Hidráulica II (HID-II) 1 - DISPOSITIVOS HIDRÁULICOS Prof. Dr. Doalcey Antunes Ramos
Definição • Dispositivos hidráulicos são estruturas que usam
princípios hidráulicos para controlar o fluxo de água.
Objetivos • Calcular a vazão através de um orifício. • Calcular a vazão sobre um vertedor. • Calcular a vazão sob uma comporta.
1.1 – Escoamento através de Orifícios • Orifício é uma abertura na parede de um
recipiente ou reservatório, através da qual a água pode escoar pela ação da gravidade. H : carga total d : dimensão vertical do orifício
Figura 1: Orifício
Figura 1: Orifício
Figura 2: Bocal
•
Orifício de parede delgada:
L/d < 0,5
•
Orifício de parede espessa:
0,5 < L/d < 1,5
•
Bocal:
1,5 < L/d < 5
•
Tubo curto:
5 < L/d < 100
•
Encanamento:
L/d > 100
(onde L é a espessura da parede ou o comprimento do orifício)
Classificação dos Orifícios •
Segundo a forma geométrica da abertura praticada na parede do reservatório: • Circulares • Retangulares • Quadrados • Outros...
•
Segundo a posição do plano que contém sua seção transversal: • Horizontais • Inclinados • Verticais
•
Segundo a variabilidade da carga com o tempo: • Permanente: carga constante no tempo • Transitório: carga variável no tempo
Classificação dos Orifícios •
Segundo a espessura da parede na qual se pratica a abertura: • Orifício de parede delgada:
e < 0,5 d
• Orifício de parede espessa:
0,5 d < e < 1,5 d
Figura 4: Orifício de parede delgada
Figura 5: Orifício de parede espessa
Classificação dos Orifícios •
Segundo o tipo de contração do jato efluente: • Total • Parcial
Figura 6: Contração total do jato efluente
Figura 7: Contração parcial do jato efluente
Classificação dos Orifícios •
Segundo as dimensões relativas à carga: • Pequenos:
d/H << 1
• Grandes:
d/H ~ 1
Figura 8: Orifício de pequena dimensão
Classificação dos Orifícios •
Segundo a pressão do jato efluente: • Livre • Parcialmente submerso • Totalmente submerso
Figura 10: Orifício com jato parcialmente submerso Figura 9: Orifício com jato livre
Figura 11: Orifício com jato totalmente submerso
Orifícios de Pequena Dimensão Vazão escoada por orifícios de pequenas dimensões:
V12 pC VC2 z1 + + = zC + + + h1−C γ 2g γ 2g p1
h1−C = K ⋅
Figura 12: Escoamento através de orifício no fundo de reservatório
VC2 2g
( K + 1) = CV
VC =
2 gH ( K + 1)
VC = CV 2 gH
Orifícios de Pequena Dimensão Vazão escoada por orifícios de pequenas dimensões: Velocidade teórica:
Velocidade real:
Vt = 2 gH VC = CV 2 gH
Coeficiente de Velocidade:
CV = Figura 12: Escoamento através de orifício no fundo de reservatório
Perda de carga no orifício:
VR VR = Vt 2 gH
h1−C = ((1 − CV2 ) / CV2 ) ⋅ (VR2 / 2 g )) = (1 − CV2 ) ⋅ H
Orifícios de Pequena Dimensão Vazão escoada por orifícios de pequenas dimensões:
Q = S C ⋅ VR Coeficiente de Contração:
Q = CV ⋅ CC ⋅ SO ⋅ 2 gH Coeficiente de Vazão:
CC =
SC SO
Q = CC ⋅ SO ⋅VR CQ = CV ⋅ CC
Figura 12: Escoamento através de orifício no fundo de reservatório
Q = CQ ⋅ SO ⋅ 2 gH
Figura 13: Variação dos coeficientes do orifício de seção circular com o número de Reynolds
•
CV aumenta com o crescimento de ℜ, devido à redução das perdas devidas à viscosidade;
•
CC diminui com o crescimento de ℜ, devido à diminuição da frenagem do líquido nos bordos do orifício e aumento do raio de curvatura dos filetes entre o orifício e a seção contraída, devido à maior inércia;
•
Para valores de ℜ > 105, os valores assintóticos tendem aos do líquido perfeito:
•
Quando ℜ for muito reduzido há predominância da viscosidade e a contração se anula.
