ARTE NA CHINA A GRANDE HISTORIA DA ARTE Filippo Salviati Sérgio Basso
ÍNDICE DO VOLUME INTRODUÇÃO Seis mil anos de arte chinesa 1 .AS ORIGENS:. A ARTE RITUAL DURANTE. O NEOLÍTICO E. A IDADE DO BRONZE Introdução 17 O Neolítico na China 20 O jade 22 Culturas do jade no Neolítico. Recente 24 Os Shang e a Idade do Bronze 30 Análise da obra Bronze ritual do tipo you utilizado como recipientes para líquidos 3 6 As descobertas de Sanxingdui O período dos Zhou Ocidentais Os Zhou Orientais e os Reinos Combatentes Análise da obra Fivela em bronze com damasquinados em ouro, prata e turquesa 56 Análise da obra Análise da obra 2.A CHINA UNIFICADA SOBA DINASTIA QIN Introdução 59 O florescimento do pensamento filosófico chinês 61 O exército de terracota e o mausoléu funerário do Primeiro Imperador 64 A disposição dos guerreiros de terracota 68 Estátuas em terracota representando um alto oficial do exército de terracota 76 A Grande Muralha 78 3. A CONSOLIDAÇÃO DO IMPÉRIO: OS HAN E. A ROTA DA SEDA Introdução 81 A dinastia Han O Príncipe Liu Sheng e a Marquesa de Dai Veste funerária em placas de jade cosidas entre elas com fio metálico em ouro 82 86 90 A seda 92 A China dos Han e os nómadas Xiongnu 94 As missões de Zhang Qian e a descoberta do Ocidente 96 Características da arte Han 102 109 4. A CORTE FRAGMENTA-SE, AS ARTES DESTACAM-SE: DOSHANAOSTANG Três séculos de agitação Aprofundamento. O indivíduo fecha-se em si próprio Monumentos na rocha Grandes pintores de obras-primas desaparecidas. Aprofundamento Gu Kaizhi A arte faz-se e discute-se, os seis princípios de Xie He Nasce a caligrafia Casas para a eternidade: a arte funerária
A magia do vidrado 5.A IDADE DO OURO DA CHINA: OS SUI E OSTANG 143 A candura da cerâmica O jardim no jardim Frescos paradisíacos O império no seu auge:osTang Aprofundamento. A difusão do budismo Capelas Sistinas do Oriente. O fascínio do imprevisível: a arte cerâmica Pequenas obra s-primas e colossais guardiões Arranha-céus de madeira: a arquitectura religiosa. Os grandes pintores Tang Aprofundamento Zhou Fang Os tesouros de Hejiacun e do Famensi 144 195 196 198 6.AS CINCO DINASTIAS E OS Introdução As cortes de Chengdu e de A paisagem: novo formato, Os Liao Imersos na natureza O rosto da morte Ouro, incenso. e cerâmica 7. OS SONG E. O APOGEU DA
LIAO Nanquim novas composições
ARTE CHINESA
O sentido plástico dos nómadas Jin A corte emigra para Sul Uma criação da mente A altitude externa e a altura interna As cerâmicas Song: paraíso para o tacto 242 Modelado: concentração e poder 246 A corte meridional escolhe o leque 247 Muda a terra, as cerâmicas têm que mudar de receita 263 Aprofundamento O entalhe O inferno e o Paraíso de Dozu 8.A CHINA SOB. O DOMÍNIO ESTRANGEIRO: A DINASTIA YUAN O domínio mongol e a reconquista autóctone 266 268 271 273 Novo fôlego do Norte 276 Quatro titãs 286 Aprofundamento. Os cominhos da discórdia são infinitos 296 A porcelana? É um produto da terra. 298 9.A CHINA DOS MING, RESTAURAÇÃO E INOVAÇÃO Introdução O nascimento da dinastia A China como potência marítima As artes na época Ming A porcelana e o comércio externo
A pintura Jardins e casas particulares A DINASTIA QING E. O FIM DO IMPÉRIO CHINÊS 329 Bárbaros e chineses Os três imperadores iluminados 330 334 339 Giuseppe Castiglione, um pintor jesuíta na corte dos Qing 342 O desenvolvimento das artes sob o domínio dos Qing 347 Análise da obra j,ge\a imperial em porcelana com decoração floral esmaltada 350 Qianlong, o imperador coleccionador 352 CRONOLOGIA BIBLIOGRAFIA 356 358
__Introdução Seis mil anos de arte chinesa Encontramo-nos hoje perante um curioso paradoxo com a entrada da China na Organização Mundial do Comercio (VvTO) e, consequentemente com a sua crescente inter nacionalização, tem-se vindo a difundir nestes últimos anos um interesse pelas mais recentes demonstrações artísticas da criatividade chinesa, tanto as de vanguarda como da arte contemporânea tout court Pode-se afirmar que existem mais informações no campo editorial sobre a actividade dos artistas de hoje do que a dos seus ant ecessores, ou sobre a arte chinesa tradicional da qual também as novas gerações de criativos não prescindem completamente. Assim, este volume constitui a primeira te ntativa, desde há muitos anos a esta parte, de apresentar a arte chinesa clássica ao público português, se bem que numa forma necessariamente concisa que não pode fazer justiça a complexidade de uma tradição artística milenária, mas que tenta elucidar os seus aspectos principais e mais característicos. Para dar uma perspect iva correcta das coisas é bom lembrar o leitor que, de um ponto de vista estritame nte chinês as artes com. A maiúsculo consideradas como tal desde pelo menos o século IV-V d C são a pintura e a caligrafia o verdadeiro artista - o wenren, o homem de letras - era aquele que se demonstrava versado e com tale nto nas difíceis artes do pincel e que se dedicava, sem fins lucrativos, a uma práti ca quotidiana de aprender estilos e modalidades expressivas dos reconhecidos mestre s do ado e alcançar assim a formulação de um idioma artístico próprio, no qual se reflectia o indivíduo e a cultura de que era expressão. Tudo o resto, da cerâmica a arte dos metais, da laboração do jade a tecelagem, da estatuária as artes decorativas ou aplicadas - laca, cloisonné e outras - tem sido sempre apanágio de ha bilíssimos, ainda que anónimos, artesãos, frequentemente iletrados. Em suma, 1. Na pagina ao lado Vaso de porcelana branca e azul decorado com figuras de dra gões, dinastia Ming, período e marca do período de reinado do imperador Wanli, 1573-1619 Bath, Museum of East Asian Art. 2 Pendente de jade em forma de dragão, dinastia Zhou, período dos Reinos Combatentes , por volta de 500 a.C. Toronto, Royal Ontario Museum.
13 na China clássica, não se dá o caso da ocorrência de figuras comparáveis a muitos dos noss os artistas, sobretudo renascentistas, que podiam ser ao mesmo tempo escultores e pintores de valor, arquitectos, desenhistas de mobiliário e objectos de decoração, o u seja, artistas completos. No que diz respeito a diferenças, outro factor importante, que distingue a arte chinesa da nossa, é essencialmente a sua natureza privada, ou quando muito, a sua circulação dentro de um estreito circulo de indivíduo s, característica preservada até à época moderna quando, sob o impulso ideológico do Maoismo, voltaram a ser discutidos os princípios básicos da prática artística, para a tornar mais ível e para que o povo pudesse usufruir dela, debate este que ainda se encontra em desenvolvimento e tem implicações na produção dos artistas contemporâneos. Esta conotação quase esotérica da arte chinesa, o facto de ser reservada a uma classe restrita da sociedade e apreciada dentro de um circulo de aprendizes e de peritos, fez com que, desde os seus primórdios, a arte chinesa fos se caracterizada por uma forte conotação simbólica que a invade desde o Neolítico até aos últimos êxitos do século XIX. A civilização chinesa e fundada em caracteres, fazendo da linguagem visual uma verdadeira forma de comunicação por imagens, tornando a arte completamente ível apenas a quem soubesse interpretar os recônd itos significados selados por detrás da mera aparência das formas. 3. Candeeiro em bronze com traços residuais de policromia em forma de pato, descob erta em 1987 em Wuxmgzhuang, distrito de Xiangfen, dinastia Han Ocidental, 206 a C - 8 d C Taiyuan, Museu Provincial de Shaanxi. 4, Imperador Huizong (r. 1100-1125), Damas da Corte Enquanto Batem a Seda, porme nor, inícios do século XII, Boston, Museum of Fine Arts. No que diz respeito às manifestações artísticas que podem ser referidas à chamada cultura material, uma contribuição fundamental é devida, especialmente durante os últimos trinta anos, aos resultados alcançados pela arqueologia, introduzida na C hina por investigadores ocidentais no início do século ado. Os nossos conhecimen tos actuais acerca da arte da China antiga, no longo período que se estende do Neolítico às últimas dinastias, foram grandemente aumentados graças às descobertas arqueológicas, sobretudo, quando as escavações retomaram o seu ritmo normal, após uma certa estagnação co incidente com o período da Revolução Cultural (1966-76). No entanto, durante este período foram efectuadas acidentais, mas fundamentais, descobertas, como a do s túmulos principescos de Mancheng (Lingshan, Hebei, c l l 3 a C), ou da sepultura
da Marquesa de Dai em Mawangdui (Changsha, província de Hunan, século II aC) Se, em tempos, eram os objectos que se encontravam nos museus europeus e americanos a fornecer aos investigadores ocidentais a matéria -prima para o estudo da arte ch inesa antiga, hoje os conhecimentos e as interpretações dos fenómenos artísticos e culturais baseiam-se principalmente nos achados provenientes de escavações control adas. Além disso a inserção da China num contexto científico internacional contribuiu para dar o a uma grande quantidade de obras antes inalcançaveis. Finalmente, o crescimento exponencial e sem precedentes do mercado antiquário internacional de arte chinesa, a publicação de inúmeros catálogos e a criação nos museus de secções inteira edicadas às artes da China, fazem com que este sector de estudos registe uma actualização continua das hipóteses interpretativas (F S) 5 Tecido bordado, primeira metade do século XVII. Florença, Museo degli Argenti. 6. Estatueta feminina em madeira pintada, da sepultura n. 1 de Mawangdui, Changs ha (província de Hunan), por volta de 168 a.C., dinastia Han Ocidental, 206 a.C.
- 8 d.C. Changsha, Museu Provincial de Hunan. >_As origens: a arte ritual durante o Neolítico e a idade do Bronze O longo período que se estende do final do Neo-lítico (por volta de 3000-2000 a C) a té à plena Idade do Bronze (por volta de 2000-1000 a.C) pode muito bem ser considera do como a fase formativa da civilização chinesa. Na realidade, é nesta altura que tomam f orma os elementos que a caracterizam, como a escrita, a ordem social, o culto dos anteados, e em que está plenamente atestado o trabalho dos materiais nos q uais se exprime a criatividade deste povo: jade, bronze, laca, seda, cerâmica. Em geral, a arte destas culturas antigas pode ser definida como essencialmente r itual, expressão de crenças religiosas e manifestações simbólicas do poder, também mágico-sagradas, dos membros da elite. Prova disso são os jades produzidos pelas cul turas do final do Neolítico e os bronzes rituais da dinastia Shang. Uma maior variedade na produção artística encontra-se durante o período dos Zhou Orientais, também c omo consequência da fragmentação política do país a arte torna-se agora expressão da riqueza e magnificência de cada corte enquanto a variedade de formas, m ateriais e temas decorativos antecipa o grande florescimento artístico da dinastia seguinte, a dinastia Han. 17 Par de recipientes rituais em bronze do tipo hu, período dos Zhou Orientais, século V a.C. Londres, British Museum. 2. Vaso de três pés em cerâmica em forma de coruja descoberto em Taipingzhuang, Huaxia n (província de Shaanxi), cultura neolítica Yangshao, V-IV milénio a.C. Pequim, Museu da Historia Chinesa. 18 3. Ânfora em terracota pintada em motivos geométricos, de cultura neolítica Yangshao, fase Maiiayao (província de Gansu), inícios do III milénio a C. Lanzhou, Museu Provincial do Gansu 4 Fivela em bronze com motivos decorativos geométricos damasquinados em ouro, períod o dos Zhou Orientais, fase dos Reinos Combatentes, século V-IV a.C., comprimento 9,6 cm. Paris, Musée National dês Arts Asiatiques-Guimet , Colecção Lionel Jacob. >_O NEOLÍTICO NA CHINA Ao longo de muito tempo o Neolítico chinês foi conhecido sobretudo graças à produção de vaso s dos dois grandes horizontes culturais, famosos desde as primeiras décadas do século XX: o Yangshao (c. 5000-3000 a.C), distribuído pelas regiões centrais e do noroeste do país e marcado por uma produção cerâmica em pasta vermelha e pintada, e o Longshan (c. 2500-1700 a C.), em cuja produção se destacam recipientes de cor preta trabalhados em roda len ta e com decorações gravadas ou perfuradas. Todavia, as descobertas arqueológicas efectuadas nos últimos vinte anos permitiram delinear um quadro mais circunstancia do, sobretudo do Neolítico. Recente chinês (c. 4000-2000 a.C.), fase crucial na qual tomam forma as primeiras sociedades estratificadas que farão emergir as entid ades estatais da posterior Idade do Bronze. A agora obsoleta teoria nuclear , segundo a qual a civilização chinesa teria tido origem no vale médio do rio Amarelo de onde se teria espalhado pelas regiões circunvizinhas, foi hoje posta de lado depoi s da descoberta de focos de cultura em áreas tidas como marginais em relação à China Central. Para além disso, algumas destas culturas têm revelado, especialmente na composição dos equipamentos funerários, um nível avançado de estratificação
social que é acompanhado pela produção de objectos em jade reservados à elite e decorado s com figurações simbólicas relacionadas com a esfera religiosa. A grande quantidade de objectos em jade recuperados nos locais destas culturas permitiu, além disso, fazer recuar aos períodos pré e proto-históricos o trabalho em larga escala deste material, dos mais característicos da civilização artística chinesa no seu todo. 5. Tigela em terracota pintada com motivos geométricos, cultura neolítica Yangshao, fase Miaodigou (província de Henan), segunda metade do IV milénio a.C. Paris, Musée National dês Arts Asiatiques-Guimet, Colecção Lionel Jacob. 6. Bacia panem terracota decorada com o motivo de uma serpente descoberta numa s epultura da localidade deTaosi, Xiangfen (província de Shanxi), cultura Longshan, c. 2500-1900 a.C. Pequim, Instituto de Arqueologia, Academia Chinesa de Ciências Soci ais. /_O JADE Do ponto de vista estritamente mineralógico, com o termo jade (Yu, em chinês) indicamse dois minerais, a nefrite e a jadeíte. A nefrite entra na série actinolrte-tremoht e das anfíbolas calcárias, enquanto que a jadeíte é um piroxénio de sódio. Na China, a nefrite foi o mineral sempre privilegiado na realização dos objectos em jade. a laboração da jadeíte data apenas do século XVIII, quando a pedra começou a ser importada da Birmânia. A nefrite é também chamada zhen yu (verdadeiro jade), termo honorário que a distingue de todos os minerais afins em virtude das suas proprieda des intrínsecas, a qualidade da pedra e a cor, que encontram ambos confirmação nos estudos mineralógicos. Uma das características da nefrite é a sua densidade, o que faz dela uma das pedras mais duras de trabalhar. Ainda não foram completamente clarificadas quais as técnicas e utensílios e mpregues para realizar os objectos requintados produzidos pelas culturas do Neolítico. Recente desertos mais à frente. Nenhuma outra civilização no mundo deu ao jad e uma importância tão prolongada como a chinesa Utilizada na realização de objectos rituais no Neolítico. Recente e na Idade do Bronze, nos períodos históricos s eguintes o jade foi apreciado não só pelas suas qualidades estéticas, mas também pelas propriedades intrínsecas que se acreditava que possuísse. Os alquimistas da époc a Han (206 a.C. - 220 d C.), por exemplo, acreditavam que o jade tinha o poder de preservar o corpo da decomposição, facto que explica o amplo uso de objectos fune rários em jade nas sepulturas do período. Ainda hoje, os objectos em jade são um dos talismãs pessoais mais apreciados pelo povo chinês. 7. Sepultura n. 12 da localidade de Fanshan, cultura do Neolítico. Recente Liangzh u, 2500 a.C. Hangzhou, Instituto Provincial dos Bens Culturais e Arqueológicos. É visível o rico enxoval funerário de objectos em jade constituído por armas, ornamentos e objectos rituais. Em cima, à esquerda, o objecto em jade de tipo cong reproduzido na imagem seguinte. 8-9. Na página ao lado: Objecto ritual em jade de tipo cong, descoberto em 1986 na sepultura n. 12 da localidade de Fanshan (Yuhang, província de Zhejiang), reprodu zida acima, cultura do Neolítico. Recente Liangzhu, 2500 a C, altura 8,8 cm, largura 17,6 cm. Hangzhou, Instituto Provincial dos Bens Culturais e Arqueológicos e disco em jade de tipo bi, final do período neolítico, inícios da idade d o Bronze, c.2500-1900 a.C. Londres, Casa de leilões Christies. /_CULTURAS DO JADE NO NEOLÍTICO RECENTE
vvv Apesar de algumas das culturas do final do Neolítico anteriormente mencionadas ter em já sido identificadas graças a escavações preliminares realizadas nos anos trinta do século ado, é apenas graças às descobertas efectuadas a partir dos anos oitenta q ue foi possível traçar um quadro do seu desenvolvimento, características e cultura material, que precisamente na produção em jade revela um dos aspectos mais imprevistos e impressionantes, considerando o número, na ordem dos milhares, dos objectos recuperados até agora. Esta última característica levou muitos investigad ores chineses a rever a subdivisão em Idade da Pedra, do Bronze e do Ferro, tradicionalmente usada para sintetizar as fases de desenvolvimento das civilizações antigas, proposta pela primeira vez por Chnstian Jurgensen Thomsen (1788-1865). Assim, para poder descrever adeq uadamente um fenómeno cultural típico da China, até ao momento, incomparável com nenhuma outra civilização, cada vez mais se utiliza o conceito de uma Idade do Jade , e ntendida como fase final do Neolítico e imediatamente antes da Idade do Bronze seguinte. As culturas junto das quais está provada de forma importante a presença de artigos fabricados em jade mostram, de facto, um certo grau de estratificação social que antecipa aquela que será a estrutura piramidal da sociedade chinesa nos períodos subsequentes. com efeito é aos membros da elite dominante que são destinados os ornamentos e os objectos rituais em jade recuperados nas sepulturas, artefact os que requeriam, devido à dureza do material, técnicas complexas e laboriosas, e que se traduzem como emblemas de stotus, prestígio social 10. Ornamentos em jade da cultura neolítica Liangzhu, c. 3300-2200 a.C. Bath, Muse um of East Asian Art. 25 11 Objecto ritual em jade de tipo cunicultura do Neolítico. Recente Liangzhu, c. 2 500 a.C., altura 19,5 cm. Paris, Musee National dês Arts Asiatiques-Guimet. 26 12 Pendente em jade de cor verde escura trabalhado em forma abstracta chamada nuv em cultura neolítica Hongshan c 3500-2500 a C Tianjin Museu de Arte 13 Disco em jade de tipo bi com decoração em relevo de pequenas espirais, século IV in a C Taipe, Museu Nacional do Palácio 14 Disco ritual em jade de tipo bi cultura do Neolítico. Recente Liangzhu, c 2300 a C, diâmetro 22 5 cm Bona, Colecção particular e autoridade decorados com imagens atribuíveis a esfera de culto (e portanto a esf era religiosa), nas quais e possível reconhecer também temas e motivos decorativos típicos da Idade do Bronze que se seguiu Entre as principais culturas que especifi camente revelam tais características destacam-se a cultura Hongshan (c 3500-2500 aC) e a Liangzhu (c 3300-2200 aC) que floresceram respectivamente nas províncias a Nordeste de Liaoning e da Mongólia Interior; e na zona mais a Sul do lago Tai (província de Zhejiang e de Jiangsu). A primeira é caracterizada por uma coroplástica conspícua que toma forma em imagens votivas antropomórficas em terracota, pequenas figuras - frequentemente femininas e de abdómen pronunciado - mas também fragmentos de estátuas em tamanho natural achadas em prováveis centros de culto Hongshan como Niuheliang (província de baoning). A produção em jade e, por outro lado caracteri zada por ornamentos trabalhados em formas abstractas chamadas nuvem e por pendentes zoomorficos representando misteriosas criaturas em forma de serpente com corpo em anel e feições monstruosas, nestas últimas imagens os i nvestigadores chineses reconhecem uma das mais antigas manifestações do motivo do dragão, iconografia que, com várias vicissitudes, se encontrará na sua forma acabad a a partir da dinastia Han. Na cultura Liangzhu que nos trouxe também as mais antigas provas do conhecimento e artesanato da laca e da seda parece evidente qu e os artigos fabricados em jade constituem um claro indicador de estatuto social
e, contemporaneamente, religioso. Na verdade, enquanto as sepulturas de indivíduos comuns se situam não muito longe das habitações e apresentam poucos artigos funerários, fabricados em pedra e cerâmica e com sinais de uso os dos membros da elite foram e ncontrados longe dos centros habitados, dentro de túmulos artificiais ou escavados no topo de colinas com as sepulturas frequentemente dispostas de maneira regular junto a estruturas erguidas em terra batida, provavelmente altares para o culto ancestral ou plataformas destinadas a praticas rituais. Os objectos em jade recuperados no s materiais 15 Pendente em jade decorai/o em ligeiro relevo, cultura neolítica Liangzhu, c 250 0 a C Paris, Colecção Myrna Myers 27 o z 28 16. Par de machados em jade, cultura do Neolítico. Recente Liangzhu, c. 2500 a.C., altura 19,5 cm. Paris, Colecção Myrna Myers. O machado à direita apresenta uma alteração difusa ou calcificação da pedra, observável em numerosos artigos da cultura Liangzhu, provavelmente obtida expondo os objectos a uma forte fonte de calor. como uma fogueira, em consequência de acções rituais que acompanhavam a sepultura dos defuntos de classe social elevada. 17. Ornamento ritual em jade, da sepultura n. 16 na localidade de Fanshan (Yuhan g, província de Zhejiang), cultura do Neolítico. Recente Liangzhu, c. 2500 a.C., altura 5,2 cm. Hangzhou, Instituto Provincial dos Bens Culturais e Arqueológicos. A decoração, realizada com perfurações, centra-se sobre um rosto animal de características indistintas, emblema desta cultura. funerários podem ser tipologicamente divididos em ornamentos pessoais (colares pul seiras, brincos), armas (sobretudo machados que, não apresentando sinais de uso, devem ser interpretados como emblemas de autoridade) e objectos rituais. Entre e stes últimos ressaltam duas tipologias particulares, os bi e os cong. Os primeiros têm forma circular; com um furo redondo no centro, superfície polida e são desprovidos de decorações, os segundos têm o aspecto de um paralelepípedo de altura variável atravessado ao longo do comprimento por uma perfuração circular interior e caracteri zado pela presença de motivos decorativos esculpidos dentro de registos regulares colocados no exterior e nos cantos do cong Ignora-se qual era a real função e o valo r simbólico destes dois objectos, apesar de haver referências em textos da dinastia seguinte (Zhou) que os descrevem como associados ao culto do céu e da terra que, de acordo com a tradição cosmológica chinesa, têm respectivamente forma circular e quadrada Do ponto de vista iconográfico, os motivos decorativos e sculpidos nos jades Liangzhu são essencialmente referentes a um rosto estilizado, com feições indefinidas que, na sua versão complexa que se pode ver nosjades recuperados nas localidades deYaoshan e Fanshan (província de Zhejiang), se apresenta como uma figura antropomórfica provida de um grande chapéu emplumado, sobranceira a um ser zoomórfico. A frequência com que este motivo decorativo, talvez a imagem da principal divindade Liangzhu, se repete nos jades desta cultura constitui o e lemento estilístico característico desta produção artística. 18 Objecto ritual em faie de tipo cong (reproduzido na pag. 23, fig. 8), descobe rto em 1986 na sepultura n. 12 na localidade de Fanshan (Yuhang, província de Zhejiang), detalhe da imagem gravada nos quatro lados, cultura do Neolítico. Recen te Liangzhu, 2500 a.C., altura 2 cm. Hangzhou, Instituto Provincial dos Bens Culturais e Arqueológicos. A imagem representa um ser antropomórfico com um grande chapéu emplumado sobranceiro a um animal fantástico.
OS SHANG EA IDADE DO BRONZE É por volta do ano 2000 a.C. que, com base nos achados arqueológicos, data o início da Idade do Bronze na China, que corresponde também, de um ponto de vista histórico, ao período das Sondai ou Três Dinastias1 Xia.Shang e Zhou Enquanto a historiografia ocidental, perante a falta de provas epigráficas certas, ainda hesita em aceitar a existência da dinastia Xia (data tradicional de 2205-1766 a.C), os investigadore s chineses, por sua vez, identificam-na com os achados da primeira Idade do Bron ze encontrados em Erirtou (distrito de Yanshi, província de Henan), local urbano onde vestígios de arquitecturas palacianas e sepulturas com recipientes em bronze e placas em metal com embutidos em turquesi que dão vida a f igurações zoomórficas atestam a presença de uma elite e uma sociedade já estratificada e governada, de acordo com a tradição chinesa, pelos primeiros soberanos da antiguid ade entre os quais se destaca a figura de Yu, o Grande, fundador da dinastia Xia. Não permanece nenhuma dúvida, por sua vez, em volta da dinastia seguinte a Shan g (século XVI-XI a C.), à qual se refere um dos primeiros grandes sucessos da emergente arqueologia chinesa que, no início do século XX, descobriu a última das capi tais desta dinastia na localidade de Yinxu (província de Henan). Entre os restos do que parecia um grande centro urbano foram, efectivamente, trazidas à luz grande s quantidades dos 19. Cálice com três pés jue em bronze com restos de folha de ouro e laca, cultura Erli tou (província de Henan), c. 1700-1500 a.C. Bath, Museum of East Asian Art. 20. Placa em bronze embutida com turquesas que remonta à primeira Idade do Bronze, cultura Erlitou (província de Henan), 1700-1500 a.C., altura 15 cm. Quioto, Museu Miho. 21. Na página ao lado: Tambor em bronze descoberto em 1977 em Chongyang (província d e Hubei), decorado com a imagem do taotie, ser mítico constituído por partes de vários animais, período médio-Shang, século XV-XIV a.C. Wuhan, Museu Provincia l de Hubei. V,," *, J(/.-(o; ^^3 '.Vf: u Amados ossos oraculares , escápulas de bovinos e carapaças de faruga sobre as quais os escrivães Shang registavam meticulosamente ^ perguntas que os reis dirigiam às divindades ou, rnais frequentemente, o* próprios anteados, questionando-os so bre temas que iam desde assuntos de Estado como as guerras, aos resultados das colheitas, e emento crucial numa sociedade agrária como a chinesa. Esta forma de a divinhação, chamada osteomancia, permrtiu-nos conhecer a mais antiga 'orma de escrit a praticada na China - da qual derivam os ideogramas ou caracteres ainda hoje util izados e fixar a dinastia Shang na perspectiva ^istónca correcta, pois os nomes do s reis que surgem nos ossos 0'aculares correspondem substancialmente aos transmitidos pelas fontes das épocas seguintes. Esta prática divinatóna estava fortemente ligada ao culto dos anteado s que foi, e permanece, a mais comum forma de religiosidade autóctone praticada na C hina a todos os níveis da sociedade Estreitamente associados a tal culto ancestral são os artefactos que melhor representam a arte do período Shang' os bronzes rrtuais reci pientes realizados em vários feitios e utilizados na preparação, cozedura e consumo de alimentos e bebidas que eram apresentados como ofertas aos anteados duran
te as cerimónias religiosas Tais objectos, que traduzem a centralidade que a comid a sempre teve na cultura chinesa clássica como elemento de coesão social, revelam um nível sofisticado de conhecimentos metalúrgicos por parte dos artesãos Shang, e exibem em toda a sua força a iconografia deste período, centrada - como já junto de algumas culturas do final do Neolítico - no tema da máscara ou rosto que domina incontestavelmente a superfície dos bronzes T rata-se do motivo conhecido como tootie, ser mítico constituído por partes de vários animais cujo rosto se caracteriza, especialmente nos bronzes do final da fase Shang, pelos olhos salientes que sobressaem na superfície dos artefactos 22. Na pagina ao lado: Recipiente ritual yan decorado com o motivo taot/e, final do período Shang-inicio dos Zhou Ocidentais, por volta do século Xl-Xa.C. 23. Diagrama do motivo taotie, elemento decorativo recorrente na arte do bronze e na arte da dinastia Shang. 24. Placa peitoral de tartaruga com inscrições oraculares, dinastia Shang, fase de A nyang (província de Henan), século XIII-XI a.C., comprimento 18 cm, largura 10 cm. Pequim, Museu da História Chinesa. L 25 Recipiente ritual em bronze de tipo fangdmg descoberto numa localidade do Sul da China, fase final do período Shang, século XII-XI a C Jiangxi, Museu Provincial de Jiangxi 26 Recipiente ritual em bronze conhecido como lie utilizado para a T>efMrçãa 4% a\\v nentos, (ase fínal da dinastia Shanj,seculoXIII-XlaC. Londres, Bntish Museum. BRONZE RITUAL DOTIPOYOU UTILIZADO COMO RECIPIENTE PARA LÍQUIDOS Final do período Shang, século XII a.C. Altura: 32,8 centímetros Xangai, Museu de Xang ai Este recipiente em bronze era provavelmente utilizado como recipiente para bebidas alcoólicas obtidas pela fermentação de cereais oferec das aos anteados durante as cerimonias em sua honra ou consumidas pelos participantes no ritual. O nome you usual para indicar esta tipologia deriva da terminologia cunhada pelos investigadores da época Song mas não tem correspondência nas inscrições contemporâneas a presente neste exempla constituída por três caracteres indicaria um membro do clã Zhu um importante ramo da linhagem Shang como o propretaro ong nal do objecto A decoração exemplifica bem as caractensticas est listicas adoptadas no final da fas e Shang na ornamentação dos bronzes rrtuais na porção central do corpo destaca se uma mascara toot/e com grandes olhos ligeiramente em relevo e as terminações das orelhas e chifres fortemente realçados em comparação com a superfcie 36 A mascara toot/e, ser zoomórfico com características indistintas, expressão tanto das crenças religiosas Shang como da sua autoridade, surge também na tampa, enquanto as estreitas bandas que cercam o bordo do gargalo do recipiente e da tampa estão enfeitadas com imagens de dragões vistos de perfil As acentuadas proeminências ou orlas que emergem do corpo do objecto delimitam os pontos de junção das matrizes em terr acota que eram postas, antes do metal fundido ser
coado para dentro da forma a volta do modelo do objecto, também em argila f\a.c \t_uac;ão das orlas e intencional e parece corresponder a uma tendência estética que se afirma no final do período Shang e que depois continua sob a dinastia seguinte, dos Zhou Ocidentais, como atestam numerosos outros bronzes desse período. As orlas também contribuem para dehmrtar melhor os compartimentos dentro dos quais a decoração se distribui, aumentando assim o efeito de simetria e equilíbrio que caracteriza, no plano estilístico a iconografia Shang Bronze do tipo Lei utilizado como recipiente para líquidos, dinastia Shang 37 fr ^^^ ^4^*
MpS^ ^^
DESCOBERTAS DE SANXINGDUI ~om as descobertas efectuadas desde o início do século ado até oje, a arqueologia Shang realizou notáveis progressos, sobretudo com identificação das fases intermédias do desenvolvimento desta cultura, epresentadas pel as localidades Erligang Zhengzhou (Henan, c 1500 C) e Panlongcheng (Huangpi, Hubei, c 1500-1400 aC) Graças a estes achados foi possív el também estabelecer uma periodização mais precisa na evolução da arte do bronze: a subdivisão estilística baseada "A aráte dos motivos decorativos, proposta há algum tem po atrás Dor investigadores ilustres, foi profundamente reconsiderada com base nos achados provenientes de escavações controladas Foi de grande importância, a este p ropósito, a descoberta efectuada em 1976 em Anyang da única sepultura real inviolada, identificada como a de Fu Hão (c 1250 a C.), uma das esposas do rei Wu Ding, trazendo à luz centenas de bronzes rituais e milhares de objectos em jade, ao ponto de se considerar que a rainha pudesse ter sido uma coleccionadora ante tóeram de artigos fabricados neste material Por outro lado, remontam ao final dos anos oitenta duas descobertas casuais que abriram posteriores e inesperadas pers pectivas de investigação para a arqueologia e a história da arte do final do período Shang, demonstrando sobretudo a extensão ou a influência desta cultura em zonas ante riormente 27. Na pagina ao lado Estatueta em jade de vulto perfeito, representando uma mul her sentada sobre as pernas cruzadas, caracterizada por um complexo penteado e um vistoso no no cinto, que faz parte d o enxoval funerário da rainha Fu Hão em Anyang (província de Henan), fase final da dinastia Shang, 1200 a.C. Pequim, Instituto de Arqueologia, Academia Chinesa de Ciências Sociais. 28. Pega em jade de utensílio ritual, período médio-Shang, século XV-XIV a.C. Bath, Muse um of East Asian Art. 29. Pulseira em jade, período médio-Shang, século XV-XIV a.C. Bath, Museum of East Asi an Art. insuspeitáveis. Em localidades do Sul da China em Xinggan (Dayangzhou província de J iangxi) e em Sanxingdui (Guanghan, província de Sichuan), onde a presença de desenvolvidas faaes culturais contemporâneas aos Shang não avam de hipóteses, vier am respectivamente a luz um vasto túmulo com um nco enxoval funerário e duas valas sacrificiais Ambas as localidades revelaram a presença de uma grande quantidade de artigos fabricados em bronze de clara produção local e fortes características estilísticas que os diferenciam da arte do bronze Shang conhecida ate agora, sobretudo pela atenção dada a artefactos tipologicamente diferentes em comparação com os mais habituais bronzes rituais, tal como as descober tas
de Sanxmgdui ilustram aqui escavações recentes indicam a presença de um grande centro urbano e de uma desenvolvida cultura local De Sanxmgdui provêm alguns grandes mascarões em bronze, com altura de 40 a 80 cm ou mais que representam rostos antropo mórficos com características peculiares como os enormes globos oculares salientes ou as orelhas pontiagudas e 30 Recipiente em marfim obtido de uma presa de elefante com decoração gravada e embu tidos de peças de turquesa, que faz parte do enxoval funerário da rainha Fu Hão em Anyang (província de Henan), fase final da dinastia Shang, c 1200 a.C., altura 30,3 cm Pe quim, Instituto de Arqueologia, Academia Chinesa de Ciências Sociais. 31 Recipiente ritual em bronze para bebidas alcoólicas do tipo fangjia, com inscrições no interior, dinastia Shang, fase de Anyang, século XIII-XII a C, altura 31 cm. Paris, Musee National dês Arts Asiatiques-Guimet. 41 3Z. Escultura em bronze fantástica descoberta em 13S6em Sanxmgdui, distrito de Guanghan (província de Sichua n), final da dinastia Shang - inicio dos Zhou Ocidentais, 1200-1000 a C, altura 82,6 cm Chengdu, Instituto d e Arqueologia e Bens Culturais da província de Sichuan 42 33. Escultura em bronze em forma de cabeça masculina com máscara enfatizada com lâmina de ouro aplicada, descoberta em 1986 em Sanxingdui, distrito de Guanghan (provínc ia deSichuan), final da dinastia Shang - início dos Zhou Ocidentais, 1200-1000 a.C, altura 48,5 cm. Chengdu, Instituto de Arqueologia e Bens Culturai s da província de Sichuan. 34. Escultura em bronze representando talvez um sacerdote, descoberta em 1986 em Sanxingdui, distrito de Guanghan (província de Sichuan}, Anal da dinastia Shang - início dos Zhou Ocidentais, 1200-1000 a.C., altura 262 cm. Chengdu, Instituto de Arqueologia e Bens Culturai s da província de Sichuan. aespropositadamente alongadas para o exterior, as perfurações laterais destes object os sugerem que originariamente tais mascarões , talvez magens de divindades ou espíritos locais, fossem fixados em es de madeira, em forma de totem. Ain da em Sanxmgdui, foi feita uma descoberta excepcional urna estátua em bronze, com mais de 2 metros e meio de altura, que representa um indivíduo masculino de pé num p edestal, numa atitude hierática e com as mãos erguidas em frente do peito para segurar um objecto agora perdido Trata-se provavelmente da imagem de um sacerdote que, para além de ter um claro interesse iconográfico, constitui a prov a tangível do avançado desenvolvimento tecnológico desta cultura local, contemporânea do f inal da fase Shang e ainda não identificada com exactidão, sobre a qual os estudos em curso e as posteriores descobertas arqueológicas, espera-se, possam vir a lançar maior luz. J5 Recipiente ritual em alimentos, dinastia UusraMtbnnaldes (Vrts 36 Cálice em bronze gupara o consumo de bebidas alcoólicas, dinastia Shang, século XIV -XI a.C, altura 32 cm. Paris, Musee National dês Arts AsiatiquesGuimel, O PERÍODO DOS ZHOU OCIDENTAIS Os reis Shang exerciam o seu domínio num vasto território dentro do qual, facto que desde sempre caracteriza a China, coexistiam povos e etnias diferentes - parte das quais nos é revelada pelas inscrições nos ossos oraculares - submetidas a força pelo s soberanos Shang ou os seus leais servidores e aliados, por meio de laços de sangue e políticas tributárias. Um destes povos, os Zhou, estabelecido na China C entral, ao longo do curso do no Wei - um dos principais afluentes do no Amarelo
- foi artífice da primeira sanguinolenta mudança de dinastia da história chinesa, dest inada a tornar-se um leitmotiv nos séculos seguintes Por volta de l 100 aC, as milícias Zhou, lideradas pelo seu soberano Wen, atacaram o rei Shang na capital Anyang e depam-no a força, instalando no trono uma nova dinastia e dando vida
ao que foi definido como feudalismo chinês De facto, para istrar o vasto territór io, os Zhou recorreram à sua subdivisão em unidades istrativas governadas por elementos de confiança quando não por membros da linhagem real, que t inha a sua sede na capital edificada perto da actual cidade de Xi'an, na China Central, localidade destinada pela sua posição geográfica a ser a sede do poder central de numerosas dinastias seguintes. Uma boa parte das mudanças que ocorreram na sociedade chinesa da época é-nos, mais uma vez, documentada através dos bronzes rituais que continuaram a tradição metalúrgica Shan g, transformando, todavia, os recipientes em preciosas fontes de informação graças à adição de inscrições. Através destes testemunhos epigráficos, que enriquecem o já co corpo literário transmitido por esta dinastia (de facto remontam aos Zhou alguns dos textos fundamentais da literatura chinesa antiga), aprendemo s, por exemplo, que a divindade principal dos Zhou já não era Shang Di, o Supremo Anteado da anterior dinastia mas simTian, o Céu, e que era o próprio céu que confe ria ao soberano virtuoso o tian ming, mandato celestial, com o qual podia govern ar o povo, doutrina política que permaneceu, até à revolução de 191 l, como o fundamento de t oda a história dinástica chinesa. De um ponto de vista estritamente artístico é possível notar, observando a produção de bronzes dos Zhou, inicialmente uma continuação da tradição Shang que foi diminuindo gradualmente, até ao desaparecimento total, dos recipientes como cálices tnpodais jue ou as taças gu - utilizados para o consumo das bebidas alcoólicas obtidas a partir da fermentação de 37 37. Máscara em bronze representando uma criatura fantástica utilizada como ornamento para um cavalo, dinastia dos Zhou Ocidentais, século XI-X a C, altura 23 cm. Paris, Musée National dês Arts Asiatiques-Guimet, Colecção Lionel Jacob. 38. Recipiente ritual em bronze de tipo dmg utilizado na preparação de alimentos, di nastia dos Zhou Ocidentais, meados do século IX a.C., altura 20,8 cm. Xangai, Museu de Xangai, 45 39 Peitoral compósito formado por elementos em jade, ágata e turquesa, descoberto em )9fW num túmulo tatadívtote \M\to, arredores de Pequim, inícios da dinastia dos Zhou Ocidentais, c. 950-900 a.C., com primento total c 47 cm. Pequim, Divisão Central dos Bens Culturais. cereais, bebidas das quais, de acordo com parte da historiografia Zhou, os Shang abusaram ao ponto de merecer a revogação do seu mandato para governar Também o motivo dominante do toot/e vai perdendo a força expressiva que tivera sob os Shang, indub itavelmente também devido às diferentes concepções religiosas, até ser suplantado, na fase final dos Zhou Ocidentais, pelo motivo de pássaros com grandes caudas empl umadas. Pode também observar-se, com o ar do tempo, uma diferente utilização dos bronzes rituais enquanto que com os Shang eles desempenhava m um papel crucial nas relações entre os vivos e os seus próprios anteados, com os Zhou estes artefactos são utilizados como dádivas honorárias para consolidar as relações de vassalagem entre o rei e os seus súbditos, como é possível deduzir das numerosas e frequentemente longas inscrições onde se comemoram as circunstâncias q ue levaram à fusão do bronze 40. Vaso em bronze em forma de pato, dinastia dos Zhou Ocidentais, século XI-X a.C . Zhengzhou, Instituto Provincial de Arqueologia e Bens Culturais de Henan. 41. Na página ao lado: Recipiente em bronze de tipo Au, recuperado em 1976 na localidade de Zhuangbaicun, Fufeng (província de Shaanxi), que uma inscrição d ata
do reinado do rei Xiao dos Zhou Ocidentais, século IX a.C. Xi'an, Museu Provincial de Shaanxi. ágatas, superam a sua dimensão utilitária para se transformarem em símbolos luxuosos de estatuto. Para além dos casos únicos, há todavia uma perspectiva mais ampla na qual toda esta arqueologia local esta enquadrada par a compreender um aspecto importante da civilização chinesa no seu complexo, civilização considerada por muito tempo como monolítica . As descobertas arqueológicas estão, de fact o, a permitir - e é deste elemento que o estudo da história das artes na China antiga já não pode prescindir - delinear cada vez com maior detalhe o desenvol vimento artístico de províncias ou zonas culturais, a partir das próprias raízes dos fenómenos artísticos, das suas primeiras manifestações desde o Neolítico, para depois os seguir ao longo do tempo e individualizar os elementos que confluíram, persistindo, na arte chinesa entendida de uma maneira geral.Trata-se de um proce sso no qual transparece a indiscutível multietnicidade que caracteriza o universo chinês e que, mais fortemente no início, durante o longo período formativo que se este nde do Neolítico até à criação do primeiro império centralizado no século in aC, persiste de modo subterrâneo ao longo de todo o desenvolvimento da historia tambérr artisti deste país.Tal carácter multiétnico será mais acentuado durante asfa. de fragmentação interna que se alternam com regularidade corr períodos conhecidos com o nome da dinastia no po der Han (206aC -220 dC.),Tang (618-907), Song (960-1279), Yuan (1279-1368), l^r (1368-1644), Qing (1644-191 l). A esta dialéctica, que podemos de" como interna, s oma-se - e aqui a contribuição da arqueologia dastrcx foi fundamental para a clarifi cação de toda uma serie de fenómerr que, no nosso caso, poderíamos definir como contaminação ar tistic. - uma dialéctica da interacção com culturas e civilizações diferen'- quer limítrofes, como o s povos nómadas e seminórnadas do intei asiático, ou distantes, quer o mundo clássico, do Próximo Oriente indiano, de cujas culturas chegam ecos à tradição artís tica chinesa giv a progressiva intensificação das trocas através, sobretudo da chan Rota da Seda O período dos Reinos Combatentes é o primeiro dos penoc históricos durante o qual são de lineadas com clareza estas duas dialecti 44. Fivela para cinto em bronze dourada com elementos embutidos em jade e vidro, dinastia dos Zhou Orientais, período dos Reinos Combatentes, século V-IV a.C. Colecção particular. 45. Lâmpada em bronze em forma de arvore, descoberta em 1974 no túmulo do rei Cuo do Estado de Zhongshan, Pingshan (província de Hebei), período dos Reinos Combatentes, século IV a.C. Shijiazhuang, Instituto do s Bens Culturais da província de Hebei. 46. Na página ao lado: e em bronze para tambor em fornia de animal mitológico, um pássaro com chifres de cervo, descoberto em 1978 na sepultura do Marquês Yi do reino de Zeng em Leigudun (província de Hubei), período dos Reinos Co mbatentes, século V a.C. Wuhan, Museu Provincial de Hubei. £&. 52 diferentes, mas complementares, úteis para a compreensão da arte chinesa na sua glob alidade. A arqueologia regional, graças à descoberta de numerosas sepulturas nobres intactas, deu um contributo decisivo para o delinear de correntes artística s, e para o estudo das tipologias de artefactos, práticas funerárias e crenças religiosas que, na própria arte, encontram um dos melhores veículos de expressão. As s epulturas dos membros da aristocracia do Estado de Jm, formado por volta do período final dos Zhou Ocidentais, descobertas em 1993 em Beizhao (Quwo, Shanxi, séc ulo IX-VIII a.C), são caracterizadas por uma ampla profusão de ornamentos em jade: peitorais articulados que revestiam os corpos dos defuntos e verdadeiras más caras funerárias com que os rostos eram, por sua vez, cobertos, formados por numer
osos elementos diversamente moldados e cosidos sobre um tecido. A localização setentriona l do Estado de Jin abre-o, como de resto sucede a grande parte da província de Shanxi ao longo de toda a sua história, a um grande raio de os testemunhado s pelo uso de determinadas pedras como a ágata e a camélia - em possíveis influências culturais de matriz estrangeira centro-j asiática Pel o contrário, a utilização de grandes quantidades de jade nosl contextos funerários, cobrindo quase por completo o corpo do defun parece antecipar a tradição dos sudários em jade descobertos ernl túmulos principescos da dinastia Han alguns séculos mais tarde. Ainda no Norte da China, a descoberta do túmulo do rei Cuo do Estado d e Zhongshan, em Pingshan (Hebei, final do século IV a C), ilustra bem] - no sentido literal, pois uma planta detalhada do complexo funerário i foi descob erta gravada numa placa em bronze - a evolução gradual dos mausoléus em verdadeiras formas de arquitectura palaciana funerária, enquanto que alguns dos objectos encon trados na sepultura, sobretudo animais míticos em bronze damasquinado, mostram indubitáveis influências estilísticas tiradas da arte animalística das estepes. Num outr o contexto geográfico, aquilo que décadas atrás era genericamente definido como o estilo Huai , definição com que se indicava a marca estilística da produção artística sul da China 47. Escultura em madeira pintada que representa um cervo, cultura Chu, período dos Reinos Combatentes, século V a.C. Paris, Musée National dês Arts Asiatiques-Guimet. 48. Bacia em bronze com um recipiente interno zun para bebidas alcoólicas decorado com ornamentação intricada de criaturas em forma de serpente, do túmulo do Marquês Vi do Estado de Zeng descoberta em Leigudun (província deHubei), século V a .C. Wuhan, Museu Provinciano de Hubei. 49. Série de sinos em bronze montados em es de madeira laçada (modernos), do túm ulo do Marquês Vi do Estado de Zeng, descoberta em Leigudun (província de Hubei), século V a.C. Wuhan, Museu Provincial d o Hubei. 50. Sarcófago em madeira laçada e pintada com seres zoomórficos fantásticos, de um túmulo descoberto em Baoshan, Jingmen (província de Hubei), segunda metade do século IV a.C., comprimento 184 cm. Jingzhou, Museu d e Jingzhou (província de Hubei). - caracterizada pela prevalência de temas ornamentais entrelaçados, preferência porfig urações animalescas de cunho mítico ou monstruoso, ampla utilização na arte do bronze das técnicas de damasquinagem - hoje sabemos serem em grande parte expressões da cultura Chu, do nome do Estado mais poderoso do Sul da China. Na sua progressiva expansão política, o Estado Chu englobou gradualmente, produzindo também fenómenos de aculturação, mais de quarenta prin cipados menores, até se tornar no último dos antagonistas do reino Qin antes que este unificasse definitivamente o país em 221 a. C. Os túmulos principescos de X iasi (Xichuan, Henan, século VI a.C.), os tecidos em seda descobertos em Mashan (Jiangling, Hubei, século IV-III a.C.), as lacas e os bronzes embutidos de Baoshan (Jingmen, Hubei, inícios do século IV a.C.), as esculturas de madeira colocadas! a proteger as sepulturas em Tianxingguan (Jiangling, Hubei, meados] do século IV a.C.), são exemplos da arte produzida na região dei influência da cultura Chu, juntamente com os recipientes rituais e as esculturas em bronze - onde a técnica da cera perdida é utilizada até ao limite do virtuosismo para produzir formas intricadas e dinâmicas -, descobertas em 1978 no interior da sepultura do marquês Yi do Estado de Zeng, em Leigudun (Sui xian, Hubei, c. 433 a.C.), uma das mais importantes descobertas de toda a arqueo logia do período dos Reinos Combatentes. (F. S.) 54 51. Espada em aço com inscrição damasquinada em ouro, da sepultura do rei Guo Jian do Estado de Yue, descoberta em Jiangling (província de Hubei), século V a.C., comprimento 55,6 cm. Wuhan, Museu Provincial do Hubei.
