Docentes : Iza Ramona Tavares Patrícia Bastos
1938: Henry H. Turner - síndrome de Turner (ST)
infantilismo sexual, pescoço alado e cúbito valgo.
Posteriormente:
↑ da excreção de gonadotrofinas hipofisárias e gônadas vestigiais nestas pacientes.
1959: Ford et al.
base cromossômica => cariótipo 45,X.
Combinação de padrões fenotípicos característicos
Presença de um cromossomo X normal e ausência total ou parcial do segundo cromossomo sexual X
Monossomia
do
X
é
a
única
monossomia
cromossômica compatível com a vida
A ST é a alteração genética mais comum em mulher
Gerais I. Revisão da literatura sobre as características fenotípicas e genotípicas na ST II.
Descrever
encontradas em
Turner
as
anormalidades
fenotípicas
pacientes com síndrome de
III. Reavaliar as anormalidades cromossômicas sexuais
envolvidas na ST (e em quais pacientes estão recomendados avaliar se material cromossômico-Y) IV. Relatar quais os exames que são solicitados para investigação diagnóstica V. Prover dados atualizados para a avaliação e tratamento de meninas e mulheres com a ST
Específicos
a) Verificar a prevalência fenotípica e cromossômica b) Verificar quais as doenças associadas à síndrome c) Mostrar os objetivos de tratamento de meninas com ST
e os respectivos méritos do hormônio do crescimento, esteróides e estrógeno para promover o crescimento e “feminização” desses pacientes
d)
Sugerir
recomendações
de
acompanhamento,
investigação e tratamento para estas pacientes
À concepção: 3% → 99% - abortos espontâneos até o 2° trimestre
Prevalência 1:2500 meninas nascidas vivas
10% dos abortos do 1°Trimestre
Há discrepância entre o n° absoluto de mulheres com ST e o n° de casos conhecidos
Cariótipo
%
%
45,X 46,X, i(Xq) 45,X/46,XX e 45,X/47,X 45,X/46,X,r(X) 45,X,46XY 46,XXq- e 45,X/46,XXqOutros mosaicismos/translocações
55 17 14 5 5 2 2
52 17 17 4 4 2 4
TABELA 1 (modificado de Constantine A. Stratakis and Owen M. Rennert, 2005) – Sumaáio dos achados citogenéticos em 257 pacientes de dois Estudos.
3% diagnóstico pré-natal 20% ao nascimento(linfedema) 43% - infância (BE ou dificuldades auditivas ou de aprendizado) 30% - adolescência (atraso puberal e/ou BE) 3% - >18 anos de idade amenorréia 2ária/infertilidade
Malformações congênitas cardíacas
Doença cardíaca isquêmica
Aterosclerose
Hipertensão
DM 1 e 2; Hipotireoidismo
Doenças vasculares cerebrais
Cirrose hepática
Osteoporose e fraturas ósseas
Risco aumentado de câncer
Gonadoblastoma
Meningioma
Tumores cerebrais da infância
Fenótipo feminino + BE e/ou atraso puberal e amenorréia 1ária ou 2ária ou infertilidade
Confirmação com cariótipo com sangue periférico
(metáfase)
A avaliação do cariótipo em pelo menos 30 células→ pelo menos 10% de mosaicismo
Estudo molecular – FISH , amplificação de DNA
BE, atraso puberal e amenorréia 1ária ou 2ária são as principais características clínicas
Várias alterações fenotípicas estão presentes nesta síndrome e vários órgãos podem ser acometidos
Cardiovascular, renal
Endócrino, reprodutivo e GI
Esquelético e cutâneo
Neurológico e auditivo
Características fenotípicas encontradas nas pacientes com ST BE (100%), com velocidade de Falência gonadal primária, gônada crescimento < P10 para a idade
em fita (96%), ↑ dos níveis de FSH
Micrognatia (60%)
Baixa implantação de cabelos (42%)
Palato em ogiva (38%)
Linfedema em mãos e pés (22%)
Pescoço curto (40%)
Displasias ungueais (13%)
Quarto metacarpo encurtado (37%)
Cúbito valgo (47%) Genu valgo (35%)
Pescoço alado (25%)
Múltiplos nevus pigmentares (26%)
Alterações anatômicas renais, rim em ferradura (40%)
Tireoidite de Hashimoto, hiper ou hipotiereoidismo (44%)
Baixa implantação/rotação de orelha Pregas epicênticas; ptose palpebral; (30 a 50%)
estrabismo
Otite de repetição (até 60%)/ crônica Mamilos
invertidos
e/ou Deformidade óssea – escoliose;
hipoplásicos
