APH BÁSICO – CFS/CFSD POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA DIRETORIA DE INSTRUÇÃO E ENSINO CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS CURSO DE FORMAÇÃO DE SGT e SD
“O DESTINO DO TRAUMATIZADO ESTÁ NAS MÃOS DE QUEM FAZ O PRIMEIRO CURATIVO”
-NICOLAS SENN, MD (1844-1908)CIRURGIÃO AMERICANO FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO DOS CIRURGIÕES MILITARES DOS ESTADOS UNIDOS
MANUAL DO ALUNO
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APH BÁSICO – CFS/CFSD SUMÁRIO
Lição 1..............Conceitos de Atendimento Pré-Hospitalar e Socorrista
Lição 2..............Equipamentos Básicos e Reconhecimento/Avaliação do Local
Lição 3................Avaliação Geral do Paciente
Lição 4................Ressuscitação Cardiopulmonar
Lição 5................Queimaduras, intoxicação, intoxicação por ingestão, abuso de álcool, crises suicidas, crises e problemas de abstinência, abusos de drogas, intoxicação por inalação, intoxicação por contato, intoxicação por injeção.
Lição 6.................Hemorragia e Choque
Lição 7.................Ferimentos em tecidos Moles
Lição 8.................Trauma em Ossos
Lição 9.................Lesões de Crânio, Coluna e Tórax Lição 10...............APH Tático, manipulação e transporte de Vítimas , torniquete e Justificativa para o uso do torniquete segundo o Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões
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APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇÃO 1
CONCEITOS DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E SOCORRISTA POLICIAL MILITAR FINALIDADE DA MATÉRIA Proporcionar aos participantes os conhecimentos e as técnicas básicas necessárias para a prestação do correto socorro, no ambiente pré-hospitalar, para uma vítima de trauma ou de emergência médica, estabilizando sua condição no que for possível e dentro de seu limite legal e transportando-a de forma segura e rápida até onde possa receber atenção médica adequada e definitiva. OBJETIVOS: Nesta lição os alunos serão capazes de: 1- Identificar o significado do termo APH; 2- Identificar o significado do termo Socorrista Policial militar; 3- Listar algumas das principais características pessoais de um socorrista Policial militar; 4- Listar alguns dos principais deveres de um Socorrista Policial militar;
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR É considerado como nível pré-hospitalar móvel na área de urgência, o atendimento que procura chegar precocemente á vitima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clinica, cirúrgica, traumática, inclusive as psiquiátricas), que possa levar ao sofrimento, a sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde. Podemos chamar de atendimento pré-hospitalar móvel primário quando o pedido de socorro for oriundo de um cidadão ou de atendimento pré-hospitalar móvel secundário quando a solicitação partir de um serviço de saúde, no qual o paciente já tenha recebido o primeiro atendimento necessário a estabilização do quadro de urgência apresentado, mas necessite ser conduzido a outro serviço de maior complexidade para a continuidade do tratamento (Curso de emergencista pré-hospitalar – SENASP/MJ – 2008).
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APH BÁSICO – CFS/CFSD ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR Compreende a prestação do e básico ou avançado à vida, realizado fora do ambiente hospitalar, para vitimas de traumas ou emergências medicas. Esse atendimento deverá ser realizado por pessoal capacitado e habilitado para tal. O objetivo do APH é iniciar a avaliação e o tratamento das vitimas o mais precocemente possível, garantindo a elas sua estabilização e seu transporte seguro até um local onde possam receber tratamento definitivo (Curso de formação militar em Atendimento pré-hospitalar – Básico – CBMSC). SOCORRISTA POLICIAL MILITAR É a pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para, com segurança, avaliar e identificar problemas que comprometam a vida. Cabe ao socorrista policial militar prestar o adequado socorro pré-hospitalar e o transporte do paciente sem agravar as lesões já existentes (Curso de formação de socorrista militar em Atendimento préhospitalar Básico (APH B- CBMSC ). CARACTERISTICAS PESSOAIS DE UM POLICIAL MILITAR; 1- Responsabilidade; 2- Sociabilidade; 3- Honestidade; 4- Estabilidade emocional; 5- Boa condição física; 6- Apresentação adequada à atividade (apresentação pessoal, uniforme) 7- Disciplina DEVERES DO POLICIAL MILITAR NA CENA DE APH - Garantir a sua própria segurança, a segurança do paciente e a segurança dos demais envolvidos (testemunhas, familiares, curiosos, etc..) - Usar Equipamento de Proteção Individual (EPI) - Controlar a cena e lograr o seguro até o paciente; - Proporcionar atendimento pré-hospitalar imediato e inicial; - Não causar dano adicional ao paciente; - Proporcionar o seguro do serviço médico de urgência ao paciente, garantindo a segurança de seus profissionais. - Transferir o paciente a uma equipa médica ou pessoal mais capacitado para o atendimento, registrar a ocorrência e se não houver recursos técnicos conduzir o paciente até uma unidade hospitalar. 4
APH BÁSICO – CFS/CFSD DIREITOS DO PACIENTE Solicitar e receber socorro médico de urgência; Exigir sigilo sobre suas condições ou o tratamento recebido (a violação desse direito poderá prejudicar uma vítima). Um exemplo ainda comum é a perda do Trabalho (ou a discriminação de seus pares e superiores ao tornar-se público que uma pessoa é portadora do vírus HIV); Denunciar a quem não lhe prestou socorro e a quem violou o sigilo de sua condição; Recusar o atendimento pré-hospitalar oferecido pelo policial militar (lembrar que nesses casos faz-se necessário o preenchimento de um formulário padrão de recusa de atendimento que deverá ser assinado pela vítima e mais duas testemunhas, para fins de isenção de responsabilidade por parte do policial militar e de sua organização);
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APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇÃO 2
EQUIPAMENTOS BASICOS E RECONHECIMENTO/ AVALIAÇÃO DO LOCAL
OBJETIVOS: Nesta lição os alunos serão capazes de:
1- Reconhecer os equipamentos básicos utilizados pelo serviço médico de resgate e do Corpo de bombeiros; 2- Elaborar um Kit básico de atendimento pré-hospitalar possível de ser utilizado na Viatura PM, e os principais EPIs; 3- Listar os os para a avaliação do local; 4- Listar os informes que deverão ser reados aos recursos adicionais;
EQUIPAMENTOS BASICOS UTILIZADOS NO SOCORRO PRÉ-HOSPITALAR Equipamentos para avaliação do paciente: Lanterna pupilar Esfigmomanômetro Estetoscópio
Equipamentos de proteção individual: Luvas descartáveis Máscaras faciais Óculos de proteção
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Equipamentos de ressuscitação: Máscara de R de bolso Ressuscitadores manuais Cânulas orofaríngeas Aspiradores portáteis
Equipamentos para curativos: Ataduras de crepom Compressas de gaze Esparadrapo Bandagens Kit para queimados Solução fisiológica Equipamentos para imobilização: Colares cervicais Talas de imobilização (rígidas, infláveis, de papelão, etc.) Macas rígidas longas Coletes de imobilização dorsal
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
Equipamentos para extração: Ferramenta para quebrar vidros Luvas de raspa Equipamentos diversos: Tesoura de ponta romba Kit obstétrico Carvão ativado Cobertor ou manta Bolsa de primeiros socorros KIT BÁSICO DE APH PARA POLICIAIS MILITARES; O trabalho policial na linha de frente torna sua missão alvo de situações onde a tomada de decisão correta e oportuna faz a diferença, principalmente em situações onde haja risco iminente à vida ou traumas provocados por enfrentamentos ou acidentes. Tais situações exigem que o policial esteja familiarizado com determinados equipamentos básicos de e a vida, e equipamentos de proteção individual os quais podem fazer parte do KIT especifico de uma Viatura PM.
KIT básico; - Gaze (compressas estéreis); - Luvas de procedimento; - Mascara de proteção facial; - Ataduras de crepom - Tesoura; - Talas de imobilização. AVALIAÇÃO INICIAL DO LOCAL – DIMENSIONAMENTO DA CENA; Todo atendimento deverá iniciar-se pelo dimensionamento (avaliação) da cena da emergência. Nesta rápida avaliação o Policial Militar deverá de imediato verificar três quesitos básicos: 1. Qual é a situação? (Estado atual) 2. Até onde pode ir? (Potencial de riscos) 8
APH BÁSICO – CFS/CFSD 3. O que farei e como farei para controla-la (operações e recursos) SEGURANÇA DO LOCAL; Consiste na adoção dos cuidados por parte do Policial Militar para a manutenção da segurança no local de uma ocorrência, priorizando: - Estacionamento adequado da viatura de emergência (PM/BM/SAMU); - Sinalização e isolamento do local;
- Gerenciamento dos riscos. A viatura de socorro deverá estar estacionada 15 metros antes do local do acidente, utilizando-a como anteparo, a fim de proporcionar maior segurança à guarnição de serviço e ás vitimas envolvidas, deixando assim, uma área denominada “zona de trabalho”. Caso a Viatura PM não seja a única no local da cena, a outra viatura deverá posicionar-se 15 metros à frente do local do acidente, mantendo o espaço da zona de
trabalho.
SINALIZAÇÃO; A colocação de cones de sinalização deverá obedecer a seguinte proporção: 1 (Um) metro para cada km/h da velocidade permitida para a via. Exemplo: se a velocidade máxima permitida na via for 40 km/h, o primeiro cone de segurança deverá ser posicionado 40 metros antes do local do acidente e os demais cones deverão ser distribuídos em direção ao local do acidente.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇÃO 3
AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE
OBJETIVOS: Nesta lição os alunos serão capazes de:
1- Realizar adequadamente o dimensionamento de uma cena de trauma; 2- Realizar a avaliação inicial e geral do paciente; 3- Realizar a avaliação dirigida;
INTRODUÇÃO Numa situação de urgência/emergência, a vítima não poderá receber os cuidados adequados se seus problemas não forem corretamente identificados. Portanto, a avaliação do paciente deverá ser realizada pelos Policiais para identificar possíveis lesões (traumas) e doenças (emergências médicas) ou ambas. Na área do socorro pré-hospitalar, o trabalho de avaliação deverá ser realizado de forma ágil, segura e meticulosa, através da coleta sistemática (o a o) de dados para determinar o estado de saúde do paciente, identificar quaisquer problemas efetivos ou potenciais e programar as ações de socorro necessárias ao e básico de vida do mesmo. Esta avaliação deverá ser, sempre que possível realizada em equipe, buscando primeiramente identificar e corrigir de imediato os problemas que ameaçam a vida em curto prazo.
Avaliação/Dimensionamento da cena Todo atendimento deverá iniciar-se pelo dimensionamento (avaliação) da cena da emergência. Esta rápida avaliação do cenário da emergência inclui:
1) A revisão das informações do despacho; 2) A adoção de medidas de proteção pessoal EPI (precauções universais); 3) A verificação das condições de segurança: -
Segurança pessoal;
-
Segurança do paciente;
-
Segurança de terceiros (familiares, acompanhantes, testemunhas e curiosos);
4) A observação dos mecanismos de trauma ou a natureza da doença; 5) A verificação do número de vítimas e da necessidade do acionamento de recursos adicionais. 10
APH BÁSICO – CFS/CFSD Fontes rápidas de informação no local da cena: A cena por si só; O paciente (se estiver consciente e em condições de responder); Familiares, testemunhas ou curiosos; Os mecanismos do trauma e a posição do paciente, qualquer deformidade maior ou lesão óbvia; Qualquer sinal ou sintoma indicativo de emergência médica. Obs.: Após avaliar a cena e identificar os perigos, o policial militar deverá iniciar o gerenciamento dos riscos presentes e o controle dos mesmos. Esta tarefa geralmente inclui medidas de sinalização do local, isolamento, estabilização de veículos, controle de tráfego, desligamento de cabos elétricos energizados, desligamento de motores automotivos, desativação de sistemas de air bags, remoção de vítimas em situação de risco iminente, entre outros. AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE O processo de avaliação geral do paciente divide-se cinco fases distintas, a saber: 1. Avaliação Dimensionamento da Cena; 2. Avaliação Inicial; 3. Avaliação Dirigida; 4. Avaliação física detalhada (opcional); e 5. Avaliação continuada.
AVALIAÇÃO INICIAL A avaliação inicial do paciente é o próximo o do policial militar após a avaliação do local da emergência. Podemos conceituá-la como sendo um processo ordenado para identificar e corrigir, de imediato, problemas que ameacem a vida em curto prazo. A avaliação inicial deve ser executada na seguinte sequência: 1. Forme uma impressão geral do paciente; 2. Avalie o nível de consciência (status mental - Escala AVDI; (A=alerta, V=verbal, D=dor e I=inconsciente) 3. 4. 5. 6.
Avalie a permeabilidade das vias aéreas e a coluna cervical; Avalie a respiração (usar técnica do VOS, V = ver, O = ouvir e S = sentir :); Avalie a circulação (presença de pulso carotídeo palpável e hemorragias graves); Decida a prioridade para o transporte do paciente (Escala E).
C
= CRÍTICO: Parada respiratória ou cardiorrespiratória; inconsciência choque
descompensado; consciente, mas não alerta; dificuldade respiratória; hemorragia
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APH BÁSICO – CFS/CFSD severa ou choque; mau aspecto geral; parto complicado; dor no peito ou qualquer dor aguda. (PACIENTE “C” transporte imediato, máximo 5 minutos na cena).
P
= POTENCIALMENTE INSTÁVEL: Lesões isoladas importantes, com choque
compensado, (o ideal é avaliar no máximo em 12 minutos).
E = ESTÁVEL: Mecanismo da lesão não importante.
Apresentação do Socorrista Policial militar: Diga seu nome; Identifique-se como pessoa tecnicamente capacitada; Pergunte à vítima se você pode ajudá-la (pedido de consentimento); Durante a avaliação inicial, os problemas que ameaçam a vida, por ordem de importância são:
A - Vias aéreas = Estão abertas e permeáveis? Existe comprometimento da
coluna
cervical? B - Respiração = A respiração está adequada? C - Circulação = Existe pulso palpável? Existe algum sangramento grave? Existem sinais de estado de choque? Como realizar a avaliação inicial? Observe visualmente a cena e forme uma impressão geral do paciente; Avalie o nível de consciência do paciente (AVDI). Identifique-se como policial militar e solicite autorização para ajudar; Verifique a circulação do paciente (apalpar o pulso carotídeo); Avalie a permeabilidade das vias aéreas e estabilize manualmente a coluna cervical; Verifique a presença de hemorragias graves; Descida a prioridade para o transporte.
