Resumo Do Livro Mozart 386k59

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Filosofia e Ciências humanas- FAFICH Ciências Sociais 2014/2 Laurene Marquesane Oliveira da Silva

Resenha da obra Mozart, a sociologia de gênio. Trabalho

apresentado

à

disciplina

Sociologia III da professora Yumi Garcia dos Santos, como requisito mínimo para obtenção de nota e aprovação.

Belo Horizonte, 2014

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A sociologia de um gênio.

O livro “Mozart, a sociologia de um gênio” é um compêndio da narração da vida de Mozart e das ideias sociológicas de Elias aplicadas na prática. Ao lê-lo, devemos tentar estabelecer relações entre a vida do músico e os conceitos sociológicos apresentados por Elias. O autor busca identificar as influências que Mozart sofreu e que o fez se tornar o que ele foi. Numa análise sociológica contextual podemos comparar esta obra não só conceitos, mas também com tantas obras deste mesmo autor, como "Processo Civilizador" e "Sociedade de Corte", podemos também encontrar uma relação com "Os estabelecidos e Outsiders" trabalhados nesta disciplina. A partir do conceito de sociogênese e psicogênese analisamos e interpretamos o processo da vida do musico, ou seja, nesta obra vemos claramente como as transformações na sociedade, influenciam diretamente as transformações no modo que o individuo pensa. E estas alterações modificam e alteram o processo de vida de Mozart, sendo que processo é o caminhar, no caso da vida, sem um ponto “final” préestabelecido, e as alterações na psico e sociogênese tem uma grande influencia neste caminhar. Wolfgang Amadeus Mozart nasceu em 1756, em Salzburgo, tendo uma infância muito ligada à música. Tanto seu pai quanto sua mãe eram apreciadores da música. Seu pai foi regente da corte de Salzburgo e dava aulas para a irmã mais velha de Mozart. Seu pai foi um homem que viveu para a corte, mas também era ambicioso. Escreveu um manual para violino que fez um grande sucesso, este já é um indicio de um homem que gostaria de se ver independente da corte, mas não teve a coragem que seu filho teve como veremos mais tarde. O menino cresceu tendo esse contato com a música. Com quatro anos de idade era capaz de tocar peças musicais complexas. Quando tinha cinco começou a compor e aos doze escreveu sua primeira peça. A primeira turnê da qual ele participou foi pouco antes de completar seis anos, onde foi junto com o pai e a irmã ate Munique, aonde ambos tocaram para Maximillian III. E pouco mais de um ano depois eles foram pra Viena e depois fizeram uma turnê pela Europa, onde o pequeno Mozart fez sucesso por onde ou. Em cada corte que eles iam, seu pai desejava que o pequeno fosse

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chamado para ser daquele núcleo, via que seu filho poderia ser um grande músico de uma corte importante e iminente. Eles comiam na mesa com os príncipes, recebiam presentes e agrados, vários elogios, mas Leopold o pai sabia que quanto mais velho o filho ficasse menos prestigio ele teria, sabia também que as sociedades europeias, principalmente a Vienense, se cansavam rapidamente das atrações e logo queriam outra, tudo isto contribuiu mais tarde para a decadência do Mozart. Elias mostra que ainda pequeno Mozart tinha uma grande necessidade de se sentir amado e querido, chegava a perguntar várias vezes ao dia se sua mãe o amava, e quando brincando ela respondia que não, os olhos do menino se enchiam de lágrimas. Seu pai viu nele uma forma de se realizar, de ser o músico conhecido e com boas condições financeiras, com isto estimulava o pequeno menino no mundo da música, com muitas caricias e demonstrações de amor, logo após Mozart recitar uma música. Mozart vivia e sempre viveu em dois mundos, em duas realidades diferentes, a corte que moldava suas tarefas e o mundo burguês ao qual pertencia, o mundo do seu status. Os nobres e as cortes se curvavam pelo talento do pequeno músico, o pequeno tinha um talento incontestável, não havia ninguém igual á ele, mas ainda assim seu pai não conseguia emprego para ambos em outra corte, com maior visibilidade. Até porque naquela época o pagamento aos artistas era feito tal como um presente, e não como uma obrigação por um serviço prestado. Nunca se podia prever a quantia; dependia da generosidade do príncipe ou dos nobres para quem se tocava. Isto é uma pequena amostra da

