dos pequeños cuernos en la frente. Y un mar19. BELIGIONES. n
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tillo y un cincel, pues es el escultor del Mundo. Sus ayudantes son el Licornio, el Fénix, la Tortuga y el Dragón. El fue quien dio a la Naturaleza y a cuanto existe en ella su aspecto actual. Cuando empezó a trabajar apenas era mayor que un á t o m o de polvo, pero fue creciendo día tras día durante dieciocho m i l años. En este tiempo fabricó cuanto existe con la materia que iba extrayendo de su cuerpo. Al cabo murió para que la Naturaleza pudiera vivir. Más tarde, quien creó a la Humanidad fue Nin-Kua. La cara y los de los hombres los formó a imagen suya, pero no el cuerpo, pues el suyo era el de una serpiente luminosa. En cuanto a Pan-ku, él había nacido del Caos, y su primitiva forma era un huevo que partiéndose en dos dividió al Mundo en dos partes: Y i n (la Tierra) y Yang (el Cielo). Luego, como acabo de decir, sus llegaron a constituir los elementos del Cosmos. El Evangelio atribuido a Juan asegura algo semejante al decir que «al principio era el Verbo», lo que a su vez ya había asegurado el Puraná Markandaya diciendo que en un principio Brahma existía independiente del tiempo y del espacio. El comentador hindú de este prodigio asegura que Ahshara Brahma, es decir, el Brahama manifestado en el Mundo en forma de ideas puras, se concretó, por decirlo así, en el embrión dorado de un sonido, y que el entremezclamiento de sus ondas engendró el agua y el viento, que a su vez, combinándose, tejieron la materia, brumosa en un principio, del Mundo. (481) El Creador en la mitología hindú fue y es, pues los dioses siguen existiendo mientras hay quienes creen en ellos, Vishnú o Vichnú, que generalmente era representado sobre Ananta, la serpiente de los mundos, que le protegía con sus m i l cabezas. Laksmi, encarnación de la Diosa-MadreNaturaleza, está con él. La serpiente es allí un símbolo de la energía cósmica del Universo. Entre Vishnú y ella dividían el Huevo de Oro de Brahma en las aguas primordiales, con lo que empezaba la cosmogonía. Como se ve, las serpientes aparecen con frecuencia en los procesos de Creación. La del Génesis es una de tantas. Otros animales en muchas mitologías eran asociados a los hombres, es decir,
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a los destinos humanos, ora haciéndoles tomar parte activa en la creación del Mundo, ora obligándoles a intervenir como comadrones en el proceso de la vida. Como elementos cosmogónicos, el león, el toro, el carnero, el águila, el halcón y el fénix eran los animales mitológicos solares; el lobo, el perro, la serpiente, la liebre y la rana aparecen con frecuencia en las tradiciones lunares. Asimismo se encargaba a los animales el transmitir los mensajes de la luz y el guiar a las almas de los muertos. Al Sur de los Estados Unidos la Diosa-Madre de las aguas era la rana. Entre los indios del Canadá, la «Gran Liebre» era el principal de los héroes creadores. Y Amón-Ra, el Ser creado en forma de cordero, protegía a su vez a los faraones, y el dios Toth era asimismo entre los egipcios el dios que transmitía la sabiduría y la escritura. Emanado del dios Ptah, era el creador de la Voluntad y del Verbo. También de los indios del Perú se han conservado hanaps precolombinos representando al Perro creador. En cuanto a la paloma, animal emblema del Espíritu Santo cristiano, antes de llegar a esta religión había sido el ave favorita de todas las Afrodites, Atargatis y Venus de las mitologías orientales. (482) Muchas veces el papel de la primera pareja es más importante que cometer un pecado o falta que luego se h a r á pesar contra la m á s elemental justicia y contra el más elemental buen sentido sobre los que nada han tenido que ver con él. En otros mitos la pareja cumple una función importante, pues su conjunción hace posible la creación del Cosmos mediante la dinamización de la mezcla de su polaridad contraria. En China, esta pareja primitiva era representada por Yin-Yang. Y i n encarnaba lo material, la tierra, negra; Yang, lo paternal, lo masculino, el cielo, blanco. Más concretamente, la Creación tanto en China como en el Japón procedía de la unión inseparable de dos contrarios. La pareja generadora allí, Fu-hasi y Nukuan; en el Japón, Izanagi e Izanami, cuya historia constituye en este país el relato mítico de la Creación. El a ñ o 712 de nuestra era, por orden de la emperatriz Gemmei, fue redactado el Libro de las Antigüedades y depositado en el