AVALIAÇÃO DIRIGIDA Podemos conceituá-la como sendo um processo ordenado para obter informações, descobrir lesões ou problemas médicos que, se não tratados, poderão ameaçar a vida do paciente. A avaliação dirigida é realizada logo após o término da avaliação inicial e é dividida em três etapas distintas, são elas: Entrevista (pacientes e familiares ou testemunhas); 12
APH BÁSICO – CFS/CFSD Aferição dos Sinais Vitais e exame físico (limitado a uma lesão ou problema médico ou completo da cabeça aos pés). Entrevista: Etapa da avaliação onde o policial militar conversa com o paciente buscando obter informações dele próprio, de familiares ou de testemunhas, sobre o tipo de lesão ou enfermidade existente e outros dados relevantes. Sinais Vitais: Etapa da avaliação onde o policial militar realiza a aferição da respiração, pulso, pressão arterial e temperatura relativa da pele do paciente. Exame físico: O exame físico poderá ser limitado a uma lesão ou problema médico ou realizado de forma completa (da cabeça aos pés). Nesta etapa da avaliação, o policial militar realiza uma apalpação e uma inspeção visual, de forma ordenada e sistemática, buscando localizar no paciente, indicações de lesões ou problemas médicos. Regras gerais que se aplicam na avaliação: Avaliar sem causar dano adicional; Observar condutas e/ou comportamento do paciente e estar atento a qualquer alteração nas condições do paciente; Suspeitar de lesão na coluna vertebral, sempre que a vítima sofrer um trauma; Informar ao paciente que vai examiná-lo e a importância (o porquê) de fazê-lo; Aferir corretamente os sinais vitais; Seguir corretamente a sequência no exame físico da cabeça aos pés. Guia para realizar uma entrevista: Se o paciente estiver consciente e em condições de respondê-lo, questione-o utilizando as seguintes perguntas chaves: Nome e idade (se é menor, procure contatar com seus pais ou um adulto conhecido) O que aconteceu? (para identificar a natureza da lesão ou doença) Como aconteceu? Há quanto tempo isso aconteceu? Isso já ocorreu antes? Você tem algum problema de saúde? Você tem tomado algum remédio? Você é alérgico a alguma coisa?
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Obs.: Mais recentemente, os programas de treinamento em primeiros socorros estão adotando um modelo de entrevista simplificada, através de um processo mnemônico, denominado SAMPLE. Cada letra da palavra representa uma pergunta que deverá ser feita ao paciente, ou seja: Sinais e sintomas (O que está errado?); Alergias (Você é alérgico a algum tipo de substância ou alimento?); Medicações (Você toma algum tipo de remédio?); ado médico (Você está realizando algum tratamento médico?); Líquidos e alimentos (Você ingeriu alguma coisa recentemente?); Eventos relacionados com o trauma ou doença (O que aconteceu?).
Guia para aferir os sinais vitais:
SINAL: É tudo aquilo que o policial militar pode observar ou sentir no paciente enquanto o examina. Exemplos: pulso, palidez, sudorese, etc. SINTOMA: É tudo aquilo que o policial militar não consegue identificar sozinho. O paciente necessita contar sobre si mesmo. Exemplos: dor abdominal, tontura, etc.
Aferição de sinais vitais em APH:
PULSO: É a expansão e o relaxamento das paredes das artérias devido a propagação de uma onda de sangue ejetada pela contração do coração. Valores Normais: Adulto: Criança:
60 / 100 (bpm); (bpm = batimentos por minuto) 80-140 bpm;
Lactentes: 85-190 bpm.
RESPIRAÇÃO: É o ato de respirar. Também chamada de ventilação. VALORES NORMAIS: Adulto: criança:
12 - 20 (vpm); (vpm = ventilação por minuto) 20-40 vpm;
Lactentes: 40-60 vpm.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD TEMPERATURA: É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo humano. Geralmente fica entre 36,5 e 37,0 graus Celsius. Independentemente da idade. Em atendimento pré-hospitalar básico, o policial militar verifica a temperatura relativa da pele colocando o dorso da sua mão sobre a pele do paciente (na testa, tórax ou abdômen). O policial militar estima a temperatura relativa da pele pelo tato. Convém recordar que a pele é a grande responsável pela regulação da temperatura e poderá apresentar-se normal, quente ou fria, úmida ou seca.
Com relação a coloração, a pele poderá estar: Branca (pálida), Vermelha (ruborizada) ou Azul (cianótica). Obs.: Nas pessoas negras, a cor azulada poderá ser notada nos lábios, ao redor das fossas nasais e nas unhas.
PRESSÃO ARTERIAL (PA): É definida como a pressão exercida pelo sangue circulante contra as paredes internas das artérias. A PA é medida em dois níveis, a PA sistólica e a PA diastólica. A sistólica é a pressão máxima à qual a artéria está sujeita durante a contração do coração (sístole). A diastólica é pressão remanescente no interior do sistema arterial quando o coração fica relaxado, na fase de enchimento de sangue (diástole). Temos então que a pressão arterial é diretamente influenciada pela força do batimento cardíaco. Quanto mais força, mais elevada a PA e o volume de sangue circulante. Os índices normais da PA adultos variam de: PA sistólica = 100 a 150 Mmhg e PA diastólica = 60 a 90 Mmhg. A pressão é sempre medida em mm de mercúrio (Mmhg). Dentro desses valores, consideramos a PA normal; se excede a máxima, denominamos de alta (hipertensão) e ao contrário, se não atinge a nível mínimo, denominamos de baixa (hipotensão).A PA é a aferida com auxílio de dois equipamentos,
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o
esfigmomanômetro
(fig.1)
e
estetoscópio
(fig.2)
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APH BÁSICO – CFS/CFSD COMO REALIZAR O EXAME FÍSICO DO PACIENTE: Lembre-se que a avaliação dirigida permite que o policial militar realize o exame físico do segmento corporal a que o paciente se refere como o mais atingido ou de maior queixa. Assim o exame físico completo da cabeça aos pés pode não ser necessário. Use seu bom senso!
Avaliação Física Detalhada
A avaliação ou exame físico detalhado da cabeça aos pés deve ser realizado pelo policial militar em cerca de dois a três minutos. O exame completo não precisa ser realizado em todos os pacientes. Ele pode ser realizado de forma limitada em vítimas que sofreram pequenos acidentes ou que possuem emergências médicas evidentes.
Ao realizar o exame padronizado da cabeça aos pés, o policial militar deverá: Verificar a região posterior e anterior do pescoço (região cervical); Verificar a cabeça (couro cabeludo) e a testa; Verificar a face do paciente. Inspecionar os olhos e pálpebras, o nariz, a boca, a mandíbula e os ouvidos. Inspecionar os ombros bilateralmente (clavícula e escápula); Inspecionar as regiões anterior e lateral do tórax; Inspecionar os quatro quadrantes abdominais separadamente Inspecionar as regiões anterior, lateral e posterior da pelve e a região genital; Inspecionar as extremidades inferiores (uma de cada vez). Pesquisar a presença de pulso distal, a capacidade de movimentação, a perfusão e a sensibilidade; Inspecionar as extremidades superiores (uma de cada vez). Pesquisar a presença de pulso distal, a capacidade de movimentação, a perfusão e a sensibilidade;
Realizar o rolamento em monobloco e inspecionar a região dorsal.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD CORPO HUMANO Posição anatômica (fig.1); Divisões Corporais: Cabeça e Pescoço (fig. 2); Tórax (fig. 3); Quadrantes abdominais (fig.4).
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Avaliação Continuada A avaliação ou assistência continuada é usualmente utilizada pelas equipes de socorro pré-hospitalar durante o transporte do paciente até a unidade hospitalar. Após o término do exame físico detalhado, o policial militar deverá verificar periodicamente os sinais vitais e manter uma constante observação do aspecto geral do paciente. Recomendamos uma reavaliação (rechecar as VA, a respiração, a circulação e os sinais vitais) a cada quinze minutos para pacientes estáveis e a cada cinco minutos no caso de pacientes potencialmente instáveis.
Técnica para retirar capacetes: Em algumas situações especiais, haverá a necessidade da remoção de um capacete, porém esta tarefa deverá ser realizada com muita cautela por no mínimo 2 policial militares.
Enquanto um imobiliza manualmente a cabeça e o pescoço da vítima, o outro remove lentamente o capacete. Obs.: O capacete não deverá ser removido na situação de esmagamento, aumento de dor durante a remoção ou quando associado a ferimento com objeto transfixam-te. Nesses casos, a vítima é imobilizada sobre a maca rígida com o capacete, que deverá ser removido pela equipe médica do hospital de emergência.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇÃO 04
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR OBJETIVOS: Ao final desta lição os participantes serão capazes de: 1. Descrever as principais causas de obstrução das vias aéreas; 2. Demonstrar os os da assistência respiratória pré-hospitalar em adultos, crianças e lactentes, com e sem obstrução por corpo estranho; 3. Explicar e demonstrar os os da ressuscitação cardiopulmonar em adultos, crianças e lactentes;
OVACE
R
INTRODUÇÃO
A cada 05 anos a Associação Americana do Coração, American Heart Association ( atualiza as diretrizes para R e ACE), as atualizações são publicadas on-line e informam as novas recomendações. (a última atualização foi feita em outubro de 2015) . Pode-se afirmar que este novo trabalho, escrito após anos de debates e rigorosa avaliação científica, representa o consenso mundial para ressuscitação. A partir de agora os manuais de treinamento estarão sendo distribuídos e isso implica em dizer que todos aqueles que foram treinados em R deverão ser submetidos a uma recertificação. O texto que fala sobre R e ACE foi reescrito em conformidade com as novas diretrizes da American Heart Association para o atendimento cardíaco de emergência. (R ressuscitação cardiopulmonar, ACE atendimento cardiovascular de emergência)
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APH BÁSICO – CFS/CFSD ASSISTÊNCIA RESPIRATÓRIA PRÉ-HOSPITALAR
Revisão da Anatomia do Sistema Respiratório. O sistema respiratório compreende o nariz, a boca, a faringe, a laringe, a epiglote, a traqueia, a árvore brônquica, os pulmões e os músculos respiratórios.
Fisiologia do Sistema Respiratório A respiração é essencial para a vida porque permite: Suprir as células com oxigênio; Eliminar o dióxido de carbono das células. Os músculos respiratórios são o diafragma (que separa as cavidades torácica e abdominal) e os músculos intercostais. Quando o diafragma e os músculos intercostais se contraem, produz-se uma pressão negativa na cavidade torácica e o ar externo entra nos pulmões. Isto é chamado de inspiração.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
Quando os músculos se relaxam, produzem uma pressão positiva na caixa torácica e o ar é forçado a sair dos pulmões. Isto é a expiração.
Sinais da Respiração Vítima que respira: movimentos torácicos; Saída de ar pelas vias aéreas. Vítima que não respira: ausência de movimentos torácicos; Não existe ar saindo pelas vias aéreas. Vítima com respiração anormal/irregular: movimentos torácicos irregulares; Respiração ruidosa.
Conceitos Importantes: Parada respiratória: Supressão súbita dos movimentos respiratórios, que poderá ou não, ser acompanhada de parada cardíaca. Cianose: Coloração azulada da pele e das mucosas, causada pela falta de uma adequada oxigenação nos tecidos. É um sinal de insuficiência respiratória, mas se observa também em doenças cardíacas e em intoxicação.
TÉCNICAS DE ABERTURA DAS VIAS AÉREAS (VA) Antes de realizar uma manobra: Em pacientes que respiram, ainda que com dificuldade, não aplicar nenhuma manobra, deve-se apenas estimulá-los a tossir; Assumir lesões associadas de cervical em todos os casos de trauma; Evitar a hiperextensão do pescoço ou qualquer movimento da cabeça e pescoço com a finalidade de prevenir maior dano à coluna vertebral; O empurre mandibular (manobra modificada) é a única manobra recomendada para ser realizada em paciente inconsciente com possibilidade de lesão na coluna.
Manobra de extensão da cabeça ou elevação mandibular: Colocar o paciente em decúbito dorsal horizontal e posicionar-se ao seu lado, na altura se atrás dos ombros; Colocar uma das mãos na testa, para estender a cabeça para trás, e a ponta dos dedos indicador e 21
APH BÁSICO – CFS/CFSD médio da outra mão por baixo da mandíbula para levantá-la.
Manobra de impulsão/empurre mandibular ou modificada: Colocar o paciente em decúbito dorsal e posicionar-se de joelhos, alinhado acima da parte superior da cabeça do paciente; Com uma mão de cada lado da cabeça do mesmo, colocar as pontas dos dedos indicador e médio sob o ângulo da mandíbula; Com os dedos posicionados, impulsionar a mandíbula para cima, mantendo a cabeça estabilizada com a palma das mãos. Não elevar ou realizar rotação da cabeça do paciente, pois a proposta desta manobra é manter a via aérea aberta sem mover a cabeça e o pescoço.
Use sempre EPIs Se você for realizar uma abertura de VA, use a manobra correta: Em caso clínico: manobra de extensão da cabeça/elevação mandibular; Em caso de trauma: manobra da impulsão da mandíbula.
Ventilação de Resgate O ar atmosférico possui 21% de oxigênio. Dos 21% inalados, uns 5% são utilizados pelo corpo e os 16% restantes são exalados, quantidade suficiente para manter viva uma vítima. As técnicas de ventilação de e são: Boca-máscara, Boca-a-boca, Boca-nariz, e Boca-estoma. Método boca-máscara: Abra as VA empurrando a mandíbula do paciente;
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Posicione a máscara sobre a face do paciente, com o ápice sobre a ponte do nariz e a base entre os lábios e o queixo; Inspire e ventile através da abertura da máscara. Os dedos mínimo, anular e médio de cada mão seguram a mandíbula do paciente em extensão, enquanto os indicadores e polegares são colocados sobre a parte superior da máscara. A pressão firme dos dedos mantém a máscara bem selada à face; Retire a boca e deixe o ar sair livremente. Obs.: O tempo de cada ventilação é o mesmo descrito na técnica de boca a boca.
Método boca-a-boca: Abra as vias aéreas; Feche as narinas do paciente com seus dedos (indicador e polegar); Inspire o ar e coloque sua boca com firmeza sobre a boca do paciente e ventile lentamente (1,5 a 2 segundos) seu ar para dentro dos pulmões da vítima; Retire sua boca e deixe o ar sair livremente; Repita a ventilação artificial de 5 a 6 segundos (10 a 12 por minuto) no socorro de adultos, e a cada 3 a 5 segundos (12 a 20 por minuto) no socorro de crianças e lactentes.
