ALUBRAT - CAMPINAS e FACULDADES SPEI PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM PSICOLOGIA TRANSPESSOAL TURMA IV - 2011-2012
Módulo II Novos paradigmas na comunicação
Sergio Vieira Holtz Filho
Campinas/SP maio/2011
1
TRABALHO DO MÓDULO II Novos Paradigmas na Comunicação Ler a apostila, refletir e responder
Índice 1.Faça a relação entre a Psicologia Humanista e a Psicologia Transpessoal............2 2.Sobre a Abordagem Integrativa Transpessoal, cite e descreva brevemente os procedimentos técnicos............................................................................................ 2 3.O que é comunicação intrapessoal, interpessoal e Transpessoal?..........................7 4.Ler o texto “o silêncio na comunicação”, refletir e escrever. Discorra livremente sobre: como você compreende a importância do silêncio no exercício de “cuidar do Ser”?.....................................................................................................................8 5.Sobre a importância da emoção no processo de aprendizagem segundo Maturana e a relação com a abordagem integrativa transpessoal........................................... 9 6.Bibliografia............................................................................................................... 10
2
1. Faça a relação entre a Psicologia Humanista e a Psicologia Transpessoal. Não há uma definição conclusiva. O que podemos observar é que a segunda é um desmembramento da primeira. A psicologia Humanista foi o berço que gerou a Psicologia Transpessoal. Psicologia Humanista
Psicologia Transpessoa.
Chama a atenção para as características Aceita as caraterísticas que diferenciam que diferenciam o Homem dos animais. o Homem dos animais. Atenção na experiência pessoal e foco na experiência como fenômeno primário no estudo do Homem; a experiência simplesmente pela experiência e o seu significado para a pessoal.
Atenção na significância do resultado da experiência que está integrado na manifestação de ser de cada ser, de acordo com seu grau evolutivo.
Objetivo na valorização do Homem e seu Objetivo na reintegração das partes num desenvolvimento a partir das próprias ser pleno e plenificado, através do virtudes. pessoal e além, reconhecendo a multiplicidade na unidade de cada ser que habita o humano. “Cada ser em si contém o dom de ser capaz, de ser feliz.”
“Cada ser em si contém o dom de ser capaz, de ser feliz.”
Cada um é o protagonista da própria descoberta de si mesmo. Como tal, o Homem se une a outros e forma grupos sociais.
A exemplo de Maslow, compõe todas as outras “psicologias”: a psicanálise de Freud, o comportamentalismo (ou behaviorismo), e a psicologia humanista, e o que mais vier.
2. Sobre a Abordagem Integrativa Transpessoal, cite e descreva brevemente os procedimentos técnicos. Os procedimentos técnicos servem à sistematização da Abordagem Integrativa Transpessoal para favorecer a emergência d'uma consciência mais desperta e, consequentemente, o desenvolvimento do ser humano. São eles: •
Intervenção verbal
•
Imaginação ativa
3
•
reorganização simbólica
•
dinâmica interativa
•
recursos auxiliares Intervenção verbal
Dinâmica interativa
Imaginação ativa
Reorganização simbólica
Recursos auxiliarres
Por se tratar com seres racionais e, alguma vezes, racionalizadores, convém que o primeiro contato aconteça com a intervenção verbal, e é essa a praxe no mundo ocidental. Com a intervenção verbal se estabelece o contrato, as normas de utilização do tempo e do espaço disponíveis e, nesse ínterim, permite a ambos, “contratante” e “contratado”, obter uma visão geral e estabelecer os requisitos e expectativas sobre o trabalho. O pressuposto básico de uma intervenção verbal é o acolhimento, ou seja, é importante que se acolha de imediato o cliente-aprendiz-contratante com suas colocações, mesmo que que não as considere definitivas ou melhores. Dessa forma, o orientador-terapeuta-conselheiro permite e até estimula a esponteneidade, que é sempre precursora da criatividade. É bom evidenciar o óbvio! Com a expressão espontânea do cliente-aprendiz, cria-se a oportunidade para que ele evolua. Óbvio também me parece, e penso que a você também deva parecer, que é essencial para o orientador-terapeutaconselheiro a disposição firme para desenvolver-se a escuta cada vez mais ampla, até chegar a ouvir o que não é falado, ver o que não está dimensionado, a real existência, Aquele que É naquele que está, facilitando, assim, que novas aquisições sejam definitivamente integradas.
