VOCABULÁRIO DO CARNAVAL BRASILEIRO ABAFO - Modalidade de frevo-de-rua, também conhecido como frevo-de-encontro, caracterizado pelo predomínio dos trombones. Chama-se de abafo, quando, na rua, tem o propósito de abafar o som que vem da orquestra de outro clube de frevo. ABRE-ALAS - Carro alegórico, simbolizando a agremiação no desfile, informando o tema/enredo. ADUFE - Pandeiro de formato quadrado. ADULFO - Cuíca, instrumento roncador que acompanha o ritmo do samba. AFOXÊ - Cordão carnavalesco de predominância na Bahia, com instrumentos e música do ritual do candomblé e canto em língua nagô. AGOGÔ - Instrumento de percussão, componente das orquestras de maracatus, chamado de gonguê, e das baterias de escolas de samba. ALA - Grupo organizado de istas, uniformemente fantasiado, obedecendo a uma coreografia. ALDEIA - Espaço chamado pelos caboclinhos, destinado à sua exibição no carnaval. ALEGORIAS - Enfeites preparados para serem utilizados em carros alegóricos ou nas mãos dos participantes das alas, nas agremiações. APITO - Pequeno instrumento de sopro, de som estridente, usado pelo regente de agremiações para avisar o início da introdução musical. ARLEQUIM - Fantasia que imita o traje de um personagem da peça teatral italiana Comeddia dell’arte. Rival de Pierrô pelo amor da Colombina. ARRASTA-POVO - Ensaio de clube de frevo ou troça, antigamente, pelas ruas centrais do Recife. Assim, as músicas eram divulgadas para o povo. ARUENDA - Cortejo assemelhado ao maracatu, antigamente realizado no carnaval da cidade pernambucana de Goiana. BACALHAU - Vareta fina, leve e mais ou menos longa, de uso do batuqueiro da orquestra dos maracatus. BALIZA-PUXANTE - ista do sexo masculino, fantasiado à Luís XV, que dança com o estandarte do clube de frevo. Geralmente, são dois ou três balizas, fazendo parte da proteção ao símbolo do clube. BAQUE - Repique produzido pelo bombo da orquestra do maracatu. Por isso os maracatus são, também, chamados de baque. BARRACÃO - Área coberta, onde são preparadas as alegorias e fantasias das agremiações carnavalescas que se apresentam em desfiles organizados. BATALHA DE CONFETE - Brincadeira entre foliões nos bailes de carnaval, consistindo em uma guerra de papel picado. Muito utilizada nos carnavais do início do século XX. BATERIA - Grupo de instrumentos de percussão, responsável pelo ritmo da escola de samba em desfile. BATIDA - Combinação de ritmo, andamento, como e intensidade do som, peculiar a cada agremiação. BATUCADA - Grupo de três ou quatro ritmistas, batucando seus instrumentos de percussão. Estilo de música com ritmo bem marcado, originário do batuque de Angola.
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BISNAGA - Tubo cilíndrico plástico que as crianças enchem de água para molhar pessoas nos dias de carnaval. Meio termo entre a seringa do entrudo e o lança-perfume. BLOCO CARNAVALESCO - Surgiu das reuniões familiares na cidade do Recife, na década de 30, como extensão dos presépios e ranchos de reis. Sua orquestra é constituída de pau e corda e o lirismo é sua característica principal. BLOCO DE RUA - Também chamado de bloco de embalo pela animação que provoca. É um grupo de foliões semi-organizados, com fantasias variadas e orquestra própria. BLOCO DE SUJOS - Grupo ocasional de animados foliões desorganizados, na base do improviso, sem fantasias, com uma batucada de latas vazias, as velhas, etc. BOI DE CARNAVAL - São figuras do Auto do bumba-meu-boi, drama pastoril do ciclo natalino, que, no período carnavalesco, saem às ruas do Recife com coreografia própria para os dias de folia. BOMBO - O mesmo que zabumba. Grande tambor integrante das orquestras dos maracatus. Antigamente, animava as troças de Zé-pereiras, anunciando a chegada do carnaval. BONECA - Ou calunga, é uma figura do maracatu. Nos maracatus tradicionais, a boneca é de cor preta e feita de madeira, representando as divindades femininas do candomblé. BRAW - Dança aos pulos do folião, executada em ritmo lento, no momento em que o trio elétrico apresenta um frevo-de-rua. CABOCLINHOS - Ou cabocolinhos, grupos que saem no carnaval pernambucano. São tribos de índios que têm como característica o uso de preacas (arco e flecha fixados por barbante), trajando vistosos cocares, com alas masculinas e femininas. CABOCLO DE LANÇA - Integrante do maracatu rural. Em suas apresentações, usa uma lança de dois metros de comprimento; uma cabeleira de papel celofane; uma gola bordada; uma espécie de bolsa, chamada surrão, onde são presos os chocalhos. CABOCLO DE PENA - Outro