Método boca-nariz: Utilizada em crianças e lactentes (bebês). A técnica segue os mesmos os da ventilação de boca a boca, incluindo no item 3 a colocação da boca do policial militar sobre a boca e o nariz do paciente e em seguida uma ventilação bem lenta.
Método boca-estoma: Nesta técnica cumprem-se os mesmos os da técnica boca-a-boca, colocando-se a boca diretamente sobre o estoma do paciente. Estoma é uma abertura permanente no pescoço que conecta a traqueia diretamente à pele (laringectomia). 23
APH BÁSICO – CFS/CFSD Considerar os seguintes parâmetros da Associação Americana do Coração (AHA 2015):
Lactente: menos de 01 ano (Excluindo recém-nascidos) Criança: 01 ano de idade à puberdade Adulto e adolescentes: todos acima da puberdade Principais Riscos e Complicações da Ventilação Artificial Infecções; Intoxicações;
Lesão cervical; Vômito. OVACE - Obstruções das Vias Aéreas por Corpo Estranho
Conceito: é a obstrução súbita das VA superiores causada por corpo estranho. A OVACE em adultos geralmente ocorre durante a ingestão de alimentos e, em crianças, durante a alimentação ou a recreação (sugando objetos pequenos). As causas de obstrução das VA superiores podem incluir obstruções: Pela língua; pela epiglote; por corpos estranhos; por danos aos tecidos; por patologias (enfermidades). 24
APH BÁSICO – CFS/CFSD Tipos de obstruções - A obstrução poderá ser leve, quando a agem de ar encontra-se diminuída; ou grave, quando o ar não a, são elas: ●
Obstrução pela língua;
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Obstrução por corpos estranhos;
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Obstrução por danos aos tecidos;
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Obstrução por enfermidades.
Como Realizar as Manobras de Desobstrução? A manobra de compressão subdiafragmática (manobra de Heimlich) é recomendada para o tratamento pré-hospitalar de uma OVACE. Ao elevar o diafragma, esta manobra força o ar dos pulmões a criar uma tosse artificial capaz de expelir o corpo estranho, que está obstruindo as VA.
aas 1 MANOBRA DE HEIMLICH
Obs.: Sob nenhuma hipótese, os alunos devem praticar a manobra de Heimlich real uns nos outros durante o treinamento. Os participantes devem apenas simular a compressão sobre o abdômen ou executar as manobras reais em manequins. A manobra poderá ser realizada com o paciente em pé.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD O CONCEITO DA CADEIA DA SOBREVIVÊNCIA DA AHA
O sucesso na recuperação de uma parada cardíaca depende de uma série de intervenções, pré e intra-hospitalares. Se uma dessas ações é negligenciada, retardada ou mesmo esquecida, a recuperação da vítima poderá não acontecer. O conceito da Cadeia da Sobrevivência é uma metáfora criada pela Associação Americana do Coração para informar a importância da interdependência dessas ações.
A cadeia tem 5 anéis interdependentes, que são:
1º anel: Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço Médico de emergência
2º anel: R imediata de alta qualidade
3º anel: Rápida desfibrilação
4º anel: Serviços médicos básicos e avançados de emergência
5º anel: e avançado de vida e cuidados pós-PCR
Cada conjunto de ações ou elos dessa cadeia deve ser realizado o mais rápido possível. Se algum anel for fraco, demorado ou faltar, as chances de sobrevida e recuperação do paciente estarão diminuídas.
Os Fatores de Risco das Doenças Cardíacas O risco de um ataque cardíaco aumenta de acordo com o número de fatores apresentado pelo paciente. Os indivíduos que apresentam mais de um fator de risco podem ter muito mais chances de desenvolver uma doença vascular. 26
APH BÁSICO – CFS/CFSD Fatores que podem ser alterados: Pratica de atividade física Hábito alimentar Tabagismo
Fatores que não podem ser alterados: Herança Sexo Idade
Fatores que contribuem: Obesidade Diabetes Estresse excessivo
Conceitos Importantes: PARADA CARDÍACA É a cessação súbita e inesperada dos batimentos cardíacos. MORTE CLÍNICA: Uma vítima está clinicamente morta, quando cessa a respiração e o coração deixa de bater. MORTE BIOLÓGICA: Uma vítima esta biologicamente morta, quando as células do cérebro morrem. Corresponde a morte encefálica. OBS: Catalepsia patológica: é um distúrbio bastante incomum, do qual o indivíduo encontra-se em um estado onde os músculos do corpo tornam-se rígidos (como uma estátua), dando a impressão de que se trata de um óbito. Contudo, seus sinais vitais estão presentes apenas com seu ritmo diminuído.
São sinais evidentes de morte: Livor mortis: Corresponde a uma coloração azulada que se estende por debaixo da pela na parte mais baixa do corpo. Rigor mortis: Corresponde a uma rigidez muscular que se inicia pelos músculos da mastigação e avança da cabeça aos pés. Putrefação: Corresponde a uma decomposição do corpo, acompanhada de odor fétido.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Outras situações que indicam evidência de morte são os casos de decapitação, desmembramento ou mutilação grave que descarte qualquer possibilidade de vida (morte óbvia). NOTA: Recordar que só um profissional médico poderá atestar legalmente que uma pessoa está morta! Sinais e Sintomas de uma Parada Cardíaca -
Inconsciência;
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Ausência de pulso carotídeo e periférico;
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Coloração arroxeada da pele e lábios (cianose).
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Ausência de movimentos respiratórios;
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Dilatação das pupilas
Obs.: A parada cardíaca (PC) é uma emergência, é grave e necessita de rápido reconhecimento e manobras de reanimação imediatas por parte do socorrista.
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MANOBRAS PARA REALIZAR UMA R:
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Verificar o estado de consciência; Tente fazer o paciente responder; se ele não responder, posicione adequadamente (coloque a pessoa deitada de costas em uma superfície rígida); Pedir ajuda (acionar o SEM - Serviço de Emergências Médicas; Posicionar-se ao lado do paciente; Expor o tórax da vítima;
Verificar sinais de circulação (pulso carotídeo obstrução vias aéreas e respiração) Localizar o ponto para iniciar as compressões torácicas, inicie as compressões no peito. Coloque a base da sua mão no centro do peito da vítima. Coloque a sua outra mão. Entrelace os dedos.
Comprima de 100 a 120 vezes por minuto com frequência e profundidade adequada e permita o retorno total do tórax, evite apoiar-se sobre o tórax, evite ventilações excessivas. Ritimo de 30 compressões por 02 ventilações (30x2), um ciclo (em crianças e lactentes a R poderá ser executada no rítimo de (15x2), desde que seja atendida por (02) dois socorristas capacitados) a. (Adultos e adolescentes): Comprima o esterno no mínimo 2 polegadas (5 cm) e no máximo 2,4 polegadas (6 cm) de profundidade: b. Crianças (1 ano a puberdade): Comprima o tórax apenas com a palma de uma mão ou as duas cerca de 1/3 ou ½ da profundidade, aproximadamente 4 cm. c. Lactentes (0 a 1 ano): Comprima o tórax com apenas dois dedos cerca de 1/3 ou ½ da profundidade, aproximadamente 04 cm. Ventile através da técnica bocaboca/nariz, apalpe o pulso braquial em substituição ao carotídeo.
OBS.: Leigos podem comprimir em um ritmo de 100 a 120 p/m sem ventilar 30
APH BÁSICO – CFS/CFSD Assegurar a permeabilidade das vias aéreas, abrindo as vias aéreas aplicando as técnicas estudadas. Pince o nariz da vítima, aplique duas insuflações com duração de um segundo cada, observando se o peito da vítima se eleva. Continue aplicando as compressões e ventilações 30 compressões por 2 ventilações (30x2)., se os sinais de retorno de circulação e respiração não retornarem continue e após o (5 quinto ciclo) verifique o retorno, se o paciente não retornar continue sempre.................
ADULTOS
DEDOS ENTRELAÇADOS
LACTENTE COM DEDOS
CRIANÇA PALMA DA MÃO
A R deverá continuar até que: Ocorra o retorno espontâneo da circulação (retorno do pulso). Não se esquecer de continuar ventilando; Ocorra o retorno da respiração e circulação; Pessoal mais capacitado chegue ao local da ocorrência e assume o socorro; O policial militar está completamente exausto e não consegue mais realizar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar (R). 31
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Manobras Inadequadas de R O paciente não está posicionado sobre uma superfície rígida; O paciente não está em posição horizontal; Não se executa adequadamente a manobra de extensão da cabeça; A boca ou máscara não está perfeitamente selada e o ar escapa; As narinas do paciente não estão fechadas; As mãos estão posicionadas incorretamente ou em local inadequado; As compressões estão sendo realizadas muito profundas ou demasiadamente rápidas; A razão entre as ventilações e compressões está incorreta; A R deixa de ser executada por mais de 5 segundos.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇÃO 05
QUEIMADURAS INTOXICAÇÃO E ENVENENAMENTO
OBJETIVOS: Ao final desta lição os participantes serão capazes de: Definir o que é queimadura; Quais as causas das queimaduras; Classificar as queimaduras de acordo com sua profundidade e extensão; Explicar as regras para determinar a porcentagem da superfície corporal total queimada “SCTQ”; Descrever o tratamento pré-hospitalar para vítima com queimadura
DEFINIÇÃO Queimadura é uma lesão produzida nos tecidos de revestimento do organismo causada por agentes térmicos, produtos químicos, eletricidade, radiação etc. As lesões podem lesar a pele, os músculos, os vasos sanguíneos, os nervos e ossos. Curso de emergencista pré-hospitalar (SENASP/MJ – 2008).
CAUSAS DA QUEIMADURA: Térmica: Por calor “fogo, vapores quentes, objetos quentes”. Frios “objetos congelados e gelo”. Química: Inclui vários cáusticos, substâncias ácidas ou álcalis (Hidróxido ou Óxido de Metais alcalinos). Elétricas: Metais energizados e descargas atmosféricas “Raios”. 33
APH BÁSICO – CFS/CFSD Substâncias Radiativas; Materiais radiativos e raios ultravioletas (incluindo a luz solar) etc.
Classificação, Sinais e Sintomas das Queimaduras
De acordo com a sua Profundidade elas podem ser:
Queimadura de 1º Grau Queimadura de 1º Grau – Atinge somente a epiderme (camada mais superficial da pele). Caracteriza-se por dor local e vermelhidão da área atingida
Queimaduras de 2º Grau Queimaduras de 2º Grau – Atinge a Epiderme e a Derme sendo esta a camada da pele situada sob a epiderme. Caracteriza-se por muita dor, vermelhidão e formação de bolhas.
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Queimadura de 3º Grau
Queimadura de 3º Grau – Atinge todas as camadas (tecidos) de revestimento do corpo, incluindo o tecido gorduroso, os músculos, vasos e nervos, podendo chegar até os ossos. É a mais grave quanto à profundidade da lesão. Caracteriza-se por pouca dor, devido à destruição das terminações nervosas da sensibilidade, pele seca, dura e escurecida ou esbranquiçada, ladeada por áreas de eritema (vermelhidão). Obs.: Uma queimadura de 3º grau não é dolorosa, mas a vítima geralmente queixa-se da dor nas bordas da lesão, onde a queimadura é de 2º ou 1º grau.
De acordo com a Extensão: Usamos porcentagens através da regra dos nove que permitem estimar a Superfície Corporal Total Queimada – SCTQ. Neste caso analisamos somente o percentual da área corpórea atingida pela lesão, sem considerar sua profundidade (seus graus). A regra dos nove divide o corpo humano em doze regiões; onze delas equivalem a 9% cada uma e a última (região genital) equivale a 1%, conforme segue:
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Gravidade das queimaduras: A gravidade de uma queimadura deve sempre considerar os seguintes aspectos: Grau da queimadura; Percentagem da SCTQ; Localização da queimadura; Complicações que a acompanham; Idade da vítima; Enfermidades anteriores da vítima. Queimaduras Menores: São aquelas de 1º e 2º graus que afetam uma pequena área do corpo, sem dano ao sistema respiratório, a face, as mãos e pés, aos genitais e as nádegas. Queimaduras Maiores: Qualquer queimadura de 3º grau, de 2º grau que cubra toda a área corporal ou áreas críticas, ou ainda de 1º grau que cubra todo o corpo ou o sistema respiratório. Queimaduras complicadas por lesões no sistema respiratório ou por outras lesões do tipo fraturas;
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Tratamento Pré-Hospitalar De acordo com a gravidade e a causa das queimaduras, os procedimentos a serem adotados são: Queimaduras Menores (por causas térmicas ou radiação): 1. Expor o local da lesão e lavar a área queimada com água fria ou usar água corrente por vários minutos para resfriar o local. O melhor é submergir a área queimada 2. Cobrir o ferimento com um curativo úmido solto (estéril). 3. Retirar anéis, braceletes, cintos de couro, sapatos, etc. 4. Conduzir a vítima e transmitir calma. Queimaduras Maiores (causas térmicas ou por irradiação): 1- Inicialmente deter o processo da lesão (se for fogo na roupa, usar a técnica do PARE, DEITE e ROLE); 2- Avaliar a vítima e manter as VA permeáveis, observando a frequência e qualidade da respiração; 3- Não retire tecidos aderidos a pele apenas recorte as partes soltas sobre as áreas queimadas; 4- Avaliar a vítima e manter as VA permeáveis, observando a frequência e qualidade da respiração; 5- Não retire tecidos aderidos a pele apenas recorte as partes soltas sobre as áreas queimadas; 6- Cobrir toda a área queimada, após expô-la. Usar curativo estéril. Não obstruir a boca e o nariz. Não aplicar nenhum creme ou pomada; 7- Providenciar cuidados especiais para queimaduras nos olhos, cobrindo-os com curativo estéril úmido. 8- Cuidado para não juntar dedos queimados sem separá-los com curativos estéreis. 9- Prevenir o choque e transportar. Tratamento pré-hospitalar das Queimaduras Químicas: Limpar e remover substâncias químicas da pele da vítima e das roupas antes de iniciar a lavação. Lavar o local queimado com água limpa corrente por no mínimo 15 minutos. Usar EPIs apropriados. Cobrir com curativo estéril toda a área de lesão. Prevenir o choque e transportar.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Se possível, conduzir amostra da substância em invólucro plástico. Se a lesão for nos olhos, lave-os bem (mínimo 15 minutos) com água corrente e depois cobrir com curativo úmido estéril. Voltar a umedecer o curativo a cada 5 minutos.
