Delisle, Jean; Woodsworth, Judith. Os Tradutores Na História 626a2s

DELISLE, Jean; WOODSWORTH, Judith. Os tradutores na história. – Tradução de Sérgio Bath – São Paulo: Ática, 1998. William Tyndale (c. 1494- 1536) foi o primeiro inglês a traduzir a Bíblia diretamente das línguas originais. (...) Sem ter conseguido o pretendido apoio na Inglaterra, em 1524 Tyndale viajou para a Alemanha, onde travou conhecimento com Martinho Lutero. Inspirando-se no seu exemplo, começou a traduzir o Novo Testamento do original grego, cujo texto tinha sido estabelecido por Erasmo. Sob a influência das ideias populistas de Erasmo e Lutero, Tyndale quis preparar uma Bíblia inglesa que fosse ível e inteligível por todas as pessoas, até mesmo “pelo rapaz que trabalha com o arado”. Nesse ponto, o establishment se alarmara seriamente com essas atividades. As autoridades locais impediram a publicação da obra em Colônia, e o livro foi finalizado em Worms, em 1525. Os portos estavam vigiados, e os exemplares do Novo Testamento em inglês foram apreendidos e organizou-se uma cremação pública das bíblias de Tyndale em St Paul's Cross. As autoridades eram tão rigorosas que, de toda a edição, só restou um único exemplar do primeiro Novo Testamento completo de Tyndale. Sua tradução foi denunciada pela hierarquia da Igreja e por outras pessoas, como Thomas More, que exigiu a condenação do tradutor como herege. A despeito de tudo isso, Tyndale não mudou de atitude e, em Antuérpia, onde se refugiara, preparou outra edição do Novo Testamento. Aprendeu hebraico e começou a traduzir o Antigo Testamento. Em 1535, as autoridades católicas conseguiram localizá-lo em Antuérpia; o “pai da Bíblia inglesa” foi preso por agentes do imperador Carlos V, encarcerado em uma fortaleza em Vilvorde, ao norte de Bruxelas, e condenado à morte, tendo sido estrangulado e queimado em 6 de outubro de 1536. (pp. 184-185)