55 52. Taça em madeira laçada do tipo dou, do túmulo do Marquês Vi do Estado de Zeng descob erta em Leigudun (província de Hubei), século V a.C., altura 24,3 cm. Wuhan, Museu Provincial do Hubei.
56 FIVELA EM BRONZE com DAMASQUINADOS EM OURO, PRATA E TURQUESA Período dos Zhou Orientais, fase Reinos Combatentes, século IV-III a.C. Comprimento: 15,2 centímetros Colecção particular Exemplo irável da habilidade alcançada no trabalho dos metais na China antiga esta fivela e moldada plasticamente em forma de um tigre ou dragão, a morder a cauda de um pássaro fabuloso talvez uma fénix. O tema da luta entre animais constitui a marca estilística da arte, de fundo animalesco, produzida pelas populações seminomadas com os quais os chineses antigos tiveram que se confrontar; também no plano militar ate a consolidação do império centralizado sob os Han Apesar, portanto, de ser de manufactura chinesa o objecto sintetiza os intercâmbios culturais e artísticos daquela época entre a China e as gentes nómadas do Norte A própria função do artefacto, fivela utilizada para apertar um cinto, indica a adopção, p or parte dos chineses de um artigo estranho ao seu traje tradicional as calças adopção também mediada pelas gentes nómadas como consequência da difusão do uso dos ca alos na China, que se tornaram símbolo de estatuto nobiliárquico estando também ligados às divisões de infantaria que constituíam o principal nervo dos exércitos e em bronze com damasqumados em forma de tigre que ataca um cervideo, do túm ulo do rei Cuo, do remo Zhongshan, período dos Zhou Orientais, fase dos Reinos Combatentes, século IV-III a C Hebei, Museu Provinciano do Hebei
A magnificência e as dimensões do objecto são símbolo do poder e riqueza do seu proprietário, seguramente membro de uma das tantas aristocracias locais florescidas durante os Reinos Combatentes, em competição entre si não só no plano militar mas também na ostentação de pompa e riqueza, c mo atestam as ricas sepulturas nobres descobertas pelos arqueólogos No plano técnico e ornamental, o objecto mostra os progressos obtidos no trabalho dos metais do monocromatlsmo que caracteriza os artigos fabricados em bronze rea lizados sob as dinastias Shang e Zhou, a-se agora para intensos efeitos de colorido tornados possíveis pela aplicação a frio, dentro de cavidades escavadas no objecto durante a fusão em matrizes, de metais como o cobre, a prata e o ouro, e frequente mente com a adição visível no olho do tigre de embutidos de pedras semipreciosas como a turquesa 57 2.A China unificada sob a dinastia Qin O ano de 221 a C e uma data fundamental na historia ch ne sã Efectivamente, foi naquele ano que o pais depois de séculos de lutas internas l foi unificado sob um único soberano Qin Shi
Huangdi que surge na historia como o Pr iam Imperador Pelo pragmatismo que arcou a sua acção governativa e pela breve jração da dinastia por ele fundada não nos ou muito da arte Qin, apesar de lhe ser buída a encomenda de uma das maiores acobertas arqueológicas do século XX celebre exercito de terracota situado ">rto do túmulo funerário que contem ^ restos do Primeiro Imperador (Xi an Drovmcia d e Shaanxi) grandioso exemplo da estatuara chinesa antiga caracterizado x>r um ntenso realismo que se reflecte ios rostos dos guerreiros de argila Outro dos monumentos simbólicos da China, a jrande Muralha começa a ser construído neste penodo \ t. Na pagina ao lado Cstatua de oficial dinastia Qm século in a C Lintong Xtan Museu do Exercito de TenacotadoPnmeno 2 Cabeça de guerreiro, dinastia Qin, século in a C Lintong, Xi'an (província de Shaanx i), Museu do Exercito de Terracota do Primeiro Imperador Qm 59 CRESCIMENTO DO PENSAMENTO FICO CHINÊS dos Reinos Combatentes representou sem dúvida uma atormentada na longa história chin esa, mas também a mais do ponto de vista do desenvolvimento do pensamento e da filosófica. Pode-se dizer que, de certo modo, foi esta mesma política - analogamente ao que sucedeu na Grécia antiga fades-Estado - a estimular a reflexão sobre a natureza humana, sobre a ética e a moralidade, sobre o melhor modo de istrar um Estado, sobre os princípios naturais que regulam o mundo e o seu desenvolviment o. As Cem Escolas de Pensamento que floresceram na segunda metade do reinado dos Zhou viram o emergir de figuras-chave como Lao Zi (ou Lao-Tsé), personagem pro vavelmente lendária ao qual a tradição atribui a paternidade do texto canónico do Taoismo, o Dão Dejing (Livro da Via e do Poder), e Confúcio (por volta de 551 -47 9 a.C), que lançaram as bases doutrinais sobre as quais se exercitariam os pensado res dos séculos seguintes Enquanto que os 61 l Retraio ideal de Qin Shi Huangdi, o Primeiro Imperador, c 1900 Londres, Bntish L ibrary. 4. Aguarela representando Lao Zi sobre o seu búfalo seguido por um discípulo, século X VIII. Paris, Biblíothèque Nationale. 1 VI 5 Candeeiro em bronze de três braços com a forma de um imortal (xian) com o corpo co berto de penas e com asas, dinastia dos Han Ocidentais, século ll-l a C, altura 36 cm Colecção particular. Os três braços terminam em cabeças de dragões 'as pregavam a renúncia ao mundo e um regresso à simplicidade "dem natural das coisa s que o homem, como a corrente de o, deveria seguir para poder reencontrar o Tão (Tau), a Via, 'onízando assim a sua p rópria existência com a do mundo, o amento de Confúcio tinha uma conotação marcadamente mais a e concentrava-se em princípios aptos a restabelecer a ordem .oisas e das relações nu ma sociedade dilacerada por guerras <em uma ética difusa e comum que agisse como força coesiva consolidar os laços entre todos os membros da comunidade .na :ola de pensamento que despertou mais atenção junto das - > daquele tempo, regularment e visitadas por pensadores em de patrocinadores das suas doutrinas, tanto que eram ados filósofos errantes , foi a do s legistas, ou Escola da Lei
cujo principal expoente era Wei Yang (primeira metade do : IVaC) Baseada num sol ido governo de força, a escola dos >s predicava a natureza perversa do ser humano e, como tal, essidade de um Estado organizado regido por um soberano potente e istrado com leis implacáveis Wei Yang teve a possibilidade de tradu zir na prática o que expôs na obra Shang Shu (O Livro do Senhor de Shang) graças ao cargo de ministro que lhe foi oferecido pelo duque Xiao do remo de Qm Deste m odo, o remo foi inteiramente reorganizado com base nos drásticos princípios legistas , segundo os quais a agricultura e a guerra constituíam a base de um Estado sólido, co nsiderando-se que a prática e o estudo de literatura, história, filosofia e arte acabariam por contaminar e debilitar o carácter do povo e dos soberanos Foi graças à a dopção desta ideologia e à reorganização do exército numa temível máquina de guerra e de morte, exército tecnologicamente superior ao dos outros Estados pois o s soldados utilizavam armas de ferro e não de bronze, que Qm iniciou a sua inexoráve l conquista, concluída triunfantemente em 221 a C , ano em que o último remo antagonis ta, o de Chu, foi derrotado e a China foi finalmente unificada após séculos de divisões sob o comando de um único soberano Qm Shi Huangdi, também conhecido como o Pr imeiro Imperador, o fundador da dinastia Qm (221 -206 a C ) i Retraio ideal do filosofo Confúcio, século XVII Paris, Bibliotheque Nattonale 7 Esteia em arenito representando Lao Zi ao lado do Imperador de Jade, dinastia Wei do Norte, 527 d.C., 27,8 x 27,5 cm. Pequim, Museu da História Chinesa. Lao Zi foi deificado e venerado como uma divindade a partir do século II d. C.: aq ui está representado ao lado do Imperador de Jade, a divindade que preside o nutrido panteão religioso popular chinês. O EXERCITO DE TERRACOTA E. O MAUSOLÉU FUNERÁRIO DO PRIMEIRO IMPERADOR A força e a ferocidade das milícias Qm foram-nos transmitidas ao longo dos séculos pel as fontes literárias chinesas até que, no Verão de 1974, alguns camponeses descobriram, por acaso, uma estátua de terracota de um antigo soldado, levando aqu ela que se revelou uma das descobertas arqueológicas mais importantes do século XX o exército de terracota que guardava o sono eterno de Qm Shi Huangdi. O exército constitui uma parte, se bem que a mais espectacular; do imponente complexo funerár io que o Primeiro Imperador erigiu para que a posteridade se recordasse dele e da s ua obra. O mausoléu funerário está situado a leste de Xi'an (província de Shaanxi), na planície sulcada pelo no Wei, que a a Norte do complexo, protegido a Sul por algumas elevações uma delas o Monte Li, dá o nome a todo o complexo arqueológico, conhecido como necrópole do Monte Li Iniciado em 246 a.C, ano da ascensão ao trono do Estado de Qin do príncipe Zheng, o futuro Primeiro Imperador; o mausoléu ainda não estava acabado aquando da sua morte, em 210 a C Isto deve-se às enormes dimensões do j complexo que, estend endo-se por mais de 56 quilómetros quadrados,! se centra no túmulo de Qm Shi Huangdi, um túmulo que tem ho)e505 ] metros de altura, em vez dos 150 metros origi nais, no interior do i se encontra, mviolada, a câmara funerária que alberga os restos mortais I do antigo soberano. O túmulo encontra-se numa posição excêntrica, dentr o de duas cinturas de muralhas rectangulares construídas em terra prensada, e fora destas, a rodeá-las, foram descobertas as valas sacrificiais que contêm os re stos das vítimas humanas e animais imoladas aquando da morte do Primeiro Imperador assim como objectos funerários,] como estatuetas de terracota, representando perso nagens masculinas e femininas ajoelhadas. Na região Norte do complexo funerário foram descobertas fundações de vários edifícios e canais subterrâneos para a drenagem das ág uas Tratam-se dos vestígios de um grupo de edifícios torres de guarda e templos para o culto ancestral, dos quais temos notícias através das fontes históric as e que naquele tempo formavam o conjunto das estruturas arquitectónicas associad as ao túmulo funerário,! construído por dezenas de milhares de recrutas e artesãos aos quai s devem também as estatuas em argila dos guerreiros
8. Vista do túmulo funerário que assinala o lugar onde se encontra a sepultura de Qi n Shi Huangdi, o Primeiro Imperador, século in a.C. Lintong, Xi'an. A Túmulo B Murjlln intfnu C Murdln extem i D FdlfKK) tuiurmo E Carros de brorue F Pequenos poços ( ( dwar^n-i impen n H Fxtrtito de Krricoti 65 9 Planta do complexo arqueológico do mausoléu de QinShi Huangdi século in a C lintong Xi an 10 Esteia funerária que marca o inicio da via de o que conduz a sepultura do Primeiro Imperador século in a C Lintong Xi an 11. Estátua de auriga, pormenor do busto, dinastia Qin, século in a.C. Lintong, Xi'a n. l 12. Na pagina ao lado: Estátua de um guerreiro da infantaria, dinastia Qin, século in a.C. Lintong, Xi'an. A DISPOSIÇÃO DOS GUERREIROS DETERRACOTA O exército de terracota encontra-se localizado um quilómetro e meio a Leste do túmulo, num local onde até agora foram descobertas três grandes valas onde estavam as estátuas dos soldados, e uma quarta, vazia, que se supõe nunca ter sido completad a. A vala n l é a mais ampla mede cerca de 210 metros no lado este-oeste e 60 no norte-sul. Consiste numa série de l l corredores paralelos, com uma largura que varia entre os 2 e os 3 metros por 200 de comprimento, separados por estruturas de alvenaria construídas em terra batida, pavimentados com tijolos e originalmente dotados de coberturas em madeira. Os soldados descobertos nesta vala constituem as unidades de infantaria, dispostas em ordem de batalha. As primeiras filas são formadas por cerca de 200 ar queiros e besteiros, sem armaduras para lhes permitir uma maior mobilidade no ca mpo de batalha. A esses pertencia a tarefa de lançar de longe as setas mortais, que po diam chegar a atingir alvos a quase 200 metros de distância Atras encontravam-se 6 carros de batalha e 3 esquadras de soldados de infantaria ligeira. Os carros de madeira desapareceram deixando, no entanto, traços gravados no j terreno eram d e duas parelhas, com uma auriga em cima e um t dois soldados armados com lanças flexíveis, de hastes provavelmente l em bambu atingindo os 6 metros de comprimento , de maneira a j permitir manter o inimigo à distância Todavia, parece que dois dos] carros tinham a função de assinalar as várias fases da batalha, graças a sinos em b ronze e tambores postos em cima deles. As três armadas ' de soldados da infantaria ligeira, munidos de lanças com 2 metros de comprimento, ajudavam os arqueiros e os carros na sua tarefa atrás dos quais estavam alinhados os soldados protegidos por una armadura formada por placas de couro reforçado cosidas umas as outras, de maneira a proteger o tórax e os ombros. Nenhum dos soldados levava escudos, nem mesmo os que, alinhados aos laao p dirigidos para o exterior; tinham a tarefa de defender os flancos T formação. A coragem e a ferocidade dos soldados do Estado de Qi de que transmitem memória os textos, eram suficientes para anirrai o espírito destes guerreiros. A dura disciplina nas linhas do exercite do Primeiro Augusto Imperador era mantida por oficiais impiedosos 13. Estátua de arqueiro, dinastia Qm, século in a.C. Lintong, Xi'an (província de Shaa nxi), Museu do Exercito de Terracota do Primeiro Imperador Qin. 14. Estátua de arqueiro, dinastia Qin, século in a.C. Lintong, Xi'an (província de Sha anxi), Museu do Exercito de Terracota do Primeiro Imperador Qin.
69 15 Vista da vala com os guerreiros vistos de frente dinastia Qm, século in a C Lin tong Xian 16 Vista da vala com os guerreiros vistos de costas, dinastia Qm, século in a C Li ntong, Xi an \ i não teriam hesitado em matar os milicianos desobedientes ; que tivessem manifestado covardia durante o ataque. Os s vam o exército do Primeiro Imperador i descobertos na vala a Dezembro de " Trata-se de um ambiente de forma irregular um carro de guerra e 68 estátuas com uma altura i de l 90
ou de argila que comanda n 3, escavada de Março dentro do qual oberto metros muitas das quais
representam oficiais. Os os que os acompanham, presumivelmente a guarda pessoal, i tanto uniformes leves, como pesados. O aspecto temível, os traços fisionómicos dos oficiais, tal como os de cada uma dos milhares - iias em terracota, são vividamente reproduzidos nos rostos títuas, autênticos retrat os individuais, cada um singularmente elado Acredita-se que com isto se quisesse m representar as Tijitnlas etnias da China da época, pela primeira vez reunidas sob o do de um único homem, mas e provável que se quisesse dar v da a armada que ia acompanhar e proteger o soberano no :os mortos, retratando individualmente cada soldado Para alem desta surpreendente e célebre peculiaridade do exército de terracota, reve la-se no tratamento dos corpos das figuras um grau de padronização necessário para a realização de um trabalho de dimensões tão vastas. A parte inferior é sólida enquanto que o torso é vazio, assim como a cabeça, que era posta na cavidade entre os ombros e mantida em posição por um longo pescoço. As cabeças, modeladas em mold e, eram acabadas individualmente para evidenciar detalhes como os traços do rosto, as orelhas, os bigodes e o cabelo. Os antebraços e as mãos eram modelados separadamente, sendo as últimas destinadas a segurar as armas de que os soldados eram dotados originalmente mas que, subsequentemente lhe foram retiradas pelos r ebeldes que provocaram também, com o incêndio, a destruição das valas Entre as medidas tomadas por Qm Shi Huangdi imediatamente após a unificação da China houve, efectivamen te, também uma relativa ao confisco de todas as armas do pais de maneira a que o exército imperial fosse a única força armada. Esta medida, tomada também para dese ncorajar possíveis insurreições, 17. Na pagina ao lado: Estatua de arqueiro, dinastia Qm, século in a C Lintong,Xi'an 18. Estatuas de soldados de infantaria do exercito de terracota, dinastia Qm, sécu lo in a.C. Lintong, Xi'an. 19-20. Nas paginas seguintes Estatua de um guerreiro, pormenor da cabeça e estatua de oficial com veste pregueada, dinastia Qm, século in a.C. Lintong, Xi'an. 71 Y * não impediu, todavia, a revolta popular que provocou a queda da dinastia Qm, levan do ao trono imperial Liu Bang, fundador da dinastia seguinte, a Han (206 a C -22 0 d C) Embora hoje as estátuas apresentem a cor acinzentada da terracota, eram originalme nte pintadas em cores vivas, tal corno se pôde apurar a partir de alguns traços de policromia remanescentes. Um grupo de soldados vestia armaduras pretas com bo tões dourados, calças azuis escuras e botas pretas com atacadores vermelhos, um segu
ndo grupo tinha armaduras castanhas com botões cor de laranja. A argila para realizar os milhares de estátuas veio do vizinho Monte Li e trabalhada nos fornos encontrados perto das valas com os soldados Embora a maior parte dest e imenso processo tenha sido realizada por milhares de artesãos anónimos, os arqueólogos chineses identificaram asa l naturas colocada s nalgumas estátuas, que se pensa que fossem dosj mestres-de-obras que supervision avam a realização da obra. O termo Shi , que se repete no nome de Qin Shi Huangdi el traduzíve l como Primeiro e alude ao desejo do imperador t fundar uma dinastia que deveria durar dez mil gerações ou sepj para sempre Embora isso não tenha ocorrido Qi n Shi Huangál foi, todavia, o criador do primeiro império chinês centralizado quel perdurou até a revolução de 1911 Auto-proclamando-se soberano! universal, obcecad o pela busca da imortalidade, famoso pela fogueira J de livros, mas também por ter unificado a China do seu tempo ] conseguiu deixar uma marca na historia que nunca será ; 21. Estatua de guerreiro, pormenor do busto, dinastia Qin, século in a.C. Lintong, Xi'an. 22. Estatua de cavaleiro, pormenor da cabeça, dinastia Qin, século in a.C Lintong, X i'an. I o Zí.ffaHfos corredores onde estão alinhadas de infantaria, dinastia flm, século in. a. C. Lintong, Xi'an. 24. Estátuas de soldadas e de quatro cavalos vistos de costas, dinastia Qin, século in a.C. Lintong, Xi'an. ESTATUA EMTERRACOTA REPRESENTANDO UM ALTO OFICIAL DO EXÉRCITO DE TERRACOTA Da vala n. l descoberta em Lintong, Xi'an Século in a.C. Altura: 190 centímetros Lintong, Xi'an (província de Shaanxi), Museu do Exército de Terracota A alta patente deste oficial é sugerida pela altura da escultura em terracota, sup erior à dos soldados descobertos nas valas junto do túmulo do Primeiro Imperador, pelo elaborado penteado e pelos acabamentos do uniforme que veste Neste sobressai a parcial couraça a proteger o peito e formada por placas de metal cosidas numa base de couro laçado - como se verifica noutras descobertas -, unidas entre si por fios de tecido provavelmente de seda A voíta do pescoço está atado um lenço, interpretado por alguns historiadores do vestuário e do traje, como o primeiro sinal de gravata As grossas pregas que caracterizam as mangas indicam indumentos de tipo invernal , enquanto que os membros inferiores são protegidos por grevas e por sapatos de po nta quadrada A estatua foi descoberta, junto a outras seis de altos oficiais, posicionada atrás dos restos de um carro ligeiro, como que pronta a guiar o exército na batalha. Apesar do elevado grau de padronização requerido pelo processo de realização das estátuas, o primeiro exemplo concreto de produção de massa na antiga China, a escultura
do alto oficial, descoberta em fragmentos e subsequentemente restaurada, revela acabamentos, especialmente nos traços somáticos do rosto e na cabeleira pormenorizada, que permitem considerá-la como um dos retratos mais antigos que a arte chinesa nos restituiu. Além disso, tais pormenores permiti ram aos investigadores chineses precisar.com base nas informações deduzidas pelos textos, a que graus do exército pertenciam os soldados da armada de terracota 77 A GRANDE MURALHA A edificação da Grande Muralha é tradicionalmente atribuída ao Primeiro Imperador; que t eria ordenado a sua construção para proteger os confins do Norte da China, na sua maioria desprovidos de barreiras naturais, das invasões das populações nómadas do Norte, que na época causaram a derrota militar e política da linhagem dos Zhou com base em averiguações cruzadas entre fontes literárias e prospecções arqueológicas, hoje considera-se que Qin Shi Huangdi terá ordenado o restauro, a consolidação e a unificação de traços precedentes de muralhas defensivas mandadas erguer por sobera nos dos reinos do Norte de Qi, Wei, Yan e Zhao, que foram conquistados por Qin. Além disso, as fortificações construídas por ordem explícita do Primeiro Imperador; e ncontrar-se-iam numa zona ainda mais restrita, compreendida entre a região de Ordos, o território delimitado pela grande sinuosidade que o rio Amarelo desenh a na China Central ao longo da sua lenta descida até o mar. Uma agem do Sfaji (Livro de História), texto compilado j pelo histori ador Sima Qian (145-90 a.C.) da dinastia seguinte, Han (206 a.C - 220 d C.), informa-nos que Qin Shi Huangdi ordenou ao general' MengTian que expulsasse os g rupos nómadas para lá do no Amarela Após este feito foram erguidas uma série de fortific ações - ou cidadelas fortificadas, dependendo das interpretações - para prevenir invasões fu turas De resto, não há mais traços nos documentos históricos in putáveis a esta dinastia da edificação de uma tão imponente obra defensiva, facto emblemático que, considerando o pragmatismo que caracterizava o reino Qin, induz a afirmar que a grande obra não era prioritária no programa do governo Há que recordar também o fact o de que a dispendiosa manutenção da Grande Muralha (conhecida err chinês como o longo muro ) foi quase abandonada pelos soberanos das dinastias seguintes, a té às reparações operadas no início da época Ming que nos transmitiram o monumento como hoje o podemos irar (f S.) 25-26. A Grande Muralha da China com o aspecto que assumiu após as reparações da época M ing. 79 27. A Grande Muralha da China, pormenor de uma das portas. 3.A consolidação do império: Han e a Rota da Seda A estrutura de governo centralizado, em coexistência com a reunificação do país efectuad a pelos Qin, foi herdada e aperfeiçoada pelos soberanos da dinastia que se seguiu, a dinastia Han À consolidação do reino seguiu-se também a primeira expansão territ orial, com a anexação de parte do Sul da China e da actual Coreia mas, acima de tudo, com a extensão do domínio sobre a Ásia Central no seguimento das campanhas militares contra as populações nómadas dos Xiongnu. E ste último em preendimento foi de significativa importância, pois a China entrou pela primeira vez em o com países e culturas diferentes, iniciando oficialm ente a exportação de uma das mercadorias mais prestigiadas por ela produzida a seda. Além disso, através das rotas de caravanas, chega a fé budista destinada a ter, nos séculos seguintes, uma profunda influência também no campo da arte Desta são testemunho, sobretudo, os icos enxovais funerários dos principescos túnulos da época, que nos permitem reconstru ir nuitos aspectos da vida e das crenças religiosas do tempo dos Han 1. Na pagina ao lado: Estandarte de seda que ilustra a viagem para o mundo dos d
efuntos, ramo imortalidade, da sefafiara tia Marquesa de Dai em Mawangdui, dinastia Han Ocidental, século II a.C. Changsha, Museu Provin cial de Hunan. século II a.C., altura 26 cm. Wulian, Museu Provincial de Hebei. 81 2. Queimador de perfume em forma de montanha dos imortais (boshanlu), do túmulo do Príncipe Liu Sheng em Mancheng, dinastia Han Ocidental, A DINASTIA HAN Nascida de uma insurreição popular- uma das muitas que determinaram a alternância das linhagens no trono imperial - conduzida por Liu Bang, depois imperador com o título dinástico de Gaozu (206-195 a,C), a dinastia Han é uma das mais duradouras da história chinesa com os seus mais de quatrocentos anos de história. História, esta, interrompida a meio por uma usurpação do trono operada por Wang Mang (9-25 d.C.) que levou a um breve interregno ao qual se seguiu o período dos Han Orientais, período ao qual remonta ta mbém a deslocação da capital, de Chang'an (actual Xían) para Luoyang. Foi um período importante para a China, não só no plano da afirmação política e militar nas regiões imítrofes - em virtude da qual a China alcançou uma das suas maiores expansões territoriais - mas também, no que diz respeito à consolidação gradual do império, no emergir da classe dosfunc estatais encarregados da sua istração. O confucionisrro . como a ideologia oficial (c. 136 a.C.) e o corpo dos textos a:r.,: ao pensador ou por ele transmitidos à posteridade, tor na-se a base de todo o edifício cultural chinês. Invenções como a do papel (séculol: a.C.) favoreceram a difusão dos textos escritos, fossem obras líerárt composições poéticas o u obras históricas como a monumental (Memórias de um Historiador), redigida por Sima Qian (145-86 iC), fundador da grande tradição historiográfica chinesa. Também f loresce a arte, mas das pinturas e caligrafias que decoravam os sumptuosos palácios imperiais da altura e as residências da aristocracia, resta-nos apenas o ec o nos escritos da época; é o conteúdo dos túmulos que nc permite intuir os níveis alcançados na produção artística do período t que nos restitui alguns testemunhos tangíveis. Í 3. Um dos túmulos imperiais onde estão sepultados os imperadores da dinastia Han nas proximidades deXi'an. 83 4 Estatua de cavalo em bronze, dinastia Han Ocidental, século II d.C. Pequim, Inst ituto dos Bens Culturais. 5 Estatuetas funerárias em terracota que representam serventes masculinos e femini nos, dinastia Han Ocidental, século II a C Toronto, Royal Ontario Museum. 6. Es terrí ume aço da p dma d.C, 85 S Estatueta funerária de terracota representando ura cozinheiro a preparar i comid a provavelmente da província de Sichuan dinastia Han séculos l in d C altura 28 cm Parts Musee National dês Arts Asiatiques Guimet, Colecção Lionel Jacob O PRÍNCIPE LIU SHENG EA MARQUESA DE DAI Duas sepulturas nobres do período permitiram recolher alguns aspectos da arte e cu ltura Han. Os túmulos, ambos de indivíduos de alta linhagem, foram descobertos casualmente nos anos setenta, tornando-se dois clássicos da arqueologia chinesa mode rna. A primeira, descoberta em Mancheng (província de Hebei), era a sepultura do príncipe LIU Sheng e da sua consorte Dou Wan, aparentados com a casa governante Han. A monumental sepultura, com a câmara funerária e outros ambientes escavados na rocha viva da montanha, deve a sua celebridade aos sudários, ou vestes funerárias, em placas de jade com os quais f oram revestidos os restos mortais dos dois aristocratas. Como se viu, era um
mineral apreciado desde o período Neolítico, mas na época Han foram-lhe atribuídos inúmero s valores simbólicos e foi considerado pelos alquimistas do período capaz de evitar a decomposição do corpo físico após a morte, a tal crença deve-se o amplo uso do jade nas sepulturas e o curioso costume de com ele revestir por completo o corpo dos defuntos de origem nobre Afinal de contas, a ideia de alcançar a imorta lidade que obcecara o primeiro imperador chinês Qin Shi Huangdi continuou a ser popular durante a dinastia Han fazem fé as muitas representações de imortais nas s epulturas desse período que a tradição queria que fossem os depositários do segredo da longevidade, por eles ciosamente guardado nas te iníveis em que viviam, situadas no Mar da China Oriental. No Sul da China, mais exactamente em
Mawangdui, nos arredorp da cidade de Changsha (província de Hunan) foi feita a des coberta importante a sepultura, inviolada, de uma senhora, a Marquesa de Dai, es posa do governador de Ch;. O que despertou a atenção foi o óptimo estado de conservaçã: à distânci de séculos dos delicados artefactos que compunham: rico enxoval funerário, loiças e tigelas em madeira laçada, vermelho e preto com elegantes motivos, utilizad as para a preparaçã e consumo de alimentos; grupos de estatuetas funerárias em que representavam músicos e criados ainda com as cores vivas ;t policromia origina l, três sarcófagos de madeira encaixados uns nos outros e pintados com motivos inspirados no mundo do alem per por criaturas fabulosas. No interior do sarcófago a descoberta sensacional o corpo da Marquesa, que se manteve quase intacto longo do tempo graças às grossas camadas de argila branca e carvão! que sigilavam o túmulo, ai nda revestido com cerca de vinte vê? de seda praticamente intactos. Além disso, no sarcófago que coi os restos da Marquesa de Dai fora colocado um estandar te,tanta"' de seda e pintado com cenas que representavam a viagem danobc senhora no mundo dos defuntos 7 Pendente em jade branco com decoração gravada e perfurada que representa um tigre, dinastia Han Ocidental, séculos ll-l a.C., comprimento 19 cm. Paris, Musée National dês Arts Asiatiques-Guimet. 8 Candeeiro em bronze dourado, do túmulo da princesa Dou Wan em Maneta} Iprovmcia is ífe/te//, dinastia Han. pnmeira metade do século II a C Pequim, Instituto lios Bens Culturais 9. Espelha em bronze, do túmulo da Marquesa de Dai em Mawangdui, dinastia Han Ocid ental, século II a.C. Changsha, Museu Provincial de Hunan. 10 Recipientes laçados, íe Sai em Mawangdui, dinastia Han Ocidental, século II a C Changsha, Museu Provincia l de Hunan 11 Estatuetas em madeira pintadas em policromia representando um grupo de músicos, do túmulo da Marquesa de Dai em Mawangdui, dinastia Han Ocidental, século II a C, a mais alta 23 cm de altura Changsha, Museu Provinci al de Hunan 89 VESTE FUNERÁRIA EM PLACAS DE JADE COSIDAS ENTRE ELAS com FIO METÁLICO EM OURO Do túmulo do Príncipe Li u Sheng em Mancheng (província de Hebei) descoberta em 1968 D inastia Han Ocidental, século II a.C. Comprimento: 188 centímetros Hebei, Museu Provincial de Hebei A veste funerária em placas de jade dentro da qual foram dispostos os restos do príncipe Liu Sheng - segundo as fontes
textuais falecido em l 13 a C e filho do quinto imperador Han Jingdi (reinado (r) 157-141 a C), e irmão do seu sucessor ao trono, Wudi (r 141-187 a C) - constitui até hoje o exemplo mais famoso deste extraordinário tipo de artigo fabricado entre os mais de quarenta trazidos à luz pelos arqueólogos sobretudo na China Oriental Veste funerária em placas de jade da princesa Dou Wan, esposa do príncipe Liu Sheng. De acordo com as fontes, parece que apenas os nobres de classe elevada e aparent ados com a casa real podiam ser enterrados dentro de um sudário completo, os outro s aristocratas tinham direrto a elementos em jade que recobriam apenas o rosto, o que sucedia com bast ante frequência, e as vezes também as mãos e os pés. Um outro elemento de diferenciação de grau consistia no tipo de fio de metal u tilizado para unir os milhares de placas em jade que compunham estas vestes funerárias (a realização da veste de Liu Sheng tinha requerido 24681) ouro, prata e cobre Este amplo uso do jade nos rituais de enterro na época dos Han, prática que depois c aiu em desuso, encontra uma explicação parcial nos textos dos alquimistas das épocas seguintes, como o Baopuzi (c 320 d C), redigido por Ge Hong, no qual se afi rma quando os orifícios do corpo estão tapados com jade e ouro, o corpo não se decompõe _ Descobertas da época Han atestam que tais crenças e praticas foram difundidas na a bem antes do século IV d C. Na realidade, alem da veste funerária, Liu Sheng tinha sido 3 de tampões' em jade para sigilar as nove aberturas corporais - olhos, nannas, or elhas, linus e genitais - para evitar que o qi ou essência, fluido vital , deixasse o corpo e que e se decompusesse com que finalidade, porém, e assunto de pura conje ctura < z 91
a -z. A SEDA Material que mais do que qualquer outro mereceu, desde a antiguidade, grande fam a na China, a seda e as suas técnicas de laboração estiveram durante muito tempo envoltas na lenda. De acordo com a tradição, teria sido a esposa de Huangdi, o mítico Imperador Amarelo e pai lendário da civilização chinesa que viveu por volta de 3000 a C , a ter descoberto as propriedades do filamento produzido pelos bich os-daseda do tipo bombyx mori, o único lepidóptero que na China foi criado para a produção da seda. Hoje, graças às descobertas arqueológicas, possuímos informações mais preci sobre as origens da sericultura que, surpreendentemente, são tão antigas quanto a lenda indicava. Na realidade, os mais antigos achados em seda t razidos a luz são originários, como anteriormente recordado, de localidades da cultu ra do final da fase neolítica de Liangzhu. São poucas mas significativas descobertas qu e, não obstante, atestam inequivocamente que o material sénco era já famoso entre os antigos chineses desta época,
coincidente com as datas da cultura Liangzhu, que nos foram indic pelas lendas s obre o Imperador Amarelo e a sua esposa Alem d estes importantes testemunhos mos tram como a manufacturai seda se foi desenvolvendo inicialmente nas regiões do Sul da( aquelas que, na época histórica, acolheram de facto os pnncipa centros de produção dos preciosos tecidos Hangzhou e a regiãod LagoTai e, a Oeste, subindo novamente o curso do Rio Azul, Chengd a capital da província Sudoeste de Sichuan Material orgânico mulo frágil e sujeito a rápida deterioração, a seda raramente se encort nas sepul turas antigas Apesar de sabermos, através das fontes escnt que era conhecida e trabalhada durante as épocas Shang e dos2 Ocidentais, temos de nos reportar as s epulturas do período segurt dos Reinos Combatentes (475-221 aC) para ter as primei evidências tangíveis de artefactos de seda, como os descobertos n túmulos principescos escavados nos arredores de jianglmg, a c - na época dos Reinos Combatentes - do potente reino de Chuc território se estendia por toda a China do Sul 12. Seda bordada, do túmulo n° 1 de Mawangdui, dinastia Han Ocidental. Changsha, Mus eu Provincial de Hunan. 13. Na página ao lado: Seda bordada, do túmulo n° 1 de Mawangdui, dinastia Han Ocident al. Changsha, Museu Provincial de Hunan. A CHINA DOS HAN E OS NÓMADAS XIONGNU Quando é que a China começou a exportar a seda, material apreciado até mesmo pelos Rom anos e que mereceu aos chineses, nas fontes latinas, o nome de Seres ? Não foi antes do final do século in a.C, altura em que a China dos Han enfrentava a po pulação nómada dos Xiongnu que, a partir da segunda metade do século IV a.C, tinham começado a fazer pressão sobre as fronteiras do Norte do País realizando, inclusivamen te, incursões no território chinês. Esta é uma história que merece ser contada, pois foi a ocasião que levou a China a olhar, pela primeira vez, para os temtónos do Ocidente, descobrindo outros países e civilizações com que, directa ou indirectamente, começou a estabelecer relações Por volta de 210 aC , os Xiongnu conseguiram ocupar a região do Ordos, compreendida dentro da grande curva norte do Rio Amarelo, obrigando o imperador Gaozu (206-195 a.C.) a entrar em negociações Foi assim que uma jovem da casa imperial chinesa foi dada como esposa ao soberano Xiongnu todos os anos desde então, como sabemos pelas fontes chinesas, eram entregues aos nómadas oferendas valiosas em seda fiada e tecidos de seda, bebidas fermentadas, cereais e outros mantimentos. A quantidade de material sénco entregue aos nómadas deveria ser considerável, na realidade, tratava-se não só de uma homenagem do imperador chinês a dos Xiongnu, mas também uma for ma de tributo anual (en - - j em géneros alimentares) para evitar que os nómadas se forne sozinhos de tais géneros, saqueando periodicamente o território cnrel . Em 175 174 a.C o imperadorWendi (!80-l57aC) acompanhcjinrq carta enviada ao soberano Xiongnu com alguns presentes quais uma grande variedade de peças de se da crua, bordadacom motivos florais, todas de uma grande variedade de core fácil deduzir que os chineses consideravam, justamente, a sec precioso e raro dos seus produtos e, como tal, o que eles t melhor para oferecer a um soberano estrangei ro, pnncipalmer que dirigia as temíveis gentes nómadas, numa tentativa de ocatwj Todavia , os chineses estavam também conscientes do facto de que]u dos Xiongnu, nómadas das estepes, que vestiam trajes feitos de oelesi pelicas de animal, os tecidos d elicados e fiados de seda não podiamsf de grande serventia. Na realidade, os Xiong nu utilizavam a seda que l1 era oferecida pelos soberanos da China como preciosas m ert para trocar com outros povos do interior da Ásia, favorecendo assimi difusão do tecido fora dos confins da China. É assim que, ando d mão em mão, o precioso fi lamento alcança primeiro as regiões on< vizinhas e, finalmente, os territórios sob a jurisdição de Roma
14. Recipiente de seda bordada, do túmulo n° 1 de Mawangdui, dinastia Han Ocidental, século II a.C. Changsha, Museu Provincial de Nunan. 15. Na página ao lado:. Uma das estatuetas de terracota policroma descoberta nos a rredores do túmulo do imperador Jingdi (r. 157-141 a.C.) da dinastia Han Ocidental. Xi'an, Instituto Provincial Arqueológico de Shaanxi. AS MISSÕES DE ZHANG QIAN EA DESCOBERTA DO OCIDENTE Na cautelosa política tributária dos soberanos chineses, um novo rumo começou a ser toma do quando subiu ao trono o imperador Xiaowu (141 87 aC) conhecido com o nome imperial de Wudi que apôs alguns anos de hesitação preferiu mudar de atitude para com os Xiongnu e enviar lhes em vez da seda delicada as poderosas armadas chinesas sob o comando de generais decididos a fazer valer a sua autondade Wudi na busca de aliados que o apoiassem no confronto militar iniciado com os nómadas em 133 ou 132 a C enviou para Ocidente um funcionário chamado Zhang Qian que depoi s de uma longa serie de peripécias conseguiu alcançar um território situado a norte do curso do Amu darya correspondente a uma parte das actuis! republicas do Usbequistão eTajiquistão Atravessado o rio Zhang Qian dirigiu se para sul alcançando o Norte do actual Afeganstão naqjela altura conhecido nas fontes clássicas como Bact riana e denominada pelo próprio Zhang Qian como Daxia Foi nesta região que o envado imperial efectuou uma descoberta bastante relevante De facto ele aã se co nta de que nos mercados de Daxia eram comercializados produto e tecidos provenie ntes da índia que Zhang Qian com grande espaiio reconheceu como sendo originários do Yunn an e do Sichuan as auas províncias do Sudoeste da China Informou imediatamente o imperador da descoberta e pôs a hipo da existência de uma r ota que ligava o Sudoeste da China a índia tal na realidade existiu e por ela se alcançava a Bacia do Ganges atrave 16 Estatuetas de cavaleiros de terracota pohcroma, de Yangjiawan, dinastia Han O cidental, século II a C, altura media 67,5 cm Shaanxi, Museu de Xianyang is da Birmânia Ao longo deste trajecto, ainda hoje parcialmente usado pelos contra bandistas modernos, florescia um comercio que não era controlado por nenhum poder político, com mercadorias que ram de mão em mão, sem que os povos que se encontravam n as ndades opostas da rota comercial clandestina soubessem qual era proveniência original dos bens trocados nem qual seria o seu ultimo. Na segunda metade do sécul o II a C, entre as mercadorias que por esta rota, incluíam-se os tecidos em seda do Sichuan por Zhang Qian nos mercados de Bactnana Regressado a pátria vote de 126 aC, Zhang Qian redigiu uma relação oficial da sua viagem aventureira que apresentou ao trono Tinha sido o primeiro nines a alcançar terntónos tão distantes e a recolher u ma enorme santidade de informação sobre terras e povos estrangeiros que na China se ignorava ate mesmo a existência. Para alem dos territórios que o enviado im perial visitara em pessoa, percorrendo uma área geográfica que compreendia parte dos actuais Estados do Cazaquistão, Usbequistão Tajiquistão e Afeganistão Zhang Qian tam bém teve conhecimento, indirectamente, da existência de países como a índia a Partia e a região do Golfo Pérsico Daquilo que viu e do que conseguiu saber através de outras pessoas, Zhang Qian chegou à conclusão que em todos os territórios que se estendiam do vale do Ferghana, no Afeganistão, ate àqueles controlados pelos Partos, a seda e as árvores das quais a laca era tirada não existiam. Para a China isto significava a abertura de perspectivas económicas interessantes, dado q ue naquele tempo o pais do Extremo Oriente era o único produtor de seda e laca. A política militar empreendida porWudi contra os Xiongnu pôde contar com o 17. As sepulturas dos 97 imdàres de Xi'an (província de Shaanxi) À valor e a fidelidade de generais capazes, entre eles Huo Qubing (140-I l7aC)que, em 121 a.C,forçou os Xiongnu a retirarem-se para norte do deserto de Gobi, enquant
o os chineses reconquistavam, depois de décadas, a grande curva norte do Rio Amarelo . O empreendimento foi tão memorável, que a Huo Qubing é concedida a honra de fazer a sua sepultura perto da do imperador; no grandioso complexo funerário dos soberan os Han erguido nas proximidades da capital, a actual cidade de Xian. Entre as es culturas em pedra colocadas nos arredores do túmulo funerário do general, e que podem ser iradas m situ ainda hoje, existe uma que representa um bárbaro esmagado pelos cascos de um cavalo, simbolizando a vitória chinesa sobre os nómadas Xiongnu Solucio nado então, se bem que temporariamente, o contencioso com os Xiongnu, o imperador chinês confiou a Zhang Qian uma nova missão de política internacional para encontrar nov os aliados na luta contra o povo nómada Zhang Qian parte assim novamente, seguido por trezentos homens, cada um fornecido de dois cavalos, rumo ao povo dos Wusun, estabelecido a norte da cadeia montamos do l Tianshan, ou Montanh as do Céu . Para a sua subsistência,ZhangQai e os seus homens levaram milhares de cabeças de gado. Para a ao soberano Wusun, viajaram com preciosas oferendas em i seda de valor altíssimo e para estabelecer relações diplomáticas c os novos países dos quais os chineses tinham tomado conhear foram acompanhados por embaixadores fornecidos de credenciaisíl longo da viagem foram enviados por Zhang Qian em varia s dm sobretudo no arco da índia e do império Parto: cada embaixador1 consigo uma certa q uantidade de seda para oferecer em nr imperadorchinês Entre I04e 101 aC aChmacondu ziuduasex^ militares contra o Estado de Ferghana, no Afeganistão, como . por ter recusado um a provisão de cavalos Tais expedições m. o começo da hegemonia chinesa na Ásia Central e o declínio de Xiongnu. Em 77 a C. os exércitos chineses conquistaram a b L opnor onde se encontrava a cidade conhecida com o nome "18. Escultura de um cavala que pisa um bárbaro, uma das estátuas de pedra colocadas perto do túmulo do general Han, Huo Qubing, c. 117 a.C., altura 168 cm. Huo Qubing, Xi'an (província de Shaanxi). . Logo depois foi integralmente conquistado o território ideTurfan que, juntamente com os oásis da bacia doTanm, s ao longo das margens norte e sul do deserto doTakl amakan sdeclwes orientais do Pamir, foram postos sob a autoridade de or chinês a quem foi dado o título de Protector Gera! > do Ocidente ainda hoje é possível irar os vestígios de fronteira, como Gaochang, de onde os chineses estes territórios. No seguimento de tais conquistas a mu o controlo total das duas rotas mais importan tes de >, constituindo o itinerário clássico da Rota da Seda1 a que apelos oásis do Norte do Taklamakan (chamada bei dão ou bei lu, : do Norte) e a que ava pelos oásis do Sul (nan dão ou nan lu, pdoSul) Ambas partiam da cidade de Dunhuang e termi navam aos 3 maciço de Pamir a do Norte, em Kashgar (cidade conhecida s como Shulo), e a do S ul, em Yarkand. É este o sistema viário tão longo do tempo se enriqueceu de ramificações e variações A ROTA DA SEDA %W 99 19 Mapa representando a Rota da Seda (de AÃ. W Arte deli'Estremo tole, 2000, pag. 73). 20. Um dos edifícios dentro da cidadela de Gaochang, posto avançado militar na Rota da Seda na época da dinastia Han. Província de Xinjiang - ao qual, no final do século XIX, o investigador alemão Ferdinand von Richtofen deu o nome evocativo de Rota da Seda. E é este o sistema viário ao longo do qual viajaram não só as mercadorias, mas também as ideias, os estilos artísticos e as doutrinas religiosas Entre elas o Budismo, que começou a difundir-se na China durante o século l d C, como atesta a fundação, em 68 d C, do Bai
masi ouTemplo do Cavalo Branco, situado a l. O quilómetros da cidade de Luoyang. O nome do templo budista, o mais antigo fundado na China, deriva da lenda segund o a qual as primeiras escrituras sagradas budistas entraram na China em dois cav alos brancos guiados pelos enviados que o imperador Mingdi (57-75 d C) mandara à índia, d epois de ter tido um sonho no qual uma misteriosa figura dourada lhe revelava ser o Buda. 21. Axionometria do Baimasi ou Templo do Cavalo Branco, o primeiro templo budist a fundado na China em 68 d.C., nos arredores de Luoyang. 22. Vista das ruínas da cidadela de Gaochang, posto avançado militar na Rota da Seda na época da dinastia Han. Província de Xinjiang. i 101 23 Pagode do Baimasi ou Templo do Cavalo Bnnco, nos arredores deCARACTERÍSTICAS DA ARTE HAN O elemento realista melhor seria dizer representativo emulativo da realidade que entra em cena com o exercito de terracota que guardava a sepultura de Qin Shi H uangdi permanece uma componente constante da arte funerária chinesa manifestando se segun do os períodos em diferentes modalidades e intensidades perto porem de uma iconogr afia radicada num imaginário simbólico alusvo a espaços universos e seres ultra terrenos. N a realidade e o que encontramos na arte funerária Han momento no qual se assiste a difusão em grande escala do uso dos chamados mmgqi objectos feitos sobretudo de terracota que representam pessoas animais e coisas simulacros que também sob a força da crescente influência do pensamento confuciano substituem o costume dos sacr ifícios humanos em uso ate a época Qin Graças ao seu realismo os mingqi permitem nos conhecer melhor os aspecto! cultura material Han que de outro modo seriam ignorados do ocorre com a arqutectura dado que os edifícios tradicionas c eram construídos principalmente em madeira na China as const mas ant igas não remontam para alem da dinastiaTang (6l8907d. Na arte funerária Han ao lado dos pequenos modelos de erracotai)j reproduzem objectos quotidianos, animai s, habitações e seres h estavam as representações das míticas terras dos imortais): seres emplumados da tradição tauista que se alimentam dofrutoj longevidade que monta m animais m ticos e moram em terras d do mundo terrestre dos homens Nesta compen etração de w e eu dado na preparação da casa do defunto onde junto dose que fazem recordara vida quotidiana se oferecem visões de um n dferente e distante do dos vivos reflec tem se as concepções chi 24 Estatueta funerária de argila representando um cavala, dinastia Han Roma Museo Nazionale d'Arte Onentale l da estrutura da alma, um corpo subtil, mas sempre dotado de cia, que tem por e ssa razão, necessidade de ofertas concretas n alimentos e de residir num lugar físic o que reflicta o mais possível, Taquele onde habitou em vida. O amplo uso na arquite ctura funerária l detijoio e pedra, oposto à arquitectura de superfície, essencialment e i sm madeira, marca uma separação e distinção entre os dois tipos de domicílios e faz com que o subterrâneo, destinado ao defunto, adquira uma consistência, uma maior permanência, uma substancial garantia de tona sobre o tempo, desconhecida nos edifícios onde habitavam e viviam os homens. O túmulo, e tudo o que contém, é o domicilio eterro do defunto construído para permanecer na memória futura dos vivos e, portanto, assinalado na superfície por um sacelo um pequeno templo, um túmulo, uma via processional, um elemento visual marcante que o torne imediatament e distinto e reconhecivel Quanto 103
