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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – CAMPUS VII BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS DISCENTE: JOSÉ ROBÉRIO LIMA XISTO
Charles Spencer Chaplin (1889-1977) nasceu em Londres, Inglaterra, no dia 6 de abril de 1889. Foi ator, compositor, cineasta, dançarino, diretor e produtor cinematográfico, notabilizou-se por suas mímicas e comédias do gênero pastelão tornando-se o maior ator cinematográfico do cinema mudo. Filmografia: Carlitos Casa nova, 1914; O Vagabundo, 1915; Tempos Modernos,1936; entre outros. Faleceu em Vevey, na Suíça, no dia 25 de dezembro de 1977. Tempos Modernos, “Uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a cruzada da humanidade em busca da felicidade”. A meu ver, que inicialmente teria o nome de “As Massas”, traz uma mensagem social, porque é uma crítica ao TaylorismoFordismo e ao capitalismo selvagem, nos primeiros anos após a Grande Depressão Americana (1929). Charles Chaplin debruça-se sobre as teorias tayloristas e fordistas para através do cinema apresentar uma obra mímica, metafórica e satírica, marcando a transição do cinema mudo para o cinema falado. Além do mais, o filme apresenta aspectos da Teoria Científica, de igual forma, elementos da Teoria Clássica da istração. Na simbologia do filme temos algumas metáforas ideológicas: o rebanho correndo para o abatedouro (o povo correndo para o trabalho); o relógio (tempo é dinheiro, trabalho é controlado pelo tempo); o símbolo ideológico quando o personagem principal balança a bandeira indicando sua adesão às causas comunistas. Carlitos simboliza, em Tempos Modernos, a imagem do operário, e muito embora algumas cenas me pareça humorística, Chaplin consegue evidenciar o drama do proletariado em busca de oportunidades, de sobrevivência, pós crise de 1929, e o drama da fome representados pelos dois personagens principais: desempregado e a mendiga.
o operário
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Na visão de Taylor o operário não tem capacidade, nem formação, nem meios para analisar cientificamente seu trabalho e estabelecer racionalmente o método ou processo mais eficiente (Chiavenato, 2011, p. 57). Assim, o operário servia apenas para receber ordens e executar tarefas, era visto como vadio, preguiçoso, razão pela qual era imprescindível a
presença do supervisor no processo produtivo.
Chaplin sintetiza isso quando o supervisor controla a execução das tarefas apontando o dedo indicador para a esteira; quando retrata o personagem Carlitos como vagabundo, ainda que a morte social de Carlitos simbolize a busca pela felicidade, a sociedade capitalista não enxerga desse modo porque o vê como um irresponsável, vagabundo ou insano. O clímax de tudo isso é quando o personagem vai parar no hospício e na prisão, uma crítica evidente a força coercitiva do estado e a burguesia capitalista expressada simbolicamente nos elementos prisão e hospício. Em busca da maximazação do lucro patronal, do aumento da produtividade, da economia de tempo, o filme traz a Máquina Alimentadora Bellows para que o tempo gasto com o almoço fosse subtraído, de modo que não prejudicasse a produtividade, pois mesmo durante o almoço as mãos dos operários estariam livres para executar tarefas. Assim, Charles Chaplin consegue impor críticas ao fordismo com sua produção por meio de trabalho coordenado, ritmado, intenso e econômico. Ao experimentar a dita máquina de alimentação no horário de almoço, o personagem Carlitos serve de cobaia ao experimento. Durante os testes a máquina apresenta uma sequência de defeitos e maltrata o operário, nenhuma atenção é dada ao trabalhador, pois todas as atenções são voltadas ao maquinário.
Nesse
contexto, Chaplin aponta para uma crítica fundamental ao Taylorismo: O desprezo pelo elemento humano no processo produtivo, a desumanização do trabalho industrial. Tanto que surgiu posteriormente a Teoria de Relações Humanas valorizando as relações interpessoais; a interação social no ambiente organizacional que eram ausentes no Taylorismo e demonstrado por Chaplin na figura de Carlitos trabalhando na esteira da linha de montagem da fábrica. Verifica-se durante o filme o personagem registrando o ponto em todos os momentos nos quais deixava o posto de trabalho, como por exemplo, ir ao banheiro. Aqui me parece ficar comprovado o controle dos tempos mortos e tempos elementares no processo de produção para se verificar o tempo padrão. Enfim, tudo é controlado pelo tempo. O julgamento de Chaplin em relação ao controle do tempo
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se mostra ainda mais acentuado quando o operário tenta fumar um cigarro no banheiro, ali, de fato, o cineasta expõe a preocupação taylorista por tempos e movimentos. O resultado do estudo de tempos e movimentos, conforme teoria desenvolvida por Frederick W. Taylor foi a divisão do trabalho, mecanicismo, métodos de rotina para execução das tarefas, padronização (para eliminar o desperdício de tempo e aumentar a eficiência), etc. Tudo isso foi apontado na obra de Chaplin na figura representativa do operário Carlitos que executa tarefas repetitivas, monótonas, rotineiras na linha de montagem a tal ponto de lhe causar o esgotamento físico e mental. Segundo minha percepção, além dos já citados fundamentos da teoria taylorista, encontram-se também menções na obra cinematográfica Tempo Modernos de princípios da istração Clássica de Fayol tais como: divisão do trabalho, autoridade, disciplina, centralização e cadeia escalar. Por fim, a crítica central da obra consiste em mostrar que o sistema taylorista-fordista esgotou o homem por completo, isso é revelado quando: O personagem é engolido pelas engrenagens, enfim, quando é levado ao hospital psiquiátrico, atestada a insanidade mental causada pelo trabalho repetitivo, monótono, desgastante e exaustivo. No que tange ao capitalismo selvagem de Tempos Modernos, temos que ressaltar as diferenças temporais e desenvolvimento da tecnologia. No entanto, parece-me que adas algumas décadas, nós evoluímos no campo organizacional e nas relações interpessoais formal e informal, no entanto, continuamos ainda como simples operários repetitivos e rotineiros. Finalmente, concordo com a análise de Chaplin ao taylorismo-fordismo e ao capitalismo selvagem. Aponto ainda, que o filme tem como temática não somente o trabalhador tentando sobreviver em meio ao mundo moderno, buscando sua inserção na sociedade capitalista através da industrialização contemporânea, mas principalmente, na busca incessante pela felicidade e a esperança em alcançá-la, isso é metaforicamente interpretado pela morte social do personagem.
REFERÊNCIAS
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CHAPLIN, Charles. Tempos Modernos: Título Original: Modern Times: Preto e Branco. Legendado. Duração 87 min. Warner, 1936. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da istração. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2011. http://www.portaldarte.com.br/biografias/charles-chaplin.html.o 2014.
em:
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jul.