4
Isto posto, identificados os requisitos do cliente, a-se à execução do contrato, ou seja, à realização do trabalho propriamente dito. Considerando as diferenças individuais, lança-se mão dos demais procedimentos, de acordo com a percepção do orientador, normalmente o procedimento seguinte é a Imaginação ativa. O termo “imaginação ativa” ou “ativada” é herança do Dr. C. G. Jung. Tais exercícios favorecem ao cliente-aprendiz usar imagens mentais que possibilitam vivenciar experiências, colorindo-as com conteúdos do seu inconsciente. Assim, potencializam-se aspectos da consciência de vigília, atualiza-se uma percepção mais ampla da realidade e estimula-se a presença da ordem mental superior. Identificados os conteúdos que se mostraram, poderá, então, o terapeutaorientador ajudar na organização desses conteúdos numa sequência lógica para o cliente-aprendiz, em termos de entendimento em nível psíquico e/ou físico (temporal, espacial). A esse procedimento de ajudar ao cliente-aprendiz a dimensionar os conteúdos que emergiram do seu inconsciente chamamos reorganização simbólica. A reorganização simbólica envolve a imaginação e vai além: •
permite esclarecer e organizar metas;
•
possibilita reconhecer aspectos psíquicos e direcioná-los;
•
favorece a integração das ações cotidianas com as atitudes psíquicas, o que conduz à realização dos desejos;
•
integra a intuição aos processos deliberativos e decisórios;
•
desperta o indivíduo para o significado da vida, ampliando sua percepção do todo
A reorganização simbólica pode estabelecer um entendimento parcial das possibilidades do cliente-aprendiz, que, apesar de satisfeito intelectualmente, não obtém mudança significativa no eixo evolutivo. Para que se satisfaça os requisitos do cliente-aprendiz, ou seja, que se obtenha tal mudança no eixo evolutivo, convém a integração dos conteúdos observados e reconhecidos. Para isso a o orientador-terapeuta à aplicação do procedimento que chamamos “dinâmica interativa”.
5
Como o próprio nome sugere, dinâmica interativa promove a ação comum, a comunicação entre os conteúdos recém emergidos do inconsciente com os conteúdos nos vários estados de consciência. São, portanto, etapas integrativas de um processo de desenvolvimento pessoal, vinculadas às necessidades de motivação descritas por Maslow, e relacionadas por Weil aos sete centros do desenvolvimento psíquico e transpessoal (SALDANHA, 2004, p. 9). A Dra. Vera Saldanha observou, durante o seu percurso profissional, que o aprofundamento e a elaboração dos conteúdos trazidos acontecem naturalmente em sete etapas, que denominou: 1. reconhecimento, 2. identificação, 3. desidentificação, 4. transformação, 5. transmutação, 6. elaboração e 7. integração. Essas etapas são sensibilizadas a partir de vivências num nível imaginário, baseadas em diálogos realizados durante jornadas míticas, que podem ser realizadas a partir da imaginação ativa, do psicodrama interno, do trabalho corporal e sensorial, da personificação de conteúdos aprendidos, do grafismo, da representação simbólica, objetivação de conteúdos, psicodrama transpessoal e todos os demais recursos citados anteriormente. São exercícios poderosos que trazem experiências profundas do indivíduo, por isso exigem muito do profissional que os aplica. De qualquer maneira, observou a Dra. Vera Saldanha que o aprendizado, ou seja, a mudança efetiva, advém da vivência das sete etapas, que poderão ser sucessivas ou não, mas que sempre possibilitarão uma transformação de padrões de percepção, de sentimento e de comportamento. Afinal de contas, toda ação terapêutica tem como objetivo uma aprendizagem, ou seja, a manifestação de uma nova forma de ser e de estar. Da mesma forma, conforme a Dra. Vera Saldanha, o processo de aprendizagem havido na educação, formal ou informal, tem uma
6
