Teoria Psicanalítica1 (apontamento) A Psicanálise é um corpo teórico explicativo da estrutura psíquica, da vida mental e afectiva e um processo terapêutico das perturbações da personalidade. Esta teoria perspectiva a personalidade como que dominada pelas pulsões inconscientes, atribuindo grande relevo à infância dos indivíduos. Na Psicanálise, a personalidade (tal como os comportamentos, fantasias, crenças, opções de vida, …) é explicada pela dinâmica entre as instâncias do aparelho psíquico − id, ego e super-ego − que se formam ao longo do desenvolvimento psicossexual. O id representa forças irracionais, desejos recalcados e lida com as pulsões 2 de vida e de morte. As pulsões de vida provocam comportamentos para satisfazer necessidades básicas, como as da alimentação, repouso ou sexo; as pulsões de morte podem originar actos de agressão e de destruição. O id rege-se pelo princípio do prazer3, ou seja, procura a redução imediata de toda a tensão que possa provocar desprazer. Quando tal acontece (redução da tensão), produz prazer. O ego diferencia-se a partir do id em função do o com a realidade externa. O ego rege-se pelo princípio da realidade4, ou seja, tende para o mesmo fim de redução da tensão, mas acomodando-se às condições impostas pelo mundo exterior. Os pais, a família, os educadores e a sociedade em geral, apresentam à criança o princípio da realidade. Ora, o princípio de prazer (de acordo com o qual o sujeito deverá lutar pela satisfação pulsional imediata) entra em conflito com o princípio de realidade, que governa o ego. Assim, o ego tem de fazer concessões, estabelecer compromissos e equilíbrios entre a satisfação imediata que o id exige e os constrangimentos e obrigações da vida social. O super-ego constitui-se a partir da interiorização de forças repressivas (normas/valores morais e sociais introduzidos pelos pais, professores, etc.) ao longo do crescimento do sujeito. O super-ego opera constantemente como uma espécie de «polícia» que diz o que está certo ou errado, que aponta o que é louvado ou proibido. Esta instância lida essencialmente com questões morais. Conclusão 1 O ego, regido pelo princípio da realidade e tendo em conta as exigências do super-ego, vai avaliar quais as pulsões do id que podem ou não ser satisfeitas. Conclusão 2 Toda esta situação de luta permanente entre instâncias e princípios diferentes molda a personalidade do indivíduo. …/…
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Ou abordagem psicodinâmica. Fundada por Sigmund Freud (1856 –1939). Pulsões − forças que «atacam» o organismo a partir do interior e que o levam a realizar acções susceptíveis de provocar uma descarga da excitação. 3 Princípio de prazer − visa a realização imediata dos desejos/apetites. 4 Princípio da realidade − domina a vida consciente e corresponde à necessidade de adaptação à realidade social; visa a satisfação dos desejos, mas com comportamentos controlados, adequados às exigências da sociedade. 2