25 Estatueta funerária de terracota representando um tocador de citara l l provavelm ente da província de Sichuan, dinastia Han, l-lll século d C, altura 37 cm. Paris, Musee National dês Arts Asiatiques-Guimet, Colecção Lionel Jacob. 26 Modelo de residência aristocrática em terracota com traços de policromia, descobert o em 1981 em Yunzhuang, distrito de Huaiyang (província de Henan), inícios da dinastia Han, século II a.C., altura 89 cm. Zhengzhou, Museu Provincial d e Henan. 104 27 Pequena escultura de bronze damasquinado em ouro e prata que representa um an imal fantástico, dinastia Han Ocidental, século II a C, altura 7 cm Quioto, Museu Miho mais alto era o grau ocupado pelo defunto na hierarquia social, maior era a monu mentalidade da sepultura - como atestam os túmulos gigantescos das sepulturas Han, visíveis nos arredores da cidade de Xi'an - quanto mais amplo e rico o enxoval funerário, mais vastos os recursos empregados para a sua construção Tanto que a preocupação constante dos imperadores chineses, mal subiam ao trono, era a de individuar, araves da geomancia, o lugar propício pa ra descansar na eternidade, e car inicio desde logo aos longos trabalhos necessári os para a edificação i própria sepultura Se não fosse pela centralidade ocupada pelo cuto d os anteados, não só na religiosidade mas na inteira cultura chinesa,o que levou a que grande parte da produção artística também da melhor fosse de cunho funerár io ou destinada a seguir o defunto na sua existência ultra-terrena hoje muitos dos conhecimentos que possuímos sobre a China antiga ser-nos-iam excluídos ou , pelo menos, limitados aos únicos testemunhos oferecidos pelos textos. As sepultu ras e o seu conteúdo fornecem nos, portanto, uma das mais importantes e imediatas chav es de leitura para a compreensão de aspectos ligados à cultura material dos vários períodos históricos, nos quais se articula a longa história dinástica chinesa E se nada nos resta das pinturas Han de que narram as fontes e que decoravam os palácios senhoriais da época, e novamente as sepulturas que nos devemos dirigir para ter ur na ideia da rica produção pictórica do penodo, testemunhada pelas pinturas parietais descobertas nos túmulos situados nos arredores da cidade de Luoyang, nessa época cap ital dos Han Orientais (25-220 d C) Obviamente, a iconografia é sobretudo de carácter religioso, com representações das divindades principais do panteão Han, astros, constelações e animais mitológicos, se bem que não faltem retratos do defunto, cenas tiradas da vida quotidiana e temas recorrentes, com valor simbólico, como lo ngas procissões de carros, simbolizando talvez a última viagem do defunto ao reino dos mortos (F S) 28 Estatueta funerária de terracota vidrada representando um cozinheira a preparar a comida, descoberta no ra Denggu (província de Shandong), dinastia Han Ocidental, 25-220 d.C, altura 29,8 cm Qufu, Museu Provincial de Shandong. 29. Ladrilho com decoração estampada representando uma divindade solar (rishen), des coberta em 1965 numa sepultura nos arredores de Chengdu (província de Sichuan), dinastia Han Ocidental, 25-220 d.C., altura 49 cm. Chengdu, Museu Provincial de Sichuan. 30. Lucerna de terracota pintada decorada com figuras aplicadas de imortais e an imais, descoberta em 1972 em Jianxi Xilihe, nos arredores de Luoyang (província de Henan), final do período Han Ocidental, século II a.C., altura 92 cm. Lu oyang, Instituto dos Bens Culturais. 31. Pintura parietal representando algumas personagens, de um túmulo de Luoyang, d inastia Han. Boston, Museum of Fine Arts. ARTE NA CHINA ;au
LA corte fragmenta-se, as artes destacam-se: dos Han aos Tang No início do século in d.C, o poder político está nas mãos de uma multidão de generais. O descendente de um destes sátrapas ousa o impossívellegitima a situação, inau gurando jma nova dinastia com a capital em Luoyang. Como numa reacção em cadeia, um clã antagonista funda uma outra corte na cidade de Jiangye, a actual Na njing, os continuadores da dinastia vigente ': têm outra escolha senão partir para oeste, 'egião periférica de Sichuan. Depois de meio Tiienio a unidade do império é quebr ada; a obra fe reunificação exigiria trezentos e cinquenta ,s Quatro séculos de lutas internas, onde dinastias que se identificam num chefe e que raramente superam o fôlego de uma ger ação, tentam aumentar o seu território visando a unificação. A presença de diferentes cortes concorrendo entre si significa mais comite ntes e a .nstAuição de diversos centros artísticos, cada um isor de uma estética e de um gosto particulaSeguimos então estes eventos fundamentais, is para perceber a evolução da história da arte período. l. Na pagina ao lado: Esculturas de decoração da gruía n 12, dinastia Wei do Norte, c. 460-494 d C Luoyang, Grutas de Uxtgmen 2. Escultura do Bodisatva Papãni (Portador de lótus), dinastia Wei do Norte, 527 d.C. Toronto, Royal Ontario Museum. 109 l r-4. ÉS SÉCULOS DE AGITAÇÃO sua evolução o Norte e o Sul da China seguem directrizes mar ente distintas no Norte já durante a dinastia Han o exercito i aberto as fileiras a contingentes cada vez maiores de bárbaros 3 secu o IV as populações não autóctones não só aumentam a uma de e uma quantidade impressio nantes como também alcançam b poder. Esta em jogo o controlo da bacia do rio Amarelo S dinastias que se alternam no sul podem pelo contrario contar co m trontrolo do no Azul e com uma frota temível Mas o que falta são mens os vários proprietários de terrenos são os verdadeiros senhores mam um Estado a parte e nem se mpre permitem que os seus servos am no exercito aesordens setentrionais convencem um milhão de camponeses a emgrar para o sul E um trauma que levara a novas soluções a varos nveis alimentar (n o norte comem se cereais secos milha e trigo no sul come se arroz) l nguistico (cada comunidade de imigrados tenta manter o seu próprio dialecto enquanto que cad a dinastia tem interesse em padronizar a língua) sexual (no norte graças a influência das tradições nómadas a mulhertem uma certa liberdade no sul esta bloqueada numa socie dade tendencialmente poligâmica) Mas a inserção de população sanciona definitivamente a descolagem da prosperidade meridional. O porto de Guangzhou (Cantão) tem um come rcio estável com o Sudeste asiático o verbo budista que ha muito tempo chegou pelos caminhos das caravanas chega agora também pelo mar Torna se cada vez mais solida a aristocracia fundiária que tem todo o interesse em se transformar numa elite fech ada aproximando se das vias de o a burocrac a -£^ y* ^^" ' t -V rrc 3. Na pagina ao lado 40 mosteiro suspenso Monumental Buda construído na falésia dmilanha em pedra grés do Monte Hengshan na gruta n 20 dinastia dinastia Wei do Norte Wei do Norte c 460 493 Datong, Monte Hengshan d C Datong Grutas de Kungang No norte no Shanxi, atestam-se os Tuoba. Esta população nómada, em o com a cult
ura chinesa decide smizar-se mostrando uma impressionante ductilidade, para melhor se inserir nos equilíbnos de poder da região com o nome de dinastia Wei, os Tuoba fundam, em 398, a capital Pingcheng (hoje Datong), vinte anos mais tarde conquistam a capit al tradicional, Luoyang, e em 493 mudam a corte para ai. As mudanças principais do poder Wei são uma eficaz reforma agraria e a adopção do budismo como religião de Estado Cada casal recebe uma porção de terra, da qual uma fracção tem que ser cultivada com amoreiras ou com cânhamo, aos 60 anos de idade, o indivíduo devolve a terra ao Estado, o imposto relacionado com a terra é fixo Tratase de um sistema fiscal que funcionara durante trezentos anos Quando, do sul, os Sui conseguirem a unificação herdado e sistema de imposto Em 533 os Tuoba dividem se irremediavelmente em dois grande parte da aristocracia está farta de renegar as tradições t e impõe uma travagem brusca ao processo de sinização. A capi mudada para oeste, em Changan (a actual Xi'an) É o nascimento (te l Zhou do Norte Os que continuaram a homologação, pelo contrario mudam-se par j leste, em Ye, no espaço de uma geração mudaram o nome para < ~ do Norte Quarenta anos mais tarde em 577, os primeiros anexarão os seguir mas em 581 sucumbirão aos Sui, a dinastia destinada a reunificar o pç 5 Mosteiro budista, gruta n. 12, dinastia Wei do Norte, c 460-493 d C Datong, Gr utas de Yungang. Mtó \ 6 Sarcófago em pedra Atkins Museum of Art decorado com incisões, pormenor de um lado com piedade filial dinastia Wet do Norte c 525 d C
APROFUNDAMENTO. O INDIVÍDUO FECHA-SE EM SI PRÓPRIO Durante o período que adopta das vertiginosas alternâncias políticas o nome de dezassei s reinos e seis dinastias (304 589 d C), os homens dedicam-se à especulação religiosa e à vida contemplativa, para procurar um refúgio íntimo do caos circunstante Sobressaem como protagonistas do pensamento a escola tauista e, sobretudo, a igreja budista. Os tauistas, empenhados em pesquisas alquímicas para sintetizar a pílula da longevidade, à base de mercúrio, desenvolvem uma série de conhecimentos químicos empíricos, úteis também para a arte cerâmica e a ciência farmacêutica Pregam a recup ração de urna relação espontânea com a natureza, ficou famoso o grupo dos sete sábios da pequena floresta de bambu , que, em pleno século in, se encontrava p ara amenos piqueniques fora da cidade (neste caso, um pouco fora da capital Luoyang) ando o tempo bebendo vinho e em discussões! filosóficas e de slocando-se num carro puxado por um cervo. A alguns j deles as atitudes irrevere ntes em relação ao poder constituído até 1 lhes custaram a cabeça, como foi o caso de ji Kang q ue, denunciadoe' condenado à morte, esperou a decapitação contemplando o ; das sombras enquanto tocava alaúde. A invocação do mergulho na natureza, questão cen tral do pensamento tauista, parece ter influenciado a renovação da pintura de paisagem Rcara como um leitmotiv, também nos séculos futuros, o artista correndo por montanhas e florestas, com um pincel na mala, pronto a imortalizara sua insp iração. Uma corrente do budismo, em particular; gabava-se de ter urr sentido I. Retrato de Ji Kang, de. Os Sete Sábios da Pequena Floresta de Bambu, pormenor, dinastias do Norte. II. Relevo em calcário escuro com vestígios de cor representando a imperatriz e o se u séquito, da gruta de Binyang (Grutas de Longmen), dinastia Wei
do Norte, c. 522 d.C. Kansas City, The Nelson-Atkins Museum of Art. in. Na página ao lado: Esteia budista representando. A Grande Viagem, dinastia Wei do Norte, 523 d.C. Toronto, Royal Ontario Museum. ARTE NA CHINA APROFUNDAMENTO de oportunidade fortíssimo Trata-se da corrente do Grande Veiculo na qual se imagi na que alguns indivíduos depo s de terem alcançado a iluminação que os poderia resgatar do ciclo continuo das ré ncarnações decidiam reintroduzirse no mundo profano com funções de guia espiritual da multidão dos fieis Indivíduos deste género são chamados Bodisotvo essência na iluminação Ha testemunhos do primeiro convento budista desde 148 d C. Em meados do século IV d C em plena Ásia Central um monge budista filho de um brâmane e de uma princesa de Khotan e aprisionado por um general chinês. Na prisão Kumarajiva aprende a língua mdí quando novamente em liberda de apresta se a traduzir o canc do sânscnto para o chinês. A maior parte dos textos que t mesmo da corrente do GrandeVeiculo. Os monges budistasjacoí os se gredos da propaganda podem contar com manuais de pregaçaot não desdenham recorrer a língua do povo Seguindo este exeirolor literatos também põem por escrito as anedotas que circulam anos carregadas de historia nascem os mais antigos roman militares IV Fresco representando o paraíso de Amitabha, pormenor, dinastia Tang Dunhuang, G rutas Mogao dinastia Tuoba utilza o budismo como potente aglutinante social >ndo os fieis a acreditar que os soberanos são ncai nações de Buda -lonatcastêm todo o interesse em financiar a construção de grutas e jas colossais do Buda que na realidade não eram outra coisa senão ss efígies1. A estatuária budista e as pinturas parietais dos templos então que obedecer a uma minuciosa arte do retrato, empenhada a eterni zar os traços seculares dos patriarcas das varias correntes a seguir a cenografia imutável das hierarquias divinas século V os conventos já pululam no território concentr am terras mão-de-obra e também capitais dado que entre os serviços que oferecem ha hospitais hotéi s, bancos O imperador Wei sente-se ameaçado e tanto poder desencadeia uma primeira perseguição e m 445 num convento da capital a guarda imperial encontra um deposito de armas e de vinho. As armas são uma ameaça para a corte o vinho para os costumes. O budismo sofre periodicamente repressões particularmente violentas, mas será nas épocas seguintes, sobretudo em 845 que vai sofrer um revés do qual não conseguira voltar a erguer se com o mesmo vigor de antes l. Os Ensinamentos dos do Norte c 386-535 íCDatong Grutas de Vingang MONUMENTOS NA ROCHA Se tentarmos perscrutar o que é que permanece hoje da arte daqueles séculos, sobress aem imediatamente as enormes perdas Não nos chegou nenhum exemplar arquitectónico, pois as construções eram geralmente de madeira Não permanece nenhuma pintura em seda o u em papel E da caligrafia uma arte que conhece nesta altura um período de elevada qualidade, talvez permaneça um único exemplar. No entanto, são anos que, com a s suas turbulências, serviram de forja para as soluções que mais tarde influenciarão os séculos seguintes De facto, abundam as pinturas murais, funerárias ou religiosas, estatuas budistas e cerâmicas Quanto ao resto, somos obrigados a basear-nos em sombras, copias bastante fiéis-aproximadamente a parti" X de pinturas precedent es e decalques de caligrafiasVamcs los em pormenor A magnanimidade religiosa dosTuoba fez chegar até nós resultados beleza deslumbrante São complexos de arte rupestre budista que corte encomendava para que fossem realizados na capital Osescuttore escavavam na rocha das capetas, em formas mais ou menos elat pintadas com frescos de temas budistas e decoradas com e: da divin dade Tendo em conta que os Tuoba mudaram de capital diversas vezes, esperaríamos novos
núcleos de grutas budistas em deslocação de capital E, de facto, assim foi. Na órbita de Datong surg Yungang em Luoyang foi erigido o grupo de Longmen nos arredo u 7 Grutas rupestres de Yungang, exterior. Datong 119 8 Grutas rupestres de Vungang pormenor do interior Datong de Ye encontram-se as grutas de Xiangtangshan. Na realidade o sitio mais antigo, que remonta ao século IV, e o de Dunhuang, ao longo do chamado corredor do Gansu , na Ásia Central no cruzamento onde a cultura chinesa, a centro-asiática dos oásis deTurfan, Khotan Kutcha e a indiana se roçam e se regam de mútuos estímulos e sugerem soluções formais. Em todos e stes casos tratam se de estaleiros abertos , complexos monumentais aos quais se juntavam capelas escavadas na rocha de dinastia para dinastia, onde e p ossível seguir a evolução do gosto escultórico e pictórico praticamente de década em década. Em linhas gerais, podemos antecipar que a dinastia Wei, nascida com vol umes colossais, maciços e pouco dinâmicos tinha chegado rapidamente a uma pronunciad a linearidade, enquanto que durante os Qi do Norte se voltou a dar turgidez as dim ensões das estatuas com êxitos mais bem proporcionados e movimentados do que no inic io das experiências dos Wei. No caso de Dunhuang, por exemplo, tudo começa no século IV ( sob a dinastia setentrional dos Liang). O monge de origens indiarv teve uma visão um c ortejo de mil Budas desfilava a sua frene Pescavar a primeira gruta nesse mesmo lugar; iniciando assim o corrpe). de Qianfodong ( As grutas dos mil Budas ). Para da tar as várias grutas, pode ser útil examinar a paleta das cores das nos frescos e a disposição das figuras OsWei do Norte, por exemple costumam realçar as personagens com uma linha de contorno branu exacta, para conferir uma certa luminosidade as figuras Hoje a percepção das escolhas cromáticas dos artistas encontra-se um altera da pela oxidação das cores ao longo do tempo, e o cor-de-i transformou-se em castanho, mas a rapidez do traço o dinamismo c , anima as figuras a pletora de perso nagens que açambarcam quase ca pedaço de parede, assaltam a nossa fantasia, desenrol ando um muno de historias na nossa imaginação apesar dos séculos de distância. A rocha disponív el em Dunhuang apresentava-se extremamei*' quebradiça a cada tentativa de a trabalhar. Os escultores eram enV 9. Estatua de Buda sentado Datong, Grutas de Yungang 10. Na pagina ao lado: Esculturas e pinturas murais Datong, Grutas de Yungang ARTE NA CHINA 11-12 Duas estatuas sagradas de Buda Qmgzhou obrigados a realizar uma alma de lama, esterco, reboco e palha; a este empaste j untavam então uma camada de argila branca pura, e só por [ Urnas cores ; /4s anedotas das várias incarnações do Buda èãkyamuni (os jõtoka) l exibem composições carregadas de figuras, cheias de energia; só nas dinastias seguintes se tornarão mais compostas 'Depois da perseguição do ano 445, o im peradorWei - arrependido f çuena encontrar uma maneira de se expiar: o mongeTanyao convenceu ! o imperador a encarregar-se da realização de uma série de grutas. Era o j ano 460, e as pnmeiras estátuas deYungang eram cavadas numa falésia de grés j Teremos que imaginar que as arquitecturas eram, quer realizadas por l gravação na pedra, quer construídas em madeira, numa união feliz. O tempo impediu a conservação da madeira, o vento de areia procedente do norte, que ainda hoje perturba periodicamente os habitantes de
equim corroeu os contornos das estátuas e secou durante os séculos a paisagem, que na altura com certeza se apresentava mais atraente. Em Yungang, num complexo de 54 grutas, predomina inicialmente a figura isolada, colossal, ce ntral; no século VII surgem grupos de 5 personagens (l Buda, 1 discípulos dele,2 Bodisatva) .Em 439 osTuobaWei conquistam o Gansu e importam à força colonos de Dunhuang, que acabam por engrossar as fileiras dos artesãos que gravitam em volta das grutas . A decoração das grutas 9 e 10 (que remontam ao ano 480, ou seja, quarenta anos após o início dos trabalhos) inspira-se marcadamente no pensamento budista do Grande Veículo, abrem-se com uma varanda, e no interior reservam à deambulação dos fiéis um espaço à volta do basamento da estátua central, as paredes são percorridas por do is registos pintados, a faixa inferior ilustra as histórias das vidas precedentes de Buda a faixa superior é completada por opsoras, seres celestiais em adoração do Bud a transcendente,Vairocana. Assim, levantando o olhar do chão para o tecto amos de uma acepção quotidiana do Buda, na sua versão imersa na História, para a sua acepção de s er para lá do tempo. 13. Grutas rupestres, dinastia Wei do Norte. Longmen
Nas grutas 5 e 6 assistimos a uma primeira revolução estilística: abre-se o caminho a uma nova tendência para o ângulo, a linearidade, as formas ágeis; o gosto orienta-se da massa para a linha, para o bidimensional, quase até à vírgula; as roupas terminam f requentemente em rabo de peixe. Em Longmen, junto à nova capital de Luoyang, os escultores têm agora que trabalhar com o calcário cinzento, em vez do grés, cuja du reza permitia pormenores notáveis. No estaleiro de Luoyang foram escavadas na rocha 350 grutas, até ao século VIII, com poucas ramificações posteriores. Consideram os por exemplo as grutas Guyang (de 495) e Binyang (primeiro quartel do século IV).Voltamos a encontrar a mesma divisão em registos com histórias das vidas precede ntes de Buda, onde se inserem os comitentes dos frescos, como personagens; o tecto é decorado com uma imensa flor de lótus. A decoração estatuária é composta por três trí s. As massas dos colossos lembram ainda sólidos precisos, uma paixão pelas dimensões maciças que ainda não se afasta da lição de Yungang: reconhecemos um tronco de onero] pescoço, um cilindro n o busto, um cubo na cabeça, É só nos Budas mais pequenos e na gruta de Binyang que se f distinguir o gosto pelas dimensões enxutas e mais esbeltas. Uma c mudança e stilística verifica-se na segunda metade do século VI, com l dinastia Qi, na localidade de Xiangtangshan, entre o Henan e o Hete. j também numa capital Wei, ne ste caso Ye. É determinante a mudança de material disponível: nas grutas próximas deYe existem minas de mármore micáceo branco que permite uma precisão extrema no porme nor: acolhe muito bem a vivaz policromia e os contornos dourados que c; escultor es Wei gostam de aplicar As estátuas conquistam uma nova turgidez, sente-se o peso das roupas. Este renovad o gosto pelas dimensões será, talvez, de atribuir à influência do cânon indiano Gupta, chegado por via marítima através do Sudeste asiático? 14. Templo de Fengxian, pormenor, dinastia Tang. Longmen. 15. Na página ao lado: Gruta dos Dez mil Budas, interior, dinastia Tang, 680 d.C. Luoyang, Grutas de Longmen. No centro o Buda Amitabha rodeado pelos mon ges Ananda, pelos Bodisatva Kasyapa e pelos guardiães. No tecto uma flor de lótus. GRANDES PINTORES DE OBRAS-PRIMAS DESAPARECIDAS Enquanto as dinastias setentrionais se distinguiram como mecenas da arte rupestr e budista a corte meridional de Nanjing acolheu vários pintores Das suas obras sob re seda perdemos tudo mas ficaram as discussões teor cãs do século IV que nos revelam o g osto de uma elite totalmente empenhada na apropriação da natureza através da sua reprodução nos salões da metrópole tem grande êxito o fu a lirca que decanta as paisag ens fazem furor os jardins privados a pintura segue esta moda e frequentemente
ilustra os temas da poesia bucólica mais do que reproduzir d rectamente a paisagem . Os cortesãos parecem avançar para um englobamento artificial da natureza através da criação de um microcosmos em resposta ao caos circunstante Zong Bing no seu Hua Shanshui Xu (Pintar Paisagens) sublinha as vantagens do o com a natureza através da pi ntura em vez de através da experiência directa. Numa pintura e possível representar o qi sopr o vital de uma montanha enorme em poucos centímetros quadrados e possível instituir uma ressonância entre o coração do espectador e o coração do pintor Não e por acas o que as montanhas citadas por Zong Bing como exemplo e o conceito de correspondência de coração a coração sejam estereótipos de origem budista A parede de um túmulo preservou efectivamente a imagem de paisagem pintada quase m onocromática considerado o contexto nerano esta paisagem parece fazer alusão a vida que nos espera, que cristalizar uma cena da existência ada. No entanto a maior te dos tijolos decorados de diferentes túmulos restituem nos tal na época Han muitas cenas de género não necessariamente bua onde as personagens sabem visivel mente gozardes prazeresquotid. da comida do relaxar da companhia dos amigos da partilha de eio fora da cidade. Os artistas reproduzem com um cuidado mo os utensílios da cozinha os penteados mais na moda os bnm e os jogos de mesa da época. Um par de estatuetas funerárias (m imortaliza dois funcionários que colaboram na vis toria de uns arq, um segura os registos do outro ocupado com o pincel Diante da morfcos chineses desta época insistem na importância dos pequenos objecta e dos v alores da solidariedade eternizar o calor de um ei partilha de um pequeno prazer a melancolia de uma lembrança w talvez já durante a vi da se tivesse tornado inavelmente dc. Num túmulo de Xishanqiao em Nanjing, uma parede e decorada motivo dos sete sábios da pequena floresta de bambu . O tema do s sábios tem para o artista a vantagem de conciliar a atenção pela pelo convívio Dos pintores não conhecemos as obras mas histi zelosos transmitiram nos os nomes e os artistas das gerações < irados realizaram copias das suas obras primas. O problema se por um lado na tradição chinesa saber copiar os pintores i uma fonte p reciosa de aprendizagem por outro lado também se neles e aceitar o desafio artístico de renovar uma antiga con L, e frequentemente praticado. Assim frente a uma copi a de uma jbra oportuno aproximarmo-nos dando o benefício da duvida pois gnoramoj o nível de reelaboração ao qual o tema foi submetido Consideremos o caso de Gu Kaizhi gemo do século IV Temos duas copias de uma pintura sua Somos então autorizados a pensar que os dois rolos diferentes nos podem ajudar a reconstruir mas fielmen te a composição orgmal de Gu7 De modo algum considerando que a copa mais tardia foi realizada setecentos anos depois de Gu Kaizhi e que entre as duas versões podem te r sido realizadas outras tendo por sua vez como modelo ulteriores copias e não directamente o original. No caso especifico de Gu Kaizhi o aspecto que mais faz desconfor e que - isto se tivéssemos que confiar nas copias - encontráramos enfrenta das e resolvidas na pratica artística de um un co homem as temáticas da pintura chinesa ate ao século XIII Enfim e mais provável que quem se inspirou em Gu tenha projectado nas suas copias soluçoe posteriores 16 Pintura parietal representando uma paisagem no Túmulo do Príncipe Ruru, dinastia dos Wei orientais 127 17 Estatueta funerária emterracota(minj
s, como forma de autofmanciamento para erigir um mosteiro Dedicou-se como exercício a porem imagens poemas famosos Nas dinastias seguintes os paisagistas preferiram fazer cópias precisamente deste ultimo género dej pinturas Conselhos da Preceptora das Damas do Palácio (Nu shi zhen) e a ilustração j de um text o do poeta Zhang Hua (232-300). A paisagem distribui as l personagens no espaço, justapondo-as paratacticamente. A colocação das figuras humanas no espaço é apenas mais d issimulada que no j biombo de madeira laçada encontrado no túmulo de Simajinglong(bma j personagem importante da dinastia jin) que remonta ao ano 484. A Ninfa do Rio Luo (Luoshen fu tu juan) ilustra um poema de Cão Zhi, j de 222 Da colocação em imagens de Gu Kaizhi chegaram-nos duas versões uma, a do Museu do Palácio Imperial de Pequim e muito mais j arcaica que a versão da Freer Gallery de Washington. Em Luoshennu a paisagem já serve para unir as figuras de maneira' fluente ou seja e realizada u ma solução muito mais madura que no Nu shi zhen Aves partem em voo de episódio para episódio guiando a! leitura da obra e, da mesma maneira, os olhares das perso nagens a compreensão do espectador Sobre Gu Kaizhi temos por fim uma fonte literária de particular sugestão o Hua yunta&han y (Pintando o Monte Terraços-de-Nuvens), onde e o! próprio pintor que descreve as soluções adoptadas quando se prestcj a pintar o monte do titulo Trata-se de um retrato do circulo dotausta Zhang Daoling encai xado numa natureza super imponente. A relação entre homem e paisagem muda aqui drast icamente e parece ouvir ^m pintor do século X f? f l. com pintura laçada sobre madeira, do túmulo de Sima Jmglong, 484,80 x 38 cm Datong, Museu Cívico. II Gu Kaizhi, Conselhos da Preceptora as Damas do Palácio INu shi zhen \uanl cofia da época TJH , i)wmenat Londres Bntish Museum in Gu Kaizhi,. A Ninfa do Rio Luo(Luoshen fu ru/uan), copia da época Song, pormeno r, 21,7 x 572,8 cm Pequim, Museu do Palácio A ARTE FAZ-SE E DISCUTE-SE. OS SEIS PRINCÍPIOS DE XIE HE Entre os pintores cujas obras se perderam, surge um retratista Xie He que viveu durante as dinastias dos Qi do Sul e dos Liang. As suas pinturas estão irremediave lmente remetidas ao esquecimento mas salvou se um tratado seu Guhuapmlu (Critica das Pi nturas Antigas) onde foca numa sagaz síntese seis linhas de guia para o aspirante a pintor nas quais convém detemno-nos, pois revelam-se úteis para perceber os pontos fundamentais que um pintor chinês tinha que considerar quando pintava. Em muitos casos trata-se de premissas radicalmente diferentes das de um artista europeu e se ped rmos a uma pintura chinesa para responder as nossas perguntas eurocêntncas a pntura ficara muda E a consonância da íntima essência que comunica o sentido da vitalidaà O pincel tem que ser usado para comunicar a estrutura do objecto Na representação da forma adiram ao objecto Na aplicação da cor conformem se ao género do objecto Na disposição dos objectos composição1 Realizem copias para transmitir os modelos O terceiro e o quarto preceito parecem ir no sentido de um cert realismo o sexto ajuda nos a perceber como era apaixonadamente n: i / t 18 Gu Kaizhi, Conselhos da Preceptora as Damas do Palácio, copia da época Tang, porm enor Londres, British Museum
importante para os principiantes seguir a mão dos mestres Opnmeiro o segundo e o q uinto são de uma audaciosa modernidade por diferentes razões. No primeiro, Xie He recomenda ter atenção a reprodução do sopro vital, o qi, do objecto representado será e ste a vibrar no coração do espectador; e não um retrato servil. A íntima essência é mais importante do que a superfície das coisas a pintura supera a mera cons tatação da realidade torna-se quase um acto de "SjtexwHxto filosófico O segundo princípio revela a dependência da pintura relativamente a caligrafia as pi nceladas têm que sugerir o esqueleto a estrutura do tema assim como os traços caligráficos, constrtuem os pilares do ideograma determinando a sua solidez ou esberteza No quinto sublinha-se como a disposição dos objectos constitui ainda uma ocasião para comunicar uma mensagem, como dínamos nos hoje, uma mobília num espaço contribui elegantemente para criar uma atmosfera Temos que reconhecer que o conselho é persp icaz, pois começará a encontrar uma aplicação eficaz a partir do século X e será desenvolvido em toda a sua força pelos grandes mestres do século XIII Como já vimos, a s cópias que chegaram ate nos das obras do período das Seis Dinastias sugerem, pelo contrario uma desajeitada tendência a parataxe, a simples justaposição de element os no espaço Vamos ver como durante a dinastia Tang, os artistas elaborarão gradualmente os instrumentos para uma disposição dos elementos mais elaborada 19 Fresco representando um grupo de xá* as (seres semidivmosl, da gruta n 249, perío do das Seis Dinastias, c 535-556 d C Dunhuang, Grutas 20 Fresco representando alguns Devas que ouvem os ensinamentos do Buda, da gruta n 272, período das Seis Dinastias Dunhuang, Grutas Mogao 21 Fresco representando O Príncipe e os Tigres , da gruta n 428, período das Seis Dinas tias, c 557-581 d C Dunhuang, Grutas Mogao NASCE. A CALIGRAFIA Os caracteres chineses estendem-se em número impressionante (chegando a compor 640 00 lemas), mas, na realidade, escrevem-se todos combinando simplesmente oito traço s de base São os mesmos que as crianças na escola pnmána estudam e nos quais se aplicam com contínuo exercício os grandes calígrafos. O sistema de escrita chinesa, durante o curso da sua história plunmilenar, desenvolveu diferentes estilos possívei s: a //, clerical, em voga antigamente entre os funcionários, hoje usada unicament e para fins cerimoniais, a kai, sóbria, elegante, esbelta, escrita Standard para edi tar, a x/ng, corrente , utilizada para o uso privado, diários, anotações, a coo, cursiva cujos traços se dissolvem numa mera sugestão gráfica, por vezes incompreensível, para sancionar a peremptória originalidade do calígrafo Escrevia-se da direita para esquerda, de cima para baixo; cada caracter deve ser composto e bem equilib rado no interior de um quadrado ideal, e os vários caracteres de uma coluna devem, por sua vez, sugerir um equilíbrio recíproco Wei Heng, morto em 291, redigiu uma his tória dos quatro estilos de escrita. A sua filha, a dama Wei Shuo (272-349), ensinou caligrafia a Wang Xianzhi com invulgar cavalheinsmo, a tradição chinesa atri bui ao talento de uma mulher o mento de ter formado um dos mais requintados arti stas do Impéno do Meio Realmente, Wang, com o seu irmão que foi SELAR CURSIVA SOLTA SIMPLIFICADA íHm-fc* HfjoMr^ * %-íJU * * *
l "** -írf ~*^ F 't ~^.*^ Í Hv,l * * M í 3 * ^{t j; ^****1* 24 22. Exempla de caligrafia de época Tang. Xi'an, Shaanxi, Museu Provincial. 23. Exemplos de estilos caligraficos, na ordem: sigilar, corrente, cursiva, curs iva louca e simplificada (usada para favorecer a alfabetização a partir dos anos 50 do século XX). O caracter usado para os exemplos, x/, signifi ca escrever . 24. Prefácio a Encontro no Pavilhão das Orquídeas (Lantíng xá, versão Shenlong berí), cópia d ma caligrafia de Wang Xizhi (3037-361 d.C.), estilo caligráfico xingshu. Pequim, Museu do Palácio. 25. Wa d.C.), C IBoYu caligrf cursivi cm. Pé *; rt *L * *. A ^ * i í í*í' i*!. 4 *P ^ i& £*.**' í * ? A í ^ â ^ > í! i* f* ** * também seu aluno será considerado na épocaTang o maior caligrafo de todos os tempos In felizmente não chegou ate nos nada dele quanto ao irmão Wang Xizh (303? -361) o imperadorTaizong quis levar para o túmulo a sua obra pnma Para ouvir um sussurro da arte dos Wang temos então que nos contentar com um fragm ento de Wang Xun neto e melhor aluno de Wang Xzhi Trata-se de cinco linhas de um a carta a um amigo para o avisar que não tinha tempo para ir visita Io Estas poucas linhas chegam para que nos salte a vista a capacidade de criar uma tensão dinâmica graças a alternância dos caracteres escrtos com grande energia e outros deixados mai s frágeis. O artista chinês quando pinta ou realiza uma obra callgrafica assume uma postura particular as pernas têm que estar tão afastadas como a abertura dos omb ros o cotovelo nunca deve estar apoiado na mesa o pincel segura-se na perpendicu lar do rolo de maneira que o pulso esteja livre para transmrtir directamente a image m mental do tema no papel ou na seda Desta maneira o traço deixado na superfície do rolo indica com precisão a pôs çao do pulso do mestre um aspirante caligrafo pode s eguir a escrita de um grande do ado imaginando os movimentos do pulso que geraram aquela escrita. A caligrafia e a coreografia do pulso 4t\ Carta a Bo Yuan IBoYuaotiel estilo caligrafico xmgshu cursivo 251 x 17 2 cm Pequim Museu do Palácio. A secção original e constituída pelas cinco linhas centrais no fundo mais es curo CASAS PARAA ETERNIDADE:. A ARTE FUNERÁRIA Surpreendentemente, a difusão do budismo incide pouco na arte funerária da aristocra cia Quer dizer que a elite não pretende ser cremada, e a arquitectura dos túmulos, com os seus ritos, pouco se diferencia da de tradição Han Ainda não foram achados mausoléus imperiais, mas somente alguns túmulos principescos, preanunciados por pares de animais colossais em pedra, que criam uma avenida ideal de o ao sepulcro, o shendao qilin e bixie (espécie de quimeras) ou leões afrontados, exemplares de uma estatuária colossal, de uma potência extraordinária, mas fria, inerte, imóvel. No sul são dominantes os túmulos em planta rectangular com
abóbada de berço, antecipados por uma antecâmara estreita e comprida, i em cujas pared es surgem temas terrenos que, aliás, já imperavam na i época Han, como os cortejos dos funcionários, aos quais se juntam j quer temáticas budistas (como os apsaras, se res celestes que celebram j o Buda), quer tauistas, como os sete sábios da pequena floresta de i bambu , para o tecto reservam-se os temas celestes Insiste se rt' 26 Taça de prata dourada achada em Datong, dinastia Wei do Norte, século IV d.C. Sha anxi, Museu Provincial. 27 Pequeno templo em calcário para oblações, dinastia Wei do Norte, c. 527 d.C. Boston, Museum of Fine Arts. noueza das alfaias para que a alma do defunto por nostalgia dos prazeres e-rcnos , não fique a perturbar os vivos. As tampas dos vasos a partir ío século IV, sob a dinastia dos Jin ocidentais, são assim protagonistas de um desenvolvimento hiper trofico e contribuem, juntamente com as estatuetas de barro, para reproduzir o sabor da vida agreste e dos ^atempes de corte. A partir de meados do século VI, qu ando a estatuária budista vibra com uma nova força, as estatuetas funerárias adequam-se ao go sto que ate então tinha dominado nas grutas Wei as formas tornam-se mais compridas e planas, as linhas espasmodlcamente arqueadas os animais reproduzidos têm patas i nverosimilmente magras, tudo com o propósito de conferir à imagem no seu complexo uma elegância excessiva, uma fineza cortesã 137 1AGIA DO VIDRADO Isvasos que se encontram nos enxovais funerários testemunham uma ite originalidade nas formas em comparação às dos irmãos s em bronze, no século V os ceramistas conseguem controlar r os vidrados à base de chumbo ^cobertura ou vidrado, é um revestimento alcalino ou feldspatico que a a atas temp eraturas. te a dinastia Han já se tinham obtido vidrados plumbíferos ; são as vantagens' Cozem a baixas temperaturas e oferecem i vasta paleta de tonalidades, dependendo da quantidade de im; mais ou menos inseridas de propósito. O vidrado de chumbo era conhecido pela cultura fictil do Mediterrâneo pode ter chegado à China através da Ásia Central Os ceramistas da dinastia Sui, que reunificará o império, gostavam de conferir aos v idrados tonalidades brancas, âmbar; ou verdes Também se difunde o grés com vidrado verde (o verde é obtido graças à presença de ferro), o chamado celadon, no Zhejiang do Norte, uma região chamada antigamente Yue, da qual estas cerâmicas tomam o nome Nos finais do séculoVI, os artesãos apuram a argila cinze nta, até produzir a cerâmica branca Na China, as trocas comerciais são de uma vivacidade surpreendente, e os nobres es tão ansiosos por requintes exóticos chegam exemplares metalúrgicos da Pérsia e da Bactriana, nos quais reconhecemos características estilísticas da Ásia Central e he lenísticas, nos túmulos Wei os arqueólogos encontraram até mesmo ampolas de vidro da região de Khotan (SB) \
5. A idade de ouro da China: os Sui e osTang LA dinastia Sui (581-618) foi tradicionalmente negligenciada pelos históricos da a rte chinesa, que a tratavam, rapidamente, como uma suces são de imperadores despre zíveis. Na realidade, a sua única culpa foi a de preceder a dinastia talvez mais florescente - e astuta na propaganda - da historia chinesa aTang (618-907) Contudo, muitos
dos mentos atribuídos a esta i dinastia devem ser procurados m nuce na linhagem do s Sui sdo mais aeles se deve o merrto da reunificação política do império, Início do processo de agregação cultural das populações do : e do sul separadas havia três séculos - encargo este a e esta linhagem sucumbira m ais tarde Idinastia não superou as duas gerações. O primeiro """Derador Wendi, controlou os Turcos que presj/am a norte e, partindo das planícies setenlas conqui stou e destruiu a capital dional, Jiangkang mas isentou os os súbditos do sul do pagamento de - "Dstos durante nada menos do que dez para que tivessem tempo de se integrar no novo sistema político Também com o mesmo o bjectivo, proTiulgou um novo conjunto de leis Era o ano 588 Entretanto o seu firo futuro soberano inaugurava uma corte principesca iluminada em Yangzhou, tor nando-se distinto patrono de intelectuais budistas taoistas pintores e poetas um verdadeiro foco de cultura durante os decénios seguintes. Uma vez ascendendo ao tr ono do pai, Yangdi utilizou o budismo como meio de propaganda, autoproclamando-s e Bodisatva ampliando assim a influência chinesa no sul do Vietname visando submeter a Coreia potência que se expandia perigosamente. As despesas para as repetidas e infrutíferas expedições contra a Coreia fomentaram a insatisfação da aristocracia Yangdi soberano visionário e absoluto foi assass nado no ano de 618 x u 143 1 Parede do templo Guan Di revestido por decoração cerâmica Yuncheng. O titao (01 fundad o sob a dinastia Sui e restaurado sob a Qmg 2 Estatueta de dragão em bronze dourado, dinastia Tang, século VII d C Xi'an, Museu Provincial da Floresta de Esteias A CANDURA DA CERÂMICA A cultura material e visual dos Sui foi descoberta no século XX, dado que os primeiros túmulos da época foram escavados em 1929. Os enxovais funerários comp reendiam mingqi com um vidrado que por vezes era cor de palha, a paleta dos pigmentos na cobertura torna-se mais ténue Entre as personagens imortalizadas na a rgila, ocupam o papel central músicos e dançarinos Estes artistas eram enviados ao imperador chinês, como forma de tributo, pelos povos da Ásia Central (de Kucha, p or exemplo) tomavam se imediatamente veiculo da moda em voga na corte, paradigmas imitados, cujos penteados ao ultimo gnto j eram mod elos a seguir. As formas e os materiais dos vasos indicam quej a linhagem Sui ap reciava o grés esmaltado (e já não de vidrado verde)e i preferia o branco ou a cor de camurça. N o norte (no Hebei no Henan) j produzia-se cerâmica branca, o objectivo era obter uma cerâmica com l uma massa o mais pura possível, com ou sem massa terrosa e com uma cobertura incolor. No sul (jiangsu, Zhejiang, Sichuan, Jiangxi.Anhu) produzia-se cerâmica verde, coloração proveniente do ferro cor massa terrosa branca (p ara mascarar as impurezas), e uma coberti/ transparente, produzindo formas arcaicas imitando os bronzes 3 Estatueta funerária em forma de cavala de cerâmica com vidrado verde, dinastia Sui .seculoVI-VlldC. Berlim, Museumfur Ostasiatische Kunst 4 Contentor de incenso de cerâmica com vidrado verde da província de Zhejiang dinast ia Jm, século IV d C Bath MuseumofEastAsian Ari 145 O JARDIM NO JARDIM Yangdi, soberano iluminado da dinastia Sui, contribuiu para manter d a tradição botâni ca chinesa, mandando construir um espectacular p privado continha dezasseis palácios por sua vez dotados de jardim l nor um yuonzhongyuon, um jardim no jardim u ma fuga fractal de(j dos e hortos botânicos que conseguiam maravilhar o espectador
P parecer que a dinastia Sui gostava de patrocinar a senalidade r precisamente a este período as primeiras xilografias - não poraoso-i escritos canónicos budistas, acompanhados por imagens sagradasG magens para difundir o budismo era considerad o um acto rrentonoei encomendadores perceberam que a gravura permitia uma maior b merência em menos tempo e menos dispendiosamente do que a p Da mesma forma, nas pa redes das capelas rupestres, os artistas ca vam pôr minúsculas e penmetrais estátuas do Buda, destinadas nc mero incalculável, a demonstrar a penetração do Iluminado no *. para apressar a obra, estas estatuetas eram realizadas com molce FRESCOS PARADISÍACOS As paredes das capelas de Dunhuang de época Sui recorrem a i fresquissima de cores de origem mineral abundam a malaqurte o cinábno e o oxido de ferro Surge um feitmotiv fundamental ate ao século X-XI o paraíso de Amitãbha . Para os fieis b udistas que conseguem graças a il subtrair-se ao ciclo das incarnações abre se uma vida fiíi ordem cosmologica completamente nova, em que diferente5 se r epartem sobre os pontos cardeis Cada paraíso é imagina^ . j um jardim, em que os acolhidos são eternamente rtidos a pré do seu Buda de referência, num luxuoso pa lácio, uma espécie de cone Amitãbha o Buda da Infinita Existência ocupa o paraíso ocidental,n pelo Bodisatva Avalokitesvara ( o Senhor da Misericórdia - em chinês" Guany irí) e Mahãstanaprãpta (em chinês, Dashizhí). O seu palácio e a ocasião para os pintores experimentarem a represei arquitectónica e a fuga perspectica. Os elem entos da paisagem não são estilizados E precisamente na época Sui que se chega a um feliz equiltonc entre o amor pela plasticidade das dimensões dos Qi do Norte e a bidimensionalidade da decoração pictórica dos Jãtaka as vidas prt do Buda Pintura e escultura integram-se e fundem-se, numa conde potência visual Deste modo o corte jo à volta do Buda e represei parcialmente em forma escultórica e pictórica. 5 Altar de Amitãbha, dinastia Sui, 584 d C. 41 cm Xi'an, Instituto para a Protecção dos Monumentos Culturais. 6. Na pagina ao lado Representação do Bodisatva Avalokitesvara encontrada nas grutas de Dunhuang, 910 d C Londres, British Museum. 7 Escultura representando ananda, discípulo de Buda, dinastia Sui, século VI d C Par is, Musee National dês Arts Asiatiques Guimet 8 Esculti Vairocan século V Musee K Asiatiqui ffir ARTE NA CHINA O IMPÉRIO NO SEU AUGE: OS TANG Um general do imperador Yangdi assumiu a responsabilidade após o assassinato do imperador de fazer de regente do seu descendente Não demorou muito tempo a assumir directamente o poder e a inaugurar a dinastia Tang com o nome de Gaozu. O seu filho tirou imediatamente proveito da lição paterna eliminando os irmãos mais velhos e pondo o pai num convento. No ano 626 sobe ao trono com o nome deTaizong um soberano que funde na sua figura a potência militar e a atenção civil Tornou nofensivo s os Turcos que pressionavam ao longo dos confins setentrionais integrando uma grande parte deles no exercito c nas fronteiras e n a capital. Os seus generais empurraram as j ate a bacia do Tarim no actual Quirg uistão o império Tang chi Syrdarja no Uzbequistão Taizong incansável estabeleceu ca diplomático s com os Tibetanos que surgiam ameaçadores a - e falhou apenas contra o incontornavel obstáculo a Cr compensação conquistou a ilha de Taiwan (então Liuqiu) in com um exercito de l. O 000 homens Os Tang prodigalizam-se em financiar a compilação de u fonético e de uma enciclopédia, B eitangshuchao para proporc 9 Estatua de Lokapala guardião dos túmulos dinastia Tang, século VIII d C Londres, Col ecção Eskenazi 10. Na pagina ao lado Estatua de Lokapala guardião dos túmulos, dinastia Tang, segun da metade do século VIII d C Paris Musee National dês Arts Asiatiques-Guimet
\r É
idrão médio de um conhecimento comum aos súbditos e ajuda-los no ocesso de agregação apôs séc los de separação cria uma repartição estatal destinada a história da dinastia nte, uma astuta iniciativ a para obrigar os históricos a ler os livros abilidade do soberano ido Jazdagart in, o último dos Sassânidas derrotado por diversas s pelos Árabes teve d e deixar a Pérsia em 642 Constantinopla não certamente o destino escolhido pela sua luxuosa corte em exílio De resto o ocidente encontrava-se-lhe barrado pel o exercito árabe. A unra metrópole no mundo que lhe permitia continuar a sua existência ' na magnificência a qual Bagdade o havia acostumado, era a capital do Li mpeno deTaizong Changan, a Cidade da paz constante jan.com os seus dois milhões de habitantes, surgia indiscutivel:como a Nova Iorque do séculoVIII, não apenas pelo numero de '' abíantes mas também pelo seu cosmopolitismo. Os seus mercados estavam cheios de Persas e Sogdianos, os seus hotéis eram ocupados por embaixadas de toda a Ásia Central, as bancas dos vendedores a retalho eram enchidos por carga s de caravanas ate da Bactnana, a cavalaria montava corcéis da Ferghana de origem re mota mas de ndiscutível resistência e rapidez. A cidade desenvolvia-se ao longo de um perímetro de 10 x II quilómetros, baluarte de requintadíssima civilização no meio da planície do norte caracterizada por depósitos de íoess Do imponente sistema defensivo, restam, ainda hoje uma parte das muralhas e a porta oeste O eixo mediano norte-sul repartia a cidade segundo uma simetria quase excessiva onde cada quarteirão tinha uma função. Este rígido princípio de simetria, que em tamanho pequeno era aplicado nos mosteiros budistas, era desrespeitado apenas em dois espaços os jardins e as necropoles Será o sucessor deTaizong, Gaozong, a derro tar definitivamente a Coreia, que se tornará no testa-de-ferro da smização também do Japão 11 Cabeça de Bodisatva, innttnf 19, século VIII ií Londres, Colecção tskenazi 12 Cabeça de Avalokitesvara, dinastia Tang, século VII d C Xi'an, Museu Provincial d a Floresta de Esteias. 13 Estatua de Bodisatva, encontrada em 1959 em Xi'an, dinastia Tang, século VII d. C.Xi'an, Museu Provincial da Floresta de Esteias A DIFUSÃO DO BUDISMO A dinastia Tang sofre um primeiro sobressalto quando o imperador Gaozong, em 660 , é vítima de uma paralisia que o deixa praticamente cego. A sua concubina, Wu Zhao, toma o poder. Os historiógrafos nunca foram magnânimos para com ela - antes do mais, Wu Zhao tinha o grave defeito de ser mulher. A imperatriz Wu abraça a causa do culto de Martreya, Buda messiânico do futuro, na esperança de ganhar o favor popu lar, e livra-se da elite aristocrática nos cargos públicos, inaugurando o sistema dos exames estatais, para individualizares melhores intelectuais do Pais em teor ia - prescindindo do seu censo. Os exames estatais, keju, tornam-se um incrível incentivo para a mobilidade social. Em geral, os outro s soberanos Tang haviam preferido não se compra* l ter unicamente ao budismo insistindo, ao invés, numa fusão entre este: tauismo e o confucionismo. Na realidade .Taizong e o seu filho,Gaozcr., j tinham instituído uma relação privilegiada com um famoso pere budista, Xuanzang, mas, provavelmente, os imperadores estavam -ml interessados nas informações geográficas e políticas recolhidas pé*1] monge durante a sua viagem vicenal (de 629 a 648) à Ásia Cem à índia do que no património literári
o religioso que este erter. l l Retrato da Princesa Wu Zhao, mulher do imperador Gaozong, dinastia Tang. Paris , Musee National dês Arts Asiatiques-Guimet. II. Fresco com Buda Maitreya, pormenor, dinastia Wei, século V d C, Dunhuang, grut as Mogao. p ^Poar leccionara e importara para a China. Para receber os l 300 volumes d oiblioteca do peregrino, Gaozong financiou a construção do Grande :agode do Ganso Selvagem, fundamental centro de tradução das >cnturas budistas. O pagode chegou ate nos, através de terramotos e lauros invasivos diferentes frentes nas quais osTang estão continuamente empenhados a setentrional e a da Ásia Central -, além de constituírem outras tantas Daredesosmoti cas de influência cultural,exigem um esforço militar e fiscal ideroso. A sociedade Tang e altamente militarizada, os governadores militares de fronteiras acabam por absorver também cargos civis, em cada seis famíli as um rapaz tem de prestar serviço no exército durante quarenta anos. A arte visual que chegou até nós, produto do milieu de corte, é dedicada a fazer-nos esquecer o espectro do exército nos faustos airosos e lúdicos da vida palaciana Porém, grande parte dos generais do exército de estância ao longo das fronteiras setentrion ais não era chinesa e em meados do século VIII, um deles, um sogdiano, An Lushan, insurgiu-se. A revolta conduir-se-á, mas após dez anos de guerras civis. A revolta d e An Lushan marca o inicio do declínio da integndadeTang, um 155 111 Retraio do monge IV Grande Pagode do índisía Xuanzang Ganso Selvagem, dinastia Londres, Butish Museum. Tang, 652 d.C. Xi'an trauma que encontrara eco nos melancólicos poemas do século IX no recolhimento intmista dos temas da pintura e na queda da produção cerâmica do sul Na corte emerge o poder dos eunucos que apoiam ora uma ora outra das facções internas Em 845 depois de um recenseamento dos mosteiros presentes no território do império o soberano Tang da se conta da mensa riqueza sumptuária e fundiária que as estruturas religiosas subtraem ao Estado (as estruturas budistas estavam isentas de impostos). O imperador decide sem demora confiscar os bens dos mosteiros e obriga m lhares de monges a abandonar o habito. A perseguição atinge não só a igreja budista mas também a nestonana e a zoroastnana. O impeno que sempre dera pr ova de uma vivaz receptividade relativamente as propostas estrangeiras ca de rep ente numa desoladora austerdade com o ano 845 num abrir e fechar de olhos perde se um a nfinita produção de alfaias sagradas em ouro e prata sequestradas pelas tropas imperiais e refundidas em lingotes Alguma coisa como veremos foi salva do esquec imento No ano 875 a população do Henan revolta se em consequencadeuir^ terrível carestia Nest e caso também e um general que gu a os tumulr e aproveita para expulsar os eunucos fundando uma nova dinastia c Liang. A captai muda-se para Kaifeng. A Chi na vira a pagina V Pagode nas grutas de Mogao VI. Na pagina ao lado Estatua de Bodisatva Guanym Avalokite vara dinastia Tang séc ulo VIII d C Londres Colecção P Goldman CAPELAS SISTINAS DO ORIENTE No estaleiro aberto de Longmen a imperatriz Wu Zhao financ a a capela Fengx an (67