Tratamento pré-hospitalar das Queimaduras Elétricas: Os problemas mais graves produzidos por uma descarga elétrica são: parada respiratória ou cardiorrespiratória, dano no SNC (Sistema Nervoso Central) e lesões em órgãos internos. Reconhecer a cena e acionar, se necessário, socorro especializado. Realizar a avaliação primária e iniciar manobras de ressuscitação, se necessário. Identificar o local das queimaduras no mínimo dois pontos, um de entrada e um de saída da fonte de energia. Aplicar curativo estéril sobre as áreas queimadas. Prevenir o choque e conduzir com monitoramento constante. Um alívio imediato temporário da dor pode ser obtido utilizando meios de fortuna colocando-se uma toalha fria e molhada na área afetada, ou tomando um banho frio. INTOXICAÇÃO E ENVENENAMENTO Definição: Definimos como emergência médica causada pela absorção de substâncias que por suas características e quantidade, podem produzir danos ao organismo ou risco de vida as pessoas. A reação a um mesmo tipo de substância venenosa pode variar de pessoa para pessoa. Em alguns casos, o que pode ser um grande perigo para uma pessoa, pode ter um pequeno efeito para outra. Na maioria dos casos, as reações em crianças são mais sérias que em adultos. Qualquer substância química dependendo de sua dose poderá ser um tóxico. Em uma intoxicação ou envenenamento existem sinais e sintomas que indicam que a pessoa está enfrentando uma emergência clinica. Uma substância tóxica pode entrar no organismo por quatro diferentes formas: Ingestão (venenosa pode ser introduzida no corpo através da via digestora); Inalação (através da via respiratória); Absorção (através da pele); Injeção (através da circulação sanguínea dos tecidos corporais).
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Intoxicação por Ingestão: Os venenos ingeridos podem incluir várias substâncias químicas, domésticas e industriais. O PM atendente deverá tentar obter o máximo de informações, o mais rápido possível. Logo após a avaliação inicial da vitima, verifique se no local existem recipientes, líquidos derramados, cápsulas, comprimidos, substâncias venenosas ou qualquer indício que permita identificar a substância ingerida.
Sinais e Sintomas Queimaduras ou manchas ao redor da boca; Odores inusitados no ambiente, no corpo ou nas vestes da vitima; Respiração anormal; Pulso anormal; Sudorese; Alteração do diâmetro das pupilas; Formação excessiva de saliva ou espuma na boca; Dor abdominal; Náuseas; Vômitos; Diarreia; Convulsões; Alteração do estado de consciência, incluindo a inconsciência. Tratamento Pré-Hospitalar: Informar o COPOM. Manter as VA permeáveis. Pedir orientação ao Centro de Informações Toxicológicas. Diluir a substância tóxica oferecendo 1 ou 2 copos de água (contra indicado na ingestão de inseticidas ou álcalis fortes pois favorece sua absorção pelo organismo). Caso tiver disponível, oferecer carvão ativado (25g para crianças e 50g para adultos). Se a vitima apresentar vômitos, posicioná-la de forma que fique lateralizada para evitar a aspiração. Recolher em saco plástico toda a substância expelida (vomitada). Conduzir lateralizado e recebendo oxigênio suplementar. 40
APH BÁSICO – CFS/CFSD Obs.:Frente aos venenos em geral, os Policiais atendentes ficam limitados e necessitam antídotos específicos, portanto o transporte da vitima deverá ser feito rapidamente. Casos Específicos Abuso de álcool O álcool é uma droga, socialmente aceita quando ingerida com moderação, mas ainda sim é uma droga. O abuso como qualquer outra droga, pode conduzir a enfermidades, envenenar o corpo, determinar comportamento antissocial e morte. A vítima pode ter problema clinico ou trauma que requerem cuidados, pode estar ferido ou pode ferir outras pessoas quando estiver alcoolizado. Como PM atendente tente oferecer cuidados a vitima sob influência de álcool, como você faria a qualquer outra vitima. Determine se o problema foi causado pelo álcool e que este abuso é o único problema. Lembre-se que diabetes, epilepsia, ferimentos na cabeça, febres altas e outros problemas clínicos podem fazer a vitima parecer alcoolizada. Se a vitima permitir, faça a entrevista. Em alguns casos, você terá que depender das pessoas presentes no local para obter informação significativa.
Crises Suicidas Sempre que cuidar de uma vitima que tentou o suicídio ou esteja a ponto de tentá-lo, a primeira preocupação do PM atendente será com sua segurança. Tenha certeza de que o local esteja seguro e de que a vitima não tenha uma arma. Informe o problema ao COPOM. Se estiver seguro proceda o contato visual e verbal com a vitima. Sinais de Abuso de Álcool em vítima intoxicada: Odor de álcool no hálito da vitima ou em suas vestes. Isto é bastante significativo. Certifique-se de que não é hálito cetônico (jejum prolongado e falta de glicose) apresentado pelo diabético; Falta de equilíbrio e com movimentos instáveis, sem coordenação; Fala desarticulada e com inabilidade para manter a conversação. Não pense que a situação é séria apenas pelas piadas feitas pela vitima e pessoas presentes no local; Rubor, suor e queixa de calor; Vômito ou desejo de vomitar. Os efeitos do álcool podem mascarar os sinais típicos e sintomas, esteja alerta para outros sinais, como sinais vitais alterados devido ao álcool e drogas. Nunca pergunte se a vitima tomou qualquer droga, pois ela pode pensar que você está reunindo 41
APH BÁSICO – CFS/CFSD evidências de um crime. Evite a palavra “droga”. Pergunte se algum medicamento foi ingerido enquanto bebia. Tratamento pré-hospitalar Assegurar-se que se trata isoladamente de um caso de abuso de álcool; Monitorar os sinais vitais da vitima; Proteger as vitimas, sem usar ilegalmente meio restritivos. Transportar para o hospital indicado pelo centro de operações. CRISES E PROBLEMAS DE ABSTINÊNCIA Um alcoolista que subitamente é impedido de ingerir bebidas alcoólicas poderá sofrer sérios problemas de abstinência, e como resultado poderá ter uma vitima em síndrome de abstinência.
Sinais e Sintomas:
Inquietação e confusão;
Conduta atípica (loucura);
Alucinações (visão de bichos e animais);
Tremor nas mãos;
Delirium tremens.
Obs.: O delirium tremens (DT) ou alucino se alcoólica é o nome científico utilizado para o delírio produzido pela privação alcoólica, um estado tóxico agudo que acompanha um período prolongado com ingestão constante ou a privação súbita após a ingestão prolongada do álcool. O DT é uma complicação séria que pode ameaçar a vida. Tratamento pré-hospitalar:
O tratamento pré-hospitalar consiste em proteger a vitima de si mesmo, pois
ele poderá facilmente se auto lesar;
Transportar para atendimento médico.
CRISES SUICIDAS Apesar de não haver regras especificas para tratamento bem sucedido do suicida, existem vários princípios gerais que devem ser conhecidos: Cheque o local da ocorrência de forma discreta, com sirenes desligadas e sem criar tumultos;
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
Avalie inicialmente o local, verificando riscos potenciais para a equipe que prestará resgate e para a vitima, neutralizando-os ou minimizando-os; Isole o local impedindo aproximação de curiosos; Verifique a necessidade de apoio material ou pessoal; O contato com a vitima deve ser efetuado por apenas um integrante da equipe, a fim de estabelecer ema relação de confiança. Os outros permanecem à distância sem interferir no diálogo; Mantenha imediatamente diálogo com a vitima, mostrando-se calmo e a distância sem interferir no diálogo; Não faça nenhuma ameaça e nem restrição física; Não discuta ou critique a vitima; Nunca brinque sobre a situação; Pergunte se você pode ajudar; Converse com a vitima de forma pausada, firme, clara e num tom de voz adequado à situação; Jamais assuma qualquer atitude hostil para com a vitima; Descubra se a vitima está ferida; Mantenha observação constante da vitima e não a deixe sozinha por qualquer algum instante até o término do atendimento; Escute a vitima e deixe-a saber, que você está prestando atenção; Procure descobrir qual o principal motivo de sua atitude; Procure obter informações sobre seus antecedentes; Após ter conquistado a sua confiança, inicie o trabalho no sentido de dissuadi-lo, sempre oferecendo segurança e proteção; Não fique em locais onde possa se expor ao perigo; Se a vitima de qualquer indicação de que pode machucar os outros, tenha certeza de sua própria segurança;
Após ter conseguido dominar a vitima, continue tratando-a com respeito e consideração conduzindo-a ao hospital. OBS: Algumas pessoas cometem gestos suicidas, na qual a intenção não era de acabar com a vida, mas sim chamar a atenção. Mas, mesmo assim, não se deve tratálas com menosprezo, pois é um distúrbio de comportamento. Durante todas as fases de intervenção, devem-se tomar todas as medidas de precaução contra uma nova tentativa de suicídio. Armas de fogo, medicamento, além de outros objetos potencialmente letais, devem ser retiradas de perto da vitima. Ela 43
APH BÁSICO – CFS/CFSD não deve ser deixada sozinha em qualquer lugar, mesmo por alguns instantes, seja em casa ou na viatura.
ABUSO DE DROGAS: As drogas de uso mais frequentes são de cinco diferentes tipos: 1. Estimulantes – estimulam o sistema nervoso central (SNC), produzindo uma excitação em quem as usa. Incluem as anfetaminas, a cafeína, a cocaína, drogas antiasmáticas, drogas vasoconstrictoras, etc. 2. Depressores – deprimem o sistema nervoso central (SNC). Incluem os sedativos e tranquilizantes
(diazepam,
lorax,
fenobarbital),
os
barbitúricos
e
os
anticonvulsionantes. Essas drogas diminuem a respiração e a pulsação e provocam sonolência e a lentificação dos reflexos. 3. Analgésicos Narcóticos (derivados do ópio) – o abuso dessas drogas produz intenso estado de relaxamento. Pertencem ao grupo à morfina, a heroína, o demerol, a metadona e a meperidina. Podem diminuir a temperatura, a respiração e a pulsação, relaxar músculos, provocar miose (contração pupilar), adormecimento, etc. 4. Alucinógenos – alteram a personalidade e causam distorção da percepção. Esse 5. grupo inclui o LSD, mas a maconha e o haxixe também têm algumas propriedades alucinógenas. As vitimas imaginam ouvir sons e ver imagens coloridas. 6. Químicos Voláteis – os vapores de certas substâncias causam excitação, euforia sensação de estar voando. Em geral são solventes, substâncias de limpeza, colas de sapateiro, clorofórmio, éter (lança-perfume) e gasolina. Seus efeitos produzem a perda do tempo e da realidade, perda do olfato, respiração e pulsação acelerados e podem produzir inconsciência e até coma. Tratamento pré-hospitalar: Informar o COPOM; Induzir o vômito se a droga foi ministrada via oral e nos últimos 30 minutos; Proteger as vítimas hiperativas; Conversar para ganhar a confiança da vitima e mantê-la consciente; Tentar identificar o tipo de droga; Transportar com monitoramento constante; Prevenir o choque.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD INTOXICAÇÕES POR INALAÇÃO: São aquelas provocadas por gases ou vapores tóxicos (ex. gases produzidos por motores a gasolina (CO2), solventes, gases industriais, aerossóis, etc.). Inicie o atendimento somente após certificar-se de que a cena está segura. Não entre em locais onde a atmosfera é suspeita de estar contaminada sem o EPI adequado. Sinais e Sintomas: Respirações superficiais e rápidas; Tosse; Pulso normalmente muito rápido ou muito lento; Dificuldade visual e irritação nos olhos; Secreção nas vias aéreas. Obs. A absorção da substância tóxica por essa via poderá também produzir os sinais e sintomas descritos nas intoxicações por ingestão. Tratamento Pré-Hospitalar: Remover a vitima para um local seguro. Se necessário, remover suas as roupas; Informar o COPOM; Manter as VA permeáveis; Avaliar e se necessário, realizar manobras de reanimação (Não fazer respiração boca a boca, utilizar sempre máscara de proteção); istrar oxigênio suplementar e transportar na posição semi-sentada. INTOXICAÇÕES POR CONTATO: São causadas por substâncias tóxicas que penetram através da pele e das mucosas, por meio de absorção/contato. Algumas vezes estas intoxicações provocam lesões importantes na superfície da pele, outras, o veneno é absorvido sem dano algum. Sinais e Sintomas: Reações na pele, que podem variar de irritação leve até o enrijecimento e queimaduras químicas; Coceiras (pruridos = sensação desagradável) e ardência na pele; Irritação nos olhos; Dor de cabeça (cefaleia); Aumento da temperatura da pele; Choque alérgico. Tratamento pré-hospitalar: 45
APH BÁSICO – CFS/CFSD
Remover a vitima para um local seguro, caso houver condições seguras para tal; Informar o COPOM; Remover as roupas e calçados contaminados; Lavar bem a área de contato com água corrente (mínimo de 15 minutos, inclusive os olhos, se for o caso); Guardar as vestes e adornos em sacos plásticos próprios; istrar oxigênio suplementar e transportar. O PM atendente deve assumir a responsabilidade pelos materiais sob sua guarda e constá-los em relatório próprio. Intoxicações por Injeções: Mordedura de aranhas ataque por animais de vida marinha, serpentes, e picadas de insetos são considerados como fontes de venenos injetáveis. Acidentes industriais que produzem cortes (laceração) e perfurações também podem injetar venenos. Outra forma bem conhecida de injeção de venenos é através de agulhas hipodérmicas.
Picada aranha marrom
Picada de abelhas
picada de cobra
Água viva 46
APH BÁSICO – CFS/CFSD
Sinais e Sintomas: Picadas e mordidas visíveis na pele. Podem apresentar dor e inflamação no local; Dor no local da ferida; Ardor na pele e prurido (coceira); Dor de cabeça (cefaleia); Náuseas; Dificuldade respiratória e frequência anormal do pulso; Hemorragias, parada respiratória e/ou cardíaca; Choque alérgico (anafilático). Tratamento pré-hospitalar: Informar o COPOM; Prevenir o choque anafilático (alérgico); Nas picadas de inseto (com ferrão preso na pele) raspar no sentido contrário para evitar a injeção do veneno no corpo; Monitorar nível de consciência e sinais vitais ininterruptamente; Estar preparado para iniciar manobras de ressuscitação e; Oferecer oxigênio suplementar e transportar sem demora.