integrante do maracatu rural. Confundido com os caboclinhos, tem como característica um enorme capacete, de quase um metro de altura, como se fosse uma coroa, adornado de vidrilhos e penas tingidas. Chamado também de tuxáu ou tuxaua. CAIXA DE GUERRA - Tambor de tamanho médio. Instrumento usado nos maracatus e nas escolas de samba. CAMBINDA - Foliões travestidos de mulher, organizados em cortejo ou solitários, desfilam nas cidades nordestinas. Precursor do maracatu. CARACAXÁ - Ou ganzá, é chocalho de forma cilíndrica, incluído em algumas orquestras do carnaval de Pernambuco. CAVAQUINHO - De origem portuguesa, é um instrumento de cordas utilizado nas orquestras de ranchos. CLARIM - Trombeta de som agudo e estridente, usada na abertura dos desfiles de alguns clubes e troças carnavalescas. CLÓVIS - Corruptela de clown (palhaço em inglês). Fantasia que se assemelha ao palhaço, muito usada no começo do século XX. CLUBES DE ALEGORIA E CRÍTICA - Eram clubes de préstito do início do século XX, isto é, de grupos de pessoas em marcha, em procissão. Tinham como características grandes carros alegóricos, representando quadros com críticas ao governo, figuras gigantescas, indumentárias ricas e participação dos jovens da sociedade. CLUBES DE FREVO - Agremiações carnavalescas predominantes no Recife e em Olinda. Sua estrutura assemelha-se às procissões quaresmais, comuns no século XVIII. Trazem, no estandarte, seus emblemas e têm seus cortejos abertos pelos clarins. Conhecidos também como Clubes Carnavalescos.
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COMISSÃO DE FRENTE - Grupo de dez a quinze pessoas, não fanta-siadas, mas vestidas com apurada elegância, simbolizando as tradições da agremiação. CORSO - Cortejo de carros em itinerário preestabelecido, de grande animação nos carnavais de rua até a década de 30. Automóveis de capotas arriadas e pequenos caminhões conduziam famílias ou grupos de foliões geralmente fantasiados. CUÍCA - Instrumento de percussão constituído de um cilindro metálico, vestido, de um lado por uma pele, prendendo ao centro, na parte inferior, uma vareta que, atritada com a mão, produz um som rouco. CUCUMBIS - Cordão organizado por negros sob a influência de rituais festivos e religiosos da África. Desaparecido do carnaval. DIZER NO PÉ - Dançar bem o samba e com liberdade de movimentos. EMBAIXADA - Denominação do grupo precursor da escola de samba. EMBOSCADA - Luta simulada travada entre grupos tradicionais de caboclinhos, quando se exibem no carnaval. ENSAIO DE RUA - Antiga preparação dos clubes de frevo do Recife para o carnaval que se aproximava. ENTRUDO - Chegou ao Brasil com os costumes portugueses. Eram jogos realizados nos três dias que antecediam à Quaresma. A palavra entrudo vem do latim introitus (introdução). ESTANDARTE - Pavilhão-símbolo de um clube de frevo, maracatu ou bloco, geralmente feito de veludo, com desenhos e figuras em alto- relevos bordados com fios dourados. EVOÉ - Antigamente, a palavra-chave de toda e qualquer notícia sobre o carnaval de 1910 a 1950. Evohé é o sobrenome de Dionisos Baco, ando a significar o grito dos bacantes em honra do deus do vinho na mitologia grega. EVOLUÇÃO - Coordenação de ritmo e dança de todo o conjunto de uma agremiação carnavalesca durante o desfile. FANFARRA - Orquestra com predomínio dos instrumentos de metal, utilizados nos clubes de frevo e no carnaval de rua de Pernambuco. FIGURAS DE FRENTE - Componentes dos clubes de frevo, ricamente vestidos, que desfilam atrás do porta-estandarte. FILHÓS - Bolinhos preparados com farinha de trigo, fritos em óleo e servido com calda de açúcar, durante o carnaval, em Pernambuco. FLABELO - Ou cartaz, é semelhante ao estandarte dos clubes de frevo e traz o nome e o símbolo do bloco carnavalesco. FOLIA - Animação nas festividades carnavalescas. FOLIÃO - Aquele que participa dos folguedos carnavalescos, nas ruas e nos bailes, estando ou não fantasiado. FREVO - Gênero de música carnavalesca, tipicamente pernambucana, com três variações clássicas: frevo-de-rua, frevo-de-bloco e frevo-canção, juntando-se a essas uma quarta variante: o frevoeletrizado. FRIGIDEIRA - Tipo de a de cozinha, introduzida como instrumento na bateria das escolas de samba, em 1948, no Rio de Janeiro. FUNGE - Antigamente, reunião informal de foliões no período carnavalesco, com o único intuito de comer e beber. FUNIL - Corneta feita de folha de flandres, usada por figurantes de alguns maracatus para dar aviso de sua aproximação. É também a denominação do chapéu do Caboclo de Lança.