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templo sintoísta de Nara. Esta compilación, el Kojiki, ofrece el relato fabuloso, pero no por ello menos creído, que los miles y miles de otros que forman por todas partes y formaron en la antigüedad las incontables religiones-mitologías. Este dice que nuestro Mundo fue creado por las dos divinidades gemelas mencionadas, aparecidas sobre el Puente Flotante del Cielo hundido en la gran niebla por encima de la nada. Izanagi hundió en ésta su lanza incrustada de piedras preciosas, y al sacarla cayó de su punta una gota de agua cristalina que se transformó en una isla sobre la que se subieron. Inmediatamente se unieron, y de esta unión nació una sanguijuela. Lo hicieron de nuevo y esta vez el resultado fue una isla de espuma. En la tercera unión tuvieron más suerte: el resultado o parto fueron las ocho islas principales del Japón. Luego nació todo lo demás: el mar, los vientos, las montañas, hasta el Espíritu de Fuego, que al nacer abrasó a su madre haciéndola morir y descender al reino de las Tinieblas, a cuya puerta la esperaba el enamorado Izanagi. Pero, ¡ay!, al verla toda putrefacta y llena de gusanos huyó perseguido por la siempre también enamorada Izanami. Luego, tras una porción de peripecias que prueba que la fantasía mítico-religiosa en Oriente no es menos rica que en Occidente, Izanagi repudió solemnemente y para siempre a Izanami. Esta le dijo entonces: «Si tal haces, hermano mío, con la esperanza de crear nuevas criaturas, yo devoraré a m i l de ellas cada día.» Izanagi le respondió: «Si tal haces, hermana mía, yo haré que nazcan m i l quinientas por obra de otras mujeres que h a r é que den a luz.» Y así fue instaurada la raza humana. En los mitos egipcios las primeras parejas son Shu y Tefnut, Geb y Nut, Isis y Osiris. La pareja Adán y Eva es m á s humana a causa de ser no sólo mucho más tardía, sino por proceder de un Creador anterior a ella. Pues muchas veces esta pareja procede, ora de un Dios anterior a ella, o de otros anteriores aun a él. Dos inscripciones funerarias en tumbas de Sakkara, cerca de la antigua Memfis, dice: una, que Atón, la primera divinidad, sintiéndose solo escupió a sus dos hijos gemelos Shu y Tefnut; la otra, que los
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produjo masturbándose. Fuese como fuese (no nos metamos en intimidades propias de los dioses no nos entre la manía de fantasear por nuestra cuenta y creemos una nueva religión-mitología), Shu y Tefnut, uniéndose a su vez de un modo natural por decirlo así, dieron nacimiento a otros dos gemelos: a Nut y a Geb. Los amores de esta pareja hicieron aparecer nuevos gemelos, de los cuales los más conocidos son Isis y Osiris. En cuanto a la importancia de los gemelos en muchas mitologías, cosa es bien conocida. (483) Ni por supuesto cuantos dogmas (desde el momento en que esta palabra indica: «Doctrina que la Iglesia enseña en nombre de Dios», doy media vuelta) establece tomando como base su supuesta vida, empezando por la «encarnación por obra del Espíritu Santo en una Virgen» y acabando por la Eucaristía. Pues para mí, tampoco estoy solo en esto, claro está, el hecho de que un hombre por saber un poco de latín y algo de teología (por supuesto, aunque supiese más latín que Beatriz Galindo y más teología que Arias Montano me ocurriría igual) obligue mediante un gesto efectuado sobre un pedacito de pan ácimo a meterse dentro a un Dios para que un deipófago se lo trague y le haga sufrir todas las peripecias propias de una digestión me resulta tan atroz y tan inisible que imposible me es itirlo. (484) He dicho varias veces que modelada la idiosincrasia de ciertos individuos por obra de la herencia de un modo que les obliga a ir por determinados caminos sin que nada sea capaz de apartarles de ellos, a los que esto les ocurre nacen con tales tendencias místicas, con tal ansia, con tales deseos de unirse a la soñada Divinidad, que nada sería posible hacer para apartarles de su megalomanía. Y sin llegar a tanto, otros muchos con una inclinación tan fuerte a «creer» que no hay deseo superior en ellos a hacer que a los demás les ocurra lo que a ellos les acaece. Un ejemplo evidente de esta variedad de extravío mental lo tenemos en el caso del actual cardenal francés Lefébvre, que enfrentándose abierta y obstinadamente con la suprema autoridad católica, a punto está, en el momento que esto