• CV ⇒ 1; CC ⇒ 0,6; CQ ⇒ 0,6
Orifícios de Grande Dimensão Vazão escoada por orifícios de grandes dimensões:
(2 g ⋅ y )
dQ = CQ ⋅ x ⋅ dy ⋅
Q = CQ 2 g ⋅ ∫
H2
H1
Figura 14: Orifício de grandes dimensões
No caso particular de orifício retangular de base
b:
(
3 3 2 Q = CQ ⋅ b ⋅ 2 g ⋅ H 2 2 − H 1 2 3
)
f ( y ) ⋅ y ⋅ dy
Vazão escoada por orifícios total ou parcialmente submersos:
Figura 15: Orifício totalmente submerso
Figura 16: Orifício parcialmente submerso
Q = CQ ⋅ SO ⋅ 2 gH Onde:
H = H1 − H 2
Configuração longitudinal da veia líquida:
Figura 17: Jato a partir de um orifício vertical
x 1 CV = ⋅ 2 H⋅y
Figura 18: Alcance de um jato
V 2 ⋅ sen (2α ) L= g
Orifícios de Parede Espessa
Figura 19: Orifício de parede espessa de bordos arredondados
CQ ≅ 0,98
Orifícios com contração parcial do jato
Figura 20: Contração parcial do jato
CQ = CQ (1 + 0,15k ) *
k = perímetro da parte sem contração / perímetro total
Bocais
Figura 21: Bocal Cilíndrico Externo
Q = 0,82 ⋅ S ⋅ 2 gH
Bocais
Figura 22: Bocal Cilíndrico Interno ou de Borda
Q = 0,50 ⋅ S ⋅ 2 gH
Escoamento a nível variável através de orifícios Caso Geral:
(Q − QA )dt = − S L dH
∴
Figura 23: Esvaziamento de um reservatório através de um orifício
(CQ S 2 gH − QA )dt = − S L dH
∴
t=
H1
SL dH Q S 2 gH − Q A )
∫ (C
H2
Escoamento a nível variável através de orifícios Caso Particular: Reservatório não alimentado (QA nulo) H
1 1 SL t= ⋅∫ dH S 2 g H 2 CQ H
Caso Particular: Reservatório prismático ou cilíndrico (SL constante) H
1 SL dH t= ⋅∫ CQ S 2 g H 2 H
t=
2S L ⋅ ( H1 − H 2 CQ S 2 g
Escoamento a nível variável através de orifícios
Tempo de esvaziamento total de reservatório
2S L H1 T= CQ S 2 gH1
1.2 – Escoamento sobre Vertedores Vertedor ou descarregador é o dispositivo utilizado para medir e/ou controlar a vazão em escoamento por um canal.
Figura 24: Vertedor na parede de um reservatório
Pode ser considerado como um orifício incompleto, desprovido de borda superior, sobre o qual a água escoa livremente. São utilizados largamente como medidores de vazão nos canais e extravasores de barragens.
Nomenclatura •
Crista ou soleira: é a parte superior da parede em que há contato com a lâmina vertente.
•
Carga sobre a soleira: é a diferença de cota entre o nível d`água a montante, em uma região fora da curvatura da lâmina em que a distribuição de pressão é hidrostática, e o nível da soleira.
Figura 24: Vertedor na parede de um reservatório
Figura 25: Escoamento sobre um vertedor
•
Altura do vertedor: é a diferença de cotas entre a soleira e o fundo do canal de chegada.
•
Largura da soleira: é a dimensão da soleira através da qual há o escoamento
Classificação
•
Segundo a forma geométrica da abertura:
Figura 26: Classificação dos vertedores quanto à forma geométrica da abertura
Classificação •
Segundo à posição em planta:
Figura 27: Classificação dos vertedores quanto à posição em planta
Classificação •
Segundo à largura relativa da soleira:
Figura 28: Sem contração lateral
Figura 29: Com contração lateral
Classificação •
Segundo à natureza da parede:
Figura 30: Parede delgada (e < 2/3H)
Figura 31: Parede espessa (e > 2/3H)
Classificação •
Segundo à natureza da lâmina vertente:
Figura 32: Lâmina aderente
Figura 33: Lâmina deprimida
Figura 35: Lâmina afogada inferiormente
Figura 34: Lâmina livre
Figura 36: Lâmina afogada
Vertedor Retangular
Vertedor Triangular
Vertedor Trapezoidal
Vertedores Retangulares de Parede Delgada sem Contrações •
A expressão da vazão vertida por um vertedor retangular de parede delgada pode ser obtida através da equação referente ao orifício retangular de grandes dimensões com H1=0 e H2=H.