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GRITO DE CARNAVAL - Primeira manifestação festiva do carnaval, tradicionalmente acontecia nos bailes promovidos pelos clubes sociais no último dia do ano (Ano Novo), partindo-se para os bailes da temporada. Expressão popular que define o baile de carnaval propriamente dito. GUTE-GUTE - Pulos alternativos e sem ritmo que os acompanhantes dos trios elétricos realizam em sentido contrário à evolução da multidão. JATO-PERFUME - Tubo cilíndrico plástico, contendo líquido perfumado, surgido no carnaval de 1963, com o sentido de substituir o lança-perfume de uso e fabricação proibidos. Não chegou a popularizar-se, pois foi também proibido por decreto federal. JETONES - Ou jetons, eram caramelos em formato de bolas, enrolados em papel prateado, com uma cauda de tiras de papel de seda de dois palmos de comprimento. Eram arremessados como se fossem petecas entre foliões. LANÇA-PERFUME - Bisnaga de vidro ou metal, contendo éter perfumado para ser esguichado em pessoas participantes dos festejos carnavalescos. Apareceu em 1903, vindo da França, em substituição às limas de cheiro, desaparecidas com a proibição do entrudo. LANCEIRO - Menino com trajes de guarda romano, participante dos cortejos de antigos maracatus. LIMA-DE-CHEIRO - Ou laranjinha, pequena esfera, geralmente feita de cera e contendo água perfumada, para arremessar nas pessoas visadas e molhá-las. Proibidas por causa do uso com águas malcheirosas e com a proibição do entrudo. LÍNGUA-DE-SOGRA - Instrumento de animação carnavalesca, feito de papel, simulando uma língua muito comprida e enrolada, crescendo quando soprada. Surgiu no carnaval de 1895. Atualmente, serve como brinquedo infantil. LIVRO DE OURO - Caderno escolar de capa dura para anotação e s das doações em dinheiro destinadas às despesas das agremiações carnavalescas. LOAS - Versos recitados pelos caboclinhos, quando se apresentam no carnaval. São também os cantos entoados pelos maracatus rurais. MARACÁ - Cabaça cheia de sementes, servindo como instrumento musical na marcação do ritmo. Usada nas orquestras das tribos de caboclinhos. MARACATU - Folguedo do carnaval pernambucano, imitando um cortejo real, reminiscência dos negros cativos. Apresenta-se em duas categorias: Maracatu Nação ou de Baque Virado e Maracatu Rural ou de Baque Solto. MARCANTE - Bombo mestre de uma orquestra de maracatu, de som grave, geralmente feito de pele de carneiro. Sua finalidade é liderar o ritmo de todo o conjunto percussivo. MARCHA - Música propriamente carnavalesca, alegre e com letra crítica ou irônica; é uma das modalidades da música do carnaval do Rio de Janeiro. Já a marcha-rancho tem ritmo lento e pastoral. MÁSCARAS - Peças de variados estilos, formatos e tamanhos, feitas de papelão, pano, cortiça, plástico, cera ou couro, com que se cobre o rosto para disfarces. Nos carnavais de antigamente, a influência era tanta que um terço dos foliões saía às ruas com máscaras. MASCARADA - Grupo de foliões disfarçados com máscaras. Também denominadas turmas. MASCARADOS - Foliões anônimos peculiares aos carnavais de antigamente, isolados ou em grupos pequenos. MEIÃO - Bombo componente de uma orquestra de maracatu, geralmente feito de pele de carneiro. Produz um som intermediário entre o grave e o agudo. MELA-MELA - Tentativa de foliões recifenses de restaurar o desaparecido entrudo, disfarçado em corso. Começou em 1960 e foi proibido em 1983. MESTRA - Componente da ala feminina dos blocos carnavalescos recifenses, encarregada de ensaiar os frevos-de-bloco.