Picadas de serpentes: Ocorrência bastante comum, principalmente na zona rural, tem sinais e sintomas que variam bastante de acordo com o gênero do animal (serpente). Observação: O PM atendente deverá considerar todas as picadas de animais peçonhentos como venenosas, até que se prove o contrário. Sinais e Sintomas: Marca dos dentes na pele; Dor local e inflamação; Pulso acelerado e respiração dificultosa; Debilidade física; Problemas de visão; Náuseas e vômito; Hemorragias. Tratamento pré-hospitalar:
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Manter a vitima calma e imóvel (preferencialmente deitada), removendo-a do local do acidente;
Lavar com água e sabão o local da picada; Retirar anéis, braceletes e outros materiais que restrinjam a circulação na extremidade afetada; Manter o local da picada elevado; Prevenir o choque; Transportar com monitoramento constante, e caso necessário, realizar manobras de reanimação. Somente o soro cura intoxicação provocada por picada de cobra, quando aplicada de acordo com as seguintes normas: Soro específico; Dentro do menor tempo possível; Em quantidade suficiente. Nota: Não fazer curativo ou qualquer tratamento caseiro; não cortar, nem furar no local da picada; não dar nada para beber ou comer; não fazer torniquete. Se for treinado para tal e houver tempo e condições, conduzir o espécime que provocou a lesão para avaliação e identificação da espécie. Obs. O Instituto Butantã recomenda que para as serpentes, cascavel e coral brasileira, deva ser realizado um garroteamento no tratamento pré-hospitalar, desde que este garrote não comprometa o fluxo sanguíneo arterial da extremidade afetada (o garrote deve ser apertado sempre respeitando a presença de pulso distal – abaixo do local afetado). Estas espécies, quando nativas brasileiras apresentam um veneno típico e característico (de ação neurotóxica, ou seja, a intoxicação se produz nas terminações nervosas da região muscular afetada) e não produzem reação com processo inflamatório, cuja finalidade é a defesa local do organismo. Sendo assim para estes tipos de venenos o organismo humano não reagiria contra estas toxinas. O uso do garrote é importante porque limita a ação do veneno na área comprometida.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇÃO 6 HEMORRAGIAS E CHOQUE
OBJETIVOS: Ao final desta lição os participantes serão capazes de: 1. Enumerar 5 sinais ou sintomas indicativos de uma hemorragia; 2. Citar e demonstrar 4 diferentes técnicas para controlar hemorragias externas; 3. Demonstrar o a o o tratamento merecido por um paciente de choque hemorrágico (hipovolêmico) e de choque anafilático.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Conceito de Hemorragia Hemorragias ou sangramento significam a mesma coisa, ou seja, sangue que escapa de vasos sanguíneos. A hemorragia poderá ser interna ou externa. Hemorragia Interna: Geralmente não é visível, porém e bastante grave, pois pode provocar choque e levar à vítima a morte. Hemorragia Externa: Geralmente visível, ocorre devido a ferimentos abertos. Pode ser dos tipos arterial, venosa ou capilar. Tipos de Hemorragias Externas (Ocorrem Devido a Ferimentos Abertos)
Hemorragia arterial: Faz jorrar sangue pulsátil de coloração vermelho vivo.
Hemorragia venosa: O sangue sai lento e contínuo na cor vermelho escuro.
Hemorragia capilar: O sangue sai lentamente por vasos menores. A cor é menos viva que na hemorragia arterial.
HEMORRAGIA ARTERIAL
HEMORRAGIA VENOSA
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APH BÁSICO – CFS/CFSD HEMORRAGIA CAPILAR
Técnicas Utilizadas no Controle das Hemorragias: Compressão direta sobre o ferimento; Elevação; Compressão dos pontos arteriais Torniquete Obs. A imobilização, apesar de não ser considerada uma das técnicas padronizadas de controle de sangramento, pode ser utilizada para auxiliar no controle de hemorragias. IMPORTANTE: Devemos ressaltar que o torniquete é uma técnica
que deverá ser utilizada
apenas em casos extremos tais como: amputação de membros ou rompimento de uma artéria, onde haja uma hemorragia severa a qual levará a vítima a óbito. Um torniquete poderá causar dano nervoso ou vascular e poderá resultar na perda de um braço ou uma perna se for utilizado de maneira indiscriminada. Sinais e sintomas de hemorragias: Saída evidente de sangue; Respiração rápida; Pulso rápido e fraco; Pele pálida e suada; Hipotermia; Mal estar geral ou enfraquecimento; A vítima refere sede; Ansiedade e agitação Inconsciência. Tratamento pré-hospitalar: Alertar o SEM Realizar avaliação inicial Prevenir ou tratar o choque Afrouxar roupas apertadas 51
APH BÁSICO – CFS/CFSD Estar preparado para o vômito Não dar nada de comer ou beber Ministrar oxigênio suplementar Informar a suspeita da hemorragia.
compressão direta
Compressão direta e elevação
(casos extremos) torniquete
Compressão dos vasos : Braquial e femural
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APH BÁSICO – CFS/CFSD CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS
Introdução ao choque hipovolêmico: A função do sistema circulatório é distribuir sangue com oxigênio e nutrientes para todas as partes do corpo. Quando isso, por qualquer motivo, deixa de acontecer e começa a faltar oxigênio nos tecidos corporais, ocorre o que denominamos estado de choque, ou seja, as células começam a entrar em sofrimento e, se esta condição não for revertida, as células acabam morrendo. CONCEITO DE PERFUSÃO: É a circulação de sangue dentro de um órgão. O fluxo constante de sangue pelos vasos capilares. CONCEITO DE CHOQUE: Podemos conceituar o choque como uma reação do organismo a uma condição onde o sistema circulatório não fornece circulação suficiente para cada parte vital do organismo. O choque é um quadro grave, que pode ocorrer de forma rápida ou desenvolver-se lentamente. O choque hipovolêmico caracteriza-se por uma reação do corpo em resposta ao colapso no sistema circulatório, o qual não consegue mais prover sangue de forma adequada para todos os órgãos vitais do corpo. CAUSAS DE CHOQUE: Quando o corpo de uma pessoa sofre um ferimento (trauma) ou apresenta uma enfermidade, ele imediatamente reage, tentando corrigir os efeitos do dano. Se o problema é severo, uma das reações é o choque, portanto, o choque indica a existência de um problema no sistema circulatório, o qual geralmente está relacionado com uma hemorragia grave ou desidratação.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Obs.: Quando uma pessoa está em choque, suas funções vitais diminuem e se as condições que causam o choque não forem interrompidas e revertidas imediatamente, logo ocorrerá a morte. Muita atenção, a identificação e o tratamento do choque não podem demorar! Em resumo, se existe um sangramento, o coração aumenta a frequência dos batimentos cardíacos, tentando fazer o sangue circular por todas as áreas vitais do corpo. Com isso, aumenta também a hemorragia e mais sangue é perdido. A resposta imediata do corpo para este problema é tentar fazer circular mais sangue, aumentando ainda mais os batimentos cardíacos. Todo este processo se não tratado imediatamente vai agravando-se e gera uma diminuição da PA, posteriormente uma falha na circulação, falha no coração e, finalmente, uma parada cardíaca e a morte do paciente.
Tipos de Choque: O choque hipovolêmico pode ser classificado de várias formas porque existem mais de uma causa para ele. O policial não necessita conhecer todas essas formas de choque, no entanto, é fundamental que ele entenda de que forma os pacientes podem desenvolver o choque hipovolêmico. Uma vítima com choque hipovolêmico pode ter:
Choque hemorrágico:
perda de sangue
Choque cardiogênico:
cardíaco
Choque neurogênico:
sistema nervoso
Choque anafilático:
alérgico
Choque metabólico:
perda de líquido no organismo (diarreia, vômito...)
Choque psicogênico:
fator psicológico (stress, medo, ansiedade...)
Choque séptico:
infecção
Choque respiratório:
asfixia
Sinais e sintomas do choque: Respiração superficial e rápida; Pulso rápido e filiforme (fraco); Pele fria, pálida e úmida; Sede; Queda da pressão arterial (PAS menor que 90 mmHg);
Náuseas e vômitos.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO: Posicionar o paciente deitado (posição supina). Elevar os MMII (caso haja fraturas, elevar o paciente após posicioná-lo sobre uma maca rígida). Manter VA, respiração, circulação. Controlar hemorragias externas. istrar oxigênio suplementar. Imobilizar fraturas, se necessário. Prevenir a perda de calor corporal. Não dar nada de comer ou beber. Monitorar e transportar para um hospital. Choque Anafilático: Definimos (o choque anafilático como uma reação alérgica severa a medicamentos principalmente a penicilina), picada de insetos, comidas e pós. Poderá ocorrer em segundos, logo após o contato com a substância a qual a vítima é alérgica. Este choque também é chamado de choque alérgico. Causas do choque anafilático: Comidas: derivados de leite, ovo, frutos do mar, etc. Picadas de insetos; Anti-inflamatórios; Sinais e sintomas do choque anafilático: Prurido na pele; Sensação de queimação na pele; Edema generalizado; Dificuldade para respirar; Pulso fraco; Perda da consciência e morte. Tratamento pré-hospitalar: Na entrevista, perguntar se é alérgica a alguma substância e se teve contato com ela. No mais, tratar igualmente como os outros tipos de choque já vistos anteriormente. Neste caso, o
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APH BÁSICO – CFS/CFSD paciente precisa receber urgentemente medicamentos para combater a reação alérgica, portanto não atrase o transporte!
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APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇÃO 7 FERIMENTOS EM TECIDOS MOLES
OBJETIVOS: Ao final desta lição, os participantes serão capazes de: 1. Diferenciar um ferimento aberto de um ferimento fechado; 2. Citar pelo menos cinco diferentes tipos de ferimentos abertos; 3. Descrever o atendimento de feridas abdominais e ferimentos com objetos cravados; 4. Demonstrar o uso apropriado de curativos compressivos e oclusivos nas seguintes situações simuladas: Ferimento em extremidades; Ferimento na cabeça e pescoço; Objeto encravado; Olho protruso. CURATIVOS E BANDAGENS: Compressa de gaze: material usado para cobrir um ferimento,
controlar
hemorragias
e
prevenir
contaminações adicionais. São gazes convencionais de aproximadamente 7,5 x 7,5 ou 10 x 10 cm. Atadura: qualquer material usado para manter as compressas de gaze sobre o ferimento. Geralmente, o policial militar utiliza ataduras de crepe de tamanhos variados (10 a 15 cm de largura). A
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APH BÁSICO – CFS/CFSD fixação de curativos poderá ser feita também com faixas adesivas, rolos de gaze ou esparadrapo. Bandagem triangular: modelo especial de atadura em forma de um triângulo que possibilita a confecção de tipóias ou, quando utilizada na forma dobrada, a fixação de compressas de gaze sobre os ferimentos, talas, imobilização óssea, etc. Largamente utilizada por policial militar, deverá possuir 100 x 100 cm nos lados do triângulo e 141 cm na base, confeccionado mais comumente (não obrigatório), em tecido do tipo algodão cru. Deve ser simples de modo a ser descartável após uso. Curativo oclusivo: utilizado em ferimentos aspirantes de tórax ou ferimentos abertos no abdômen. Geralmente é feito com papel alumínio ou material plástico. O papel aluminizado por não ser aderente é o mais recomendado para fazer o curativo. Este material também pode ser utilizado para envolver bebês recém-nascidos, pois tem a propriedade de manter o calor corporal.
Ao fazer um curativo ou colocar uma bandagem, o policial deverá lembrar-se de: Sua proteção individual (uso de EPIs); Expor o local da ferida (se necessário cortando as vestes); Cobrir o ferimento com um curativo estéril (curativo = compressa de gaze atadura ou bandagem triangular) para controlar sangramentos e prevenir a contaminação; Assegurar-se que o curativo está firme e confortável; Assegurar-se que não ficaram pontas soltas no curativo; Evitar a cobertura das extremidades, onde poderá checar a perfusão; Manter o paciente em repouso e tranquilizá-lo; Tratar ou prevenir o choque. Nota: O tratamento pré-hospitalar das feridas em tecidos moles é dirigido para controle de hemorragias e a prevenção de contaminações. Classificação dos Ferimentos Os ferimentos podem ser classificados em abertos e fechados: Ferimento ou Trauma Aberto: é aquela onde existe uma perda de continuidade da superfície cutânea, ou seja, onde a pele está aberta. Ferimento ou Trauma Fechado: a lesão ocorre abaixo da pele, porém não existe perda da continuidade na superfície, ou seja, a pele continua intacta. 58
APH BÁSICO – CFS/CFSD Tratamento pré-hospitalar dos ferimentos fechados: Estes ferimentos podem variar o grau de lesão abaixo da pele até lesões severas em órgãos internos. Basicamente, o tratamento pré-hospitalar consiste em avaliar o acidentado, identificar a lesão e tratar a hemorragia interna com imobilização e prevenir o choque.
Tipos de Ferimentos Abertos: Existem diferentes tipos de ferimentos abertos em partes moles; os mais comuns são: Abrasões ou escoriações; Ferimentos incisos; Lacerações; Ferimentos penetrantes ou perfurantes; Avulsões; Amputações; Eviscerações; Feridas contusas.
Tratamento Pré-Hospitalar: Dos ferimentos abertos no couro cabeludo: Controlar a hemorragia através de compressão direta (controlada) sobre a ferida. Não lave, nem limpe a ferida no couro cabeludo para evitar sangramento adicional; Suspeitar de lesão adicional na cabeça (TCE) ou pescoço (TRM); Não fazer pressão com os dedos sobre o ferimento se houver suspeita de fratura no crânio; Oferecer apoio emocional ao paciente. Dos ferimentos na face: Controlar o sangramento por compressão direta, tomando o cuidado de não pressionar muito forte, pois fraturas faciais podem não ser facilmente detectadas; Remover objetos transfixados na bochecha que apresentarem risco de obstrução das vias aéreas; Se necessário, transportar o paciente lateralizado para drenar o sangue da boca (não recomendado se houver lesão cervical associada); Suspeitar de lesão adicional na cabeça (TCE) ou pescoço (TRM); 59
APH BÁSICO – CFS/CFSD Oferecer apoio emocional ao paciente. Das hemorragias nasais: Manter abertas as VA; Manter o paciente sentado com a cabeça um pouco inclinada para frente e apertar as fossas nasais para estancar as hemorragias; Não usar gelo sobre a região, pois esse procedimento poderá provocar mais sangramento; Se houver saída de líquor, não ocluir o nariz.