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escribo, de producir un «cisma», seguro de que a partir del último Concilio la Iglesia no va por el buen camino, y que las tímidas reformas iniciadas con objeto de modernizarla son perniciosas y contraproducentes. A un hombre que piensa de este modo, es decir, con un criterio anclado en ideas ya rancias de hace un siglo, cualquiera le hace itir que el Papa Juan X X I I I era un hombre de buen sentido que convencido de cómo pesan sobre la Iglesia dogmas y sacramentos, convocó el Concilio con la esperanza de ver si se encontraba el medio de soslayarlos del mejor modo, con objeto de que fuesen quedando en la sombra poco a poco y mantener la religión a fuerza de moral, no de afirmaciones tan difíciles de itir ya para muchos como yo, por ejemplo, y que han sido hasta ahora fundamentales, como las que contiene el Símbolo de los Apóstoles, verdadero nombre del CREDO cristiano actual, cuya primera parte (creencia en Dios Padre todo poderoso y en su Hijo Jesucristo, nacido por obra del Espíritu Santo de María Virgen) fue redactado en Roma el año 144 por el clero de entonces con objeto de oponerse a Marción. Todo lo demás posteriormente, pero tan difícil de itir ya como las afirmaciones con que acaba: «Resurrección de los muertos y la vida eterna.» Ante espíritus así, como el de Lefébvre, imposible hacer un poco de luz. Como asimismo en muchos que en el Cristianismo o en las demás religiones creen por lo que sea: por atavismo, por costumbre, por pereza o dificultad en el reflexionar, por ignorancia, ya digo que por lo que sea. De modo que lo mejor es ver de que haya tolerancia, predicarla, aconsejarla, hacerla una realidad para que contra ella nada puedan leyes movidas por intereses equivocados o bastardos, y ¡adelante respetando la libertad de conciencia de todos! mientras esta libertad vuelta libertinaje no se oponga fundamentalmente a lo que conviene y se debe imponer y obligar a respetar: Que cada uno crea y practique o deje de creer y practicar sin molestar a los demás, es decir, en paz y sin violencia, lo que le parezca mejor y m á s oportuno. (485)
Renán, gran maestro en cuestiones de tolerancia,
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decía: «La religión, cualquiera que sea, es una necesidad para el pueblo, para los débiles, para las mujeres, para los desgraciados.» Rechazaba en cambio los milagros: «Los milagros no suceden j a m á s . Ningún testigo digno de crédito ha presenciado j a m á s uno. Lo que hace lo sobrenatural es la fe.» Luego tolerancia, siempre tolerancia con las creencias. Tanta como firmeza para mantenerlas dentro de sus naturales límites. (486) De ciertos dogmas, tales que la «concepción virginal» y la «eucaristía», ya me he ocupado y no vale la pena insistir. Para que se sostengan es asimismo absolutamente indispensable el concurso de la «fe». En cuanto a la «resurrección», el judaismo primitivo la desconocía, pues lo que se lee en Ezequiel X X X V I I debe ser interpretado como resumen del pueblo, no de los individuos. El libro de Job (201) y el Eclesiastés (170) presuponen que los muertos, muertos están definitivamente. La fe en la resurrección no aparece hasta la época de los macabeos (Daniel, X I I , 2). Los fariseos creían en la resurrección de los cuerpos en la tierra (Josefo, Antigüedades, X V I I I ) , los saduceos la negaban (Marcos, X I I , 18; Josefo, Guerra, X I , 8-14). Los esenios creían en la inmortalidad del alma (Josefo, Guerra, II, 8-11). El Eclesiastés y Tobías ignoraban ambas cosas: resurrección e inmortalidad del alma. En II Macabeos, El Testamento de los Patriarcas, el Apocalipsis, si nació de Baruch, hay la resurrección. En Jubileo y la Sabiduría, la inmortalidad del alma. Los judíos del Talmud y los primeros cristianos continuaron la doctrina de los fariseos. Para Pablo no había ni resurrección de los muertos ni juicio final; no conocía sino una resurrección espiritual que se efectuaba en el cristiano mismo. La vida eterna no dependía de acontecimientos futuros; bastaba con creer en el Hijo de Dios. De modo que el problema no tiene grandes dificultades: los que crean en otra vida, crean asimismo en el Hijo de Dios y que la esperanza mantenga sus ilusiones. Los que, al contrario, pensamos que acabada ésta, el «nirvana», es decir, la vuelta a donde salimos, al «reino del silencio», tratemos de vivir lo mejor posible sin hacer daño a nadie, y todos tan contentos.