•
Portanto:
(
3 3 2 Q = CD ⋅ b ⋅ 2 g ⋅ H 2 2 − H1 2 3
Q=
)
3 2 ⋅ CD ⋅ b ⋅ 2 g ⋅ H 2 3
Vertedores Retangulares de Parede Delgada sem Contrações • Valores do Coeficiente de Vazão CD: • Fórmula de Rehbock (1912):
C D = 0,605 + 0,08 ⋅
H 1 ⋅ P 1000 H
(0,25 < H < 0,80 m; P > 0,30 m e H < P)
• Fórmula de Rehbock (1929):
H + 0,0011 0,0011 C D = 0,6035 + 0,0813 ⋅ 1 + P H (0,03 < H < 0,75 m; b > 0,30 m; P > 0,30 m e H < P)
3
2
Vertedores Retangulares de Parede Delgada sem Contrações • Valores do Coeficiente de Vazão CD: • Fórmula de Francis (1905): 2 H C D = 0,6151 + 0,26 ⋅ H + P
(0,25 < H < 0,80 m; P > 0,30 m e H < P)
•
Para P/H > 3,5, CD = 0,623, logo:
Q = 1,838 ⋅ b ⋅ H
3
2
Vertedores Retangulares de Parede Delgada sem Contrações • Valores do Coeficiente de Vazão CD: • Fórmula de Bazin (1889): 2 0.0045 H C D = 0,6075 + 1 + 0,55 H h + P
(0,08 < H < 0,50 m; 0,20 < P < 2,0 m)
• Fórmula de Kindsvater e Carter (1957):
H C D = 0,602 + 0,075 P (0,03 < H < 0,21 m; 0,10 < P < 0,45 m) Utiliza-se um b’= b - 0,001 e H’ = H – 0,001
Vertedores Retangulares de Parede Delgada com Contrações • Influência da contração lateral: utiliza-se uma largura fictícia b* • Contração numa só face:
b* = b − 0,1 ⋅ H
• Contração nas duas faces:
b* = b − 0,2 ⋅ H
Vertedores Triangulares de Parede Delgada
Figura 37: Vertedor Triangular
Q=
( )
8 α 5 C D 2 g ⋅ tan H 2 15 2
Vertedores Triangulares de Parede Delgada • Para θ = 90o • Fórmula de Thomson
Q = 1,40 ⋅ H
5
2
(0,05 < H < 0,38 m; P > 3 H e L < 6 H)
• Fórmula de Gouley e Grimp
Q = 1,32 ⋅ H 2, 48 (0,05 < H < 0,38 m; P > 3 H e L < 6 H)
Vertedores Trapezoidais de Parede Delgada tipo Cipoletti a
4 1
Figura 38: Vertedor Cipoletti
( )
Q = 1,861⋅ b ⋅ H
3
2
(0,08 < H < 0,60 m; P > 3 H; a > 2 H; b > 3 H; largura do canal de 30 a 60 H) (0,05 < H < 0,38 m; P > 3 H e L < 6 H)
Vertedores de Parede Espessa Horizontal
Figura 39: Vertedor de Parede Espessa Retangular de Belanger
Q = 0,385 ⋅ C D ⋅ b ⋅ H ⋅
(2 gH )
1.3 – Escoamento sob Comportas • Uma comporta de fundo é uma abertura em um reservatório, usualmente para possibilitar a diminuição de volume ou o seu esvaziamento. • Uma comporta é usada também para proporcionar vazão ao curso d’água alimentado pelo reservatório. • São na maioria das vezes retangulares e seu fluxo é modelado como um orifício. • Podem ser chamadas também de ADUFAS.
Adufas
Figura 40: Escoamento sob a comporta de uma adufa
• Comporta vertical
Q = 0,70 ⋅ l ⋅ e ⋅ 2 gh
• Comporta inclinada 1H:2V
Q = 0,74 ⋅ l ⋅ e ⋅ 2 gh
• Comporta inclinada 1H:1V
Q = 0,80 ⋅ l ⋅ e ⋅ 2 gh