2-675) um hino tridimensional ao culto do Buda transcendente Vairocana Divindade de referência da seita budista huayan Vairocana ocupa a posição central colossal. Esta rodeado por dois discípulos mu ito caros ao Buda Ananda e Kasyapa e por dois Bodisatva (ainda mais externos dois guard ães da fé que com o seu aspecto aterrador e belicista mantêm distantes os i nim gos do verbo budista e também as duvidas de quem já e fiel). Um destes guardiões em vestes militares segura um stupa sinal do ponto cardial setentrional do qual e responsável trata se deVaisravana (em chinês Bisbomen ou Duowerí). Os pontos cardiais têm de ser lidos relativamente ao monte Sumeru centio ideal do universo budista Uma sensação de equilibrada potência invade toda a obra os lábios e as faces e mesmo o p anejamento das roupas - adquirem volume Dunhuang oferece nos um património pictórico excepcionalmen variegado. Os temas que o btêm maior sucesso entre os ercc mendadores são o paraíso de Amitabha que havia já surg do em fn do século VI na época Sui e a conversa entre Mafijusn eVimdak'*. Este ultimo rico chefe de família laico com a sua profund dade e a i sua eloquência dominou os melhores discípulos de Buda em acesas* especulações filosóficas chegando a co nversar com o Bodisatva Marijuán ( do belo rosto ) patrono da gnose budista eterno jover de dezasseis anos E compreensível que os encomendadores s banta gosta ssem de se identificar na figura deVimalakirti. O paraíso de Amitabha sobretudo oferece aos artistas a partrd século VII - a ocasião para se libertarem da divisão das paredes er registos geométricos e dissolver o conto num continuum articulad pela paisagem por cadeias montanhosas que atravessam a compôs ç.c em diagonal contri buindo para uma verticalidade uma profundidad e um marcado dinamismo da composição 14 Estatua de Buda ladeado pelos discípulos ananda e Kasyapa e dois Bodisatva dina stia Tang, 672-675 Grutas de Longmen, Templo de Fengxian 15 Estatuas de Bodlsatva e dos guardiães da (e, dinastia Tang, 672-675 furnas de l ongmen, o l. A GRANDE HISTÓRIA DA ARTE síi 'M &f\ r,s', r. V 161 % Ha pagina ao lado fsfafua ie Vaiuravana guardião da fé budista com um síupa na mão, di nastia Tang, 672-675 Grutas de Longmen, Templo de Fengxian 17 Estatua de Kasyapa, gruta 419, dinastia Sui Dunhuang O estudo da relação entre as personagens dosjãtaka e as arquitecturas por eles ocupada s levam os pintores pagos pelos monges a desenvolver uma hierarquia espacial na composição contra a simples justaposição ate então dominante nas paredes tumulares. A i lusão perspectica dos edifícios e reproduzida através da redução em escala as construções tornam-se mais pequenas a medida que estão mais d stantes do nosso olha r. O ponto de fuga e frequentemente alto e central de maneira que o espectador possa contemplar comodamente a cena em toda a sua magnificência numa vista aérea As zonas centrais dos frescos budistas são assim organizadas segundo ngidas prescr ições iconograficas o Buda Amitãbha pode ser representado daquela-e só daquela-maneira sendo inclusivamente previstas as relações geométricas entre os polígonos que compõem a su a figura para alem das cores dos fundos e dos relevos Será portanto na penfer a que o divergir do artista o d traço o desabafo da vida pul sante que quer irromper no camlhac figuras do paraíso de Amitãbha e em particular dos jataka devei procurado Na épocaTang em Dunhuang desaparece o azul vivo da paietaco". } pintores e os esfumados são praticamente abandonados. As forras j l túrgidas tornam se com o tempo gorduchas roliças a decoração: cheia e equilibrada torna se caótica e irrequieta
OsTibetanos conquistam o oásis em 760 serão expulsos apenas m 848 com a ajuda dos Uigun estes por sua vez instalar se ao né em 873 Nos primeiros decénios do governo tibetano as f gurãs tornam se mais indianas e a compôs cão mais geométrica Os Tbetanos introduzem uma iconografia referente ao 18 Estatuas pohcromas no interior da gruta 57 dinastia Tang Dunhuang o budismo esotérico o Bodisatva Guanytn ganha mil braços e onze cabeças entre os outro s Bodisatva mais apreciados sobressai Ksitigarbha considerado capaz de libertar as almas do Inferno para lhes dar a oportunidade do renascimento A seguir com os Uigun volta-se a urna liberdade desenfreada, ao horror vacui as personagens assumem traços fisionómicos da Ásia Central o que leva a supor uma rápida mudança na mescla étnica do oas s Em 1900 Wang Yanlu, guarda tauista das grutas de Dunhuang (a época quase desconhec idas dos investigadores ocidentais, descobriu que uma das capelas fora tapada, talvez no século X, para proteger o seu precioso conteúdo da razia de povos invasore s tratava-se de uma arrecadação de rolos pintados e escritos, um perfil da arte pictórica religiosa da Ásia Central sinizada, perfeitamente cristalizado ao nosso olhar a um milénio de distância O primeiro ocidental que recebeu a noticia do achado foi Aurel Stein, explorador inglês que saqueou o conteúdo da capela (actualmente no Bntsh Museum) Stein deixou algumas coisas in s/tu e, pouco depois uma expedição sa, dirigida por Pelhot s aqueou o resto, hoje conservado na Bibliotheque Nationale de Paris. Na colecção Stein no Bntish Museum podem ser observados diferentes estandartes, com divindad es budistas, utilizados provavelmente durante as procissões os contornos das perso nagens ora têm uma espessura fixa, num estilo que lembra o das pinturas atribuídas a Gu Kaizh i ora apresentam um contorno muito mais dinâmico onde o pincel traça uma linha fina ou larga segundo a graciosidade ou a solidez do movimento da figura 163 19 Guerreiro devapala, gruta 194, dinastia Tang Dunhuang 20. O Buda Sakyamuni e o Buda Prabhutaratna conversam, gruta 27, dinastia Tang D unhuang 21 Fresco representando o Buda Amitabha, pormenor, dinastia Tang Dunhuang 22 Fresco representando o paraíso de Amitãbha, pormenor de apsaras, criaturas celest es, dinastia Tang Dunhuang 23. Na pagina ao lado Estandarte com Buda Sakyamuni, encontrado por Aurel Stem n a gruta 17 de Dunhuang, dinastia Tang, inicio do século IX d C Londres, British Museum.
O FASCÍNIO DO IMPREVISIVELAARTE CERÂMICA LNa primeira metade do século VII, sob os auspícios do imperador inzong, dá-se uma ver dadeira descolagem tecnológica, que leva a resultados de incomparável elegância em duas produções: a porcelana propriamente dita e a cerâmica saneai. Relativamente à origem da porcelana, há o risco de se fazer alguma confusão, porque os Chineses tendem a retrodatar a sua invenção, afirmando que remonta ao l milénio a.C., ao o que os estudiosos europeus utilizam uma acepção menos ampla do termo p orcelana e consideram que tenha sido criada posteriormente. A porcelana chinesa foi um fenómeno catalisador das pesquisas químicas na Europa, pois os soberanos ocid entais, encantados com as cândidas formas dos vasos provenientes do Império do Meio, financiavam inúmeras imitações. Em Veneza, por exemplo, realizavam se vidros de uma cor láctea Contudo, é só no século XVIII, no eleitorado da Saxónia, que se percebe que o segredo era a mistura de terras utiliz ada, mistura que os Chineses encontravam desde sempre na natureza, numa cadeia de Altas colinas
- gaoling -, da qual deriva precisamente o termo caulino . O caulino é uma argila bra nca que coze a altas temperaturas, mas tem o defeito de não ser plástica a menos que seja combinada com outros elementos, chamados fusíveis 167 24. Na pagina ao lado: Cerâmica funerária saneai em forma de camelo, dinastia Tang. Filadélfia, Philadelphia Museum of Art. 25. Vaso em cerâmica saneai de três cores, verde, branco, azul, dinastia Tang. Bath, Museum of East Asian Art J. E exactamente durante o médio império Tang, no século VII d.C, que se obtém a porcelana de massa dura, a verdadeira porcelana, cozida a I300°C. Os primeiros exemplos de cerâmicas saneai ( de três cores verde, benngela, branco ou azul) foram encontrados no túmulo de Li Feng, morto em 674 Chegaram ao auge da sua difusão em 700-750: as formas mais comuns são de animais, damas da corte, cavaleiros, cameleiros, vinhateiros Mais tarde, as saneai tornaram-se mais raras, relegadas a fins funerários Eram obtidas mediante uma primeira cozedura a 1000-1 100 °C para o biscoito e, depois, a peça era deixada a arrefecer, procedia-se a uma segunda co zedura a 900 °C em atmosfera oxidante para a vidragem, deixando entrar o ar no fomo, recorria-se então a vidrados de chumbo com sílex coloridos com óxidos de ferro (âmbar-castanho), cobre (verde), manganésio e co balto (azul). O ceramista delimitava, na superfície do vaso, uns campos com incisões, para tentar im pedir que o pigmento desbordasse com efeito, não era fácil controlar os agentes corantes, pois estes por vezes estagnavam, ou então escoavam, mas os oleiros conta vam também com a imprevisibihdade dos corantes como fonte de vida da decoração. 26. Na página ao lado: Cerâmica saneai representando um oficial VwAanês, dinastia Tang . Bath, Museum of East Asian Art. 27. Vaso de cerâmica castanha e creme, dinastia Tang. Colecção particular. 28. Parte superior de uma ânfora de porcelana com as asas em forma de cabeça de dragão , dinastia Tang. Taipé, Museu de História. A revolta de An Lushan determinou uma fractura também para as tipologias cerâmicas n o norte os fornos diminuíram drasticamente a produção de cerâmicas policromáticas Perto de Junzhou, os ceramistas realizavam as primeiras experiências que levarão a f amosa cerâmica Jun (do topónimo do forno) sob a dinas tia Song grés de formas cheias maciças com vidrado castanho quando não era preto. O concerto de base da deco ração e similar ao dos saneai o calor do forno era utilizado para deixar coar o pigmento com êxitos imprevisíveis e espectaculares. A cor não e obtida através da colocação ordenada de agente s corantes no interior dos enquadramentos rnas através do lançamento de verdadeiros guaches de pigmentos fosfaticos azuis e brancos No centro de Changsha os ceramistas concentravam se menos na qualidade do empast e e na elegância da decoração policromática, exprimindo a sua criatividade sobretudo na forma original do vaso receptivos aos exemplos metalúrgicos da Ásia Central PEQUENAS OBRAS-PRIMAS E COLOSSAIS GUARDIÕES Como sempre, partimos do mundo dos mortos para intuir a arte do mundo dos vivos. A linhagem Tang já não utilizava colinas artificiais para os seus túmulos, servindo-s e de elevações presentes na natureza, o que significava uma considerável poupança. Os arqu eólogos íocalizaram uma zona tumular imperial perto de um afluente do rio Wei. As câmaras funerárias permanecem invioladas, erguendo-se bem visíveis os shendao, as vias sagradas de o aos mausoléus de Taizong e de Gaozong. Perto destes eloquentes exemplos estatuários, insere-se na colina o corredor para o túmulo da pri
ncesa Yongtai, um dos dezassete túmulos à volta da última morada de Gaozong.Yongtai, filha inconveniente de um futuro soberano, foi rapidamente suprimida, assassinad a com dezassete anos. Quem preparou o seu enxoval funerário teve mais sensibilidad e do que a corte calculista onde ara a sua fugaz existência. As paredes do túmulo contam, com delicada precisão, os eventos cortesãos: as figuras aglomeram-se ordenadamente, mostrando o fluir inconstante da multidão, as atitudes idiossincráti cas de cada rosto; no sarcófago, em calcário negro, estão gravadas as cenas da vida quotid iana da princesa, em que o artista se aventura a representar algumas personagens quase de costas. O espaço ocupado pelas servas de Yongtai, retratadas à volta da ama , é achatado, pouco profundo, quase como querendo aumentar a intimidade entre as damas e a princesa. Os mingqi representam um jogo de pólo, um divertimento em v oga na corte e que incluía mulheres provavelmente, também Yongtai, cuja imagem é talvez capturada para sempre no acto de quem tenta acertar na bola, com o frémito da concentração total dos adolescentes na competição desportiva. A princesa encontra-se sepultada segundo a versão icónica, eterna, do seu diário íntimo, cuja elegantíssima discr ição serve de aviso à imóvel e difíci1 retórica dos túmulos imperiais. Os mingqi Tang, realizados com moldes em argila vermelha, cinzenta ou cor de cam urça, chegando a atingir um 31. Estátua de touro alado no túmulo da princesa Wu Zhao em Qianling, dinastia Tang, século VIII d.C. Shaanxi. 32. Na página ao lado: Antecâmara do túmulo da princesa Yongtai em Qianling, dinastia Tang, primeira metade do século VIII d.C. Shaanxi. metro de altura, conservam uma vivacidade comovente e revelam a grande sensibilidade dos escultores na postura tensa, na captura da imagem do ge sto, do movimento, do salto, do sorriso, cavalos saltam exasperados, camelos rel incham exaustos, comerciantes persas vendem vinho, bebendo de vez em quando do cântaro, a s damas, de década para década, tornam-se mais corpulentas, adequando-se aos novos cânones de beleza feminina, e, naturalmente, os jovens jogam pólo, o último hino a vid a antes que o túmulo se feche perante o olhar dos vivos São sempre terríveis os animais míticos em defesa do túmulo Se o encomendador era suficientemente rico, o ceramista juntava o vidrado, que protegia a obra e lhe garantia um brilho invejáv el. A frio, procedia a uma coloração vivaz com vários pigmentos sobre o vidrado, de maneir a a poder controlar melhor; com um pincel fino, a minuta disposição da cor Se o cliente era verdadeiramente rico, o ceramista podia também recorrer a douradura de alguns paramentos do traje Por que motivo é que a coloração dos mmgqi se realizava sobre vidrado?. Uma coloração sob o vidrado teria escoado ignominies; com efeitos excelentes para os vasos, mas danosos para as figuras, só época da dinastia Lião é que os oleiros aprenderam a controlar mei a coloração sob o vidrado Infelizmente, a coloração sobre o vidrado nas estatuetas de ba encontra-se hoje quase toda deteriorada. Depois dos Tang, os mmgqi conheceram um declínio gradual, ate tornarem, por assim dizer; fora de moda, contribuindo para este fac difusão da cremação na época Ming, quando se utilizarão alfaias de p para serem queimadas com o cadáver 33. Sarcófago de calcário preto da princesa Yongtai, dinastia Tang, primeira metade do século VIM d C Xi'an, Museu Provincial da Floresta de Esteias. 34. Na pagina ao lado: Estatuetas de cerâmica vidrada pertencentes ao enxoval fune rário do túmulo da princesa Yongtai em Qianling, dinastia Tang, primeira metade do século VIII d.C. Shaanxi. 35. Estatueta funerária de cerâmica representando um jogador de pólo, dinastia Tang. L ondres, Casa de leilões Sothebys.
36. Na pagina ao lado: Estatueta funerária de cerâmica saneai representando um funci onário, dinastia Tang Londres, Casa de leilões Christies. B "TO F l MA-CEUS DE MADEIRA:. A ARQUITECTURA SIOSA [audaciosa arquitectura religiosa dos Tang ficou conservada nos s que a imitaram no Japão -Shitennõ-ji, Hõryu-ji,Yakushi-ji -, mas 3 pouco se preservou na patna jmais antiga construção em madeira que se conservou é o Foguongsi jmonte Wutai Geralmente, a planta de um mosteiro budista prevê l área delimitada por muralhas, com um eixo de visita orientado ; de norte para sul, um portal a sul dá o a agem para 'e.deposrto do tesouro relicário atras do qual se encontra a sala bouro sede da tnade budista ingsi distingue-se uma articulação bipartida, entre terraço e o terraço desempenhava uma função simbólica, aludindo ao e Sumeru centro da cosmogonia indiana, e cumpria também uma madre da curmeira contra\ entamcnto madre rmífito b"Çn c1e misula transversal ang 37 fia pagina ao lado i fcaruga, 38 Desenho da secção do pavilhão principal do 39 Templo HoryD-ji, vista da sala de ouro Ikaruga, Monte Wutai necessidade pratica, a de acolher a multidão de devotos durante as funções publicas Para compreender a função e a origem do pagode, pelo contrário, será necessário ter em con sideração que, na altura da morte do Buda, no século VI a C, o seu corpo foi cremado numa pira fúnebre, os poucos restos ósseos foram distribuídos entre os dis cípulos, que os disseminaram porterras indianas Quando chegavam a um território onde a sua prédica se enraizava, enterravam a relíquia do Buda e, em sua comemoração, co nstruíam sobre ele um cenotáfio (um túmulo vazio ), o stupa, em redor do qual se desenvolvia a comunidade monástica, por cima do stupa, elevava-se uma torr e relicána, geralmente denominada pagode, palavra que deriva do chinês dagoba. A forma do pagode advém do encontro do akro indiano (a torre rehcana indiana) com o lou (a torre militar chinesa de vigia) uma síntese que se verificou a partir do século in a C. A cobertura do pagode do Foguangsi conserva ainda um maravilhoso exemplo de mísula dougong um sistema de traves e ancoragens, cuja inclinação aumenta e m função da altura do telhado a sustentar e que permite intensificar a superfície do telhado que se estende para fora, fazendo levantar e flectir a parte terminal da própria cobertura Cada dinastia aperfeiçoou e desenvolveu este sistema, pelo que, a partir dos exames do dougong e possível datar um edifício Pelo contrario em X fan, a antiga Chang'an capital do império encontra-se um dos mais antigos exemplos de pagode em alvenaria, Dayanda, o Grande Pagode do Ganso Selvagem (existe também o Pequeno, um pouco mais longe - ainda na capital, de silhueta curvilínea que ganh a em graciosidade e dinamismo, mas não em antiguidade). As semicolunas que articulam cada andar desmascaram a inspiração do arquitecto em precedentes de madeira não têm nenhuma função de e mas pelo contrario imitam pilares de madeira, para fazer vibrar a superfície do pagode através da repetição de uma unidade rítmica 4 l -£
telhado em pav ilhãi ivejamento a vista^ acroteno da cumieira chi í í distância entre colunam Ijian o Q O/
-i * *í ÍJ l
% W í ^ \ l Vn \^^íf'{ ^t ^ S -* 55^ 1 4 Uma celebre pintura imortaliza um dos corcéis da colecção do imperador Xuanzong tratase de Clarão na Noite, e - enquanto ainda está amarrado - solta-se perante os olhos do observador evidentemente perturbado pelo olhar do pintor que o perscruta Grande parte da imagem é uma reconstrução do século XII, mas a cabeça e a cernelha poderiam ser da mão de Han Gan Este uma espécie de Giotto chinês, trabalhava como ajudante numa loja de vinho. O gr ande pintor Wang Wei (de cuja obra nada restou) e o irmão frequentavam a sua loja e compravam a crédito antes de se dedicar as suas vidas boémias Pontualmente, H an Gan tinha de ir a casa de Wang Wei para lhe fazer a cobrança Wang Wei viu o desenhar figuras e caval os na areia enquanto o esperava, o artista, impressionado com o talento do rapaz , adoptou-o como aprendiz Chamado à corte, Han Gan revelou um estilo muito pessoal, tendo respondido ao imperador cunoso Tenho os meus professores privados e a colecção de corcéis de sua majestade . Para Han Gan pintar os cavalos era, na realidade, a o casião de representar também os donos, e sabemos que era famoso também como retratista Mas, para nós, o seu nome fica ligado aos cavalos, embora estes temas permaneçam sem pre bastante bidimensionais, espalmados Foge à cruel agem do tempo talvez um único pintor, cujo nome e conhecido Li Zhen Curiosamente esquecido na sua pátria, realizava retratos de patriarcas budistas, e os peregrinos compravam pontualmente as suas obras. Assim aconteceu com Kõbõ Daish i, fundador da seita Shingon no Japão, quando, em 804, voltou da China Debaixo do braço trazia cinco retratos de Li Zhen, dos cincos patriarcas daquela seita, dep ositou-os noTõji de Quiõto E, como por encanto, aqueles retratos chegaram até hoje com os seus 84 x 60 cm, cada retrato apresenta uma imagem, o título e a biogr afia do patriarca Todas as figuras são habilmente representadas de meio perfil sobressai a execução da sua plasticidade e das suas massas Nas paisagens pintadas na s paredes de Dunhuang, distinguem-se diferentes métodos uma primeira abordagem mais linear, onde o pintor pinta o fundo de cor bastante diluída e depois a no vamente nos contornos dos objectos com uma grossa e constante pincelada, gerando
a impressão de perímetros enchidos , um sem ossos , em que os fundos são menos brilhantes e a pincelada de contorno mais subtil e, por fim, uma abordagem mais requintadamente pictórica, onde o contorno não é sublinhado por nenhuma linha, mas uni camente pela cor Das cópias posteriores das obras-pnmas de Wang Wei, parece que o 44 Han Gan,. O Cavalo Clarão na Noite , século VIII d C (grande parte da pintura e uma reconstrução do séculoXII d C), 30,8 x 34 cm Nova Iorque, Metropolitan Museum ofArt mestre preferia esta última técnica Taizong tinha em enorme apreço a caligrafia na terceira década do século VII, institui u duas academias de caligrafia, uma para a família imperial e a outra para os altos funcionários, mandou realizar uma colecção das melhores obras presentes no im péno.quando os resgates imperiais não chegavam, mandava fazer cópias. Para as obras-primas preparavam se matrizes em pedra nas quais habilissimos canteiros imortalizavam com o cinzel os suaves movimentos do pincel original 45-46 Rolo dos Cem Cavalos no estilo de Han Gan, inteiro e pormenor, dinastia Ta ng, 26,7 x 302,1 cm Pequim, Museu do Palácio. Era assim garantida a reprodutibilidade
litográfica
da imagem era transmitirem nos u
ma obra de Yan Zhenqing Este/a da Família suficiente ar na esteia uma patina de carvão de desenho aplicar onde o autor m ostra uma escritura regular com pinceladas vigoro um velo de papel bater com um tampão no papel ficava branco de potente espessura no preto a copia da caligrafia original São exactamente os calcos a Zhang Xu (713 740) por seu lado conduziu novas experimentaço0 47 Zhou Fang, secção de um rolo representando damas e criadas, copia de época Song, 33 ,7 x 204,8 cm Pequim, Museu do Palácio 48 Huaisu, secção de um rolo em cursivo expressivo, dinastia Tang, segunda metade do século VIII d C Xangai, Museu de Xangai r/ tdwscnta m j^fcCangzh DO da escritura cursiva criando a kuang caoshu uma mistura aos conselhos dos cal lgrafos mais velhos Perduram quatro obras suas, muda e cursiva. O genial Huaisu cujo nome secular era mas a sua obra-pnma e Auto biografia onde a historia da própria vida foi seu discípulo depois se ter feito monge budista da vocação budista e das suas esco lhas estéticas se fundem numa w todo ° império e na mais total humildade era receptivo escritura cursiva de incrível beleza 4) Huaisu Escrito autobiográfico dinastia
ras, aves, borboletas e libélulas, ou então cachos de uvas. O motivo da videira, no "j apogeu já na época Han (quando foi importada para a China pela primeira vez, pelo explorador Zhang Qian), voltou a ser moda a partir da dinastia Sui, pois recuperava os motivos presentes nos panos dos tecidos sassânidas Nalguns casos, a decoração na parte posterior era também enriquecida por uma damasqumagem em prata Além da usual colocação na toiíette de cada dama, o espelho era trazido à cintura, como protecção contra as más influências, ou então pendurado no tálamo como símbolo de fidelidade conjugal Em Outubro de 1970, foram encontradas em Hejiacun, na periferia de Xfan duas jarras repletas de bens várias moedas, não só chinesas, mas também japonesas, persas, da Ásia Central, romanas, quase trezentos objectos em ouro e prata, dezenas e dezenas de lingotes de prata, três pedaços de vasos em ágata e um vaso saneai; além disto, ervas medicinais raras, unicamente para o uso imperi al, e instrumentos farmacêuticos; um saquinho para perfume em ouro e prata. Donde provinha aquele tesouro7 Um funcionário bem colocado, Liu Zhen, responsável pela casa-forte imperial, em 783, perante o risco de um golpe a capital, enterrou o tesouro e fugiu da metrópole Evidentemente, conseguiu pôr a salvo os objectos, mas não a prápna vida, porque não voltou a reclamar as jarras, que hoje restituem um perfil da riqueza cosmopolita que circulava na corte A influência da metalurgia persa sassânida vê-se nos pormenores por exemplo, nas punções que decoram as taças de prata. No decurso dos anos oitenta, um desmoronamento do terreno minou as fundações do pagode de Famensi, a cerca de vinte quilómetros de Xi'an Durante as fr. .W ; - Í-íV^ 53 52. Ourivesaria sagrada, do Pagode do Famensi, dinastia Tang Shaanxi, Museu do F amensi. 53. Caixa de ouro para jóias, do Pagode do Famensi, dinastia Tang. Shaanxi, Museu do Famensi. obras de restauro, os arqueólogos aperceberam-se de que as fundações escondiam uma cel a, uma verdadeira caixa-forte, onde os monges, em S74, pam a salvo dos salteadores locais a ourivesaria sagrada do convento. Em Abril de 1987, foi enco ntrada, entre outras peças, uma faange, provavelmente do Buda, que era trazida do convento à capital, em procissão, uma vez por ano, e recebia regalias da corte, ofer tas vcr.ivas dos soberanos Tang, cristal de rocha, vidro, 7000 panos de seda e 14 vasos de uma tipologia de cerâmica conhecida através dos textos (embora nunca se tenha encontrado qualquer exemplar; até à data Trata-se da miseo, a cerâmica Yue de cor secreta , com uma massa terrosa de tonalidade verde-palido, e lisa como seda, anteriormente, o vidrado Y ue mais comum era de um verde amarelado, artemísia A cerâmica de Famensi tem uma nuonce completamente diferente. No caso da cerâmica Yue d e cor secreta , é muito mais doloroso ver um vaso morrer na vitrina de um museu, visto que se perde uma das suas qualidades fun damentais, ou seja, o prazer do tacto (S B) 193 54 Ourivesaria sagrada, 4o Pagode do Famensi, dinastia Tang. Shaanxi, Museu do Famensi. 55 Vaso em cerâmica Yue de cor secreta , do Pagode do Famensi, dinastia Tang. Shaanxi , Museu do Famensi. As Cinco Dinastias e os Lião pôs a queda dosTang o conflito entre os diversos lideres pretendentes ao trono imp
erial durou cerca de meio século, de 907 a 960. Na capital Nanquim sucederam-se nada menos do que cinco dinastias nas províncias do norte fora do domínio da corte p rincipal alternava se um ré nado de dez em dez anos Eis porque este período e tradicionalmente rotulado pelos historiadores chineses como o das Cinco Dinastias e Dez Reinos Alem destas convulsões dinásticas os Han os chineses própria mente ditos perderam de q ualquer forma o domínio sobre o extremo norte onde se impôs o poder de novas potências noma das os Khitan e os Xia ocidentais Os Khitan partiram do vale do no Lião cujo nome adoptaram para a dinastia (907-1 1 25). Os Xia alargaram o seu próprio domínio a um território bastante vasto e prosperar am com o controlo das rotas de caravanas comercializando sobretudo cabeças de gado cera e tapetes A dinastia Song que restabeleceu a unidade do império viu se obi igada a comprar a paz a custa de tributos para afastar as pressões militares da fronteira setentrio nal As anuais missões nómadas a corte chinesa para receber o pagamento (em metal precioso mas também em seda) eram uma ocasião de comparação e osmose de cultura visual Como era frequente, os nómadas ficaram fascinados com a opulência e profunda solidez da tradição ch nesa 195 1. Na pagina ao lado Pintura sobre seda que retraia Vaisravana, Rei Guardião do No rte, pormenor da gruta 17 de Dunhuang, período das Cinco Dinastias, meados do século X Londres, Bntish Museum 2 Coroa, dinastia Lião, 907-1125 d C Hohhot, Museu da Mongólia Interior
AS CORTES DE CHENGDU E DE NANQUIM A fragmentação política deste período acelerou o desenvolvimento das tradições artísticas reg onais Foram protagonistas deste fenómeno de descentralização a corte de Chengdu, capital do reino de Shu (correspondente à actual província de Sichuan), e a corte de Nanquim, capital da dinastia dosTang posteriores (que dominou até o ano 975, depois absorvida pelos Song), cujo último imperador; Li Houzhu, foi um mecenas muito sensível os Song herdaram dele um enclave cultural bastante requinta do Os reinos do norte, que gravitavam em torno da cidade de Kaifeng, eram cortes ma is asfixiadas, culturalmente menos vivas, ainda que tenha sido precisamente esta zona o centro de onde arrancou uma escola de paisagem que viria a ter uma longa e imponente tradição. Os séculos X e XI testemunharam uma gradual mas irreparável troca de autoridades a chefia ou da aristocracia militar e fundiária para uma elite de funcionários letrados. A abordagem visual, nas mais diversas artes, de estática e decorativa ou a dinâmica. 3. Recipiente Yao de cerâmica celadon de cinco pétalas, período das Cinco Dinastias, séc ulo X. Bath, Museum of East Asian Art. 4. Relevo com dragão, período das Cinco Dinastias, 907-960 d.C. Indianapolis, Museum of Art. 5. Na página ao lado: Recipiente para cosméticos em cerâmica celadon, período das Cinco Dinastias ou dinastia Song do Norte, século X-XI d.C. Bath, Museum of East Asian Art. ¥ A PAISAGEM: NOVO FORMATO, NOVAS COMPOSIÇÕES Na pinturaTang enquanto tnunfavam a vivacidade quase esboçada dos temas e a reflexão sobre a relação entre pincelada e preenchimento a cor a composição da imagem
resultava amiúde bastante batda geométrica mecânica Foi precisamente no campo da compo sição do enquadramento que os paisagistas das Cinco D nastias deram um grande o em frente Conjugavam também esta nova atenção a estrutura com uma fiel represent ação da atmosfera das paisagens reais. No século X arrancou o formato do rolo vertical este impôs e sugeriu aos pintores novas soluções compositivas a imagem pendur ada na parede poda ser lida de uma só vez a distânca completamenteao contrario do que suced ia no caso do rolo horizontal que era desenrolado l progressivamente sobre uma mesinha. O espectador podia ter umaMSta de olhos mais unitária sendo que a leitura procedia de baixo para ama j o olhar era orientado para o horizonte Os pintores deste período davam murta atenção a escolha GO p; onde iam pintar. Em pais agens obtidas graças a feliz dança entre d lu coes j da tinta e o papel ou a seda deixados por pintar a intensidade de bnlho da atmosfera do panorama depen dia da qualidade do papel Sabe-se j que já no século IX o monge XueTao (786 831) chegou a produzro seu próprio papel para caligrafar poemas o xue too shizi ainda h oje xuanzhi o papel de Xuancheng e muito apreciado e poder se a afirme 6 Qu Dmg (atr), Montanhas de Verão, século XI d C Donativo do Dillon Fund, 1973 ! é o papel chinês mais conhecido e utilizado. A experimentação jjuran entre os maiores pintores da época não se limitava apenas a ; diluições da tinta mas concentrava-se sobretudo na útil zação Ornais vanadas tipologias de papel itinuava a esquizofrenia do oficio de pintor por um lado os artífices r outro os f uncionários que gostavam de pintar nos tempos livres ' das suas massacrantes respo nsabllldades Surgiu também a técnica das omias a tinta de tema budista mais precisamente chan í no século VIII graças à obra de H uineng o budismo chan saia de um 3 elitista de fieis para se abrir também ao povo Imonges praticavam a pintura mono croma como corolário de formas imediação avam murto tempo a pre-visualizarem silêncio o tema ^papel antes de o pintar depois quando pegavam no pincel sabiam en te com quais e quantas pinceladas captar o dinamismo do oTraços mais diluídos e rápidos construíam o corpo e os vestidos s personagens-entre as favoritas os patriar cas, m primis Bodhidharma n indiano que importou o budismo para a China com um pincel mais iicom traços mais minuciosos e com tinta decididamente mais seca i no papel (ngorosamente no papel nunca na seda) o rosto e as s da personagem \ pintura chan não gozou de um sucesso constante na China iria ser ornada apenas n o século XVII, graças ao gemo de poucos pintores 7 Pagina iesíflTacwíi Vaisravana e os seus servidores, meados do Museum Infernais, período das Cinco Dinastias, século \XX4t Um&TO&.ftntesfct Museum Dois do s dez reis estão sentadas a uma expiam a própria pena, enquanto os virtuosos ewuooL oVos 4o uftsa imagens do Buda 199 que se afastaram das tendências Qmg, os chamados individualistas Diametralmente opos ta a sobriedade chan, floresceu a pintura comercial budista uma arte quase industrial orientada para a produção de imagens para os fieis - servil, animada por uma vivaz policromia - cujo epicentro era o porto de Ningbo, no Zhejiang De rest o, e neste período que foi aperfeiçoada a técnica da impressão xilografica em três cores (azu l vermelho e amarelo), precisamente para satisfazer a pi ocura de imagens sagradas budistas por parte dos peregrinos e para relançar a sua capacidade de atr acção Não e sempre fácil associai cada pintor da época a uma ou outra dinastia eia frequente um pintor começar a carreira junto de uma corte, posteriormente conquistada por uma dinastia adversaria sendo convidado para outra capital Muitos destes art istas viveram a cavalgar estas continuas convulsões Estas mudanças de círculos culturais favoreceram a curiosidade e a comparação as diversas escolas regionais que durante décadas haviam sido centros de tradições independentes tiveram a oportunid ade de se fundir impnmindo assm uma btusa aceleração na síntese de novos instrumentos
formais Comecemos pelo centro de Nanquim. Em ca 975, o soberano Song com o seu e xercito dominou esta cidade Ao ver o fim iminente, o último imperador dos Tang pos teriores Li Houzhu não podia senão dourar a plula e decidiu enviarão srtiante a seguinte mensag em Considero-te um pai . A resposta do futuro imperador Song Taizu foi uma punhalada Ate os filhos não fogem dos pais E achas que eu deixaria outro homem ress onar ao meu lado na cama7 Um final inglório para Li o escrupuloso mecenas que fizera renascer o Hualinyuan, a Academia da Floresta de Pincéis Ele era exigente ate na escolha do papel em que escrevia que mandava confeccona expressamente Han Xizai vice-presidente do seu g overno, ao prever o fim gastou tudo 9 Gu Hangzhong, Cinco Tocadores de Flauta, quarta cena do Banquete Nocturno de H an Xizai, período das Cinco Dinastias, 907-960 d C Pequim, Museu do Palácio -e tinha na compra de uma centena de escravas e na organização Danquetes orgásticos Então, o imperador; na esperança de o poder " mir, mandou um pintor da Academia como espião, para imortalizar . debochados participantes. O imperador esperava que o ministro, ao et se reflectido no espelho do seu vício, se arrependesse Mas era tarde demais e Han já desistira do futuro e ficou imível O rolo - uma espécie de reportagem ante tóeram - não serviu o " oposito, mas, através dele, chegou até hoje, intacto, com a natureza " emptóna de uma obra-prima, o requinte da Nanquim do século X, ioda a sua frescura. Na realidade, paira sobre a pintura a dúvida de sue se trate de uma cópia Song Porém, o autor é tradicionalmente identificado com Gu Hongzhong, oriundo de Jiangnan. O pintor montou ima autêntica encenação dramática: sofás, camas e biombos separam os episódios, em que surge várias vezes o dono da casa, na ilustração, observa-se um pormenor da quarta cena dominada por cinco flautistas 10. Gu Hongzhong,. A Dança de Wang Wushan, segunda cena do Banquete Nocturno de Ha n Xizai, período das Cinco Dinastias, 907-960 d C. Pequim, Museu do Palácio. 11 Gu Hongzhong,. O Banqueis Nocturno de HanXizai, período das Cinco Dinastias, 90 7-960 d.C. Pequim, Museu do Palácio. VQ VIUQ1SIH 3ONVÍID ¥ acompanhados por um tocador de castanholas. O Mestre concentra na ultima cena to da a amargura pela decadência da época um jovem tenta convencer uma rapariga a parti cipar nas orgias. Este instantâneo daquele tempo num ultimo clarão de discrição, não conta se a rapariga cedeu. O que efectivamente cedeu, pouco depois, foi a dinastia junto da corte de Nanquim, operou também uma outra figura importante da época, Xu Xi Sabe-se que se dedicou quase exclusivamente a representação do bambu (a única planta que interessou os pintores letrados juntamente com a ameixoeira e o pinhe iro) Costuma serlhe atribuída a obra anónima Bambu na Neve Xu usava pincéis duros e cores certamente pouco exuberantes Neste rolo, recorreu a uma técnica de parcimo nia a luz sobre as plantas e obtida deixando o pape\ em branco, as pinceladas não devem, portanto contribuir para a construção da parte em positivo do bambu não a matéria, mas a sombra Desta forma a mão do artista contraria em absoluto o habitual trabalho da pincelada em positivo A sua acnbia e a sua constância tiveram um sucesso imediato as suas obras aram a fazer parte das colecções imperiais enquanto ele ainda era vivo Efe ctivamente, escondida num dos caules, encontra-se inscrita (invertida) a frase este bambu vale mais do que mil peças de ouro oxalá não sej a de sua autoria, mas apenas o discreto comentário de um coleccionador da época Infelizmente, a genial severidade de Xu Xi, pela qual emergia isolado entre os s eus contemporâneos, determinou a brusca perda das suas pesquisas, pois não teve discíp ulos
por ironia, os seus netos dedicaram se à pintura académica, que se baseava em premis sas técnicas extremamente diferentes Assim, qual era o gosto que imperava na Academia'. No seu primeiro século, a Acade mia Song tomou como referência a obra de Huang Quan, um artista activo na corte de Chengdu, no reino de Shu, entre 900 e 965 aproximadamente, observador apaixonado da fauna, nomeadamente das aves com uma pincelada vigorosa traçava a linha de contorno do objecto, enquanto, para as articulações das asas, já não utilizava linhas, mas leves e sucessivos fundos colorid os Contava-se que alguns embaixadores chegaram a Chengdu com uma águia para oferecer ao soberano e que a ave de rapina se atirou ao pescoço de alguns faisões Lamentavelm ente para o seu bico, os faisões não estavam a correr pelo pátio, mas haviam sido pintados nas paredes do 12. Na pagina ao lado: Xu Xi (atr) Bambu na Neve, meados do século X d C, 151 x99c m Xangai, Museu de Xangai 13 Huang Quan, Esboços de Animais fíaros Retratados ao Vivo, dinastia Song do Norte, século X d.C., 41 x 70 cm Pequim, Museu do Palácio. palácio pela nsuperavel mão de Huang Quan. Na real dade semelhantes anedotas abundam nas biografias chinesas de artistas significando um ilusionismo tão magistral que e capaz de enganar a própria natureza. Na obra Esboços de Animais Raros Retratod os ao Vivo Huang Quan mostra se fascinado com a variedade de formas em que a vida se manifesta.O artista e at raído por anfíbios (a tartaruga) e por animais extremamente pequeno mas por outro lado complexo (os coleopteros) nvestigacom prazer as mirades de posições e cores dos pássaros. Ainda que asfguras se encontrem justapostas como num mostruário cada uma projecta se solidamente e assenta no espaço sem qualquer insegurança por parte d a mão do pintor Pelo contrario cada animal sugere e reorganiza corr a própria postura o espaço que o rodeia Estas duas paginas de albur compõem provavelmente uma espécie de miscelânea das observaço directas do pintor podemos imagina-lo a aguçar a vista para captar os pormenores dos seus temas e a decidir com que pigmento ir a pintar m elitro ou uma asa. As paginas foram posteriormente recompostas nurr r olo onde consta a inscrição para os estudos do meu filho Jubao E k prec samente o filho qu em mportou para Kaifeng junto da Acaderna Song o seu estilo que pouco depois veio a ser definido como fugu ( rico e aristocrático ) por oposição ao estilo yeyi ( livre e selvagem de Xu Xi A experimentação monocromática de Xu e a naturalista de Huang foram inevitavelmente nt erpretadas pela posteridade como sendo dificilmente conciliáveis. O amor que Huang tinha pelo ensino permitiu lhe sobreviver durante o período médio dado que o seu magsteno continuou a florescer apôs a sua morte enquanto como já foi referido Xu não tinha nvestdo na criação de discípulos Jing Hão pintou durante a primeira metade do século X Nasceu no norte em Jinshui no Henan mas viveu como agricultor na cordilhera deTaihang As pinturas que no ado foram atribuídas sem hesitação a Jing Hão pertencem na realid ade a vários autores o que implica uma impressão algo dvidida sobre o seu estio De qualquer maneira o denominador comum que se pode observar com base por exemplo na obra. O Monte Lu e a monumentalidade das suas composições aplicava um leque de pinceladas algo monótonas e não muito variadas ainda que minuciosas embora a composição global resulte um pouco desordenada pela forma como se perde numa multiplicidade de pormenores o olho do espectador e orientado indiscutivelmente para o horizonte graças a linhas de força obliquas de baixo a esquerda para cima a direita com uma profundidade cada vez maior as distâncias são obtidas através da sob reposição das formas a cor esta ausente. O caminho desconexo 14 Jing Hão,. O Monte Lu, século IX-X d C 187 x 107 cm Taipe Museu Nacional do Palácio pr" uma função dupla une áreas separadas na compôs cão e sugere antes e um depois um
fora n
retratado no enquadramento o qje ampl a o fôlego da imagem t nhã por habito as suas pinturas em pontos escondidos por pmplo na superfíci e de um penedo E obra sua um tratado em forma d* d afogo Hua shanshui lu (Pintar Paisagens) o artista imagina um velho e em ta do monte Taishan (precisamente ond e vvera como agriculto ) a ser nterrogado poi um jovem aspirante a paisag sta Su por-se ia que Jirg Hão personificasse o primeiro curiosamente dentfica se mais com o segu ndo Li Cheng (919 967) nasceu em Chang an mas refugiou se com a família no Shandong quando os Song assaltaram a cidade em 957. O artista ava os dias a dedicar se as suas três grandes pá xoes vinho musica e xadrez Apresentado deste modo pareceria que estava dest nado a não chegar muito longe mas segundo as fontes Li Cheng ou nos exa mesjmshi pelo que deve ter dedicado muito tempo (entre um jogo de xadrez uma musica e uma bebida) ao estudo dos clássicos confuaanos Na realidade ao longo da sua v da o artista não desdenhou os co"! c rculos budistas chan dos quais adoptou a pratica da meditação Um seu neto que se tornou governador de Kaifeng açambarcou as suas obras por preços altíssimos entesourando deste modo a produção e retrando-a da circulação. Em pouco tempo tornou-se difícil encontrar um Li Cheng autêntico. A impe atnz Song Osheng Guangxian (espo sã de Renzong) conseguiu comprar todos os L Cheng ainda d sponiveis e recompô los num biombo Nem sequer este que supostamente dev a ser um rosário de obras-pnmas chegou ate nos Na obra. Um Templo Eremita entre os Cumes Despidos de Li Cheng ass m como na pintura R/os Xiao e Xiang de Dong Yuan parte se da agua pá a depois sugerir uma sensação completamente dferente uma verticalidade absoluta quanto mais alto se sobe na composição mais tudo parece estar lançado para o alto. No primeiro plano alguns homens esforçam se dobrados sob o peso dos trabalhos quotidianos a seguir no topo de uma colina esta um moste ro retratado com um pincel seco minucioso o pagode sobressai no centro exacto do -olo Contudo a partir do momento em que o homem ostenta o melhor do seu engenho construtivo para erguer um monumento a divindade um pagode de oito andares uma montanha domina o na sua simplicidade e red mensiona-o ainda mais atras com tinta mais ténue sugerindo distâncias cada vez maiores ergue se um cume ainda mais alto que envergonha de repente o cume aparentemente esmagadorTambem as arvores a medida que aumenta a altitude perdem o aspecto de arbustos ameaçadores e tornam-se indícios de verticalidade em uníssono com a 15 Li Cheng. Um Templo Cremita Entre os Cumes Despidos século X d C, 112 x 56 cm Cidade do Kansas The Nelson Atkins Museum of Fine Arts 06 natureza intacta Também a pincelada a arma a disposição do mestre chinês, se torna cada vez mais fina Nada menos do que metade composição, 60 cm de seda tem como protagonista esta segunda pá a natureza sem qualquer presença humana Fan Guan era or iundo de territórios setentrionais, nascido em Huvj no Shenxi, viveu entre 950 e 1020, aproximadamente Guan não ei seu verdadeiro nome era um nom de p/ume, o Vasto numa alu
precipício Por consequência, as distâncias são esmagadas e o espectador fica sem fôlego, d esnorteado Fan Guan aplica deste modo, estratégias opostas às de Li Cheng o segundo respeita as distâncias enquanto o primeiro as abate. O fôlego monumental d a obra surpreende ainda mais porque resulta de um equilíbrio funâmbulo entre massas imponentes e pormenores obsessivos Fan recorre a uma pincelada cocun o pe rfil e as texturas das massas são criados através de milhares de minúsculas pinceladas , como sementes de sésamo Qual a razão de tanta insistência pela montanha como objecto d as pinturas7 Desde o antigo período Zhou, a montanha representava aos olhos dos chineses um lugar espiritual tanto mais sujeita a protecção de um espirito divin o quanto maior era a sua grandiosidade. A partir da dinastia Han quando os alqui mistas se esforçavam por sintetizar o elixir da imortalidade, a montanha era a melhor fon te de ervas medicinais para quem procurava a imortalidade da alma a montanha oferecia a possibilidade d a eremitagem, do encanto obscuro das sinuosidades nas montanhas surgiu, apôs a que da dos Han, a corrente tauista do xuanxue a Escola do Mistério enfim, o monte e, em p articular, algumas montanhas sagradas da geografia chinesa, apresentavam-se ao espectador como um aglomerado de denteados simbólicos. O monte Lu precisamente o q ue e retratado por Jing Hão e o primeiro entre todos, meta de peregrinação também para os budistas Mi Fu um gemo poliednco da época Song,pintor,calígrafo e coleccionador na sua obra H uashi (Historia da Pintura), fazendo uma comparação entre Li e Fan, elaborou um conjunto de criticas imaginosas, ainda hoje muito 16 Fan Guan, Viajantes Entre Riachos e Montanhas, século X-XI d C, 206,3 x 103,3 c m. Taipe, Museu Nacional do Palácio i As suas montanhas olham-nos directamente na cara, as suas torrentes j em jorrar de invisíveis distâncias [. ] Li Cheng uso tinto diluído, os suas rontanho s parecem nuvens. As montanhas de Fon Guan são heróicas, mas escuros como uma noite sem lua DongYuan pintou nos fins do século X é um contemporâneo de Li Cheng, mas o seu trabalh o levou-o a viver sobretudo junto da corte de Nanquim - era director-adjunto dos parques imperiais da dinastia dos Tang posteriores o que hoje se definiria um arquitecto paisagista De facto sentia-se atraído pelas montanhas imersas no nevoei ro da região circundante de Nanquim, o Jiangnan A obra Rios Xiao e Xiang é percorrida por linhas de força em arco, como uma sequência de arcadas supraciliares ou de tramos de uma ponte romana num crescendo que leva o olhar para longe, com uma formidável profundidade de campo, até uma cordilhei ra montanhosa em terceiro plano, uma outra linha de força, por sua vez, abrange num único abraço, como com uma arcada mais larga, a margem ilustrada na parte inferior à direita, povoada de eantes que não ousaram subir para o barco, e a ilhota desabitada, devorada pela vegetação espontânea, no meio do no . Este padrão circular é reflectido, invertido, na rede que os pescadores, à direita, puxam para a margem. O artista adoptou um ponto de vista baixo, quase a roçar a água o próprio espectador tem a impressão de se encontrar na outra margem ou de estar a deslizar num barco, e sente se aflorado por um fôlego de abertura, d e infinito. Os pintores chineses aplicavam uma mão de alúmen sobre a seda, para a manter esticada, para uniformizar a absorção da tinta e para poder raspar eventuai s pingos do pincel sem danificar o rolo Dong Yuan utilizava tinta diluída (shuimo) jogando com os grumos de alúmen (fantou),e com longas pinceladas bimocun, de fibra d e cânhamo para a vegetação distante com o tempo Dong Yuan experimentou uma técnica diferente, realizando paisagens a c ores utilizando o vermelho e o azul, e o gesso para os vestidos. 17 Dong Yuan, Rios Xiao e Xiang, pormenor, dinastia Song do Norte, século X d C, 5 0 x 141,4 cm Pequim, Museu do Palácio.
