Aristóteles (Empirista) Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, na atual Macedônia, em 384 A.C. Aos 17 anos se mudou para Atenas, para estudar na Academia de Platão, que na época tinha 60 anos. Apesar da diferença de idade, se tornaram grandes amigos. Apesar da amizade, Aristóteles foi bastante crítico, e discordou de quase tudo que o mestre disse. Sua frase famosa é: “Sou amigo de Platão, mas sou mais amigo da verdade”. Enquanto a teoria de Platão era mais elevada, abstrata, e baseada na Matemática, Aristóteles preferia a abordagem mais terrena, experimental, e focada na biologia. Ou seja: Platão era Racionalista, mas Aristóteles era Empirista. O primeiro conceito que Aristóteles atacou foi o do Mundo das Ideias. Ele achava a ideia, além de desnecessária, insustentável. Em vez de procurar num mundo ideal as formas das coisas existentes, podemos deduzir as formas através da informação disponível aos nossos sentidos. Enquanto Platão acreditava que nós “reconhecemos” as formas devido à nossa experiência (antes da vida terrestre) no Mundo das Ideias, Aristóteles acreditava que nascíamos sem experiência alguma (Tabula Rasa), e que aos poucos as experiências no mundo nos revelavam seus formas essenciais e acidentes. Exemplo: cavalos e cachorros. A criança, a princípio, não sabe diferenciá-los, e por vezes os confunde. Apenas com a experiência (acerto e erro) ela começa a definir o que é essencial e o que é acidental em cada animal. No seu processo de classificar o mundo, Aristóteles formulou que tudo pode ser explicado de acordo com 4 causas: Causa Material: do que algo é feito; Causa Formal: a forma que algo tem; Causa Eficiente: como uma coisa vem a ser (é criada); Causa Final: para que algo serve.
Tomando como exemplo uma estátua: Causa Material: O mármore. Causa Formal: A figura de um ser humano (design). Causa Eficiente: O escultor e suas ferramentas. Causa Final: Lembrar alguém importante e agradar os sentidos.
Essa Causa Final é, para Aristóteles, um conceito de valor Ético. Enquanto hoje em dia usamos a palavra Ética, na maioria das vezes, para significar apenas “bom comportamento”, ou “agir de acordo com as regras”, o significado para Aristóteles era bem diferente. Para ele, Ética (em grego, “bom costume”) é viver de acordo com a Causa Final. Por exemplo, um olho é “bom” quando vê, ruim quando não vê, ou vê mal. Assim, uma pessoa é “boa” quando vive ao máximo de acordo com suas capacidades, em busca de virtude.
Nesse processo de classificação, Aristóteles ainda fez algumas distinções que foram bastante importantes para a história da Filosofia:
Substância/Essência e Acidente: Substância: “Aquilo que é em si mesmo”, tudo aquilo que é ser. e dos atributos. Pode ser equalizado com a essência. Essência: Atributo essencial da substância, aquilo que se mantém, apesar dos acidentes. Percebemos a essência através dos acidentes. Exemplo: Um homem, gordo que perde peso continua sendo um homem. Acidente: Atributo não-essencial da substância, que não a torna o que ela é. Usamos os sentidos para perceber os acidentes. Exemplo: ser gordo ou magro, alto ou baixo, são acidentes que não modificam a essência do ser. Exemplo prático, na Igreja Católica, Pão e Vinho são, em Substância/Essência, Corpo e Sangue de Cristo; nos acidentes, continuam sendo Pão e Vinho.
Ato e Potência: Forma/Ato (realidade) e Potência são melhor entendidas em proporções, misturadas em todas as coisas. Ato: Essência/forma. Aquilo que a coisa é no momento. Perfeição, completo. Por exemplo: uma barra de ouro é quase completamente ato: se nada (ou ninguém) agir sobre ela, ela será uma barra de ouro para sempre. Matéria/Potência: Aquilo que a coisa pode vir a ser. Imperfeição, incompleto. Por exemplo: uma maçã é quase completamente potência: rapidamente se transforma (apodrece) e não se mantém maçã. Exceção uma exceção a essa dualidade: Deus é completamente ato/forma, e 0% potência. Algo 100% matéria/potência seria, por definição, nada.
Arístóteles também foi importante para a Lógica, elaborando a idéia do silogismo, que consiste de três proposições consistindo de duas premissas e uma conclusão, que podem ser resumidas em: se A=X, e B=A, então B=X. O exemplo clássico:
Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Logo, Sócrates é mortal.
A lógica de Aristóteles só foi supera no século XIX.
Outra grande contribuição de Aristóteles foi a educação de Alexandre Magno (ou Alexandre, o Grande), que viria a conquistar grande parte da Europa, África e Ásia, nesse processo popularizando a cultura grega e sua Filosofia. No entanto, após a morte de Alexandre seu império se desfez, e a Grécia perdeu muito de sua relevância no mundo civilizado. Roma começou suas conquistas e, ao tomar controle das cidades-estados gregas, não teve interesse nas ideias de Aristóteles, preferindo aquelas de Epícuro e Zeno.
Os romanos falavam latim, e por falta de interesse, a obra de Aristóteles não foi traduzida. Com exceção da Lógica (traduzida por Boécio), a Europa ficou sem contato algum com as ideias de Aristóteles. Já no mundo muçulmano, no entanto, toda a obra de Aristóteles foi traduzida para o árabe. Espanha e Portugal foram, durante quase 300 anos, habitadas e controladas pelos muçulmanos, e foi através das traduções que eles fizeram que a Europa teve o à obra de Aristóteles. No século XIII, São Tomás de Aquino, ignorando uma proibição da Igreja, une as ideias aristotélicas ao dogma cristão, reformando a teologia da Igreja. O legado da Aristóteles é facilmente percebido no mundo atual: as ciências como as conhecemos hoje (física, química, biologia) tiveram seu início com ele. Suas opiniões sobre arte e teatro ainda são consideradas, e sua visão de Ética ainda é considerada de base para qualquer discussão.
Forma e Matéria são partes da Substância (não dos Acidentes). Forma (ato, realidade): Essência necessária ou substância das coisas que têm matéria. Nesse sentido, que está presente em Aristóteles, Forma não só se opõe a matéria, mas a pressupõe. Matéria (potência): Princípio indeterminado de que o mundo físico é composto, “aquilo de que é feito algo”. Algo com muita forma e pouca matéria tende a se manter. Algo com muita matéria e pouca forma se modifica. Forma=perfeição; matéria=imperfeição. Algo 100% forma: Deus. Algo 100% matéria: nada.