De ferimentos nos olhos: Não comprimir diretamente sobre os olhos; Cobrir o globo ocular lesado com um curativo úmido e proteger com um copo plástico e compressas de gaze; Estabilizar objetos cravados e nunca tentar removê-los; Tampar ambos os olhos; Oferecer apoio emocional ao paciente. Nas lesões nos ouvidos e orelhas: Não tentar remover objetos cravados; Não tamponar a saída de sangue ou liquor; Aplicar curativo volumoso e frouxo e fixar com esparadrapo ou atadura sem pressão; Oferecer apoio emocional ao paciente. Ferimentos no pescoço: Controlar o sangramento por compressão direta sobre a ferida (use a própria mão enluvada); Aplicar curativo oclusivo com cobertura de plástico e fixá-lo com bandagem larga, sem comprimir ambos os lados do pescoço; Ofertar oxigênio suplementar; Oferecer apoio emocional e prevenir o choque. Ferimentos abdominais: Órgãos sólidos: fígado, baço (sangram muito); Órgãos ocos: estômago, intestino (altamente contaminantes).
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Sinais de trauma fechado: Dor ou contração; Abdômen protegido; Posturas características; Respiração rápida e superficial; Abdome sensível ou rígido. Tratamento para ferimentos abdominal aberto. Em ferimento abdominal aberto onde haja o evisceramento as vísceras expostas não devem ser recolocadas na cavidade abdominal, devendo o policial militar como tratamento manter coberto o local com material limpo.
Lembre-se: nunca remova objetos cravados. Controle a hemorragia e estabilize o objeto.
Nos ferimentos dos genitais: Controlar sangramento com compressão direta; Absorventes higiênicos podem ser utilizados para controlar sangramentos e fixados com ataduras ou bandagens triangulares. Não remover objetos cravados ou encravados; Preservar partes descoladas envolvendo-as em plástico ou curativo limpo; Nas contusões, o uso de bolsas de gelo pode auxiliar na diminuição da dor e sangramento.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Nas amputações: Controlar as hemorragias e prevenir o choque; Cobrir as partes amputadas com compressas, Limpar e mantê-las refrigeradas; Guardar e conduzir as partes amputadas junto com o paciente até o hospital.
Controle sangramentos no pescoço usando a própria mão enluvada. Aplique curativo oclusivo com cobertura de plástico e fixe-o com bandagem larga, sem comprimir ambos os lados do pescoço!
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APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇAO 8
TRAUMA EM OSSOS
OBJETIVOS: Ao final desta lição, os participantes serão capazes de: 1- Identificar uma fratura exposta e fechada; 2- Diferenciar fraturas, entorses e luxações; 3- Reconhecer os diversos tipos de talas utilizadas para imobilizações;
. FUNÇÕES DO ESQUELETO HUMANO: Sustentação; Proteção, Locomoção e produção de células sanguíneas.
Obs.: É Fíbula (Perônio)
Conceituação geral de fratura, luxação e entorse . Fratura: Quebra de um osso. Ruptura total ou parcial de um osso. Perda da continuidade óssea.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
Classes de fraturas:
Fechada (simples): A pele não foi perfurada pelas extremidades ósseas. Aberta (exposta): O osso se quebra, atravessando a pele, ou existe uma ferida associada que se estende desde o osso fraturado até a pele.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
Sinais e sintomas de fraturas: Deformidade: a fratura produz uma posição anormal ou angulação num local que não possui articulação. Sensibilidade: geralmente o local da fratura está muito sensível ou doloroso. Crepitação: se a vítima se move podemos escutar um som áspero, produzido pelo atrito das extremidades fraturadas. Não pesquisar este sinal intencionalmente, porque aumenta a dor e pode provocar lesões. Edema e alteração de coloração: quase sempre a fratura é acompanhada de certo inchaço provocado pelo líquido entre os tecidos e as hemorragias. A alteração de cor poderá demorar várias horas para aparecer. Impotência funcional: perda total ou parcial dos movimentos das extremidades. A vítima geralmente protege o local fraturado, não pode mover-se ou o faz com dificuldade e dor intensa. Fragmentos expostos: numa fratura aberta, os fragmentos ósseos podem se projetar através da pele ou serem vistos no fundo do ferimento.
Luxação: É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação fazendo com que as superfícies articulares percam o contato entre si.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Sinais e sintomas da luxação: Deformidade: mais acentuada na articulação luxada. Edema Dor: aumenta se a vítima tenta movimentar a articulação.
Impotência Funcional: perda completa ou quase total dos movimentos articulares.
Entorse: É a torção ou distensão brusca de uma articulação, além de seu grau normal de amplitude
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Distenção
Sinais e sintomas de entorses: Também são similares a fraturas e luxações. Nos entorses os ligamentos geralmente sofrem ruptura ou estiramento, provocado pelo movimento brusco.
Razões para a imobilização provisória: Evitar a dor: prevenindo a movimentação de fragmentos ósseos fraturados ou dos ossos de uma articulação luxada ou com entorse.
Prevenir ou minimizar: •
Lesões futuras de músculos, nervos e vasos sanguíneos pelos fragmentos
ósseos. •
Rompimento da pele e conversão de uma fratura fechada em aberta (mais
perigosa devido à contaminação direta e possível infecção). •
Diminuição do fluxo sanguíneo como resultado da pressão exercida pelos
fragmentos ósseos sobre os vasos sanguíneos. •
Sangramento excessivo para os tecidos ao redor do local da fratura causado
pelas extremidades ósseas instáveis. •
Paralisia das extremidades como resultado de uma lesão da medula espinhal
por vértebras fraturadas ou luxadas.
Tratamento pré-hospitalar (regras gerais de imobilização): Informar o que está fazendo e o que planeja fazer. Expor o local. As roupas devem ser cortadas e removidas sempre que houver suspeita de fratura ou luxação. Controlar hemorragias e cobrir feridas. Não empurrar fragmentos ósseos para dentro do ferimento, nem tentar removê-los. Usar curativos estéreis. Não recolocar fragmentos expostos no lugar. 67
APH BÁSICO – CFS/CFSD Observar e anotar o pulso distal, a mobilidade, a sensibilidade e a perfusão. Reunir e preparar todo o material de imobilização (usar se possível, talas acolchoadas). Imobilizar. Usar tensão suave para que o local fraturado possa ser colocado na tala. Movimentar o mínimo possível. Imobilizar todo o osso fraturado, uma articulação acima e abaixo. Advertir que em alguns casos, a extremidade deve ser imobilizada na posição encontrada. Revisar a presença de pulso e a função nervosa. Assegurar-se que a imobilização está adequada e não restringe a circulação.
Prevenir ou tratar o choque.
Métodos de imobilização: Talas rígidas; Talas moldáveis; Talas infláveis; Talas de tração; Colares cervicais; Coletes de imobilização dorsal; Macas rígidas; Bandagens triangulares; Auto imobilização.
Na maioria das vezes, é impossível sabermos sem o uso do raio-X, se o paciente é verdadeiramente portador de uma fratura, entorse ou luxação. No entanto, até ser provado o contrário, devemos sempre tratá-lo como se fosse portador de fratura. 68
APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇÃO 09
LESÕES DE CRÂNIO, COLUNA E TÓRAX
OBJETIVOS: Ao final desta lição, os participantes serão capazes de: 1- Identificar os sinais e sintomas de uma lesão de crânio; 2- Identificar quais os sinais e sintomas de uma lesão de coluna; 3- Aplicar o tratamento adequado nos casos acima; 4- Identificar e aplicar o tratamento adequado nos casos de Lesões no tórax:
O Esqueleto axial – O crânio, a coluna vertebral, as costelas e o esterno formam o esqueleto axial.
OSSOS DA CABEÇA Ossos do crânio (caixa craniana) – O crânio é composto de vários ossos planos que se fundem formando uma cobertura que protege o encéfalo (Cérebro, Cerebelo e Ponte), estrutura do Sistema Nervoso Central (SNC) que controla todas as funções voluntárias e involuntárias. O cérebro e a medula espinhal são recobertos e protegidos por camadas de tecidos, denominadas meninges e pelo líquido cefalorraquidiano (liquor). Este líquido fornece nutrição para as células nervosas e atua como amortecedor, protegendo o SNC contra traumas. O crânio é bastante resistente em adultos, mas um golpe de alta energia pode fraturá-lo. 69
APH BÁSICO – CFS/CFSD
Mesmo sem fratura craniana pode, ocorrer lesão do cérebro em decorrência de um traumatismo.
Ossos da face – A face é constituída por vários ossos que se fundem para dar sua forma. Constituem os ossos da face: os malares, os nasais, os maxilares e a mandíbula.
Coluna vertebral – Composta por 33 ossos denominados vértebras. É dividida em 5 regiões: cervical (7), torácica (12), lombar (5), sacra (5) e coccígea (4). Estrutura óssea central de e do corpo humano. No seu interior, no canal medular, está situada e protegida a medula espinhal, a partir da qual emerge a rede de nervos que conecta o cérebro com todo o corpo humano. As fraturas da coluna vertebral podem comprometer a medula espinhal, provocar paralisia ou até a morte, se o problema ocorrer na região cervical. Nas vítimas que após um trauma apresentam ausência de sensibilidade ou formigamento, ausências de movimento nos membros deveram assumir que estas têm lesão na coluna. Toda vítima inconsciente que sofre algum tipo de acidente traumático deverá ser tratada como portadora de lesão na coluna, até que se prove o contrário. Em potencial, todo paciente com traumatismo de crânio, pode ter fratura de coluna (cervical), associada.
07 vértebras cervicais 12 vértebras torácicas 05 vértebras lombares 05 vértebras coccígeas sacrais fundidas (sacro) 04 vértebras fundidas (cóccix)
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
Devemos sempre manter imobilizados a cabeça e o pescoço da vítima, mantendo as vias aéreas abertas. Todo paciente inconsciente que sofreu algum tipo de trauma deverá ser tratado como se fosse portador de lesão de coluna.
Tórax (caixa torácica) - A caixa torácica é composta por 12 pares de costelas, (ossos longos, finos e encurvados), 12 vértebras torácicas e o osso esterno. As costelas estão articuladas com as vértebras na parte posterior. Na região anterior se articulam com o esterno (com exceção das duas inferiores que são flutuantes), através de cartilagens. A caixa torácica abriga e protege os pulmões, o coração e os grandes vasos (artérias e veias). A fratura das costelas poderá provocar também danos nestes órgãos internos.
Lesões específicas: 71
APH BÁSICO – CFS/CFSD Traumatismos crânio-encefálico Fraturas de Crânio As fraturas de crânio são comuns nas vítimas de acidentes que receberam impacto na cabeça. A severidade da lesão depende do dano provocado no cérebro. São mais frequentes as lesões graves do cérebro, nos traumatismos sem fratura. As fraturas poderão ser abertas ou fechadas. Fraturas Abertas – São aquelas que permitem a comunicação entre as meninges ou o cérebro e o meio exterior. Há ruptura do couro cabeludo com exposição do local da fratura. Fraturas Fechadas – São as que afetam o osso sem, entretanto, expor o conteúdo da caixa craniana, não existe solução de continuidade da pele. Lesões Encefálicas: As lesões encefálicas são dos tipos: Diretas – São produzidas por corpos estranhos que lesam o crânio, perfurando-o e lesando o encéfalo. Indiretas – Golpes na cabeça podem provocar, além do impacto do cérebro na calota craniana, com consequente dano celular, hemorragias dentro do crânio. Este hematoma acarreta compressão do tecido cerebral. A hipertensão intracraniana, provocada pela hemorragia e edema causa lesão nas células cerebrais.
Sinais e sintomas de Trauma Crânio-Encefálico (com ou sem fratura): Cefaleia e/ou dor no local da lesão; Náuseas e vômitos; Alteração da visão; Alteração do nível de consciência, podendo chegar à inconsciência Ferimento ou hematoma no couro cabeludo; Deformidade do crânio (depressão ou abaulamento); Hematoma ao redor dos olhos ou atrás das orelhas; Pupilas desiguais (anisocoria); Sangramentos observados através do nariz ou ouvidos; Líquido claro (liquor) que flui pelos ouvidos ou nariz; Alteração e/ou deterioração dos sinais vitais. Alteração da respiração
Postura de decorticação ou descerebração 72
APH BÁSICO – CFS/CFSD
Tratamento pré-hospitalar: Corrigir os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das VA, a respiração e a circulação. istrar oxigênio (conforme protocolo local). Suspeitar de lesão cervical associada nos casos de acidentados e adotar os procedimentos apropriados. Controlar hemorragias (não deter saída de sangue ou liquor pelo ouvidos ou nariz). Cobrir e proteger os ferimentos abertos. Manter a vítima em repouso, lateralizada e não deixar que se movimente. Proteger a vítima para a possibilidade de entrar em convulsão. Monitorar o estado de consciência, a respiração e o pulso. Tratar o choque e evitar a ingestão de líquidos ou alimentos. Traumatismos de face: O perigo principal nas lesões e fraturas faciais são os fragmentos ósseos e o sangue que poderão provocar obstruções nas vias aéreas. Sinais e Sintomas: Coágulos de sangue nas vias aéreas; Deformidade facial; Equimose nos olhos; Perda do movimento ou impotência funcional da mandíbula ; Dentes amolecidos ou quebrados (ou a quebra de próteses dentárias); Grandes hematomas ou qualquer indicação de golpe severo na face. 73
APH BÁSICO – CFS/CFSD Tratamento pré-hospitalar:
É o mesmo tratamento utilizado no cuidado de ferimentos em tecidos moles, sua atenção deve estar voltada para a manutenção da permeabilidade das vias aéreas, controle as hemorragias, cubra com curativos estéreis os traumas abertos, monitore os sinais vitais e esteja preparado para o choque. Traumatismos na coluna vertebral.
Sinais e Sintomas: Dor regional (pescoço, dorso, região lombar). Perda da sensibilidade tátil nos membros superiores e inferiores. Perda da capacidade de movimentação dos membros (paralisia). Sensação de formigamento nas extremidades. Deformidade em topografia da coluna. Lesões na cabeça, hematomas nos ombros, escápulas ou região dorsal da vítima. Perda do controle urinário ou fecal. Dificuldade respiratória com pouco ou nenhum movimento torácico. Priapismo (ereção peniana contínua). Complicações: Paralisia dos músculos do tórax (respiratórios). A respiração fica sendo feita exclusivamente pelo diafragma. A lesão medular provoca dilatação dos vasos sanguíneos, podendo se instalar o choque (neurogênico). Tratamento pré-hospitalar: Corrigir os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das V A, a respiração e a circulação. Controlar o sangramento importante. istrar oxigênio (conforme protocolo local). Evite movimentar o paciente, e não deixe que ele se movimente; Nunca mobilize uma vítima com trauma de coluna, a menos que necessite R; controle de sangramento que ameace a vida e/ou remoção do local por risco iminente. Imobilizar a cabeça e o pescoço com emprego do colar cervical, fixadores de cabeça e prancha rígida. Monitorar os sinais vitais constantemente (cuidado com o choque e a parada respiratória).