OS LIÃO Os artistas khrtan introduziram uma novidade no conjunto de temas da arte chines a. Os nómadas não tinham qualquer interesse em idealizar o tema pelo contrário, procur avam captar a sua fisionomia e sancionar a sua irrepetível personalidade. Fervorosos bu distas (tinham cinco capitais, uma para cada ponto cardeal da cosmologia tântrica) , foi graças a eles que nos chegaram obras-pnmas no campo da arquitectura religiosa e da estatuária em bronze, em cerâmica e em madeira 18. Estátua em bronze dourado de um Bodisatva sentado numa flor de lótus, dinastia L ião, meados do século XI d.C. Bath, Museum of East Asian Art. 19. Estátua de Bodisatva de madeira laçada, dinastia Lião, século IX-X d.C. Toronto, Roy al Ontario Museum. RSOS NA NATUREZA As pnturas khitan valiam na corte chinesa pelo seu exotismo e pela vvacidade com que eram retratados alguns temas já menos familiares no Impero do Meio como o cer vo base da obra de Li Zanhua (899 936) filho prmogenito do fundador da dinastia Abaoji. A julgar pelo apeido tpica mente chinês com que entrou nas crónicas Li suspeita se de que a corte Song tenha apoiado a inclinação do jovem para a pintura com o propósito de o capturar através da po derosa tradição visual chinesa no próprio circulo de influência Hu GUI falava chinês conhecia a cultura chinesa mas na real dade per encia aos Khitan sendo portanto um nómada sedentanzado Pintava sobretudo camel os e cavalos com pincéis de pêlo de lobo para dar mais vida aos seus sujeitos contud o a textura que utilizava tornava a pincelada quase invis vel conferindo uma parti cular macieza ao manto dos animais e a paisagem em que estavam nsendos. O artista dedicava se muitas vezes a encher espaços abertos com cavaleiros nas mais complicadas pôs coes Esta pred sposição para as cenas de género não estereotipadas observa se também nas sepult uras dos Lião que mostram pinturas murais de uma vivacidade mpressonante. Num trompe Iceil uma serva desaparece absorvida atras da porta de um armário aqui o artista aproveita para se concentrar na representação da decoração do armário laçado de vetmelho com fenixes douradas. Na mesma sepuftura sobressaí uma cena de preparação de um banquete encaixada no interior de um falso travejamento que serve também para ritmai as diversas pinturas murais Dois homens sei vem-se de bebidas as diversas peças do serviço em cerâmica estão retrata das com tanta precisão que se reconhece uma forma então na moda uma espécie de garrafa unida a um pires Duas servas retratadas mais 20 Mulher que Abre uma Porta fresco do túmulo Xuanhua zhang zhiqmg mu dinastia Lião 21 Preparação de um Banquete, fresco do túmulo Xuanhua zhang zhiqmg mu, dinastia Lião pequenas por serem menos importantes, surgem esguias a porta de lado Estas pintu ras murais constituem fontes preciosas para a reconstituicão das tendências da moda e dos penteados da época imortalizados sempre com abundância de pormenores. O tema d o amor pelo calor doméstico invade as paredes das sepulturas Lião como se se quisesse rodear o falecido com as vicissitudes do dia a -dia que têm lugar no seio da família um pintor divertiu-se a representar rapazes que, por sua vez, se diver tem nas costas de alguns servos esforçados a satisfazer os caprichos da jovem senhora Distingue-se a mesa de estudo, a prateleira para as cerâmicas um animal domestico que entra atrevidamente em cena, atraído pelo alvoroço ou por urra borboleta que voa indiferente no meio da altercação entre os se^os. Um dos rapazes põe a mão na cabeça do amigo, num gesto animado cê espontânea camaradagem talvez para evitar que os escravos burlados o descubram antes do tempo Uma pintura numa parede de madeira representa por outro lado M exemplo delicadíssi mo de maohua ( flores e pássaros ), que se poderia definir como natureza-rnorta não fosse o facto de os chineses terem
sempre preferido retratar exclusivamente a natureza viva captada no acto, na sua tensão. Na obra Gr/tos Unidos na Limpidez da Agua a mão 22 Jogos de Crianças, fresco do túmulo Xuanhua zhang wenzao mu, dinastia Lião do artsta segue a lição de Huang Quan a linha de contorno das figuras e muito marcad a com prejuízo das linhas internas Contudo a disposição das figuras não e sabia e o resultado e um pouco desajeitado a nda que netrate a multdão de um ambiente pa lustre onde a chegada de um pá de pernaltas afugenta uma nuvem de insectos. As aves estão d spostas smetncamente mas distinguem se por ligeiras d screpancias uma por exemplo esta ainda com uma perna apoiada a outra sacode as asas Mas para ci ma no céu outras pernaltas levantam voo Quanto ao resto a pintura e completada com de corações estereotipadas o terreno sob as patas das pernaltas reproduz em dimensões minuscu as uma pasagem de montes aguçados que frequentemente podem ser contemp ado s nos frescos de Dunhuang mas com uma colocação completamente dferente Nas pinturas murais budistas um padrão deste género teria sido ut lizado na parte superior da com posição conferindo um sentido de fuga de perspectiva neste caso porem o mesmo padrão e reut lizado pá a retrataro húmus do pântano. As nuvens no céu são retratadas sem he sitações com rápidas pinceladas de uma forma padronzada servil tnlobada chamada de lingzhi um cogumelo da imortalidade 23 Gritos Unidos na Limpidez da Agua pintura mural sobre madeira da sepultura Ji efang yingzi liaomu dinastia Lião 24 Hu GUI Regresso da Caça(Huilietu) pormenor, inicio do século X d C Taipe Museu Na cional do Palácio 211 Ifcfâfc *m
l ROSTO DA MORTE A mesma vivacidade dos costumes e a concentrada individualidade dos traços mímicos, que ressurgem nas pinturas murais das sepulturas Lião, chegaram até nós praticamente intactas também ao vivo graças a descoberta de uma sepultura de uma múmia com uma máscara fúnebre, típica dos Khitan. A preparação do cadáver; com mascara e veste, relembra uma autêntica encenação para a eternidade, para a vida seguinte, perante a qual o defunto tem de se apresentar nas melhores condições. A mascara de uma princesa Lião e do seu mando são as descobertas mais importantes feitas na Mongólia Interior a lâmina de ouro era batida e adaptada ao rosto do cadáver , os olhos e a arcada supraciliar eram gravados, uma rede em filigrana de prata prendia os cabelos do homem que, segundo a moda da época se usavam compridos e pre sos atrás. 213 25. Na pagina ao lado. Mascara fúnebre em ouro, dinastia Lião, c. 916-1125 d C Mongólia Interior, Instituto dos Monumentos Culturais e de Arqueologi a 26. Máscara fúnebre, dinastia Lião, c. 916-1125 d.C. 27 Relicário de ouro, dinastia Lião, c. 916-1125 d C JRO, INCENSO. E CERÂMICA Em 1062 a dinastia financiou a construção de um complexo para a seita budista Huayan na capital Datong. Foi só no século XVI que os edifícios foram separados em duas unidades, o Mosteiro Huayan Baixo (Xiahuayansi), e o Mosteiro Alto. Muito a ntes do convento, os monges pensaram em mandar construir uma biblioteca, a sala para a conservação dos Escritos da Ordem Baojia Era o ano 1038 a data ficou gravada numa trave. As estantes de biblioteca em que os sutra estão conservados representam uma obra-pnma da carpintaria, mas o que realmente chama a atenção do espectador é um m agnífico cortejo de estatuas de terracota. Cada Bodisatva apresenta um busto
alongado, as dobras dos vestidos acumulam-se sobre os joelhos; o trono, que asse nta num alto pedestal, é composto por uma flor de lótus dupla, cujos estames se mostram apenas entre as camadas interior e exterior de pétalas.To dos os olhares estão igualmente atentos, imprimindo uma benévola segurança no espectad or; é a extrema variedade das posições dos braços, sempre elegantíssimas, que confere uma pers onalidade a cada uma das figuras As jóias dos enxovais fúnebres Lião apresentam o mesmo gosto da metalurgia dos últimos T ang: mas. . quem terá influenciado quem?. Os chineses sempre preferiram importar a exótica ourivesaria da Ásia Central, e os nómadas sempre ficaram fascinados com a te cnologia da cerâmica chinesa. Um povo não sedentário dificilmente se dana ao luxo de levar consigo um serviço de porcelana, que se poderia partir por causa das contínuas deslocações. Portanto, se é provável que a corte Tang perdesse a cabeça com as jóias nómadas, os Lião, por sua vez, terão sido influenciados pela cerâmica chinesa , sobretudo pela menos elitista, 28. Jarro de grés em forma de sereia, dinastia Lião, século X-XI d.C. Londres, Btitish Mus eum. 29. Estátua de cerâmica do luohuan Tamrabhadra sentado, dinastia Lião. Paris, Musée Nati onal dês Arts Asíariques-Guimet. 30. Objectas de ouro, dinastia Lião, século X-XI d.C. 215 com decoração simples e de efeito, a azhou, com engobe branco. Os ceramistas que tra balhavam para a dinastia Khitan eram, com toda a probabilidade, artesãos chineses feitos reféns, ou destinados à nova liderança. Por exemplo, os fornos do distrito de D mg trabalhavam nessa altura para os Lao' remonta à primeira metade do século XI um recipiente com decoração estampada com figuras de rapazes, flores e símbolos aus piciosos, sobre o qual foi aplicado um vidrado branco. Os encomendadores nómadas gostavam de ver formas novas imortalizadas na cerâmica: ficavam fascinados com os desenhos em forma de ave (por exemplo, o pescoço e a boca do vaso transformam-se na cabeça de um volátil ) e com a imitação dos recipientes de couro, que os dominadores faziam com perfeição: chegavam a imitar as costuras e as decorações típicas do couro e a cobrir a peça com um vidrado castanho claro, para evocar a cor da pele. O que chamava a sua atenção eram as formas híbridas, como se pode observar no jarro em forma de sere ia, em grés, conservada no Bntish Museum: uma figura completamente insólita no panorama da iconografia chinesa. Os ceramistas do século XI já conseguiam controlar muito melhora] fusão dos vidrados plúmbeos coloridos. As formas sóbrias de um simples \ recipiente de cerâmica são realçadas por um esplêndido vidrado verde-j esmeralda. Foi precisamente neste penbdo que, na cerâmica saneai, dei três cores, a cor deixa de escorrer dos seus contornos Apenas com este avanço tecnológico era possível conceber uma estátua com a precisa vivacidade do Luohan Sentado, conservado no Musée Guimet, que : confirma o génio Lião na arte do retrato. Esta peça fa zia provavelmente j parte de um conjunto de luohan (normalmente composto por um grupo de oito ou dezasseis exemplares, até um total de quinhentas figurd co locado na Sala de Oura de um dos numerosos mosteiros financiados pela dinastia Lião. Os olhares fixos e um pouco convergentes, as narina abertas, o lábio superior ligeiramente contraído: tudo contribui pá transmitir a concentração da personagem e para impor uma pausa < silenciosa reverência ao fiel distraído. (S. B) 31. Recipiente de porcelana verde com vidrado, dinastia Lião, século XI d.C. Bath, M useum of East Asían Art. 32. Na página ao lado: Garrafa de porcelana castanha com vidrado, imitação dos recipie ntes em couro, dinastia Lião, século XI d.C. Bath, Museum of East Asian Art.
'. Os song e o apogeu da arte chinesa om a dinastia Song (960-
-1279) a civilização chine sã apresenta se no palco da historia no máximo do seu poder a capital, raerg exibe uma curtura metropolitana ex tremamente elab orada, o Estado vangloriase de um exercito profissional uma temível tota militar um comercio mantimo prospero a mais elevada produção de ferro do mundo na época Apesar de tudo isto, não conseguiu defender se dos Mongois, perante os quais, pebcontran o caiu ruinosamente. Em 960 um golpe militar tinha levado ao trono a dinastia Song com o imperadorTaizu, en cedo sucedeu o seu irmão mais novo, 1g subiu ao poder graças a um exercito pó derosissimo concluindo uma escolha corajosa Irtanzar a classe dominante afastando oa vida política os seus generais. A sua inter wnção e compreensível se pensarmos que de sde ha séculos que o império vinha sofrendo preocupantes pressões junto as fronteiras Norte e onental, sobretudo por parte de tnbos nómadas E a Norte alinhav am se de facto novos inimigos sucessivamente os Nuzhen, os Dongxiang e os Mongois. A manutenção de destacamentos na fronteira comportava elevados custos e constituía uma ameaça devido ao excessivo poder na mão de poucos generais Era preciso decidir entre o pe ngo 2 Espelho rectangular em bronze com decoração floral gravada, dinastia Song do Sul, século XII. Bath, Museum of East Asian Art 2I9 SungTaizu pormenor, dinastia Song do Norte, século X d C 3 Retraio da imperatriz Cão, dinastia Song Nova Iorque, Granger Collection. t n golpe interno e o afastamento do inimigo externo PortantoTaizu f tnha decidido não atribuir a segurança da própria dinastia a uma classe i guerreira. : Noseguimento dos mesmos pnncipios.no início do ano 1000, o governo i dinês mrtigou a pressão que os Krthan exerciam a Norte, pagando-lhes [ um tnbuto. Ainda que esta política diplomática possa parecer vil, assim o governo enfrentava despesas men ores do que se tivesse que manter [ os regimentos a Norte Considere-se também que os Krthan (a dinastia Lião), uma vez pacificados, eram grand es consumidores dos bens produzidos pelos Song ,. Em meados do século XI os Song desactivavam também da mesma for j ma (ou seja pagando em prata, seda e chá) o poder dos Xia ocidentais !. A partir do século XI as directrizes de expansão do impeno deixaram de ser em direcção a Norte e Noroeste, ando para Leste e Mra Sul. O impeno numa espécie de pax augustea, afirmou-se mesmo neste período como uma mortífera potência marítima os navegadores aperfeiçoaram o uso da bús sola, as embarcações atingiam os 30 metros de comprimento transportando para todo o Sudeste asiático cerâmica, chá, tecidos e metais, estes últimos obtidos reco rrendo inclusivamente a explosivos na industria extractiva. A China importava marfim, especiarias e, sob retudo, cavalos para a criação equina, o Império do Meio permaneceu sempre dependente de territórios fora do seu domínio Visto que o comercio com o Norte era intermitente devido a guerrilha com os nómadas neste período os cavalos eram mandados vir daTailândia. O aumento da população explodiu atingindo os 100 milhões de habitantes, a p rosperidade levou murtos camponeses a abandonar os campos para ir para as cidades e a presença de novos cidadãos originou o desenvolvimento do sector teraário, do sistema de instrução, da industria editorial. Os artesãos, quando emigravam, tendiam a organizar-se em grupos de igual interesse os que provinham de um mesmo local t Almofada em cerâmica Ciztiou dinastia Song Xangai, Museu de Xangai 221222 5 Escultura de Araht com tigre, dinastia Song do Norte Xian Museu Histórico de Sha anxi
especializavam-se na mesma actividade. Os artesãos chineses eram procurados pela sua perícia até na Ásia Central; não era por acaso que os nómadas raptavam ferreiros, ourives, cinzeladores e tecelães. A Sul iniciava-se o uso intensivo das terras e uma enérgica afirmação da circulação monetária. A região meridional do Yunnan, hoje parte da República Popular da China, pertencia no século XII ao reino de Dali: tratava-se de uma zona artisticamente periférica, onde o gosto pictórico permanecia ancorado a soluçõesTang, mas a escultura sofrera inovadoras influências indianas. O verdadeiro problema era que as novas potências setentrionais tinham interrompido o comércio estatal com a Ásia Central. Durante a época de Huizong, nas primeiras décadas do século XII, a China conhece uma grave crise financeira; para além de que a terra estava nas mãos de poucos, a evasão fiscal estava na ordem do d\a. Já não era possível man ter a velha estratégia dos tributos anuais, então demasiado onerosos para o equilíbrio do Estado. Em l l 15 os Song aliaram-se aos Núzhen, situados ainda mais a Norte, com a ideia de derrotar os Lião encurralando-os e atacando-os em duas frentes opostas. Alcançada a vitória, os Núzhen continuaram a sua descida vitoriosa em direcção a Sul, desde a sua capital, Pequim (então Yanjing), até à capital dos Song, Kaifeng. Em l 127 Huizong, um dos soberanos mais sensíveis à arte e patron o da cultura, foi obrigado a ajoelhar-se perante o novo soberano inimigo. Foi levado como refém para os gélidos territórios setentrionais, para nunca mais regressar ; um trauma inável para os cortesãos Song. Os Núzhen dão assim início à dinastia Jin, ouro . 6. Cerâmica em forma de peixe com cabeça humana, dinastia Song do Norte, século XI. Ba th, Museum ot East Asian Ari. O SENTIDO PLÁSTICO DOS NÓMADAS JIN No século XII as fornalhas setentrionais estavam nas mãos dos nómadas Núzhen. O o com os novos comitentes estimulava novas soluções; a procura era tão elevada que os ceramistas Dmg realizavam as decorações dos vas os não por incisão mas por meio de matrizes de impressão Por vezes mergulhavam o pincel em óxido de ferro pois após a cozedura as cenas assim pintadas tornavam-se vermelho acobreado. As crianças com os seus jogos surgiram na série de temas pré pelos oleiros. A cerâmica Jun, pelo contrário, atribuía todo o seu fascínio à pureza da forma e ao jogo cromático do vidrado, continuava a recusar qualquer decoração figurativa sob o vidrado como se vê no pratinho Jun com vidrado verde, cuja superfície vibra graças a um extenso croque/é. Uma evidente mudança de gosto é revelada mesmo na paleta dos engobes:se os precedentes vidrados - do século XII -tinham tonalidades l l 7. Cerâmica Ding com motivo de impressão de camélias e fénix, dinastia Jin, final do sécul o XII d.C. Bath, Museum of East Asian Art. terrosas, agora eram caracterizados por tintas etéreas Os artesãos controlavam então perfeitamente a filtragem das cores sob o vidrado e já não apreciavam os escorrimentos abstractos casuais tão em voga na época Tang que desapareceram da superfície dos vasos chineses Na cerâmica Ozhou do século XIII foi introduzida uma inovação tecnológica fundamental foram aplicados esmaltes (vermelhos, verdes e amarelos) na superfície para decorar os vasos com motivos figurativos a frio. Esta solução do uso de esmaltes e o do/sonne será a mais apreciada pelas futuras dinastias, desde os Ming em diante Tendo em conta a perda de grande parte da produção pictórica em rolo - a parte as flores e pássaros e as paisagens - a ceramografia pode
constituir hoje uma amostra dos temas pictóricos mais completa do que as pinturas que resistiram Até os Jm, tal como os Lião, foram generosos comitentes de arte budista. Os mosteiros setentrionais deixaram-nos alguns ciclos de estátuas em terracota, com luohan, que chegam a atingir l metro de altura Poucos são os exemplares em madeira que nos chegaram, 8 Prato Jun com vidrado verde, de Henan, dinastia Jm Bath, Museum of East Asian Art 9. Cerâmica Cizhou decorada com esmaltes aplicados na superfície, dinastia Jin, século XIII-XIV d.C. Toronto, Royal Ontario Museum. 10. Na página ao lado Estátua em madeira de Buda Avalokitesvara em Irlãrãja, dinastia Ji n, século XI-XII d.C. Londres, Bntish Museum
pois dificilmente tal material encontra as condições ambientais adequadas para se co nservar durante um milénio Todavia no British Museum e possível irar um típico Avalokitesvara em madeira de desarmante naturalidade. O escultor representa-o em iTlãrãja, pose lúdica real também chamada a europeia Enquanto a mão direita sugere uma graciosidade intrínseca no Bodisatva, o resto do corpo embora a pose pretenda demonstrar relaxamento, exprime uma certa rigidez da coluna, com o tronco direit o e a perna esquerda pendendo em eixo com o mesmo. As formas são bastantes robustas, abandonando o cânone esguio da anterior dinastia nómada dos Lao O templo Dongqiu em jincheng no Shaanxi no seu aparelho decorativo em barro, rev ela um raro exemplo de tema profano Trata-se provavelmente de uma serva do mosteiro, quase em tamanho natural com os seus 162 cm concentrada a tocar um tamborete durante uma celebração. O escultor criou um tesouro até na realização desta personagem, na atenção pe a atenta concentração que os artistas religiosos aprenderam a atribuir aos luohan. A mulher participa compungida no ritual, os olhos inchados pelo acor dar recente o penteado com apanhados impecáveis, que contribui para alongar a sua silhueta já delgada a os dedos no instrumento com um gesto discreto E preciso lembrar que, num material como a terracota, afastar o braço do tronco teria sido tecnicamente complexo para o escultor A viva policromia conserva o poder de nos levar ao século XII com Kr. mulher, no m eio do cortejo 11 Estatua em madeira de Bodisatva em meditação, dinastia Jm, século XII-XIII d C Cole cção particular 12 Estatua em terracota de serva sentada, pormenor, dinastia Jin. Templo Dongqiu em Jincheng. Shaanxi CORTE EMIGRA PARA SUL Hjizong, sob a pressão do assédio nómada, tinha abdicado em fajor do nono filho, prova velmente o único familiar que naquela circunstância se encontrava longe da capital - e, portanto em segurança. A continuidade da dinastia estava assim assegu rada, pelo rrenos formalmente, se bem que o novo imperador tivesse que mudar a corte para Hangzhou, mais a Sul Também na nova sede, os Song tendo-se mudado para Sul, eram obrigados a pagar um tributo aosjin Os Song do Norte tinham favorecido em grande parte o taoismo, os Song do Sul, po r sua vez, renovaram a austeridade do confucionismo Despontaram estudos científico s, sobretudo de medicina, fizeram-se os primeiros achados arqueológicos, que deram início a pesquisas arqueológicas, est\mu \aram os co\ecc\or\aciores e impam aos artistas sobretudo aos ceramistas, um novo olhar sobre o ado Depois de um século, a historia é a mesma; na realidad e em 1221 os Song aliaram-se aos Mongóis contra os Jin. A medida teve sucesso mas originou a infiltração mongol no território. Um primeiro-mimstro decidiu combater a concentração fundiária e expropriou as terras para diminuir, ao mesmo tempo, o poder excessivo dos generais Tal política perspicaz, teve como resultado imediat
o o afastamento da corte das simpatias da aristocracia fundiária e da elite milita r Como resposta, diversos generais aram para as linhas Mongóis, que em 1276 entr aram quase sem serem incomodados na capital, acabando por prender toda a corte 13 Almofada em cerâmica, decorada com motivo de barcos, dinastia Song. UMA CRIAÇÃO DA MENTE A paisagem é uma criação da mente, uma forma de arte superior . Foi Mi Fu, talento versátil da dinastia, quem escreveu estas palavras, Talvez possamos partir desta designação para considerar a paisagem Song, do século X em diante, como uma forma de a rte cada vez mais abstracta, seguramente uma abstracção do real, com pinceladas que tendem cada vez mais para a c aligrafia, a um nível que torna severo o crivo entre os pintores de ofício e os pintores intelectuais. Os primeiros apontam para um resultado realista, esboçad o do tema, que os chineses chamam xiesheng, transcrever o vivo ; os segundos tentam colher a essência, a ideia e o exame pessoal do tema, e definem o próprio processo x /e/i, transcrever a ideia . Quando tentam transcrever a ideia , os pintores não se preocupam minimamente em usar a perspectiva, que o património visual chinês, na realidade, conhecia bem: os carpinteiros de corte pintavam jiehua. pinturas delimitadas, rolos com temas arquitectónicos, em perspec.; isométrica e até c om réguas, para pinceladas infalíveis. Até aos Song as estruturas com que se realizavam os rolos em seda para a pintura atingiam um tamanho máximo de 60 cm: as sim,convinha adoptar rolos verticais deste comprimento, pois cada novo rolo, ten do í uma diferente concentração de trama e urdidura, absorvia melhorou! pior a tinta; tam bém nos rolos horizontais, obtidos juntando diversas j peças, os pintores tentavam efectuar divisões correspondentes, de modo ] a evitar irregularidades na aplicação da tinta. A pintura de paisagem estava em ascensão; contudo, a partir de fontes' literárias sabe-se que o género mais em voga continuava a ser a figura humana. Se bem que ao íongo dos séculos os coleccionadores realizaram uma selecção de obras que já não espelha o gosto dos séculos XII e XIII, felizmente os Song foram a primeira dinastia para a qual não temos que recorrer massivarnente a cópias para exa minar o desenvolvimento da pintura. Os soberanos procuravam certamente pintores x/esfieng para o seu Yuhuayuan, a Ac ademia imperial de pintura, que tinha antecedentes na corte de Chengdu e em Nanj ing. Funcionava como um departamento do Hanlin, a Academia dos exames, a que se acedi a por selecção.Aos concorrentes era atribuído um tema, muitas vezes uma poesia antga, chegando a resultados interessantes quando o verso chave era um perfume, ou um s entimento. A selecção privilegiava a originalidade da ideia; mas uma vez que o candidato era ad mitido na escola, apreciava-se a parecença formal ao objecto; nesta altura a Academia arriscou-se a tornar-se o epicentro de um maneirismo já batido. Vale a pe na referir alguns números relativamente a esta instituição, que não era um instituto gigantesco mas antes um centro de elevadíssima selecção, onde viviam em média 3 pintores titulares, 6 pintores aprendizes, 4 assistentes e 40 estudantes. Não esquecer que quem acedia à Hanlin podia consultar a colecção imperial. Por um lado, isso consti tuía um privilégio e uma preciosa ocasião de aprofundamento, visto que a catalogação do património imperial encomendada por Huizong contava cerca de seis mil pinturas por outro lado, tornava-se embaraçoso não se uniformizar ao gosto do mais rico coleccionador do império, o próprio soberano. GuoXi nasceu por volta do ano 1020 em Wenxian.no Henan, no Norte. Professor assistente no Yuhuayuan, a Academia de pintura, famoso pelo modo como pintava árvores secas em paisagens invernais, muito prolífico, agradava a Shenzong, mas não a Huizong (indício de um gosto forte, não académico), que relegou as suas pinturas para armazéns, no que foi 14. Exemplo de pingyuan (perspectiva de nível), de um manual de pintura do século XV II d.C.
15 GuoXi, Inicio de Primavera, 1072 d.C., dinastia Song do Norte, 158 x 108 cm Taipe, Museu Nacional do Palácio. 16. GuoXi, Vale Profundo, pormenor, dinastia Song do Norte. Xangai, Museu de Xan gai. seguido em cadeia, para estarem a Ia page por outros coleccionadores chegou-se a o ponto de uma pintura de Guo Xi ter sido usada como trapo por um restaurador Po r sorte um connaisseur encontrou a obra e colocou-a a salvo Quando recebeu a encom enda para decorar os murais nas paredes das salas da Academia Guo teve uma ideia genial pediu aos pedreiros para não aplicar o reboco uniformemente mas para criar altos e baixos aplicando directamente com as mãos Pintou depois por cima elementos de paisagem obtendo uma formidável corporalidade. O seu Inicio de Primavera e a pr imeira pintura da historia da arte chinesa assinada e datada (1072) De um ponto de vista compositivo nas pinturas que nos chegaram Guo coloca em pos ição central uma massa montanhosa que parece an mada por um salto ntenor de energia como uma serpente que se enrola sobre si própria. As suas pinceladas são mais longas e húmidas, e em l mais complexas do que as de Fan Guan a variedade na disposição 17. Na pagina ao lado Fan Kuan, Paisagem Coberta de Neve, dinastia Song Tianji M useu de Arte 18 Fan Guan (atr), Sentado Sozinho Junto a um Ribeiro, dinastia Song, inicio sécul o XII dC 19 Huizong, Tentilhões e Bambu, pormenor, dinastia Song, 1100-1125 d C Nova Iorque , Metropolitan Museum dos elementos, a diferente distribuição dos pesos da composição conduz o olhar através da pintura Guo foi o primeiro a usar efeitos de luzes para os cumes montanhosos sem todavia se preocupar em determinar uma fonte de luz unitária, privilegiando po r vezes um efeito mais interessante, ainda que de modo arbítrano e incoerente. Em Guo Xi, e em geral na pintura chinesa, a luz não emana de um ponto exterior, não e um principio organizador externo , talvez porque os chineses não acreditavam num criador do Universo, pelo contrário a luz parece ser emanada pelas próprias cois as O filho de Guo, Guo Si, recolheu em l l 10 os ensinamentos do pai num ensaio (um a confusão, que junta também provavelmente palavras de mestres anteriores) a que deu o titulo Linchuan gaozhi (A Grande Mensagem das Florestas e dos Ribeiros). O mestre repara que, para dar profundidade ao panorama, o pintor tinha à sua dispos ição as três distâncias gaoyuan, shenyuan e pingyuan (ponto de fuga alto, médio e baixo) São su btilezas que os pintores chineses do século X em diante seguiram sempre e que Guo escreveu de forma esquemática A pintura depende da caligrafia Alias e bom que se desenvolva a partir dela e qu e a ela se reconduza convencido disto estava c grande talento Su Shi Nascido em 1036 em Meshan no Sichikr pintava os bambus com uma só pincelada, desde uma pon a a out ra Aos amigos que o provocavam Por que não os pintos ps secções como todos fazem? , respondia Por ocaso o bambu cê ré por secções7 Chegaram-nos algumas das suas obras, mas co ntam -se literalmente pelos dedos na maior parte, representam lanes de bambu Tinha um círculo de amigos, como o pintorV\en Tong, a quem sobreviv eu com dor e o calígrafo Huang Tmg an Encontravam-se, comentavam os grandes artist as do ado faziarr muitas vezes de examinadores nos concursos do Estado, discutc -n sobre o taoismo e o budismo chan sem nunca se desviarem ~a> linhas do confucionismo ortodoxo eram intelectuais perfeitamei*? integrados no s istema, evitando a polémica Não obstante, algun gesto de Su Shi não agradou ao imperad
or que o exilou quatro anos na ilha Hainan a Sul da actual Hong Kong imersa num cli na 20 Anónimo, Cervos entre Aceres Vermelhos, final do século X - inicio do século XI d C Taipe, Museu Nacional do Palácio 21 Anónimo, Peonias e Gato, dinastia Song, século XII d C. muito húmido Morreu em l 101, no regresso a capital vindo de um segundo exílio Mi Fu era um gemo desesperado amante de uma China de outros tempos a dosjin e do sTang Tinha nascido em 1051 em Xiangyang no Hubei de uma família originaria do Sha nxi a sua mãe era uma dama de companhia da mulher do imperador Renzong, de origens Sog dianas, portanto estrangeira o filho revelou desde pequeno uma capacidade mnemónic a notável que cedo lhe abriu caminho para uma carreira de funcionário a mãe fez sempre t udo para que o filho pudesse levar avante as suas aptidões. O pior inimigo da ascensão de Mi Fu na hierarquia burocrática foi ele propno foi-lhe murtas vezes m udada a função, pois não sabia chegar a compromissos e manter controlada a sua língua afiada. Era obcecado pela higiene e com a colecção de caligrafos, quando ainda não era famoso para ar a mania do coleccionismo, a mãe de Mi Fu teve que vender os seus travessões de cabelo Mi Fu tinha uma bacia perto de si (como no século XIV o grande Ni Zan) sem toalha, cuja 22 WenTong (1018/10191079 d C), Bambu em Tinta dinastia Song do Norte Taipe, Museu Nacional do Palácio 23 Mi Fu(1052-1107d C), Montanhas no Outono e Pinheiros Apropriados. montagem co m duas cores, dinastia Song do Norte 235 -Y' 24. Huizong (1082-1135 d.C), Mulheres Engomando Panos de Seda, pormenor, dinasti a Song, inicio século XII d.C. Boston, Museum of Fine Arts. ARTE NA CHINA utilização era proibida a quem quer que fosse Se alguma visita tocava nos quadros da sua colecção, Mi Fu limpava-os. As frequentes visitas que recebia obrigaram-no então a criar um compartimento para as peças mais valiosas. Trocava as peças, pois pas sado pouco tempo fartava-se delas: bastava-lhe saber que podia ter perto da almofada exemplos de caligrafias jm ouTang Pintava só em papel, sem o uso de alúmen, o que constituía um verdadeiro desafio para a perícia da sua mão. de facto, o papel não tratado não ite o menor borrão do pincel. Para estender a tinta experimentou também o uso de pauzinhos de papel o u do cálice do lótus Sobrepunha diversas camadas de tinta para dar volume e profundi dade aos objectos representados; recorreu também a um resultado pontilhado , pela aplicação de muitos traços caligráficos pequenos e redondos, em gota, chamados tradicionalmente dian eis porque esta técnica pontilhada é conhecida pelo nome de mídian, pontinhos à Mi Im agem predilecta, recorrente nos seus quadros, era a de uma cadeia montanhosa emergindo das nuvens, realizada com a técnica sem osso . Montanhas no Outo no e Pinheiros Apropriados, atribuído a Mi Fu, representam esplendidamente esta temática típica da sua produção a textura em mídian sugere a suavidade do manto monta nhoso, que o pintor exalta colorindo os cumes com a luz. Em primeiro plano, em baixo, vê-se um alpendre, para quem quisesse parar a ver o panorama fornecido p elo artista. É um local deixado para o espectador; a imagem e construída a partir de um ponto de vista alto, mas quem olha é convidado a descer no quadro Montanhas no Outono e Pinheiros Apropriados ilustra também a arte da montagem, ou seja, do encaixe da pintura num de seda, como se fosse uma protecção: recentes rest auradores escolheram um tecido que retoma e reforça a luminosidade do pape1 onde a pintura foi realizada; o sóbno cromatismo, amarelo ténue e branco, não incomoda o no
sso olhar enquanto analisa a obra Era também excelente retratista, sobretudo de personagens do ado de quem gostava Recolheu as suas observações críticas acerca das 25. Huizong, Poemas e Peónias, exemplo da grafia chamada escassez de ouro , dinastia Song, 1100-1126 d.C. Taipé, Museu Nacional do Palácio. 26.0 Imperador Huizong, dinastia Song. Taipé, Museu Nacional do Palácio. oeças da sua colecção e dos outros mestres no Huashi (Historia da Pintura) Grande cnti co e historiador de arte não repetia opiniões de compiladores precedentes vê e comunica as próprias sensações e os ^ados que possui não renunciando a valorizar os me nos favoritos e a ^ertar porteira os grandes Infelizmente não temos a certeza de ter nem m original feito por ele Morreu em 1107 o acontecimento poupou lhe er que ver cair a dinastia dos Song do Norte AOS vinte anos Zhao Ji (1082-1135) já era um mestre incontestado P itava a cores tendencialmente sem usar linhas de contorno Preferia género das flores e dos pássaros e gostava de pintar em forma de eques depois copiad os pelos cortesãos que o perseguiam para o fazer s na los Dava festas para mostrar a sua arte uma espécie de vernissage que a corte não podia faltar Inaugurou um estilo caligrafico pessoal a escassez de ouro jinshou elegantíssima fina e alongada quase no limite do equilíbrio percorrida por um forte dinamismo embora realizada com c. tranquilidade da sua mão genial Seguramente não lhe faltava uma extraordinária sensibilidade rela tivamente a nature za e a uma abordagem boémia da vida - que o tornava fascinante nos círculos culturai s a que se juntava um talento indiscutível mas parte do seu sucesso devia se obviame nte ao facto de ter subido muito cedo ao trono imperial com o nome de Huizong Se uma pintura realizada no Yuhuayuan não agradava a Huizong este mandava dar um reto que de alúmen (com um efeito tipo tábua rasa ) e o pintor tinha que recomeçar a obra seguindo as suas indicações Ele próprio gostava de realizar álbuns sobre as diver sas espécies de flores e de animais oferecidos ao jardim imperial. A sua produção era tão elevada e de tão espantosa qualidade que seria de esperar que tivesse uma espécie de oficina de ghostpainter e que a sua autografada servisse de aprovação e não de declaração de autoridade De outra forma só se pode supor que não dedicasse nem um minuto a arte de governar 27 Huizong (1082 f 135 dC) Papagaio com Cinco Cores dinastia Song Boston, Museum of Fine Arts 28 SuHanchen(atr), Jogo Invernal, dinastia Song do Sul, 1130-1160 d C Taipe Muse u Nacional do Palácio Q Z A ALTITUDE EXTERNA E. A ALTURA INTERNA Os Song são a dinastia da xingshu, da grafia individualista usada nas epístolas, nos diários íntimos. O século XI dá à luz os maiores mestres de toda a época. Cai Xiang, Su Shi, HuangTingjian, Mi Fu. Este último, que já vimos como pintor era também um coleccionador que procurava obras-pnmas onde se inspirar para a própria grafia. Em Caligrafia em Seda de Sichuan, de 1088, usa um pincel seco (em rigor molhado em tinta pouco diluída), delineia os caracteres com traços fortes para mostr ar a peremptória segurança com que pinta uma peça de seda intacta que um coleccionador ti nha mantido de parte durante décadas, quase como à sua espera, de um grande calígrafo. A grafia alterna espessuras diferentes, ora finas, ora vigorosas, o rit mo é de uma fluidez invejável HuangTingjian,querido amigo de Su Shi, nunca pintou Nascido em 1045, foi historiador, criando assim algumas antipatias entre os pode rosos que o obrigaram ao exílio mais do que uma vez, como, de resto, sucedeu também ao amigo. No exílio, no Sichuan, deparou-se com a caligrafia do monge Huaisu, da época
Tang. Foi uma inspiração que o abri para o mundo da caligrafia como meio de expressão dos próprios sentimentos Em Poesia em Redondilha, Huang leva a reflexão sobre o peso da composição para lá das fr onteiras do próprio carácter singular: impregna de tensão toda a folha, usando um espaçamento irregular entre as linhas, desequilibrando o peso no início com carac teres mais grossos e recuperando-o ao centro e no fecho da inscrição graças a caracteres dramaticamente mais afunilados. Nos seus cólofones sobre as pinturas de outros sublinha muitas vezes que a coisa mais importante que se deve procurar quando se pinta é o yun, a ressonância - ou como teria dito Clemente Rebora, o corres pondência entre a altitude externa e a altura interna . Morreu em l 105, com 70 anos quatro anos depois do inseparável Su Shi e dois anos antes de Mi Fu 29. Mi Fu (1052-1107 d.C.), Caligrafia em Seda de Sichuan, pormenor, dinastia So ng do Norte, 1088 d.C. Taipé, Museu Nacional do Palácio. i tt. i >/*^v --i * -â *£ #*£ "*. * t f H^-t íi- * '£lb l & -p. x>- &j * ^> -í f *í iL j * i í-* & 4í J3C- w? * í * * *" ^ J 7T ^ ^ * ; * * ? *í í ^j ** t * £ * * ^ j ^. * : # *: #~Jk í 4 í ** ^ If ^ ^C ^. ^ n- -*- ^ J l > ^lf~ 4H& ^. *^ _> 4sr (9ST A. * t& 4~ â ^ ^t ^ ^ -* UU r,--^?-. f?/ '-V r: iffc^. c 30 Huang Tingjian (1045- 31. Su Shi (1037-1101 d.C.), -1105 d.C.), Poes/3 em Texto em Memória de Septenárias. pormenor, Huang Jidao, pormenor, dinastia Song do Norte. dinastia Song do Norte. Taipe, Museu Nacional do Palácio. Huang Jidao, pormenor, dinastia Song do Norte. Xangai, Museu de Xangai. c
*"* ^ ®~ $L m ^iS H4j jt ^ > '^ 4h)Ul f 2í & ~% /é ^* ík?í ^ rf 1^4 ^ -? >r 4 * x AX ^^ ^ S4 & v w $ -* ifa -*^ 5 ii ^ í &Í ft n <*
AS CERÂMICAS SONG: PARAÍSO PARA. O TACTO No século XI os gostos expressos pela produção dos fornos setentnor e meridionais divergiam. A Sul era apreciada a cerâmicaYue e iniciava a produção de uma cerâmica elegantíssima, com o corpo especialmer fino, branca com vidrados com tonalidades azuladas, a qmgbai t fornalhas setentrionais também produziam uma cerâmica com parece finas, a D/ng, dada a delicadeza, são preferidas as formas abertas (corr os pratos), e a cor marfim, o creme com matizados castanhos, e a cê do molho de soja No distrito de Jun aperfeiçoava-se a tradição dos ce/cidon setentriom cerâmicas com deco rações florais sob um vidrado verde, ou então u espesso vidrado azul claro, quase alfazema, que se tornava mais fino nc bordos, conquistando assim uma cor c astanho-esverdeada; o resuta: era uma superfície monocromática sedosa. Cor e forma contribuía para determinar a qualidade táctil da peça, numa combinação de fazei inveja ao d sign contemporâneo A certa altura, a dinastia cansou-se desta monocromia - apesar de v peremptória e absoluta, que parecia não necessitar de nenhum artific* posterior e que abominava qualquer outra decoração concreta. O ceramistas só precisaram de acrescentar misturas abstractas, ou entã: criaram movimentos no corpo do vaso com salpicos de oxido de cobre. A corte monopolizou o resultado de algumas experiências concuzidas especialmente n os fornos do distrito de jun. nascia a cerâmica Ru, p i a corte , muito rara, com formas de delicada simplicidade, corpo ccr de cinza, vidrado azul céu, finíssimo cro quete em todo o objecto o vasc apoiava-se em es que deixavam apenas uma m/núscula martd Desconheaa-se onde tinha sido pmduztda até os arqueólogos terem 32. Jarra com decorações florais, grés qingbai, dinastia Song, 26,6 cm. Pequim, Museu do Palácio.