atuação terapêutica, transformadora e até curativa em relação à percepção da realidade. Das sete etapas: 1. Reconhecimento é a primeira etapa. Surge um questionamento e o indivíduo se mobiliza para acolher o novo. 2. Identificação acontece quando há ressonância com a necessidade básica na qual o indivíduo se encontra. Podem ocorrer sensações físicas, sentimentos, pensamentos vivenciados 3. Desidentificação, ou seja, o discernimento crítico, a análise, a reflexão articulada em diferentes aspectos em relação à aplicabilidade. Pode ocorrer uma cristalização de uma fase intelectual, na qual o indivíduo pode parecer brilhante do ponto de vista teórico. 4. Transmutação, o conhecimento adquire significado pessoal. Aspectos positivos, negativos, fácil, difícil, desafio, há luta entre aprofundar e abandonar. Nesta etapa o julgamento de certo e errado ou do bem e do mal não é suficiente. Nada é nem inteiramente certo nem inteiramente errado ou inteiramente bom ou inteiramente mal. Surge uma multiplicidade de paradigmas que catapulta o indivíduo para a etapa seguinte. 5. Transformação em um novo conhecimento estabelecido. Pode-se sugerir que houve uma agem, uma mudança de nível. É uma resultante de síntese do questionamento havido na etapa anterior. Esta síntese já é aquisição do indivíduo, produz um diferencial tanto interno quanto externo. 6. Elaboração resulta da própria transformação. Há compreensão (no sentido de abranger, encerrar, conter) total das possibilidades e o indivíduo pode articular “velhos vícios” e criar novas possibilidades, o diferenciado. Neste estado há, sem dúvida, a colaboração, ou seja, a elaboração conjunta entre Self e ego. 7. Integração do conhecimento na manifestação, na vida pessoal, profissional, cotidiana. É a manifestação integral do Ser no ser. Aquele indivíduo se torna parte íntima do processo revelador e transformador
7
da vida humana, um instrumento vivo cuja existência pessoal só tem sentido porque contribui no nível social, está integrado ao cósmos. Esse processo ocorre pela mobilização no eixo experiencial, de diferentes níveis do ser: razão, emoção, intuição e sensação (REIS), no movimento à dimensão superior de consciência humana no eixo evolutivo. Temos ainda os recursos auxiliares, que são aqueles que não são exclusivos da Psicologia Transpessoal. Lembremo-nos da concentração, da meditação, da contemplação e do relaxamento que favorecem um estado mais sereno da mente. Esses recursos podem ser usados em diferentes momentos da didática transpessoal, porque favorecem a aprendizagem e o bem-estar. Muitos desses procedimentos ou recursos auxiliares carregam o patrimônio do conhecimento da humanidade em formas relativamente simples e metodizadas, como a Ioga, os Exercícios Espirituais Inacianos, a Lectio Divina beneditina. É sabido que a sua prática facilita a atualização de níveis de expansão da consciência, diminui o nível de tensão e ansiedade, promove clareza mental e maior receptividade ao novo, como também, interfere diretamente na condição física do indivíduo, em particular do seu sistema imunológico, porque, diz-se, ativa as glândulas endócrinas, equilibrando a produção de hormônios harmonizando todo o metabolismo fisiológico e emocional.
3. O que é comunicação intrapessoal, interpessoal e Transpessoal? Na Psicologia Integrativa Transpessoal nós contemplamos a comunicação, simultaneamente, em três contextos: intrapessoal, interpessoal, e além do pessoal. Intrapessoal se refere às conversas que se estabelece consigo mesmo. Acontecem normalmente antes de se estabelecer uma manifestação externa. Também ocorrem resultados da fragmentação entre razão, emoção, intuição e sensação (REIS), na forma de atitudes e ações de si para consigo mesmo. Dependendo do grau de consciência que se encontra, esta comunicação interna, intrapessoal, pode se manifestar em quietude, equanimidade e paz, ou um extremo estado de psicose. Interpessoal se refere às manifestações entre pessoas. Podem ser verbais, comportamentais, mentais relacionadas ao grupo, à sociedade, ao outro. É como 8
nos relacionamos em sociedade. É a expressão da necessidade atávica de voltar a ser um com o outro. De voltar a ser comum, em comunhão. Transpessoal, ou além do pessoal, compreende as duas anteriores e mais a consciência da Unidade do Ser, manifestado na multiplicidade de formas de ser. Ao tornar comum, a comunicação transpessoal favorece a reintegração das partes fragmentadas em um ser pleno.
