Educação inclusiva para surdos no Brasil CAMPOS, Mariana de Lima I. L. Educação inclusiva para surdos e as políticas vigentes. IN: LACERDA, Cristina B. F. de; SANTOS, Lara Ferreira dos. (orgs.). Tenho um aluno surdo, e agora? Introdução à LIBRAS e educação de surdos. Santa Catarina: EDUFSCAR, pp.37 – 61. O tema da educação inclusiva no Brasil é preocupante e gera muitas controvérsias, a começar sobre o local onde devem ser inseridos os alunos surdos, em escolas regulares ou em escolas com metodologia a eles especialmente dirigida. A questão da inclusão de surdos nas escolas teve início com a Educação Especial, que se dava de forma especializada e clínica, daí ando pela educação integradora e pelos atuais decretos e leis de ibilidade. A princípio, eram as crianças surdas dirigidas a escolas especiais e as ouvintes, a escolas regulares. Outros pontos importantes a destacar seriam as filosofias adotadas quanto à educação dos surdos e que embasariam cada uma das correntes de educação que se desenvolveram no país. São elas: o oralismo, que se desenvolveu após o Congresso de Milão, no século XIX, e que prezava por uma “normalização “ das crianças surdas, tratando-as somente como deficientes; a filosofia da comunicação total, que viria a prezar também por essa “normalização”, mas utilizando-se, para isso, da língua de sinais; além do bilinguismo, corrente mais atual, e que preza por um reconhecimento da língua de sinais como língua natural do surdo e deste como um sujeito cultural. Destas correntes, desenvolvem-se métodos educacionais próprios, a começar pela educação tradicional ou moderna, que atentava a uma uniformização da cultura, inserindo os alunos surdos em escolas especiais, mas sem atentar para seu caráter de sujeito cultural, defenestrando mesmo uma língua de sinais. A educação para a diversidade, por sua vez, itia o surdo como diferente, mas buscava ainda assim sobrepor a sua cultura a cultura dos ouvintes, tornando-o um ‘subalterno’. Por fim, a educação cultural ite o surdo como diferente e reconhece sua cultura, permitindo sua integração por meio do trabalho dos intérpretes da língua de sinais, e daí a formação de sua subjetividade de uma maneira mais apropriada. É a chamada inclusão bilíngue. Os avanços na legislação também refletem essa evolução na filosofia, embora o que é aplicado em maior escala continue a ser uma filosofia da diversidade e não da inclusão efetiva, por conta muita vezes da impossibilidade de maiores investimentos em um país de proporções continentais como o Brasil. Destaquem-se a própria Constituição da República, a Declaração de Salamanca, a lei 10.436 e o decreto que a regulamentou, estes últimos com propostas mais voltadas ao bilinguismo, que é aplicado em escala ainda mínima. Destaca-se ainda, por fim, o papel do intérprete e da socialização da criança, de forma a que ela possa de comunicar efetivamente, o que se configura essencial para
sua formação quanto ao conhecimento e enquanto pessoa, mas que deve estar sempre aliada a uma metodologia própria para o aluno surdo, em razão de suas necessidades voltadas ao espaço visual, o que demanda uma preparação direcionada também dos professores e do ambiente inclusivo escolar.
Metodologias para ensino de alunos surdos LACERDA, Cristina B. F. de, et al. Estratégias metodológicas para o ensino de alunos surdos. IN: LACERDA, Cristina B. F. de; SANTOS, Lara Ferreira dos. (orgs.). Tenho um aluno surdo, e agora? Introdução à LIBRAS e educação de surdos. Santa Catarina: EDUFSCAR, pp.185 – 200. Diante da necessidade de criar uma metodologia própria para o ensino de alunos surdos, verifica-se o âmbito em que isso está inserido: é a sociedade da visualidade. Os alunos surdos, em especial, dependem desses estímulos visuais, ainda mais que os alunos ouvintes, para poder fazer as devidas e necessárias ligações entre o mundo de fora e dentro da sala de aula. Busca-se, então, um estudo da semiótica de maneira imaginética, a ser aplicada no âmbito da pedagogia visual. Isso se daria por meio do uso da própria língua de sinais e seu caráter viso espacial, além de outros métodos que facilitem a assimilação de conteúdo pelo aluno surdo, que pode mesmo não ter muita familiaridade com a língua escrita. Para isso, busca-se um afrouxamento do vínculo do método tradicional de ensino ao texto didático – que se mostra já pouco produtivo -, inserindo imagens, vídeos e mapas conceituais de forma a facilitar a assimilação de conteúdo pelo aluno surdo. Estimula-se, também, o uso de apresentações de slides e teatro. Um grande problema, entretanto, é percebido com pesquisas entre docentes, e diz respeito à dificuldade de pré-visualizar essas possibilidades, pois muito pouco se produz no aspecto metodológico no campo da psicologia visual, o que os leva a encarar o problema de ter de vivenciar essas situações de estarem diante de alunos surdos para daí pensarem no método efetivo a ser utilizado no seu ensino. Outra dificuldade que muito se encontra diz respeito à visão que muitos professores têm desenvolvido a respeito dos intérpretes presentes na sala, percebendo-os mesmo como avaliadores de seu desempenho com os alunos. Devese, ao revés, estimular uma relação de cooperação entre professor e intérprete, baseada em planejamento conjunto das atividades, possibilidade de aconselhamento e desenvolvimento de estratégias conjuntas. Tudo isso de modo a contribuir para que o ensino do aluno surdo se dê da melhor maneira possível.