33. Fornos em Yaozhou, dinastia Song. 34. Na página ao lado: Taça Yao em cerâmica celadoncom peónias gravadas, dinastia Song, final do século XI - início do século XII d.C. Bath, Museum of East Asian Art. encontrado cerca de vinte destes exemplares de uma só vez perto das fornalhas de Qmgliangsi, junto a Baofeng no Henan trata-se, na maior parte, de peças destinadas as escrivaninhas da família imperial, os chamados amigos do cavalheiro , como vasos para enxaguar o pincel A produção chamada Cizhou não era, na realidade, limitada a uma só fornalha era referente a uma rede de fornos muito vasta, do Shanxi ao Shandong. Em todo o caso, era uma cerâmica para o povo, com o corpo em grés, a cobertura creme (a imrtar a requintada Ding) mas com uma grande fantasia nos métodos de decoração por exemplo, os ceramistas aplicavam dois engobes de cores diferentes e gravavam a primeira para conseguir desvendar a tinta da segunda, geralmente com ilustrações de motivos animais ou florais De especial charme, pela sua simplicidade eram as produções com engobes escuros, usadas principalmente na cerimonia do chá como iremos ver no seguimento da dinastia do Sul. As soluções cromáticas encontradas pelos ceramistas para a cerâmica Chaiyao eram verdadeiramente espantosas um azul co mo o céu depois da chuva no qual se espalhavam manchas de óxido de coore que na cozedura geravam marcas cor carmesim e purpura. Em l 127, quando a corte se m udou para Sul algumas cerâmicas produzidas nos fornos setentrionais tornaram-se pr opriedade dos Lião deixando de estar disponíveis terminou bruscamente, por exemplo a produção da b elíssima Ru, que ficou limitada, grosso modo, aos anos 1080-1 100. A corte teve por isso de reinventar um novo cânone com os produtos de que dispunha 35 Vaso tripé em cerâmica Ru, dinastia Song Pequim, Museu do Palácio 36 Cerâmica Cizhou, dinastia Song do Norte, século XI d C Bath, Museum of East Asian Art MODELADO: CONCENTRAÇÃO E PODER Os escultores Song prestavam uma grande atenção à individualidade, à atitude pessoal, ao gesto revelador de um carácter. No mosteiro Lingyan, próximo de Changqing, no Shangdong, o modelador escolheu tornar eterno um Luohan Sentado numa acção banal, enquanto está a coser, o fio não está representado, mas a sua indiferença juntamente com a concentração com que fixa a agulha, torna concreto o fio perante os nossos olhos . Embora o luohan seja captado na vida do dia a dia, não temos dificuldade em imaginar a sua capacidade de introspecção quando estivesse co ncentrado a meditar O modelado de um lokapala, um guardião de um mosteiro budista, tende para outra di recção completamente diferente, de terrífico pode'. Esta imagem é o resultado de um projecto ambicioso1 o escultorqje a que emanasse uma sensação de vigor, de resistên cia às intempéries com esse propósito escolheu realizá-lo em ferro, concebendo-o com ura altura considerável, dois metros e meio, recorrendo à fusão separada de divers os módulos , cujas uniões a frio, num momento posterior, ic bem visíveis. A estátua pesa ao todo quase duas toneladas 37. Estátua de Luohan sentado a coser, dinastia Song. Changqing, Mosteiro Lingyan 38. Estátua do general Lokapala, dinastia Song, 254 cm. Henan, Dengfangzhongqiumia o. A CORTE MERIDIONAL ESCOLHE O LEQUE A mudança para Hangzhou foi um trauma. Uma potência cultural obrigada a ter em conta a máquina de guerra nómada, o sofisticado Tobismo da corte, consciente de ser o farol cultural de todo o Sudoeste as atiço foi atingido no coração. A vitalidade da academia esmoreceu, os pintores torn
aram-se perfeitas máquina de temas havia quem piríasse só búfalos só orquídeas, a pincelada tornou-se invisível, as cores de fundo tornaram-se texturas muito delicadas No momento da queda dos Song do Norte o público apreciava quadras verticais monume ntais, de paisagens. Os Song do Sul optaram por uma escolha radicalmente oposta nobilitaram o leque, como perfeito universo circular em miniatura que, em caso d e necessidade, podia ser desmontado e remontado como folhas de álbuns numa colecção Apreciavam cada vez mais os álbuns de serie, de projecto sequências apenas de peonia s ou então somente de pêssegos combinadas com maravilhosas caligrafias Escrita e amor pictórico pela natureza conjugam-se numa beleza incomparável, quase exaltada se considerarmos os poucos centímetros quadrados onde se concentram. O leque com 247 39 Anónimo, Gibãos que Saqueiam o Ninho de uma Garça-Real, leque montado como folha de álbum, dinastia Song do Sul, final do século XII d C Nova Iorque, Metropolitan Museum as suas duas faces era capaz de realçar a relação entre a caligrafia (na frente) e a i magem (no verso) pt oduzindo o ideal dos Tang do sanjue as três perfeições numa única obra de arte o espectador pode assim examinar a caligr afia do artista (em primeiro lugar visto que a caligrafia aos olhos dos chineses e a arte mais elevada) apreciar a poesia vaguear com o olhar pela imagem avaliando se esta se reduz a uma mera ilustração ou se serve de complemento ou contraste relativamente aos sentimentos expressos pela poesia. As três componentes podem ser e normalmente são - de artistas diferentes por vezes ate vivendo com séculos de intervalo uma poesia do século IV d C escrita por um amigo caligrafo do pintor que a ilustrou os três artistas encontram-se num espaço assim tão reduzido A corte recua da paisagem ao microcosmos do jardim Nas pinturas as flores são semp re perfeitas nunca são representadas murchas já a realidade e tnste e decadente Li Tang (nascido em Heyang por volta de 1070-1 150) v véu em pleno a agem dos Song do Norte para os do Sul tendo tido uma grande responsabilidade foi o primei ro director da reorganizada academia de pintura sob a influência de Gaozong Deveria t er naquela época 70 anos Li Tang organizava a composição com uma perfeita alternância de espa cos vazios e chei os ao pintar espremia ou sacudia o pincel contra a seda desenvolveu a pincelada golpe de machado . Este género de espalhar a tinta por vezes quase a pingar confere u ma sensação de solidez as coisas, quase uma propnedade metálica. Para alem das paisagens dedicava-se a imagens de búfalos e realizava retratos No rolo. O Duque Wen dejm Recupera o seu Estado com mais de oito metros de compr imento a pintura de Li e caracterizada por uma forte veia narrativa, obtendo art ifícios da chamada pintura delimitada (notável no resultado da balaustrada em perspectiva is ometnca) e da representação teatral o movimento das personagens escondidas mas sugeridas por uma zona da tela que lembra o cortinado do teatro conduz o olh ar da direita para a esquerda e de novo para a direita do exterior para o interi or E uma historia ambientada no sec VII a C o duque de Jm viaja pela China para vis itar outros governadores numa sequência de seis encontros. Em cada cena o edifício onde tem lugar o encontro e captado de uma perspectiva diferente a escansão do esp aço sugere a escansão do tempo. Na ilustração enquanto um do governadores recebe o duque de Jm uma parelha de cavalos e trazida para o pátio para um espectáculo Li Tang conheceu o seu mais querido e talentoso aluno de uma maneira um pouco ro cambolesca Enquanto a corte fugia de Kaifeng 40 Li Tang,. O Doutor Itinerante, pormenor, dinastia Song do Sul. Nova Iorque, G ranger Collection K> l ARTE NA CHINA
50 41.LiTang, Vento nos Pinheiros entre os Dez mil Vales, dinastia Song doSul, 1124 d.C.Taipè, Museu Nacional do Palácio. 42-43 Li Tang,. O Duque 1140 d C Nova Iorque, Wsn de Jm Recupera o Metropolitan Museum. seu Estado, pormenores da cena da oferenda dos cavalos e da cena da partida do estado de Chu, dinastia Song do Sul, c para Hangzhou, o Mestre, como muitos outros, tinha se escondido ros bosques para se salvar da invasão nómada Enquanto descansava alguém tentou roubar lhe a mochila que, de resto, só continha gesso e pincéis. O ladrão, Xiao Zhao, foi apanhado, tendo-s e tornado seu aluno Foi Li Tang que inaugurou a abordagem visual à paisagem que se chamada da escola Ma-Xia , dos apelidos de dois dos seus alur morreu depois de dez anos de direcção da Academia, enquanto q Ma Yuan e Xia GUI, bastante mais novos, tiveram tempo de desenvcl e as suas premissas A parábola pictórica de Liang Kai é curiosa, pois iniciou-se como retratis. baimiao, c om uma abordagem hiper-realista, com contornos nitidcc vigorosos, que tinha como tema figuras budistas e taoistas Deoos lentamente, ou à monocromia a tint a de inspiração chan Chegou a amadurecer um absoluto desinteresse em relação à Academia, a ponto de pendurar o seu Cinto de Ouro - o reconhecimento máximo pan um pintor num prego de uma parede naYuhuayuan Liang sabia colher o espirito da per sonagem, a sua concentração a relação com o objecto da atenção tal iluminava o olhar das personagens por ele retratadas Pintava com traços oblíquos (de cima para baixo, da esquerda para a direita o traço na e de cima para baixo, da direrta para a esquerda o traço pie), as suas pinceladas lembram canas partidas diziam os antigos De Liang ficaram pinturas compendiarias , ji anbi realizadas com poucos traços essenciais. O superficial é varrido do seu papel. As suas obras eram extremamente apreciadas entre os coleccionadores j aponeses do período Ashikaga (séculos XIV-XVI) Mi Youren era filho de arte, ou seja de Mi Fu Enquanto que este ultimo tinha sido um expoente típico do círculo dos Song do Norte Mi Youren trabalhou na corte dos Song do Sul, visto que nasceu em 1085 e morreu em l 165 Ao contrário do incómodo progenitor; soube ganhar o favor do imper ador e afirmou-se como funcionário de sucesso. Na verdade continuou o tema estereo tipado do pai, perspectivas de montanhas perdidas nas nuvens, dando prova de uma sábia al ternância de tinta, ora diluída ora dura Os Mi não eram a única família de artistas também Ma Yuan vinha de uma dinastia de pintores, sob o poder do imperador Ningzong obteve o Cinto de Ouro na Academia Foi famoso por ter utilizado um enquadramento novo, notavelmen te desequilibrado, angulara um intelectual em primeiro plano, o seu alter-ego, conte mpla a paisagem a partir de um canto da composição. O ponto de vista é baixo, as montanhas distantes são achatadas, e as próximas são altas. A pincelada lembra muito a s soluções do seu mestre, LTang.Ao contrário de muitos 44. Liang Kai, Imortal, montagem com duas cores, dinastia Song do Sul, 1140-1210 d C, 48,7 x 27,6 cm Ta i pé, Museu Nacional do Palácio s precedentes, não se perde em detalhes renuncia ao supérfluo entos que introduzem linhas de força na ao deste modo o olhar pode hesitar na i,sendo conduz do para onde o artista quer. O ndência entre o vazio cnado e o silêncio que se impõe perante i se deve pensar que Ma Yuan tenha utilizado exclusivamente a
a em campo apenas elem do espectador não Mestre sugere uma itemplação da natureza i angular existem
copias impressionantemente poderosas Ssuas pinturas parietais de paisagens verti cais, que não são angulares Confrontar duas obras suas de composição semelhante pode ser esclarecedor. Em Contem plando Rebentos de Silva sob a Lua Cheia o funcionário protagonista da cena olha para cima também a vegetação tende para a lua. O servo enquanto segura o alaúde para o s enhor, aprende com este a paciência da contemplação da paisagem Em. Um Estudioso Contemplo uma Cascata o autor olha para baixo também o pinheiro se obstina a desca ir ja sem vigor. O que o pintor contempla nos não vemos, não e partilhado connosco. O servo espera embaraçado, parece intuir a tristeza do patrão. O Mestre elabora um j ogo l 253 e Ma Yuan ie Silva Sob a Loa Cteia leque montado como folha de álbum, dinastia Song do Sul, 25,1 x 26. Um Nova Iorque, Metiopolrtan Museura Ma fttím \em attmAaAfe
lolrares Ma Yuan leva nos a identificarmo-nos com o olhar do servo e por sua vez observa o funcionário, não nos convida a identficarmo6 directamente com ele Flui uma sensação de abatimento, e de autoi do artista, emoções q ue provavelmente cornam a para e D com o declínio da dinastia Temujin chefe dos Mongois, atacava já s a Norte aria a ser conhecido como Gengis Khan i Ma Lin que viveu na primei ra metade do século XIII continuamos lidar com filhos de arte - filho de Ma Yuan, neste caso, com toda jprobabiWade os dois trabalharam no mesmo estúdio. O pai tinh a os pvens na oficina mas uma lenda maliciosa diz que assinou s das pinturas mel hor conseguidas do filho a fim de favorecer o jue da sua carreira. Na verdade como p aisagista teria sido difici a incomoda primazia paterna, mas na representação do xosmos domestico Ma Lin afirmou -se como um autêntico poeta b seu. A Espera dos Convidados à Luz de um Candeeiro, retrata uma cena i tocante simplicidade uma festa entre amigos, juntos para i rar iflores de silva sob a luz da Lua cheia. A pintura alem disso, não se concentra sequer no momento da contemplação da natureza por si só comovente, mas na in quieta espera dos companheiros com quem dividir esta alegria. A oito séculos de distância, esta obra-pnma sobre a amizade e as pequenas coisas é ainda capaz de p rovocar forte impacto. No magnifico Camadas de Seda Gelada Ma Lin confirma a predilecção por uma rarefacção absoluta da composição, ajudando nos a perceber o frio límpido do primeiro florescimento o nosso olhar estaca no silencioso espaço preparado para o colofon pertence a imperatriz Yang Meizi (l 162-1232) que tinha também caligrafado obras do pai Li Song viveu na primeira metade do século 1200, em jovem era carpinteiro, depois foi adoptado pelo pintor Li Congxun Não renegou a s suas origens humildes tendo-as tornado motivo de inspiração para os seus grupos de figuras emergindo a sua capacidade de se misturar com o povo, de interpretar as suas angustias e a alegria fugaz. Uma atenção rara na pintura chinesa que por norma se mantém elevada aulica não se misturando com a vida dos que não eram aristocrata s Talvez por isso mesmo a pintura com tema popular (as fangsuhua, cenas de 49 Ma Lin Camadas de Seda Selada dinastia Song do Sul, 101 x 49,6 cm Pequim, Mus eu do Palácio
50 Ma Li n, Paisagem com Grande Pinheiro, dinastia Song do Sul, c 1250 d C Nova Iorque, Metropolitan Museum ^^^ l > *"^*Jk_ S.£r 58 51. Ma Lin, Orquídeas, dinastia Song do Sul, século XIII d.C., 26,2 x 22,4 cm. Nova Iorque, Metropolitan Museum. ) e murto mais irável. A pintura de Li Vendedor Ambulante ; torna-se uma ocasião para acumular pormenores com s pontilhadas, no limiar do perfeccionismo i gostav a especialmente dos dragões de Chen Rong Tal e ) em Nove Dragões, um longo rolo de l l metros de 1244, ) por 50 colofones e selos de coleccionadores e apreciadores Chen tinha métodos de trabalho absolutamente pouco .aoxos o pnmeiro o, parece imprescindível, era atingir o estado embriaguez Depois realizava as nuvens aplicand o a tinta em manchas (pomo). A sensação de vapor aquoso que paira no aparecimento dos dragões era obtida cu spindo agua sobre o rolo Mas não só, chegava a mergulharo chapéu na tinta, usando-o como carimbo Só nesta fase é que retocava as cores de fundo de tinta obtida s com o pincel Era ainda mais audaz na composição, onde recorria a um procedimento metonímico por vezes, esboçava simplesmente um ombro ou uma parte da cabeça para o int eiro dragão. Este Pollock ante litteram foi evidentemente muito bom a conciliar prazer e dever, porque desenvolveu de modo irrepreensível o seu trabalho o de func ionário do governo f\ * 259 SZliSong Vendedor tatotae rfe SngdoSul 1211 d C, Zi5x705cm Pequim, Mjseu do Palácio l 53 Chen Rong (1235-1262), Nove Dragões, pormenor, dinastia Song do Sul, 1244 d C, 46,3 x 1096,4 cm Boston, Museum ol Fine Arts 191
UDAATERRA E AS CERÂMICAS TEM MUDAR DE RECEITA Sob a influência dos Song, a qualidade na produção da cerâmica difundiuse ]á não são poucos o fornos diferenciados que geram o monopólio da técnica, mas todas as fornalhas têm um know how elevado e partilhado. "n todo o território setentrional, o matizado dos engobes verdes dos eladon por exemplo, torna-se mais uniforme Foi só sob os Song que a cerâmica chegou ate a ser preferida em relação aos metais preciosos , provavelmente seguindo o impulso do gosto dos funcionários letrados, que apreciavam a descrição Infelizmente, é urna arte que sucumbiu no monimato pois não nos c hegou nem um único nome de oleiro. 263 54. Na pagina ao lado: Cerâmica Guan, dinastia Song do Sul, século XII-XIII. Londres , British Museum. 55. Esquema de um forno em forma de dragão em Longquan para a produção cerâmica, dinasti a Song do Sul. 56. Cerâmica Jizhou com decoração com folha, dinastia Song do Sul, final século XII d.C. Bath, Museum of East Asian Art.
Ao longo da dinastia Song deu se uma explosão da produção de cerâmica, graças a adopção de fo nos em dragão aproveitavam declives naturais para se desenrolarem
ao longo de diversos metros, e chegavam a conter até 20 000 peças de cada vez. As fo rnalhas para a nova capital, nos arredores de Hangzhou realizavam cerâmicas chamad as guan, de corte com paredes finas com um impasto de argila que, uma vez cozida, se tornava escura no objecto era aplicado um vidrado cinzento azulado. A Guan, era praticamente a versão do exílio da cerâmica Ru os artesoes tentaram reproduzi-la, mas o impasto de terras não era o mesmo. Os engobes resultam mais espessos, mais claros, o craquelé mais denso Perante a falência diplomática junto dos nómadas e o florescimento de escavações arqueológic as, a elite aprecia formas mais conservadoras, que lembram as formas das dinastias do ado. A porcelana qingbai (com as caractensticas que já referi mos paredes finas, cândidas um engobe de espessura irregular, azulado) produzida em jingdezhen, tem motivos que lembram tanto as cerâmicas Ding do período dos Song d o Norte que se suspeita serem obra de artesãos setentrionais fugidos ao malho dos Jin A decoração da cerâmica Jian responde prontamente as novas exigências da cerimónia do chá pr eparar esta infusão tinha se tornado um ritual imprescindível para a alta sociedade - de resto, ate o impe'ador Huizong teve o trabalho de escrever a s normas das boas maneiras, Chalun (Questões sobre o Chá) Aos oleiros pediam-se agor a chávenas escuras para exaltar a indescência sempre variável da bebida. Os ceramistas e xaltavam uma certa oleosidade do engobe através dajuncão de ferro, o efeito irregular da superfície do chá podia ser continuado pela decoração do fundo da chávena, co m um padrão em pele de lebre . O Fujian, província chinesa meridional em frente à ilha deTaiwan, produzia chávenas para chá com engobe verde escuro, especif icamente para exportação para o Japão A chávena em grés da ilustração, proveniente de Jizhou oferece um esplêndido exemplo do en genho com que os oleiros tentavam impressionar o cliente Nesta peça foi colocada uma folha entre o corpo do vaso e o engobe, uma vez entrada a chávena no forno, a folha queima-se, mas a sua marca fica escavada no vidrado. A pessoa que bebe lentamente o seu chá, vai sendo revelado progressivamente este pormenor no fu ndo da chávena, que o contínuo bebencar da bebida 57. Cerâmica Longquan, chávena de chá, dinastia Song do Sul, fim do século XII - inicio do século XIII d C Bath, Museum of East Asian Art. 'avwo e dinâmico como um espectáculo vivo inua a tradição dos celadon, das cerâmicas com v idrados verdes os fornos de Longquan procuraram imitar a cerâmica Guan, a i,a produção Yaozhou (no Shaanxi) liberta-se completamente mitações, sendo as peças deco radas com gravações mais das lhasdeLongquan aplicavam um engobeverdejade.de reluzente num corpo vermelho acas tanhado. A solidez monocromática peças é tornada mais irregular por um denso croque/é, raramente por uma decoração figurativa. Para decorar a cerâmica Longquan, os ceramistas Song rec orriam maioritariamente a incisão, na tradição da cerâmica Yao. Os Song do Norte haviam preferido vasos Longquan com corpo fino e um vidrado espesso (verde amarelado, por vezes com decorações gravadas), os Song do Sul preferiam agora um corpo espesso e um vidrado fino (verde abrunho) A cerâmica Jizhou confiava o seu fascínio somente à criatividade da decoração, agradando a ssim às dinastias setentrionais de origens nómadas os Jin e os Yuan Contudo, este era já o gosto do século XIV 58 Cerâmica Cizhou com decoração de figuras de lenu dinastia Song do Sul, século XIII d C Bath, MuseumofEastAsian através da aplicação de figurinhas em papel' durante a cozedura as pequenas figuras qu eimam, deixando desse modo a sua marca. 265 266 O ENTALHE Os Song aperfeiçoaram a arte da laca' antes de mais, juntaram à resina cinzas ou arg
ila, para torná-la mais plástica Depois, partindo de núcleos de madeira, para ter objectos decorativos mais resistentes embora leves, estenderam e esculpiram a laca realizando assim bandejas, moveis, decorações budistas, pires para a cerimoni a do chá Wenzhou figurava entre os centros mais avançados desta especialidade Usava-se laca monocromática, ou sobrepunham-se diversas camadas de laca de cores diferente s, assim podia-se gravar a superfície da peça, e o corte deixava transparecer a cor da camada de baixo, um pouco como se fazia para a cerâmica Jizhou Outra hipótese consistia em entalhar na laca a madrepérola, ou ainda misturava-se com a resina pó d e ouro, para tornar a peça mais bnlhante, com cores que mudavam debaixo da luz. Uma requintada caixa em prata do século XIII, gravada e com esmalte preto, é um teso uro dos motivos decorativos da laca As cenas de flores e pássaros, tão em voga na pintura dos séculos j XII e XIII, são repr esentadas não só na tinta, mas também no fio j de seda Trama e urdidura são entrelaçadas e sobrepostas graças j a uma engenhoca do tear, deste modo as imagens q ue se criam l sob os ágeis dedos das tecedeiras parecem em baixo relevo é l uma técnica definida como seda entalhada , kesi, já presente na Ásia Central na época Tang, con hecendo com os Song o seu período de maior desenvolvimento é usada para criar ornamentos que conquistam a superfície dos objectos mais em voga da vida j q uotidiana, como tapeçarias, vestidos, sapatos Nos seus gineceus] as senhoras reali zam os mesmos temas que os pintores da época, j mas na seda entalhada. Na verdade, a p intura não era proibida as mulheres, pelo contrário, os homens e que não arriscavam colocar-se no tear com a kesi O público reconheceu a tecedeira mais requintada em Zhu Kemo, artista do século XII, inimitável no tecer de peónias 59. Caixa em prata com decoração gravada e em esmalte preto, dinastia Song do Sul, séc ulo XIII d.C. Bath, Museum of East Asian Art. 60 Zhu Keruo, Peonias em kesi (seda), dinastia Song do Sul, século XIII d C Shenya ng, Museu Provincial de Liaomng O INFERNO E. O PARAÍSO DE DAZU No próspero campo de Sichuan, numa vasta região chamada Dazu, desde a épocaTang que se realizavam capelas budistas na rocha, como em Dunhuang ou em Longmen. No final do século XII, Zhao Zhifeng, fervoroso adepto budista depois de uma longa viagem d e estudo pela região regressou a sua terra natal e decidiu dar vida a um complexo de estátuas dedicado ao budismo tântnco Zhao tinha em mente aproveitar a larga reent rância da colina de Baodmgshan, a dois os de onde tinha ado a infância, para criar uma espécie de catequismo por imagens, um fresco escultórico articulado ao longo de um percurso em U Zhao Zhifeng estava imerso no aprofundamento do budismo tântnco desde os cinco anos e quando lançou este projecto iconográfíco tinha apenas dezanove anos. Os pedreiros demoraram setent a anos (de 1179 a 1249) para terminar o grandioso plano de Zhao, incansável na pesquisa de fundos pa ra o empreendimento Aos peregrinos que acorriam en massa revelava-se ao longo da encosta da colina um formidável itinerário do olhar; que sugeria um percurso do espíri to f t É l l-ll. O nirvana do Buda, inteiro e pormenor das discípulas de Sakyamuni, séculos Xll -Xllld.C. Dazu, Sichuan. APROFUNDAMENTO Os fiéis, espantados, sentem-se quase intimidados diante dos cortejos divinos que
os escultores representaram com dinamismo, vigor; personalidade paramos defronte de uma capela submersa na obscuridade onde os Bodisatva se alegram a fazer pergu ntas doutrinais ao Buda, um pouco mais adiante, ficamos subjugados por uma gigan tesca tríade, com 8 metros de altura, com Vairocana, Samantabhadra, ManjusrT o AvalokitesVara dourado na sua forma com mil braços Mal saímos, ainda mara vilhados com a grandiosidade desta visão, esbarramos quase de imediato com um Buda em Nirvana, com cerca de 30 metros de comprimento. A colina continua assim a espalhar imagens em alto-relevo episódios retirados do Sutra do Rei Pavão, muito venerado pela corrente de Zhao Zhinfeng, a Roda dos Renascimentos, que mostra nu m só poderoso ícone - um círculo dividido em seis secções - o cosmograma budista, todas as criaturas - deuses, demónios, homens, animais -, a visão do mundo segundo a escola tântnca. Na parede Norte, por sua vez, o Buda Vairocana encontra-se no acto de pregar o seu ensinamento materializa se na rocha e e representado em quatro grupos escultóricos. O Buda expõe a importância da dedicação dos pais pelos filhos, conta vinte episódios da devoção dos filhos que o Buda Sakyamúni tinha demonstrado nas suas encarnações precedentes, descreve o paraíso de Amitãbha, e por fim, aterroriza os ouvintes explicando as terríveis tortu ras que esperam os pecadores no Inferno Quando o peregrino, irado e assustado , finalmente se escapa da garganta da colma, tem certamente a impressão de sair e rev er as estrelas (S B) 269 8.A China sob o domínio estrangeiro: a dinastia Yuan Khanbaliq, a cidade do Khan>y assim era conhecida a cidade de Pequim no século XIV pelos viajantes que lá chegavam vindos de toda a parte Mas não eram só comerciantes Aí residia também um franciscano, Giovanni da Montecorvino, o primeiro arcebispo das redondezas. Pequim era o epicentro político de um império que ia da Coreia ao Dmepre, e de um povo que havia aterrorizado a Polónia e a Hungria. Um pequeno pormenor incomodava os chineses não estamos a fala r de uma potência chinesa, mas sim mongol, de Gengis Khan e do seu sobrinho, Kublai, protagonistas respectivamente da primeira e da segunda metade do século. A sua linhagem em chinês tinha o nome de Yuan (l276-1368) Talvez a China do século XIV deixasse atemorizados os numerosos mercadores estrangeiros que percorriam o seu terrrtóno, mas para os autóctones não era certamente a Terra da Abundância . 1. Na página ao lado: Liu Kuantao, Kublai Khan Durante uma Batida de Caça, pormenor, dinastia Yuan, c. 1280. Taipé, Museu Nacional do Palácio. 2. Estátua Dourada de Monge com Tigela de Esmola, pormenor, dinastia Yuan, século XI V. Taipé, Museu Nacional do Palácio. 27! 172 DOMÍNIO MONGOL EA RECONQUISTA AUTÓCTONE A soe edade Yuan era atravessada por uma pesada desigualdade fiscal estavam isen tos de obrigações tributarias não só a elite c vil e mlitar mongol mas também o clero em particular o budista e o complexo dos semuren isto e os comerciantes e public anos estrangeiros uigures turcos persas sinos tibetanos russos venezianos genove ses que aproveitavam os seus privilégios para praticar a usura. A pressão fiscal ligada a quantidade de terra possuída recaia assim sobre o povo e os pequenos e médios proprietários de terras. Os Mongo s tambem sobrecarregavam o povo com numerosas co rveias. Os latifundiários mais abastados podiam fugir a este jugo através da isenção pecuniária aos pequenos e médios cultivadores incluindo os artesãos cabia-lhes aumenta
r periodicamente a serie dos operário'; empregados no sentido da melhoria da rede irngatona ou através de poderosas campanhas de edificação - sempre em beneficio d a elte dominante - ou nos estaleiros navais para as embarcações de transporte de arroz. A população não apreciava o recurso a cobradores de origem persa ou da Ásia Ce ntral nem as facilidades logísticas e fiscais de que beneficiavam os comerciantes estrangeiros em detrimento da classe mercantil local com os Mongois iniciou se o uso das notas de banco e a exploração do cobre foi encaminhada sobretudo para os utensílios de inspiração budista As especulações dos intermediários não chineses despoletaram uma pesada inflação e a condição povo não conheceu certamente melhorias com a escassez de 1325 e as cheias de 1351 Muitos intelectuais optaram por não colaborar alguns retiraram-se para eremitérios n as montanhas outros fugiram para o Japão outros ainda voltaram para gerir pessoalm ente os terrenos agncolas de família. Para desactivar de raiz a reconquista os Mongois vedaram aos Han ate nesmo a posse de armas Mas a resistência do povo articulou se bem cedo em sociedades secretas os Lotus Brancos osTurbantesVermelhos as Nuvens Brancas sob a égide do culto de Amitbaha ou Maitreya. O povo começou a faz er sentir a sua voz através de uma contestação fiscal em massa Compreende se o desolado desgosto do pintor Ni Zan quando anotava O pagamento dos impostos e um a exploração ( ) / Sinto me acorrentado pela raiva / Penso em abandonar os meus campos l Reuno a minha roupa e durante a noite ponho me a caminho . No espaço de tr inta anos, o império mongol agora ger do em satrapias que comunicavam pouco entre si desfez se sob a expansão e a organização dos movimentos da resistência 3. Na pagina ao lado Liu Kuantao KublaiKhan Durante uma Batida de Caça dinastia Yu an, c 1280 Taipe, Museu Nacional do Palácio 4 Liu Kuantao, Retraio de Kublai Khan pormenor dinastia Yuan século XIII O rebelde Zhang Schicheng ex-traficante de sal, juntamente com o seu grupo, conq uistou primeiro Suzhou depois Hangzhou e a região vizinha de Jiangnan, a mais rica do impeno. Em 1363 tinha os recursos para despir as vestes de vassalo e libertar -se do jugo mongol, desde ha algum tempo tinha se cercado de uma corte de intele ctuais e de artistas que realçassem o seu poder cinco anos depois começaria a dinastia Ming , A Resplandecente > * X"**** ^fc. ^ W S**. A ^ ^^fc r ~^^^^ -' ^ .- *< ~ 275 5. Na pagina ao lado. A Corte do Khan, do Manuscrito Jãmial-Tawm/rftde Rashíd ai- Dm , dinastia Yuan, c 1330 Berlim, Staatsbibhothek 6. Xie Chufang,. As Maravilhas tia Natureza, dinastia Yuan, 1321 Londres, Britis h Museum 7 Peixe entre Canas de Bambu, dinastia Yuan. Nova Iorque, Granger Collection 'r J t NOVO FÔLEGO DO NORTE A dinastia dos Song deixou de herança aos artistas do século XIV de in afectado maneirsmo Alguns pintores obstinavam se em manter artificialmente viva a tradw) do século XIII com o objectivo de agradar a determ nados patrões lentos a s ntonizarem se com as novas tendências também porque a extinção da sua nova riqueza ava necessariamente pela aquisição d gosto da classe dominante do período precedente Um punhado de artistas geniais resolve por sua vez, dar um pa^ o 9 Zhao Mengfu, Ovelha e Cabra, dinastia Yuan Washigton, Smithsonian Institution, Freer Gallery ofArt
atras na direcção da arte dos Jin orientais e dosTang para recomeçar e desenvolver novas soluções Quem inicia esta imensa reflexão é talvez Xianyu Shu (1257-1302) um artista de origens setentnonais, não chinesas, portador de um gosto artístico fresco aos olhos dos conhecedores, aborrecidos com o maneirismo Song Xianyu Shu frequentava a casa de um mecenas riquíssimo, Zhou Mi (1232 1298), onde gozava da oportunidade de examinar duas obras de arte soberbas o Manual de Caligrafia de Sun Guoting (segunda metade do século VII), um clássico da grafia xing/i a Wang Xizhi, e Esboço de Epitáfio para um Descendente de Yan Zhenqing (709-785) ponto de referência obrigatório para praticar a xingshu em voga na epocaTang Xianyu leva Zhao Mengfu (1254-1322 ) a dedicar se ao estudo das esteias dos Wei do Norte e dos manuscritosTang Deve d izer-se desde já que os historiadores de arte das dinastias seguintes não tiveram em grande conta a figura de Zhao Mengfu, pois digeriram mal a sua colaboração com a elite mongol facto ainda mais grave uma vez que Zhao descendia de um dos ramos em segundo grau da família imperial Song, e neste papel poderia ter-se tornado def ensor do desejo de revolta do povo Zhao nascera em 1254 em Huzhou, em Zhejiang. Em 1286 e chamado a corte pelo imperador Shiz mais conhec do como Kublai Khan Depois de Shizi pintou ao serviço de outros quatro imperadores mongois morreu em 1322. Na sua carreira alternou a vocação artística (como director da academia Hanlin) com uma direcção severa co mo governador de Jiangxi e de Zhejiang Graças ao seu estatuto pôde estudar diversas colecções em circulação pelo império inclusivamente a Sul. Num colofon de l 301 p autado pela sua caligrafia um pouco hipnot a um pouco enviesada para a direita, o próprio Zhao revela que oa d ele a coisa móis importante e o espirito da a ntiguidade (guyi) E pó antigo entende provavelmente as dinastias dos Wei dosjin e dosLn 10 Zhao Mengfu Cavalo e Escudeiro no Inverno dinastia Yuan Taipe Museu Nacional do Palácio evitando completamente - sob a mesma esteira operam os grandes imagem depois par ou comentando Não posso restoura-ío Não estou mestres Yuan da geração sucessiva - a tradição Song a altura Talvez com algumas excepções conta-se que foi colocado à sua atenção. Para Zhao as obras d e arte dos Jin (não os nómadas do século XII, para restauro uma pintura do grande Mi Fu que viveu dois séculos antes mas a linha gem do século IV d C) e dos Tang indicam um paradigma dele Zhao estudou o rolo, segurou o pincel na mão, aproximou-o da da simplicidade da forma expressiva e da sobriedade dos meios M~ 279 que são as melhores premissas para ouvir a natureza tema dos seus rolos. Na realid ade a obra de Zhao Mengfu surpreende nos pela sua heterogeneidade quase não existe m repetições Divertia-se a realizar com os amigos manchas de tinta que depois transfor mava com algumas pinceladas ora numa rocha ora numa arvore E necessaro itir que os pintores Yuan tinham em conta evitar o ditado Song ma s da dinastia anterior mudavam plenamente a percepção do espaço pois as pinturas de paisagem haviam evoluído decisivamente da visão da época Jm eTang - como soma de módu los isolados para outra muito mais sofisticada, onde todos os elementos se dissolvem no espaço puro Em. A Paisagem que Xie Youyu Guardava na Mente dos tardios anos oitenta do século XIII Zhao retoma o idioma arcaico do azul e verde inserindo, no entanto uma pincelada de cor fio de ferro e a escrita do selo. A p
intura já não e concebida como representação de lugares mas de formas e sublimada a caligrafia que se desincorpora num coagulo bem abastecido de citações de traços cali graficos de tonalidades de 11 Zhou Tingqmg,. O Divertimento dos Peixes, pormenor, dinastia Yuan, 1291,30,8 x 593 7 cm Nova Iorque, Metropolitan Museum 12 Zhao Mengfu, Cavaleiros, dinastia Yuan, Paris, Musee National dês Arts Asiatiqu es-Guimet t I ARTFNACHMA A GRANDE H STORIA DA ARTE v* ' - sua mulher Guan Daosheng, nascida em 1262 e falecida nos anos vinte do século XI V era uma grande pintora de bambu Segundo os seus biógrafos Qian Xuan era um alcoóli co Nasceu em Huzhou e morreu por volta de 1275 levava uma vida de eremita no Sul Qu ando estava bêbado os seus apreciadores aproveitavam para lhe tirar os esboços, que depois davam a completar aos falsifícadores. Assim, ainda em vida, o mercado estav a cheio de obras suas não representativas Foi forçado a mudar de para evitar falsificações. Em Wang Xizhi Observa os Patos o grande caligrafo do século IV c apanhado enquanto ira os palmipedes que teriam inspirado a sua escrita, carregando-a de um vig or lendário Qian Xuan usava um estilo gongbi (pincel trabalhado, uma aproximação consider ada artesanal hiper-realista, e não de letrado) Tinha estudado tão a fundo os mestres dos séculos anteriores que uma vez copiou durante a noite uma pintura d e patos que lhe tinham emprestado, remontou-o e restituiu o ao proprietário, que não deu por nada. Delertava-se também a retratar antigas personagens, como no seu So ng Taizu jogando a Bola Hoje e conhecido sobretudo pelas suas flores e pássaros os seus esquilos, 15 Qian Xuan, Wang Xizhi Observa os Patos, pormenor, dinastia Yuan, c 1295,23,2 x 92,7 cm Nova Iorque, Metropolitan Museum 16 Qian Xuan, Flores, dinastia Yuan Washington, Smithsonian Institution, Freer G allery ofArt. 285 17 Qian Xuan, Nobre a Cavalo dinastia Yuan, 1290 Londres, Bntish Museum QUATRO TITÃS Durante a dinastia mongol, assistimos a uma mudança de encomendas bastante traumátic a para os artistas já não e a corte a remunera-los, mas sim a nova burguesia latifundiária Acaba a figura do imperador como único arbiter elegantiarum Porem, os Yuan também produziram soberanos mecenas como é o caso de Wenzong, ou de Sengge a princesa anciã do Estado de Lu Como se não bastasse, a descontinuidade com que eram abertos os concursos imperiai s para funcionários deixou os letrados sem recursos Mas a desocupação dos intelectuais teve também consequências positivas Muitos cultos descendentes de famílias de latifund iários, como avestruzes que tiram finalmente a cabeça da areia, voltaram a sua atenção para as tradições orais locais, deram ouvidos ao povo de artífices e operários a gncolas que trabalhavam as próprias terras Varias lendas populares são escritas pela primeira vez precisamente neste período, o teatro conhece uma evolução f ormidável Atras de um dos pintores mais inspirados do século XIV Huang Gongwang, esconde-se também um prolífico dramaturgo Huang e enumerado entre os quatro mestres considerados figuras-chave para a arte deste período alem dele Ni Zan Wu Zhen.Wang
Meng. Os quatro não se conheciam todos pessoalmente, não se frequentavam como a quadrilha de Si Shi na época Song Con tudo e verdade que todos se concentram nc centro da resistência intelectual anti-Y uan, o Jiangnan (depois a regL de Nanquim), pintavam preferencialmente em papel, o qu e exigia me habilidade, pois não se pode tratar o papel com alúmen como SP com a seda, por isso este absorve a tinta sem possibilidades de mud Estavam geralmente inclinados para uma composição simplificada Ir concebendo a pintura de paisagem como uma poesia de forma ice pintada através de símbolos figurativos. O homem tende a desaparec da pintura como intermediário da natureza, permanece no máximo uma caotang, a cabana de palha, assinalando a possibilidade da presença de um observad or que em qualquer dos casos prefere retirar-se Já vimos que Qian Xuan, no inicio da dinastia, não renunca ainda figura humana e o último dos grandes mestres Yuan, Wa ng Meng c no entanto esta na transição para a dinastia Ming, não exclui n. os camponeses das suas composições, as quais, por outro lado assaltadas por um horror v acui que vai exactamente no sentido op ao da simplicidade de que se falou anteri ormente Por outro lado, a obra dos quatro grandes mestres arrisca se a desviante, pois e stes não são representativos das escolhas ope _ normalmente pelos artistas Yuan, que pelo contrario prossegu * è *> * l * 5 * * tt *> £. JH- $ t í í í* Ha* 4 't ^- £ á f. A * í j? t- *. *" ?\ $> fr> .% % * í ^ l? &^ í * íl:j f i ft í &ÍÍ? *£ 'm i * * *.£* > & " m^ *ç* l ]_,!,. <*. ""W* t 3 -i -*>£ "> z&x . YU . A f-K*". p- ^ $-S. 18 Anónimo, Retraio de Ni Zan, dinastia Yuan, c 1340,28.2 x 60,9 cm Taipe, Museu N acional do Palácio 19. Na pagina ao lado: Wang Meng,. A Gruta na Floresta de Juqu, pormenor, dinast ia Yuan Taipe, Museu Nacional do Palácio. 20-22. Huang Gongwang, Morando entre as Montanhas Fuchun, dinastia Yuan, c. 1350 , 33 x 696 cm. Taipé, Museu Nacional do Palácio. quase sempre o academismo Song Nesta segunda geração de artistas Yuan sobressai justamente um ex menino prodígio cria do por pais adoptivos talvez discípulo directo do próprio Zhao Mengfu Huang Gongwang (1269 1354) Adoptado por um pai de noventa anos lançou se numa carreira a
dministrativa brilhante que terminou bastante cedo devdo a um escândalo em serviço em 1315 pelo qual cumpriu também um breve período de detenção Acabou a ganhar a vida com o professor das três relgiões (confucionismo budsmo taoismo) e arúspice tendo fundado uma escola de filosofia em Suzhou ou os últimos sete a oito anos no monte Fuchun numa cabana desprotegida dos ventos e da chuva Perma necia sentado a recitar poesias contemplava a foz do rio Mão punha-se em cima dos telhados a estudar como pintar as nuvens Exactamente naquela cadeia montanhosa durante quatro anos p ntou o rolo M orando Entre os Montes Fuchun Tinha cerca de 80 anos quando se preparou para est e projecto. Ainda mais extraordinário e o rgor com que evitava o uso das cores trans figurando a realidade numa gama de cinzentos realizou sobretudo monocromias e qu ando fez uso de pigmentos color dos preferiu a alternância entre preto e purpura clara mais do que entre verde e azul. Em Aberta Apôs Nevão Fugaz a montanha parece retrair se juntamente com as nuvens e enroscar se na parte direita da pintura no vazio d eixado claro o pintor aplica um circulo vermelho minúsculo mas tanto mais poderoso por ser o único elemento colorido da composição o sol do pôrdo-sol sobre a neve Sob a su a luz em baixo a esquerda e um monte ou uma nuvem o objecto que desaparece7 s^sr È^^W! ilàil \> -~ _* t A s*
i^ / Á 23 WuZhen Álbum de Bambu pormenor dinastia Yuan 1350 Taipe Museu Nacional do Palácio 289290 Um amigo Dão Zongyi reuniu os seus pensamentos num ensaio,) Shanshuijue (Segredos do Pintura de Paisagem) Huang dispensa t no uso das cores entesourados em anos de experiências Por e para comunicar a sensação de um Verão na montanha e melhor ter^ pi ncel bem cheio de tinta depois ar sobre a prmeira camada ca o luoqtng (azul concha), assim se confere a ideia da vegetação luxun Convém depois disseminar a composição de baixios baas fontes i agua, que conferem um sentido de vivacidade ao conjunto Também um outro mestre do século XIV Wu Zhen (1280 13 praticava a aruspi cação para pagaras suas contas Experiente espad. na juventude absolutamente desinter essado pela carreira bur< estabelecido em Jiaxing insere frequentemente nas suas pintur as afigi de um pescador solitário relaxado no seu trabalho ao longo de um r maravi lhado pela beleza da natureza que o circunda No rolo vertical Pofos de Inverno Entre as Canas conservado em f 24 Sheng Mau,. Um Nobre Estudioso numa Floresta Outonal, dinastia Yuan, final de 13W 25 Wu Zhen, Pescador na Lagoa Dongtmg, dinastia Yuan, 1341 ft o mesmo pescador - com o barco carregado de nassas ocupa a parte inferior da pin tura. A transparência do amplo lerto do no é realizada com economia por ausência,
desfrutando das manchas de alúmen sobre a seda e exigindo a reconstrução óptica por part e do espectador. Um pincel quase seco retrata o pescador e a sua embarcação de modo bastante nítido, o remo desaparece de repente e, por contraste, imaginamos a água na qual mergulha. O homem foi surpreendido pelo voo improvisado de dois patos, mas no momento em que levanta os olhos para os procurar; 26. Sheng Mou, Pescadores entre as Alvores Outonais, dinastia Yuan, 1349. Nova I orque, Nathan Cummmgs Foundation. naquela que para nos e a parte esquerda do rolo eles já se deslocaram para a direi ta, e com eles o nosso olhar, que se perde também rapidamente na longa perspectiva , até ao horizonte serrano do fundo Wu Zhen habitava perto de um pintor-artesão, Sheng Mou. Os compradores chegavam à zona carregados de presentes mas para Sheng, e não para ele Wang era também gozado pela mulher Todavia, mantendo a dignidade asse gurava lhe Não será assim daqui a vinte anos Tmha razão 291 292 Em menos de um metro quadrado de papel (o seu Bambu a Su Shi medéj justamente 109 x 32cm) Wu Zhen realizou uma operação cultural < subtil sabedoria e de comovente sensibilidade. O titulo Bambu a Su S não e uma receita Su Shi foi um dos maiores artistas da dinastia Song Asl suas obr as eram tidas em tal conta pelo imperador que foram mesmo imortalizadas em estei as de pedra espalhadas como modelo por todo o território do império. No decorrer de um breve episódio de Su Shi na corte Song estas lapides foram mandadas despedaçar. Na inscrição sobre a pintura Wu conta que encontrou uma durante um e/o eava fora da porta de Huzhou era a Primavera de l 350 tinha 71 anos e Su Sh tinha morrido duzentos e cinquenta anos antes. A autoridade da representação era de tal ma neira indiscutvel queWu Zhen se declarou incapaz durante bastante tempo de p ntar algo de diferente Remonta justamente a meados do século XIV uma serie de bambus, nas formas mais var iadas e acompanhados por uma inserção pões a, reunidos depois num único portefolio Folheando as pagnas tem se a impressão de se saborear esboços de poesia realizados d e forma pictórica a urgência da poesia torna se x/mo divertissement em tinta. O próprio Wu conta nos Quando começo a pintar esqueço me de mim e do pincel na minha mão - mas [os artesãos que talvez sejam artistas como] o cozinheiro e o oleiro não fazem o mesmo7 Wang Meng (1308 (385) e sobrinho da arte descendente de Zhao Mengfu Nascido em W uxing em Zhejiang e o mais jovem dos quatro mestres Em Estadia nos Montes Qmgbtan de 1366 a monumentalidade vertical da composição acent ua os fundos luminosos contra os quais se recorta o perfil dos montes, montanhas flutuantes como nuvens Justamente nesta pintura um colofon do grande pento do sécu lo XVI Dong Qichang c ta palavras de consideração da parte de Ni Zan a força das pinceladas do mestre Wang e tal que faz levantar um tnpe Ni Zan irava Wang Men g contudo não poderiam ser mais diferentes Ni projectava o seu esquematismo sob/e a natureza enquanto Wang Meng poi sua vez tirava da natureza energia Na qualidade de funcionário Wang estabelece-se na região de Shandong. As trasenas do seu escritório davam para um edifício de três andares com uma grande vista sobre o monte Taishan Nos tempos mortos pintava a vista deste terraço Levou três anos para acabar a pintura Foi então que durante um Inverno nevou Wang queria dar uma reviravolta a obra para seguir a natureza queria acrescentar a neve Então um amgo un u o pincel a corda do seu arco polvlhando a de branco Puxando a corda nevou também sobre a pintura. O rolo 27 Wang Meng, Estadia nos Montes Qmgbian, dinastia Yuan 1366 Xangai Museu de Xan gai perdeu se de seguida num incêndio Enquanto os out os grandes mestres Yuan foram contemporaneamente gi andes pintor es e exímios letrados Wang escrevia nas suas pintui as poesias menos felizes mas