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Traumas de tórax.
Sinais e Sintomas: Dependem da extensão, presença de lesões associadas (fratura de esterno, costelas e vértebras) e comprometimento pulmonar e/ou dos grandes vasos. Dor no local do traumatismo; Aumento da sensibilidade ou dor no local da fratura que se agrava com os movimentos respiratórios; Respiração superficial (dificuldade de respirar com movimentos respiratórios curtos); Eliminação de sangue com a tosse; Cianose nos lábios, pontas dos dedos e unhas; Postura característica: o paciente fica inclinado sobre o lado da lesão, com a mão ou o braço sobre a região lesada. Imóvel; Sinais de choque (pulso rápido e PA baixa); Fratura de Costelas Sinais e Sintomas: Dor na região da fratura, dor à respiração, movimentos respiratórios curtos. Crepitação à palpação. Tratamento pré-hospitalar: Imobilizar com o braço da vítima sobre o local da lesão. Usar bandagens triangulares como tipoia e outras para fixar o braço no tórax.
Nota: Não use esparadrapo para imobilizar costelas fraturadas.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Tórax Instável
Ocorre quando duas ou mais costelas estão quebradas em dois pontos. Provoca a respiração paradoxal. O segmento comprometido se movimenta, paradoxalmente, ao contrário do restante da caixa torácica durante a inspiração e a expiração. Enquanto o tórax se expande o segmento comprometido se retrai e quando a caixa torácica se contrai o segmento se eleva. Tratamento pré-hospitalar: Estabilizar o segmento instável que se move paradoxalmente durante as respirações. Usar almofadas pequenas ou compressas dobradas presas com fitas adesivas largas. O tórax não deverá ser totalmente enfaixado. Transportar a vítima deitada sobre a lesão. Ministrar oxigênio suplementar.
Ferimentos Penetrantes: São os traumas abertos de tórax, geralmente provocados por objetos que não se encontram cravados, assim como lesões provocadas por armas brancas, de fogo ou lesões ocorridas nos acidentes de trânsito, etc. Pelo ferimento é possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício. Tratamento pré-hospitalar: Tamponar o local do ferimento usando a própria mão protegida por luvas; Fazer um curativo oclusivo com plástico ou papel alumínio (curativo de três pontas), a oclusão completa do ferimento pode provocar um pneumotórax hipertensivo e grave. Conduzir com urgência para um hospital e ministrar O2 Objetos cravados ou encravados: Não remover corpos estranhos encravados (pedaços de vidro, facas, lascas de madeiras, ferragens, etc.). As tentativas de remoção poderão causar hemorragia grave ou ainda, lesar nervos e músculos próximos da lesão. Obs.: Objetos cravados em orifícios naturais são denominados de ferimentos empalados. Tratamento pré-hospitalar: Controlar as hemorragias por compressão direta;
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Usar curativos volumosos para estabilizar o objeto cravado, fixando-o com fita adesiva; Transportar o paciente istrando oxigênio suplementar. Lesões do coração, pulmões e em grandes vasos: O ar que sai do pulmão perfurado leva ao pneumotórax que resulta em colapso pulmonar. As hemorragias no interior da caixa torácica (hemotórax) provocam compressão do pulmão, levando também à insuficiência respiratória. As lesões na caixa torácica acabam provocando lesões internas nos pulmões e no coração. O sangue envolvendo a cavidade do pericárdio pode também resultar em uma perigosa compressão no coração. Todas estas lesões são emergências sérias que requerem pronta intervenção médica. Sinais e Sintomas: Desvio de traqueia; Estase jugular; Cianose; Sinais de choque; Enfisema subcutâneo, etc.
Tratamento pré-hospitalar: Ministrar oxigênio suplementar (conforme seu protocolo local) e conduzir o paciente com urgência para receber tratamento médico. Estabilizando a cabeça e o pescoço do paciente com um colar cervical. Dois policiais são necessários para a realização desse procedimento: um para manter o alinhamento e a imobilização manual da cabeça e do pescoço do paciente e outro para mensurar e aplicar corretamente o colar de imobilização cervical. Este procedimento deverá ser realizado com o corpo do paciente imóvel e em alinhamento neutro, minimizando qualquer movimento indesejável da coluna cervical. 1.
O 1º policial deverá posicionar-se ajoelhado acima da cabeça do paciente e segurar com suas mãos, bilateralmente, a cabeça do paciente, realizando o alinhamento e a imobilização manual da mesma com manobras cuidadosas. Não aplicar tração, nem virar ou levantar a cabeça. Explique para o paciente o 77
APH BÁSICO – CFS/CFSD procedimento que será executado e demonstre segurança durante a execução das manobras. 2.
O 2º policial deverá posicionar-se ao lado do paciente e preparar os colares cervicais, colocando-os próximos ao paciente. Em seguida, deverá mensurar o tamanho adequado do colar cervical que será utilizado para a imobilização. Essa mensuração pode variar de acordo com a marca do colar cervical. De forma geral, a mensuração do colar é realizada pelo segundo policial militar que utiliza os dedos de sua mão para comparar o espaço existente entre o trapézio e a linha da mandíbula do paciente com a altura do colar.
3.
O colar adequado é aplicado pelo 2º policial, enquanto o 1º policial mantém a cabeça e o pescoço do paciente em posição neutra. Recomendamos que, sempre que o paciente estiver na posição deitada, a aplicação do colar seja realizada com a introdução da parte posterior do mesmo abaixo da nuca do paciente e, em seguida, com a colocação da parte anterior para a imobilização da mandíbula. Caso o paciente esteja sentado, o colar deverá ser aplicado de forma inversa, ou seja, primeiramente imobilizando a região anterior e, em seguida, ando a parte posterior do mesmo e fixando-a com a fita de velcro colorido.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD LIÇÃO 10
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR TÁTICO
INTRODUÇÃO Atendimento pré-hospitalar (APH) é o atendimento emergencial em ambiente extra-hospitalar (fora do hospital). Ambiente tático e’ o local de atuação das forças militares durante a missão em um (ambiente hostil), Atendimento pré-hospitalar tático (APH tático) é o atendimento de feridos no ambiente tático, e apresenta desafios únicos para os profissionais que atuam nesse ambiente, onde se incluem os prestadores de serviços médicos de emergência. Médicos e socorristas táticos devem ter uma compreensão e consideração para com as táticas militares e objetos específicos das missões quando planejam e prestam assistência médica nesse ambiente. HISTÓRIA DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR Historicamente podemos observar que as preocupações com os feridos durantes conflitos atravessam os séculos, mas a história mudou no momento em que Napoleão Bonaparte foi ferido em batalha O atendimento pré-hospitalar (APH) teve início no final do século XVIII, com o Barão Dominick Jean Larrey (figuras 1 e 2) , cirurgião-chefe militar de Napoleão Bonaparte. Larrey desenvolveu as “ambulâncias voadoras” (figuras 3 e 4), pois notou a necessidade de remoção rápida dos combatentes atuantes na frente de batalha. Esse cirurgião notou, ainda, que os homens que trabalhavam nessas ambulâncias deveriam ter treinamento em cuidados médicos para dar assistência às vítimas no próprio local do incidente e no transporte das mesmas até seu tratamento definitivo (NAEMT, 2007).
Figura 1: Foto de Dominick Jean Larrey. Fonte: http://www.medicinaintensiva.com.br/personagens.htm Figura 2: Pintura de Dominick Jean Larrey. Fonte: http://www.psiquiatrianet.com.br/educacaomedica01/histmed.htm 79
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Figura 3: Projeto da “ambulância voadora” idealizada por Larrey. Fonte: http://linhasdetorres.blogspot.com
Figura 4: “Ambulância voadora” Fonte: http://enfermagemprehospitalar.wordpress.com Exigências da guerra causaram uma evolução nos cuidados médicos militares, como inovações nos equipamentos, por exemplo. Lições aprendidas durante a Guerra Civil Americana, 1861-1865, foram posteriormente aplicadas no meio civil para o atendimento pré-hospitalar (NAEMT, 2007). Com a chegada da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) alguns conceitos foram adaptando-se como os hospitais de campanha, o uso de morfina em campo, o transporte e evacuação médica bem como a identificação de locais de tratamento que fazia parte do tratado de Genebra respeitado pelas partes.
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.
Com toda esta inovação por parte do EUA em 1944, surgiram então os Paramédicos, que são na verdade infantes das forças armadas, mas com especialização pouco peculiar para a época, ou seja, combatentes altamente capacitados para resgate em ambiente hostil.
Em 1951, na guerra da Coréia, Uso da evacuação aeromédica através de helicóptero Bell 47 e em 1953 Safar e Elam desenvolvem a respiração artificial que seria utilização em campo de batalha mais tarde, na Guerra do Vietnã 1959-1975, além da técnica de respiração boca a boca, a técnica de soco pré-cordial e o emprego maciço da evacuação aeromédica através do uso de helicópteros.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
Em 1969 o primeiro programa de Paramédicos foi implantado e reconhecido como especialidade em 1977, criado o conselho nacional de educação – Emergency Medic Service – (EMS), referência no mundo até o presente dia.
O INÍCIO: O e médico em emergências táticas iniciou formalmente em 1989, com o primeiro curso formal de e médico às operações especiais de aplicação da lei, com uma equipe da SWAT (Special Weapons And Tactics - Armas e Táticas Especiais), nos Estados Unidos (SCHWAETZ, McMANUS e SWINTON, 2008). Em 1969, por intermédio da Portaria Ministerial Nr 02/Res, foi criado no Brasil o Destacamento de Saúde Pára-quedista (DST Sau Pqdt). No inicio dos anos 90 o Brasil implantava em massa o atendimento préhospitalar com pessoas capacitadas, em analogia aos EUA já estavam incluindo O serviço médico tático em equipes treinadas multimissões, o Brasil ainda sonhava com o resgate o proporcionou tornar referência no atendimento brasileiro o protocolo americano.
O modelo americano de atendimento baseia-se em:
Profissionais De Nível Técnico; Reduzir Tempo Na Cena (Hora Ouro); Adaptação Da Tecnologia E Equipamentos Militares; “Scoop and Run” – Pega e Corre; Diagnostico e Cuidados Definitivos no Hospital. Modelo Francês
Por sua vez, historicamente conhecido por serem “criadores” do SAMU, o modelo francês preconiza outros métodos como: Profissionais com Médicos e Enfermeiros; “Stay and Play” – Fica e Trata; Diagnósticos e Cuidados Definitivos na Cena; Resolutividade na Cena; 82
APH BÁSICO – CFS/CFSD Maior Tempo na Cena. Outro marco importante ainda em 1990 foi que enquanto todos os Estados da União estavam capacitando em massa bombeiros para o atendimento, na cidade de ville que não havia o serviço de bombeiro, a Polícia Militar iniciou a primeira turma de policiais militares especialistas em salvamento e quando inaugurada em julho de 1990 foram chamados de paramédicos em referência aos americanos.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Histórico do APH tático no brasil No Brasil os programas de atendimento iniciaram na final década de 80 – projetos PEET/PAPH do Ministério da Saúde Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro – 1995 – criação do GPAO/RS – Grupamento de Paramédicos e Apoio Operacional/Resgate e Salvamento – atual GSAR Força Nacional de Segurança Pública – 2003 – emprego de Bombeiros Militares na Patrulha – 2007 Jogos Panamericanos Rio de Janeiro Polícia Militar de Santa Catarina cidade de ville – 1989 – APH Tático 2004
RESGATE TÁTICO: OPERAÇÂO:
Como toda unidade ao chegar a qualquer tipo de zona de combate, devemos fazer uma busca do maior número de informações possíveis sobre o terreno utilizado com finalidade de usar a seu favor, como: Local: qual tipo de edificação ou transporte (ônibus) Fotos: há plantas, desenhos, croquis. os: quais e quantos. Obstáculos: se impedem o movimento da equipe. Avaliação de riscos adicionais: explosão, gás tóxico, incêndios. Alertar Hospitais referência do trauma Necessidade de equipes adicionais: Companhia de Energia, Água, Esgoto. Ainda na cena, Levantamento de Situação tais como: Agressores
Quantidade/ Localização Vestimenta Armamento Antecedentes/Motivação
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Feridos
Quantidade/ Localização Descrição Gravidade dos ferimentos Problemas de remoção – auto extricação ou não
Forças Amigas
Equipe de Obs-Sniper Equipe anti-bomba Equipes de e APH/ Equipes Policiais
Missão Atendimento emergencial SBV e extricação (retirada) rápida dos feridos
Definindo as Zonas O campo hostil é delimitado pela primeira equipe no local, e esta equipe é quem rea as informações acima citadas, ficando assim formalizado uma “zona de combate” como zona quente, zona morna e zona fria. a) Zona Quente: Local onde oferece risco eminente ou potencial. b) Zona Morna: Local intermediário, podendo ser alterada a qualquer momento. c) Zona Fria: Sem risco nenhum. Local onde permanecem as equipes de resgate de apoio como o SAMU, Bombeiro, Companhia de energia entre outras. Em sua sequência de atendimento, sua execução também é distribuída de forma facilitar estratégia de forma extremamente profissional, fracionadas da seguinte forma: Aproximação, Atendimento e Retirada.
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Aproximação: deverá ser o trajeto mais seguro até a vítima, viabilizando trajeto alternativo, equipamentos necessários para garantir o o até a vítima , a formação utilizada pela equipe será adequada à situação, o nível de proteção balística necessária, abrigo mais próximo da vítima e rear informações para equipe de apoio; a formação da equipe é essencial para o resultado da operação, portanto, devera atentar os seguintes pontos: Alinhamento com cuidados devidos a fim de não ficar na linha de fogo utilizando obstáculos visuais ou balísticos, considerando que haja uma equipe formada apenas pelos policiais socorristas. Ainda na aproximação, considerando uma equipe tática da polícia com equipamentos e escudos balísticos, as equipes de socorristas deverão estar preparadas para incorporar a equipe tática como mostra esquema seguinte: Escudo Líder da Equipe Segurança Primeiro Socorrista Segundo Socorrista Segurança Área
Atendimento: Avaliar necessidade de uso mecanismos de distração (cortina de fumaça, granadas, outros), equipe tática de apoio para segurança à retaguarda, executar somente cobertura, com proteção balística para o atendimento , realizar triagem e estabelecer a retirada dos pacientes mais graves;
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
Retirada: Estabelecer trajeto mais seguro para retirada do paciente, estabelecer trajeto alternativo de retorno, método de retirada com técnicas de transporte, conduzir paciente para o abrigo mais próximo, avaliar necessidade de agentes de distração, avaliar necessidade de apoio de fogo, preparar Equipe Tática de apoio para auxiliar retirada.