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NOTICIA BIOGRAFICA ACERCA DEL AUTOR DE ESTE LIBRO ESCRITA POR EL MISMO (Conclusión) Asesinado Mola a primeros de junio del 37, su jefe de Estado Mayor, el coronel don Fernando Moreno Calderón, temiéndolo todo por mí al faltar el general, y sabiendo el afecto y amistad que nos unía, fiel a la memoria del jefe querido, me facilitó los medios para pasar a Francia. Y en Francia muchos años de destierro. Destierro que gracias a otro buen amigo, Jean Sarrailh, fue menos malo de lo que sin él hubiera sido. Rector, cuando yo entré, en la Universidad de Grenoble (murió siéndolo de la Sorbona), me colocó de lector de español en Pau. Luego ocupé el mismo puesto en Agen, posteriormente en Montpellier y, finalmente, en Carcasona. Hasta que en 1960, enfermo mi hermano Pepe de un cáncer de pulmón que acabó con él (era fumador empedernido, como mi padre), decidí regresar y ponerme al frente, de nuevo, de lo que quedaba de nuestro negocio editorial. Poca cosa, pues la represalia al triunfar el nuevo régimen había sido terrible. Una mañana (estando yo ya en Avila) se presentó en nuestra casa de Getafe un orondo y santo sacerdote en unión de dos soldados con un saco cada uno, para «incautarse de nuestra editorial», según anunció el enconado padre de almas a mi hermano, mirándole torvamente. Y al mostrarle mi hermano los almacenes y darse al fin cuenta el ventrudo tonsurado de que para desalojarlos eran precisos no dos sacos, sino muchos camiones, dio orden, que no hubo otro remedio que cumplir, pues entonces la Iglesia tenía mucha fuerza, de que empezase un monstruoso auto de fe en la huerta misma de la finca: durante muchos días y a favor de gasolina que
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los inquisidores proporcionaban fueron quemadas toneladas de libros, empezando por colecciones tales como la titulada «La nueva Rusia». No sin muchas súplicas y ruegos, pues el inquisidor mayor, al que Dios tendrá ya en su gloria, no era precisamente un Menéndez Pelayo, consiguió mi pobre y aterrado hermano salvar parte de las obras puramente clásicas, tanto de literatura como de filosofía. Y desde mi vuelta hasta ahora, en años de constantes nuevos trabajos, pero afortunados en cuanto a salud y sin otras contrariedades que las que me ha procurado la bendita censura (pues ninguno de los libros de la colección «Tesoro Literario» ha llegado a manos de los lectores tal cual salió de las mías), he conseguido ir resucitando un negocio que poco a poco se moría. Y aquí estoy trotando por el año ochenta y seis de mi vida, dispuesto a seguir luchando. Y con dobles ánimos, al ver que al fin parece que alborea, gracias a la ilusión tan declamada, la «democracia», y que los derechos humanos fundamentales, entre los cuales y a su frente, el de libertad de conciencia (poder exponer de palabra o mediante la imprenta lo que honradamente se crea y se piensa, aunque sea opuesto a lo que creen y piensan otros), parece que van a ser respetados. Y con la esperanza de que del mismo modo que yo no me opondría, aunque pudiera, a los que no opinan como yo, expusiesen por todos los medios sus ideas y creencias, ellos no se levanten, buscando incluso ayudas oficiales, contra las mías. Y vamos a ver qué pasa: Alea jacta est. Y yo, servidor de ustedes si son enemigos de las cadenas y amantes de los libros.
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INDICE Págs. Examen de las Epístolas de San Pablo Los Hechos de los Apóstoles Los Evangelios Evangelio de Marcos Evangelio de Mateo Evangelio de Lucas Evangelio de Juan Jesús Palabras finales
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