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MESTRE DAS TOADAS - Pessoa responsável pelo ensaio do coro feminino de um maracatu rural. MI-CARÊME - Vocábulo francês com o significado de meia-Quaresma. No Brasil, tem o sentido de segundo carnaval de comemoração à Aleluia, que se realiza logo depois da Semana Santa. MICARETA - Gíria baiana para designar o segundo carnaval da cidade de Feira de Santana, festejando a Aleluia no final da Semana Santa. PANDEIRO - Instrumento de percussão, constituído de uma pele esticada num aro ou num quadrado de madeira ou de metal, com ou sem guizos, no qual se bate com as mãos e, acrobaticamente, com os cotovelos. PAPANGU - Folião com fantasia improvisada, aproveitando peças velhas, enfeites ordinários e apresentando comportamento abobalhado. No início do século XX, vestia-se com sacos de estopa, fronhas na cabeça e meias nas mãos. PONTILHADO - o de frevo. O ista flexiona a perna direita, cruza a esquerda à altura do joelho e toca o calcanhar no chão. PREACA - As peças que simulam o arco e a flecha dos índios, usados pelos integrantes das tribos de caboclinhos do Recife. RASGADO - Acorde estridente dos instrumentos de metal de uma fanfarra, tocando um frevo-de-rua. RASTEIRA - o de frevo. O ista movimenta as pernas e, forçando os joelhos, quando flexiona o corpo ficando de costas para o chão, procura empurrar os joelhos de outro ista. RECO-RECO - Instrumento de percussão introduzido nas baterias das escolas de samba. Originariamente feito com um gomo de bambu. REI MOMO - Símbolo da grandeza do carnaval, sempre representado por um folião muito gordo e de simpatia irradiante, vestindo fantasia vistosa, com coroa majestática. É uma figura mitológica grega. REINADO DE MOMO - Bailes, desfiles de escolas de samba, cortejos de clubes, blocos, troças, mascarados, tudo o que tem sentido carnavalesco. SÁBADO GORDO - Sábado que precede o domingo de carnaval. É também chamado de Sábado de Zépereira. SACA-ROLHA - o de frevo. O ista, cruzando a perna direita sobre a esquerda, vira-se nas pontas dos pés, descrevendo uma volta completa para ficar com a perna esquerda sobre a direita. SAFARRASCO - Antigamente, baile carnavalesco sem programa e organização, realizado na base do improviso. SERPENTINA - Fita estreita de papel, muito comprida e de cores variadas, enroladas em forma de disco, que se desenrola em arremesso nos festejos carnavalescos. Surgiu no carnaval de 1892. TALABARTE - Grosso cinto de couro, apoiado em um dos ombros do porta-estandarte para facilitar a sustentação do pavilhão do clube de frevo ou de outras agremiações durante o desfile. TERNO - Orquestra de maracatu rural. TESOURA - o de frevo. O ista flexiona o corpo num pequeno agachamento e, rapidamente, com as pernas em forma de tesoura, levanta-se, dando uma volta completa na ponta dos pés. TORÉ - Dança das Tribos de Caboclinhos. Originariamente é um ritual dos nativos brasileiros (índios), onde cantam e dançam. Também denomina os rituais para os caboclos dos terreiros dos cultos afrobrasileiros. TRIBO DE ÍNDIOS - Folguedo popular originário da Paraíba, atualmente apresenta-se com raridade no carnaval. TRÍDUO MOMESCO - São os três dias de carnaval, embora a abertura dos festejos dedicados a Momo
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seja muito antes, tanto que já se diz semana do carnaval. Por Decreto Municipal, são de 11 dias o carnaval da cidade de Olinda, Pernambuco. TRIOLIM - Violão de quatro cordas que, eletrificado, surgiu como o terceiro instrumento do trio elétrico. TROÇA - Grupos de foliões em brincadeiras improvisadas e sem grande organização, animando o carnaval nos subúrbios dos grandes centros urbanos e das cidades do interior. Denomina-se também a categoria que se assemelha ao clube de frevo. URSO DO CARNAVAL - Ou La ursa, é uma brincadeira do carnaval recifense, em que um homem vestido com trapos e uma máscara de urso, amarrado pela cintura e puxado por outro figurante, o domador, arrecada dinheiro e assusta a meninada. Se o urso for endinheirado, apresentam-se outros figurantes e até orquestra. VÔO DE ANDORINHA - o de frevo. O ista, usando a sombrinha, procura espaços desocupados para desenvolver sua dança: elevando o corpo com grande impulso, cruzando as pernas no ar e, simultaneamente, abrindo os braços. Logo em seguida, cai com os tornozelos cruzados para recomeçar o o. XERÊ - Chocalho introduzido nas apresentações no auto dos caboclinhos. ZABUMBA - Grupo de instrumentos barulhentos que, antigamente, animava a troça carnavalesca dos Zé-pereiras. É também a denominação de grandes tambores, no ado, de fabricação artesanal, integrantes das orquestras de maracatus, também chamados de bombos.
___________________________________________________________________________ * Claudia Lima: Graduação em Comunicação Social, Especialização em História do Brasil, Mestra em Gestão de Políticas Públicas pela Fundação Joaquim Nabuco, folclorista, etnógrafa, pesquisadora e escritora. Site: www.claudialima.com.br E-mail:
[email protected]
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