animava as composições com um vigor arrebatador na pintura Ge Zhichuan Muda de Morad a visvel em Pequm a energa das linhas de força (longmo veias de dragão dizem os chineses) agarra subitamente o olhar do espectador e leva o para o alto perco rre a pintura como uma potente espinha dorsal sobe como uma serpentina ao longo destas crinas de energia Wang muda continuamente a pincelada nunca cansando os nossos olh os cavalgando sempre ao mesmo impulso Emergem paisagens atravessadas por um frem to desconhecido a rocha adquire assim o semblante de uma criatura antediluviana Wang repropõe a mesma composição em Cottoge entre os Montes no Outono de cerca de 1368 conservado em Ta pé. A energia da cadeia montanhosa e aqui encavilhada pelos arcos de duas baias opostas numa em baixo a direita a primeira personagem que en contramos e também aqui (como em Wu Zhen) um pescador a espera que a sua rede se encha Nesta zona da pintura o pintor demora se a retratar os cavalheiros que pre guiçam nas suas habitações gozam o panorama fluvial e quase nos olham directamente nos olhos como se apanhados por um zoom potentssimo na outra chega de fora do rolo apôs um e o um casal no seu pequeno barco o movimento da embarcação dilata horizontalmente a respiração de resto totalmente vertcal da composição Adorava encenar paisagens muito sofridas e angustiantes talvez por uma espécie de previsão lúgubre feito prisioneiro numa conjura ant M ng em l 380 morreu cinco anos depo s na prisão. A sua culpa7 Ter-se entretido a irar pinturas juntamente com Hu Weiyong ministro desleal do imperador da nova dinastia Hongwu Ni Zan um dos latifundiários mais ricos do império acumulou uma colecção invejável no seu estúdio gale ria o Qingbike Maníaco da higiene t nhã uma baça ao lado para se limpar antes de pintar Estudou as pinturas de Huang Gongwang e dele imitou a paramonia no uso da tinta atingindo uma potência compositiva excepcional Delineou as suas pa isagens fluviais segundo um numero de variantes muito limitado para se concentrar na tin ta e nas linhas a imagem articula se geralmente sobre três planos um primeiro plan o uma margem ou uma lhota cobertos de poucas arvores esguias um no central isto e um espaço vazio uma segunda margem nrtidamente mais distante da qual se erguiam do ces cadeias montanhosas. O primeiro plano e o fundo não têm nenhum ponto em comum são apen as as arvores a garantirem a unidade óptica
fl ' * * £ /f iH í. % ** 4*. í. A s) (T'*-** 4 jJ-U A/-Í ,1. ,"lt fc, -í ^^^^^^^^^^^^^^^^^^ - *$ * /A-f ** *r^. £ >* * ,K *Í' 4-V T * íà * .lu.il ¥ w* n t ^ C ícikf í x *' tjí t s ífiíSÍ i -* Í23U***s f*si*r*-T
*j íl i? 't rf. '%, -*TR M * * BKjt i í f,5 A l* t \ * -ò *J> ;£ fi> t ^ .r AS < ** gstf W J_ *M Jãc £V* v MM&> ESs -& à >i' * *1 '4 ; ;* > ^ f ^ \ * ** \ ** í! í -*< .£ ^ j* l .t *. ! ftfl J 4, £ *.* *'* £*** £j*4i * ?**f 44 f;^^ i?* ^*-4* *v típfrs í i *ííí r=ié "*: _=<' ffi 5 *;' ^ /^ ^ * M f ^^ í í -V _^Wk ^ j
^ -w *$&& > N *-'^*> =* nra F IS iTTtí ft íi % '- i ft * f í í* i * > *el ** &~ f6 r í > * ^ .[? ^ ât£$ fâfl í 2 í* À / *- 2 , 1 l It^^X '''èí^tL 28 Ni Zan, Paisagem com Inscrições dinastia Yuan Londres Casa de Leilões Chnsties * j \\ .!r-1 A. Eí Sr Ç ai _ da pintura Nesta rarefacção do espaço as suas pinturas ganham uma luminosidade extraor dinária as veias de dragão verticais e horizontais alinhavam uma grelha solida cada pormenor explode como um grito no vazio Ni Zan usa um pincel seco obtido qu ase pelo corte o seu ângulo permite conferir contornos ásperos as coisas segundo um gosto oposto a Wu Zhen que gostava de contornos arredondados. No rolo vertica l. Os Se/s Cavalheiros de l 345 a ilhota em prime ro plano hospeda seis arvores onduladas todas diferentes cada uma com a sua folhagem técnica e titulo sugerem muito claram ente que os seis troncos simbolizam outros tantos intelectuais reunidos na contemplação da paisagem esta pintura indica um registo de leitura possvel para as o utras composições de Ni Chegaram ate nos cerca de sessenta obras suas das quas são seguramente da sua mão ap enas uma dúzia no entanto Ni Zan deixou tantas inscrições que podemos traçar as suas mudanças os projectos dos seus últimos vinte anos de vida quase mês a mês podemo s seguir o * . '* * '-' V*1 1 ' * * t, t jt ,. * >*,ríf ** * * 4 !*>!*' tl*t.í,^ ~?A àt,4í!íT4 "'"*
agravamento do seu estigmatismo nas diagonais da sua caligrafia subtil elegante e discreta como as arvores no silêncio das suas paisagens Nascido com o século aos cinquenta anos estava irritado com a sangria fiscal da elite mongol Deu então segu imento a uma intuição dado que os impostos do dominador se fundamentavam nas terras possuídas e intuindo que o descontentamento popular levaria a desordens d versas v endeu ou alugou todas as suas parcelas Não pedia sequer um pagamento imediato avis ava os amigos que adquiriam que iria retirando com o tempo o dinheiro Todos o tomava m como maluco ele por sua vez carregou num barco a colecção de pinturas um stock de rolos de seda e tinta em grande quantidade e pôs se a viver nos nos capilares d a região. Os publicanos mongois não podiam rnais persegui-lo ele não vivia terra alguma Cada vez que atracava ia visitar um amigo reunia uma parte do dinheiro de vido ou fazia uma pequena estadia e por fim durante um jantar sumptuoso desendiv idava se pintando uma obra-pnma :- * fc A k ?* A 29. Na pagina ao lado Ni Zan. O Estúdio de Rongxi. dinastia Yuan Taipe Museu Nacio nal do Palácio 30 Ni Zan, Apreciando a Natureza Selvagem numa floresta Outonal, dinastia Yuan 1 339 Colecção Particular 31 Ni Zan. Os Seis Cavalheiros, dinastia Yuan, 1345, 61,9 x 33,3 cm Xangai, Muse u de Xangai
OS CAMINHOS DA DISCÓRDIA SÃO INFINITOS A paixão pela modulação, pela repetição de um padrão favoreceu o reavivar da chamada pintura delimitada , ou seja, do desenho arquitectónico O Pavilhão Amarelo, de cerca de 1350, de XiaYong emana um fascínio poderoso pela uti lização atrevida do cólofon no peso da composição posição central, formação bem enquadrada, a recuperação arqueológica requintadíssima de uma escrita hshu de pequenas d imensões. O texto é uma poesia de duzentos anos antes, que canta o seu lamento pelas cheias que angustiam os camponeses. A mente do espectador voa subitamente ate as catástrofes naturais de 1344 que activaram o descontentamento popular. O re sultado7 Igual à força de um encontrão de um carneiro Wang Mian (l 335-1415) tinha nascido em Kuaiji,em Zhejiang Filho de camponeses, para contribuir para a economia familiar fazia de pastor já desde criança Contudo, soube reinventar-se diversas vezes durante a vida em vez d e vigiar as ovelhas, espreitava para a escola da aldeia Entrou cedo num mosteiro , onde ardia uma vela dia e noite sobre a qual podia estudar ate quando quisesse Apesar disso, não ou no3 exames de func ionário, resolvendo então queimar os seus escrito e dedicar-se ao estudo da arte militar. No fim, viveu a ensinar num velho templo E pintando ameixas Apenas ameixas Porque são símbolo de força têm a coragem de an unciar a Primavera quando o ar ainda esta gélido Talvez por consequência insinuasse uma ponta de patriotismo anti-mongol nas suas ameixoeiras Diz-se que viajou ate ao Nor e no Hebei para vender as pinturas Sobre um rolo ousa escrever rs f/ores agarram-se como gelo, como geada, nem mesmo o sopro do flauta dos mongo is pode afasta-las Regressou então para casa Plantou 1000 ameixoeiras e mais 500 I. Xia Yong,. O Pavilhão Amarelo, dinastia Yuan, c 1350,20,7 x 26,8 cm Nova Iorque, Metropolitan Museum. entre salgueiros e damasqueiros. Construiu a sua barcaça, e eou, um pouco como Ni Zan, trocando as suas pinturas por fruta; andava em extensão: um pouco de papel, um pouco de maçãs.
A luz de uma lua de prata desce filtrada Um casal de grous dança na noite. O som de uma flauta do pavilhão sul comoveria o coração de uma pedra, ou do ferro Queria ser como Chen Yuaniong [líder militar dos três reinos, nda], que carregou o seu barco com cristais rosa [cerejas, nda], contendo com todo o forço dos pulmões, embriagado, batendo o tempo ao ritmo da brisa da Primavera, afugentando assim um velho dojiangnan, que caiu desmaiado sobre a terra. 1415, na vigília da festa da colheita, o camponês da montanha de Kuaiji: Wang Man. É o seu último texto. 297 II. Wang Mian, Neve Perfumada na Ponte Partida, pormenor, dinastia Yuan, 113,2 x 49,8 cm. Nova Iorque, Metropolitan Museum. in. Wang Mian, Ameixoeira ao Luar, dinastia Vuan. Cleveland, Museum of Art. Q Z A PORCELANA? E UM PRODUTO DA TERRA. No século XIV afirma-se definitivamente a supremacia da porcelana, junto dos forno s da nova capital da indústria cerâmica, jmgdezhen, caulino e petunzé - os ingrediente s base estão disponíveis na natureza. Os ceramistas descobrem uma última inovação tecnológica, a decoração em cobalto e em vermelho sob uma cobertura transparente. A porcelana, por si só, oferece um substrato ideal para a pintura ainda antes de s er colocada no forno, ainda antes de receber um vidrado, apresenta uma superfície branca e seca. Os vasos adquirem dimensões inusitadas, cobrem-se de densas decorações figurativas É provável que os clientes mais ávidos desta produção fossem os numerosos residentes não chineses - dominadores mongóis e comerciantes estrangeiros -, portadores, assim, de um gosto totalmente d iferente e que adquiriam os vasos como objecto de ostentação (daqui o engrandecimento das formas) e não para uso. O cobalto (em chinês, suma//) provinha da Pérsia, onde es**, já estabelecida uma tradição cerâmica figurativa em azul, todavia era difícil importar as peças persas ao longo dos caminh os caravaneiros pelo que convinha transportar as maténas-primas e realizar os vasos m loco. O público adorava o facto que, em concorrência com as decorações florais, sobressaíssem cenas extraídas das peças teatrais coevas O verde dos famosos vidrados de Longquan escurece-se, e os ceramistas jogam com a decoração deixando sem vidrado algumas partes do biscoito, que depois da cozedura ficam acastanhados É precisamente no século XIV que os ceramistas importam a técnica d a decoração em esmalte, os doisonné, dos Árabes Nos cteonne a superfície do vaso é dividida em campos , enchidos com esmalte e submetidos a uma posterior cozedur a. Os espaços onde se insere o esmalte são gravados após a fusão, ou escavados antes da fusão 32. Recipiente de chá, dinastia Yuan. Fort Worth, Kimbell ArtMuseum. 33. Na página ao lado: Vaso meipingpara um ramo de ameixoeira, com decoração de dragões gravada, dinastia Yuan, primeira metade do século XIV Fort Worth. Kimbell Art Museum. l graças ao mesmo molde Inicialmente, tal técnica surgiu sobretudo na produção de vasos ce rimoniais para os ritos do budismo larnaísta, religião abraçada pelos mongóis O vaso, alma de tal procedimento, podia ser também em grés ou em porcelana, mas a part ir do período Ming (reino do imperador Xuande) é cada vez mais frequentemente em metal. A técnica agrada aos soberanos manchus da dinastia Qing (1644 1910) e o procedimento avança, sendo utilizado também para a criação de incensórios, vasos de flores, caixinhas, taças e objectos femininos. A partir do século XVIII a qualida de estética dos esmaltes sofre um declínio, estabelecendo-se em motivos convencionai s
Já desde o século XVI, para dividir em compartimentos menores as grandes superfícies d os vasos, recorre-se a elementos geométricos simples. Os primeiros nomes de chefes de oficina registados pelos livros de história de arte emergem do círculo dos artífices da laca; esboça se assim neste período uma nova consciência de si no grupo dos artesãos.Também os tabuleiros em laca, como as cerâmicas atingem dimensões demasiado gra ndes para um uso efectivo; o objecto torna-se pretexto e veículo para a ornamentação Protagonista é o trabalho cartuxo: a laca, uma resma vegetal, é espalhada sobre um c oração de madeira e gaze, camada sobre camada, até atingir a espessura desejada para ser entalhada, numa técnica chamada diaoqi, as camadas podem ser de cores dif erentes, e assim o entalhe destapa uma camada qi contrasta cromaticamente com o resto, a camada exterior é deixac tendencialmente castanha, ou então, de preferência, vermelha intensa no caso de a de coração ser figurada Nas dinastias seguintes, Ming e Qing, os artesãos chegam a estender duzentas camadas de laca cac uma exigia um dia para as espalhar e sec ar Sem contar com os efeiL devastadores nos pulmões dos lacadores, obrigados a ina lar pó de ouro-pigmento, que é praticamente arsénico, e de cinábno vermelh: (sulfureto de me rcúrio). Contudo, não há memória em nenhum, história da arte da má saúde destes artesãos (S B) 34. Incensário Chun, dinastia Yuan. Nova Iorque, Granger Collection. 35. Na página ao lado: Vaso em forma de abóbora em cerâmica celadon, dinastia Yuan, século XIV. Bath, Museum of East Asian Art . As abóboras, secas. eram utilizadas como cantis, esta é uma versão do mesmo recipiente em cerâmica, percor rida por uma magnífica craquelure.) \ \ 9.A China dos Ming, restauração e inovação jr^m longa dinastia Ming (1368-1644) e popularmente famosa sobretudo pelas requintadas porcelanas produzidas em abundância, não apenas para a corte imperial mas também para o próspero mercado estrangeiro que no f inal da dinastia era firmemente controlado pelos mercadores portugueses O desenvolvimento de uma sólida classe mer cantil no seio da própria China esteve na base de uma intensa produção de bens de luxo e obras de arte destinados às camadas mais abastadas o consumo de arte , das pinturas às porcelanas, dos móveis laçados aos entalhes em jade, é as sim uma das principais características deste período, que no sector da pintura,a mais alta expressão artística chinesa, regista uma fase de escassa criativ idade e uma certa repetição de estilos e de módulos de composição típicos das dinastias anteriores 303 1. Na página ao lado: Estátua de bronze do Buda, dinastia Ming. Londres, Casa de lei lões Chnsties. 2. Prato laçado com decoração gravada, dinastia Ming, reinado do imperador Hongzhi (r.
1487-1505), 1489. Londres, British Museum. A gravura retraia um famoso encontro entre letrados e poetas do século IV no Pavilhão das Orquídeas . o < O NASCIMENTO DA DINASTIA Em 1368, após um longo período de guerra civil, o trono do Filho do Céu voltou a ser o cupado por uma dinastia de origem chinesa que assumiu o título de Ming, A resplandecente , com uma referência implícita ao período de obscurantismo provocado pelo longo domínio estrangeiro e ao consequente regresso a um fulgor civilizacional de matriz plenamente chinesa. Na verdade um nome tão sonante pouco se adaptava às or igens humildes do fundador da dinastia, Zhu Yangzhang (1328-1398), que nasceu mendigo para morrer imperador Filho de lavradores ficou precocemente órfão tornandose, mais por razões de sobrevivência do que de fé monge de um templo budista Vendo que a vida monástica não era para ele, deixou o mosteiro e começou a viver na ru a, acabando por se ligar a um dos muitos bandos de bandidos que infestavam a China naqueles anos de transição e desvio que marcaram o fim do domínio mongol Ao contrario dos outros bandidos e rebeldes em vez de se limitar a saquea r e depredar Zhu Yangzhang foi conquistando uma série de territórios ate à tomada, em 1356, da cidade de Nanquim que escolheu para capital do pequeno reino por si constituído na China meridional Tendo derrotado os outros chefes rebeldes no Sul do país, em l 368 resolveu marchar para Pequim, que conquistou de forma pacifica, já que o imperador mongol preferiu batei em retirada para os territórios a Norte Tornando-se imperador com o nome dinástico de Hongwu, Zhu Yangzhang ou os trin ta anos seguintes a combater os mongóis que ainda enfrentavam os chineses na tenta tiva de reconquistar o império perdido contudo, as milícias guiadas pelo valente e fiel g eneral Xu Da avançaram ate ao coração da Ásia Central onde em l 372, pam Karakorum, cidade natal de Gengis Khan, a ferro e fogo Poucos anos depois, em 13 81, os mongóis foram também expulsos da província deYunnan, a sudoeste, e a China voltou a estar integralmente nas mãos dos chineses 3 Grande bacia de porcelana com decoração floral em pintura vermelha sob vidrado, di nastia IVfíng, período e marca do reinado do imperador Hongwu (r. 1368-1398), diâmetro 41,3 cm. Taipe, Museu Naciona l do Palácio. 4. Na página ao lado: Pintor anónimo de corte, retrato oficial do fundador da dinast ia iVfmg, o imperador Hongwu (f. 1368-1398), segunda metade do século XIV. Taipe, Museu Nacional do Palácio.
"' V 5. Na pagina ao lado: Quatro estatuetas de marfim, três das quais representando im ortais tauistas (entre os quais Zhongli Quan, considerado o mais importante dos Oito Imortais ) e uma o Bodisatva Guanyin, dinastia Ming Colecção partic ular. 6. Elemento ornamental para traje em ouro, trabalhado e engastado com pedras sem ipreciosas, dinastia Ming, século XV Londres, British Museum. O motivo dos dragões afrontados aos lados da pérola flamejante , de origem budista, lev a a crer que talvez o ornamento se destinasse ao imperador. A CHINA COMO POTÊNCIA MARÍTIMA Tendo em conta estes eventos é compreensível que uma das primeiras preocupações dos sobe ranos Ming tenha sido o restauro daquela enorme obra defensiva que é a Grande Muralha, como aliás já ocorrera no tempo dos Han. Os últimos feitos militares tinham, de facto,estendido as fronteiras setentrionais do império mais para Norte do que já alguma vez haviam estado durante as dinastias anteriores além disso, o perigo dos invasores vindos do Norte permanecia, tornando-se necessário tomar adequadas medidas de protecção Contudo, apesar desta penetração na Ásia Central, os soberanos Ming já não estavam interessados num controlo directo daquelas regiões, como de resto já acontecera com osTang era bastante claro que as vias marítimas se estava
m a transformar nas principais vias de comércio, e os Ming intuíram a tempo este importante factor com efeito, graças a eles, a China tornou-se em algo que nunca f ora antes uma potência naval de primeira ordem, com uma frota muito respeitável e almira ntes que iriam deixar uma marca profunda nas explorações da época, como o eunuco Zhang He. Para um povo essencialmente de terra como o eram os chineses, o martornou-se assim num elemento familiar, tanto que nas porcelanas produzidas sobretudo d urante o reinado do imperador Xuande (1426-1435), conservadas nos museus dos palác ios de Pequim eTaipé, surgem com frequência motivos de criaturas marinhas de feições fantástic as. A ligação com o mar também era facilitada pela posição da capital Nanquim, convenientemente colocada no trecho final do Yang-Tze ou no Azul, e adequadament e reestruturada para que adquirisse, também de um ponto de vista arquitectónico, o estatuto de capital imperial a cintura de muralhas, com um perímetro de mais de vinte quilómetros e cerca de vinte metros de altura, permanece até hoje a maior obra defensiva urbana do mundo. Além disso, desde a dinastia dos Song do Sul se fixara na zona meridional, esta parte do pais, que 7. A Grande Muralha da China num dos trechos perto de Mutianyu, com o aspecto qu e adquiriu após os restauros da época Ming. 8 Taça de porcelana azul e branca com motivos decorativos em vermelho representand o animais marinhos fantásticos dinastia Ming, reinado do imperador Xuande (r 1426-1435) diâmetro 101 cm Taipe, Museu Nacional do Palácio era um mero local de abastecimento alimentar - graças à fertilidade dos terrenos que nos melhores períodos chegavam a render três colheitas de arroz por ano - tornara-s e próspera, principalmente em termos culturais As principais vias de comercio fluvial avam por esta região e levavam às cidades costeiras os preciosos carregamentos de porcelanas produzidas em quantidades industriais nos fornos de Jmgdezhen. Além disso, era relevante o facto da cidade d e Nanquim estar geograficamente protegida contra eventuais incursões dos povos nómadas do Norte Todos estes elementos, todavia não foram tidos em conta porYongle ( 1402 1424) terceiro imperador Ming e usurpador do trono, que em 1420 transferiu a sede imperial de volta para Pequim ele não o podia saber ou prever, mas esta man obra acabou por representar uma das causas principais do enfraquecimento da dina stia e, por fim, da sua queda A mudança da capital exigiu profundas reestruturações de Pequim que abrangeram também os muitos templos da cidade e a sede do poder imperial, hoje conhecida como Cidade Proibida. Em Pequim criaram-se numerosos centros de artesanato com pessoa l proveniente dos outros centros de produção localizados no sul do país, para permitir a realização in loco dos objectos de decoração que deviam embelezar as residências da cort e e da aristocracia imperial. Um dos mais importantes foi a chamada Fábrica das Orquídeas, onde não se cultivavam flores, ao contrário do que o nome levaria a pen sar, mas se produziam objectos laçados que ainda hoje representam um dos orgulhos das artes decorativas dos Ming Sobre uma alma de madeira estendiam-se centenas d e camadas de laca que, depois de secas, eram entalhadas de modo a criar uma deco ração com efeito tridimensional, segundo uma técnica utilizada na China já desde a época dos Song do Sul nos prósperos centros urbanos situados na foz doYang Tze 9. Na pagina ao lado: Vaso cloisonne com tampa larga e decorado com dragões sobre um fundo de nuvens, dinastia Ming, reinado do imperador Xuande (r 1426-1435) Londres, British Museum. 10. Vista da diang Qmg Meti, a Porta da Pureza Celestial , século XV. Pequim, Cidade
Proibida. Esta era a entrada principal do pátio interior, que representava a secção privada da Cidade Proibida, onde residiam os imperadores das dinastias Ming e Qing < z 311 AS ARTES NA ÉPOCA MING Se compararmos a produção artística das artes mais nobres, pintura e caligrafia, prati cadas pelos letrados do longo período de dominação Ming, com a da precedente dinastia Song esta parecenos inevitavelmente repetitiva, por vezes aborrecida de sprovida de verdadeiros impulsos inovadores Se olharmos mais alem abrangendo tam bém os sectores da poesia e da filosofia, campos onde se salientaram as dinastias pr ecedentes, os Ming parecem-nos imitadores de tudo aquilo que a criatividade chines a ja expressara em épocas anterores Então, por que motivo o nome desta dinastia esta tão inexoravelmente ligado a arte chinesa, que a denominação Ming se tornou para nos num arquétipo da mais alta e requintada produção artística daquela civilização7 Trata-se obviamente, de um ponto de vista completamente oc dental gerado pelas intensas importações de artefactos mode in China que exactamente durante a dinastia Ming chegaram em abundância à Europa devido ao intens ificar das trocas comerciais a partir do século XVI, ou seja, quando os mercadores portugueses obtiveram a permissão para se estabelecerem em Macau (1517) de onde, d uas vezes por ano, zarpavam com os navios carregados de porcelanas, em parte rev endidas nos mercados da Ásia e levadas para a pátria para Lisboa, onde eram adqu ridas pelos compradores europeus. O Velho Continente começou assim a apreciar a produção artística chinesa em primeiro lugar através da porcelana, que sem duvida representa um dos pontos altos da arte Ming 11 Tabumha de tinta de forma circular decorada com o motivo de bom auspicio cham ado baizitu (conforme a inscrição), ou seja, das cem crianças , assinada pelo artesão Cheng Junfang, dinastia Ming, 1604 Tianjin, Museu de Arte 313 12. Taça de prata assinada por Zhu Bishan e representando um sábio tauista, dinastia Miiig, século XV, comprimento 23,6 cm. Taipé, Museu Nacional do Palácio. 13. Estatueta de porcelana dehua representando Cai Shen, a divindade da saúde: uma inscrição na base permite datá-la do 37° ano do reinado do imperador Wanli da dinastia Ming, ou seja, de 1610. Londres, British Museum. 14. Na página ao lado: Estatueta de cerâmica policroma saneai, três cores , representando o barrigudo e sorridente monge Budai, dinastia Ming, 1486. Londres, British Museum. \1 A PORCELANA E. O COMERCIO EXTERNO Os soberanos Ming inauguraram uma prática destinada a perdurar também durante a dina stia seguinte, a Qing, ou seja, a de aplicar marcas reais nos objectos, sobretud o nas porcelanas, que eram produzidos para a corte sob o severo controlo de oficia is imperiais que operavam como supervisores das produções artesanais. Pode-se dizer que durante a época Ming o conceito de adquire uma importância maior do que a que tivera nos períodos anteriores, tanto que a partir do século XVI também as pinturas que aspiravam ao estatuto de obras de arte tinham de ser assinadas, pa ra que lhes fosse assegurado - a elas e aos pintores que as realizavam o justo valor no florescente mercado de arte interno. Este principio valeu também para os
artesãos que produziam os órios indispensáveis à prática artística mais elevada, a pintura foi assim que nos chegaram nomes de artesãos que realizavam as pedras onde se diluía a tinta, entalhavam os porta-pincéis em bambu ou em madeira preciosa e poliam os jades que enfeitavam os escritórios dos letrados da época, favorecendo a contextualização das obras, necessária aos estudos histónco-artístic os. As marcas sobre as porcelanas, produzidas em grande quantidade nos fornos meridionais de Jingdezhen, que podiam garantir, graças à qualidade das maténaspnmas, os melhores artefactos, são bastante padronizadas e resumem-se a fórmulas de seis caracteres, ou ideogramas, do tipo Da Ming Xuande man zhi, ou seja, Produ zida (zhi) durante o reinado (nran) do imperador Xuande da grande (do) dinastia Ming . Esta prática liga-se também ao facto de que no período inicial da dinastia foi pr oibido, por decreto imperial, o comércio externo que caracterizara boa parte da economia da precedente dinastia Yuan: no entanto, as porcelanas e as sedas pr eciosas eram utilizadas como ofertas diplomáticas nos ntensificados intercâmbios com os outros países, tanto assim que só no ano de l 383, conforme é relatado pelos in ventários oficiais, foram enviadas para o estrangeiro 19.000 peças de porcelana como oferendas oficiais. No que diz respeito à ornamentação, predominam os motivos flo rais, realizados com pintura vermelha sob o vidrado, com as flores emblemáticas das quatro estações a desempenhar o i b 15. Na pagina ao lado: Tigela de porcelana azul e branca, dinastia Ming, período e marca do reinado do imperador Xuande (r. 1426-1435). Colecção particular. 16. Tigela de porcelana com vidrado vermelho acobreado e bordo folheado, dinasti a Ming, reinado do imperador Xuande (r. 1426-1435). Pequim, Museu do Palácio. 17-18. Nas páginas seguintes: Tigela de porcelana vermelha decorada com motivos fl orais, dinastia Ming, século XVI. Bath, Museum of East Asian Art; e vaso de porcelana decorado com figuras de dragão, dinastia Ming, reinado do imperador Jiajing (1521-1567). Berlim, Museum fur Ostiasiatische Kunst.
papel principal, a peónia para a Primavera, o pomo para o Verão, o crisântemo para o O utono e a camélia para o Inverno Como reflexo do apoio dado à religião budista pelos imperadores Ming durante todo o século XVII, na decoração das porcelanas utiliza das como recipientes para oferendas intensifica-se o uso dos oito símbolos da fé budista o vaso, que alude à eterna harmonia, a concha, voz do Buda; o guarda-s ol, emblema de autoridade espiritual; o estandarte, símbolo do poder real, o lótus imagem da pureza, a roda da lei, síntese dos ensinamentos do Buda, o par de pe ixes e o nó eterno, com os quais se auspiciava a protecção das influências maléficas e a longevidade. Durante a dinastia Ming as porcelanas azuis e brancas tornaram se famosas em todo o mundo Provam-no as inúmeras tentativas de imitação atestadas na Síria, no Egipto, naTurquia e na Pérsia, das quais fez menção também o unuco Zheng He, muçulmano originário da província de Yunnan, que, entre 1406 e 1433, realizou sete expedições navais e missões diplomáticas a mais de trinta paíse s do Sudeste Asiático, da África Ocidental e Oriental Estas viagens são relatadas por embaixadores imperiais que se juntaram a Zheng He, como Gong Zhen (autor da obra Países Estrangeiros do Ocidente) e Feixian (Tratado Sobre os Oceanos). O ponto fulcral da produção de porcelanas azuis e brancas é alcançado precisamente no período final da dinastia Ming e nos primeiros anos da dinastia Qing, entre 1620 e 1683, quand o, sob o impulso da crescente procura por parte de compradores estrangeiros os f ornos de Jingdezhen intensificaram a produção de porcelanas destinadas à exportação. É neste períod que os artesãos chineses realizam pratos, bandejas, jarros, bacias, gomis, chaleiras decorados com motivos encomendados especificamente pelos encome ndantes estrangeiros, como brasões das famílias nobres europeias ou símbolos da fé cristã, enquanto que o dragão, sobretudo o que tem patas com cinco garras, número simból ico que alude à totalidade do espaço, se destaca nos objectos de porcelana
produzidos para os imperadores, desde Hongzhi (1488-1505) até Wanli (1573-1619). C ontudo, a qualidade da produção vai diminuindo. 19. Tigela de porcelana azul e branca, dinastia Ming, c. 1600-1520. Londres, Bri tish Museum. A tigela foi produzida para o mercado de exportação, tal como comprovam os motivos de gosto europeu e as inscrições em latim. 32 20 Tigela de porcelana azul e branca decorada com motivos florais, dinastia Ming , reinado do imperador Xuande (r 1426-1435) Colecção particular. 21 Prato de porcelana azul e branca decorado com motivos florais, dinastia Ming, século XVI Tlanjin, Museu de Arte r * * i * * ^ f í * í í * ' A PINTURA Embora se tenha afirmado o constante carácter repetitivo da produção pictórica Ming, ser ia um erro total considerar a pintura dessa época como inválida ou completamente desprovida de uma força expressiva própria. Tudo quanto fora produzido nos períodos an teriores por autênticos gigantes da pintura chinesa só podia dar lugar como de facto sucedeu, a um período de relativa estagnação nesta espécie de pausa de reflexão rge a figura do cntico e letrado Dong Qichang (1555-1636), a quem se deve o mérito de ter tentado sistematizar a história da arte na China com uma visão de síntese que teve profundas influências nas gerações futuras e até mesmo nalguns estudiosos ocidentais. O seu pensamento, frequentemente reduzido a uma fórmula que não faz justiça à complexidade das argumenta coes, só há pouco tempo foi avaliado pela crítica mais cuidadosa e meticulosa, que repôs na perspectiva histórica certa a o bra de Dong Qichang Era um estudioso muito abastado que ocupou os cargos oficiai s mais elevados, possuía uma das mais vastas colecções de arte jamais reunidas, foi um p rofundo conhecedor da tradição budista e filosófica e revelou-se um hábil calígrafo e pintor conceituado muito procurado pelos seus contemporâneos Este apego pelas obras produzidas por artistas da época traduziu-se num florescent e mercado de arte em pleno desenvolvimento a partir do século XV, que dá provas da prosperidade e riqueza difundidas pelo país, e da presença de uma sólida classe mer cantil, além de uma abastada camada intelectual. Este facto foi comprovado pela escavação do túmulo do mercadorWang Zhen (1425-95) em Huaian, na província de Jiang su, de onde provêm uma caligrafia e vinte e quatro pinturas, montadas num longo rolo, assinado por reconhecidos artistas daquele período a análise dos investi gadores modernos, todavia, detectou dois falsos entre as pinturas que Wang Zhen julgava terem sido realizadas por artistas Yuan, mais uma prova e inevitável corolár io do florescente comércio de antiguidades daquela época. Para essa proliferação de obras de duvidosa autenticidade contribuiu decerto a larga difusão, durante a épo ca Ming, da impressão de textos e ilustrações, através de matrizes de madeira entalhadas a circulação de temas que antes se limitava ao grupo dos artista s de corte aumentou de forma considerável, dando a hábeis artesãos a oportunidade de aprenderem estilos e iconografias e de imitarem falsificando-o s deliberadamente.os grandes mestres do ado. Tudo isto gerou uma polémica aces a sobre o papel do artista no seio da sociedade chinesa, levando a uma diferenciação e ntre artistas 22. Dong Qichang,. A Sombra das Arvores no Verão, dinastia Ming, 1635. Taipé, Museu Nacional do Palácio. genuínos , os que pintavam e praticavam a caligrafia sem fins lucrativos para se cult ivarem a si próprios e à cultura de que eram expressão e, pelo contrário, os chamados artistas profissionais , que comercializavam as suas habilidades pictóricas ganhando a vida com a venda directa das suas criações Tal dicotomia, obviamente, foi formulada no seio das classes mais altas da sociedade que forneceram sólidas bases ideológicas de matriz confuciana a essas n
em
obres teorizações, mas teve escassos resultados na prática artística de então, visto que também os letrados e pintores famosos foram obrigados, para poderem enfr entar dificuldades imprevistas, a vender algumas das obras por si produzidas Ent re os que podiam dar-se ao luxo de cultivar a arte pela arte estavam sem dúvida os impe radores, sendo um deles, Xuande, considerado pela crítica chinesa como o mais hábil dos soberanos chineses que praticaram a arte pictónca.juntamente com o imperad or Song, Huizong (l 100-1 125). Na verdade, Xuande moldou grande parte do seu estil o sobre o do ilustre predecessor; que também lhe serviu de exemplo como mecenas de artistas e letrados, tanto que decidiu restabelecer o prestigioso instituto Song , a Academia Imperial das Belas Artes Entre as obras mais apreciadas de Xuande figura o rolo Qbões a Brincar, pintado du rante o seu segundo ano de reinado e inspirado num tema popular entre os pintore s profissionais e budistas devido ao múltiplo simbolismo que era atribuído à imagem do g ibão, ou do macaco em geral, na China. Além de ser um dos animais do Zodíaco chinês o macaco representava para os budistas o símbolo do próprio género humano, e a ex pressão sonyuan, três gibões, era homónima de triplo sucesso assim,a pintura de Xuande prestava-se perfeitamente para presentear um oficial da corte que era promovido de grau. O imperador doou muitas das suas pinturas em circunstâncias des te JS* * 4 * f tít * & &. i/ "Ti r7? &M w & m y^ii lítrx * * tasi BfhTfH %£ m k $ JL è 23. Shen Zhou (1427-1509), Desenhos do Real, dinastia Ming, 1494,34,7 x 55,4 cm. Taipé, Museu Nacional do Palácio. 24. Imperador Xuande, Gibões a Brincar, dinastia Ming, 1427. Taipé, Museu Nacional d o Palácio. género, também como meio para reforçar os laços com os homens de confiança do seu séquito De um ponto de vista estilístico, a pintura está repleta de referências a estilos adop tados por mestres do ado: por exemplo, a técnica utilizada no sombreado e no modelado das rochas e dos troncos das árvores, bem como na reprodução das plantas de bambu, remete explicitamente para a pin celada do grande mestre da época Yuan, Li Kan(í254 1320). 25 Zhang Lu, Lao Zi nos restam de Zhang Lu, representado enquanto, 26. Zhu Duan, Recitando Montado num Búfalo, artista de relevo no grupo segundo reza a tradição, Poemas num Pátio de dinastia Ming, 101,5 x conhecido por escola abandona a China Pinheiros, dinastia
55,3 cm. Taipe, Museu do Zhejiang , são de montado num búfalo. Ming, primeira metade Nacional do Palácio. temática tauista, tal do século XVI. Tianjin, Muitas das obras que como esta, onde Lao Zi é Museu de Arte. JARDINS E CASAS PARTICULARES Entre os pintores profissionais mais em voga nesse período merece ser lembrado Qiu Ying (c 1494 - c 1552) tão famoso que as suas obras eram falsificadas enquanto ele ainda era vivo uma das suas mais celebres pinturas representa o jardim de um a habitação elegante e senhorial com o propnetaro na soleira a receber o hospede que o visita. A pntura e uma ilustração perfeita daquele ambiente domestico e privad o que servia de pano de fundo a vida cultural de letrados e artistas do Sul da Chi na e leva nos a intima cultivação e apreciação da natureza que encontram a sua máxima expressão na arte do jardim levada aos mas altos nives precisamente na época Ming Pode se dizer que nesta época o jardim era o bem de luxo por excelenca também porque a propriedade de terra era a principal fonte de riqueza e a medida pela qual se avaliava o bem estar de um indivíduo ou de uma família Infelizmente os jardins que ainda hoje se podem irar em cidades do Sul como Suzhou foram prof undamente transformados mantendo de original apenas o nome para ter uma ideia de como eram os jardins Ming resta nos observar a representação que deles oferecem a pintura a prosa e a literatura da época Através destas fontes entre as quais se destaca no p lano literário a obra de Wen Zhenheng (1585 1645) Tratado Sobre as Coisas Supérfluas - aprendemos o eu dado com que um espaço circunscrito e definido era projectado pa ra ser transformado num mcrocosmos natural onde plantas arvores formações rochosas espelhos e cursos de agua trilhos e elementos arquitecton cos eram 27 Vista de um jardim dinastia Ming Suzhou 28 Qiu Ymg,. O Jardim da Vivenda de Wang Chuan no estilo do artista Wang Wei (70 1 761) dinastia Ming Colecção particular Conhecido como um dos Quatro Mestres de Suzhou Qiu Ymg distinguiu se pelas suas paisagens realizadas no estilo azul e verde da di nastia Tang compostos numa visão harmónica e unitária que restabelecesse a ideia de natureza perse guida com tanta tenacidade pelo letrado chinês desde os tempos da primeira pintura de paisagem Resumindo, mais do que ser um lugar onde se apreciava a natu reza nas suas manifestações mais autênticas, o jardim era um verdadeiro artefacto no qual ecoava um conjunto de valores confucianos e tauistas que o letrado encar nava na sua pessoa e exteriorizava na prática artística Era simultaneamente um lugar do espírito, utilizado em privado pelo letrado-artista como fonte de inspiração e, num a dimensão mais pública, um cenário onde ele actuava como intérprete dos mais elevados e nobres ideais da tradição. Paracompreendermelhoreste concerto pode-setoma rcomo exemplo uma das tantas pinturas da época Ming onde esta m/se en scène, que tem como protagonista o wenren o homem de letras, está fielmente transposta nu ma forma pictónca.Trata-se do rolo assinado por Du Jin (c 1465 - c 1509) com o título Apreciando as Antiguidades, onde está representado um dos atempos que mel hor caracterizavam os ocios intelectuais dos letrados Ming, o estudo de artefact os artísticos realizado na tranquilidade do jardim particular Basta um vislumbre para compreender que a composição foi elaborada para restituir a imagem idealizada do perfeito fidalgo que, acompanhado por um amigo igualmente culto, a o seu te mpo livre a estudar os artefactos simbólicos da civilização chinesa com efeito, em cima da mesa, a qual se encontra no centro da composição, encontram se bastantes recipientes rituais de bronze que remontam às antigas dinastias Shang e Zhou, postos ao lado de requintados exemplos da produção cerâmica Song, noutra mesa, onde es tão ordenadamente colocados alguns rolos de pinturas, dois criados pousam uma cítara (q/n), ainda embrulhada no seu estojo de seda, para ser tocada pelos dois l etrados no final da tarde de estudo. A esquerda entra em cena um jovem rapaz que
leva um tabuleiro de xadrez o jogo de xadrez, a música a caligrafia e a pintura co nstituíam as quatro artes nobres nas quais o perfeito estudioso tinha de se mostra r versado. As plantas que fecham a composição atrás são algumas das favoritas dos chineses na composição dos jardins - o bambu, o plátano, o cipreste e o vvutong -, enquanto que a elaborada rocha em primeiro plano nos lembra que as pedras submet idas à acção dos agentes naturais e encontradas no fundo do LagoTai, no Sul da China, eram uma peça fundamental na ornamentação dos jardins. O significado da composição torna-s e ainda mais explícito pela inscrição que o artista gravou no canto superior esquerdo da pintura, na qual celebra a importância da vida regulada segundo os dit ames do ritual e da música e dedicada ao estudo, à apreciação e à prática da arte (f S) 29. Qiu Ying. Dois Estudiosos a Tocar o Qin e o Erhu Debaixo de um Pinheiro, din astia Ming. Colecção particular. O.A dinastia Qing e o fim do império chinês com a dinastia Qing terminou a longa história da China imperial, que começou no ano 221 a.C com a primeira unificação de Qin Shi Huangdi e que acabou marcada pelo domínio estrangeiro. As origens manchus dos Qing não impediram, conludo,a iluminados imperadores da época de be tornarem intérpretes e defensores da cultura, da literatura, da poesia e da arte chinesa,tanto que ainda hoje se podem contemplar preciosos tesouros do ado artístico chinês, graças às inúmeras obras que imperadores como Qianlong coleccionaram ao longo das suas vidas. A abertura mental dos sober anos Qing era demonstrada também pelo irteresse que tinham pela cultura europeia um caso emblemático é o do jesuíta italiano, Giuseppe Castiglione, que ou nada men os do que cinquenta anos na corte a pintar obras que fascinavam Qianlong pela utilização d as técnicas pictóricas ocidentais, sabiamente combinadas com os elementos da pintura chinesa clássica. A influência de Castiglione durou muito tempo, tanto qu e a pintura a óleo começou a ser praticada com regularidade, a partir do século XIX, nas escolas de arte chinesas. 329 1. Na pagina ao lado: Vaso de porcelana com decoração policromática esmaltada com um m otivo de dragões central, dinastia Qing, reinado do imperador Qianlong (1736-1796). Taipé, Museu Na cional do Palácio 2. Pendente em jade em fornia de dragão, dinastia Qing, século XVIII-XIX. Londres, B ritish Museum. AS ORIGENS Apesar das datas que a história indica poderem frequentemente dar a impressão de que , a certa altura, uma dinastia terminou e outra tomou o seu lugar. Na realidade, as coisas não correram de uma forma tão simples Sobretudo na China, onde semelhantes mudanças raramente se dão repentinamente, sendo, peio contrário, marcadas por longos períodos de instabilidade - política, económica e cultural - que caracterizam a fase final de uma dinastia, seguidos de muitos anos, freque ntemente décadas, de consolidação do poder por parte dos reinantes. Isto é exactamente o que ocorreu entre a queda dos Ming e a entronização dos Qing, a dinastia que marcou o fim do longo período imperial que começou no século in a C e que acabou formalmente com a abdicação, a 12 de Fevereiro de 1912, de Pu Yi, o último imperador, celebrado no filme de Bertoluc ci. O lento declínio dos Ming começara já por volta de 1600, com as frequentes incursões de pirataria dos japoneses na costa marítima, o aumento dos estabeleciment os europeus nas cidades costeiras e as moléstias dos Tártaros que, para lá da linha defensiva da Grande Muralha, estavam a organizar um verdadeiro estado na M anchúna, correspondentes às actuais províncias do Nordeste: Liaoning, Heilongjiang e Jilm De qualquer maneira, não foram estes múltiplos factores externos que
330 3. Interior do palácio imperial. Shenyang. levaram a queda da dinastia Ming mas as lutas internas entre as facções da própria ari stocracia pela conquista do trono imperial e as crescentes rebeliões que se estavam a alastrar por todo o pais Deste modo enquanto a China dos Ming caia len tamente os Manchus tiveram tempo para se prepararem militarmente e politicamente o seu líder Nurhaci (1559-1626) cessou o regular envio dos tributos a corte Ming e fundou em 1616 a dinastia Jin dando inicio a gradual erosão dos territórios stentnonais sob o domínio chinês e estabelecendo em 1626 a capital em Mukden a actual Shenyang (província de Liaoning) onde ainda hoje e possível visitar o palácio imperial cuja instalação relembra a Cidade Proibida de Pequim, residência dos imperadores Ming. A dinastia Qing cujo nome significa A Pura foi formalmente instituída em 1636 três anos antes da maciça invasão da China onde entretanto o rebelde Li Zheng marchava com o seu exercito rumo a capital Li Zheng chegou as portas de Pequim e m 1644 e o ultimo imperador Ming Chong Zhen ao ver-se perdido enforcou-se numa a rvore Era o sinal para os Manchus sob o pretexto de punir os rebeldes que tinham provo cado a morte do soberano Ming e apresentando-se como os que o Céu tinha nomeado pa ra governar o pais marcharam para a capital derrotaram Li Zheng e entronizando Fuli n que com o nome de reinado Shunzhi (1644 1661), deu formalmente inicio a dinast ia Qing 331 4. A Cidade Proibida vista decima Pequim A GRANDE HISTORIA DA ARTE "R 5. Na pagina ao lado: Artista anónimo de corte,. As Doze Beldades, pintura sobre s eda, dinastia Qing, final do período Kangxi, 1709-1723. Pequim, Museu do Palácio. A pintura retrata uma das favoritas do príncipe Yinzhen, futuro imperador c om o nome de Yongzheng. 6. Traje imperial longpao veste do dragão , dinastia Qing, reinado do imperador Qianl ong. Pequim, Museu do Palácio. O traje de seda é bordado com motivos que simbolizam a autoridade imperial, sobretudo os dragões de cinco garras. BÁRBAROS E CHINESES Durante muito tempo, as tropas Manchu tiveram de combater contra fortes núcleos de resistência presentes em várias regiões do país, que lutavam, obviamente, contra os dominadores estrangeiros que viam instalar-se mais uma vez no trono do Filho do Céu. Para além disso apesar da gradual subjugação de todo o país, foi precisamente esta lealdade para com a dinastia Ming que representou para os soberanos Manchus a ma is dolorosa pedra no sapato e, ao mesmo tempo, foi o maior estímulo para uma cresc ente sinização. Este processo teve fortes repercussões também no campo cultural e artístico lev ando os imperadores Qing a serem grandes iradores e mecenas da cultura chinesa, tornando-se eles próprios apoiantes e praticantes das artes, abertos aos os com outras civilizações, para alem a z 334 7. Porta da Apresentação das Congratulações . Pequim, Cidade Proibida. Este e o o ao e difício onde se reconheciam oficialmente os vencedores dos concursos estatais Todos os palácios e pavilhões que compõem o complexo arquitectónico
da Cidade Proibida têm o nome escrito em caracteres manchus a esquerda e chineses do lado oposto.