vida que Mozart levou, com interrupções, até aos 20 anos ao lado de seu pai. Leopold não educou apenas musicalmente seu filho mais novo. Mas também tentou educá-lo conforme os padrões da corte naquela época. Quanto ao primeiro aspecto obteve êxito, mas Mozart apesar dos esforços do pai continuou a agir de um modo “franco” e “direto” porém considerado rude para aquela classe social. Mozart tentou cargos como músico permanente nas principais cortes europeias mas não conseguiu. Tanto pela questão do comportamento de Mozart na corte, quanto em sua teimosia em se tornar um artista autônomo, o relacionamento dele com o arcebispo de Salzburgo ( o qual foi chefe de seu pai e dele por um tempo) era complicado. A saída para Mozart então foi sair da corte de Viena e ir para outro local. Antes mesmo de romper com o arcebispo, Mozart já tinha um relacionamento complicado com outra pessoa: seu pai. Enquanto o primeiro queria que o filho se

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estabelecesse numa corte fixa, o segundo tentava se dar bem pela Europa, nas turnês que fazia. Mas o que o pai já sabia, e o que Mozart se tornou quando adulto, foi um músico pouco reconhecido e muito talentoso. O principal “erro” de Mozart foi tentar se estabelecer como autônomo numa época em que a estrutura social ainda não oferecia lugar para músicos ilustres. Faltavam principalmente instituições necessárias para que o mercado artístico ultraasse o nível local Na Áustria e em muitos territórios alemães, a grande maioria dos concertos e, acima de tudo, das óperas (principal interesse de Mozart como compositor), era organizada para um público de convidados e financiada por aristocratas da corte. Mozart creditava suas esperanças especialmente na alta sociedade vienense, a qual tinha como os grupos mais importantes as famílias da nobreza de corte e os quais Mozart tinham alguns conhecidos e amigos. Ele até fez sucesso durante um tempo, se apresentando durante a noite e dando aulas durante o dia. Mas em 1789 ele anuncia que seu concerto deu errado, evidenciando assim que a sociedade vienense se afastou dele e o Imperador foi o primeiro. Ao considerar a existência de Mozart como “artista autônomo”, deparamos novamente com a profunda ambivalência que era característica de sua atitude em relação à aristocracia da corte que deveria determinar sua vida inteira. De alguma maneira o músico tinha absorvido o padrão de comportamento da classe dominante de sua época. Ao mesmo tempo, sua imaginação musical era formada e impregnada pelo modo tradicional de compor da aristocracia de corte. Mas ao tentar sobreviver como artista autônomo, ele acabou por “dar asas a imaginação”. Mas ao romper com padrões de gosto existentes ele acaba por reduzir suas chances de ser acolhido pelo público. Isso só faz com que ele se sinta cada vez mais sentir como se não houvesse mais sentido para a vida, como se sua existência fosse um completo fracasso. Assim, devido tanto à doença fatal que o acometeu e devido também à tristeza que tomou comta dele depois do fracasso como musico independente, ele veio a falecer em novembro de 1791 aos35 anos, com a sensação de que sua vida social foi um fracasso. Logo ele que sempre se sentiu necessitado de atenção, de ser o centro das atenções, ser amado e querido. Mas o que Elias trabalha é a desconstrução da ideia de talento inato por si só. Para ele, Mozart ainda tinha um dom musical, mas o que realmente definiu seu talento

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foi o contexto de sua família ligada a música, e todos os incentivos que ele recebeu. Não há um talento inato, Mozart fazia na verdade uma transformação sublimadora de energias naturais. O exemplo de seu pai e dos grandes nomes da música que ele teve contato em suas turnês, foram os grandes responsáveis pelo seu talento.

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Bibliografia ELIAS, Norbert. Mozart: sociologia de um gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995