4. Ler o texto “o silêncio na comunicação”, refletir e escrever. Discorra livremente sobre: como você compreende a importância do silêncio no exercício de “cuidar do Ser”? Numa composição musical, a pausa tem o mesmo valor que a nota. Quando se executa qualquer música, todo executor tem que cantar as pausas tanto quanto tocar cada nota. No silêncio se concentra toda a tensão da obra musical. No silêncio se concentra toda a expectativa da obra. No silêncio da terra germina a semente, silenciosa. No silêncio do útero fecundo o ovo torna a ser oportunidade para mais um ser. No silêncio do olhar da amada mora toda razão de ser do amado. No silêncio do corpo inerte sobre a bancada fria reflito sobre a razão de estar. Quem sou? Silêncio! Grito de novo: Quem sou?? Ainda o silêncio!! Já nem me lembro mais. Silêncio de memória! E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? A luz apagou silenciosa. A luz acendeu silenciosa. Eu sou o silêncio que faz todo barulho. E como grita a voz do silêncio! No estado de silêncio ouço as vozes do interior, meu e dos outros e às vezes do exterior, daqui e de além daqui. Inspiro e expiro... Silêncio. Expiro... Silêncio. Às vezes é no meio do silêncio Que descubro o amor em teu olhar É uma pedra É um grito Que nasce em qualquer lugar (...) Às vezes é no meio do silêncio
9
Que descubro as palavras por dizer É uma pedra Ou é um grito De um amor por acontecer “Silêncio e Tanta Gente” - Maria Guinot 5. Sobre a importância da emoção no processo de aprendizagem segundo Maturana e a relação com a abordagem integrativa transpessoal. Ao ler o texto anexo da apostila “Humberto Maturana e o papel da emoção no viver e conviver”, não encontrei referência ao processo de aprendizagem segundo Maturana. Considerando que a autora do texto apresenta de forma naturalmente tendenciosa alguns conceitos, distorcendo do que teria dito Maturana, e que ao final de uma leitura atenta podem parecer antagônicos e contraditórios, o que não combina nem com a fama nem com o conteúdo daquele autor, pretendo inferir que, talvez, é na abordagem sobre educação que se pretenda obter aprendizagem. Mesmo no capítulo “Maturana e a educação” a criação de neologismo sem significado claro ou a redundante multiplicação de adjetivos substantivados, turvam o entendimento do que seria de Maturana ou daquilo que é fruto do preconceito da autora, que chega a não concluir orações dada a dispersão das frases que as constituem. Em determinado ponto da dissertação a autora conclui que “os significados de cada coisa são construídos a partir de uma interação...”; não pude identificar se de comportamentos ou de linguagem, e que deve haver consenso (?). A autora utiliza a palavra “aprender” duas vezes, e escreve que “o ato de aprender é um fenômeno complexo, envolve as diferentes dimensões do ser humano e ocorre em uma integração no ser e no fazer consigo mesmo e com o outro” (p. 39); e que “os autores (Maturana e Rezepka, 2000) relatam que a criança que cresce no respeito por si mesmo pode aprender qualquer coisa e adquirir qualquer habilidade se assim o desejar” (p. 41). De qualquer forma, seguindo pela inferência a que me propuz, parece-me razoável que Maturana tenha dito que “não há ação humana sem uma emoção que a estabeleça como tal e a torne possível como ato”. De acordo com Maturana (apud 10
RODRIGUES, apud SALDANHA, 2004, p. 38) tudo o que fazemos, todas as nossas condutas, mesmo aquelas que chamamos de racionais, dão-se sob o domínio básico de uma emoção, denominado (sic) amor. Maturana (idem, p. 40) também acredita que seja responsabilidade da escola conduzir os alunos de forma que seus conhecimentos reflexivos sejam ampliados e também sua capacidade de ação. Daí, suponho eu, a necessidade de ampliar a capacidade de amar ou de viver emoções. Também acrescenta que segundo Maturana e Tezepka (2000), as relações humanas ocorrem sob emoções distintas. Assim, no trabalho predomina a relação sob emoção da obrigação, nas relações políticas e relação sob a emoção do engano e da manipulação. No entanto, em sociedade, as relações devem estar pautadas sob a emoção da confiança, respeito mútuo e o amor na aceitação do outro como legítimo. Na relação com a abordagem integrativa transpessoal ouso inferir que, na dinâmica natura de integração e apreensão do conhecimento, seguida da manifestação inerente, ou seja, aprendizagem, a emoção, como a mola propulsora das ações humanas, permite a integração do conhecimento através da experiência vivenciada, nos diferentes níveis de ser: razão, emoção, intuição e sensação (REIS). No referencial da Abordagem Integrativa Transpessoal apresentada pela Dra. Vera Saldanha (2008, p. 188) “a emoção é essencial por conferir à situação o aspecto experiencial, trazer a energia necessária ao processo do desenvolvimento psíquico, favorecer a aprendizagem”.
6. Bibliografia SALDANHA, Vera. Apostila Módulo II – Desenvolvimento de modalidades de comunicação. Pós-graduação lato-sensu em Psicologia Transpessoal. Turma IV – 2011-2012. Campinas, SP : Alubrat, 2004. 42 p. SALDANHA, Vera. Psicologia transpessoal. Abordagem integrativa. Um conhecimento emergente em psicologia da consciência. Ijuí: Ed. Unijuí, 2008. 344 p.
11