cifose; osso em Madelung
Obstrução linfática (no útero)
Hipertelorismo mamário, mamilos hipoplásicos ou invertidos; tórax alargado, em escudo ou escavado
TABELA 2 – Principais alteracões fenotípicas, malformações e doenças que podem estar associadas à ST, com sua freqüência de aparecimento nesta síndrome. (Stratakis et al, 2005)
FIGURA 2 (modificado de Constantine A. Stratakis and Owen M. Rennert, 2005) – O diagrama mostra as alterações fenotípicas na ST: (1) baixa estatura; (2) malformações cranianas; micrognatia, palato em ogiva; (3) pescoço curto; baixa implantação, orelhas rod adas; (5) pescoço alado (25%), implantação baixa de cabelos; (6) múltiplos nevus pigmentados; (7) mamilos hipoplásicos e/ou invertidos; (8) quarto metacarpo curto; (9) cúbito valgo; (10) obstrução lintática (no útero); (11) edema de mãos e pés; , finas e frágeis; (13) alterações anatômicas renais, rins em ferradura; (14) falência gonadal primária, gônadas em fita; (15) tireoidite de Hashimoto, hipotireoidismo; e (167) genu valgo. (A) paciente com ST, (B) paciente com síndrome de Noonan e (C) discondrosteose de Léri-Weill – mostrando que pacientes com ST podem ter poucas alterações fenotípicas em comparação com outras síndromes; (D) e (E) – pacientes com ST com baixa estatura e características femininas, e em (F), também com BE, porém com algumas caracterísitcas androgênicas ( paciente com mosaicismo, apresentando cromossomo Y em uma das linhagens); (G) e (H), micrognatia e (I) implantação baixa de cabelos, presente nas 3 pacientes; (J), (K) e (L) mostram edema de extremidades em pacientes com ST, ao nascimento (J) ou mais tarde na infância (K) e (L); pacientes com síndrome de Léri-Weill e ST podem ter deformidade óssea em baionete ou de Madelung do antebraço tanto clinicamente (M) como ao raio -X (N). (O) slide da coleção pessoal do Dr. H. Turner, mostrando paciente com ST tratada com estrogênio, com feminização completa, porém com pouca alteração da estatura final.
ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES
Afetam cerca de 50% das pacientes com ST
Alongamento do arco aórtico: 50%
Coarctação de aorta (14-34%) e VAB (7-14%)
Dilatação e dissecção da aorta
ECG: alterações de condução e repolarização
Doença isquêmica cardíaca (↑2x)
HAS (23 a 40%)
FIGURA 4 (Modificado de Carolyn A. Bondy, 2008) – Alterações vasculares múltiplas em uma mulher com ST. AngioRNM mostra um arco transverso alongado da aorta ( A),origem anômala da artéria subclávia direita (B) e veia cava inferior persistente (C e D). A seta maior em A indica a extensão do alongamento, e a seta menor, uma “pseudo-coarctação”. As veias cava inferior e direita estão indicadas pelas setas no corte coronal (C) e transversal (D).
FIGURA 5 (Modificado de 22 Ângela E.Lin and Michael Silberbach, 2007) – Imagem de RNM com uso de contraste, da aorta torácica e abdominal em uma pacientede 17 anos de idade com ST. A aorta ascendente (AAo) está dilatada, e a aorta transversa (TAo) está alongada. Há um grande aneurisma da artéria subclávia esquerda (LSA). Observa-se uma coarctação aórtica (COA) leve e a aorta descendente (DAo) e a abdominal (AbAo) estão dilatadas.
ALTERAÇÕES RENAIS
30-40% dos pacientes com ST
Risco ↑ de hipertensão, ITU e hidronefrose
INTOLERÂNCIA À GLICOSE (50% - + de 20 anos)
ALTERAÇOES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS
DENSIDADE ÓSSEA; ALTERAÇÕES ENZIMÁTICAS
ALTERAÇÕES OFTALMOLÓGICAS;ORTODÔNTICAS;PELE
FIGURA 6 (Fotos retiradas de 37 H. Puusepp et al, 2008) – A: Mãos da paciente. A deformidade de Madelung envolve uma alteração do desenvolvimento do punho e do antebraço. B: Um raio-X de mãos e cotovelos indicando uma deformidade de Madelung – hipoplasia da parte distal da ulna e processo estilóide, falanges distais curtas de ambos os polegares,e deslocamento da parte distal da ulna.