de fervorosos coleccionadores, poetas capazes e calígrafos hábeis Paradoxalmente, ac abaram por se tornar mais chineses do que os próprios chineses, num deliberado processo de auto-aculturação que, porém, não os levou a renunciar às próprias raízes étnicas, lturais e linguísticas, fortes no dúplice sistema de escrita, manchu e chinês, adoptado nos documentos oficiais, em pormenores das peças de vestuário, na a rquitectura e na escolha de determinados elementos iconográficos Foram, sem dúvida, soberanos iluminados que souberam realiza r; pelo menos no plano da cultura e da arte oficiais, uma síntese entre tradições diferentes e, deste modo, inocular uma nova linfa vital na produção artística chinesa com resultados que se reflectirão na China dos séculos seguintes e, em certos aspectos, até aos nossos dias. 335 8. Huang Ren, pedra que servia para diluir a tinta, dinastia Qing, reinada da im perador Kangxi (r. 1662-1722). Tlanjin, Museu de Arte. 9 Artista anónimo de corte, Retraio do Imperador Kangxi que se Aventura na Caligra fia. dinastia Qing, reinado do imperador Kangxi. Pequim, Museu do Palácio l"' % f ""'W ' l\' :\ f T" T u-f. , 337 10 Porta pincéis feito de - inicio do século XVIII uma secção de bambu e Taipe Museu Nacional entalhado com o motivo do Palácio dos Sete sábios da pequena floresta de bambu , dinastia Qmg, finais do século XVII OS TRÊS IMPERADORES ILUMINADOS São três os imperadores responsáveis por este longo e delicado processo de síntese cultu ral, três soberanos cujo grandioso perfil sobressai, mesmo séculos mais tarde, no contexto da história chinesa: Kangxi (1661 -1722),Yongzheng (1722 1735) e Qianlong (1736 1796) Kangxi subiu ao trono quando tinha apenas oito anos e reinou até aos sessenta e um anos completou a obra de unificação da China, combateu os inevitáveis inimigos internos da corte e de dicou-se à pacificação entre Chineses e Manchus para reforçar o Estado. Para tal propósito, promoveu novos concursos imperiais, favorecendo o recrutamento de l etrados que se demonstravam hesitantes em colaborar com a nova dinastia Provavel mente para lhes fazer perceber o quanto irava a história e cultura chinesas, mandou c ompilar a história oficial da dinastia Ming e redigir o mais exaustivo dicionário que alguma vez foi completado na China e que leva o seu nome o Kangxi Ztdian, um repertório de mais de 40000 ideogramas ou caracteres. Além disso, demonstrou-se benévolo para com os missionários cristãos que desde o século anterior chegavam com os n avios europeus (Matteo RICCI desembarcara na China em 1581) e, com um édito de tolerância datado de l 690, autorizou-os a construir igrejas cristãs por todo o país. Contudo, a questão dos ritos, ou seja, se os chineses convertidos poderiam continuar a praticar o c ulto dos anteados venerados nas habitações com as imagens e as placas ancestrais colocadas nos altares domésticos, levou a Igreja de Roma a adoptar uma posição intrans
igente, tendo como resultado que, em 1706, Kangxi revogasse aos missionários a liberdade de propagar a fé cristã De qualquer maneira, as bases do diálogo, pelo men os cultural, tinham sido lançadas havia muito tempo e não podiam certamente ser canceladas de um dia para outro os imperadores Qing estavam verdadeiramente interessados na cultura, na ciência e na arte ocidentais e os jesuítas tinham começado , já desde o século XVII, um importante trabalho de tradução em chinês de textos fundamentai s da tradição ocidental, chamando ao mesmo tempo a atenção dos eruditos europeus para os fundamentos do edifício cultural chinês, ainda graças às suas traduções em latim dos clássicos confuclanos Foi neste clima de abertura cultural e de curiosidade e interesse recíprocos que surgiu a figura do artista italiano Gu seppe Castiglione. 11. Na pagina ao lado: Artista anónimo de corte. Retrato do imperador Kangxi, dina stia Qing, final do reinado do imperador Kangxi - principio do século XVIII. Pequim, Museu do Palácio. 12. Recipiente de bambu entalhado para essências perfumadas, dinastia Qing, reinad o do imperador Qianlong. Tianjin, Museu de Arte. 13. Nas páginas seguintes: Bloco de jade entalhado com o motivo de bom auspicio do s Nove anciãos de Huichang , dinastia Qing, reinado do imperador Qianlong. Pequim, Museu do Palácio. A peça representa o poeta Bo Juyi e os seus amig os que, com mais de oitenta anos, se reuniram na Primavera do ano 845 para celebrar a sua longevidade; e Giuseppe Castiglione (Lang Shining),. A Mensa gem de Paz da Primavera, dinastia Qing, reinado do imperador Qianlong, 1736. Pequim, Museu do Palácio. A pintura sobre seda foi realizada para celebrar a ascensão ao trono do imperador Qianlong.
GIUSEPPE CASTIGLIONE, UM PINTOR JESUÍTA NA CORTE DOS QING O ditado ninguém é profeta na sua terra adapta-se perfeitamente a Giuseppe Castiglione (1688-1766), um homem de fé da Companhia de Jesus que, antes de partir para a China, de onde nunca regressaria, foi introduzido na arte da pintura por Andre a Pozzo (1642 1709), também jesuíta e autor do tratado Perspectiva Pictorum etArchit ectorum, posteriormente traduzido em chinês. Esta sua preparação devia servir para criar imagen s e ícones cristãos que adornassem as igrejas que estavam a ser construídas na China, mas o destino reservou a Castiglione um trato diferente, fazendo com q ue se tornasse pintor e artista da corte imperial por meio século, durante o qual prestou serviço a nada menos do que três imperadores, os acima mencionados Kangxi, Yongzheng e Qianlong, ando à história com o seu nome chinês, Lang Shining. Tudo começou quando o artista foi aprese ntado à corte em 1715 pelos outros jesuítas presentes em Pequim, ainda que poucos deles tivessem o à Cidade Proibida onde trabalhavam sobretudo na qualidade de peritos científicos e matemáticos Provavelmente, foi precisamente a utilização das técnicas pictóricas ocidentais a despertar a curiosidade dos imperadores, que encarregaram Castiglione da realização de inúmeras pinturas - muitas das quais se encontram ainda hoje conservadas nas colecções imperiais distribuídas entre Pequim e Taipé-cujos temas incluíam retratos formais dos soberanos,desenhados 15. Giuseppe Castiglione (Lang Shining),. O Imperador Oianlong na Caça a Raposa, d inastia Qing, reinado do imperador Qianlong, 1755. Pequim, Museu do Palácio. 16. Na pagina ao lado1 Giuseppe Castiglione (Lang Shining), Pinheiro, Falcão e Cog umelos da Imortalidade, dinastia Qing, reinado do imperador Qianlong, 1724. Pequim, Museu do Palácio. A pintura, com motivos de bom auspício, foi oferecid a pelo jesuíta italiano ao imperador Qianlong no seu aniversario. com sumptuosos vestidos imperiais bordados com os símbolos da respectiva autoridad e entre os quais sobressai o dragão compridos rolos em que estão vivamente descritas
as grandes caçadas efectuadas nos territórios do Norte, as campanhas militares condu zidas pelos Qmg nas regiões do Nordeste ou as viagens imperiais no Sul da China pinturas celebrativas oferecidas aos soberanos em ocasiões especiais como no seu a niversario e repletas de símbolos de bom auspicio da tradição chinesa retratos dos corcéis e dos cães de caça preferidos do imperador Qianlong, e também das concubinas , um facto muito interessante pois a proximidade das esposas imperiais era interdita aos homens e permitida no interior da muralha da Cidade Proibida apena s aos eunucos. O sucesso de Castighone deve-se precisamente a sua capacidade de combinar técnicas denvantes da pintura ocidental e alheias a tradição artística chinesa - como so luções de perspectivas na representação da arquitectura, a utilização do daro-escuro e a habilidade de reproduzir os vultos nos retratos - com modalidade s de composição de caracter estilístico na representação dos objectos naturais e vistas paisagísticas de cunho mais tradicionalmente chinês. A habilidade demonstrada valeu ao pintor italiano também a possibilidade de se ocupar do design de muitos objectos que decoravam as residências imperiais, dos finos vasos de porcela nas aos recipientes de bronze esmaltados e decorados com a técnica do cloisonne tornou se por fim arquitecto dos palácios de estilo ocidental que o imperador Qian long mandou construir numa vasta área do parque imperial situado nos subúrbios a nordeste de Pequim, o Yuanming/uan Ao longo dos cinquenta anos que permaneceu na corte, Castiglione teve a oportunidade não só de aperfeiçoar os seus conhecimentos das tecncas pictóricas chinesas baseadas na sapiente utilização de pincel e tinta - qu e para o imperador Qianlong, eram inigualáveis perante a indisputada habilidade do artista italiano como o próprio qu s salientar numa inscrição inserida numa pintura realizada pelo jesuíta mas de instruir também os pintores chineses na aprendizagem das técnicas ocidentais em primeiro lugar a da pintura a óleo cujos efeitos Castigli one soube reproduzir na tela de modo suficientemente correcto através da sobreposição de várias camadas de seda ou papel. A influência do jesuíta seria fundamental para det erminar a adopção na China da pintura a óleo, inicialmente utilizada para produzir pinturas que eram compradas por viajantes ocidentais nas cidades portuárias do Sul da China e posteriormente reconhecida como a técnica oficia! no século XX, quando a China de Mão escolheu precisamente a técnica a óleo para realizar as pinturas celebr ativas da Revolução chinesa inspiradas nos modelos do realismo socialista de raiz soviética 17 Giuseppe Castiglione (Lang Shmmg),. A Caça de Mu/a/i,1742,49x15cm Paris, Musee National dês Arts Asiatiques-Guimet. 18 Rumas dos palácios em estilo ocidental que o imperador Qianlong da dinastia Qmg mandou construir com base no desenho de Giuseppe Castiglione e de outros jesuítas Pequim O DESENVOLVIMENTO DAS ARTES SOB. O DOMÍNIO DOS QING A influência exercida por Castiglione junto do círculo de artistas e intelectuais da corte Qing não pode levar a pensar que isso tenha causado algum dano as artes tradicionais, apoiadas pelo mecenato dos novos soberanos mal se concluíra a campan ha de conquista da China. Os fornos de Jingdezhen, onde se produzia a mais fina porcelana, testemunharam indiscutivelmente uma crise no longo período de transição ent re a queda dos Ming e a ascensão dos Qing, sendo reconstruídas em 1677 Nada menos do que seis fornos eram destinados à produção de louça para a corte, que deixa de ser marcada com o nome do imperador - considerado demasiado sagrado para ser colocado em objectos que, no fundo, eram de uso comum, por mais requintados que fossem -, sendo usados símbolos apropriados, como conchas e flores variadas. Este uso foi posto em prática, segundo 347 19. Na pagina ao lado: Vaso de porcelana proveniente dos fornos de Jingdezhen (p
rovíncia de Jiangxi) decorado com o caracter shou, longevidade , repetido em toda a superfície da peça, dinastia Qing, reinado do imperador Kangxi, altura 35 cm. Pequim, Museu do Palácio. 20. Ladrilho de mesa em porcelana com decoração azul-cobalto sob vidrado, dos fornos de Jingdezhen (província de Jiangxi), dinastia Qing, reinado do imperador Jiaqing (r. 1796-1820). Londres, British Museum. a tradição, pelo supervisor da produção imperial, Zhang Qizhong, mas não foi servilmente s eguida, facto demonstrado pelos exemplares que chegaram até nós, como tigelas de decoração esmaltada que apresentam as marcas do reino de Kangxi e Yongzheng. Também a produção para a exportação conheceu um novo florescimento, com as porcelanas brancas e azuis a assumir o papel principal acompanhadas por tipologias alheias à tradição chinesa e realizadas expressamente para os mercados europeus. Os artesãos hábeis no entalhe do jade, do bambu, da madeira e da pedra intensificaram a própria produção de instrumentos e órios para a escrita como, por exemplo, pincéis, es para pincéis e porta-pincéis, tinteiros, pequenos panos de mesa, apoia-coto velos, caixas de laca, mesas de escrever Nesta altura, os estúdios dos letrados eram adornados, como já na época dos Ming, com esculturas de jade que reproduziam as habitações dos Imortais ou pequenas paisagens em miniatura, ao lado de estojos laçados para repor os instrumentos da escrita. Assim, durante todo o século XVIII, n a China dos Qing, verificou-se o florescimento de uma produção de objectos que revela as ext raordinárias habilidades dos artesãos chineses, mas que em termos de gosto nem sempre eram satisfatórios, devido aos excessos de uma ornamentação frequentemente demasiado carregada e impregnada de uma sensação de horror vacui, até demasiado afectada na obsessiva preocupação com os pormenores, excessivamente exuberante na proliferação de imagens que adornam os a rtefactos, de forma diametralmente oposta à simplicidade que caracterizava a sobriedade Song. Este excesso de decoração também se observa nas arquitecturas palacia nas, concentradas sobretudo na capital, Pequim tanto no trono imperial colocado no interior do Taihedian, como no Pavilhão da Suprema Harmonia, conhecido também com o Sala do Trono, objecto de recentes restauros efectuados por uma equipa italian a, também nas traves de madeira, pintadas com cenas de género e paisagens que recordam os encantadores cenários do Sul da China, utilizadas para construir os corredores abertos que traçam o perfil do grande espelho de água do Palácio de Verão; e na exuberânci a iconográfica e os ricos efeitos de cores dos templos budistas da capital. No entanto, a arte Qing apresenta-se como a herdeira da melhor tradição chinesa, emb ora tornada excessiva, talvez devido precisamente à influência Manchu - e com um toque bárbaro, acrescentariam os puristas chineses - a que os soberanos Qing nunca quiseram renunciar 22 Chaleira de porcelana com vidrado monocromático celadon, dinastia Qmg, período e marca do reinado do imperadorYongzheng Pequim, Museu do Palácio TIGELA IMPERIAL DE PORCELANA com DECORAÇÃO FLORAL ESMALTADA Dinastia Qing, reinado do imperadorYongzheng (r, 1722-1735) Diâmetro: 10,8 centímetr os Taipé, Museu Nacional do Palácio A absoluta perfeição na execução que caracteriza esta delicadíssima tigela de porcelana reflecte a produção mais sofisticada dos fornos de Jingdezhen destinada a casa imperial, neste caso, ao imperadorYongzheng, como demonstra a marca pintada a tinta azul no fundo e no exterior da taça com uma caligrafia inspirada na que era utilizada na época Song
O exterior e o interior da peça estão revestidos por uma cobertura branquíssima sem quaisquer imperfeições Por cima desta, e no exterior, foi aplicada uma fina camada de esmalte amarelo a cor que simboliza o imperador, que deixa a descoberto duas finíssimas tiras na proximidade do baixo pé anelado e do bordo, ligeiramente bojudo QIANLONG,. O IMPERADOR COLECCIONADOR Terá sido também pelas suas origens estrangeiras e pela vontade de surgir aos olhos dos súbditos como o genuíno interprete e herdeiro da tradição cultural chinesa que o imperador Qianlong se prodigalizou como nenhum outro no mecenato das artes tornando se num dos mais ávidos colecc onadores de artefactos artísticos da historia ch nesa e dando a sua aprovação a uma infinidade de objectos de alto artesanato permitindo a a posição do seu nome e reinado nos mesmos Foram tantos os artefactos produzidos nos mais variados materiais laca jade madeira vidro metal - pelos laboratórios especializados colocados sob a supervisão i mperial e frequentemente situados nas proximidades da Cidade Proib da que ainda hoje os falsanos ao quererem dar uma aura de credibilidade as próprias criações e cons egu r fazê Ias ar por antigas mui frequentemente acrescentam uma marca apócrifa no objecto - segundo uma pratica já estabelecida no século XIX - para que o m esmo seja atnbu do ao reinado do imperador Qianlong Contudo uma coisa e patroc nar o desenvolvimento das artes e do artesanato e outra e coleccionar obras de a rte pelo menos no seio da tradição chinesa clássica Possuir objectos do ado uma pratica que na China 23 Vaso de porcelana decorado com temas florais, dinastia Qmg, período e marca do reinado do imperador Qianlong talvez proveniente das colecções imperiais do Palácio de Verão de Pequim altura 35 cm Paris Musee National dês Ar ts Asiatiques -Guimet 24 Tabaqueira de porcelana esmaltada com desenho de estilo europeu dinastia Qmg reinado do imperador Qianlong Colecção particular 25 Recipiente ritual de bronze do género gui ornado com motivos de dragões, dinastia dos Zhou Ocidentais, século XI-Xa C,altura21,3cm. pertencente as colecções imperiais Taipe, Museu Nacional do Palácio remonta certamente pelo menos à dinastia Han - significava entrar em o dire cto com as próprias raízes culturais e tornar-se, por consequência, depositário da própria cultura, e também garantir a sua transmissão às gerações futuras. No caso dos imp eradores, isso assumia um significado particular enquanto pessoas no topo da sociedade e, portanto, garantes e protectores por excelência dos tesouros qu e lhes foram transmitidos. No caso dos imperadores Qing, Manchus de origem, isso assumia uma outra valência importante: embora fossem estrangeiros, nunca prej udicariam a rica cultura chinesa com todos os seus valores, mas iriam protegê-la, encorajá-la, revigorá-la e preservá-la para a posteridade De facto, o imperador Qianlo ng conseguiu fazê-lo perfeitamente se hoje é possível irar valiosos e raros exemplares de pintura e caligrafias datados de antigas dinastias como a Song, ou até de períodos anteriores, deve-se precisamente ao zelo de coleccionador do impera dor Qianlong e também, apesar dos dramáticos acontecimentos que marcaram a história da Chi na entre os séculos XVII e XVIII, ao facto de grande parte das colecções imperiais se ter conservado até hoje, se bem que divididas entre Pequim eTaipé, capitais das duas Chinas , a popular e a de mocrática, formadas durante o século ado. Para se fazer reconhecer adequadamente como cultor da matéria pelos intelectuais chineses que formavam a classe de burocrat as e funcionários imperiais, Qianlong ou muitos anos a estudara cultura chinesa clássica, revelando a sua propensão pessoal pelo coleccionismo que o levou a acumular; literalmente bronzes das antigas dinastias, jades neolíticos e do período Han, valiosos exemplos de caligrafia e pintura, requintadas porcelanas da ép oca Song e Ming. Mas nunca foi coleccionismo só por coleccionar: todo o processo
tinha de demonstrar que Qianlong velava, com olho de entendedor o ilustre ad o chinês. Os objectos não representavam um apêndice da sua autoridade, mas eram parte integrante da imagem que o soberano pretendia transmitir aos seus contemporâneos e à posteridade. Para que a sua apreciação ficasse além de qualquer dúvida, em numerosas ocasiões o imperador compôs poemas que celebravam a beleza e a qualidade de uma obra de arte. Estes poemas, escritos à mão pelo próprio com uma elegante caligrafia, 26 26. Pedra para tinta, dinastia Song. A decoração apresenta o motivo do Pavilhão das Orq uídeas , uma referência ao lugar que inspirou o ca l í grafo Wang Xizhi(séculolVd.C.)a escrever o texto que posteriormente se tornou num dos clássicos d a arte caligráfica. foram posteriormente transcritos por fiéis copistas nas próprias obras, gravados na superfície polida de antigos jades, pintados no corpo de requintadas porcelanas, entalhados no metal de bronzes antigos. E se falarmos de obras sobre seda ou pap el, pode-se então ter a certeza de que em muitos casos as inscnções celebrativas foram redigidas pelo próprio soberano, cujo nome aparece nas marcas vermelhas deix adas pelos selos imperiais que selavam a posse da obra. Esta prática podia parecer ; aos olhos dos europeus, terrificante, como uma violação da santidade da obra perpetr ada com a intervenção directa sobre a mesma com a aposição de inscnções e selos' mas na China antiga, semelhante procedimento era precisamente o que confirmava a antiguidade e o valor de uma qualquer pintura ou caligrafia, pois a consideração da posteridade, transcrita na própria obra confirmava e aumentava o seu valor e a sua posição de grande prestígio na cultura chinesa. A paixão pelas antiguidades foi, de qualquer forma, muito forte e difusa junto de amplos sectores da classe intelectual Qing e manifestou-se, não apenas no coleccionismo, mas também na revisão a que foram sujeitas algumas artes tradicionais, como a caligrafia. Um gradual cepticismo em relação à trad ição erudita levou, de facto, a um aprofundamento dos estudos dos antigos clássicos e à redescoberta de estilos de escrita já obsoletos, frequentemente identificados em es de pedra, inscrições tumulares, antigos monumentos, inscrições sobre rochas de montanha. Este trabalho filológico desempenhou um papel importante no de senvolvimento dos estudos de antiguidades que terão dado lugar à moderna pesquisa arqueológica, entendida como sistemática investigação do ado. Foi apenas um dos muit os elementos de novidade que enriqueceram o panorama cultural do período Qing, juntamente com a crescente influência da cultura ocidental e com correntes i nternas de pensamento. Enquanto uma das maiores rebeliões da história chinesa, a de Taipmg (185 1-1864), marcava o declínio da dinastia, uma nova China estava a surgir na história mundial, uma China que, mesmo sem renegar completamente o próprio ado cultural e artístico, já estava a caminho da investigação e da experimentação, aplicadas à produção artística contemporânea (F S) 27. Instrumento de corda conhecido como cítara chinesa , chamado Wanhe songtao, madei ra laçada com engastes de ouro e jade, dinastia Song. CRONOLOGIA 7000 - 2000 a.C. NEOLÍTICO Comunidades residentes em aldeãs que se estendem por todo o terntoro do pais Recon hecem se numero sós horizontes culturais que se d stmguem pela dferente produção cerâmica Primeiros testemunhos relatvos ao trabalho do jade por volta de 6000 5000 a C c 3000 - 2000 a C Neolítico Recente Aumento da complexidade soe ai nalgumas culturas Liangzhu (c 3300 2200 aC) e Lon gshan (c 3000 1700 aC) com elaboradas sepulturas recheadas de objectos ritua s em jade Pnmeiros testemunhos do uso da laca por volta de 3000 a.C PERÍODO DAS TRÊS DINASTIAS Dinastia Xia (')
Ainda não esta comprovada a existência real desta dinastia com provas epigraficas. A s datas tradicionas situam na entre 2205 e 1766 a C c 1500 - 1050 a C Dinastia Shang Prmeiros testemunhos de escrita no local da uftima capital Anyang Desenvolviment o do trabalho do bronze sociedade dirigida pelo rei e pela aristocracia c 1200 a C Descoberta de Sanxngdui e da sepultura da ranha Fu Hão em Anyang c 1050 - 221 a C Dinastia Zhou c 1050 - 770 a C Dinastia Zhou do Ocidente O reino Zhou e n strado segundo um s stema de distribuição e gestão dos terr tonos chamado feudalismo chinês Continua a produção de bronzes. As nscrçoes presentes nos recipientes são mais longas e convertem se em preciosas fontes de nformação histórica Surgem os primeiros textos da literatura chinesa antiga entre 900 e 600 a C e re dig do o Livro dos Odes 770 - 221 a C Dinastia Zhou do Oriente O poder central perde influência sobre os senhores locais dando inicio a uma fase de d visões internas trad cionalmente conhecidas com o nome de dois subperiodos Primaveras e Outonos (770 - 475 a C) e Reinos Combatentes (475 221 a C) Primeiras escolas de pensamento entre c 551 e 479 a C vive Confucio Pouco depois entre os anos 400 e 200 a C e composto o Doo Dejing (Livro da Via e do Poder) t exto canónico tauista O PRIMEIRO IMPÉRIO 221 - 207 a C Dinastia Qm O reino Qm anexa os outros pequenos Estados em que a China se dividia e em 221 a C o pais e reunificado O Primeiro Imperador Qm Shi Huangd ordena a construção - perto da actual X an onde s e situa a capital - do seu mausoléu vigado por um exercto de soldados de terracota primeira manifest ação da estatuária antiga Sistematização da escrita 206 a C - 220 d C Dinastia Han Capital em Chang an actual Xi an e póster ormente deslocada para Luoyang. A d nast ia div de se então em dinastia Han do Ocidente (206 a C 8 d C) e d nastia Han do Oriente (25 - 220 dC) com um período intermédio causado pela usurpação do trono porWang Mang que da origem a breve dmasta Xm (9 - 23 d C) Porvolta de 100 a C e inventado o papel e e elaborado o primeiro dicionário da língu a ch nesa Por volta de 100 a C a fé budista chega a China Período de desunião Três remos 265 - 420 Dinastia Jm Quando termina a dmasta Han e durante quatro séculos a China estará dividida em nume rosas d nastias independentes amiúde de breve duração fundadas por todo o pais Wei 220 - 265 Shu (Han) 221 - 263 Wu 222 280 A frente de exércitos privados três genera s d videm o império em três áreas a Norte o bai xo curso do rio Azul e o Sichuan. O poder dos lideres militares tem de fazer contas com a classe emergente dos latifundiários Jin do Ocidente 265 - 316 Jm do Oriente 317-420 Os caligrafos Wang Xizhi (c 309 365) Wang Xianzh (344 - 388) e Wang Xun (350 - 4 01) realzam as suas obras primas. Na corte dosjm trabalha também o pintor Gu Kaizh i (c 345 - c 406) Dezasseis reinos (no Norte) 304 420 420 - 589 Dinastias do Sul e do Norte Sul - Liu Song 420 - 479
Q do Sul 479 502 Liang 502 - 557 Chen S57 589 Norte -Wei do Norte ou Posteriores 386 - 535 São realizadas as grutas pnnc pais do complexo budista rupestre de Yungang We do Or ente 534 550 We do Ocidente 535 - 556 Qi do Norte 550 577 Zhou do Norte 557 - 581 Povos nómadas estabelecem se no Norte da China criando instituições híbridas de trad coe s tribais e chinesas O budismo e a rei gião oficial da linhagem Wei que patrocina a criação de complexos ru pestres nas próprias capitais A 538 539 remonta a primeira gruta datada do complexo de Dunhuang na provinc a d e Gansu Entre por volta de 500 e 535 trabalha Xie He autor dos Seis Princípios da Pintura O IMPÉRIO MÉDIO 581 -618 Dinastia Sui Em 589 tem inicio a construção de um canal que liga a bacia hidrográfica do Norte com o no Azul com 356 CRONOLOGIA 618 907 Dinastia Tang 907 - 960 Cinco Dinastias O IMPERIOTARDIO 907 - 1125 Dinastia Lião esta un ficaçao os ole ros dos fornos do Norte e do Sul podem confrontar os próprios progressos tecnológicos e por volta do 600 e descoberta a porcelana com as conquistas da Ásia Central a Ch na alcança a sua maxma extensão terr tonal flor escem o comercio e os mtercamb os culturais ao longo da Rota da Seda A cosmopolita capital dos Tang Chang an e a ma s extensa e populosa metrópole da Ási a de então recebendo pnncipes e embaixadores estrangeiros art stas e mercadores chegados de diversas partes Difunde se a liberdade de culto e a tolerância religos a Cria se uma elite de funcionários cultos e preparados através de uma serie de exames impenas Em 754 a rebelião do general de origem sogdiana An Lushan assinala o inicio do dec línio da dinastia A partir de 750 desenvolve se a mpressao xilograf ca e a poesia clássica alcança o s eu apogeu com Li Bai (activo entre 701 762) e Du Fu (activo entre 712 - 770) Floresce o budismo apesar das perseguições dos anos 845 847 em 868 e impresso o Sutra do Diamante e em 874 e selada a cripta do pagode no temp o de Famensi próximo de Xi an Quando o ultimo mperador Tang Aizong abdica o pais cai na anarquia política e e di vidido em onze Estados distintos Contudo a arte conhece um grande desenvolviment o graças a obra de pintores como Dong Yuan que morre em 962 O Norte do pais cai nas mãos de uma dinastia de origem estrangeira cuja importância foi recentemente reavaliada dev do as descobertas arq jeologicas e aos estudos histórico artísticos 1276 - 1368 Dinastia Yuan 1368- 1644 Dinastia Ming 1644- 191 l Dinastia Qmg Os mongos conqustam também a China e deslocam a capital do próprio império para Pequ m Ficam desde logo fase nados com a cultura chinesa Retiram se frente a uma serie de rebel ões camponesas nos anos sessenta do século XIV Primeiro desenvolvimento e exportação da porcelana branca e azul Capital em Nanquim ( Capital do Sul ) e Pequim ( Cap tal do Norte ) E criada uma florescente rede de cidades mercados locais ao longo de todo o século XVII O aumento quantitativo da produção de manufacturas não e acompanhado por um adequado d esenvolv mento tecnológico crescem as exportações de seda e de porcelana graças
aos mercadores europeus O almirante Zheng He descobre nas suas viagens o continente americano antes de C rstovao Colombo mas o facto não desperta o interesse da China A capital e Pequim. Os Manchus no poder conqu\*am o apo o da elite dos funcionário s Graças a este pacto de classes a China conhece uma notável paz soe ai ao longo de todo o século XVIII e uma importante rede de trocas culturais com a Europa graças a mediação dos jesuítas na corte trabalha o pintor italiano Giuseppe Castglione (1688- 1766) No século XIX a cnse financeira a recessão económica e a corrupção da classe dirigente lev am a muitas revoltas sociais entre 1850 e 1870. A pressão das potências ocidentais e do Japão (que ao contrario da China de 1870 decide modernizar se) lev a o império a deflagração A 12 de Fevereiro de 1912 abdica o ult mo Imperador PuYi 960 - 1279 Dinastia Song 960 - 1127 Song do Norte 1127- 1279 Song do Sul Capital em Kaifeng Capital em Hangzhou Florescem estudos científicos naturalistas de matemat ca e mecânica E o período de ouro do género pictórico flores e pássaros sendo o próprio mperador Huizong 1082 l 135) um dos grandes interpretes deste estilo Povos nómadas fazem pressão nas fronteiras a desafogada corte do Império do Meio paga tributos para a paz mas antes deve mudar a capital (l 127 1278) cedendo partes do terntor o aos bárbaros para depois ser finalmente varrida pé o maor império da histor ia o do Khan mongol Enquanto a corte chinesa se retira para o Sul no Norte do pais consolidam se out ras dinastias 1032 - 1227 Dinastia Xia do Ocidente IMS- 1234 Dinastia Jm 357 BIBLIOGRAFIA Para uma panorâmica sobre a civilização chinesa em termos artísticos, remetemos para os seguintes textos: CRAIG CLUNAS, Art in China, Oxford e Nova Iorque, Oxford University Press, 1997 Pratico manual introdutório à Historia da Arte na China destaca-se pela aproximação temáti ca ao assunto e pela cuidada contextualização das obras. GABRIELE FAHR-BECKER (dir), Arte de//'Estremo Oriente, Colónia, Konemann, 2000 Volume dotado de um riquíssimo aparato iconográfico a China são dedicados, para além da secção homónima, um capitulo sobre a caligrafia e outro sobre o jade MICHELE PiRAZZDLi-TsERSTEVENS (dir), La Ono, 2 vol Turim, Utet, 1996 Uma ampla visão geral do desenvolvimento da civilização do Extremo Oriente com especia l atenção ao aspecto artístico LAURENCE SICKMAN e ALEXANDER SOPER ALEXANDER, LArte e /Arch/tettura Gnese, Einau di.Tunm, 1969 Texto dedicado a arquitectura, ainda não foi superado pela precisão do tratamento e amplitude do material examinado MICHAEL SULLIVAN, The Arts of China Berkeley, University of Califórnia Press, 1984 Um texto clássico sobre o assunto, porem, desactualizado relativamente às ultimas ev oluções de conhecimento, fruto de descobertas arqueológicas realizadas após a sua publicação Sobre as descobertas arqueológicas que mudaram radicalmente o nosso conhecimento d o ado chinês: XIAONENG YANG, The Goíden Age of Chinese Archaeo/ogy Celebrated Discoveries from t he Peop/es Repub/ic of Chino, Washington, National Gallery of Art, 1999 Catalogo da maior exposição organizada nos últimos anos, centrada sobre os resultados obtidos em cerca de um século de actividade arqueológica chinesa São pormenorizadament
e ilustrados os penodos que vão do Neolítico ao períodoTang através de 175 espólios seleccio nados dos principais museus chineses e contextuaiizados em boletins realizados por um grupo de 24 peritos chineses e ocidentais Sobre pintura e caligrafia: OSVALD SIREN, Chinese Pamting Leading Masters ond Principies, Londres Lund Humph nes, Nova Iorque, Ronald Press Co 1956-1958 Embora não seja muito recente, o volume constitui ainda um dos melhores instrument os para se orientar no more magnum da pintura chinesa JAMES CAHILL, The Pointers Proct/ce HowArtists Lived and Worked in Traditional C hina, Nova Iorque, Columbia University Press, 1994 O investigador amencano, que foi docente na Universidade de Berkeley Califórnia, d irigiu os estudos que nos últimos quinze anos revolucionaram a abordagem ao conhecimento da pintura chinesa JAMES CAHILL, Three Alternative Histories of Chinese Pamting, Spencer Museum of Art, The University of Kansas, 1988 Uma reconsideração pessoal do autor sobre algumas das teorias canónicas que dominaram durante muito tempo os estudos no Ocidente, brilhante e muito preciso como a grande parte dos escritos deste grande estudioso BIBLIOGRAFIA WEN C FONG, Beyond Representotion Chinese Pa/ntmg and Calligraphy, 8'h-14'h Cent ury, Nova Iorque, Metropolitan Museum of Art, New Haven,Yaie University Press, 1 992 Escrito por um dos mais conhecidos estudiosos smo-amencano de pintura chinesa, o volume centra-se sobretudo na análise das obras conservadas no Metropolitan Museu m de Nova Iorque Sobre o jade: JESSICA RAWSON, Chinese Jade f mm the Neolithic to the Q/ng, Londres, Bntish Mus eum Press, 1995 Até à data, este livro é o tratado mais completo sobre o jade na China, desde os penbd os mais antigos ate a ultima dinastia imperial, estruturado em forma de catálogo no qual é ilustrada a colecção de jades de Sir Joseph Hotung, parci almente doada ao Bntish Museum. FILIPPO SALVIATI, The Language ofAdornment Chinese Ornaments ofjade, Crystal.Amb er and Qass, Paris, Myrna Myers, 2002. A história e a explicação dos significados simbólicos recorrentes nos motivos decorativo s dos objectos ornamentais pessoais realizados em jade e noutros materiais na China antiga, com particular referência ao período Lião e com bas e nos exemplares oferecidos pela colecção Myers Catálogos de exposições de arte chinesa realizadas em Itália: AÃ W, 7000 Anm di Ona, Milão, Silvana Editonale, 1983 Catálogo da primeira grande exposição realizada em Veneza e dedicada à fase inicial do d esenvolvimento da civilização chinesa, do período Neolítico à dinastia Han AA.W, Ona a Venezia Dália Dinastia Han a Marco Polo, Milão, Electa, 1986 Continuação ideal da exposição anterior com achados que ilustram a arte chinesa até ao perío do Song, pouco antes da chegada à China do mercador veneziano AÃ W, Ona 220 a C l Guernen á Xian, Milão, Cataloghi, Abitare Segesta, 1994 Catálogo da exposição monográfica realizada em Itália e centrada sobre alguns dos guerreir os de terracota descobertos em Lintong, Xfan, parte do exército de argila encontrado em 1974 LÚCIA CATERINA e GIOVANNI VERARDI (dir), Tang Arte e Cultura m Ona Prima dell'Anno Mille, Milão, Electa, 2005 Exposição monográfica dedicada à grande dmastiaTang com achados recuperados pelos arqueólo gos italianos que dirigiram as escavações no sítio de um importante mosteiro budista desse período Sobre a China do período Qing:
EVELYN S RAWSKI e JESSICA P\AWSON (dir), China, The Three Emperors, 1662-1795, L ondres, Royal Academy of Arts, 2005 Catálogo da exposição com o mesmo nome realizada na Royal Academy of Arts de Londres e centrada nas figuras e obra dos três imperadores Qing, Kangxi (1661 -1722),Yongzh eng (1722-1735) e Qianlong (1736-1796) através de artefactos conservados nas colecções imp eriais do Museu do Palácio, no interior da Cidade Proibida de Pequim. 3S9 Textos de: Fihppo Saivtati, Sérgio Bosso Fitippo Soiviati em particular redigiu a Introdução e os capítulos 1-3 e 9-10. Sérgio Basso em particular redigiu os capítulos 4-8. Redacção: Froncesca Bianchí, Elisabetta Gallingant, Chiara Qunti, Roòerta OJ/Vien, Maria Giuseppina Pili, Margherita Romagnoli, Louro Ste//o Projecto gráfico: Gruppo Bandeí/o Comun/cozione Paginação: Stefonio /.oudíso, TIZÍG/IO P/em Retoque fotográfico: froncesco iunardi, Chiara Brazzíni Fotografias: © Archivio Scala, Florença: © Foto Scala, Florença/Bildarchiv Preussischer Kulturbesitz, Berlim; © Foto Scala Florença/HIP; © Foto Werner Forman Archive/Scala, Florença; © Foto The Philadelphia Museum ofArt/Art Resource/Scala, Florença © SCALAGROUP and CORELAII rights reserved © Corbis/Contrasto: © Alfred Ko//Corbis/Contrasto; © Archivo Iconografico, S.A. / Corb is/Contrasto;©Arte & Immagmi srl/Corbis/Contrasto;© Asian Art & Archaeology, Inc. /Corbis/Contrasto; © Bettmann/Corbis/Contrasto; © Burstein Collection/Corbis/ C ontrasto; © Cari & Ann Purcell/Corbis/Contrasto; © Christie's Images/Corbis/ Contrasto;© Dean Conger/Corbis/Contrasto;© Kimbel! Art Museum/Corbis/Contrasto; © Lowe ll Georgia/Corbis/Contrasto; © Marc Garanger/Corbis/Contrasto; © Pierre Colombel/Cor bis/Contra sto; © Royal Ontario Museum/Corbis/Contrasto; © Seattle Art Museum/Corbis/Contrasto; © Todd Gipstein/Corbis/Contrasto; ©Werner Forman/ Corbis/Contrasto; © Wolfgang Kaehler/Corbis/Contrasto © Lessing/Contrasto © The Bridgeman Art Library - Archivi Alinari, Florença: Bibliotheque Nationale, Par is, França, Archives Charmet; Bridgeman Art Library/ Archivi Alinari, Florença; Bibliotheque Nationale, Paris, França, Bridgeman Art Library/ Archivi Alinari, Flo rença; Musee Guimet, Paris, França, Archives Charmet/ Bridgeman Art Library/ Archivi Alinari, Florença; Bntish Museum, Londres, UK/ Bridgeman Art Library/Archivi Alina ri, Florença; Private Coilection, Paul Freeman/ Bridgeman Art Library/ Archivi Alinari, Florença; © Indianapolis Museum of Art, USA/ Bridgeman Art Library/ Archivi Alinari, Florença; © Museum of Fine Arts, Boston, Massachusetts/ Bridgeman Art Library/ Archivi Alinari, Florença © TopFoto/ Archivi Alinari, Florença: TopFoto HIP/ Museum of East Asian Art/ Archivi Alinari, Florença © Ullstein Bild/ Archivi Alinan, Florença: ullstein/ Roger Viollet/ Archivi Alinari, Florença; ullstein/ KPA/Archivi Almari, Florença ©SIME/fotoVidler Steve © Filippo Salviati, Roma: p. 26 fig. 14. p. 27 fig. 15, p. 49 fig. 43, p. 65 fig. l O, p. 76, p. 79 flg. 26, p. 82 fig. 3, p. 96 fig. 16, p. 97 fig. 17, p. 99 fig. 20, p. 100 fig. 21 -2 2, p. l. O l fig. 23, p. 326 fig. 28, p. 330 fig. 3, p. 345 fig. 18 As imagens do Archivo Scala que reproduzem bens culturais de propriedade do Esta do Italiano são publicadas com a autorização do Ministério dos Bens e Actividades Culturais. Todos os direitos de reprodução são reservados. O editor lamenta eventuais omissões e fica à disposição daqueles que por lapso não foram citados.
Digitalização: Paulo Nazareth