CONCLUSÕES: Os conceitos aplicados ao APH convencional nem sempre funcionam em áreas hostis.
Conceito de Atendimento Pré Hospitalar em Área Hostil “O atendimento mínimo necessário para manutenção da vida sob condições adversas, mesmo com a cena não segura”
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Quem presta o atendimento? 1° SOCORRISTA NA CENA
VOCÊ
Quem presta o atendimento? 2°,3°,4°... SOCORRISTA NA CENA
SEUS COLEGAS
Etapas do atendimento sob fogo •
Repelir ou conter a fonte de ameaça;
•
Buscar abrigo imediato (Extricar);
•
Avaliar e tratar os traumas que provocam risco de vida iminente;
•
Iniciar a evacuação para área morna.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD MANIPULAÇÃO E TRANSPORTE DE VÍTIMAS Mobilização: Manipulação justificada de uma vítima a fim de evitar mal maior. Usamos esse termo genérico para descrever qualquer procedimento organizado para manipular, reposicionar ou transportar um paciente doente ou ferido, de um ponto para outro. A manipulação de vítimas insere-se em duas amplas categorias. Existe um tipo de vítima que é encontrada em local de fácil o e que, independentemente da gravidade de suas lesões, pode ser removida de forma rotineira. Existe também aquela que necessita ser resgatada; em tais casos, a vítima pode encontrar-se em um local de difícil o ou suas lesões requererem do policial militar o emprego de técnicas especiais de manipulação e imobilização com emprego de pranchas. 1. Considerações que devemos levar em conta ao manipular um paciente: Considerações externas ao paciente (Lembrar que, em princípio, uma vítima não deverá ser movimentada, a menos que exista um perigo imediato para ela ou ainda, para outros, se não for feita a sua remoção): Exemplo: Fogo ou perigo de explosão; Derrame de produtos perigosos; Presença de fumaças ou vapores tóxicos; Impossibilidade de ganhar o a outras vítimas dentro de um veículo; Ameaça de desabamento, etc. 2. Considerações internas ao paciente (a velocidade como moveremos a vítima dependerá das razões que tenhamos para movê-la): Razões para a movimentação de vítimas: É necessário reposicioná-la para prestar um socorro (R, controlar um grave sangramento); O policial militar necessita lograr o até outra vítima (movimentação de uma vítima sem lesão medular para que o policial militar alcance outra vítima que necessita cuidados);
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Fatores do local que interferem no salvamento da vítima (calor ou frio excessivo, algo no local que provoque reações alérgicas, etc.); A vítima insiste em movimentar-se (não podemos reter a vítima contra sua vontade se insiste, ajudar para minimizar possíveis danos).
Após o término do tratamento do paciente na cena da emergência, a vítima deve ser removida de sua posição inicial para cima de uma prancha rígida para iniciar o seu transporte. Deverá ser posicionada corretamente, coberta e segura com cintos. A prancha deve ser, então, colocada sobre a maca de rodas do veículo de transporte, e removida. Na chegada ao ambiente hospitalar, a vítima é transferida para o setor específico para seu tratamento definitivo.
Técnicas de transporte utilizadas no APH: Arrastamento com cobertor: Técnica pela qual a vítima é removida por 1 policial militar. O cobertor deve ser arrumado de forma a proteger e ar a cabeça e o pescoço da vítima; Arrastamento pelas roupas: Uma pessoa é suficiente para arrastar a vítima. Usado quando não há cobertor disponível ou em acidentes no meio de vias com trânsito fluindo; Arrastamento de bombeiro: Essa técnica possui a desvantagem de não oferecer e para a cabeça e pescoço; porém, se não houver outro método disponível, permite que uma só pessoa remova a vítima. Muito usado em ambientes com fumaça (incêndios); Transporte pelos membros: Dois policiais militares transportam a vítima, segurando-a pelos braços e pernas; Transporte com cadeira: A vítima é posicionada deitada e debaixo dela, dois policial militares colocam uma cadeira. O transporte é feito com os policiais militares posicionados lateralmente e a vítima na posição sentada. Muito usado na remoção de vítimas do interior de edifícios; Levantamento com 3 policiais militares: Utilizado para levantar do solo uma vítima sem lesão de coluna, através do posicionamento de 3 policial militares em fila no lado da mesma; Levantamento com 2 policiais militares: Levantamento utilizado geralmente no interior de casas e edificações para remover a vítima de uma cama para a maca;
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APH BÁSICO – CFS/CFSD Rolamento/imobilização sobre macas rígidas: Técnica utilizada para posicionar a vítima com suspeita de lesão na coluna, do solo para cima da prancha rígida. Realizada com no mínimo 3 policial militares; Imobilização com outros tipos de macas (telescópicas, de vácuo):
Técnica utilizada na imobilização de vítimas que possuem lesão na bacia ou ainda, para evitar o agravamento de lesões ou aumento da dor durante a manipulação (rolamento). Realizada com 2 ou 3 policiais militares;
Remoção emergencial: Usada nas situações de risco iminente. Um policial militar remove a vítima utilizando o método da “Chave de Rauteck ”. Como remover pacientes sentados:
Paciente crítico: Optar pelo uso da Chave de Rauteck.
Paciente
Crítico ou potencialmente instável : Optar pela técnica de
remoção rápida ou com emprego do KED.
COMO FAZER UM TORQUINETE São utilizados somente para controlar hemorragias e onde procedimentos normais de estancamento não obtiveram êxito.
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Se nas graves hemorragias de membros inferiores e superiores, nem a compressão arterial resolveu, é necessário aplicar torniquete. Este recurso é extremo, cujo emprego exige grandes precauções: mal executado, podem provocar graves consequências, como por exemplo, uma gangrena no membro atingido.
Local da aplicação:
Se o sangramento for do cotovelo para baixo (mão inclusive) meça o espaço da palma de uma mão (cerca de 10 cm) a partir da axila; se a hemorragia for do joelho para baixo (pé inclusive), meça a mesma distância a partir dos órgãos genitais. Esses são os
lugares
corretos
para
aplicar
o
garrote
ou
o
torniquete.
Aplicação: Envolva o lugar da aplicação, o torniquete deve ser aplicado imediatamente proximal ao ferimento hemorrágico. Caso um torniquete não interrompa, completamente,
a
hemorragia,
então,
outro
deve
ser
colocado
imediatamente proximal ao primeiro. A seguir, o local do torniquete não deve
ser
coberto,
para
que
possa
ser
facilmente
visualizado
e
monitorado quanto a recidivas da hemorragia. Quanto a força da aplicação do torniquete, as novas recomendações do PHTLS diz que ele deve ser apertado o suficiente para bloquear o fluxo arterial e ocluir o pulso distal, afrouxe ao perceber que a hemorragia está diminuindo, ou se a parte do membro abaixo do torniquete começar a inchar e ficar azulada.
Reative o 92
APH BÁSICO – CFS/CFSD torniquete e afrouxe-o periodicamente, até que o sangramento cesse ou que o socorro médico chegue.
Aplicação de torniquete Siga estes os: 1. Envolva o local da aplicação com uma bandagem de proteção. 2. O torniquete deve ser feito com uma bandagem de pelo menos 3 cm de largura. Se não a tiver,
use uma gravata, um cinto largo, um lenço dobrado ou mesmo tiras de
pano rasgadas de uma camisa.
Nunca use barbantes, cordas, arames ou qualquer
material que possa ofender os vasos sanguíneos, os músculos ou os nervos. 3. Mantenha o membro ferido em elevação e, em seguida, envolva o pano que vai servir de torniquete sobre a bandagem de proteção. Dê um nó unindo as duas pontas, coloque um graveto sobre esse nó. 4. Gire o graveto com rapidez, de forma a ir apertando progressivamente o pano e, em consequência,
o
próprio
membro
5. Quando a hemorragia cessar, pare de girar o torniquete e deixe-o fixo. Para fixá-lo, basta pegar as duas pontas de pano que ficam sobrando acima do nó, ar cada uma delas por um dos lados do graveto e amarrá-las do outro lado do membro, impedindo assim que o graveto gire em sentido contrário e afrouxe o aperto. 6 .Nunca solte o torniquete. Nunca aperte o torniquete além do necessário para estancar o sangramento.
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
O torniquete estava em desuso, mas a última edição (7ª Ed) do Prehospital Trauma Life (PHTLS), elaborado pela Nacional Associação of Emergency Medical Technicians (NAEMT), concluiu que esta é uma técnica eficaz, desde que as outras – pressão direta, ponto de pressão, elevação e curativo. (SENASP/MJ 2014).
Justificativa para o uso do torniquete segundo o Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões Torniquete1 Os
procedimentos
operacionais
do
atendimento
pré-
hospitalar, permanentemente são atualizados por médicos especialistas em todas as áreas, como por exemplo a Associação Americana do Coração, que a cada cinco anos atualizam seus protocolos. Portanto, a área de trauma não é diferente. A última edição do PHTLS (7ª Ed) (2011) – Prehospital Trauma Life , elaborado pela Nacional Associação of Emergency Medical Technicians (NAEMT) em cooperação como Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões, nos apresenta o resultado de uma pesquisa que já vinha ocorrendo desde a guerra do Iraque (2001), sobre a utilização de torniquete nos ferimentos em MMII e MMSS, quando as técnicas de pressão direta, ponto de pressão e elevação, não forem suficientes para conter o sangramento. Comprovado sua eficiência em diversos casos, o Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões, coloca tal procedimento como uma das alternativas para contenção de graves hemorragias, no entanto, não descartou os riscos de sua utilização, quando utilizado sem supervisão. O torniquete agora poderá ser utilizado como uma das técnicas de contenção de hemorragias. O Manual do PHTLS – 7ª (2011) edição - cita diversas recomendações, para o seu uso, dentre as quais: Devem ser evitados torniquetes estreitos e em faixa. Torniquetes mais largos são mais eficazes no controle de hemorragias, uma vez que controlam a hemorragia numa pressão mais baixa. Há uma relação inversa entre a largura do torniquete e a pressão necessária para ocluir o fluxo arterial. Além disso, uma faixa muito estreita também tem maior probabilidade de causar danos às artérias e aos nervos superficiais. O manguito do
94
APH BÁSICO – CFS/CFSD esfigmomanômetro representa uma alternativa e pode ser usado como torniquete, embora o ar possa vazar do cuff, reduzindo sua eficácia. Sobre o local de aplicação, o torniquete deve ser aplicado imediatamente proximal ao ferimento hemorrágico. Caso um torniquete não interrompa, completamente, a hemorragia, então, outro deve ser colocado, imediatamente proximal ao primeiro. A seguir, o local do torniquete não deve ser coberto, para que possa ser facilmente visualizado e monitorado quanto a recidivas da hemorragia. Quanto a força da aplicação do torniquete, as novas recomendações do PHTLS diz que ele deve ser apertado o suficiente para bloquear o fluxo arterial e ocluir o pulso distal. Um torniquete que oclua apenas a saída do fluxo venoso do membro ira, na verdade, aumentar a hemorragia causada pelo ferimento. Há uma relação direta entre a intensidade da pressão necessária para controlar a hemorragia e o tamanho do membro. Dessa maneira, na média, o torniquete terá de ser colocado mais apertado na perna para se controlar a hemorragia do que no braço. Já sobre o limite de tempo, os torniquetes arteriais podem ser usados com segurança por até 120 a 150 minutos na sala de cirurgia, sem lesões nervosas ou musculares significantes. Até mesmo em ambientes suburbanos ou rurais, muitas vezes o tempo de transporte do doente até o hospital é bem menor do que esse período. Em geral, um torniquete colocado no atendimento pré-hospitalar deve permanecer até que o doente chegue ao local do tratamento definitivo no hospital mais próximo. Estudos militares não mostraram a ocorrência de deterioração significativa associada ao uso prolongado.
Protocolo para Aplicação de Torniquete
1. Tentativas de controle da hemorragia por pressão direta ou com curativo compressivo não obtiveram sucesso. 2. O torniquete é ajustado até que a hemorragia cesse, e, então, é fixado no lugar. 3. A hora em que o torniquete foi aplicado é escrita em um pedaço de esparadrapo, que é colocado no torniquete. 4. O torniquete deve ficar descoberto para que o local possa ser monitorado quanto a uma recindiva da hemorragia. Caso a hemorragia continue após a colocação e ajuste do torniquete, um segundo torniquete pode ser aplicado, imediatamente acima do primeiro. 95
APH BÁSICO – CFS/CFSD 5. O ideal é que o paciente seja transportado para um hospital com instalações cirúrgicas. (senasp/MJ 2014).
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APH BÁSICO – CFS/CFSD
REFERÊNCIAS
1. Catarina , Corpo de Bombeiros de Santa; Socorrista em Atendimento PréHospitalar Básico (Curso APH-B). Florianópolis, 2008. (Apostila do Curso de Formação de Socorrista em atendimento Pré-hospitalar do CBMSC) 2. Catarina , Universidade federal de Santa; Atendimento Pré- Hospitalar Básico. Florianópolis, 2011. (Apostila do Curso de Atendimento Pré-Hospitalar da UFSC) 3. Ministério da Justiça; Emergencista Pré-hospitalar 1 e 2. Brasil, 2014. (Apostila do Curso de Atendimento Pré-Hospitalar da Senasp/MJ) 4. TIEN, Hc; JUNG, V; RIZOLI, Sb et al. An evaluation of tactical combat Casualty care interventions in a combat environment. J Spec Oper Med. 2009 Winter; 9(1): 65-8. 5. REISDORFER, Márcio Leandro. Emprego do atendimento pré-hospitalar tático na Polícia Militar de Santa Catarina através do Batalhão de Aviação. 2010. 89 f. Monografia (Especialização em istração de Segurança Pública) - Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. 6. PASETTO, Pedro Ferreira. APH TÁTICO: PARTICULARIDADES DO ATENDIMENTO. 2010. Monografia (Especialização em Enfermagem nas Forças Armadas) – Exército Brasileiro, 2010. 7. GUIDELINES R & ECC American Heart Association 2015, atualização das diretrizes de R e ACE 2015.
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