DISGENESIA GONADAL
ausência ou atraso no desenvolvimento da puberdade→ infertilidade e falência ovariana
pode estar presente em 80-95%
a falência gonadal: níveis ↑ de LH e FSH, e na baixa concentração de estradiol plasmático; além da amenorréia observada clinicamente
DÉFICIT AUDITIVO: 50% – neurossensorial - 60%
OTITE MÉDIA - de repetição (até 60%)
DOENÇAS AUTO-IMUNES E/OU INFLAMATÓRIAS
Hipotireoidismo (24%), hipertireoidismo (2,5%)
Doença de Chron,retocolite ulcerativa
Doença celíaca
SOPREPESO, HIPERCOLESTEROLEMIA
A maioria => inteligência normal
Pode ocorrer RM
Prejuízo seletivo nas habilidades não-verbais:
matemática (aritmética e geometria)
déficit na organização visual-espacial
dificuldade na cognição social
função motora e atenção (24%)
Risco ↑ de isolamento social, imaturidade, baixa auto-estima, depressão e distúrbios relacionados à ansiedade
Se suspeita diagnóstica → solicitação de cariótipo
Acompanhamento multidisciplinar
Solicitação de pesquisa do cromossomo Y Pacientes que apresentarem genitália virilizada ao nascimento ou que
apresentem virilização (cliteromegalia, sudorese excessiva, hirsutismo) RECOMENDAÇÕES
Pacientes com fragmento cromossômico não identificado no cariótipo
Pacientes com gonadoblastoma
Gonadectomia profilática quando presença do cromossomo
Avaliação Cardiológica
Exame semiológico completo
Ecocardiograma com avaliação de aorta Se alteração cardíaca presente -> encaminhar para
cardiopediatria. Ecocárdio de controle a cada 2 anos Sem alteração cardíaca -> ecocárdio de controle a cada
3 a 5 anos
Se for possível, solicitar RNM para melhor avaliação de possíveis anomalias cardíacas
Avaliação Nefrológica
Ecografia de vias urinárias
Se
alteração
urinária
presente
->
Nefropediatria
Avaliação tireoideana
TSH/T4 ao diagnóstico e depois anual
Se em uso de GH, semestral
encaminhar
para
a
Avaliação Oftalmológica
Ao diagnóstico ou ao entrar na escola
Na seqüência, se alteração ou queixas
Avaliação Audiométrica
Ao diagnóstico ou ao entrar na escola
Na seqüência, se OMA de repetição ou queixa de perda auditiva
Avaliação Ginecológica
Ecografia pélvica ao diagnóstico
Exame ginecológico em pacientes maiores que 15 anos
Raio-X de idade óssea
Anual ou semestral, se em uso de GH
Densitometria óssea
Ao diagnóstico e pelo menos 1x após início do uso de GH
Teste de Tolerância Oral à Glicose
Avaliar necessidade, em cada caso
Exames
Solicitar glicemia de jejum, perfil lipídico de jejum, função hepática, EAS pelo menos anualmente
Tratamento da Baixa Estatura
Objetivos: obter assim que possível uma altura normal para a idade , puberdade na idade adequada, altura adulta normal
Meninas com ST geralmente têm um padrão de secreção de GH normal
Terapia com GH
Estatura
# Quando suspender
Se VC < 2,5 cm/ano
GRÁFICO 2 - Altura média (mais 2 desvios) em diferentes idades de dados publicados de pacientes com ST (linhas tracejadas mais fortemente) colocada no gráfico de crescimento para meninas normais (linhas mais fracas)
GRÁFICO 1 (obtido do PuMed.com ) - mostram as curvas de crescimento específicas para as pacientes com ST (em roxo), sobre o gráfico de crescimento normal (em vermelho) .
Terapia com Estrogênicos
Idade mínima de 12-13ª (IO > 12 anos)
Aumento progressivo da dose do estrógeno
Após crescimento completo, trocar por ACO
95% das ♀s com ST evoluirão com falência ovariana prematura → terapia com estrógeno exógeno → induzir a puberdade + manter a feminização e massa óssea adequada na vida adulta
Associação do progestágeno pelo menos dois anos após o início do estrógeno ou até sangramento inicial ocorrer → desenvolvimento mamário e uterino normal
Reconsultas: trimestrais
Medir estatura e segmentos
Exame físico
Verificação de PA
Exames Laboratoriais - Trimestrais # Se em uso de GH: glicemia, frutosamina, HC, EAS # Se em uso de oxandrolona: TGO, TGP, lipídios, colesterol, triglicerídeos, FAL
- Semestrais # Se em uso de GH: T4, TSH e IO # EPF
- Anual # T4 e TSH se não estiver usando GH # IO
- Acompanhamento adequado na vida adulta -
Investigar riscos para morbidades potenciais
-
Manutenção da densidade óssea e prevenção de osteoporose
Observou-se que o diagnóstico não tem ocorrido precocemente
O acompanhamento de mulheres com ST não tem
sido adequado
Alterações cardiovasculares X importância da realização
de
exames
complementares
(ecocardiograma e RNM) para detecção precoce de possíveis anormalidades
O acompanhamento regular da pressão arterial é de grande
importância para detecção de HAS
O crescimento prossegue com a introdução gradual do estradiol
Não retardar o desenvolvimento puberal para se tentar obter um
ganho maior na estatura final
O atraso puberal
acarretar impacto psicossocial negativo
falência ovariana precoce
interferência na aquisição de massa óssea
Acompanhamento multidisciplinar é de suma importância para o seguimento e melhor tratamento dessas pacientes
A falta de seguimento prospectivo não permite avaliarmos as co-morbidades que não estão
associadas ao déficit de crescimento